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Crimes contra a Administração da Justiça

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO 
 
CURSO DE DIREITO 
 
DISCIPLINA: DIREITO PENAL IV 
 
TEMA DA AULA: Crimes contra a 
Administração da Justiça 
PALAVRAS-CHAVE: Administração da 
Justiça. Crimes. 
 
 
Objetivos 
 Identificar, mediante a análise dos casos concretos 
apresentados, elementos objetivos, subjetivos e 
normativos crimes praticados por particular contra a 
Administração da Justiça. 
 Analisar a incidência, nos casos concretos 
apresentados, de conflito aparente de normas ou 
concurso de crimes entre os delitos praticados por 
particular contra a Administração da Justiça. 
 Diferenciar os delitos praticados por particular 
contra a Administração da Justiça dos delitos contra 
a pessoa, contra o patrimônio bem como previstos 
na Legislação Penal Especial, tais como Leis n. 
7492/1986, 8137/1990 e 9.613/1998. 
Sumário 
 Introdução 
 Desenvolvimento 
 1. Dos Crimes praticados contra a Administração da Justiça Pública: 
disposições gerais. 
 2. Denunciação caluniosa (Art. 339,CP). 
 - Análise da figura típica. 
 - Confronto com os delitos de calúnia e comunicação falsa de crime ou 
contravenção. 
 - Questões controvertidas: 
 a) Denunciação caluniosa e organização criminosa. 
 b) Confronto entre o direito à autodefesa e a denunciação caluniosa. 
 
 
Sumário 
 3. Comunicação falsa de crime ou contravenção. (Art. 340, CP). 
 - Análise da figura típica. 
 4. Autoacusação falsa. (Art. 345, CP). 
 - Análise da figura típica. 
 5. Falso testemunho ou falsa perícia (Art. 342, do CP). 
 - Análise da figura típica. 
 - Questões controvertidas: 
 a) O compromisso de dizer a verdade e a caracterização de falso 
testemunho. 
 b) Concurso de pessoas no crime de falso testemunho. 
 
 
Sumário 
 6. Exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345, CP). 
 - Análise da figura típica. 
 - Questões relevantes: 
 a) Concurso de crimes com o delito resultante da violência. 
 b) Ação penal. 
 7. Fraude processual. (Art. 347, CP). 
 - Análise do tipo penal. 
 - Questões controvertidas: 
 a) Confronto com as figuras típicas previstas no caput e, parágrafo 
único, do art. 347 e com o delito de estelionato - art.171, todos do CP. 
 b) Confronto entre o direito à autodefesa e a Fraude processual. 
 c) Fraude processual prevista na legislação penal especial: Lei 
n.9503/1997 e Lei n .70826/2003. 
 
Sumário 
 8. Favorecimento pessoal (Art. 348, do CP). 
 - Análise do tipo penal 
 - Questões controvertidas: 
 a) Distinção entre favorecimento pessoal e concurso de pessoas no 
delito antecedente. 
 b) Confronto com os delitos de prevaricação e corrupção passiva. 
 c) Alcance das escusas absolutórias. 
 9. Favorecimento real. (Art. 349, CP). 
 - Análise do tipo penal 
 - Questões controvertidas: 
 a) O art. 349-A e sua subsunção à Lei n. 9472/1997, art. 60,§1º. b) 
Distinção entre favorecimento real e concurso de pessoas no delito 
antecedente. 
Sumário 
 9. Favorecimento Real. 
 - Questões controvertidas: 
 b) Distinção entre favorecimento real e concurso de pessoas no delito 
antecedente. 
 c) Confronto com os delitos de favorecimento pessoal e receptação. 
 d) Inexigibilidade de conduta diversa. 
 10. Exploração de prestígio (Art. 357, CP). 
 - Análise do tipo penal. 
 - Questão relevante: Confronto com o delito de tráfico de influência. 
 11. Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito. 
(Art. 359, CP). 
 - Análise do tipo penal. 
 - Questão relevante: Confronto com o delito de desobediência (art.330, 
Código Penal) e com as medidas previstas nas Leis n. 9099/1995, 9503/1997 
e 11340/206. 
Sumário 
 
 Conclusão 
◦ Exercícios. 
 
Introdução 
 Importância do assunto. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Denunciação caluniosa 
 Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de 
processo judicial, instauração de investigação administrativa, 
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra 
alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: 
 Caput com redação determinada pela Lei n. 10.028, de 19 de 
outubro de 2000. 
 Pena — reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 
 § 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de 
anonimato ou de nome suposto. 
 § 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática 
de contravenção. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Denunciação caluniosa 
 Sujeitos do crime 
 1. Sujeito ativo é qualquer pessoa. Nada impede que qualquer 
autoridade pública também possa ser sujeito ativo desse tipo penal, 
especialmente aquelas que, de modo geral, integram a persecução 
criminal, tais como magistrados, membros do Ministério Público e 
delegados de polícia, que podem, como qualquer outra autoridade, 
também praticar o crime de denunciação criminosa. 
 2. Sujeitos passivos são, prioritariamente, a pessoa atingida em 
sua honra pela denunciação caluniosa e o Estado. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Denunciação caluniosa 
 Tipo objetivo: adequação típica 
 A conduta incriminada consiste em dar causa (motivar, originar, 
fazer nascer) a instauração de investigação policial, de processo 
judicial, de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de 
improbidade administrativa (Lei n. 10.028/2000) contra alguém, 
imputando-lhe crime de que o sabe inocente. São três, portanto, os 
requisitos necessários para a caracterização do delito: a) sujeito 
passivo determinado; b) imputação de crime; c) conhecimento da 
inocência do acusado. Para a ocorrência do crime de denunciação 
caluniosa não basta a ―imputação de crime‖, mas é indispensável 
que em decorrência de tal ação seja instaurada investigação policial, 
judicial, cível, administrativa ou de improbidade administrativa. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Denunciação caluniosa 
 Confronto com os delitos de calúnia e comunicação falsa de crime ou 
contravenção. 
 Bem jurídico protegido é a boa e regular Administração da Justiça. 
Tutela-se, igualmente, a honra objetiva da pessoa ofendida, embora não se 
confunda com o crime de calúnia (crime contra a honra), apresentando, 
inclusive, considerável superioridade do desvalor da conduta aqui 
incriminada, pois não atinge somente sua reputação pessoal, mas também 
e fundamentalmente a sua liberdade, pela ameaça do processo criminal que 
se instaura, cuja sanção é bastante grave. 
 No art. 340 isso não ocorre; nesse crime, o agente se limita a comunicar 
falsamente a ocorrência de crime ou contravenção, não apontando qualquer 
pessoa como responsável por eles ou então apontando pessoa que não 
existe. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Denunciação caluniosa 
 Denunciação caluniosa e organização criminosa 
 Publicada no dia 2 de agosto de 2013, a Lei 12.850/2013 dispõe sobre a 
organização criminosa e outras providências legais. 
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática 
de infração penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a 
estruturade organização criminosa que sabe inverídicas: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Imputação falsa da prática de crime assemelha-se ao crime de denunciação 
caluniosa, mas com esta não se confunde, pois não objetiva a instauração de 
nenhum tipo de procedimento investigatório. Na verdade, essa imputação falsa já 
ocorre no âmbito de uma investigação, e não tem a finalidade de causar a 
investigação de qualquer natureza de ninguém. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Denunciação caluniosa 
 Confronto entre o direito de auto defesa e a denunciação 
caluniosa. 
 Autodefesa: exercida pelo próprio réu. Por conta da autodefesa, o 
réu não é obrigado a se auto incriminar (Art 5º, inc XL, LXIII), 
autodefesa positiva ou negativa. 
 A autodefesa é um direito ilimitado? Não. A autodefesa não é um 
direito absoluto. Exemplo disso, já consagrado há muito tempo, é o 
fato de que se o réu, em seu interrogatório, imputar falsamente o 
crime a pessoa inocente responderá por denunciação caluniosa (art. 
339, CP). 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Denunciação caluniosa 
 Jurisprudência 
―A denunciação caluniosa deve ser objetivamente falsa, isto é, deve 
estar em contradição com a verdade dos fatos, e o denunciante deve 
estar plenamente ciente de tal contradição. Impossível falar em 
denunciação caluniosa se a imputação a outrem não é totalmente 
destituída de razão‖ (TJMG, Apelação 1.0024.04.503818-9/001(1), 
Rel. Márcia Milanez, j. 7-8-2007). 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Comunicação falsa de crime ou contravenção 
 Art. 340. Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe 
a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não 
se ter verificado: 
 Pena — detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Comunicação falsa de crime ou contravenção 
 Sujeitos do crime 
 Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não lhe sendo 
exigida nenhuma qualidade ou condição pessoal ou 
funcional. 
 Sujeito passivo é o Estado, que é o titular do bem jurídico 
ofendido, a Administração Pública lato sensu, especificado 
na Administração da Justiça. 
 Tipo objetivo: adequação típica 
 Pune-se a conduta de quem provoca (motiva, dá causa) a 
ação de autoridade (policial ou judiciária), comunicando a 
ocorrência de infração penal (crime ou contravenção) que 
sabe não ter acontecido. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Comunicação falsa de crime ou contravenção 
 Convém destacar, novamente, que a comunicação falsa 
de infração penal não se confunde com a infração 
anteriormente analisada ―denunciação caluniosa‖: nesta, o 
sujeito ativo indica determinada pessoa (suposta) como 
autora da infração penal; naquela, o sujeito ativo não 
indica ninguém como autor da infração que afirma ter 
ocorrido. Na comunicação falsa de infração penal, o 
agente sabe que infração não houve; na denunciação 
caluniosa, sabe que o imputado não praticou o crime que 
denuncia. Distintas, pois, são as infrações penais, como 
diferentes são os bens jurídicos ofendidos. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Comunicação falsa de crime ou contravenção 
 Jurisprudência 
―Não importa a quem tenha sido feita a comunicação falsa 
de crime para que se configure o crime do CP, art. 340. O 
que conta e se dessa comunicação falsa houve alguma 
providência para apurar. Aí define-se a competência em 
função do lugar onde se iniciaram, formalmente, as 
averiguações‖ (STJ, Conflito de Competência 4.552/SP, Rel. 
Min. Édson Vidigal, j. 21-10-1993). 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Comunicação falsa de crime ou contravenção 
 Jurisprudência 
―Não importa a quem tenha sido feita a comunicação falsa 
de crime para que se configure o crime do CP, art. 340. O 
que conta e se dessa comunicação falsa houve alguma 
providência para apurar. Aí define-se a competência em 
função do lugar onde se iniciaram, formalmente, as 
averiguações‖ (STJ, Conflito de Competência 4.552/SP, Rel. 
Min. Édson Vidigal, j. 21-10-1993). 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Autoacusação falsa 
 Art. 341. Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou 
praticado por outrem: 
 Pena — detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa 
 Sujeitos do crime 
 Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não lhe sendo exigida nenhuma 
qualidade ou condição pessoal ou funcional, desde que não tenha sido 
autor, coautor ou partícipe do crime objeto da autoacusação falsa, 
devendo ficar, enfim, afastada qualquer possibilidade de participação no 
fato delituoso. 
 Sujeito passivo é o Estado, que é o titular do bem jurídico ofendido, a 
Administração Pública lato sensu, especificado na Administração da 
Justiça. 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Autoacusação falsa 
 Tipo objetivo: adequação típica 
 A conduta punível consiste em acusar-se, isto é, imputar-
se crime inexistente ou praticado por outrem. A falsidade da 
autoacusação reside na inexistência do fato delituoso ou 
assertiva de não tê-lo cometido. Em termos bem 
esquemáticos, o crime de que o agente se autoacusa deve 
ser inexistente, isto é, que não aconteceu, ou, mais 
precisamente, que o sujeito ativo não o praticou, pois o fato 
em si mesmo até pode ter sido cometido, mas por outrem, 
segundo menciona o próprio caput. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Autoacusação falsa 
 Jurisprudência 
―Autoacusação falsa. Condenação mantida. A reconstituição 
probatória demonstra que o apelante assumiu a culpa por um crime 
que não praticou, cometendo, por conseguinte, o delito do art. 341, 
caput, do CP‖ (TJRS, Apelação 70020241709, Rel. Aristides Pedroso 
de Albuquerque Neto, j. 9-8-2007) 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Falso testemunho ou falsa perícia 
 Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como 
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, 
ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: 
Pena — reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 § 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado 
mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a 
produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte 
entidade da administração pública direta ou indireta. 
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que 
ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. 
 — Caput e §§ 1º e 2º com redação determinada pela Lei n. 10.268, de 28 de 
agosto de 2001. O mesmo diploma legal suprimiu o § 3º. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Falso testemunho ou falsa perícia 
 Sujeitos do crime 
 1. Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que, como testemunha, perito, 
tradutor ou intérprete realize a ação descrita no tipo penal, desde que não 
esteja legalmente impedido ou dispensado de fazê-lo. Em termos 
esquemáticos, sujeito ativo é quem, chamado a depor, na forma legal, presta 
testemunho falso, seja fazendo afirmação falsa, seja negando ou calando a 
verdade. 
 2. Sujeitos passivos do crime de falso testemunho ou de falsa perícia são 
a Administração Pública (Administração da Justiça), representada pelo 
Estado, no seu legítimo interesse de desenvolver regularmente a atividade 
judiciária, na busca infatigávelde distribuir, adequadamente, justiça, e, se 
ocorrer, o eventual ofendido, lesado ou prejudicado pelo crime de falso 
testemunho ou falsa perícia. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Falso testemunho ou falsa perícia 
 Tipo objetivo: adequação típica 
 São três as modalidades de conduta previstas no crime de falso 
testemunho ou falsa perícia: afirmar falsamente, negar ou calar a verdade. 
Em outros termos, o crime de falso testemunho pode ser praticado de três 
formas, quais sejam afirmando-se uma falsidade, negando-se a verdade ou 
calando-se o que se sabe. Vejamos: a) fazer afirmação falsa, ou seja, dizer 
uma coisa positivamente distinta da verdade — o sujeito ativo assegura, 
garante ou afirma uma inverdade; diz que é certo o que não é. Em outras 
palavras, na afirmação falsa o agente faz declaração diversa da que 
corresponderia, in concreto, a sua percepção dos fatos. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Falso testemunho ou falsa perícia 
 Tipo objetivo: adequação típica 
 b) negar a verdade: negar um fato que sabe ou conhece, ou seja, 
negar um fato verdadeiro, dizer que é errado o que sabe que é certo, 
o sujeito ativo nega o que sabe, nega a percepção de fatos que teve 
conhecimento direto. Afirmar o falso e negar o verdadeiro 
representam duas formas distintas, positivas, comissivas, de faltar 
com a verdade. 
 c) calar a verdade: silenciar ou ocultar o que sabe. Calar significa 
ficar em silêncio ou não querer responder, constituindo uma forma de 
omissão de falsidade negativa. Nessa modalidade, não há afirmação 
nem negação: o sujeito silencia sobre o fato, ou recusa-se a 
responder, violando, segundo a doutrina, igualmente o dever da 
verdade, havendo o que os autores têm denominado de reticência. 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Falso testemunho ou falsa perícia 
 O compromisso de dizer a verdade e a caracterização de falso 
testemunho. 
 Toda pessoa pode ser testemunha, de acordo com o art. 202 do CPP; 
contudo, nem toda pessoa tem o dever jurídico de depor (art. 206 do CPP). 
Ademais, o art. 207 do mesmo diploma legal proíbe de depor, quando não 
desobrigadas pelo interessado, ―as pessoas que em razão de função, ministério, 
ofício ou profissão devem guardar segredo‖. Tem-se questionado a possibilidade 
de testemunha não compromissada (arts. 206 e 208 do CPP) poder cometer o 
crime de falso testemunho. A impossibilidade de as testemunhas não 
compromissadas (meros informantes) praticarem falso testemunho, ante a 
inexistência do compromisso legal de dizer a verdade, em razão do vínculo que 
as prende a uma das partes e que as torna desmerecedoras da mesma 
credibilidade das demais, isto é, das testemunhas numerárias. 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Falso testemunho ou falsa perícia 
 O compromisso de dizer a verdade e a caracterização de falso testemunho. 
Apelação criminal. crime contra a administração da justiça. falso testemunho (art. 342 
do CP). Sentença condenatória. apelantes que não obstante não se enquadrarem em 
nenhuma das hipóteses daqueles que podem se recusar a depor, tampouco entre 
aquelas que estão proibidas e, embora advertidos do impedimento e da suspeição nos 
termos do estabelecido na legislação e nada tendo mencionado, foram dispensados do 
compromisso legal. Discussão doutrinária e jurisprudencial acerca da necessidade do 
compromisso legal para configuração do crime de falso testemunho. advertência à 
testemunha de que se fizer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade praticará o 
delito deve ser entendida como elementar do tipo, pois sem ela inexiste o dever de 
falar a verdade sendo, então, ouvida como informante e não como testemunha. 
Atipicidade da conduta reconhecida de ofício com absolvição dos apelantes. 
prejudicada a análise das teses recursais. Apelação Criminal n. 2012.085375-2, de 
Brusque. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Falso testemunho ou falsa perícia 
 Concurso de pessoas no crime de falso testemunho 
 A Doutrina entende que este crime é um crime de mão-própria, ou 
seja, além de somente a pessoa que figura numa das posições descritas no 
tipo poder praticar o crime, ela somente poderá fazê-lo pessoalmente, não 
havendo possibilidade de execução por interposta pessoa, de forma que não 
se admite a coautoria. 
 No entanto, o STF admite a participação, notadamente a 
participação moral, realizada através da instigação ou induzimento à prática 
do delito. Vejamos o seguinte julgado, de 2001 (Mas que permanece 
externando o entendimento da Corte): 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
EMENTA: Recurso ordinário. Habeas corpus. Falso testemunho (art. 342 do 
CP). Alegação de atipicidade da conduta, consistente em depoimento falso 
sem potencialidade lesiva. Aferição que depende do cotejo entre o teor do 
depoimento e os fundamentos da sentença. Exame de matéria probatória, 
inviável no âmbito estreito do writ. Co-autoria. Participação. Advogado que 
instrui testemunha a prestar depoimento inverídico nos autos de reclamação 
trabalhista. Conduta que contribuiu moralmente para o crime, fazendo 
nascer no agente a vontade delitiva. Art. 29 do CP. Possibilidade de co-
autoria. Relevância do objeto jurídico tutelado pelo art. 342 do CP: a 
administração da justiça, no tocante à veracidade das provas e ao 
prestígio e seriedade da sua coleta. Relevância robustecida quando o 
partícipe é advogado, figura indispensável à administração da justiça 
(art. 133 da CF). Circunstâncias que afastam o entendimento de que o 
partícipe só responde pelo crime do art. 343 do CP. Recurso ordinário 
improvido.(RHC 81327, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Primeira Turma, julgado em 
11/12/2001, DJ 05-04-2002 PP-00059 EMENT VOL-02063-01 PP-00196) 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Exercício arbitrário das próprias razões 
 Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, 
embora legítima, salvo quando a lei o permite: 
Pena — detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa, além da pena 
correspondente à violência. 
Parágrafo único. Se não há emprego de violência, somente se procede 
mediante queixa. 
Sujeitos do crime 
Sujeito ativo é qualquer pessoa, independentemente de qualidade ou 
condição especial; contudo, tratando-se de funcionário público, que também 
pode ser sujeito ativo. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Exercício arbitrário das próprias razões 
 Sujeito passivo, prioritariamente, é o indivíduo que sofre a ação ou seus 
efeitos e, secundariamente, como sujeito passivo formal, o Estado que 
sofre o descrédito no exercício de um de seus poderes institucionais, 
aquele cujo mister é a solução de conflitos e distribuir justiça. 
 Tipo objetivo: adequação típica 
 A conduta incriminada consiste em fazer justiça pelas próprias mãos, ou 
seja, valer-se de qualquer meio de execução (violência física, ameaça, 
fraude, recursos não violentos, subterfúgios etc.) tendente à satisfação de 
uma pretensão (legítima ou ilegítima), suscetível de apreciação pela 
autoridade judiciária. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Exercício arbitrário das próprias razões 
 Concurso com crime resultante de violência: sistema do cúmulo material 
 Determina o preceito secundário a cominação da respectiva sanção, 
―além da pena correspondente à violência‖. Assim, eventuais lesões corporais 
são punidas, como crime autônomo, conforme expressa disposição do tipo 
em exame. Pena e ação penal 
 As penas cominadas, alternativamente, são de detenção, de quinze 
dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência, 
adotando-se o sistema de aplicação de penas do cúmulo material. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Exercício arbitrário das próprias razões 
 Exemplo 
O credor tem todo o direito de cobrar uma dívida vencida recorrendo ao 
Poder Judiciário, para que o Estado-Juiz, convencendo-se dos direitos 
alegados pelo reclamante, determine o cumprimento da obrigação, por parte 
do devedor. O que o credor não pode fazer, sob pena de incidir na prática 
prevista no art. 345, é tomar bens do devedor à força, para satisfazer assim o 
seu crédito. 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Exercício arbitrário das próprias razões 
 Jurisprudência 
―Exercício arbitrário das próprias razões. Art. 345 do Código Penal. 
Desclassificação. Impossibilidade. Para o crime de exercício arbitrário das 
próprias razões é necessária que a pretensão do agente seja legítima ou que 
a suponha legítima, neste caso amparada por convincente engano e cuja 
satisfação poder-se-ia postular em juízo. A conduta praticada pelo réu e seu 
comparsa, mediante o emprego de grave ameaça, não se reveste de 
qualquer justificativa jurídica a abonar tivessem agido no exercício das 
próprias razões. Pelo contrário, demonstram o agir com animus furandi, 
ajustando-se perfeitamente naquela descrita no art. 157 § 2º, I e II, do Código 
Penal‖ (TJRS, Apelação 70018148809, Rel. Roque Miguel Fank, j. 8-8-2007). 
1. Dos Crimes praticados a Administração da 
Justiça 
 Fraude processual 
 Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou 
administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de 
induzir a erro o juiz ou o perito: Pena — detenção, de 3 (três) meses a 2 
(dois) anos, e multa. Parágrafo único. Se a inovação se destina a 
produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas 
aplicam-se em dobro. 
 Artifício pode ser definido como uma certa encenação material, com a 
utilização de algum aparato ou objeto para enganar a vítima, isto é, o 
agente com determinado mis em scène ou estratagema provoca ou 
mantém em erro a vítima. Ex.: disfarce, efeitos especiais, documentos 
falsos etc. 
 Ardil é a conversa enganosa; já não se trata da fraude material, mas a 
intelectual. 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Fraude processual 
 Sujeitos do crime 
 Sujeito ativo do crime de fraude processual pode ser qualquer 
pessoa, tendo ou não interesse pessoal no processo, não sendo exigida 
nenhuma qualidade ou condição especial. Qualquer pessoa que inove 
artificiosamente, alterando o estado de lugar, coisa ou pessoa, com o objetivo 
de favorecer qualquer dos litigantes. Por isso, a inovação pode ser feita pela 
parte (réu, órgão do Ministério Público), por qualquer terceiro, interessado ou 
não no processo, por funcionário público e pelo próprio advogado, se 
efetivamente concorrer para a fraude. 
Sujeito passivo é, prioritariamente, qualquer pessoa que seja prejudicada 
pela conduta artificiosa do sujeito ativo inovando no processo; 
secundariamente, o Estado, sempre titular do bem jurídico ofendido — a 
Administração Pública lato sensu, e, mais especificamente, a Administração 
da Justiça. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Fraude processual 
 Tipo objetivo: adequação típica 
 A conduta típica consiste em inovar (mudar, alterar), artificiosamente 
(mediante artifício ou ardil), o estado de lugar, de coisa ou de pessoa 
(enunciação taxativa), com o fim de induzir a erro o juiz ou perito. Inovar 
artificiosamente o estado de lugar, de coisa ou de pessoa quer dizer 
promover, ardilosamente, mudanças, modificações ou transformações 
materiais, extrínsecas ou intrínsecas, capaz de transformar a importância 
probatória que lugar, coisa ou pessoa anteriormente tinham, isto é, modificar 
o estado desses objetos materiais, que são numerus clausus, sem a 
concorrência de causas naturais. Inova-se, por exemplo, o estado de coisa 
quando se eliminam vestígios de sangue numa peça indiciária da autoria de 
um homicídio, para fazer crer que se trata de suicídio; o estado de pessoa 
quando se alteram, mediante operação plástica, determinados sinais 
característicos de um indivíduo procurado pela justiça. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Fraude processual 
 Consumação 
 Consuma-se o crime de fraude processual, no lugar e no momento em 
que se completa, com efetividade, a ação de inovar artificiosa, mesmo que o 
juiz ou perito não seja induzido em erro. É necessário que a ação tenha 
idoneidade suficiente para induzir em erro, isto é, para enganar, para 
ludibriar, sob pena de não se aperfeiçoar a fraude processual, podendo 
configurar crime impossível por impropriedade do meio. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Fraude processual 
 
 Fraude processual (347, CP) x estelionato (171, CP) 
 
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, 
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer 
outro meio fraudulento: 
 
 Fraude processual Art 312, CBT 
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com 
vítima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, 
inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de 
pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz: 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Fraude processual 
 Lei 10.826/2003 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de 
uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar: 
 Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
 Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
 I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação 
de arma de fogo ou artefato; 
 II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la 
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de 
dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Fraude processual 
 Confronto entre o direito à autodefesa e a fraude processual 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Fraude processual 
 Jurisprudência 
―Fraude Processual. Policial Civil. A conduta, em tese, perpetrada 
pelo ora Paciente – policial civil que enxerta na cena do crime talão 
de cheques objeto de furto, na clara tentativa de ajudar outros 
colegas policiais que cometeram brutal homicídio contra vítima 
inocente – é grave, mormente tendo-se em consideração, como 
destacou o Parquet, a sua condição de agente público, cujo cargo 
traz consigo o dever de zelar pela investigação criminal. 
Desrespeitou, assim, o dever inerente às suas funções, elevando o 
grau de reprovabilidade da conduta. Motivação idônea. A 
circunstância funcional do ora Paciente, levada em conta pelo 
Parquet, não integra o tipo penal em tela (art. 347, parágrafo único, 
do Código Penal)‖ (STJ, HC 40.511/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 6-12-
2005). 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento pessoal 
Art. 348.Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de 
crime a que é cominada pena de reclusão: 
Pena — detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa. 
§ 1º Se ao crime não é cominada pena de reclusão: 
Pena — detenção, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa. 
§ 2º Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou 
irmão do criminoso, fica isento de pena. 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento pessoal 
 Sujeitos do crime 
Sujeito ativo do crime de favorecimento pessoal pode ser qualquer pessoa, 
tendo ou não interesse pessoal no processo, não sendo exigida nenhuma 
qualidade ou condição especial, desde que não tenha contribuído, de alguma 
forma (coautor ou partícipe), no crime anterior, pois, nessa hipótese, teria 
concorrido para o crime nos moldes do art. 29 e seus parágrafos. Aliás, nada 
impede que a própria vítima do crime anterior possa auxiliar seu algoz a 
furtar-se à ação da autoridade pública, isto é, ser sujeito ativo desse crime. 
Sujeito passivo é o Estado, sempre titular do bem jurídico ofendido 
— a Administração Pública lato sensu, e, mais especificamente, a 
Administração da Justiça. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento pessoal 
 É pressuposto do delito que o sujeito ativo do favorecimento não 
seja partícipe do crime principal — ao qual é cominada a pena de 
reclusão — e que o auxílio tenha sido prestado após o seu 
momento consumativo. A punibilidade do crime precedente é outro 
pressuposto do crime de favorecimento pessoal, sendo 
indispensável que seja punível à época do favorecimento. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento pessoal 
 Tipo objetivo: adequação típica 
 Pune-se a conduta de quem auxilia (favorece) autor de crime (doloso ou 
culposo; consumado ou tentado) a subtrair-se (escapar, esquivar-se) à ação 
de autoridade pública (policial, judiciária ou administrativa). Auxiliar significa 
dar asilo ou fuga, isto é, impedir ou dificultar que a autoridade pública prenda 
ou mantenha preso ―autor de crime‖, como diz o texto legal, tentado ou 
consumado, doloso ou culposo. Qualquer ajuda do sujeito ativo para evitar ou 
dificultar a captura do autor do crime precedente materializa o crime de 
favorecimento pessoal (ocultação, facilitação de fuga, oferecimento de abrigo, 
empréstimo de veículo etc.) 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento pessoal 
 Confronto com os crimes de prevaricação e corrupção passiva. 
- Crime de prevaricação 
 Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou 
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou 
sentimento pessoal. 
- Corrupção passiva 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em 
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento pessoal 
 Alcance das escusas absolutórias 
 Escusa absolutória: sua extensão (§ 2º) Trata-se de escusa absolutória, 
considerada espécie do gênero causas especiais de isenção de pena. 
Com efeito, é isento de pena o sujeito ativo que é ascendente, 
descendente, cônjuge ou irmão do autor do crime precedente 
(enumeração taxativa). 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento pessoal 
 Jurisprudência 
―Comete o delito previsto no art. 348 do CP o agente que auxilia condenado 
por crime de reclusão e com mandado de prisão expedido, concedendo-lhe 
abrigo em sua residência, com o fim de ocultá-lo das autoridades policiais‖ 
(TJRS, Apelação 70022123889, Rel. Constantino Lisbôa de Azevedo, j. 6-3-
2008). 
 ―A conduta descrita denúncia não se amolda ao tipo penal descrito no art. 
348 do Código Penal: o auxílio prestado pelo paciente ao suposto assaltante 
não objetivava sua fuga, mas sim para que recebesse atendimento médico. 
Ordem concedida para trancar a ação penal movida em desfavor do paciente, 
pelo crime previsto no art. 348 do Código Penal‖ (STJ, HC 46.209/BA, Rel. 
Min. Hélio Quaglia Barbosa, j. 30-5-2006). 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento real 
 Art. 349. Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de 
receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: 
 Pena — detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa. 
 Objeto material: produto ou proveito de crime 
 O objeto material do crime de favorecimento real, a exemplo da 
receptação, deve ser produto ou proveito de crime, isto é, há de ser o 
resultado, mediato ou imediato, de um fato definido como crime. É 
irrelevante que tal produto tenha sido substituído por outro. Perante 
nosso Código Penal, que se refere apenas a ―proveito do crime‖, 
inegavelmente a coisa sub-rogada, representando proveito do crime, 
também pode ser objeto tanto de favorecimento real quanto de 
receptação, visto que a ilicitude do produto do crime precedente não 
desaparece, evidentemente, com a substituição por qualquer outra 
coisa diretamente obtida com aquele. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento real 
 Art. 349. Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de 
receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: 
 Pena — detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa. 
 Objeto material: produto ou proveito de crime 
 Objeto material do favorecimento real, ao contrário do que ocorre 
com o crime de receptação, não se limita à coisa móvel, podendo o 
―proveito do crime‖, por conseguinte, recair sobre imóvel. Os direitos, 
reais ou pessoais, igualmente, tampouco podem ser objeto de 
receptação, pois direitos não se confundem com ―coisa‖ (afora os 
títulos ou documentos que os constituem ou representam), no 
entanto, também podem ser objeto de favorecimento (proveito do 
crime), como simples ―proveito‖ do crime. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento real 
 Sujeitos do crime 
 Sujeito ativo do crime de favorecimento real, a exemplo do 
favorecimento pessoal, também pode ser qualquer pessoa, tendo ou 
não interesse pessoal no processo, não sendo exigida nenhuma 
qualidade ou condição especial, desde que não tenha contribuído, de 
alguma forma (coautor ou partícipe), no crime anterior, pois, nessa 
hipótese, teria concorrido para o crime nos moldes do art. 29 e seus 
parágrafos. Aliás, nada impede que a própria vítima do crime anterior 
possa auxiliar seu algoz a furtar-se à ação da autoridade pública, isto 
é, ser sujeito ativo desse crime. 
 Sujeito passivo será sempre o do crime do qual advém o proveito 
do favorecimento real, ou, em outros termos, o sujeito passivo do 
crime de favorecimento real é o mesmo sujeito passivo do crime 
anterior; secundariamente, é, também, o Estado. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento real 
 Tipo objetivo: adequação típica 
 A conduta incriminada consiste em prestar a criminoso, fora dos 
casos de coautoria (art. 29 do CP) ou de receptação (art. 180 do CP), 
auxílio (direto ou indireto, material ou moral) destinado a ―tornar 
seguro o proveito do crime‖. Caracteriza-se o favorecimento real, em 
outros termos, pelo auxílio prestado a criminoso, após a prática do 
crime (está excluída a contravenção), com o fim de tornar seguro o 
seu proveito. 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento real 
 Receptação:similitude com o favorecimento real 
 A receptação, pode-se dizer, numa linguagem figurada, é uma 
espécie de irmã siamesa do favorecimento real; se ocorrer, afasta a 
configuração deste, por expressa determinação legal. Com efeito, 
tanto a receptação quanto o favorecimento real, que em muito se 
aproximam, são posteriores ao crime praticado pelo favorecido, 
sendo recomendável, por isso mesmo, redobrada atenção no 
estabelecimento da linha divisória entre ambos; como nas duas 
infrações penais há o conhecimento, por parte do sujeito ativo, da 
prática do crime precedente, a essência da diferença reside na causa 
posterior: 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Favorecimento real 
 Receptação: similitude com o favorecimento real 
 enquanto na receptação o sujeito ativo é levado ao cometimento da 
infração penal para satisfazer interesse econômico próprio ou de 
terceiro, e não do autor do crime antecedente, no favorecimento real, 
a motivação da conduta típica resume-se ao ―proveito exclusivo do 
autor‖ do crime precedente, que pode ou não ser econômico. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Exploração de Prestígio 
 Art. 357. Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a 
pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário 
de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena — reclusão, 
de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 Parágrafo único. As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega 
ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das 
pessoas referidas neste artigo. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Exploração de Prestígio 
 Sujeitos do crime 
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive funcionário público, desde 
que não esteja no exercício de suas funções normais. 
Sujeito passivo é o Estado, mais especificamente a Administração da Justiça. 
O próprio funcionário público iludido ou ludibriado, que arcará, no mínimo, 
com o dano moral decorrente de sua infidelidade funcional, também é, 
secundariamente, sujeito passivo dessa infração penal. 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Exploração de Prestígio 
 Tipo objetivo: adequação típica 
As condutas típicas, alternativamente incriminadas, são representadas pelos 
verbos nucleares solicitar (pedir, rogar, procurar) ou receber (aceitar em 
pagamento, obter, conseguir) dinheiro ou qualquer outra utilidade (de cunho 
moral ou material), a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério 
Público, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha 
(enumeração taxativa). Solicitar indica a iniciativa do agente; este propõe a 
―traficância‖, sendo desnecessária a sua aceitação por parte do ―beneficiário‖ 
ou presumível comprador; receber é um estágio mais avançado do 
―processo‖, já pressupondo acordo de vontade entre comprador e vendedor 
do ―prestígio‖, pois há um pagamento. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Exploração de Prestígio 
 Tráfico de influência e exploração de prestígio 
Ao contrário do que ocorre com o crime de tráfico de influência (art. 332), o 
tipo penal de exploração de prestígio (art. 357) não criminaliza a conduta de 
obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, mas tão 
somente solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, embora 
com finalidade semelhante, qual seja, ―a pretexto de influir‖ — lá, ―em ato de 
funcionário público...‖, qualquer funcionário — enquanto aqui 
(especialização), ―em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário da 
justiça...‖ etc., e é exatamente essa finalidade distinta que assegura 
igualmente a diferença de bem jurídico; naquele é a Administração Pública 
lato sensu, e neste, a Administração da Justiça. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Exploração de Prestígio 
 Jurisprudência 
―Exploração de prestígio majorada. O delito do art. 357 do Código Penal é de 
mera atividade ou simples conduta, bastando que o agente solicite o dinheiro 
para que se consume‖ (TJRS, Revisão Criminal 70005824248, Rel. Antônio 
Carlos Netto de Mangabeira, j. 5-8-2005). 
―Exploração de prestígio. Evidenciada a inexistência de materialidade da 
conduta, uma vez que a única prova do suposto fato constitui a palavra da 
vítima, por ela mesma infirmada, cabível o trancamento da ação penal, por 
falta de justa causa‖ (STJ, HC 30.966/SP, Rel. Min. Paulo Medina, j. 27-4-
2004). 
―O crime de exploração de prestígio exige, à sua configuração, apenas a 
obtenção de vantagem, ou promessa desta, junto a funcionário público no 
exercício da função. Dispensável a identificação expressa do servidor‖ (STJ, 
REsp 76.211/PE, Rel. Min. Edson Vidigal, j. 30-6-1999 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão 
de direito. 
 Art. 359. Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que 
foi suspenso ou privado por decisão judicial: 
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa. 
 Sujeitos do crime 
 Sujeito ativo somente pode ser aquele que foi suspenso ou privado, 
por decisão judicial, de exercer função, atividade, direito, autoridade ou 
múnus (público ou privado), ressalvada, evidentemente, a hipótese da 
participação, que é alcançada mediante a ampliação da adequação típica, na 
forma do concurso eventual de pessoas. 
 Sujeito passivo é o Estado, sempre titular do bem jurídico ofendido 
Administração Pública ―lato sensu‖, mais especificamente, na hipótese, a 
Administração da Justiça. O Estado, na concepção clássica, é sempre sujeito 
passivo de qualquer crime, como temos reiteradamente insistido. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão 
de direito. 
 Art. 359. Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que 
foi suspenso ou privado por decisão judicial: 
Pena — detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa. 
 Sujeitos do crime 
 Sujeito ativo somente pode ser aquele que foi suspenso ou privado, 
por decisão judicial, de exercer função, atividade, direito, autoridade ou 
múnus (público ou privado), ressalvada, evidentemente, a hipótese da 
participação, que é alcançada mediante a ampliação da adequação típica, na 
forma do concurso eventual de pessoas. 
 Sujeito passivo é o Estado, sempre titular do bem jurídico ofendido 
Administração Pública ―lato sensu‖, mais especificamente, na hipótese, a 
Administração da Justiça. O Estado, na concepção clássica, é sempre sujeito 
passivo de qualquer crime, como temos reiteradamente insistido. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão 
de direito. 
 Tipo objetivo: adequação típica 
A conduta tipificada é exercer, que significa desempenhar, executar, 
praticar qualquer das atividades contidas no tipo penal. Exercer tem o 
significado tradicional de habitualidade. No entanto, a habitualidade é, 
na hipótese do dispositivo em exame, afastada pelo fato de que a 
prática de um único ato já caracteriza a violação da proibição 
imposta. É pressuposto do crime que o agente exerça função, 
atividade, direito, autoridade ou múnus de que já foi suspenso ou 
privado por decisão judicial transitada em julgado, entendida esta 
como exclusivamente a de natureza penal; isto é, o sujeito ativo volta 
a desempenhar função, atividade, direito, autoridade ou múnus de 
que estava ―suspenso ou privado‖, taiscomo, segundo a doutrina 
majoritária, as hipóteses expressamente elencadas no art. 92 do CP. 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão 
de direito. 
 Confronto com o crime de desobediência? 
Art. 330 – Desobedecer a ordem legal de funcionário público: 
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 
 
1. Dos Crimes praticados a Administração da Justiça 
 Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão 
de direito. 
 Jurisprudência 
 Desobediência a decisão judicial sobre suspensão de direito. Lesões 
corporais. Comete os delitos previstos no art. 359 e art. 129 do CP o 
agente que desobedece a ordem judicial de afastamento do lar conjugal e 
ofende a integridade corporal da ex-esposa. Condenação mantida‖ (TJRS, 
Apelação 70022223234, Rel. Constantino Lisbôa de Azevedo, j. 24-1-
2008). 
Conclusão 
 Exercícios.

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