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1 apostila D Consumidor

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1 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DO CONSUMIDOR: 
• SOCIEDADE DE CONSUMO EM MASSA. 
• O CONSUMO É UM DOS ELEMENTOS QUE COMPÕE A PRÓPRIA 
CONDIÇÃO HUMANA. 
• A condição humana CRIA UM AMBIENTE ARTIFICIAL DE COISAS E 
DESEJOS (MARKETING), completamente estranho à natureza fisiológica. 
• HANNAH ARENDT diz que “esse artificialismo habita a humanidade 
emprestando certa permanência e durabilidade à futilidade da vida mortal e 
ao caráter efêmero do tempo humano”. 
 
• O século XX foi o século dos novos direitos. Do velho tronco do Direito Civil 
brotaram novos ramos – direito ambiental, biodireito, direitos humanos, direito do 
CONSUMIDOR – todos destinados a satisfazer uma SOCIEDADE DE 
MUDANÇA. 
• Esses novos direitos decorreram do fantástico desenvolvimento tecnológico 
e científico do século passado, abrangendo áreas do conhecimento humano. 
 
• REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: 
• Aumento da capacidade produtiva do ser humano. 
• produção em massa /série. 
• Mudança do processo de contratação. 
• RISCOS/DANOS: ex: Talidomida sedativo, Anticolesterol MER-29 
(cegueira), Vacina SALK, Silicone EUA (câncer), etc. 
• Necessidade de reestruturação da ordem jurídica nas Relações de consumo. 
• 2ª Guerra Mundial (incremento industrial) / marketing. 
 
 
2 
 
• PRIMEIROS MOVIMENTOS PRÓ-CONSUMIDOR: 
• No final do século XIX e início do século XX, surgiram movimentos pró-
consumidor nos países que estavam em franco desenvolvimento industrial, 
como França, a Alemanha, a Inglaterra e, principalmente, os Estados Unidos. 
• Exemplos: 
a) New York Consumers League (associação de consumidores); - elaboravam 
listas “brancas”, contendo o nome dos produtos que os consumidores 
deveriam escolher preferencialmente... 
b) Século XX (1906) – publicação da obra “THE JUNGLE /A SELVA” de 
Upton Sinclair – destaca a questão dos Embutidos de carne/matadouros de 
Chicago. 
c) Primeira de Lei de Alimentação e Medicamentos (a Pure Food and Drug 
Act – PFDA), em 1906, e da Lei de inspeção da carne (a Met Inspection 
Act), em 1907. 
 
• A MENSAGEM DO PRESIDENTE KENNEDY: 
• Mas somente na década de 1960 é que o consumidor, realmente começou a 
ser reconhecido como sujeito de direitos específicos tutelados pelo Estado. 
 
• O MARCO INICIAL dessa fase é representado pela mensagem especial 
enviada pelo então presidente dos EUA John Kennedy ao Congresso 
Americano em 1962 (15/03/1962 – Dia mundial dos direitos dos 
consumidores) identificando os SEGUINTES DIREITOS 
FUNDAMENTAIS DO CONSUMIDOR: 
1 – Os bens e serviços colocados no mercado devem ser sadios e 
seguros para o uso, promovidos e apresentados de uma maneira que 
permita ao consumidor fazer uma escolha satisfatória; 
2 – Que a voz do consumidor seja ouvida no processo de tomada de 
decisão governamental que detenha o tipo, a qualidade e o preço de 
bens e serviços colocados no mercado; 
3 
 
3 – Tenha o Consumidor o direito de ser informado sobre as condições 
e serviços. 
 
• Comissão de Direitos Humanos da ONU e Resolução do Conselho da Europa 
• Seguindo o exemplo de Kennedy, a Comissão de Direitos Humanos das 
Nações Unidas, na sua 29ª sessão em 1973 em Genebra reconheceu os 
princípios e chamou-os de Direitos Fundamentais do Consumidor; 
• Por sua vez o Conselho da Comunidade Europeia, de 14/04/1975 dividiu 
os direitos dos consumidores em cinco categorias: 
1 – Proteção da saúde e da segurança; 
2 – proteção dos interesses econômicos; 
3 – reparação dos prejuízos; 
4 – informação e educação; 
5 – representação (direito de ser ouvido); 
 
•Resolução nº 39/248 da ONU: 
• Em Abril de 1985, as Nações Unidas, por meio da Resolução nº 39/248, 
estabelece objetivos, princípios e normas para que os governos membros 
desenvolvam ou reforcem políticas firmes de proteção ao consumidor. Esta foi 
claramente a primeira vez que, em nível mundial, houve o reconhecimento e 
aceitação dos direitos básicos do consumidor. 
 
• O anexo 3 da Resolução mostra os seguintes princípios: 
1 – proteger o consumidor quanto a prejuízos à saúde e segurança; 
2 – fomentar e proteger os interesse econômicos do consumidor; 
3 – fornecer aos consumidores informações adequadas para capacitá-los a 
fazer escolhas adequadas; 
4 – educar o consumidor; 
 
4 
 
•MOVIMENTOS CONSUMERISTAS NO BRASIL: 
- Década de 70 aconteceu a criação das primeiras associações civis e 
entidades governamentais. 
- Conselho de Defesa do Consumidor (1974) – RJ. 
- Associação de Proteção ao Consumidor (1976). 
- Plano Cruzado (década de 80). 
- Em 1988 na CF estabelece a criação de um Código Consumerista. 
• FINALIDADE DO DIREITO DO CONSUMIDOR: 
- É justamente eliminar essa injusta desigualdade entre o Fornecedor e 
o Consumidor, restabelecendo o equilíbrio entre as partes nas relações de 
consumo. 
 - “O consumidor é o elo mais fraco da economia...” (Henry Ford). 
 - Deve haver a necessária proteção jurídica do Consumidor. 
 
• O CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: 
- Resultado dos movimentos consumeristas. 
- E o Código de 1916? Não mais conseguia lidar com situações de 
massa. 
- Assembleia Nacional Constituinte. 
- A CF/88, em art. 5, inc. XXXII, determinou: 
“O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do Consumidor.” 
- E o ADCT (Ato das disposições constitucionais transitórias) dispôs: 
Art. 48 - O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da 
promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor. 
- Proteção do consumidor como princípio da ordem econômica: 
5 
 
CF/88, Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
V - defesa do consumidor; 
- Lei 8078 de 11 de setembro de 1990 (CDC). 
 
• CAMPO DE APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR: 
- Relações de Consumo – regula relações entre desiguais: o Fornecedor e 
o Consumidor, este reconhecidamente mais fraco (vulnerabilidade). 
- O CDC busca a igualdade material (real), reconstruída por uma 
disciplina jurídica voltada para o diferente, porque é preciso tratar 
desigualmente os desiguais para eles se igualarem. 
- Só se justifica a aplicação de uma lei protetiva se estivermos diante de 
uma relação de desiguais; entre iguais não se pode tratar 
privilegiadamente um eles sob pena de se atentar contra o princípio da 
igualdade. 
 
• PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
O estudo dos princípios consagrados pelo CDC é um dos pontos de partida 
para compreensão do sistema adotado pela Lei consumerista como norma 
protetiva dos vulneráveis negociais. Como é notório, a Lei 8.078/1990 adotou 
um sistema aberto de proteção, baseado em conceitos legais indeterminados e 
construções vagas, que possibilitam uma melhor adequação dos preceitos às 
circunstâncias do caso concreto (TARTUCE, 2019, p. 23). 
1) Princípio da Boa-fé: 
O CDC refere-se em duas passagens à boa-fé; no art. 4º, III: 
“sempre com base na boa-fé e equilíbrio na relações entre consumidores 
e fornecedores” 
E no art. 51, IV, ao elencar as cláusulas abusivas: 
6 
 
“estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem 
o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a 
boa-fé ou a equidade”. 
Boa-fé Objetiva= que, desvinculada das intenções íntimas do sujeito, indica o 
comportamento objetivamente adequado aos padrões de ética, lealdade, 
honestidade e colaboração exigíveis nas relações de consumo. 
Enunciado 26 CJF: A cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil 
impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato 
segundo a boa-fé objetiva, entendida como a exigência de comportamento leal 
dos contratantes. 
2) Princípio da Transparência: 
Estabelecido no art. 4º do CDC: 
 “bem como a transparência e harmonia das relações de consumo” 
O princípio da transparênciafilia-se ao princípio da boa-fé, de que constitui 
uma derivação concretizadora, uma espécie de subprincípio. 
 Significa clareza, nitidez, precisão, sinceridade. Transparência nas 
relações de consumo importa em informações claras, corretas e precisas sobre 
o produto a ser fornecido, o serviço a ser prestado, o contrato a ser firmado – 
DIREITOS, OBRIGAÇÕES, RESTRIÇÕES. (fase pré-contratual). 
 A principal consequência do princípio da Transparência é, por um lado, 
o DEVER DE INFORMAR do fornecedor e, por outro, o DIREITO À 
INFORMAÇÃO do consumidor. 
Exemplo: a) ocultação de desvantagens (fase pré-contratual). 
b) fase pós-contratual – art. 10, § 1º, do CDC: 
“O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua 
introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da 
periculosidade que apresentam, deverá comunicar o fato imediatamente 
às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios 
publicitários”. 
3) Princípio da Confiança: 
7 
 
Embora não previsto expressamente no CDC, o princípio da confiança é 
uma irradiação normativa da boa-fé e está intimamente ligado ao princípio da 
transparência. 
Confiança é a credibilidade que o consumidor deposita no produto ou no 
vínculo contratual como instrumento adequado para alcançar os fins que 
razoavelmente deles se espera. 
Exemplo: Compra carro financiado / plano de saúde / seguro (legítima 
expectativa). 
4) Princípio da Vulnerabilidade: 
- Base do Direito do Consumidor – espinha dorsal da proteção. 
- Reconhecendo-se a desigualdade existente (F x C), busca-se estabelecer 
uma igualdade real entre as partes nas relações de consumo. 
- Expresso no art. 4, I, CDC 
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o 
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, 
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da 
sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações 
de consumo, atendidos os seguintes princípios: 
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de 
consumo; 
- Vulnerabilidade= é a qualidade ou estado de vulnerável que, por sua, vez, 
significa o que pode ser vulnerado, magoado, prejudicado, ofendido; o que 
é frágil, que pode se atacado ou ferido (Dicionário Aurélio). 
- A vulnerabilidade é qualidade INTRÍNSECA, ingênita, peculiar, imanente e 
indissolúvel de todos que se colocam na posição de consumidor, pouco 
importando sua condição social, cultural ou econômica. É incindível do 
contexto das relações de consumo, não admitindo prova em contrário por 
não se tratar de mera presunção legal. 
* Vulnerabilidade e hipossuficiência não se confundem, embora digam 
respeito ao consumidor. Benjamim explica que: 
8 
 
A VULNERABILIDADE é um traço universal de todos os 
consumidores, ricos ou pobres, educados ou ignorantes, crédulos ou 
espertos. Já a HIPOSSUFICIÊNCIA é marca pessoal, limitada a alguns – 
até mesmo a uma coletividade – mas nunca a todos os consumidores. A 
vulnerabilidade do consumidor justifica a existência do CDC. A 
hipossuficiência legitima alguns tratamentos diferenciados no CDC, 
como por exemplo, a previsão de inversão do ônus da prova (art. 6º, 
VIII, CDC). 
Exemplificando, um consumidor multimilionário, pode ser visto como 
vulnerável frente a uma pequena confeitaria, onde vai adquirir um doce, 
por faltarem as informações relevantes quanto à composição da 
guloseima. 
Espécies de VULNERABILIDADE: 
4.1 Vulnerabilidade Fática: é a mais facilmente perceptível, decorrendo 
da discrepância entre a maior capacidade econômica e social dos agentes 
econômicos – detentores dos mecanismos de controle da produção, em 
todas as suas fases, e, portanto, do capital e, como consequência, de 
status, prestígio social – e a condição de hipossuficiente dos 
consumidores. 
4.2 Vulnerabilidade Técnica: decorre do fato de não possuir o 
consumidor conhecimentos específicos sobre o processo produtivo, bem 
assim dos atributos específicos de determinados produtos ou serviços 
pela falta ou inexatidão das informações que são prestadas. É o 
fornecedor quem detém o monopólio do conhecimento e do controle 
sobre os mecanismos utilizados na cadeia produtiva. Ao consumidor 
resta, somente, a confiança, a boa-fé, no proceder honesto, leal do 
fornecedor, fato que deixa sensivelmente exposto. Ex: publicidade leite 
em pó. 
4.3 Vulnerabilidade Jurídica ou Científica: resulta da falta de 
informação do consumidor a respeito dos seus direitos, inclusive no que 
respeita a quem recorrer ou reclamar; falta de assistência jurídica, em 
juízo ou fora dele; a dificuldade de acesso à justiça; a impossibilidade de 
aguardar a demorada e longa tramitação de um processo judicial que, por 
9 
 
deturpação de princípios processuais legítimos, culmina por conferir 
privilegiada situação aos réus, mormente os chamados litigantes 
habituais. 
5) Princípio da Equidade: No inciso IV do art. 51, CDC refere-se também 
à equidade – “estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, 
que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam 
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade”. (Função integradora e 
corretiva). 
6) Princípio da Segurança: está entre o mais importantes do CDC, porque 
nele se estrutura todo o sistema de responsabilidade civil das relações de 
consumo. Vamos encontrá-lo no parágrafo único dos arts. 12 e 14 do 
CDC. (Riscos de consumo para o Fornecedor). 
Art. 12 - O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o 
importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de 
projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, 
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
§ 1º - O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele 
legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias 
relevantes, entre as quais: 
I - sua apresentação; 
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi colocado em circulação. 
7) Princípio do Protecionismo do consumidor (Art. 1 da lei 8.078/90): 
 
O CDC estabelece normas de ORDEM PÚBLICA e INTERESSE 
SOCIAL, nos termos do Art. 5, inc. XXXII, e do art. 170, inc. V da 
Constituição Federal, além do art. 48 de suas Disposições Transitórias. 
Não se pode esquecer que, conforme o segundo comando constitucional 
citado, a proteção dos consumidores é um dos fundamentos da ordem 
econômica brasileira. 
 
10 
 
8) Princípio da Hipossuficiência do consumidor (Art. 6º, inc. VIII, 
CDC): “Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é 
hipossuficiente”. – O conceito de hipossuficiência consumerista é mais 
amplo, devendo ser apreciado pelo aplicador do direito caso a caso, no 
sentido de reconhecer a disparidade técnica ou informacional, diante de 
uma situação de desconhecimento, conforme reconhece a melhor 
doutrina e jurisprudência. 
 
9) Princípio da função social: 
Enunciado 21 CJF: A função social do contrato, prevista no art. 421 do 
novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do 
princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, 
implicando a tutela externa do crédito. 
 
10) Princípio da Reparação Integral dos danos (art. 6, VI, CDC) – 
vide art. 944, CC. 
 
 Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos e difusos; 
 
-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO: 
 
A relação jurídica de consumo possui três elementos, a saber: o Subjetivo, o 
Objetivo e o finalístico. 
a)Elemento Subjetivo: são as partes envolvidas na relação jurídica, ou 
seja, o CONSUMIDOR e o FORNECEDOR. 
b)Elemento Objetivo: devemos entendero objeto sobre o qual recai a 
relação jurídica, sendo certo que, para relação de consumo, este elemento 
é denominado PRODUTO ou SERVIÇO. 
c)Elemento Finalístico: traduz a ideia de que o consumidor deve 
adquirir ou utilizar o produto ou serviço como DESTINATÁRIO 
FINAL. 
 
11 
 
 
CONCEITO DE CONSUMIDOR: 
Art. 2º, CDC - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produtos ou serviço como destinatário final. 
- Pessoa natural / Pessoa Jurídica / 
Ainda que o CDC tenha trazido claramente um conceito para consumidor 
(art.2), sua aplicação prática não é simples. A doutrina aponta duas correntes 
possíveis para orientar a identificação do consumidor, ou seja, a Finalista 
(subjetiva) e a Maximalista. 
a) Corrente Finalista (subjetiva): 
Destinatário final produto/ Não como insumo necessário 
Destinatário final do produto/serviço: 
Fático= retirá-lo da cadeia produtiva 
Econômico= não adquiri-lo para revenda, não adquiri-lo para uso 
profissional, pois o bem seria novamente instrumento de produção. 
Enunciado 20 da I Jornada de Direito Comercial (CJF, 2012): no 
sentido de que “não se aplica o CDC nos contratos entre empresários que 
tenham por objetivo o suprimento de insumos para suas atividades de 
produção, comércio ou prestação de serviços.”. 
*O consumidor é aquele que retira definitivamente de circulação o 
produto ou serviço do mercado. Adquire produto ou utiliza serviço 
para suprir uma necessidade ou satisfação eminentemente pessoal ou 
privada, e não para o desenvolvimento de uma outra atividade de cunho 
empresarial. 
Segundo os ensinamentos de Sergio Cavalieri, na corrente Finalista, 
entende ser imprescindível à conceituação de consumidor que a 
destinação final seja entendida como econômica, isto é, que a aquisição 
de um bem ou a utilização de um serviço satisfaça uma necessidade 
pessoal do adquirente ou utente, pessoa física ou jurídica, e não objetive 
o desenvolvimento de outra atividade negocial. Não se admite que o 
12 
 
consumo se faça com vistas à incrementação de atividade profissional 
lucrativa, e isto, ressalte-se, quer se destine o bem ou serviço à revenda 
ou à integração de processo de transformação, beneficiamento ou 
montagem de outros bens ou serviços, quer simplesmente passe a 
compor o ativo fixo do estabelecimento empresarial. 
Então, na esteira da corrente finalista, o conceito de consumidor, 
portanto, restringe-se, em princípio, às pessoas, físicas ou jurídicas, não 
profissionais, que não visam lucro em suas atividades e que contratam 
com profissionais. Entende-se que não se há falar em consumo final, 
mas INTERMEDIÁRIO, quando um profissional adquire produto ou 
usufrui de serviço com o fim de, direta ou indiretamente, dinamizar ou 
instrumentalizar seu próprio negócio lucrativo. 
*No que diz respeito à PESSOA JURÍDICA, esta poderá ser 
considerada consumidora desde que o produto ou serviço adquirido não 
tenha qualquer conexão, direta ou indireta, com a atividade econômica 
por ela desenvolvida, e que esteja demonstrada sua vulnerabilidade ou 
hipossuficiência (fática, jurídica ou técnica) perante o fornecedor. 
Assim, a pessoa jurídica que não tenha intuito de lucro será “sempre” 
considerada consumidora, tais como associações, fundações, entidades 
religiosas e partidos políticos. 
*Jurisprudência: 
“Conflito de competência. Sociedade empresária. Consumidor. Destinatário 
final econômico. Não ocorrência. Foro de eleição. Validade. Relação de 
consumo e hipossuficiência. Não caracterização. 1. A jurisprudência desta 
Corte sedimenta-se no sentido da adoção da teoria finalista ou subjetiva 
para fins de caracterização da pessoa jurídica como consumidora em 
eventual relação de consumo, devendo, portanto, ser destinatária final 
econômica do bem ou serviço adquirido (REsp 541.867/BA). 2. Para que o 
consumidor seja considerado destinatário econômico final, o produto ou 
serviço adquirido ou utilizado não pode guardar qualquer conexão, direta ou 
indireta, com a atividade econômica por ele desenvolvida; o produto ou 
serviço deve ser utilizado para o atendimento de uma necessidade própria, 
pessoal do consumidor. 2. No caso em tela, não se verifica tal circunstância, 
porquanto o serviço de crédito tomado pela pessoa jurídica junto à instituição 
financeira de certo foi utilizado para o fomento da atividade empresarial, no 
desenvolvimento da atividade lucrativa, de forma que a sua circulação 
econômica não se encerra nas mãos da pessoa jurídica, sociedade empresária, 
13 
 
motivo pelo qual não resta caracterizada, in casu, relação de consumo entre as 
partes. 3. Cláusula de eleição de foro legal e válida, devendo, portanto, ser 
respeitada, pois não há qualquer circunstância que evidencie situação de 
hipossuficiência da autora da demanda que possa dificultar a propositura da 
ação no foro eleito. 4. Conflito de competência conhecido para declarar 
competente o Juízo Federal da 12ª Vara da Seção Judiciária do Estado de São 
Paulo” (STJ – CC 92.519/SP – Segunda Seção – Rel. Min. Fernando 
Gonçalves – j. 16.02.2009 – DJe 04.03.2009). 
 
b) Corrente Maximalista (objetiva): 
Para ser considerado consumidor basta que este utilize ou adquira 
produto ou serviço na condição de destinatário final, não interessando o 
uso particular ou empresarial do bem. Dessa forma, não será consumidor 
quem adquirir ou utilizar produto ou serviço que participe diretamente do 
processo de produção, transformação, montagem, beneficiamento ou 
revenda. Assim a definição do art. 2º do CDC deve ser interpretada o 
mais extensamente possível, segundo esta corrente, para que as normas 
do CDC possam ser aplicadas a um número cada vez maior de relações 
de mercado. 
Segundo Sergio Cavalieri, a corrente maximalista, apenas exige, para 
sua caracterização, a realização de um ato de consumo (que não haja a 
finalidade de Revenda). A expressão destinatário final, pois, deve ser 
interpretada de forma ampla, bastando à configuração do consumidor 
que a pessoa, física ou jurídica, se apresente como destinatário fático do 
bem ou serviço, isto é, que o retire do mercado, encerrando 
objetivamente a cadeia produtiva em que inseridos o fornecimento do 
bem ou a prestação de serviço. É totalmente irrelevante se a pessoa 
objetiva a satisfação de necessidades pessoais ou profissionais, se visa 
ou não ao lucro ao adquirir a mercadoria ou usufruir do serviço. Ex: 
Aquisição de um computador para exercício da advocacia. 
***Qual a posição do STJ? 
 
 
 
14 
 
c) Corrente Finalista aprofundada ou mitigada: 
Para Claudia Lima Marques: 
“Realmente, depois da entrada em vigor do CC/2002 a visão maximalista 
diminuiu em força, tendo sido muito importante para isto a atuação do STJ. 
Desde a entrada em vigor do CC/2002, parece-me crescer uma tendência nova 
da jurisprudência, concentrada na noção de consumidor final imediato 
(Endverbraucher), e de vulnerabilidade (art. 4º, I), que poderíamos denominar 
aqui de finalismo aprofundado. 
 
É uma interpretação finalista mais aprofundada e madura, que deve ser 
saudada. Em casos difíceis envolvendo pequenas empresas que utilizam 
insumos para a sua produção, mas não em sua área de expertise ou com uma 
utilização mista, principalmente na área de serviços, provada a 
vulnerabilidade, conclui-se pela destinação final de consumo prevalente. Essa 
nova linha, em especial do STJ, tem utilizado, sob o critério finalista e 
subjetivo, expressamente a equiparação do art. 29 do CDC, em se tratando de 
pessoa jurídica que comprove ser vulnerável e atue fora do âmbito de sua 
especialidade, como hotel que compra gás. Isso porque o CDC conhece outras 
definições de consumidor. O conceito-chave aqui é o de vulnerabilidade.”. 
 
Jurisprudência: 
“Direito civil. Vício do produto. Aquisição de veículo zero quilômetro para 
uso profissional. Responsabilidade solidária. Há responsabilidade solidária da 
concessionária (fornecedor) e do fabricante por vício em veículo zero 
quilômetro. A aquisição deveículo zero quilômetro para uso profissional 
como táxi, por si só, não afasta a possibilidade de aplicação das normas 
protetivas do CDC. Todos os que participam da introdução do produto ou 
serviço no mercado respondem solidariamente por eventual vício do produto 
ou de adequação, ou seja, imputa-se a toda a cadeia de fornecimento a 
responsabilidade pela garantia de qualidade e adequação do referido produto 
ou serviço (arts. 14 e 18 do CDC). Ao contrário do que ocorre na 
responsabilidade pelo fato do produto, no vício do produto a responsabilidade 
é solidária entre todos os fornecedores, inclusive o comerciante, a teor do que 
preconiza o art. 18 do mencionado Codex” (STJ – REsp 611.872/RJ – Rel. 
Min. Antonio Carlos Ferreira – j. 02.10.2012, publicado no Informativo n. 
505). 
 
INFORMATIVO 441, STJ: “A jurisprudência do STJ adota o conceito 
subjetivo ou finalista de consumidor, restrito à pessoa física ou jurídica que 
adquire o produto no mercado a fim de consumi-lo. Contudo, a teoria 
finalista pode ser abrandada a ponto de autorizar a aplicação das regras 
15 
 
do CDC para resguardar, como consumidores (art. 2º daquele Código), 
determinados profissionais (microempresas e empresários individuais) 
que adquirem o bem para usá-lo no exercício de sua profissão. Para tanto, 
há que demonstrar sua vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica 
(hipossuficiência). No caso, cuida-se do contrato para a aquisição de uma 
máquina de bordar entabulado entre a empresa fabricante e a pessoa física que 
utiliza o bem para sua sobrevivência e de sua família, o que demonstra sua 
vulnerabilidade econômica. Destarte, correta a aplicação das regras de 
proteção do consumidor, a impor a nulidade da cláusula de eleição de foro que 
dificulta o livre acesso do hipossuficiente ao Judiciário. Precedentes citados: 
REsp 541.867-BA, DJ 16.05.2005; REsp 1.080.719-MG, DJe 17.08.2009; 
REsp 660.026-RJ, DJ 27.06.2005; REsp 684.613-SP, DJ 1º.07.2005; REsp 
669.990-CE, DJ 11.09.2006, e CC 48.647-RS, DJ 05.12.2005” (STJ – REsp 
1.010.834-GO – Rel. Min. Nancy Andrighi – j.03.08.2010). 
 
 
*Disparidade entre os contratantes / vulnerabilidade: 
 
 Elucide-se com o exemplo de Rizzatto Nunes a respeito das canetas 
adquiridas pelo aluno e pelo professor para uma aula que será ministrada. Se o 
aluno tiver um problema com a caneta (v.g., a caneta estourou e manchou sua 
camisa), poderá fazer uso do CDC em face do comerciante e do fabricante, 
por ser destinatário final fático e econômico do bem adquirido. Por outra via, 
o professor não poderia fazer uso do CDC, por ser destinatário final do 
objeto, mas não destinatário final econômico, uma vez que utiliza a caneta em 
sua atividade profissional direta. Como bem observa o jurista, “Isso não só 
seria ilógico como feriria o princípio da isonomia constitucional; além do 
mais, não está de acordo com o sistema do CDC.” 
 
 EXEMPLOS: Advogado x Grande Escritório / Médico x Hospital / Porte 
médio? 
 
Mais recentemente, todavia, o STJ, no Conflito de Competência nº 2004/0147617-1, 
por sua 2ª Seção, sendo relator o min. Jorge Scartezzini, em j. de 8.3.2006, entendeu 
que a compra por hospital de equipamentos médicos não pode ser considerada 
relação de consumo. Com efeito: 
“1. A 2ª Seção deste Colegiado pacificou entendimento acerca da não abusividade 
de cláusula de eleição de foro constante de contrato referente à aquisição de 
equipamentos médicos de vultoso valor. Concluiu-se que, mesmo em se cogitando 
de configuração de relação de consumo, não se haveria de falar na 
hipossuficiência da adquirente de tais equipamentos, presumindo-se, ao revés, a 
ausência de dificuldades ao respectivo acesso à justiça e ao exercício do direito de 
defesa perante o foro livremente eleito. Precedentes. 2. Na assentada do dia 
16 
 
10.11.2004, porém, ao julgar o REsp. nº 541.867/BA, a 2ª Seção, quanto à 
conceituação de consumidor e, pois, à caracterização de relação de consumo, 
adotou a interpretação finalista, consoante a qual se reputa imprescindível que 
a destinação final a ser dada a um produto/serviço seja entendida como 
econômica, é dizer, que a aquisição de um bem ou a utilização de um serviço 
satisfaça uma necessidade pessoal do adquirente ou utente, pessoa física ou 
jurídica, e não objetive a incrementação de atividade profissional lucrativa. 3. 
In casu o hospital adquirente do equipamento médico não se utiliza do mesmo como 
destinatário final, mas para desenvolvimento de sua própria atividade negocial; 
não se caracteriza, tampouco, como hipossuficiente na relação contratual travada, 
pelo que, ausente a presença do consumidor, não se há de falar em relação 
merecedora de tutela legal especial. Em outros termos, ausente a relação de 
consumo, afasta-se a incidência do CDC, não se havendo falar em abusividade de 
cláusula de eleição de foro livremente pactuada pelas partes, em atenção ao 
princípio da autonomia volitiva dos contratantes” (in DJU de 20.3.2006, p. 189). 
 
RELAÇÕES LOCATÍCIAS: 
 
 a) “LOCAÇÃO. MULTA MORATÓRIA. REDUÇÃO. CÓDIGO DE 
DEFESA DO CONSUMIDOR. INAPLICABILIDADE. Consoante 
iterativos julgados desse Tribunal, as disposições contidas no Código de 
Defesa do Consumidor não são aplicáveis ao contrato de locação predial 
urbana, que se regula por legislação própria – Lei nº 8.245/91. Recurso 
especial conhecido e provido” (REsp nº 399.938/MS, rel. min. Vicente 
Leal, 6ª Turma, j. 18.4.2002, DJ de 13.5.2002; 
 
b) “AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. O 
Código de Defesa do Consumidor, no que se refere à multa pelo atraso 
no pagamento do aluguel, não é aplicável às locações urbanas (REsp nº 
192.311/MG, rel. min. Félix Fischer). Outros precedentes. Recurso 
denegado” (AGA nº 395.326/MG, rel. min. Fontes de Alencar, 5ª Turma, 
j. 16.5.2002, DJ de 16.9.2002); 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO: 
Antes de qualquer coisa, vamos lembrar o conceito de: 
•Consumidor (padrão / stander / stricto sensu – art. 2 caput): em regra, é 
aquele que, em posição de vulnerabilidade no mercado de consumo e não 
profissionalmente, adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário 
fático e econômico desses produtos ou serviços, visando à satisfação de suas 
necessidades pessoais, ou das de sua família, ou das de terceiros que se 
subordinam por vinculação doméstica ou protetiva a ele. 
•EQUIPARAM-SE A CONSUMIDORES, para efeitos dessa proteção legal 
do CDC: 
Consumidores por equiparação [bystandard ou lato sensu (arts: 2º§único, 17 e 29 CDC)]: 
 
a) Coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo 
nas relações de consumo (art. 2º, § único): 
Art. 2[...]. 
Parágrafo único - Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, 
ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. 
 
b) Todas as Vítimas do fato do produto ou do serviço (ar. 17 – terceiros-
vítimas); 
“Código de Defesa do Consumidor. Acidente aéreo. Transporte de malotes. 
Relação de consumo. Caracterização. Responsabilidade pelo fato do serviço. 
Vítima do evento. Equiparação a consumidor. Art. 17 do CDC. I. Resta 
caracterizada relação de consumo se a aeronave que caiu sobre a casa das 
vítimas realizava serviço de transporte de malotes para um destinatário final, 
ainda que pessoa jurídica, uma vez que o art. 2º do Código de Defesa do 
Consumidor não faz tal distinção, definindo como consumidor, para os fins 
protetivos da lei, ‘… toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final’. Abrandamento do rigor técnico 
do critério finalista. II. Em decorrência, pela aplicação conjugada com o art. 
17 do mesmo diploma legal, cabível, por equiparação, o enquadramento do 
autor, atingido em terra, no conceito de consumidor. Logo, em tese, 
admissível a inversão do ônus da prova em seu favor. Recurso especial 
18 
 
provido” (STJ – REsp 540.235/TO – Terceira Turma – Rel. Min. Castro Filho 
– DJ 06.03.2006). 
 
ART. 17. Para os efeitos desta Seção, quecuida da responsabilidade dos 
fornecedores pelo fato do produto e do serviço, equiparam-se aos 
consumidores todas as vítimas do evento. 
c) Todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas 
comerciais e a disciplina contratual (art. 29). 
ART. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos 
consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas 
nele previstas. 
OBSERVAÇÃO: 
Mas o que seria esta EQUIPARAÇÃO? Estariam todas as situações de consumo 
amparadas pelo CDC? 
Segundo a doutrina, esta equiparação ocorrerá todas as vezes, que as 
pessoas mesmo não sendo adquirentes diretas do produto ou serviço, utilizam-
no, em caráter final, ou a ele se vinculem, que venham a sofrer qualquer dano 
trazido por “defeito” do serviço ou do produto. 
Estas, que poderão ser, pessoas físicas ou pessoas jurídicas, de acordo 
com a doutrina estrangeira são osBYSTANDERS, poderão ser amparadas pelo 
CDC, inclusive pleiteando indenizações, todos os serviços e produtos devem ter 
segurança, não só para quem diretamente o usa, mas para o público em geral, 
dentro do princípio da segurança que é um direito de todos e dever daquele que 
os coloca no mercado (fornecedor). 
O artigo 17 refere-se às conhecidas, vítimas do acidente de consumo, 
desde que tenham sofrido qualquer tipo de dano inclusive moral, podem basear-
se na responsabilidade objetiva do fornecedor. Como exemplo: podemos citar a 
explosão do Shopping de Osasco (1966), que causou a morte de dezenas de 
pessoas além de ferimentos em tantas outras. Evidentemente que, se o 
Shopping estivesse fechado, não haveria como se caracterizar uma relação de 
consumo, não podendo as regras do CDC serem aplicadas, por conseqüência. 
O CDC vai mais além na equiparação de consumidor, em seu art 29, 
englobando todas as pessoas expostas à oferta, à publicidade, às práticas 
comerciais abusivas, além das vítimas de acidentes de consumo. No art. 29, o 
19 
 
CDC confere uma amplitude do conceito de consumidor ao colocar a expressão 
‘‘todas as pessoas". Conclui-se, então que são equiparados a consumidor todos 
aqueles que estão expostos à prática comerciais, da mesma forma que aqueles 
que por qualquer circunstância venha a sofrer dano devido ao mau 
funcionamento do produto ou do serviço contratado. Nesse caso, 
a RESPONSABILIDADE, é OBJETIVA e SOLIDÁRIA entre todos aqueles que 
integraram a cadeia de consumo. 
Assim, o CDC viabilizou a defesa de todos os que participam das relações 
de consumo, tanto de forma preventiva como repressivamente, através de 
órgãos legitimados para tal como Procons, Ministério Público, etc. 
 
STJ – Consumidor equiparado: a proteção estendida do 
CDC 
Pessoas que se machucam ao escorregar em piso molhado sem sinalização, outras que 
têm a vida irremediavelmente comprometida por uma bala perdida em tiroteio iniciado 
pelos seguranças de uma loja. Casos assim – menos ou mais cotidianos, menos ou mais 
dramáticos – fazem parte da rotina do Judiciário e têm em comum o fato de que a vítima, 
embora não haja comprado produtos ou serviços da empresa, foi, de algum modo, 
afetada por um evento danoso que a colocou na condição de consumidor por 
equiparação. 
Conforme explicou a ministra Nancy Andrighi no REsp 1.125.276, o conceito de 
consumidor não está limitado à definição restritiva contida no caput do artigo 2º do 
Código de Defesa do Consumidor (CDC), devendo ser extraído da interpretação 
sistemática de outros dispositivos da Lei 8.078/90. 
Surge então a figura do consumidor por equiparação, ou bystander, “inserida pelo 
legislador no artigo 17 do CDC, sujeitando à proteção do CDC também as vítimas de 
acidentes derivados do fato do produto ou do serviço. Em outras palavras, o sujeito da 
relação de consumo não precisa necessariamente ser parte contratante, podendo 
também ser um terceiro vitimado por essa relação”, afirmou. 
Dessa forma, todo aquele que não participou da relação de consumo, não adquiriu 
qualquer produto ou contratou serviços, mas sofreu algum tipo de lesão pode invocar a 
proteção da lei consumerista na qualidade de consumidor equiparado. 
20 
 
Piso molhado 
Em março deste ano, o ministro Luis Felipe Salomão foi relator na Quarta Turma de um 
recurso originado de ação de reparação movida por um idoso contra o município e um 
posto de gasolina (AREsp 1.076.833). O autor sofreu uma queda e fraturou três costelas 
ao passar pela calçada do posto, pois o piso estava molhado. Havia uma mangueira no 
interior do estabelecimento que escoava água, porém não existia qualquer sinalização 
que alertasse para o perigo no local. 
O idoso alegou negligência do posto por ter deixado escoar água sem providenciar a 
sinalização adequada. Também sustentou haver falta de fiscalização dos passeios 
públicos por parte do município. 
O posto afirmou a não incidência da lei consumerista no caso, já que não havia fornecido 
qualquer produto ou serviço ao autor da ação. Disse que a culpa era exclusiva da vítima 
e que se tratava de caso fortuito e de força maior. 
O estabelecimento foi condenado a pagar R$ 6.780,00 por danos morais. O Tribunal de 
Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) entendeu que incidiam as normas do CDC, já que 
houve defeito no serviço, pois o posto não ofereceu a segurança que o consumidor 
deveria esperar. Para o tribunal, a lei tutela a “segurança ou incolumidade física e 
patrimonial do consumidor”. 
Segundo o ministro Salomão, o entendimento da corte estadual está em conformidade 
com a jurisprudência do STJ no sentido da proteção conferida pelo CDC a todos aqueles 
que, mesmo sem participar diretamente da relação de consumo, sofrem as 
consequências do dano, tendo sua segurança física e psíquica colocada em risco. 
Cacos de vidro na via 
No julgamento do REsp 1.574.784, na Terceira Turma, a ministra Nancy Andrighi 
também entendeu correta a equiparação do consumidor, nos termos do artigo 17 da lei 
consumerista, conforme decidido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). 
Uma criança se acidentou ao tentar fugir da colisão com a porta do caminhão de uma 
distribuidora de cervejas S., fabricadas pela empresa B. K. Indústria de Bebidas Ltda., 
que transitava na via com as portas abertas. Ao desviar da porta, a criança caiu sobre 
garrafas de cerveja quebradas que haviam sido deixadas na calçada cinco dias antes 
pela mesma distribuidora. Ela sofreu cortes graves no pescoço e outras lesões leves. 
O tribunal estadual manteve a condenação solidária da fabricante e da distribuidora ao 
pagamento de danos morais no valor de R$ 15 mil. 
21 
 
Para a ministra Nancy Andrighi, a jurisprudência do STJ é clara no sentido de que “a 
responsabilidade de todos os integrantes da cadeia de fornecimento é objetiva e 
solidária, nos termos dos artigos 7º, parágrafo único, 20 e 25 do CDC”, sendo 
“impossível afastar a legislação consumerista” e a equiparação da criança a consumidor, 
visto que “o CDC amplia o conceito de consumidor para abranger qualquer vítima, 
mesmo que nunca tenha contratado ou mantido qualquer relação com o fornecedor”. 
Tiroteio na rua 
No REsp 1.732.398, de relatoria do ministro Marco Aurélio Bellizze, uma jovem pediu 
indenização por danos materiais, morais e estéticos em decorrência de ter sido baleada 
aos 12 anos de idade, quando retornava da escola e passava por uma rua onde havia 
começado um tiroteio. A troca de tiros ocorreu porque os seguranças privados 
contratados pelos donos das lojas instaladas no local reagiram a uma tentativa de 
roubo, e um dos tiros atingiu a jovem, deixando-a tetraplégica. 
O tribunal estadual fixou o valor das indenizações por danos morais e estéticos em R$ 
450 mil cada. A decisão foi confirmada pela Terceira Turma do STJ em razão da 
“gravidade das lesões sofridas pela autora, que revelam, por si sós, a existência de 
ofensa à sua integridade física, psíquica e emocional, não apenas porque dependerá, 
muito frequentemente,da ajuda de terceiros ou de recursos tecnológicos, não raramente 
de elevado custo, para realizar os atos mais simples do dia a dia, mas também porque, 
juntamente com sua saúde, o disparo de arma de fogo afetou grande parte dos seus 
sonhos, roubou-lhe a juventude e a impediu de desfrutar da própria vida de maneira 
plena, com reflexos de ordem pessoal, social e afetiva” – conforme apontou Bellizze. 
Os comerciantes sustentaram que o crime de roubo à mão armada caracterizava fortuito 
externo e os tiros que atingiram a vítima foram disparados pelos assaltantes. 
Segundo Bellizze, “ao reagirem de maneira imprudente à tentativa de roubo à joalheria, 
dando início a um tiroteio, os vigilantes frustraram a expectativa de segurança 
legitimamente esperada, a qual foi agravada, no caso, uma vez que a autora foi atingida 
por projétil de arma de fogo, sendo o fato suficiente para torná-la consumidora por 
equiparação, ante o manifesto defeito na prestação do serviço”. 
A causa que produziu o dano, de acordo com o ministro, não foi o assalto, “que poderia 
ter se desenvolvido sem acarretar nenhum dano a terceiros, mas a deflagração do 
tiroteio em via pública pelos prepostos dos réus, colocando pessoas comuns em 
situação de grande risco, o que afasta a caracterização de fortuito externo”, além de os 
vigilantes terem atuado coletivamente “para a produção do resultado lesivo, advindo não 
dos disparos em si, mas da ação que desencadeou o conflito armado. Daí a 
responsabilização dos estabelecimentos pelos danos ocorridos”. 
22 
 
Explosão em bueiro 
Outro caso de consumidor por equiparação foi reconhecido no AgRg no REsp 589.789, 
de relatoria do ministro Villas Bôas Cueva, na Terceira Turma. O caso teve origem em 
uma ação indenizatória contra a L. Serviços de Eletricidade S.A. após a explosão em um 
bueiro em Copacabana, no Rio de Janeiro. 
Os autores pediram ressarcimento pelos danos materiais, morais e estéticos, porém a L. 
alegou que não seria possível a aplicação do CDC ao caso por não haver relação de 
consumo a ser tutelada. 
O entendimento unânime da Terceira Turma foi no sentido de que o acórdão do tribunal 
estadual estava em perfeita harmonia com a jurisprudência do STJ de que “equipara-se 
à qualidade de consumidor, para os efeitos legais, aquele que, embora não tenha 
participado diretamente da relação de consumo, sofre as consequências do evento 
danoso decorrente do defeito exterior que ultrapassa o objeto e provoca lesões, gerando 
risco à sua segurança física e psíquica”, conforme exposto pelo ministro João Otávio de 
Noronha no REsp 1.000.329. 
Derramamento de petróleo 
No AgInt nos EDcl no CC 132.505, sob relatoria do ministro Antonio Carlos Ferreira, a 
Segunda Seção discutiu o caso de pescadores artesanais do Espírito Santo que haviam 
ajuizado ação de reparação de danos contra a C. Brasil, em razão de um vazamento de 
petróleo ocorrido no litoral do Rio de Janeiro. 
O óleo derramado se espalhou e prejudicou a atividade dos pescadores que moravam 
no Espírito Santo, considerados consumidores por equiparação. 
O ministro explicou que tal entendimento estava correto e já havia sido aplicado em 
hipótese semelhante na Segunda Seção, quando pescadores foram considerados 
vítimas de acidente de consumo, visto que suas atividades pesqueiras foram 
prejudicadas por derramamento de óleo (CC 143.204, da relatoria do ministro Villas Bôas 
Cueva). 
A Justiça do Espírito Santo afirmou não ser competente para julgar um crime ambiental 
ocorrido em outro estado. A Justiça fluminense alegou que, como os pescadores são 
consumidores equiparados, poderiam ajuizar ação em seus domicílios, conforme 
preconiza o artigo 101, inciso I, do CDC. 
Segundo o ministro Antonio Carlos, havendo a incidência das regras consumeristas, “a 
competência é absoluta”, razão pela qual deve ser fixada no domicílio do consumidor, ou 
seja, “apesar de o acidente ter ocorrido no litoral do Rio de Janeiro, seus reflexos 
23 
 
danosos se estenderam para outras localidades, entre as quais o território pesqueiro 
onde os autores da ação laboravam, que deve ser considerado o local do fato, para fins 
de incidência do artigo 100, inciso V, alínea a, do Código de Processo Civil”. 
“Nesse sentido, aplicam-se ao caso as regras definidoras de competência do artigo 101 
do CDC, as quais, nos termos da jurisprudência do STJ, têm natureza absoluta, podendo 
ser conhecidas de ofício pelo juízo, sendo improrrogável, sobretudo quando tal 
prorrogação for desfavorável à parte mais frágil”, disse o relator. 
Processos: REsp 1125276, AREsp 1076833, REsp 1000329, REsp 1574784, REsp 
1732398, REsp 589789, CC 132505, CC 143204 
Fonte: Superior Tribunal de Justiça 
----------------------------------------------------------------------------------------- 
 
CONCEITO DE FORNECEDOR: 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, 
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
a-O outro sujeito da relação jurídica de consumo é o Fornecedor. 
b-O conceito é bastante amplo, Fornecedor é o gênero – quer no que respeita ao sujeito 
em si (pessoa física ou jurídica; pública ou privada; nacional ou estrangeira), quer no 
que se refere às atividades que desenvolve. 
c-Atividades Profissionais, habituais, com finalidades Econômicas. 
d- Venda esporádica? Não. 
e-Os entes despersonalizados estão elencados no artigo 12 do Código de Processo Civil 
Brasileiro, sendo eles a massa falida, o espólio, a herança jacente, a herança vacante, a 
sociedade irregular e o condomínio edilício. 
f- Ganhos Indiretos, por exemplo: os casos dos planos de milhagem / Estacionamento? 
g- Contrato de Franquia? 
f- Os profissionais liberais são fornecedores de serviços? Art. 14, § 4º, CDC. 
 Vantagens: I.O.P (art. 6º, VIII) e domicilio (art.101, I). 
24 
 
 
- FORNECEDOR EQUIPARADO: seria um intermediário na relação de consumo, com 
posição de auxílio ao lado do fornecedor de produtos ou prestador de serviços. 
Exemplo: Agente financeiro. 
“Indenização. Fornecedor. Contratação de empréstimo e financiamento. Fraude. 
Negligência. Injusta negativação. Dano moral. Montante indenizatório. 
Razoabilidade e proporcionalidade. Prequestionamento. Age negligentemente o 
fornecedor, equiparado à instituição financeira, que não prova ter tomado todos 
os cuidados necessários, a fim de evitar as possíveis fraudes cometidas por terceiro 
na contratação de empréstimos e financiamentos. (…)” (TJMG – Apelação cível 
1.0024.08.958371-0/0021, Belo Horizonte – Nona Câmara Cível – Rel. Des. José 
Antônio Braga – j. 03.11.2009 – DJEMG 23.11.2009). 
 
CONCEITO DE PRODUTO 
§ 1° do art. 3. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
-Bens são as coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que podem 
servir de objeto a uma relação jurídica; para que o bem seja objeto de uma relação 
jurídica é preciso que ele apresente as seguintes características: idoneidade para 
satisfazer um interesse econômico, gestão econômica autônoma e subordinação jurídica 
ao seu titular. 
Bens móveis (art. 82 do CC/02): São os que podem ser transportados por movimento 
próprio ou removidos por força alheia; imóveis são os que não podem ser transportados 
sem alteração de sua substância (ex: TV, rádio, telefone, livros, alimentos, veículos 
etc.). 
Bens imóveis (art. 79/81 do CC/02): São os que não podem ser transportados sem 
alteração de sua substância. Abrange o solo com sua superfície, os seus acessórios e 
adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o 
subsolo (ex: prédio, casa, fazenda, etc.). 
Bens Imateriais: São considerados bens imateriais, os serviços bancários como por 
exemplo: aplicação em renda fixa, caução de títulos, mútuo etc.Também são 
considerados bens imateriais a patrimonialidade das pessoas jurídicas como o ponto, a 
clientela, a marca etc. 
Bens Materiais: São bens de natureza concreta, ou seja, objetos com corpo e 
substância, tais como uma mesa, cadeira, monumentos etc. 
 
Assim, são bens jurídicos os de natureza patrimonial, isto é, tudo aquilo que se possa 
incorporar ao nosso patrimônio é um bem: uma casa, um carro, uma roupa, um livro, ou 
um DVD. Além disso, há uma classe de bens jurídicos não-patrimoniais. Não são 
economicamente estimáveis, como também insuscetíveis de valoração pecuniária: a 
vida e a honra são exemplos fáceis de compreender. 
 
25 
 
CONCEITO DE SERVIÇO 
§ 2° do art. 3. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e 
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
- A expressão serviço é apresentada de forma exemplificativa razão pela qual pode 
abranger inúmeras situações além daquelas elencadas no §2º. Desta forma, qualquer 
atividade fornecida e prestada no mercado de consumo pode ser considerada serviço. 
 
Ex: serviço de limpeza, serviço de hospedagem, serviço de transporte, serviço de 
iluminação, serviço de energia e água, serviço de telefonia, TV etc. 
 
•Há incidência do Código de Defesa do Consumidor frente as operações de 
natureza bancária. Para tanto, se destaca a edição de súmula pertinente: 
 
“O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras. 
” (Súmula 297, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/05/2004, DJ 09/09/2004 
p. 149). 
 
•Quanto ao serviço, este pode ser considerado DURÁVEL E NÃO DURÁVEL (ver 
também art. 26, I e II do CDC): 
 
Serviço não durável: aqueles que se consomem, acabam, logo após o uso, como 
serviço de transporte, alimentos, bebidas, hospedagem etc. 
 
Serviços duráveis: são os que não desaparecem com seu uso, possuindo 
continuidade no tempo por previsão contratual como, por exemplo, plano de 
saúde, assinatura de periódicos, serviço de água e luz etc. 
 
•O termo “serviço mediante remuneração” importante frisar sua classificação em 
remuneração direta (em que paga-se efetivamente pelo serviço) e indireta (embora não 
caracterizado o ato de pagamento foi incluído em outra prestação de serviço ou 
produto). 
 
Ex: Estacionamento gratuito do Shopping. O preço do estacionamento já esta 
embutido no preço dos produtos. Café gratuito do almoço etc. Assim, são 
remunerados ainda que indiretamente. 
 
•Serviço Público: 
 
Também é objeto da relação jurídica de consumo. 
Porém, se o serviço público for remunerado por impostos ou qualquer outra 
espécie tributária não incide as regras do CDC. 
26 
 
Assim, o serviço público de saúde e segurança (em que não se paga diretamente 
e são remunerados por impostos) ou seja, paga-se indiretamente por meio dos impostos, 
não se aplica o CDC. 
 
Uti singuli x Uti universi 
 
Se a contraprestação do serviço público se dá por meio de tarifa ou preço público 
aplica-se o CDC. 
Taxa – remunerados por tributos) não estão submetidos à incidência do CDC. 
 
Ex: transporte público de ônibus, serviço de energia elétrica etc. 
 
 
CDC, Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, 
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados 
a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, 
contínuos. 
 
• Quanto à exclusão do serviço de caráter trabalhista este decorre da relação 
existente nesse âmbito, que não se confunde com relações de consumo, possuindo 
legislação própria (CLT – Consolidação das Leis do Trabalho). 
 
 
............................................................................................................................................. 
CAPÍTULO II 
Da Política Nacional de Relações de Consumo 
 Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o 
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e 
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de 
vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os 
seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) 
 I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; 
 II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: 
 a) por iniciativa direta; 
 b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; 
 c) pela presença do Estado no mercado de consumo; 
 d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, 
segurança, durabilidade e desempenho. 
27 
 
 III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e 
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento 
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem 
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio 
nas relações entre consumidores e fornecedores; 
 IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus 
direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo; 
 V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de 
qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos 
de solução de conflitos de consumo; 
 VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de 
consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações 
industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar 
prejuízos aos consumidores; 
 VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; 
 VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo. 
 Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o 
poder público com os seguintes instrumentos, entre outros: 
 I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor 
carente; 
 II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do 
Ministério Público; 
 III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de 
consumidores vítimas de infrações penais de consumo; 
 IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas 
para a solução de litígios de consumo; 
 V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de 
Defesa do Consumidor.

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