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direito empresarial e do consu (1)

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97
UNIDADE 2
DIREITO DO CONSUMIDOR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• compreender os conceitos básicos e fundamentais com relação aos direi-
tos dos consumidores, produtores, fornecedores e os prestadores de servi-
ço;
• reconhecer os principais aspectos técnicos práticos inerentes à relação ju-
rídica consumerista;
•	 identificar	 as	 relações	 comerciais	 e	 empresariais,	 com	 suas	 respectivas	
obrigações.
Esta	unidade	está	dividida	em	quatro	tópicos.	No	final	de	cada	tópico,	você	
encontrará atividades que possibilitarão a apropriação de conhecimentos na 
área.
TÓPICO	1	–	EVOLUÇÃO	HISTÓRICA	DO	DIREITO	DO	CONSUMIDOR
TÓPICO	2	–	O	DIREITO	DO	CONSUMIDOR	NO	BRASIL
TÓPICO	3	–	CONCEITOS	DE	DIREITO	DO	CONSUMIDOR
TÓPICO	4	–	DIREITOS	BÁSICOS	DO	CONSUMIDOR
98
99
TÓPICO 1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Ao longo da história humana são encontrados alguns dispositivos 
que,	 direta	 ou	 indiretamente,	 objetivaram	 proteger	 o	 consumidor.	 Contudo,	
foi	 somente	 com	 o	 surgimento	 dos	mercados	 de	massa	 que	 a	 consciência	 de	
necessidade	de	proteção	dos	direitos	do	consumidor	começou	a	se	fortalecer.	O	
movimento	consumerista	iniciou	nos	Estados	Unidos	e	depois	pela	Europa.
No	Brasil,	especificamente,	o	surgimento	do	movimento	pela	defesa	do	
consumidor foi marcado pela criação, no ano de 1976, em São Paulo, do “Sistema 
Estadual	de	Defesa	do	Consumidor”,	com	instalação	do	primeiro	Procon.
Porém, foi somente com a Constituição Federal de 1988 que o Direito 
do Consumidor foi levado ao nível constitucional e assegurada, através da 
promulgação	do	Código	de	Defesa	do	Consumidor,	a	definição	de	uma	Política	
Nacional	das	Relações	de	Consumo.
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Segundo renomados juristas, já no antigo Código de Hamurábi havia 
certas regras que,	mesmo	indiretamente,	visavam	proteger	o	consumidor.
IMPORTANT
E
Khammu-rabi, rei da Babilônia no século XVIII a. C., estendeu grandiosamente o 
seu império e governou uma confederação de cidades-estado. Erigiu, no final do seu reinado, 
uma enorme estela em diorito, na qual ele é retratado recebendo a insígnia do reinado e 
da justiça do rei Marduk. Abaixo, mandou escrever, em 21 colunas, 282 leis (cláusulas) que 
ficaram conhecidas como Código de Hamurábi. 
Este código referia-se, entre outros, ao comércio (no qual o caixeiro-viajante ocupava lugar 
importante), à família (inclusive o divórcio, o pátrio poder, a adoção, o adultério, o incesto), 
ao trabalho (precursor do salário mínimo, das categorias profissionais, das leis trabalhistas), à 
propriedade. Quanto às leis criminais, vigorava a Lex Talionis: a pena de morte era largamente 
aplicada, seja na fogueira, na forca, seja por afogamento ou empalação. A mutilação era 
infligida de acordo com a natureza da ofensa.
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
100
Temos como exemplos a Lei nº 233 e a Lei nº 235, que assim dispunham:
•	Lei	nº	233:	se	um	arquiteto	constrói	para	alguém	uma	casa	e	não	leva	ao	fi	m,	se	as	
paredes	são	viciosas,	o	arquiteto	deverá,	à	sua	custa,	consolidar	as	paredes.
• Lei nº 235: se um bateleiro constrói para alguém um barco e não o faz solidamente, 
se no mesmo ano o barco é expedido e sofre avaria, o bateleiro deverá desfazer 
o	barco	e	refazê-lo	solidamente	à	sua	custa,	o	barco	sólido	ele	deverá	dá-lo	ao	
proprietário.
A Lei nº 235 traz a noção já bem delineada do “vício redibitório”, adotado 
no	regime	jurídico	romano.
Vê-se	 claramente	 que	 as	 consequências	 de	 desabamentos	 com	 vítimas	
fatais eram extremas.	O	 empreiteiro	 da	 obra,	 além	 de	 ser	 obrigado	 a	 reparar	
todos os danos causados ao empreitador, sofria punição severa, caso houvesse o 
mencionado	desabamento	vitimado	o	chefe	de	família.	
Caso	morresse	o	fi	lho	do	dono	da	obra,	pena	de	morte	para	o	respectivo	
parente	do	empreiteiro,	e	assim	por	diante.	Da	mesma	forma,	o	cirurgião	que	
“operasse alguém com bisturi de bronze” e lhe causasse a morte por imperícia, 
além	da	indenização,	estava	sujeito	à	pena	de	morte.
Já	na	 Índia	do	século	XVIII	a.	C.,	o	Código	Sagrado	de	Massú	previa	
multa e punição, além de ressarcimento dos danos, àqueles que adulterassem 
gêneros	ou	entregassem	coisa	de	espécie	inferior	àquela	acertada,	ou	vendessem	
bens	de	igual	natureza	por	preços	diferentes.
Caso	morresse	o	fi	lho	do	dono	da	obra,	pena	de	morte	para	o	respectivo	
parente	do	empreiteiro,	e	assim	por	diante.	Da	mesma	forma,	o	cirurgião	que	
“operasse alguém com bisturi de bronze” e lhe causasse a morte por imperícia, 
além	da	indenização,	estava	sujeito	à	pena	de	morte.
Já	na	 Índia	do	século	XVIII	a.	C.,	o	Código	Sagrado	de	Massú	previa	
multa e punição, além de ressarcimento dos danos, àqueles que adulterassem 
gêneros	ou	entregassem	coisa	de	espécie	inferior	àquela	acertada,	ou	vendessem	
bens	de	igual	natureza	por	preços	diferentes.
FONTE: Adaptado de: <www.leondeniz.com/monografi a.doc>. Acesso em: 5 mar. 2013.
No	Direito	Romano	Clássico,	inicialmente,	o	vendedor	era	responsável	
pelos	vícios	da	coisa,	a	não	ser	que	estes	fossem	por	ele	ignorados.	Porém,	já	
no Período Justiniano, a responsabilidade era atribuída ao vendedor, mesmo 
que	 desconhecesse	 o	 defeito.	 As	 ações	 redibitórias	 eram	 mecanismos	 que	
ressarciam	 o	 consumidor	 nos	 casos	 de	 vícios	 ocultos	 na	coisa	vendida.	Se	o	
vendedor	tivesse	ciência	do	vício,	deveria,	então,	devolver	o	que	recebeu	em	
dobro.
No	Direito	Romano	Clássico,	inicialmente,	o	vendedor	era	responsável	
pelos	vícios	da	coisa,	a	não	ser	que	estes	fossem	por	ele	ignorados.	Porém,	já	
no Período Justiniano, a responsabilidade era atribuída ao vendedor, mesmo 
que	 desconhecesse	 o	 defeito.	 As	 ações	 redibitórias	 eram	 mecanismos	 que	
ressarciam	 o	 consumidor	 nos	 casos	 de	 vícios	 ocultos	 na	coisa	vendida.	Se	o	
vendedor	tivesse	ciência	do	vício,	deveria,	então,	devolver	o	que	recebeu	em	
dobro.
FONTE: Disponível em: <www.avm.edu.br/docpdf/monografi as_publicadas/K204623.pdf>. Aces-
so em: 5 mar. 2013.
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR
101
Indiretamente, no período romano, outras leis também atingiam 
o	 consumidor:	 a	 Lei	 Sempcônia,	 de	 123	 a.C.,	 encarregando	 o	 Estado	 da	
distribuição	de	cereais	a	seguir	o	preço	de	mercado.	A	Lei	Clódia,	do	ano	de	58	
a.C.,	reservando	benefi	ciar	os	indigentes,	e	a	Lei	Aureliana,	do	 ano	de	 270	da	
nossa era, determinando que fosse feita a distribuição do pão diretamente pelo 
Estado,	ante	as	difi	culdades	de	abastecimento	havidas	nessa	época	em	Roma.
FONTE: Disponível em: <www.avm.edu.br/.../MARLON%20GONÇALVES%20SANCHES.pdf>. 
Acesso em: 5 mar. 2013.
Já	na	Europa	Medieval,	na	França	do	ano	de	1481,	o	rei	Luiz	XI	baixou	
um edito que punia com banho escaldante “quem vendesse manteiga com pedra 
no	interior	para	aumentar	o	seu	peso,	ou	leite	com	água	para	inchar	o	volume”.	
(GLÓRIA,	2003,	p.	11).
Em 1914, nos Estados Unidos, foi criada a Federal Trade Commission, 
que tinha o objetivo de aplicar a lei antitruste e proteger os interesses do 
consumidor.
Em 1914, nos Estados Unidos, foi criada a Federal Trade Commission, 
que tinha o objetivo de aplicar a lei antitruste e proteger os interesses do 
consumidor.
FONTE: Disponível em: <jus.com.br/revista/texto/.../evolucao-historica-do-direito-do-consu-
mi...>. Acesso em: 5 mar. 2013.
No	 Brasil,	 o	 Direito	 do	 Consumidor	 surgiu	 entre	 as	 décadas	 de	 40	 e	
60,	quando	foram	sancionados	diversas	leis	e	decretos	federais,	legislando	sobre	
saúde,	proteção	econômica	e	comunicações.	
Dentre todas, pode-se citar: a Lei nº 1221/51, denominada Lei de 
Economia Popular; a Lei Delegada nº 4/62; a Constituição de 1967 com a emenda 
nº	1/69,	que	 consagrou	a	defesa	do	consumidor.	E	a	Constituição	Federal	de	
1988, que apresenta a defesa doconsumidor como princípio da ordem econômica 
(art.	 170)	 e	no	artigo	48	do	Ato	das	 Disposições	 Constitucionais	 Transitórias	
(ADCT)	 que,	 expressamente,	 determinou	 a	 criação	do Código de Defesa do 
Consumidor.
Dentre todas, pode-se citar: a Lei nº 1221/51, denominada Lei de 
Economia Popular; a Lei Delegada nº 4/62; a Constituição de 1967 com a emenda 
nº	1/69,	que	 consagrou	a	defesa	do	consumidor.	E	a	Constituição	Federal	de	
1988, que apresenta a defesa do consumidor como princípio da ordem econômica 
(art.	 170)	 e	no	artigo	48	do	Ato	das	 Disposições	 Constitucionais	 Transitórias	
(ADCT)	 que,	 expressamente,	 determinou	 a	 criação	do Código de Defesa do 
Consumidor.
FONTE: Adaptado de: <www.ambito-juridico.com.br/pdfsGerados/artigos/8032.pd>. Acesso em: 
5 mar. 2013.
2.1 O SURGIMENTO DO DIREITO DO CONSUMIDOR 
COMO PARTE DA EVOLUÇÃO DO ESTADO LIBERAL
A	concepção	do	Estado	Liberal	 fundou-se	política	 e	 fi	losofi	camente	da	
Revolução Francesa, que pretendia a aquisição de direitos individuais como 
fatores	de	limitação	ao	poder	supremo	e	arbitrário	do	Estado.	Economicamente,	
através	 das	 ideias	 difundidas	 por	 Adam	 Smith	 e	 pelos	 fi	siocratas	 franceses	
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
102
contemporâneos, negando o papel do Estado no contexto econômico, libertando-o 
da atividade privada, que deveria ser deixada de lado por ele, uma vez que o 
próprio	mercado	iria	eleger	suas	leis	espontaneamente.
IMPORTANT
E
Adam Smith marcou suas ideias liberais com o seguinte pensamento: 
É suficiente que deixemos o homem abandonado em sua iniciativa para que, ao perseguir 
seu próprio interesse, promova o dos demais. O interesse privado é o motor da vida 
econômica.
Noronha	(1994,	p.	64)	explica	que	“a	mão	 invisível	de	Adam	Smith	era	
Proclamada	 como	a	verdadeira	mão	da	 justiça”.	Os	ideais	de	 liberdade	foram	
levados	às	suas	últimas	consequências	e,	na	verdade,	ao	invés	de	conduzirem	à	
verdadeira	justiça,	o	fizeram	em	sentido	oposto.
Foi com o advento da Revolução Industrial (que primeiramente surgiu, 
na	 Inglaterra	 e	 logo	após,	experimentado	pelos	demais	países	da	Europa)	que	
o	quadro	se	deteriorou,	em	decorrência	 da	 substancial	 mudança	 do	 modo	 de	
produção	manufatureira	para	industrial,	a	partir	do	desenvolvimento	tecnológico.
Toda essa evolução gerou imensas mudanças no quadro social e 
cultural, criando impasses e desequilíbrio de forças entre a mão de obra operária 
e os empresários industriais que, evidentemente, se aproveitavam da falta de 
intervenção	do	Estado	para	abusar	de	sua	posição	de	vantagem.
Os valores humanos estavam sendo colocados em segundo plano sob a falsa 
justificativa	de	justiça	e	liberdade.	Foi	quando	surgiu	o	manifesto	de	resgate	da	
dignidade humana proclamado	pelo	padre	francês	Lacordaire	(apud	OLIVEIRA,	
2007,	p.	57):	“Entre	o	forte	e	o	fraco,	entre o rico e o pobre, entre o mestre e o servo, 
é	a	liberdade	que	oprime	e	a	lei	que	liberta”.
Na	 crise	 do	 liberalismo	 econômico,	 não	 se	 pode	 esquecer	 o	 fato	 de	
que os direitos advindos, por exemplo, da Declaração Francesa dos Direitos do 
Homem e do Cidadão foram provenientes	do	Liberalismo,	onde	a	ausência	do	
Estado	era	o	padrão	a	ser	seguido.
Isto	 porque	 o	 povo	 francês	 acabara	 de	 sair	 de	 um	 absolutismo	 em	
que havia a concentração total de poder nas mãos de um rei, ou de alguns 
por	 ele	 delegados.	 Porém,	ingressar	 numa	 nova	 realidade	 totalmente	 oposta	
não seria o mais conveniente, mas a atmosfera reinante se deu nesse sentido 
e o Estado, como ente que governa, acabou por não interferir	mais	nas	relações	
privadas.
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR
103
O homem, em dado momento, tendo em vista as constantes crises e 
desalinhamentos	 sociais	 provenientes	 da	 ausência	 de	 regras,	 de	 ingerência	
e	 de	 fi	scalização	 do	 Estado,	demonstrou	que	o	individualismo	possessivo	não	
permitia	a	igualdade	por	si	só,	carecendo	de	um	elemento	que	fi	zesse	retornar	a	
estabilidade	e	a	ordem	jurídica	e	social.
IMPORTANT
E
É diante desse panorama que o Estado é chamado a intervir para regulamentar 
as situações nos diversos níveis de sua atuação, principalmente nas questões trabalhistas e 
econômicas. Surgiu, então, outra gama de princípios sociais e econômicos da existência 
humana, privilegiando as condições de uma sobrevivência mais de acordo com sua situação 
de ser humano, e não apenas como um elemento da economia. (MARSHALL, 2000, p. 94-
95).
O Estado Social surge no século XX como resposta à miséria e à 
exploração	 que	 grande	parte	da	população	 sofria	 na	 época.	O	Estado	Social	
tem como características o poder limitado, a garantia aos direitos individuais e 
políticos,	acrescentando	a	estes	os	direitos	sociais	e	econômicos.	Logo,	o	Estado	
passou	a	intervir	na	Economia	para	promover	justiça	social.
O Estado Social surge no século XX como resposta à miséria e à 
exploração	 que	 grande	parte	da	população	 sofria	 na	 época.	O	Estado	Social	
tem como características o poder limitado, a garantia aos direitos individuais e 
políticos,	acrescentando	a	estes	os	direitos	sociais	e	econômicos.	Logo,	o	Estado	
passou	a	intervir	na	Economia	para	promover	justiça	social.
FONTE: Adaptado de: <www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/fi les/.../24064-24066-1-PB.htm..>. 
Acesso em: 5 mar. 2013.
Nos	Estados	Unidos,	a t r avés 	de 	uma	iniciativa	do	próprio	presidente	
americano	 John	 Kennedy,	na	 década	 de	 60,	 houve	 a	 consolidação	 do	 Direito	
do	Consumidor.	 Por	meio	de	uma	mensagem	especial	ao	Congresso	americano,	
Kennedy	identifi	cou	os	pontos	mais	importantes	em	torno	da	questão:
Os bens e serviços colocados no mercado devem ser sadios e seguros 
para o uso, promovidos e apresentados de uma maneira que permita ao 
consumidor	fazer	uma	escolha	satisfatória.	[...]	a	voz	do	consumidor	
seja ouvida no processo de tomada de decisão governamental que 
detenha o tipo, a qualidade e o preço de bens e serviços colocados no 
mercado.	[...]	tenha	o	consumidor	o	direito	de	ser	informado	sobre	as	
condições	e	serviços.	 [...]	o	direito	a	preços	 justos.	 (SOUZA,	1996.	p.	
56).
A exemplo dos Estados Unidos, a Comissão de Direitos Humanos da 
Organização	das	Nações	Unidas	(ONU),	na	sua	29ª	Sessão	em	1973,	em	Genebra,	
também reconheceu os princípios e chamou-os de Direitos Fundamentais do 
Consumidor.
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
104
Por sua vez, o programa Preliminar da Comunidade Europeia para 
uma Política de Proteção e Informação dos Consumidores dividia os direitos 
fundamentais em cinco categorias:
1)	proteção	da	saúde	e	da	segurança;	
2)	proteção	dos	interesses	econômicos;
3)	reparação	dos	prejuízos;
4)	informação	e	educação;
5)	representação	(ou	direito	de	ser	ouvido).
FONTE: Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/fi les/anexos/24064-24066-
1-PB.html>. Acesso em: 5 mar. 2013.
Mas	 o	 avanço	 ainda	 mais	 importante	 se	 deu	 através	 da	 Resolução	 nº	
39/248/85,	de	16/04/1985,	através	da	qual	a	ONU	estabeleceu	objetivos,	princípios	
e normas para que os governos membros desenvolvam ou reforcem políticas 
fi	rmes	 de	 proteção	 ao	 consumidor,	 reconhecendo categoricamente que os 
consumidores se deparam com desequilíbrios em termos econômicos, níveis 
educacionais e poder aquisitivo. 
Desta forma, houve o efetivo reconhecimento e aceitação dos direitos 
básicos do consumidor em nível mundial, com a adoção dos seguintes objetivos:
a)		auxiliar	 países	 a	 atingir	 ou	 manter	 uma	 proteção	 adequada	 para	 a	 sua	
população consumidora;
b)		oferecer	padrões	de	consumo	e	distribuição	que	preencham	as	necessidades	
e desejos dos consumidores;
c)		incentivar	altos	níveis	de	conduta	ética,	para	aqueles	envolvidos	na	produção	e	
distribuição de bens e serviços para os consumidores;
d)	auxiliar	 países	 a	 diminuir	 práticascomerciais	 abusivas	usando	de	 todos	 os	
meios, tanto em nível nacional como internacional, que estejam prejudicando 
os consumidores;
e)		ajudar	no	desenvolvimento	de	grupos	independentes	de	consumidores;
f)		promover	a	cooperação	internacional	na	área	de	proteção	ao	consumidor;	e
g)		incentivar	 o	 desenvolvimento	 das	 condições	 de	mercado	 que	 ofereçam	 aos	
consumidores	maior	escolha,	com	preços	mais	baixos.
FONTE: Disponível em: <sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/dimensao.pdf>. Acesso 
em: 5 mar. 2013.
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR
105
O	anexo	03	da	Resolução	mostra	ainda	quais	são	os	princípios	gerais	que	
serão	tomados	como	padrões	mínimos	pelos	governos,	conforme	aponta	Souza	
(1996,	p.	57):
(a)	proteger	o	consumidor	quanto	a	prejuízos	à	sua	saúde	e	segurança;
(b)	fomentar	e	proteger	os	interesses	econômicos	dos	consumidores;
(c)	fornecer	aos	consumidores	informações	adequadas	para	capacitá-
los a fazer escolhas acertadas, de acordo com as necessidades e desejos 
individuais;
(d)	educar	o	consumidor;
(e)	criar	possibilidade	de	real	ressarcimento	ao	consumidor;
(f)	 garantir	 a	 liberdade	 para	 formar	 grupos	 de	 consumidores	 e	
outros	grupos	e	organizações	de	relevância	e	oportunidade	para	que	
estas	 organizações	 possam	 apresentar	 seus	 enfoques	 nos	 processos	
decisórios	a	elas	referentes.
De	 tamanha	 relevância	 é	 a	Resolução	da	ONU	supracitada,	 que	vários	
ordenamentos	 jurídicos	a	adotaram	como	referência	em	seus	países.	No	Brasil,	
com a Constituição Federal de 1988, o referido tema teve especial atenção quando 
passou a dispor textualmente que: o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa 
do consumidor.
Portanto, a Constituição Federal de 1988 exigiu que o Estado 
abandonasse a sua posição de mero espectador da sorte do consumidor, 
para adotar um modelo jurídico e uma política de consumo que efetivamente 
protegesse	 o	 consumidor.	 Isso	 porque	 o	 Código	 Civil,	 formulado	 segundo	
o pensamento liberal, trouxe o vício redibitório como meio de proteção do 
consumidor.	Esse	meio	mostrou-se	inefi	caz	para	a	proteção	do	consumidor.
Portanto, a Constituição Federal de 1988 exigiu que o Estado 
abandonasse a sua posição de mero espectador da sorte do consumidor, 
para adotar um modelo jurídico e uma política de consumo que efetivamente 
protegesse	 o	 consumidor.	 Isso	 porque	 o	 Código	 Civil,	 formulado	 segundo	
o pensamento liberal, trouxe o vício redibitório como meio de proteção do 
consumidor.	Esse	meio	mostrou-se	inefi	caz	para	a	proteção	do	consumidor.
FONTE: Disponível em: <www.avm.edu.br/.../TATHIANE%20DANTAS%20MESQUITA%20...>. Aces-
so em: 5 mar. 2013.
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
106
LEITURA COMPLEMENTAR
ENTIDADES DE CONSUMIDORES E ONU SE UNEM EM CAMPANHA 
CONTRA O DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS
"Pense.	Coma.	Economize.	Reduza	o	uso	de	alimentos”	é	dirigida	à	comida	
desperdiçada	pelos	consumidores	e	varejistas.	
Campanha é direcionada ao consumidor	final.		
FOTO: Kiyoshi Ota / Bloomberg 
RIO — Simples iniciativas dos consumidores e dos varejistas de alimentos 
podem reduzir drasticamente a quantidade de comida desperdiçada e ajudar a 
construir	um	 futuro	 sustentável.	É	o	que	prega	a	nova	 campanha	mundial	da	
Organização	das	Nações	Unidas	(ONU),	apoiada	pela	organização	internacional	
de defesa dos direitos dos consumidores Consumers International (CI),	batizada	
“Pense.	Coma.	Economize.	Reduza	o	uso	de	alimentos”.
Cerca de um terço do total de alimentos produzidos em todo o mundo são 
perdidos ou desperdiçados na produção de alimentos e no consumo, segundo 
dados publicados pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO, na 
sigla	original)	da	ONU.
—	 Em	 um	 mundo	 de	 sete	 bilhões	 de	 pessoas,	 que	 passará	 a	 nove	
bilhões	em	2050,	o	desperdício	de	alimentos	não	 faz	 sentido	economicamente,	
ambientalmente e eticamente — declarou o subsecretário geral e diretor executivo 
do	Programa	das	Nações	Unidas	para	o	Meio	Ambiente	(PNUMA),	Achim	Steiner.
Para	a	CI,	a	iniciativa	da	organização	é	louvável.
— Esta é uma grande iniciativa para levar consumidores e empresas a 
pensarem	mais	sobre	a	comida	que	jogamos	fora.	Ninguém	gosta	de	desperdiçar	
alimentos, por isso devemos fazer o possível para que seja mais fácil comprar, 
consumir e descartar só o que é realmente necessário — disse o chefe de 
Comunicação	e	Assuntos	Externos	da	CI,	Luke	Upchurch.
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR
107
A	nova	campanha	é	dirigida	especificamente	à	comida	desperdiçada	pelos	
consumidores,	varejistas	e	pela	indústria	hospitalar	e	é	organizada	pelo	PNUMA,	
FAO	e	entidades	colaboradoras	e	associadas.
Publicado: 23/01/13 - 14h19 
Atualizado: 24/01/13 - 10h13 
FONTE: JORNAL O GLOBO. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/defesa-do-consumi-
dor/entidades-de-consumidores-onu-se-unem-em-campanha-contra-desperdicio-de-alimen-
tos-7376433>. Acesso em: 15 fev. 2013.
IMPORTANT
E
Adam Smith marcou suas ideias liberais com o seguinte pensamento: 
É suficiente que deixemos o homem abandonado em sua iniciativa para que, ao perseguir 
seu próprio interesse, promova o dos demais. O interesse privado é o motor da vida 
econômica.
108
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você:
•		 Conheceu	conceitos	acerca	dos	direitos	do	consumidor.
•		 Verificamos	 que	 o	 movimento	 de	 defesa	 do	 consumidor	 teve	 início	 nos	
Estados	Unidos,	através	do	surgimento	do	chamado	Estado	Social.
•		 Através	 da	 Resolução	 nº	 39/248/85,	 de	 16/04/1985,	 a	 Organização	 das	
Nações	 Unidas	 estabeleceu	 objetivos,	 princípios	 e	 normas	 para	 que	 os	
governos	membros	desenvolvam	ou	reforcem	políticas	firmes	de	proteção	ao	
consumidor.
109
AUTOATIVIDADE
Considerando	 o	 texto	 “Entidades	 de	 consumidores	 e	 ONU	 se	 unem	 em	
campanha contra o desperdício de alimentos”, que medidas podem ser tomadas 
pelos consumidores, em suas próprias casas, para reduzir o desperdício de 
alimentos?
110
111
TÓPICO 2
O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Como	 já	 foi	 visto,	 o	 Brasil,	 a	 partir	 das	 diretrizes	 estabelecidas	 pela	
Organização	das	Nações	Unidas,	passou	a	adotar,	a	nível	constitucional,	a	defesa	do	
consumidor.	No	Brasil,	ao	longo	da	história,	são	encontrados	alguns	dispositivos	
legais	que,	direta	ou	indiretamente,	objetivaram	proteger	o	consumidor.	
Porém, foi somente com a introdução do Código de Defesa do Consumidor 
que	se	passou	a	determinar	uma	eficaz	política	nacional	das	relações	de	consumo,	
com	a	efetiva	participação	e	intervenção	do	Estado	nas	relações	de	consumo.
Hoje, o consumidor brasileiro está legislativamente bem amparado, em 
condições	de	poder	comparar-se	às	nações	mais	avançadas	do	planeta.
2 A LEGISLAÇÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ANTES E 
DEPOIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Antes da Constituição de 1988 havia apenas normas esparsas, legislação 
complementar, que tratava de alguma matéria de maneira isolada referente ao 
direito	do	consumidor.	Após	a	promulgação	da	Constituição	Federal	houve	grande	
desenvolvimento legislativo no âmbito do direito consumerista, principalmente 
com	a	instituição	do	Código	de	Defesa	do	Consumidor.	
Vejamos as principais leis e decretos federais sobre o assunto:
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
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LEIS
 QUADRO 3 - LEIS
• Lei nº 11.800, de 29 de outubro de 2008
Acrescenta	parágrafo	único	ao	art.	33	da	Lei	n◦	8.078,	de	11	de	setembro	de	1990	–	Código	
de Defesa do Consumidor, para impedir que os fornecedores veiculem publicidade ao 
consumidor	que	aguarda,	na	linha	telefônica,	o	atendimento	de	suas	solicitações.
• Lei nº 11.785, de 22 de setembro de 2008
Altera	o	§	3º	do	art.	54	da	Lei	nº	8.078,	de	11	de	setembro	de	1990	–	Código	de	Defesa	
do	Consumidor	–	CDC,	para	definir	tamanhomínimo	da	fonte	em	contratos	de	adesão.
• Lei nº 10.962, de 11 de outubro de 2004
Dispõe	sobre	a	oferta	e	as	formas	de	afixação	de	preços	de	produtos e serviços para o 
consumidor.
• Lei nº 9.870, de 23 de novembro de 1999
Dispõe	sobre	o	valor	total	das	anuidades	escolares	e	dá	outras	providências.
• Lei nº 9.791, de 24 de março de 1999
Dispõe	sobre	a	obrigatoriedade	de	as	concessionárias	de	serviços	públicos	estabelecerem	
ao	consumidor	e	ao	usuário	datas	opcionais	para	o	vencimento	de	seus	débitos.
• Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999
Regula	o	processo	administrativo	no	âmbito	da	administração	pública	federal.
• Lei nº 8.979, de 13 de janeiro de 1995
Altera	a	redação	do	art.	1º	da	Lei	nº	6.463,	de	9	de	novembro	de	1977.
• Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990
Define	crimes	contra	a	ordem	tributária,	econômica	e	contra	as	relações	de	consumo,	e	
dá	outras	providências.
• Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990
Código	de	Defesa	do	Consumidor	-	CDC		(última	atualização	em	23/09/2008)
• Lei nº 7.089, de 23 de março de 1983
Veda	a	cobrança	de	juros	de	mora	sobre	título	cujo	vencimento	se	dê	em	feriado,	sábado	
ou	domingo.
• Lei nº 6.463, de 09 de novembro de 1977
Torna obrigatória a declaração de preço total nas vendas a prestação, e dá outras 
providências.
FONTE: Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/presidencia/legislacao>. Acesso em: 15 
fev. 2013.
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
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QUADRO 4 - DECRETOS
DECRETOS
• Decreto nº 6.523, de 31 de julho de 2008
Regulamenta	a	Lei	n◦	8.078,	de	11	de	setembro	de	1990,	para	fixar	normas	gerais	sobre	o	
Serviço	de	Atendimento	ao	Consumidor	-	SAC.
• Decreto nº 5.903, de 20 de setembro de 2006
Regulamenta	a	Lei	nº	10.962,	de	11	de	outubro	de	2004,	e	a	Lei	nº	8.078,	de	11	de	setembro	
de	1990
• Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006
Dispõe	sobre	o	exercício	das	funções	de	regulação,	supervisão	e	avaliação	de	instituições	
de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal 
de	ensino.
• Decreto nº 5.440, de 04 de maio de 2005
Estabelece	definições	e	procedimentos	sobre	o	controle	de	qualidade	da	água	de	sistemas	
de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de informação 
ao	consumidor	sobre	a	qualidade	da	água	para	consumo	humano.
• Decreto nº 4.680, de 24 de abril de 2003
Regulamenta	o	direito	à	informação,	assegurado	pela	Lei	n◦	8.078,	de	11	de	setembro	de	
1990,	quanto	aos	alimentos	e	ingredientes	alimentares	destinados	ao	consumo	humano	
ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente 
modificados,	sem	prejuízo	do	cumprimento	das	demais	normas	aplicáveis.
• Decreto n° 2.181, de 20 de março de 1997
Dispõe	sobre	o	Sistema	Nacional	de	Defesa	do	Consumidor.
• Decreto nº 22.626, de 7 de abril de 1933 (Lei de Usura)
Dispõe	sobre	os	juros	nos	contratos	e	dá	outras	providências.
Ver	também	Súmulas	do	STF:	nº	596,	de	15/12/1976	e	nº	121,	de	16/12/1963.
FONTE: Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/presidencia/legislacao>. Acesso em: 25 
mar. 2013.
O	Brasil	também	assinou	acordos	internacionais	no	âmbito	do	Mercosul,	
visando a cooperação entre os países do bloco na defesa do consumidor, quais 
sejam:
• Acordo Brasil e Argentina, de 28 de junho de 2005
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
114
Acordo interinstitucional de entendimento entre os órgãos de defesa do 
consumidor	do	Brasil	e	da	Argentina	para	criação	de	uma	rotina	de	intercâmbio	
de informações sobre produtos enganosos e produtos piratas e elaboração de 
quadro	comparativo	das	leis	de	defesa	do	consumidor	de	ambos	os	países.
FONTE: Disponível em: <portal.mj.gov.br/main.asp?View=%7B39C8F036-8621-4EB9...>. Acesso 
em: 6 mar. 2013.
Acordo interinstitucional de entendimento entre os órgãos de defesa do 
consumidor	do	Brasil	e	da	Argentina	para	criação	de	uma	rotina	de	intercâmbio	
de informaçõesinformações sobre produtos enganosos e produtos piratas e elaboração de 
quadro	comparativo	das	leis	de	defesa	do	consumidor	de	ambos	os	países.
• Acordo interinstitucional Mercosul, de 03 de junho de 2004
Acordo interinstitucional de entendimento entre os órgãos de defesa 
do	 consumidor	dos	 estados	 partes	 do	Mercosul	 para	 a	 defesa	 do	 consumidor	
visitante.
	 Assim,	 com	 o	 crescimento	 da	 sociedade	 consumerista,	 verifi	cou-se	 a	
necessidade de uma legislação que regulamentasse todos os aspectos da relação 
de consumo, equilibrando a posição do consumidor, parte mais fraca da relação, 
seja	proibindo	ou	limitando	certas	práticas	de	mercado.
Antes da Constituição Federal de 1988, os passos importantes na defesa 
do consumidor foram dados somente a partir de 1985, com a promulgação, em 24 
de	julho,	da	Lei	nº	7.347.	
Na	 mesma	 data	 foi	 assinado	 o	 Decreto	 Federal	 nº	 91.469,	 que	 criou	
o	 Conselho	 Nacional	 de	 Defesa	 do	 Consumidor	 (CNDF),	 com	 o	 objetivo	 de	
assessorar	o	Presidente	da	República	na	elaboração	da	política	nacional	de	defesa	
do	consumidor.	Porém,	 tal	órgão	 foi	 substituído,	no	governo	do	ex-presidente	
Fernando	Collor	de	Mello,	pelo	Departamento	Nacional	de	Proteção	e	Defesa	do	
Consumidor,	subordinado	ao	Ministério	da	Justiça.
Em 1987, no VII Encontro das entidades de defesa do consumidor, 
realizado	estrategicamente	em	Brasília,	em	abril,	foram	extraídas	novas	propostas	
consubstanciadas em anteprojeto formalmente protocolado junto à Assembleia 
Nacional	 Constituinte,	 fazendo	 sugestões	 de	 modifi	cações	 da	 redação	 dos	
art.	 36	 e	 74	 do	 anteprojeto	 elaborado	pela	 chamada	Comissão	Afonso	Arinos,	
merecendo destaque a menção expressa já aos direitos fundamentais ou básicos 
do consumidor, como o relativo ao consumo de produtos e serviços, à segurança, 
à	escolha,	à	informação	etc.
Também	tem	grande	destaque	o	 trabalho	desenvolvido	pelo	Ministério	
Público	 Brasileiro,	 em	 dois	 simpósios	 nacionais.	 Ou	 seja,	 o	 VI	 Congresso	
Nacional	de	São	Paulo,	em	junho	de	1985,	e	o	VII,	em	Belo	Horizonte,	quando	
foram oferecidas teses que defendiam não apenas a instituição de promotorias 
de justiça especializadas na proteção e defesa do consumidor, como também pela 
consagração	daquelas	preocupações	no	texto	constitucional.
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
115
• Acordo interinstitucional Mercosul, de 03 de junho de 2004
IMPORTANT
E
Assim, com a instituição na Constituição Federal de 1988, a defesa do consumidor 
foi tratada com a devida importância e relevância, dispondo em seu art. 5º, XXXII, que: “O 
Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. (BRASIL, 2013).
Tal	 norma	 constitucional	 significa	 que	 o	 Estado	 tem	 a	 obrigação	 de	
defender	o	consumidor,	de	acordo	com	o	que	estiver	estabelecido	nas	leis.
Na	 ordem	 econômica,	 a	 preocupação	 com	 a	 defesa	 do	 consumidor	
também	 é	 encontrada	 no	 texto	 do	 art.	 170,	 que	 trata	 da	 “ordem	 econômica,	
fundado	na	valorização	do	trabalho	e	da	livre	iniciativa”,	cujo	fim	é	“assegurar	a	
todos	existência	digna,	conforme	os	ditames	da	justiça	social,”	com	observância	a	
determinados princípios fundamentais, encontrando-se, entre eles, exatamente a 
“defesa	do	consumidor”.	(BRASIL,	2013).
O	art.	150,	que	trata	das	limitações	de	tributar	por	parte	do	poder	público	e	
no	âmbito	da	União,	Estados,	Distrito	Federal	e	Municípios,	estabelece	em	seu	§5º	
que: a lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos 
acerca dos impostos que incidem sobre mercadorias e serviços.	(BRASIL,	2013).
Ainda no plano constitucional, a preocupação e a preservação dos interesses 
e	direitos	dos	consumidores	aparecem	no	art.	175,	II,	que	alude	aos	“usuários”	de	
serviços	públicos	por	intermédio	de	concessão	ou	permissão	do	poder	público,	
dizendo que: incumbe ao poder público, na forma de lei, diretamente ou sob 
regime de concessão ou permissão,sempre através de licitação, a prestação de 
serviços públicos.	(BRASIL,	2013). 
E	seu	parágrafo	único	dispõe	sobre	“os	direitos	dos	usuários”,	no	caso,	
e	 à	 evidência,	 “usuários-consumidores”,	 dos	 mencionados	 serviços	 públicos	
concedidos	ou	permitidos.	
Por	fim,	o	art.	48	dos	Atos	das	Disposições	Constitucionais	Transitórias	
(ADCT)	dispõe	de	forma	categórica	que:	o Congresso Nacional, dentro de cento 
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará Código de Defesa do 
Consumidor.	(BRASIL,	2013).	Prazo	esse	esgotado	da	confecção	de	vários	projetos,	
mas	que	culminou,	após	longa	tramitação	de	dois	anos,	com	a	Lei	nº	8.078,	de	11	
de	setembro	de	1990.	Estes	dispositivos	constitucionais	são	mencionados	no	art.	
1º	do	CDC.
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
116
2.1 O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Em	11	de	 setembro	de	 1990	 foi	promulgado	o	 texto	da	Lei	nº	 8.078/90,	
que	 entrou	em	vigor	em	11	de	março	de	1991,	que	dispõe	sobre	a	proteção	do	
consumidor	e	dá	outras	providências.
Temos	claro	que	a	intenção	do	constituinte	era	a	concepção	da	codificação,	
tendo	em	vista	que	um	modelo	privado	ou	 leis	 esparsas	não	 seriam	eficientes	
para	a	proteção	eficiente	do	consumidor.	No	entanto,	a	Constituição	optou	pela	
criação	de	um	Código.
Porém, durante a tramitação do Código, o lobby dos empresários, 
principalmente os da construção civil, dos consórcios e dos supermercados, 
prevendo o sucesso e o fortalecimento dos direitos dos consumidores, buscava 
impedir	a	votação	do	texto	ainda	naquela	legislatura.
Contudo,	o	Código	 foi	votado,	 transformando-se	na	Lei	nº	8.078,	de	11	
de	setembro	de	1990,	tornando	o	Brasil	o	pioneiro	da	codificação	do	Direito	do	
Consumidor	em	 todo	o	mundo.
IMPORTANT
E
Dentre as finalidades do Código de Defesa do Consumidor (CDC), podemos destacar, 
resumidamente, que são:
• Evitar que os consumidores sofram prejuízos.
• Informar quais os direitos e deveres, compromissos e obrigações atinentes às relações de consumo.
• Fixar a ação governamental e privada no sentido de efetivamente proteger o consumidor.
• Estabelecer responsabilidades, determinar procedimentos e fixar sanções.
Disponível em: <ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/.../Implicacoes-juridicas.pdf>. Acesso em: 
6 mar. 2013.
Sempre tendo por objetivo o atendimento às necessidades dos consumidores, 
reconhecendo sua vulnerabilidade no mercado de consumo, o CDC é uma norma de 
ordem	pública	e	de	interesse	social,	que	não	pode	ser	contrariada	nem	por	acordo	
entre	as	partes,	isto	é,	entre	o	fornecedor	de	produtos,	serviços	e	o	consumidor.
	É	também	uma	lei	de	caráter	inter	e	multidisciplinar,	uma	vez	que	se	relaciona	
com outros ramos do direito, ao mesmo tempo em que atualiza e dá nova roupagem 
a	antigos	institutos	jurídicos.
Tem o caráter de um verdadeiro microssistema jurídico, uma vez que cuida 
de	 questões	 inseridas	 no	 Direito	 Constitucional,	 Civil,	 Penal,	 Processual	 Civil,	
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
117
2.1 O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Penal e Administrativo, mas sempre tendo como fundamento a vulnerabilidade do 
consumidor	frente	ao	fornecedor	e	sua	condição	de	destinatário	final	de	produtos	e	
serviços,	ou	desde	que	não	visem	o	uso	profissional.
IMPORTANT
E
Caro(a) acadêmico(a)! Como vimos, o Código de Defesa do Consumidor é 
um marco no rompimento de tradições no Direito brasileiro a partir do momento em que, 
desprezando a antiga tradição individualista, adotou uma visão mais socializante nas relações 
contratuais, trazendo várias inovações. Dentre elas, destacamos:
• Quebrou o princípio do pacta sunt servanda (autonomia da vontade das partes), no que diz 
respeito à onerosidade do contrato.
• Quebrou o princípio da relatividade dos contratos, facultando ao consumidor reclamar 
diretamente contra o causador ou responsável pelo evento danoso, mesmo que não fez parte 
da relação inicial do consumo.
• Quebrou o princípio da culpa no campo da responsabilidade civil objetiva.
• Quebrou o princípio da separação patrimonial entre pessoa física e jurídica, acolhendo a 
doutrina da desconsideração da personalidade jurídica para reparar os danos de consumo.
• Quebrou a teoria do risco ao inverter o ônus da prova.
2.2 ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS DO CÓDIGO E DEFESA 
DO CONSUMIDOR
Desde que o Código de Defesa do Consumidor entrou em vigor, sofreu 
alterações	por	cinco	leis	e	várias	medidas	provisórias.	Vejamos:
a)		Lei nº 8.656, de 21/05/1993 – alterou o texto do artigo 57 e determinou que o 
Poder Executivo:
•		 regulamentasse	o	procedimento	das	sanções	administrativas	em	45	dias;
• atualizasse periodicamente a pena de multa, respeitando os parâmetros 
vigentes	à	época	da	promulgação	do	código	consumerista.
b)		Lei nº 8.703, de 06/09/1993	–	alterou	o	parágrafo	único	do	artigo	57,	determinando	
que: a multa será em montante não inferior a duzentas e não superior a três 
milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (UFIR) ou índice 
equivalente que venha a substituí-lo.	(BRASIL,	2013).
c)		Lei nº 8.884, de 13/06/1994	 –	 alterou	 o	 artigo	 39,	 tornando	 exemplificativa	
a relação das práticas comerciais consideradas abusivas e inseriu, nessa 
categoria, as condutas de: recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, 
diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, 
ressalvados os casos de intermediação regulados por leis especiais	(Inciso	IX)	
e elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.	(Inciso	X).	(BRASIL,	
2013).
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
118
d)	Lei nº 9.008, de 21/03/1995	–	decorrente	da	conversão	da	Medida	Provisória	
nº	683,	de	31/10/1994,	reeditada	sucessivamente	até	a	de	nº	854,	de	26/01/1995,	
incluiu	como	prática	abusiva	no	art.	39	a	conduta	de:	deixar de estipular prazo 
para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fi xação de seu termo inicial 
a seu exclusivo critério.	(Inc.	XII).	(BRASIL,	2013).
e)	Lei nº 9.298, de 1º/08/1996	–	alterou	o	§	1º	do	art.	52	do	CDC,	que	passou	a	
ter a seguinte redação: as multas e mora decorrentes do inadimplemento de 
obrigações no seu termo não poderão ser superiores a 2% (dois por cento) do 
valor da prestação.	(BRASIL,	2013).
f)		Lei nº 9.870, de 23/11/1999	–	alterou	o	art.	39	do	CDC	e	inseriu,	também,	como	
prática abusiva, a aplicação de índice ou fórmula de reajuste diverso do legal 
ou	contratualmente	estabelecido	(Inc.	XI).
g)		Lei nº 10.962, de 11 de outubro de 2004 - dispõe	sobre	a	oferta	e	as	formas	de	
afi	xação	de	preços	de	produtos	e	serviços	para	o	consumidor.
h)		Lei nº 11.785, de 22 de setembro de 2008 -	altera	o	§	3º	do	art.	54	da	Lei	nº	8.078,	
de	11	de	setembro	de	1990	–	Código	de	Defesa	do	Consumidor	–	CDC,	para	
defi	nir	tamanho	mínimo	da	fonte	em	contratos	de	adesão.
i) Lei nº 11.800, de 29 de outubro de 2008 - acrescenta	parágrafo	único	ao	art.	33	
da	Lei	n◦	8.078,	de	11	de	setembro	de	1990	–	Código	de	Defesa	do	Consumidor,	
para impedir que os fornecedores veiculem publicidade ao consumidor que 
aguarda,	 na	 linha	 telefônica,	 o	 atendimento	 de	 suas	 solicitações.	 (BRASIL.	
2013).
As	alterações	legislativas	sofridas	pelo	Código	de	Defesa	do	Consumidor	
benefi	ciaram	o	consumidor,	ampliando	suas	garantias.
3 DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO
O Código de Defesa do Consumidor, antes de tratar da Política 
Nacional	de	Proteção	e	Defesa	do	Consumidor,	no	seu	artigo	4º,	 cuidou	da	
Política	de	Relações	de	Consumo,	dispondo	sobre os objetivos e princípios que 
devem	nortear	o	setor.	Dentre	os	objetivos,	o	CDC	dispôs	o	atendimento	das	
necessidades	dos	consumidores,	o	respeito	à	sua	dignidade,	saúde	e	segurança, 
a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, 
bem	como	a	transparência	e	harmonia	das	relações	de	consumo.
O Código de Defesa do Consumidor, antes de tratar da Política 
Nacionalde	Proteção	e	Defesa	do	Consumidor,	no	seu	artigo	4º,	 cuidou	da	
Política	de	Relações	de	Consumo,	dispondo	sobre os objetivos e princípios que 
devem	nortear	o	setor.	Dentre	os	objetivos,	o	CDC	dispôs	o	atendimento	das	
necessidades	dos	consumidores,	o	respeito	à	sua	dignidade,	saúde	e	segurança, 
a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, 
bem	como	a	transparência	e	harmonia	das	relações	de	consumo.
FONTE: Adaptado de: <jus.com.br/.../a-importancia-da-boa-fe-como-norma-de-conduta-e-...>. 
Acesso em: 6 mar. 2013.
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
119
Contudo, para atingir estes objetivos devem ser atendidos os seguintes 
princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
 
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a)	por	iniciativa	direta;
b)	por	incentivos	à	criação	e	desenvolvimento	de	associações	representativas;
c)	pela	presença	do	Estado	no	mercado	de	consumo;
d)	pela	garantia	dos	produtos	e	serviços	com	padrões	adequados	de	qualidade,	
segurança,	durabilidade	e	desempenho.
III	-	harmonização	 dos	 interesses	 dos	 participantes	 das	 relações	 de	 consumo	
e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de 
desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios 
nos	quais	se	funda	a	ordem	econômica	(artigo	170,	da	Constituição	Federal),	
sempre	com	base	na	boa-fé	e	equilíbrio	nas	 relações	entre	consumidores	e	
fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus 
direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V	 -	 incentivo	 à	 criação,	pelos	 fornecedores,	de	meios	 eficientes	de	 controle	de	
qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos 
alternativos	de	solução	de	conflitos	de	consumo;
VI	-	coibição	e	repressão	eficientes	de	todos	os	abusos	praticados	no	mercado	de	
consumo,	inclusive	a	concorrência	desleal	e	utilização	indevida	de	inventos,	
criações	industriais	das	marcas,	nomes	comerciais	e	signos	distintivos,	que	
possam causar prejuízos aos consumidores;
VII	-	racionalização	e	melhoria	dos	serviços	públicos;
VII	-	estudo	constante	das	modificações	do	mercado	de	consumo.
FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078compilado.htm>. Aces-
so em: 6 mar. 2013.
Estes princípios, como dito no “caput” do mesmo artigo 4º, visariam 
proporcionar: o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à 
sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a 
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das 
relações de consumo.	(BRASIL,	2013)
Faremos, a seguir, uma análise dos princípios mais importantes
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
120
3.1 VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR
Pressupõe	que	o	consumidor	é	hipossufi	ciente,	ou	seja,	carente	de	proteção.	
Conforme entendimento da lei, o consumidor, individualmente, não está em 
condições	de	fazer	valer	as	suas	exigências	em	relação	aos	produtos	e	serviços	
que adquire, pois tem como característica carecer de meios adequados para se 
relacionar	 com	 as	 empresas	 com	 quem	 contrata.	 É	tamanha	a	desproporção	
entre	os	meios	que	dispõem	as	empresas	e	o	consumidor	normal,	que	este	tem	
imensas	difi	culdades	de	fazer	respeitar	os	seus	direitos.	
FONTE: Disponível em: <http://www.ambitjuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_arti-
gos_leitura&artigo_id=2113>. Acesso em: 6 mar. 2013.
Pressupõe	que	o	consumidor	é	hipossufi	ciente,	ou	seja,	carente	de	proteção.	
Conforme entendimento da lei, o consumidor, individualmente, não está em 
condições	de	fazer	valer	as	suas	exigências	em	relação	aos	produtos	e	serviços	
que adquire, pois tem como característica carecer de meios adequados para se 
relacionar	 com	 as	 empresas	 com	 quem	 contrata.	 É	tamanha	a	desproporção	
que adquire, pois tem como característica carecer de meios adequados para se 
relacionar	 com	 as	 empresas	 com	 quem	 contrata.	 É	tamanha	a	desproporção	
que adquire, pois tem como característica carecer de meios adequados para se 
entre	os	meios	que	dispõem	as	empresas	e	o	consumidor	normal,	que	este	tem	
imensas	difi	culdades	de	fazer	respeitar	os	seus	direitos.	
Até mesmo quando se fala no direito de “escolha” do consumidor, 
ela	 já	nasce	 reduzida.	O	consumidor	só	pode	optar	 por	 aquilo	 que	 existe	 e	
foi	 oferecido	 no	 mercado.	 E	 essa	 oferta	 foi	 decidida	 unilateralmente	 pelo	
fornecedor, visando seus interesses empresariais, que são, evidentemente, o de 
obtenção	de	lucro.
FONTE: Adaptado de: <bonilhaeruella.com/.../126-principios-basilares-do-codigo-de-defesa-..>. 
Acesso em: 6 mar. 2013.
Assim,	 torna-se	 fundamental	 uma	 atuação	 direta	 do	 Estado	 a	 fi	m	 de	
proteger os consumidores		e	estabelecer	o	equilíbrio.
3.2 DEVER DO ESTADO
Este princípio está expresso no artigo 5º, inciso XXXII, da Constituição 
Federal:
O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
Desse	modo,	a	Constituição	Brasileira	dispõe	que	haja	atuação	do	Estado	
na defesa do consumidor, competindo, conforme reza o artigo 24 da Constituição 
Federal, à União, aos Estados e ao Distrito Federal, legislar concorrentemente sobre 
o	inciso	VIII	-	responsabilidade	por	dano	[...],	ao	consumidor	[...]	(BRASIL,	2013).
A	Constituição	da	República	de	1988	diz	ainda	no	Artigo	150,	§	5º:	
A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos 
acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. (BRASIL, 2013).
Já	no	artigo	175,	§	único,	inciso	II,	a	mesma	Constituição	Federal	estabelece	
que	nas	concessões	e	permissões	do	serviço	público,	a	 lei	deverá	dispor	acerca	
“dos	direitos	dos	usuários”,	que	são	os	consumidores	da	prestação	de	serviços.	
(BRASIL,	2013).
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
121
3.1 VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR
3.2 DEVER DO ESTADO
Enfatiza-se que a defesa do consumidor perante a atividade econômica 
vem	sendo	efetivada	através	de	lei	federal	(Código	do	Consumidor),	leis	estaduais,	
normas	 correlatas,	 BACEN	 (consórcios,	 financeiras,	 bancos),	 IRB,	 INMETRO,	
Conselhos	 Profissionais,	 que	 fiscalizam	 e	 disciplinam	 o	 relacionamento	 do	
consumidor	perante	a	atividade	econômica	em	geral.
Do ponto de vista extrajudicial, existem entidades governamentais e não 
governamentais atuando diretamente na defesa do consumidor, como:
IMPORTANT
E
• Ministério da Justiça (Secretaria dos Direitos Econômicos).
Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJ5E813CF3PTBRIE.htm>. 
• Secretaria Nacional do Consumidor - Senacon
Disponível em: <http://www.mj.gov.br/senacon>.
• Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC)
Disponível em: <http://www.mj.gov.br/senacon>.
SISTECON/PROCONS ESTADUAIS:
• DECON - Polícia Civil (tem origem na Delegacia de Ordem Econômica, na Lei Delegada nº 
4 - tem 30 anos).
• Ministério Público.
• Associações Comunitárias.
• IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.
Disponível em: <http://www.idec.org.br/>.
• Associações de Vítimas de Fornecedor Determinado. Estas agem quando solicitadas ou por 
iniciativa própria.
• Poder Judiciário - que age se provocado, como um meio judicial de defesa do consumidor.
3.3 HARMONIZAÇÃO DE INTERESSES
Para permitir a harmonização dos interesses das partes envolvidas nas 
relações	de	consumo,	há	necessidade	de	nivelá-los,	 tratando	com	 igualdade	os	
diferentes,	alcançando	assim	o	equilíbrio.	
Para	que	isso	aconteça	é	preciso	que	haja	consciência	da	existência	de	uma	
terceira	força	no	mercado,	além	da	indústria	e	do	trabalho:	o	consumidor.	Quando	
este	passar	a	interferir	no	mercado,	com	repercussões	sobre	a	produção,	seja	sob	
o ponto de vista da qualidade, da quantidade ou da necessidade, o mercado se 
tornará	mais	 eficiente,sem	desperdício	econômico.	Dessa	 forma,	a	diminuição	
das desigualdades é condição essencial para a harmonização e equiparação entre 
consumidor	e	produtor.
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
122
3.4 INFORMAÇÃO
Na	Resolução	nº	39/248/85,	de	16/04/1985,	 a	ONU	estabeleceu,	 entre	os	
princípios para que os governos membros desenvolvam ou reforcem políticas 
fi	rmes	de	proteção	ao	consumidor,	o	direito	à	informação.
Adotado expressamente pelo Código de Defesa do Consumidor, este 
princípio	 não	 implica	 apenas	 informações	 sobre	 o	 produto	 ou	 serviço,	 mas	
também	quanto	aos	direitos	e	deveres	enquanto	consumidor.	O	consumidor	deve	
saber	como	ressarcir-se,	pois	isto	é	importante	para	garantir	justiça	individual.	
O consumidor, portanto, deve ser informado e educado sobre seu próprio 
poder frente aos produtores e prestadores de serviços, para equiparar-se a estes 
em	seu	relacionamento.
3.5 QUALIDADE
É	o	princípio	que	manda	incentivar	o	desenvolvimento	de	meios	efi	cientes	
de	controle	de	qualidade	e	segurança	de	produtos	e	serviços.	O	produtor	deve	
garantir que as mercadorias, além de uma performance adequada	aos	fi	ns	a	que	se	
destinam,	tenham	duração	e	confi	abilidade.
A	 própria	 ONU	 tem	 elaborado	 diretrizes	 que	 preveem	 os	 direitos	 do	
consumidor	no	que	toca	à	qualidade	e	segurança	dos	produtos.	Um	desempenho	
adequado	destes	é	uma	exigência	inerente	à	sua	existência,	aliada	à	necessidade	
de	 durabilidade	 e	 confi	abilidade	 dos	 produtos	 colocados	 à	 disposição	 do	
consumidor.	
A qualidade não deve se restringir apenas ao produto e serviço prestado, 
mas também no atendimento ao consumidor pela colocação de mecanismos 
alternativos	(viáveis	e	rápidos)	na	solução	de	confl	itos	que	porventura	surjam	
na	relação	de	consumo.
A qualidade não deve se restringir apenas ao produto e serviço prestado, 
mas também no atendimento ao consumidor pela colocação de mecanismos 
alternativos	(viáveis	e	rápidos)	na	solução	de	confl	itos	que	porventura	surjam	
na	relação	de	consumo.
FONTE: Disponível em: <www.buscalegis.ufsc.br/revistas/fi les/anexos/24438-24440-1-PB.htm>. 
Acesso em: 6 mar. 2013.
3.6 COIBIÇÃO DE ABUSOS
É	o	princípio	que	 reprime	abusos	no	mercado	de	consumo.	O	Código	
de	Defesa	do	Consumidor	criou	o	Sistema	Nacional	de	Defesa	do	Consumidor	
(SNDC),	 integrado	 pelos	 órgãos	 federais,	 estaduais,	 do	 Distrito	 Federal	 e	
municipais	e	as	entidades	de	defesa	do	consumidor.	
É	o	princípio	que	 reprime	abusos	no	mercado	de	consumo.	O	Código	
de	Defesa	do	Consumidor	criou	o	Sistema	Nacional	de	Defesa	do	Consumidor	
(SNDC),	 integrado	 pelos	 órgãos	 federais,	 estaduais,	 do	 Distrito	 Federal	 e	
municipais	e	as	entidades	de	defesa	do	consumidor.	
FONTE: Adaptado de: <www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista..>. Acesso em: 
6 mar. 2013.
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
123
3.4 INFORMAÇÃO
3.5 QUALIDADE
3.6 COIBIÇÃO DE ABUSOS
O	 Sistema	 Nacional	 de	 Defesa	 do	 Consumidor	 (SNDC)	 congrega	
Procons,	 Ministério	 Público,	 Defensoria	 Pública	 e	 entidades	 civis	 de	 defesa	
do consumidor, que atuam de forma articulada e integrada com a Secretaria 
Nacional	do	Consumidor	(Senacon).
O	 SNDC	 se	 reúne	 trimestralmente	 para	 analisar	 conjuntamente	 os	
desafi	os	 enfrentados	 pelos	 consumidores	 e	 para	 a	 formulação	 de	 estratégias	
de	ação,	tais	como:	fi	scalizações	conjuntas,	harmonização	de	entendimentos	e	
elaboração	de	políticas	públicas	de	proteção	e	defesa	do	consumidor.
	 	 	 	 	 	 	 	 	 	Os	órgãos	do	SNDC	têm	competência	concorrente	e	atuam	de	 forma	
complementar	 para	 receber	 denúncias,	 apurar	 irregularidades	 e	 promover	 a	
proteção	e	defesa	dos	consumidores.
FONTE: Disponível em: <portal.mj.gov.br/.../...>. Acesso em: 6 mar. 2013.
O	 Sistema	 Nacional	 de	 Defesa	 do	 Consumidor	 (SNDC)	 congrega	
Procons,	 Ministério	 Público,	 Defensoria	 Pública	 e	 entidades	 civis	 de	 defesa	
do consumidor, que atuam de forma articulada e integrada com a Secretaria 
Nacional	do	Consumidor	(Senacon).
O	 SNDC	 se	 reúne	 trimestralmente	 para	 analisar	 conjuntamente	 os	
desafi	os	 enfrentados	 pelos	 consumidores	 e	 para	 a	 formulação	 de	 estratégias	
de	ação,	tais	como:	fi	scalizações	conjuntas,	harmonização	de	entendimentos	e	
elaboração	de	políticas	públicas	de	proteção	e	defesa	do	consumidor.
	 	 	 	 	 	 	 	 	 	Os	órgãos	do	SNDC	têm	competência	concorrente	e	atuam	de	 forma	
complementar	 para	 receber	 denúncias,	 apurar	 irregularidades	 e	 promover	 a	
proteção	e	defesa	dos	consumidores.
Os Procons são órgãos estaduais e municipais de proteção e defesa do 
consumidor,	criados	especifi	camente	para	este	fi	m,	com	competências,	no	âmbito	
de	sua	jurisdição,	para	exercer	as	atribuições	estabelecidas	pela	Lei	n°	8.078,	de	11	
de	setembro	de	1990,	e	pelo	Decreto	nº	2.181/97.	
Os Procons são, portanto, os órgãos que atuam no âmbito local, 
atendendo diretamente os consumidores e monitorando o mercado de 
consumo	local.	Têm	papel	fundamental	na	execução	da	Política	Nacional	de	
Defesa	do	Consumidor.
O	 Ministério	 Público	 e	 a	 Defensoria	 Pública,	 no	 âmbito	 de	 suas	
atribuições,	 também	atuam	na	proteção	e	na	defesa	dos	consumidores	e	na	
construção	 da	 Política	 Nacional	 das	 Relações	 de	 Consumo.	 O	 Ministério	
Público,	de	acordo	com	sua	competência	constitucional,	além	de	fi	scalizar	a	
aplicação	da	 lei,	 instaura	 inquéritos	e	propõe	ações	coletivas.	A	Defensoria,	
além	 de	 propor	 ações,	 defende	 os	 interesses	 dos	 desassistidos,	 promove	
acordos	e	conciliações.
										A	Secretaria	Nacional	do	Consumidor,	por	sua	vez,	tem	por	atribuição	
legal	a	coordenação	do	SNDC	e	está	voltada	à	análise	de	questões	que	tenham	
repercussão nacional e interesse geral, além do planejamento, elaboração, 
coordenação	e	execução	da	Política	Nacional	de	Defesa	do	Consumidor.
Os Procons são, portanto, os órgãos que atuam no âmbito local, 
atendendo diretamente os consumidores e monitorando o mercado de 
consumo	local.	Têm	papel	fundamental	na	execução	da	Política	Nacional	de	
Defesa	do	Consumidor.
O	 Ministério	 Público	 e	 a	 Defensoria	 Pública,	 no	 âmbito	 de	 suas	
atribuições,	 também	atuam	na	proteção	e	na	defesa	dos	consumidores	e	na	
construção	 da	 Política	 Nacional	 das	 Relações	 de	 Consumo.	 O	 Ministério	
Público,	de	acordo	com	sua	competência	constitucional,	além	de	fi	scalizar	a	
aplicação	da	 lei,	 instaura	 inquéritos	e	propõe	ações	coletivas.	A	Defensoria,	
além	 de	 propor	 ações,	 defende	 os	 interesses	 dos	 desassistidos,	 promove	
acordos	e	conciliações.
										A	Secretaria	Nacional	do	Consumidor,	por	sua	vez,	tem	por	atribuição	
legal	a	coordenação	do	SNDC	e	está	voltada	à	análise	de	questões	que	tenham	
repercussão nacional e interesse geral, além do planejamento, elaboração, 
coordenação	e	execução	da	Política	Nacional	de	Defesa	do	Consumidor.
FONTE: Disponível em: <portal.mj.gov.br/.../...>. Acesso em: 6 mar. 2013.
O Código de Defesa do Consumidor também instituiu a Convenção 
Coletiva	de	Consumo,	para	regular,	por	escrito,	as	relações	de	consumo.	
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
124
Em	seu	artigo	107,	o	CDC	prevê	que:	as entidades civis de consumidores, 
as associações de fornecedores ou sindicatos de categoria econômica podem 
regular, por convenção escrita, relações de consumo [...]. (BRASIL,	2013).	
Estes dois: SNDC e Convenção Coletiva de Consumo, além dos demais 
existentes e já descritos, colaboram e implementam a coibição e repressão 
necessárias contra os abusos praticados no mercado: pelo uso do poder econômico; 
pela introdução de produtos que iludam sobre a qualidade do consumidor na sua 
boa-fé; utilização indevida de marcas e patentes; pela utilização de publicidade 
enganosa ou constrangedora para determinados grupos etários, sociais ou 
econômicos	e	de	cláusulas	contratuaisabusivas.
3.7 SERVIÇO PÚBLICO
Este	princípio	prevê	a	racionalização	e	melhoria	dos	serviços	públicos.	Em	
termos	de	serviço	público,	a	isonomia	dos	usuários	é	a	mais	absoluta	possível.	
Qualquer	pessoa	do	povo	pode	exigir	 a	prestação	correta	do	 serviço	público,	
porque	 é	 uma	 obrigação	 da	 administração	 pública	 e	 um	direito	 de	 qualquer	
pessoa.	
FONTE: Disponível em: <www.buscalegis.ufsc.br/revistas/fi les/anexos/24438-24440-1-PB.htm>. 
Acesso em: 6 mar. 2013.
Este	princípio	prevê	a	racionalização	e	melhoria	dos	serviços	públicos.	Em	
termos	de	serviço	público,	a	isonomia	dos	usuários	é	a	mais	absoluta	possível.	
Qualquer	pessoa	do	povo	pode	exigir	 a	prestação	correta	do	 serviço	público,	
porque	 é	 uma	 obrigação	 da	 administração	 pública	 e	 um	direito	 de	 qualquer	
pessoa.	
É	um	dever	da	administração	pública:	a	prestação	de	serviços	corretos,	
confi	gurando-se	esta	obrigação	do	Estado	de	bem-servir,	sem	favor	para	qualquer	
pessoa,	como	um	direito	público	subjetivo	do	povo.	Deve	haver	uma	igualdade	
no atendimento à população com um atendimento satisfatório, inclusive dos 
permissionários	e	concessionários.
É	um	dever	da	administração	pública:	a	prestação	de	serviços	corretos,	
confi	gurando-se	esta	obrigação	do	Estado	de	bem-servir,	sem	favor	para	qualquer	
pessoa,	como	um	direito	público	subjetivo	do	povo.	Deve	haver	uma	igualdade	
no atendimento à população com um atendimento satisfatório, inclusive dos 
permissionários	e	concessionários.
FONTE: Disponível em: <www.tvimagem.com.br/gilbertodebarrosbasilefi lho/principios.htm>. 
Acesso em: 6 mar. 2013.
Estes, no atendimento à população, devem tomar todas as medidas 
que	 se	fi	zerem	necessárias	para	 agilizar	 a	 prestação	dos	 serviços	dos	 quais	 se	
incumbirem.
3.8 MERCADO
Este	princípio	propõe	o	estudo	constante	das	modifi	cações	do	mercado	de	
consumo.	Deve	haver	uma	política	que	privilegie	as	necessidades	de	demanda	
e	não	as	conveniências	da	oferta.	Produtores	e	consumidores	devem	adotar	um	
conjunto	 de	 decisões	 sobre	 o	 que	 produzir.	A	 demanda	 deve	 ser	 privilegiada	
ao se analisar a produção e não se avaliar a necessidade de produção pelas 
conveniências	da	oferta.
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
125
3.7 SERVIÇO PÚBLICO
3.8 MERCADO
Este	 é	 um	 dos	 pontos	 importantes	 para	 uma	 justa	 relação	 de	 consumo.	
Ou seja, satisfazer os interesses mais modestos de faixas menos privilegiadas 
economicamente da população e, com isso, trazendo-as ao mercado de consumo 
numa	relação	equânime.	
Este	 é	 um	 dos	 pontos	 importantes	 para	 uma	 justa	 relação	 de	 consumo.	
Ou seja, satisfazer os interesses mais modestos de faixas menos privilegiadas 
economicamente da população e, com isso, trazendo-as ao mercado de consumo 
numa	relação	equânime.	
Estaremos, assim, tornando mais correta a aplicação de seu dinheiro 
em produtos de qualidade que estejam realmente necessitando adquirir, e não 
induzindo-as a consumirem produtos desnecessários, através de técnicas de 
marketing sedutoras	e	agressivas.
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
126
LEITURA COMPLEMENTAR
“NOTÍCIA - SINDEC: EM 292 CIDADES, DOIS MILHÕES DE 
CONSUMIDORES ATENDIDOS”
 
Ministério	da	Justiça	divulga	balanço	dos	atendimentos	dos	Procons	em	2012
 
											O	número	de	atendimentos	registrados	pelos	Procons	integrados	ao	Sistema	
Nacional	de	Informações	de	Defesa	do	Consumidor	(Sindec)	foi	de	2,03	milhões	
de	consumidores	em	2012.	Essa	quantidade	representa	um	aumento	de	19,7%	em	
relação	aos	1,6	milhão	do	ano	de		2011.
 
	 Entre	os	assuntos	mais	demandados	pelos	consumidores	ao	longo	de	2012	
destacam-se:	telefonia	celular	(9,17%);	banco	comercial	(9,02%);	cartão	de	crédito	
(8,23%);	 telefonia	fixa	 (6,68%)	 e	financeira	 (5,17%).	A	publicação	mostra	 que	 a	
empresa	Oi	lidera	o	ranking	com	120.374	demandas.	Em	seguida,	estão	a	Claro-
Embratel	 (102.682),	 o	Grupo	 Itaú	 (97.578),	 Bradesco	 (61.257)	 e	Vivo-Telefônica	
(44.022).
 
 O setor mais demandado pelos consumidores que procuram os Procons é 
o	financeiro	(banco	comercial,	cartão	de	crédito,	financeira	e	cartão	de	loja),	com	
23,85%.	Além	disso,	foi	possível	constatar	um	aumento	de	demandas		no	setor	de	
telecomunicações	(telefonia	celular,	telefonia	fixa,	TV	por	assinatura	e	internet),	
que	saltou	de	17,46%,	em	2011,	para	21,7%	dos	registros	em	2012.
 
	 As	 informações	 fazem	 parte	 do	 Boletim	 Sindec	 2012,	 divulgado	 nesta	
quarta-feira	 (16/10)	 pela	 Secretaria	Nacional	 do	Consumidor	 do	Ministério	 da	
Justiça	(Senacon/MJ).
 
	 Os	principais	problemas	enfrentados	pelos	consumidores	em	2012	foram:	
37,42%	 relativos	 a	 cobranças	 (falta	 de	 informação	 sobre	 valores,	 cobranças	
duplicadas	 etc.);	 17,31%	 relativos	 à	 oferta	 de	 produtos	 e	 serviços;	 13,21%	
problemas	 com	 contrato	 (alterações	 unilaterais,	 descumprimento	 de	 ofertas	 e	
publicidades	enganosas),	17,57%	referentes	à	qualidade	de	produtos	(vício	ou	má	
qualidade	de	produto/serviço,	defeitos	e	garantia	de	produtos).
 
	 Ao	 analisar	 o	 perfil	 do	 consumidor,	 a	 publicação	 mostra	 que	
as	 mulheres	 representam	 52,97%	 das	 pessoas	 que	 procuraram	 os	
Procons	 em	 2012.	 A	 maioria	 dos	 consumidores	 tem	 entre	 21	 e	 50	 anos. 
 
											 O	Boletim	Sindec	2012,	que	reúne	os	atendimentos	realizados	pelos	Procons	
integrados	 ao	 SINDEC	 em	 292	 cidades	 brasileiras,	 visa	 incentivar	 a	 melhoria	
do atendimento prestado ao consumidor e o aprimoramento da qualidade de 
produtos	e	serviços	comercializados	no	Brasil.
FONTE: Disponível em: <http://portal.mj.gov.br>. Acesso em: 16 jan. 2013.
127
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico expomos a evolução histórica do direito do consumidor no 
Brasil.
•		 Aprendemos	que,	com	o	advento	da	Constituição	Federal	de	1988,	o	Brasil,	
efetivamente,	colocou	a	defesa	do	consumidor	como	dever	do	Estado	brasileiro.
• Foi com a promulgação do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 
8.078/1990)	 que	 se	estabeleceu	a	Política	Nacional	das	Relações	de	Consumo,	
dispondo	 quanto	 ao	 atendimento	 das	 necessidades	 dos	 consumidores.	 O	
respeito	 à	 sua	 dignidade,	 saúde,	 segurança,	 a	proteção	de	seus	 interesses	
econômicos,	a	melhoria	da	sua	qualidade	de	vida,	bem	como	a	transparência	e	
harmonia	das	relações	de	consumo.
128
AUTOATIVIDADE
Considerando	o	conteúdo	do	Tópico	2,	responda	às	seguintes	questões:
1		 No	sistema	protetivo	do	consumidor,	assinale	a	alternativa	CORRETA:	
a)	 (		)	Os	serviços	públicos	são	excluídos,	já	que	há	objeto	de	leis	próprias.
b)	 (	 	 )	Haverá,	 sempre,	 a	 inversão	 do	 ônus	 probatório	 em	 benefício	 do	
consumidor,	em	face	de	sua	presumida	hipossuficiência,	que	é	absoluta.	
c)	 (	 	 )	As	cláusulas	de	eleição	de	foro	são	tidas	por	inexistentes	em	qualquer	
hipótese,	não	gerando	efeitos	jurídicos.
d)	(	 	 )	 É	 garantido	 o	 direito	 de	 modificação	 das	 cláusulas	 contratuais	 que	
estabeleçam	prestações	desproporcionais	ou	sua	revisão	em	razão	de	fatos	
supervenientes	que	as	tornem	excessivamente	onerosas.
2		 Entre	os	instrumentos	com	os	quais	o	poder	público	conta	para	a	execução	
da	Política	Nacional	das	Relações	de	Consumo	inclui-se:
a)	 (	 	 )	A	 instituição	 de	 promotorias	 de	 justiça	 de	 defesa	 do	 consumidor,	 no	
âmbito	do	MP.
b)	 (		)	A	assistência	jurídica	integral	e	gratuita	a	todos	os	consumidores.
c)	 (		)	A	criação	do	balcão	de	atendimento	ao	consumidor,	no	âmbito	municipal.
d)	(		)	A	instituição	de	associações	de	defesa	do	consumidor.
3 O Código de Defesa do Consumidor estabelece os objetivos e princípios da Política 
Nacional	de	Relações	de	Consumo.	Nesse	contexto,	pode-se	afirmar	que	existe:
a)	 (	 	 )	 Reconhecimento	 da	 vulnerabilidade	 do	 consumidor	 no	 mercado	 de	
consumo.	
b)	 (	 	 )	Ação	 governamental	 no	 sentido	 de	 proteger	 o	 fornecedor	 atravésda	
presença do Estado no mercado de consumo
c)	 	( 	 	 ) 	 Incentivo	à	criação	de	mecanismos	de	arbitragem	entre	consumidores	e	
fornecedores.		
d)	(		)	Estabelecimento	de	regras	que	excluem	a	atividade	estatal	dos	casos	de	
concorrência	desleal.	
4 O desenvolvimento pelos Estados da Federação de órgãos de defesa do 
consumidor,	como	os	PROCONs,	traduz,	no	âmbito	da	Política	Nacional	de	
Relações	de	Consumo,	a:	
a)	 (		)	Ação	dos	particulares.
b)	 (		)	Ação	governamental.	
c)	 (		)	Intervenção	federal.
d)	(		)	Atuação	legislativa.
5		 Considerando	o	texto	“NOTÍCIA	-	SINDEC:	Em	292	cidades,	dois	milhões	
de consumidores atendidos”, faça uma análise e descreva quais foram os 
principais	problemas	encontrados	pelos	consumidores	brasileiros.
129
TÓPICO 3
CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O Código de Defesa do Consumidor foi elaborado em linguagem simples 
e direta, direcionado para que todos os brasileiros, independentemente de sua 
condição	cultural,	pudessem	ter	acesso	ao	seu	conteúdo.
Além do mais, traz em seu texto vários conceitos importantes e necessários 
para	configurar	a	existência	de	uma	relação	consumerista,	justamente	para	se	evitar	
debates jurídicos intermináveis, que poderiam amenizar as responsabilidades 
dos	 fornecedores	 de	 produtos	 e	 serviços	 e/ou	 excluir	 determinadas	 relações	
comerciais	da	seara	consumerista.
2 CONCEITO DE CONSUMIDOR
O artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor conceitua o consumidor 
da seguinte maneira:
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produtos	ou	serviços	como	destinatário	final.
Parágrafo	único.	Equipara-se	o	consumidor	à	coletividade	de	pessoas,	
ainda	 que	 indetermináveis,	 que	 haja	 intervindo	 nas	 relações	 de	
consumo.	(BRASIL,	2013).
É	preciso	destacar,	 inicialmente,	 que	 o	 conceito	de	 consumidor	há	 que	
ser	definido	mediante	uma	análise	estruturada	entre	os	artigos	2º	e	§	único,	17	e	
29	do	Código	de	Defesa	do	Consumidor	(Lei	nº	8.078/90),	de	forma	a	interpretar	
adequadamente	a	vontade	protetiva	que	advém	da	norma	legal.	
Isto porque o mencionado artigo 2º traz uma redação que deixa a desejar 
quanto	à	especificação	e	fixação	de	regras	claras	a	respeito	de	conceituação	da	
figura	do	consumidor.
Tomemos	como	exemplo	a	simples	referência	da	expressão	“destinatário	
final”,	a	qual	não	é	suficiente	para	identificarmos	todos	os	tipos	de	consumidores	
em	todas	as	relações	de	compra	de	produtos	e	de	prestação	de	serviços.
Um exemplo é o fato de que, quando uma empresa compra uma máquina 
utilizada em sua linha de produção para industrialização de outros bens de 
consumo ou produtos, esta máquina é um produto, sim, mas não é típico de 
130
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
consumo,	não	é	comprado	em	qualquer	lugar	na	rua.	Portanto,	é	um	bem,	um	
produto	típico	de	produção	e	não	de	consumo.
Dessa forma, a empresa que compra a referida máquina, apesar de 
ser	 destinatária	 fi	nal	 deste	 produto	 (máquina	 industrial	 para	 fabricar	 outros	
produtos,	então,	bens	de	consumo),	não	é	consumidora	pelos	parâmetros	legais	e	
interpretativos	jurídicos	do	Código	de	Proteção	e	Defesa	do	Consumidor.
Portanto,	a	ideia	de	ser	o	comprador	de	um	bem,	ser	destinatário	fi	nal,	é	o	
início	de	uma	análise	mais	cautelosa,	é	uma	referência	para	buscarmos	entender	
se	estamos	diante	de	uma	relação	de	consumo.	Todavia,	não	defi	ne	a	questão.
O	 que	 serve	 de	 maior	 ênfase	 é	 entendermos,	 ao	 mesmo	 tempo,	 se	 o	
comprador	é	destinatário	fi	nal,	mas	também	compreendermos	a	natureza	do	tipo	
de	bem	adquirido.	Se	este	tem	uma	natureza	típica	de	ser	consumida,	como	uma	
roupa,	um	alimento,	uma	bicicleta,	um	sapato,	bens	típicos	de	consumo.	Ou	se	o	
bem adquirido será meio de elaboração e de produção de outros bens, então, de 
consumo.
O	Código	de	Defesa	do	Consumidor	não	defi	ne	o	conceito	dos	chamados	
bens	de	produção,	 tampouco	os	chamados	bens	 típicos	de	consumo,	fi	cando	a	
cargo	dos	profi	ssionais	do	Direito,	como	juízes,	promotores	e	advogados,	a	busca	
sincera	da	compreensão	e	identifi	cação	destes	conceitos,	a	fi	m	de	entendermos	se	
a relação é de direito civil comum ou de consumo, para então sabermos quais são 
as	leis	e	conceitos	que	serão	aplicados	em	um	julgamento.	Ou	seja,	se	são	leis	de	
Direito Civil Comum pelos Códigos Civis ou o Código de Defesa do Consumidor, 
que	são	bem	diferentes.
Por	 outro	 lado,	 para	 a	 exata	 qualifi	cação	 fi	gurada	 do	 consumidor,	 é	
necessário que se amplie a conceituação dada pelo legislador no caput do artigo 
2º.	Pois	o	parágrafo	único	do	mesmo	artigo	criou	a	fi	gura	do	consumidor	por	
equiparação, ao prever expressamente que a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis,	desde	que	tenham	intervindo	nas	relações	de	consumo,	deve	
ser	equiparada	a	consumidores.
FONTE: Disponível em: <jus.com.br/revista/texto/4984/do-conceito-ampliado-de-consumi-
dor>. Acesso em: 7 mar. 2013.
Por	 outro	 lado,	 para	 a	 exata	 qualifi	cação	 fi	gurada	 do	 consumidor,	 é	
necessário que se amplie a conceituação dada pelo legislador no caput do artigo 
2º.	Pois	o	parágrafo	único	do	mesmo	artigo	criou	a	fi	gura	do	consumidor	por	
equiparação, ao prever expressamente que a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis,	desde	que	tenham	intervindo	nas	relações	de	consumo,	deve	
ser	equiparada	a	consumidores.
TÓPICO 3 | CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR
131
Tendo	 sido	 feitas	 estas	 considerações	 iniciais,	 abordaremos	de	maneira	
distinta	as	três	situações	em	que	o	Código	trata	dos	consumidores	por	equiparação:	
art.	2º	 (consumidor	stricto sensu);	art.	2º,	§	único	 (coletividade	de	pessoas);	art.	
17	(vítimas	do	acidente	de	consumo)	e	art.	29	(das	pessoas	expostas	às	práticas	
abusivas).	(BRASIL,	2013).
	Nesse	passo,	o	artigo	17	da	lei	em	análise	também	equipara	à	condição	
de consumidor todas as pessoas que possam ter sido vitimadas pelos acidentes 
decorrentes	 do	 fato	 de	 produto	 ou	 serviço.	 Ainda	 neste	 sentido,	 o	 Código,	
quando regula as chamadas práticas comerciais, inicia o capítulo pelo artigo 
29 que, mais uma vez, utiliza-se da locução “equipara-se” para aí estender a 
proteção consumerista a todas as pessoas determináveis ou não que tenham sido 
expostas	às	práticas	que	o	referido	capítulo	regula.
FONTE: Adaptado de: <www.boletimjuridico.com.br › doutrina › Direito do Consumidor>. Acesso 
em: 7 mar. 2013
	Nesse	passo,	o	artigo	17	da	lei	em	análise	também	equipara	à	condição	
de consumidor todas as pessoas que possam ter sido vitimadas pelos acidentes 
decorrentes	 do	 fato	 de	 produto	 ou	 serviço.	 Ainda	 neste	 sentido,	 o	 Código,	
quando regula as chamadas práticas comerciais, inicia o capítulo pelo artigo 
29 que, mais uma vez, utiliza-se da locução “equipara-se” para aí estender a 
proteção consumerista a todas as pessoas determináveis ou não que tenham sido 
expostas	às	práticas	que	o	referido	capítulo	regula.
2.1 DA COLETIVIDADE DE PESSOAS
A	equiparação	determinada	pelo	parágrafo	único	do	art.	2º	do	CDC	visa	
proteger toda a coletividade de pessoas sujeitas às práticas decorrentes da relação 
de	consumo.	
Desta forma, conseguiu-se viabilizar uma rede protetora dos interesses 
difusos e coletivos da massa consumidora, dotando os órgãos que detenham 
legitimidade para atuar em sua defesa, de mecanismo de prevenção para obtenção 
de	uma	justa	reparação	para	a	eventualidade	de	existência	de	dano.
José	Geraldo	Brito	Filomeno	(1999,	p.	38-39),	coparticipante	da	elaboração	
do anteprojeto que resultou no Código de Defesa do Consumidor, ao comentar 
referido parágrafo, expressamente diz:
O	que	se	tem	em	mira	no	parágrafo	único	do	art.	2º	é	a	universalidade,	
conjunto de consumidores de produtos e serviços, ou mesmo grupo, 
classe ou categoria deles, e desde que relacionados a um determinado 
produto	 ou	 serviço.	 Perspectivaessa	 extremamente	 relevante	 e	
realista, porquanto é natural que se previna, por exemplo, o consumo 
de	 produtos	 ou	 serviços	 perigosos	 ou	 então	 nocivos,	 benefi	ciando-
se, assim, abstratamente, as referidas universalidades e categorias de 
potenciais	consumidores.
132
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
2.3 DAS PESSOAS EXPOSTAS ÀS PRÁTICAS ABUSIVAS
Para delinearmos o estudo deste tópico, primeiramente vejamos o 
que	dispõe	o	artigo	29	do	Capítulo	V	–	Das	práticas	comerciais,	Seção	 I	–	Das	
Disposições	Gerais	do	Código	Consumerista:	Para os fins deste Capítulo e do 
2.2 DAS VÍTIMAS DO ACIDENTE DE CONSUMO
Vejamos	o	que	dispõe	o	artigo	17	do	Código	de	Defesa	do	Consumidor:	
Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as 
vítimas do evento.	(BRASIL,	2013).	
 
Sobre	o	mencionado	dispositivo	legal,	ensina	Roberto	Senise	Lisboa	(2001,	p.	
163)	que:
Além do próprio consumidor, o terceiro prejudicado recebeu a atenção 
do legislador, ante o dano sofrido, decorrente da relação de consumo 
da	qual	não	participou.	Concluiu	o	raciocínio	afirmando	que	estendeu-
se	a	proteção	concedida	pela	lei	ao	destinatário	final	dos	produtos	ou	
serviços, em favor de qualquer sujeito de direito, inclusive daquele 
que ordinariamente não seria consumidor na relação de consumo a 
partir	da	qual	ocorreu	o	prejuízo.
Paulo	de	Tarso	Vieira	Sanseverino	(2002,	p.	41),	ao	discorrer	sobre	o	assunto,	
assim ensina:
Toda e qualquer vítima de acidente de consumo equipara-se ao 
consumidor	para	efeito	da	proteção	conferida	pelo	CDC.	Passam	a	ser	
abrangidos os chamados bystander, que são terceiros que, embora não 
estejam diretamente envolvidos na relação de consumo, são atingidos 
pelo	aparecimento	de	um	defeito	no	produto	ou	no	serviço.
 
Cabe	 aqui	 destacar	 que	 a	 regra	 contida	 no	 art.	 17	 do	 CDC	 engloba	 a	
proteção	 ao	 terceiro	 que	 não	 faz	 parte	 da	 relação	 direta	 de	 consumo.	Assim,	
conclui-se que, se do acidente de consumo restou prejuízo para qualquer pessoa, 
mesmo aquelas que não estariam enquadradas no conceito de consumidor, o 
dever	de	indenizar	estará	presente.	
Neste	aspecto,	Jaime	Marins	(1993,	p.	70-71):
nos fornece um exemplo bem ilustrativo do que seja o chamado 
bystander, ao relatar o caso de um comerciante de defensivos agrícolas 
que	 se	 vê	 seriamente	 intoxicado	 pelo	 simples	 ato	 de	 estocagem	 em	
decorrência	de	defeito	no	acondicionamento	do	produto	-	defeito	de	
produção.	
Neste	 caso,	 embora	 o	 comerciante	 não	 seja	 consumidor	 stricto sensu, 
poderá	se	socorrer	da	proteção	consumerista.
TÓPICO 3 | CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR
133
2.3 DAS PESSOAS EXPOSTAS ÀS PRÁTICAS ABUSIVAS
Vê-se,	desde	 logo,	 que	 a	 abrangência	do	 art.	 29	do	CDC	é	bem	maior	
que	os	já	tratados	(art.	2º,	§	único	e	17),	porquanto,	basta	que	a	relação	seja	de	
consumo para que a proteção consumerista seja estendida a qualquer pessoa, 
independentemente	da	conceituação	legal	de	consumidor.
Vê-se,	desde	 logo,	 que	 a	 abrangência	do	 art.	 29	do	CDC	é	bem	maior	
que	os	já	tratados	(art.	2º,	§	único	e	17),	porquanto,	basta	que	a	relação	seja	de	
consumo para que a proteção consumerista seja estendida a qualquer pessoa, 
independentemente	da	conceituação	legal	de	consumidor.
FONTE: Adaptado de: <jus.com.br/revista/texto/4984/do-conceito-ampliado-de-consumidor>. 
Acesso em: 7 mar. 2013.
2.2 DAS VÍTIMAS DO ACIDENTE DE CONSUMO seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou 
não, expostas às práticas nele previstas.	(BRASIL,	2013).
 
Incluem-se nesse ponto o conjunto de pessoas, consumidoras ou não, 
determináveis ou não, que possam, de qualquer forma, estarem expostas às 
práticas	comerciais	que	vão	desde	a	oferta	de	produtos	(art.	30	a	35),	à	publicidade	
enganosa	ou	abusiva	(art.	36	a	38),	às	práticas	abusivas	(art.	39	a	41),	à	forma	de	
cobrança	de	dívidas	(art.	42),	à	inclusão	de	seus	nomes	em	bancos	de	dados	(art.	
43	e	44),	assim	como	das	cláusulas	abusivas	(art.	51).	
Nesse	sentido,	enfatiza	Roberto	Senise	Lisboa	(2001,	p.169)	que:
O legislador conferiu a defesa dos direitos de todos, consumidores 
por	defi	nição	ou	não,	e	não	apenas	da	coletividade	de	consumidores.	
Assim, a expressão todas as pessoas abrange a vítima do evento 
referido	 no	 art.	 17,	 a	 coletividade	 de	 consumidores	 à	 qual	 alude	 o	
art.	 2º,	 §	 único.	 E	mesmo	 as	 pessoas	 que	 normalmente	 não	 seriam	
consumidoras na relação de consumo, a partir da qual se principiou 
o	dano.
Evidentemente que a equiparação de qualquer pessoa à condição de 
consumidor,	 no	 sentido	 de	 que	 a	 mesma	 possa	 ser	 benefi	ciária	 da	 legislação	
consumerista,	há	que	decorrer	de	uma	relação	de	consumo.	Isto	é,	é	preciso	haver	
num dos polos um fornecedor, seja de serviços, seja de produtos e, de outro, um 
consumidor	como	alvo	a	ser	atingido	pelo	apelo	do	fornecedor.	Se	assim	não	for,	
não há que se falar em consumidor por equiparação, porque nem mesmo relação 
de	consumo	haverá.
Assim, conclui-se que consumidor não é apenas aquele que adquire 
ou utiliza produtos, mas também as pessoas expostas às práticas previstas no 
Código.	No	primeiro	caso,	exige-	se	que	haja	ou	que	esteja	por	haver	a	aquisição	
ou	utilização	de	um	produto	ou	serviço.	Já	no	segundo,	o	que	se	exige	é	a	simples	
exposição à prática, mesmo que não se consiga apontar concretamente um 
consumidor	que	esteja	em	vias	de	adquirir	ou	utilizar	o	produto	ou	serviço.
134
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
3 CONCEITO DE FORNECEDOR, PRODUTOR E PRESTADOR 
DE SERVIÇOS
É	 no	 artigo	 3º	 do	 CDC	 que	 encontramos	 as	 defi	nições	 destas	 fi	guras,	
como partes integrantes do outro lado da relação jurídica de consumo, pessoas 
ou entes que produzem, montam, constroem, criam, transformam, importam 
ou	exportam,	distribuem	e	comercializam	produtos	ou	prestam	serviços.	Sejam	
pessoas	físicas	ou	jurídicas,	brasileiras	ou	estrangeiras,	do	governo	(públicas)	ou	
empresas	privadas,	particulares.
Vejamos o teor do artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor: 
 
Art.	3º.	Fornecedor	é	toda	pessoa	física	ou	jurídica,	pública	ou	privada,	
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, 
que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização	de	produtos	ou	prestação	de	serviços.
§	1º.	Produto	é	qualquer	bem,	móvel	ou	imóvel,	material	ou	imaterial.
§	2º.	Serviço	é	qualquer	atividade	fornecida	no	mercado	de	consumo,	
mediante	remuneração,	inclusive	as	de	natureza	bancária,	fi	nanceira,	
de	crédito	e	securitária,	 salvo	as	decorrentes	das	relações	de	caráter	
trabalhista.	(BRASIL,	2013).
A	 defi	nição	 legal	 praticamente	 esgotou	 todas	 as	 formas	 de	 atuação	
no	 mercado	 de	 consumo.	 Nesse	 sentido,	 são	 compreendidos	 todos	 quantos	
propiciem a oferta de bens e serviços no mercado de consumo, de modo a atender 
às suas necessidades, pouco importando a que título, tendo relevância a distinção 
apenas, como se verá, quando se cuidar da responsabilidade de cada “fornecedor” 
em	casos	de	danos	aos	consumidores.	
Ou então para os próprios fornecedores na via regressiva e em cadeia 
das mesmas responsabilidades, eis que é vital a solidariedade para a obtenção 
efetiva	da	proteção	que	almejam	aqueles	mesmos	consumidores.
Ou então para os próprios fornecedores na via regressiva e em cadeia 
das mesmas responsabilidades, eis que é vital a solidariedade para a obtenção 
efetiva	da	proteção	que	almejam	aqueles	mesmos	consumidores.
FONTE: Adaptado de: <jus.com.br/.../a-responsabilidade-civil-das-agencias-de-turismo-nas-re...>. 
Acesso em: 7 mar. 2013.
Fornecedor não é apenas quem produz ou fabrica, industrial ou 
artesanalmente, em estabelecimentos industriais centralizados ou não, como 
também	quem	vende.	Ou	seja,	comercializa	produtos

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