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Seminário Himenolepíase (escrito)

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Himenolepíase
Fundamentos de Parasitologia - Seminário de N1 – 1° Período Enfermagem
Introdução
A himenolepíase é uma verminose causada pelo Hymenolepis nana, uma espécie tênia conhecida como “anã” por ser bastante pequena. Essa é uma infecção mais recorrente em crianças, pois o sistema imunológico do ser humano adulto consegue combatê-la, o que lhe traz a característica autolimitante. Estima-se que 75 milhões de pessoas no mundo sejam atingidas por esta doença, principalmente as que vivem em aglomerados com baixas condições sociais e sanitárias.
Há outra espécie do gênero Hymenolepis causadora da doença, a Hymenolepis diminuta. Esta é mais rara em seres humanos, mas comum de roedores, também citada ao longo do presente trabalho.
 
Morfologia
Os ovos do Hymenolepis nana são semiesféricos, transparentes e incolores. Possuem uma membrana externa delgada que envolve um espaço claro e outra membrana mais interna, envolvendo a oncosfera, a qual apresenta dois mamelões claros em posições opostas. Esses ovos medem por volta de 40um de diâmetro e são comparados a um “chapéu mexicano, visto de cima”. (Desenho 1)
 A larva cisticercoide é formada por um escólex (protoescólex) invaginado, envolto por uma membrana e contém uma pequena quantidade de líquido. Costuma ter cerca de 500um de diâmetro.
O adulto mede entre 3 e 5 cm, por isso conhecida como tênia anã, e possui 100 a 200 proglotes bem estreitas, cada uma com uma genitália masculina e uma feminina. Seu escólex apresenta um rostro retrátil com ganchos e quatro ventosas. (Desenho 2)
Os ovos de Hymenolepis diminuta (Rudolphi, 1819) são maiores que os de H.nana e não têm filamentos polares. Os adultos medem cerca de 30 a 60 cm e possuem escólex com quatro ventosas, sem rostro. 
Biologia e ciclo biológico
O H. nana pode apresentar dois tipos de ciclos: monoxênico, sem hospedeiros intermediários, e heteroxênico, com hospedeiros intermediários, comumente insetos e coleópteros. No ciclo monoxênico, que é o mais frequente, os ovos são eliminados com as fezes e podem ser ingeridos por alguma criança, especialmente junto a alimentos ou nas mãos sujas. Os embriófaros são semi-digeridos pelo suco gástrico do estômago e, no intestino delgado, a oncosfera eclode e penetra nas calosidades do jejuno ou íleo, evoluindo para uma larva cisticercoide em quatro dias. Essas larvas nas vilosidades intestinais estimulam o sistema imunológico e conferem imunidade ativa específica. Após dez dias, a larva está madura e sai da vilosidade, desenvagina e fixa-se a mucosa do intestino com ajuda do escólex. Os vermes são adultos dentro de 20 dias e possuem uma vida curta, já que em cerca de 14 dias morrem e são eliminados. 
No ciclo heteroxênico, ocorre a ingestão dos ovos que estão presentes no meio pelas larvas de insetos. Liberam a oncosfera ao chegarem ao intestino desses hospedeiros intermediários, a qual se transforma em larva cisticercoide. Esses insetos podem ser ingeridos acidentalmente por crianças e as larvas, ao chegarem ao intestino delgado, desenvaginam-se e fixam-se à mucosa e após 20 dias são adultos. (Desenho 3)
Dessa forma, os adultos podem ser encontrados no intestino delgado de humanos (principalmente jejuno e íleo), os ovos estão presentes nas fezes e as larvas cisticercoide nas vilosidades intestinais do paciente ou na cavidade geral do hospedeiro intermediário (insetos, comumente pulgas e carunchos de cereais)
O H.diminuta tem ciclo sempre heteroxeno. É parasito habitual de ratos e raramente de seres humanos. O homem o adquire através da ingestão de insetos com larvas cisticercoides.
Patogenia
As infecções por H.nana são normalmente assintomáticas. Apenas em infecções com grande carga parasitária pode-se ter desconforto abdominal, diarreia e ataques epilépticos. Crianças com 1000 a 2000 vermes podem apresentar falta de apetite, má absorção, dores abdominais, diarreia (causada pelas lesões feitas pelos vermes na superfície da mucosa das vilosidades) e irritabilidade. Em adultos, a infecção é autolimitada devido ao sistema imunológico do hospedeiro. Há ainda descrições de manifestações cutâneas na literatura, raras e em pacientes não residentes em área endêmica.
A infecção por H.diminuta geralmente não causa nenhuma alteração orgânica e o verme é eliminado em dois meses após a infecção. 
Diagnóstico 
O diagnostico clínico é dificultado e pouco útil pela característica assintomática da doença. Entretanto, em casos de crianças com ataques epilépticos, deve-se considerar a possibilidade de uma verminose e confirmar com os testes laboratoriais.
O diagnostico laboratorial é feito por exames parasitológicos de fezes pelos métodos de rotina e busca dos ovos característicos. Métodos de concentração e a repetição dos exames aumentam as chances do diagnostico para baixas cargas parasitárias.
Tratamento 
O tratamento é feito com praziquantel 25mg/kg dose única, que causa alteração no influxo de cálcio do parasito, levando à sua paralisia e morte, ou niclosamida 40mg/kg em crianças, que interfere na fosforilação oxidativa do parasito. Os dois medicamentos são muito eficazes contra vermes adultos e quase não apresentam efeitos colaterais. Pode-se utilizar também a droga nitazoxanida, mas a mesma é menos eficiente no tratamento. 
É importante que todos os que habitam a mesma casa do paciente sejam tratados e que haja a repetição do tratamento após 10 dias, tempo suficiente para completar o desenvolvimento de larvas a adultos já que os medicamentos não funcionam sobre o estágio larvário. Deve ser feita a confirmação da cura após um mês de tratamento com o auxílio de exames de fezes. 
Epidemiologia 
A himenolepíase é uma doença cosmopolita e a infecção mais comum em humanos é pelo Hymenolepis nana. Dois fatores que facilitam a infecção são o ciclo direto do parasito, que permite a transmissão fácil entre humanos, e o curto ciclo de vida do parasito, disponibilizando rapidamente novos ovos para seguir a infecção. 
Áreas de alta densidade populacional (escolas, creches, prisões, etc.) em áreas endêmicas frequentemente apresentam altos níveis de pessoas infectadas com o H.nana. Estima-se que cerca de 50 a 75 milhões de pessoas no mundo estão infectadas com o H.nana, com prevalência de 5 a 25% em crianças nas áreas endêmicas.
Profilaxia
A profilaxia é feita com a manutenção de bons hábitos higiênicos, instalações sanitárias adequadas, saneamento básico geral e controle de insetos e roedores. O controle dos insetos, carunchos e pulgas, pode ser feito com a limpeza diária no canil e no domicílio e incinerando-se a sujeira recolhida. Além disso, é importante que todos os membros da família ou da comunidade infectada sejam tratados para evitar a reinfecção.
Considerações finais
A himenolepíase é mais uma das doenças infecciosas agravadas principalmente pela falta de saneamento básico e educação em higiene, principalmente em situações precárias e em países subdesenvolvidos. Sua prevenção é relativamente simples e, logo, seu controle é fácil. Porém, a estratificação socioeconômica das populações dificulta o acesso de melhores condições, o que dissemina ainda mais doenças como essa. Logo, a otimização da base social e econômica diminuiria a incidência não só dessa como de outras doenças infecciosas.
Há ainda uma possibilidade de imunização dos hospedeiros, humanos e roedores, contra o H.nana utilizando-se o parasito de roedores, H.diminuta. De acordo com experimentos realizados em camundongos, há uma forte imunidade cruzada entre os dois parasitos. A infecção prévia por uma das espécies impede o desenvolvimento da outra no hospedeiro devido a antigenicidade a forma larvaria (larva cisticercoide) e a forma adulta.
Referências
http://biomedicinaunic.blogspot.com/2010/11/himenolepiase.html
NEVES, David Pereira. Parasitologia Humana, 12° ed, São Paulo: Editora Atheneu, 2011.
www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/parasitas/himeno.pdf
https://www.fciencias.com/2016/12/13/himenolepiase-espaco-saude/

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