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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIENCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS AUGUSTO ARAUJO VUITIK KAROLINA MAIA WILLIAN DA MAIA ENSAIO JOMINY PONTA GROSSA AGOSTO/2014 AUGUSTO ARAUJO VUITIK KAROLINA MAIA WILLIAN DA MAIA ENSAIO JOMINY Relatório apresentado à disciplina de Ensaios e Caracterização de Materiais do Curso de Engenharia de Materiais, 3ª série, da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Prof. Msc. Guilherme Forbeck PONTA GROSSA AGOSTO/2014 SUMÁRIO 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 3 1.1 TEMPERABILIDADE ........................................................................................ 3 1.1.1 Efeito do teor de carbono .................................................................................. 3 1.1.2 Efeito dos elementos de liga ............................................................................. 4 1.2 ENSAIO JOMINY .............................................................................................. 4 2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 6 3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................ 6 3.1 MATERIAIS ...................................................................................................... 6 3.2 PROCEDIMENTO ............................................................................................ 6 3.2.1 Têmpera ........................................................................................................... 6 3.2.2 Usinagem e medida .......................................................................................... 6 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 7 4.1 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................... 7 4.2 AÇOS 1045 ....................................................................................................... 7 4.3 AÇO 4340 ......................................................................................................... 9 5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 11 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 12 3 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 TEMPERABILIDADE O ensaio Jominy é usado para medir a temperabilidade de um aço. Essa propriedade determina a profundidade e a distribuição da dureza ao longo de um corpo cuja extremidade está sujeita a uma grande taxa de resfriamento [1]. Também pode ser entendida como a capacidade do aço formar martensita durante a têmpera [2]. Aços que apresentam elevada dureza mesmo em pontos distantes da extremidade de têmpera possuem alta temperabilidade, enquanto aqueles que têm durezas menores ao se afastar da extremidade apresentam baixa temperabilidade [1]. Como o objetivo principal da têmpera é obter uma dureza satisfatória em determinado ponto da peça, a capacidade de endurecimento é o fator mais importante para a seleção de tratamentos térmicos em aços [1]. Essa propriedade é governada quase que exclusivamente pela composição química na temperatura de austenitização. Pode haver alguns carbetos não dissolvidos na austenita nessa temperatura, o que impede o carbono e outros elementos de liga de contribuírem para o endurecimento do aço. Isso é especialmente importante para os aços com grande teor de carbono (0,50 a 1,10%), os quais podem conter excesso de carbetos na temperatura de austenitização [1]. 1.1.1 Efeito do teor de carbono O carbono controla os limites máximos de dureza atingidos pelo material e também contribui para a temperabilidade. Ou seja, uma porção maior da peça apresenta dureza elevada. A capacidade de endurecimento também pode ser melhorada adicionando outros elementos de liga, mas aumentar o teor de carbono produz o mesmo efeito e é certamente uma abordagem de menor custo. Isso é verdade até certo ponto, pois vários fatores são contrários à adição de grandes quantidades de carbono [1]. 4 A tenacidade do material tende a diminuir com grandes quantidades de carbono, considerando seu comportamento em temperatura ambiente ou abaixo de zero. Para essas concentrações também são formadas microestruturas duras e abrasivas que dificultam o processamento a frio do material. Além disso, o aço torna- se mais suscetível à fraturas e distorções durante o tratamento térmico [1]. 1.1.2 Efeito dos elementos de liga Elementos de liga que desaceleram as reações da perlita e da ferrita aumentam a temperabilidade. A maioria dos elementos de liga que entram em solução sólida com a austenita abaixam a temperatura da transformação martensítica, com exceção do cobalto e do alumínio. Isso ocorre porque esses elementos diminuem a difusividade do carbono [2]. Cromo e molibdênio também são muito efetivos, e têm um custo relativamente baixo, ao considerar aumento de temperabilidade proporcionado pela adição de alguns traços desses elementos [2] [1]. Boro provoca um aumento particularmente elevado quando adicionado a aços de baixo carbono; até mesmo em concentrações da ordem de 0,001%, porém ainda não é possível controlar facilmente a sua distribuição durante o processamento [2]. 1.2 ENSAIO JOMINY Os primeiros ensaios para determinação da temperabilidade envolviam vários cilindros de diâmetros variados submetidos ao mesmo tratamento térmico. Analisava-se a dureza na seção transversal dessas barras. Era possível determinar por técnicas metalográficas em qual barra havia 50% de martensita na linha de centro. Isso permitia traçar curvas de dureza e inclusive determinar o diâmetro crítico para a dureza de uma barra. Entretanto, a maior limitação dessas técnicas antigas era sua restrição a um meio de têmpera. Para relacionar aços temperados em água ou óleo era necessária uma grande quantidade de coeficientes de conversão [2]. Esse problema foi simplificado no teste Jominy. O ensaio analisa a temperabilidade de um aço ao resfriar a uma taxa conhecida apenas a extremidade 5 de um cilindro normatizado. Como o resfriamento é progressivo a partir da extremidade, é possível analisar diferentes taxas de resfriamento utilizando apenas um corpo de prova [2]. As normas utilizadas para este ensaio são a ASTM A255:2010 ou SAE J406:1998. De acordo com a norma ASTM A255:2010, deve ser usinado um cilindro de aço com 1” de diâmetro por 4” de comprimento. O corpo de prova deve permanecer por 60 minutos na temperatura de normalização e ser resfriado ao ar. Após a normalização, o aço deve permanecer na temperatura de austenitização por 30 minutos. A têmpera é realizada por um jato d’água entre 5 e 30°C por 10 minutos. As dimensões do jato também são especificadas [3]. O cilindro é então usinado para formar uma superfície plana ao longo do comprimento, a qual tem sua dureza medida pela escala Rockwell C [4]. A profundidade da usinagem deve ser de 0,38 mm. A dureza deve ser aferida em passos de 1/16” para as primeiras 16 medidas e em 1/8” para as demais. Valores de dureza abaixo de 20 HRC não são considerados pela baixa precisão [3]. O suporte utilizado para têmpera,dimensões do cilindro e do jato d’água estão estipulados na figura abaixo: Figura 1: Vista superior e frontal do aparato utilizado no ensaio Jominy, as medidas estão em polegadas [3]. 6 2 OBJETIVOS Observar a temperabilidade de três amostras de aço 1045 e 4340 para determinar a curva de dureza versus distância Jominy. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 MATERIAIS Quatro cilindros de aço (dois da série 1045 e dois 4340) normalizados, temperados e usinados. Suporte para têmpera Forno com termopar Água corrente Régua com escala em polegadas Durômetro Rockwell 3.2 PROCEDIMENTO 3.2.1 Têmpera Apenas um dos quatro cilindros foi temperado para caráter demonstrativo, mas todos seguiram as especificações da norma ASTM A255:2010. As amostras de aço 4340 foram normalizadas a 900°C e austenitizadas a 870°C. Enquanto que as amostras de aço 1045 foram normalizadas e austenitizadas a 925°C [3]. Todas as amostras foram temperadas utilizando um jato livre de 2,5” de água corrente por 10 minutos. 3.2.2 Usinagem e medida Os cilindros foram usinados no sentido do comprimento até uma distância de 0,38mm da superfície. Essa usinagem criou uma faixa plana que possibilitou a medida da dureza HRC nos pontos especificados na norma ASTM A255:2010. 7 A dureza Rockwell C foi determinada usando um penetrador de diamante esférico com 1/16” de diâmetro, uma pré-carga de 60 kgf e uma carga total de 150 kgf [4]. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 ANÁLISE DOS DADOS Foram plotadas curvas relacionando a dureza Rockwell C e a distância Jominy em cara uma das barras. Há três séries de medidas para cada aço, e todas foram comparadas com as curvas de temperabilidade disponíveis no Handbook Properties and Selection: Irons, Steels, and High-Performance Alloys, volume I da ASM [1]. As curvas teóricas são traçadas analisando as composições máximas e mínimas de cada liga, e espera-se que os pontos analisados estejam contidos nesse intervalo. As amostras não estavam indentificadas quanto a composição, isso foi feito comparando os dados obtidos com os listados no Handbook. 4.2 AÇOS 1045 A Figura 2 ilustra a temperabilidade do aço 1045 de acordo com as condições de têmpera utilizadas. Observa-se que a maior parte do comprimento apresenta uma dureza entre 30 e 25 HRC. Os dados coletados durante o experimento seguem esta tendência, apesar de haver grande divergência na amostra 2, é possível afirmar que tanto ela quanto a amostra 1 são constituídas de aço 1045. As medidas obtidas nas amostras 1 e 2 estão organizadas nos gráficos 1 e 2, respectivamente. 8 Figura 2: Curva de temperabilidade do aço 1045, as medidas estão em polegadas e a dureza é dada em HRC. Gráfico 1: Resultados obtidos pelas três turmas para a amostra 1. As curvas de temperabilidade máxima e mínima para o aço 1045 estão esboçadas em preto. 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 0 1/8 1/4 3/8 1/2 5/8 3/4 7/8 1 1 1/8 1 1/4 D u re za ( H R C ) Distância da extremidade de têmpera (pol) Amostra 1 TURMA C TURMA B TURMA A 9 Gráfico 2: Resultados obtidos pelas três turmas para a amostra 2. As curvas de temperabilidade máxima e mínima para o aço 1045 estão esboçadas em preto. A extremidade da amostra sempre possui dureza elevada por ter sido submetida a uma taxa de resfriamento elevada. Além disso, a dureza da amostra teve poucas variações em apenas ¼ do seu comprimento; no restante, a dureza permaneceu abaixo de 20 HRC. Com isso, pode-se dizer que o aço 1045 apresenta baixa temperabilidade. Essa propriedade se justifica pelo aço 1045 ser um aço com médio teor de carbono [2]. 4.3 AÇO 4340 O aço 4340, ao contrário do 1045, possui outros elementos de liga que aumentam a temperabilidade por diminuir a difusividade do carbono durante o tratamento térmico e privilegiando a formação de martensita em toda a extensão do material [2]. De fato, o aço 4340 apresenta uma dureza elevada, se comparada ao 1045, e o comportamento da sua curva é retilíneo, no qual a dureza varia muito pouco ao 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 0 1/8 1/4 3/8 1/2 5/8 3/4 7/8 1 1 1/8 1 1/4 1 3/8 D u re za ( H R C ) Distância Jominy (pol.) Amostra 2 TURMA C TURMA B TURMA A 10 longo do comprimento. Abaixo são comparadas as curvas encontradas na literatura com os valores determinados experimentalmente. Figura 3: Curva de temperabilidade do aço 4340, as medidas estão em polegadas e a dureza é dada em HRC [1]. Gráfico 3: Resultados obtidos pelas três turmas para a amostra 3. As curvas de temperabilidade máxima e mínima para o aço 1045 estão esboçadas em preto. 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 0 1/2 1 1 1/2 2 2 1/2 3 3 1/2 4 D u re za ( H R C ) Distância Jominy (pol.) Amostra 3 TURMA C TURMA B TURMA A 11 As curvas máximas e mínimas são decorrentes das variações nos componentes da liga. Para o aço 4340, essa composição é dada pela tabela abaixo [5]: Tabela 1: Composições percentuais dos elementos de liga para o aço 4340 [5]. Elemento C Si Mn Cr Ni Mo Comp. mín 0,38 0,15 0,60 0,80 1,65 0,20 Comp. max 0,43 0,30 0,80 1,10 2,00 0,30 Elementos como Níquel e Manganês podem formar solução sólida substitucional com o ferro na forma de austenita, por possuírem a mesma estrutura, eletronegatividade e raios semelhantes. Com isso, esses elementos expandem o campo da austenita. O mesmo ocorre com o Cromo, que apesar de não ter esta afinidade com a austenita, acaba ajudando a estabilizar este componente em determinadas composições [2]. O fato desses elementos estabilizarem o campo austeníticos, desloca o diagrama TTT do aço 4340 para a direita em relação ao diagrama do aço com apenas ferro e carbono. Isso permite que a austenita seja transformada em martensita a taxas de resfriamento mais lentas [2]. 5 CONCLUSÃO 12 REFERÊNCIAS 1 . BURRIER, H. Hardenability of Carbon and Low-Alloy Steels. In: ______ ASM Handbook - Properties and Selection: Irons, Steels, and High-Performance Alloys. [S.l.]: ASM International, v. I, 1990. p. 464-484. 2 . K, H. R. W.; BHADESHIA, H. K. D. H. Steels: Microstructure and Properties. 3ª. ed. Oxford: Elsevier Ltd., 2006. 3 . ASTM Standard A255,2010, "Standard Test Methods for Determining Hardenability of Steel", ASTM International, West Conshohocken, PA, 2010, DOI: 10.1520/A0255-10, www.astm.org. [S.l.]: [s.n.]. 4 . ASTM Standard E18,2014, "Standard Test Method for Rockwell Hardness of Metallic Materials", ASTM International, West Conshohocken, PA, 2014, DOI: 10.1520/E0018-14, www.astm.org. [S.l.]: [s.n.]. 5 . AÇO ABNT/AISI 4340. Schimolz Bickenbach - Providing Special Steel Solutions. Disponivel em: <http://www.schmolz- bickenbach.com/fileadmin/user_upload/_SCHULUNG_/Brasilien/FICHAS_TECNIC AS/4340.pdf>. Acesso em: 16 Agosto 2014.
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