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RESUMO DAS 3 PRIMEIRAS SEMANAS embriologia

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Embriologia 
O processo de liberação do ovócito II começa por meio da ação do hipotálamo, que libera o GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofina), o qual atua na hipófise, liberando, assim, o FSH (Hormônio Folículo Estimulante) que estimula o crescimento e a maturação dos folículos ovarianos, havendo a liberação de estrógeno. Esse acaba por provocar um aumento súbito no LH, por volta do décimo quarto dia, o que provoca a liberação do ovócito II e a consequente formação do corpo lúteo, o qual é responsável por produzir progesterona, cuja função é aumentar a espessura do endométrio e preparar o útero para uma possível nidação. Cabe lembrar que o ovócito II liberado interrompe sua divisão na metáfase II, completando-a somente em contato com o espermatozoide. Então, esse ovócito II liberado está recoberto pela zona pelúcida e corona radiata (+ externa). A zona pelúcida possui funções importantes, pelo fato de ser uma camada acelular formada por glicoproteínas, delimita o tamanho do embrião, funciona como uma barreira mecânica e química, bloqueia a poliespermia, além de impedir que a mórula formada pós-segmentação se fixe na parede da tuba uterina. Já a corona radiata, funciona como filtragem dos espermatozoides e proteção do ovócito.  					
O homem, durante a ejaculação, libera o sêmen, que consiste tanto em espermatozoides quanto em secreções nutritivas, produzidas pelas glândulas seminais, próstata e glândula bulbouretrais.  O sêmen é, então, liberado no canal vaginal, dando início a “corrida” dos espermatozoides na direção do ovócito II. Como o canal vaginal é ácido, a próstata libera uma secreção que neutraliza essa acidez. Além disso, a enzima vesiculase cria um tampão cervical que impede o retorno do sêmen para a vagina; as prostaglandinas estimulam a peristalse uterina, facilitando o percurso dos espermatozoides e a frutose fornece energia para a movimentação dos espermatozoides. Em média, chegam 200 espermatozoides em torno do ovócito secundário e estes sofrem o processo de capacitação no útero ou nas tubas uterinas, em que um grupo de glicoproteínas seminais são retiradas das cabeças dos espermatozoides, deixando os espermatozoides mais ativos. Tal processo possibilita a reação acrossômica/ reação zonal, que é um evento onde há fusão entre a membrana apical do espermatozoide e a membrana externa do acrossomo, liberando enzimas, o que provoca proteólise da corona radiata e zona pelúcida. A corona radiata é desestruturada por meio da enzima hialuronidase, presente no acrossomo. Já o processo de desestruturação da zona pelúcida ocorre da seguinte forma: ZP3 é o primeiro receptor da zona pelúcida que entra em contato com uma proteína da cabeça do espermatozoide, a SED1. Com isso, há aumento de cálcio intracelular no espermatozoide, o que ocasiona a fusão do acrossomo com a membrana da cabeça do espermatozoide. Dessa forma, há a ação das enzimas liberadas pelo acrossomo – esterases, acrosina, neuraminidase, ECA e hialuronidase – que causam a lise da zona pelúcida. Com isso, quando o espermatozoide atinge o ovócito, aumenta os níveis de cálcio intracelular, o que provoca uma despolarização transitória, possibilitando, assim, a ocorrência da reação cortical. Essa consiste na ativação de grânulos corticais que vão migrar para a superfície e se fundir com a membrana do ovócito. Esses grânulos contêm enzimas lisossômicas que degradam e modificam os receptores da membrana plasmática do ovócito, mudando assim as propriedades da zona pelúcida, tornando-a impermeável a outros espermatozoides.  
Como houve o encontro do ovócito II com o espermatozoide, ocorreu a fecundação (99% dos casos ocorrem na ampola da tuba uterina). Além disso, houve a fertilização, isto é, o término da segunda divisão meiótica, antes, interrompida na metáfase II, a formação do zigoto (2n), que consiste na fusão do pronúcleo feminino com o pronúcleo masculino e a determinação do sexo do embrião. Cabe ressaltar que a cabeça e a cauda do espermatozoide entram no citoplasma do ovócito, entretanto a cauda e a bainha mitocondrial sofrem degeneração dentro do citoplasma do ovócito. A partir disso, inicia-se o período de clivagem, em que ocorrem divisões mitóticas sequenciais, formando os blastômeros (ocorre aumento do número de células, sem aumento do volume total!). Quando há cerca de 16 a 32 blastômeros, se denomina mórula. Os blastômeros da periferia da mórula começam a se diferenciar em trofoblasto, que dará, posteriormente, origem aos anexos embrionários e os do centro da mórula começam a formar junções de adesão (GAP) e sofrer o processo de compactação, o qual formará o embrioblasto – responsável pela formação do corpo do embrião. Após alguns dias, há o surgimento da cavidade blastocística/blastocele, que se dá pela entrada de líquido da cavidade uterina devido à expressão na membrana de sódio ATPase pelas células do trofoblasto. Com isso, a mórula se torna blastocisto primário. Quando há a degeneração da zona pelúcida pela enzima estripsina, pode ocorrer a nidação, uma vez que a zona pelúcida impedia essa implantação. Assim que o blastocisto tardio/maduro começa a se aderir no epitélio endometrial, há proliferação e diferenciação das células do trofoblasto em duas camadas: sinciciotrofoblasto e citotrofoblasto. O primeiro consiste em uma massa multinucleada em rápida expansão, altamente erosiva devido à presença de enzimas proteolíticas, o que facilita a invasão no endométrio materno. Além disso, produz hormônio gonadotrofina coriônica que será responsável por manter a atividade do corpo lúteo – produção de progesterona. Já o segundo é uma camada de células mononucleares mitoticamente ativas, em que as novas células migram para o sinciciotrofoblasto. A implantação do blastocisto no endométrio só se completa durante a segunda semana de desenvolvimento. Sendo assim, à medida que o sinciciotrofoblasto desloca as células endometriais, que sofrem apoptose e, assim, o blastocisto consegue se implantar no endométrio, sendo importante para esse processo a ação das enzimas proteolíticas do sinciciotrofoblasto. As células do tecido conjuntivo próximo a essa implantação se diferenciam em células secretoras metabolicamente ativas, produzindo fatores de crescimento e metabólitos (glicogênio e lipídios) que sustentarão o crescimento do embrião em implantação. Tais células são denominadas células deciduais e esse processo (reação decidual) faz-se essencial para o fornecimento de um sítio imunologicamente privilegiado para o concepto, pois gera uma rica fonte de nutrição embrionária. Na segunda semana, há a formação de um disco bilaminar, originário de uma mudança morfológica do embrioblasto, o qual forma o epiblasto e o hipoblasto. Além disso, há a formação da membrana exocelômica, que consiste em um revestimento da cavidade blastocística, formando, assim, a cavidade exocelômica. O hipoblasto, correspondente à parte ventral do embrião, é a primeira camada que se forma do disco bilaminar, sendo composta por pequenas células cuboides que formam o teto do saco vitelino primitivo. Este surge pela substituição da membrana exocelômica por células do hipoblasto. Já o epiblasto, correspondente à parte dorsal do embrião é uma camada mais espessa, constituída por células colunares altas, relacionadas com a cavidade amniótica. 
As células do saco vitelino primitivo formam uma camada de tecido conjuntivo frouxo que cresce, envolvendo o âmnio e o saco vitelino primitivo, é o mesoderma extraembrionário. Nessa camada, aparecem espaços denominados de espaços celômicos extraembrionários, que começa a dividir o mesoderma extraembrionário em dois folhetos: folheto somático do mesoderma extraembrionário (em contato com o citotrofoblasto e o âmnio) e o folheto esplâncnico (em contato com o saco vitelino primitivo). O sinciciotrofoblasto em conjunto com o citotrofoblasto e o folheto somático do mesoderma extraembrionário formam o córion.
No 10º dia, o embrião está completamente implantado. Por aproximadamente dois dias, há uma lesão, no epitélio endometrial, nolocal da penetração do blastocisto, que é preenchido por um tampão fibrinoso, um coágulo sanguíneo fibroso, o qual realiza a “cicatrização’’ do tecido. Por volta do 12º dia, o epitélio uterino recobre esse tampão.  
Ademais, aparecem lacunas no sinciciotrofoblasto, as quais são rapidamente preenchidas com uma mistura de sangue materno derivado dos capilares endometriais rompidos. O líquido nas lacunas, embriótrofo, passa por difusão para o disco embrionário. Logo, a comunicação entre os vasos maternos e as lacunas forma o início da circulação uteroplacentária. O sangue oxigenado das artérias espiraladas do endométrio passa para as lacunas e o sangue com pouco oxigênio é removido das lacunas através das veias endometriais.
O final da segunda semana é caracterizado pelo surgimento das vilosidades coriônicas primárias da placenta, que são resultados da proliferação de células do citotrofoblasto em direção ao interior do sinciciotrofoblasto, formando grupos isolados. Devido à formação dos espaços celômicos extraembrionários, o saco vitelino primitivo diminui de tamanho, formando o saco vitelino secundário. Por último, há a formação do pedículo do embrião (região do mesoderma extraembrionário em que não se formou o celoma extraembrionário), correspondendo, assim, ao local do futuro cordão umbilical.
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