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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos Hidrologia Aplicada – EHR007 Professor: Véber Afonso Figueiredo Costa TRABALHO PRÁTICO DA DISCIPLINA HIDROLOGIA APLICADA Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão Alunos: Fernanda Galvão de Paula – 2013070661 – Turma C Luísa Tavares Muzzi de Sousa – 2013027600 – Turma C Marcos Vinícius Assad de Carvalho – 2013027723 – Turma A Yara Carolina Martins – 2014129066 – Turma C Belo Horizonte, Julho de 2018 SUMÁRIO 1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................. 3 2 PARÂMETROS MORFOLÓGICOS ............................................................................... 3 3 CHUVA DE PROJETO .................................................................................................... 4 3.1 Tempo de Concentração da Bacia .............................................................................. 4 3.2 Tempo de Retorno ...................................................................................................... 5 3.3 Precipitação ................................................................................................................ 5 3.4 Hietograma de Projeto ............................................................................................... 7 4 CHUVA EFETIVA ........................................................................................................... 8 4.1 Chuva Efetiva: Condição Natural .............................................................................. 9 4.2 Chuva Efetiva: Condição de Adensamento Urbano ................................................ 10 4.3 Condição Natural versus Condição de Adensamento Urbano ................................. 12 5 HIDROGRAMA UNITÁRIO E HIDROGRAMA DE PROJETO ................................ 14 5.1 Hidrograma Unitário da Bacia Pelo Método HU Triangular do SCS ...................... 14 5.2 Convolução das Chuvas Efetivas ............................................................................. 16 5.3 Comparação dos Hidrogramas da Condição Natural e da de Adensamento Urbano .............................................................................................................................................. 18 5.4 Impactos da Simplificação do Método SCS ............................................................ 19 6 DIMENSIONAMENTO DA BACIA DE DETENÇÃO ................................................ 19 6.1 Dimensionamento de um Reservatório Retangular ................................................. 20 6.2 Avaliação do Amortecimento da Onda de Cheia ..................................................... 20 6.3 Avaliação da Profundidade Mínima para a Bacia de Detenção ............................... 25 6.4 Hidrogramas da Situação Natural, Urbanizada e Amortecida pelo Reservatório .... 25 7 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 27 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 28 Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 3 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A bacia do córrego Leitão, localizada na região Sul de Belo Horizonte ainda não foi totalmente urbanizada. Sob a Rua Marília de Dirceu, conforme Figura 1.1, há uma galeria quadrada que comporta a vazão proveniente do exutório dessa bacia. Figura 1.1 - Bacia do córrego Leitão. Espera-se a ocupação total da bacia do córrego Leitão, não sendo prevista nenhuma alteração na galeria sob a Rua Marília de Dirceu. O presente projeto tem o objetivo de avaliar o impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem atual. 2 PARÂMETROS MORFOLÓGICOS Os dados necessários a serem empregados no estudo hidrológico da bacia analisada apresentam-se dispostos na Tabela 2.1 Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 4 Tabela 2.1 - Parâmetros morfológicos da bacia do córrego Leitão. Área de drenagem 8,0 km² Comprimento do córrego Leitão 4 km Cota máxima 1050 m Cota mínima 1019 m Precipitação média anual 1450 mm 3 CHUVA DE PROJETO Durante as chuvas intensas, a maior parte da vazão que passa por um rio é a água da própria chuva que não consegue penetrar no solo e escoa imediatamente, atingindo os cursos d’água e aumentando a vazão. É desta forma que são formados os picos de vazão e as cheias ou enchentes. O escoamento rápido que ocorre em consequência direta das chuvas é chamado de escoamento superficial. 3.1 Tempo de Concentração da Bacia Uma das características de um hidrograma e do comportamento de uma bacia é o tempo de concentração, o qual pode ser definido como sendo o tempo de a água precipitada no ponto mais distante da bacia atingir a seção principal. O tempo de concentração pode ser calculado utilizando a metodologia de Kirpich, expressa na Equação 3.1 abaixo: tc = 0,0195 ∗ L 0,77 ∗ ( 𝐹 𝐿 ) −0,385 Equação 3.1 Sendo: tc - Tempo de concentração (min); L - Comprimento horizontal do curso d’água (m); F - Declividade média do curso d’água (m/m). Logo, fazendo a substituição dos parâmetros morfológicos na Equação 3.1, o tempo de concentração estipulado para a bacia do córrego Leitão será: Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 5 tc = 0,0195 ∗ (4000) 0,77 ∗ ( 1050 − 1019 4000 ) −0,385 → tc ≅ 75,21min 3.2 Tempo de Retorno O tempo de retorno de um evento hidrológico corresponde ao tempo médio necessário para que esse evento ocorra uma vez em um ano qualquer, sendo calculado como o inverso da probabilidade de excedência de uma vazão máxima de projeto. Ele é o resultado de análises de dados e é definido para obras de engenharia de acordo com os riscos e custos da mesma. Dessa forma, como a precipitação é uma variável hidrológica que apresenta muita aleatoriedade, o tempo de retorno foi pré-determinado como sendo de 25 anos. 3.3 Precipitação A precipitação de projeto ou hietograma é essencial para a previsão de cheias e dimensionamento de obras, em especial as de drenagem, tendo em vista que essa estima a maior vazão para uma bacia, a qual possui maior potencial para ocasionar enchentes. Tal precipitação foi determinada a partir da Equação 3.2, equação IDF (intensidade, duração e frequência) proposta por Guimarães Pinheiro (1997) e válida para Belo Horizonte, de maneira a estimar a intensidade da chuva associada ao tempo de retorno definido por meio da precipitação média anual local (Panual); do tempo de concentração da bacia (tc), dado em horas; e do quantil frequência de validade regional (μT,t), tabelado. O valor de μT,t é associado à duração t, em horas e ao tempo de retorno. iT,t,j = 0,76542 ∗ t −0,7059 ∗ Panual 0,5360 ∗ μT,t Equação 3.2 Para o projeto atual, o tempo de duração da chuva será considerado como sendo o dobro do tempo de concentração da bacia, logo: t = 2 ∗ tc → t = 2 ∗ 75,21 → t ≅ 150,41 min ≅ 2,51h Avaliação do impacto da mudança do usodo solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 6 A Equação 3.2 é válida para TR ≤ 200 anos e 10min ≤ t ≤ 24h, dessa forma ela pode ser aplicada à bacia do córrego Leitão. O quantil de frequência de validade regional foi obtido por interpolação dos valores expressos na Tabela 3.1, para um TR = 25 anos e uma duração de chuva t = 2,51h, conforme expressões abaixo: Tabela 3.1 - Quantis adimensionais de frequência para diversas durações de precipitação e tempos de retorno, válidos para a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Fonte: NAGHETTINI, 1997. 20 anos – 1,602 (t=2h) (50-20)anos – (1,813-1,602)h 50 anos – 1,813 (t=2h) (50-25)anos – (1,813-t2h)h t2h=1,637 20 anos – 1,610 (t=3h) (50-20)anos – (1,823-1,610)h 50 anos – 1,823 (t=3h) (50-25)anos – (1,823-t3h)h t3h=1,646 2h – 1,637 (TR=25anos) (3-2)h – (1,646-1,637)h 3h – 1,646 (TR=25anos) (3-2,51)h – (1,637- µ25,2.51) µ25,2.51=1,633 Assim, substituindo-se os valores na Equação 3.2 tem-se uma intensidade de precipitação de: i = 0,76542 ∗ (2,51)−0,7059 ∗ (1450)0,5360 ∗ 1,633 → i ≅ 32,33mm/h A precipitação de projeto será: Ptotal = i ∗ t → Ptotal = 32,33 ∗ 2,51 → Ptotal ≅ 81,05mm Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 7 3.4 Hietograma de Projeto Para a determinação do hietograma de precipitação de projeto, dividiu-se o tempo de concentração em intervalos de 15 min e obteve-se o volume precipitado em cada um deles. Para realizar o cálculo do volume de precipitação por intervalos de tempo, foi utilizada a curva de distribuição temporal das precipitações retratada na Figura 3.1. Figura 3.1 - Curva de distribuição temporal das precipitações. A Tabela 3.2 sintetiza os cálculos realizados para a determinação do hietograma e a Figura 3.2 mostra o hietograma encontrado para o projeto em questão. Tabela 3.2 - Cálculos realizados para a determinação do hietograma de projeto. Dados Cálculos Tempo Precipitação Tempo (min) Precipitação (mm) Precipitação acumulada (mm) 0 min = 0%t 0%t = 0%P 0 0,00 0,00 15 min = 10%t 10%t = 5%P 15 4,05 4,05 30 min = 20%t 20%t = 15%P 30 12,16 16,21 45 min = 30%t 30%t = 31%P 45 25,13 41,34 60 min = 40%t 40%t = 20%P 60 16,21 57,55 75 min = 50%t 50%t = 8%P 75 6,48 64,03 90 min = 60%t 60%t = 7%P 90 5,67 69,71 105 min = 70%t 70%t = 5%P 105 4,05 73,76 120 min = 80%t 80%t = 4%P 120 3,24 77,00 135 min = 90%t 90%t = 3%P 135 2,43 79,43 150 min = 100%t 100%t = 2%P 150 1,62 81,05 Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 8 Figura 3.2 - Hietograma de projeto. 4 CHUVA EFETIVA A precipitação efetiva (Pe) é obtida ao se desconsiderar da precipitação de projeto (P) a máxima capacidade de infiltração (S) e as abstrações iniciais (Ia). A precipitação efetiva pode ser determinada pela metodologia do Soil Conservation Service (SCS) expressa na Equação 4.1: Fa S = Pe P−Ia Equação 4.1 Sendo Fa a altura de chuva absorvida pela bacia. A máxima capacidade de infiltração pode ser obtida pela Equação 4.2, sendo as abstrações iniciais 20% desse valor, de acordo com recomendações do SCS. 𝑆 = 25400 𝐶𝑁 − 254 Equação 4.2 Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 9 O coeficiente CN (Curve Number) define a quantidade de chuva que irá gerar escoamento superficial durante um evento de precipitação, o qual depende do tipo de solo, uso e ocupação do solo e condição de umidade antecedente. A chuva efetiva na bacia será estimada considerando uma condição natural para a mesma e também levando em consideração o adensamento urbano previsto. 4.1 Chuva Efetiva: Condição Natural O CN estipulado para a condição natural é único e corresponde a 71, considerando que toda a bacia está inserida dentro de um único zoneamento. Substituindo o valor de CN na Equação 4.2, a máxima capacidade de infiltração para essa condição será: S = 25400 71 − 254 → S ≅ 103,75mm Dessa forma, será considerado como abstrações iniciais: Ia = 0,20 ∗ 103,75 → Ia ≅ 20,75mm Os resultados obtidos de precipitação efetiva encontram-se na Tabela 4.1, e o hietograma comparando a precipitação total e a efetiva na Figura 4.1. Tabela 4.1 - Obtenção da precipitação efetiva de projeto para a condição natural. Tempo (min) Pacum (mm) Abstrações acumuladas (mm) Pe,acum (mm) Pe (mm) Ia Fa, calculado Fa, admitido 0 0,00 0,00 -25,94 0,00 0,00 0,00 15 4,05 4,05 -19,90 0,00 0,00 0,00 30 16,21 16,21 -4,75 0,00 0,00 0,00 45 41,34 20,75 17,18 17,18 3,41 3,41 60 57,55 20,75 27,16 27,16 9,64 6,23 75 64,03 20,75 30,54 30,54 12,74 3,11 90 69,71 20,75 33,26 33,26 15,70 2,95 105 73,76 20,75 35,08 35,08 17,93 2,23 120 77,00 20,75 36,48 36,48 19,78 1,85 135 79,43 20,75 37,48 37,48 21,20 1,42 150 81,05 20,75 38,14 38,14 22,17 0,97 Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 10 Figura 4.1 - Hietograma de projeto para a condição natural. 4.2 Chuva Efetiva: Condição de Adensamento Urbano Para a condição de adensamento urbano o zoneamento da bacia é variado. Dessa forma, conforme Tabela 4.2, para cada tipo de zoneamento está associado um CN relativo a uma determinada porcentagem da área total da bacia. Assim, faz-se necessário o cálculo de um CN equivalente que seja representativo de toda a bacia, de modo a se determinar a precipitação efetiva para essa condição. Tabela 4.2 - Informações relativas ao zoneamento e CN da bacia. Zoneamento ZP-2 ZAP ZC ZPAM ZE Área da bacia (%) 28 9 56 7 0 Área (km²) 2,24 0,72 4,48 0,56 0,00 CN 82 90 94 82 65 Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 11 O CN médio calculado para a bacia, relacionando a área total com a área de cada zoneamento é: CN = 2,24 8 ∗ 82 + 0,72 8 ∗ 90 + 4,48 8 ∗ 94 + 0,56 8 ∗ 82 + 0,00 8 ∗ 65 → CN ≅ 89,44 Substituindo o valor de CN na Equação 4.2, a máxima capacidade de infiltração para essa condição será: S = 25400 89,44 − 254 → S ≅ 29,99mm Dessa forma, será considerado como abstrações iniciais: Ia = 0,20 ∗ 29,99 → Ia ≅ 6,00mm Os resultados obtidos de precipitação efetiva encontram-se na Tabela 4.3, e o hietograma comparando a precipitação total e a efetiva na Figura 4.2. Tabela 4.3 - Obtenção da precipitação efetiva de projeto para a condição de adensamento urbano. Tempo (min) Pacum (mm) Abstrações acumuladas (mm) Pe,acum (mm) Pe (mm) Ia Fa, calculado Fa, admitido 0 0,00 0,00 -7,50 0,00 0,00 0,00 15 4,05 4,05 -2,08 0,00 0,00 0,00 30 16,21 6,00 7,62 7,62 2,59 2,59 45 41,34 6,00 16,22 16,22 19,12 16,52 60 57,55 6,00 18,96 18,96 32,59 13,47 75 64,03 6,00 19,77 19,77 38,26 5,67 90 69,71 6,00 20,39 20,39 43,32 5,06 105 73,76 6,00 20,79 20,79 46,97 3,65 120 77,00 6,00 21,08 21,08 49,92 2,95 135 79,43 6,00 21,29 21,29 52,14 2,22 150 81,05 6,00 21,43 21,43 53,63 1,49 Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 12Figura 4.2 - Hietograma de projeto para a condição de adensamento urbano. 4.3 Condição Natural versus Condição de Adensamento Urbano É perceptível que o adensamento urbano contribuirá fortemente para o aumento do escoamento superficial que chega no exutório e, consequentemente, para a elevação da vazão de pico. As figuras 4.3 e 4.4 demonstram a diferença existente entre o escoamento superficial gerado na condição natural e aquele na condição de adensamento urbano, visto o total de precipitação na bacia. Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 13 Figura 4.3 - Precipitação efetiva acumulada: condição natural x condição de adensamento urbano. Figura 4.4 - Hietograma de precipitação total e efetiva - Condição natural e de adensamento urbano. Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 14 5 HIDROGRAMA UNITÁRIO E HIDROGRAMA DE PROJETO 5.1 Hidrograma Unitário da Bacia Pelo Método HU Triangular do SCS O hidrograma unitário do SCS depende apenas do parâmetro tempo de concentração tc, e é especificado pela vazão de pico (qp) e pelo tempo de pico (tp). A Figura 5.1 ilustra o modelo, sendo td o tempo de descida e tB o tempo de base. Figura 5.1 – Modelo do hidrograma triangular do SCS. Os parâmetros são calculados da seguinte maneira: ∆t = tc / 5 = 1,2535 / 5 = 0,25 horas tp = ∆t / 2 + 0,6 tc = 0,25/2 + 0,6 * 1,2535 = 0,88 horas td = 1,67 tp = 1,67 * 0,88 = 1,47 horas tB = tp + td = 0,88 + 1,47 = 2,35 horas qp = 2,08A / tp = (2,08 * 8,0) / 0,88 = 18,91 m 3 /s.cm = 1,89 m 3 /s.mm Sendo A = Área de drenagem da bacia (km 2 ) Utilizando-se os pontos do gráfico, calcula-se as equações de subida e descida (y = ax + b): Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 15 Equação de subida: q = 2,1477x Equação de descida: q = -1,2857x + 3,0214 Com base nas equações, calcula-se os pontos do hidrograma unitário. Os resultados se encontram na Tabela 5.1. Tabela 5.1 – Pontos do hidrograma unitário. Tempo (h) Vazão q (m³/s.mm) 0,00 0,00 0,25 0,54 0,50 1,07 0,75 1,61 0,88 1,89 0,00 1,74 1,25 1,41 1,50 1,09 1,75 0,77 2,00 0,45 2,25 0,13 2,35 0,00 O hidrograma unitário obtido pode ser visto na Figura 5.2. Figura 5.2 – Hidrograma unitário do SCS. Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 16 5.2 Convolução das Chuvas Efetivas A partir dos dados do item anterior faz-se a convolução para a condição natural e a de adensamento urbano. Os resultados se encontram nas tabelas 5.2 e 5.3 e nas figuras 5.3 e 5.4. Tabela 5.2 – Convolução para a condição natural. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0,6 1,1 1,7 1,9 1,7 1,3 1,0 0,7 0,3 0 0 0,0 0,0 1 3,41 1,9 0,0 1,9 2 6,23 3,5 3,8 0,0 7,3 3 3,11 1,7 7,0 5,7 0,0 14,5 4 2,95 1,7 3,5 10,5 6,4 0,0 22,1 5 2,23 1,3 3,3 5,2 11,8 5,7 0,0 27,3 6 1,85 1,0 2,5 5,0 5,9 10,5 4,6 0,0 29,4 7 1,42 0,8 2,1 3,8 5,6 5,2 8,4 3,4 0,0 29,2 8 0 0,0 1,6 3,1 4,2 5,0 4,2 6,3 2,3 0,0 26,6 9 0,0 2,4 3,5 3,7 4,0 3,1 4,2 1,1 22,1 10 0,0 2,7 3,1 3,0 3,0 2,1 2,1 15,9 11 0,0 2,4 2,5 2,2 2,0 1,0 10,1 12 0,0 1,9 1,9 1,5 1,0 6,3 13 0,0 1,4 1,2 0,7 3,4 14 0,0 1,0 0,6 1,6 15 0,0 0,5 0,5 16 0,0 0,0 ∆t (h) Pe (mm) Q (m 3 /s) Condição Natural Ordenadas do HU (m 3 /sxmm) Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 17 Figura 5.3 – Hidrograma para a condição natural. Tabela 5.3 – Convolução para a condição de adensamento urbano. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0,6 1,1 1,7 1,9 1,7 1,3 1,0 0,7 0,3 0 0 0,0 0,0 1 2,59 1,5 0,0 1,5 2 16,52 9,3 2,9 0,0 12,2 3 13,47 7,6 18,5 4,4 0,0 30,4 4 5,67 3,2 15,1 27,8 4,9 0,0 51,0 5 5,06 2,8 6,4 22,7 31,2 4,3 0,0 67,4 6 3,65 2,0 5,7 9,5 25,5 27,7 3,5 0,0 73,9 7 2,95 1,7 4,1 8,5 10,7 22,6 22,2 2,6 0,0 72,4 8 2,22 1,2 3,3 6,1 9,6 9,5 18,1 16,6 1,7 0,0 66,2 9 1,49 0,8 2,5 5,0 6,9 8,5 7,6 13,6 11,1 0,9 56,8 10 0 0,0 1,7 3,7 5,6 6,1 6,8 5,7 9,0 5,5 44,2 11 0,0 2,5 4,2 5,0 4,9 5,1 3,8 4,5 30,0 12 0,0 2,8 3,7 4,0 3,7 3,4 1,9 19,5 13 0,0 2,5 3,0 3,0 2,5 1,7 12,6 14 0,0 2,0 2,2 2,0 1,2 7,4 15 0,0 1,5 1,5 1,0 4,0 16 0,0 1,0 0,7 1,7 17 0,0 0,5 0,5 18 0,0 0,0 Ordenadas do HU (m 3 /sxmm) ∆t Pe (mm) Q (m 3/s) Situação de adensamento urbano Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 18 Figura 5.4 – Hidrograma para a condição de adensamento urbano. 5.3 Comparação dos Hidrogramas da Condição Natural e da de Adensamento Urbano A Figura 5.5 apresenta a comparação entre os hidrogramas da condição natural e da de adensamento urbano. Percebe-se que o pico de vazão para a condição de adensamento urbano é significativamente maior, evidenciando a influência do adensamento. Figura 5.5 – Comparação entre os hidrograma de condição natural e de urbanização. Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 19 5.4 Impactos da Simplificação do Método SCS O método SCS faz uso do coeficiente CN. Este, por sua vez, representa uma situação média que pode diferir da real situação encontrada na prática. Além disso, a equação utilizada não leva em conta o tempo, a duração da chuva, nem sua intensidade. Por fim, a abstração inicial, Ia, foi obtida considerando bacias de regiões agrícolas, que diferem de regiões urbanas, portanto pode haver superestimação ou subestimação da perda de água (Tomaz, 2011). 6 DIMENSIONAMENTO DA BACIA DE DETENÇÃO A bacia de detenção é uma estrutura que tem por objetivo regular as vazões pluviais efluentes de uma bacia hidrográfica. A infiltração não é o aspecto principal da bacia e sim a detenção do escoamento, permitindo a transferência de vazões compatíveis com o limite tolerado pela rede de drenagem ou curso d’água existente. Para minimizar os efeitos da urbanização, será construída então uma bacia de detenção no cruzamento da Avenida do Contorno com Rua Marília de Dirceu que funcionará sobre pressão, com capacidade de descarga governada pela equação de orifícios, apresentada a na Equação 6.1: Q = Cd A √2 g H Equação 6.1 Onde: Q = Vazão de descarga (m³/s); Cd = Coeficiente de descarga; A = Área do orifício de descarga (m²); g = Aceleração da gravidade (m/s²); H = Carga hidráulica sobre o orifício, correspondente ao nível d’água na bacia de detenção. Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 20 6.1 Dimensionamento de um Reservatório Retangular O reservatório deve ser dimensionado de maneira que sua capacidade seja suficiente para fazer com que o pico do hidrograma na situação urbanizada seja igual ao pico de vazão da situação natural. Os dados fornecidos para este dimensionamento são os seguintes: Coeficiente de descarga: 0,61 Largura máxima do reservatório: 300 m A = Área do orifício de descarga: 4m² Nos próximos itens será explicado como foram adotadas as dimensões do reservatório. 6.2 Avaliação do Amortecimento da Onda de Cheia Adotou-se o método de Puls de propagação em reservatórios para avaliar o amortecimento da onda de cheia,o qual parte da equação fundamental da hidrologia e a discretiza em intervalos de tempos, como mostrado a seguir, onde S é o volume armazenado pela bacia de detenção, I é a vazão que chega na bacia e Q a vazão que sai da mesma. dS dt = I – Q Si + 1 – Si Δt = Ii + 1 – Ii 2 – Qi + 1 – Qi 2 2 Si + 1 – Si Δt = (Ii + 1 – Ii ) – (Qi + 1 – Qi ) 2Si + 1 Δt + Qi + 1 = (Ii + 1 – Ii ) + ( 2Si Δt – Qi ) 2Si + 1 Δt + Qi + 1 = (Ii + 1 – Ii ) + [( 2Si Δt + Qi ) – 2Qi ] Através deste método, é realizada a diferença entre os hidrogramas de entrada e de saída como sendo a variação do armazenamento no tempo. Portanto, o amortecimento é calculado com o auxílio de uma curva cota-volume de armazenamento, parametrizada para um reservatório retangular. Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 21 A cada cota de armazenamento é calculada uma vazão de descarga de orifícios, dada uma galeria de descarga quadrada de (2 x 2) m localizada ao fundo da bacia de detenção e fazendo uso da Equação 6.1. A partir da variação do nível d’água na bacia, calculada através de uma planilha Excel, foi obtido o valor de vazão associada, até que essa vazão fosse igualada à vazão de pico da condição natural da bacia. Em complemento, foi calculado o armazenamento associado a cada cota (Tabela 6.2) e do parâmetro [(2S/∆t) + Q] que irá gerar a curva auxiliar para a determinação da propagação de cheia (Figura 6.3). Com o auxílio do Visual Basic for Applications (VBA) implementado no Excel, elaborou- se um código capaz de calcular todo o amortecimento da onda de cheia no tempo para cada combinação de largura e comprimento pré-estabelecida, retornando, assim, o valor máximo que a descarga pelo orifício poderá assumir, bem como a cota máxima atingida pela água. Percebe-se que a defluência está diretamente relacionada à área em planta do reservatório, e para uma defluência de 30,0 m³/s essa área é de 35721,0 m². É sabido que o menor perímetro que figuras geométricas retangulares de mesma área pode assumir é relativo a um quadrado. Assim, visando à economia de concreto armado para a construção dessa bacia, tem- se que a dimensão mais econômica é de 189 m de largura por 189 m de comprimento. Apesar de econômica, a altura necessária para a opção acima seria de aproximadamente 8,7 m, entretanto, para o caso em questão, paredes com essa altura ficariam esteticamente inviáveis. Portanto, testaram-se novas hipóteses as quais retornaram uma elevação máxima de aproximadamente 4 m, referente a uma altura de parede de 5 m. Considerou-se aqui que o fundo do canal está a aproximadamente 3,5 m de profundidade. A Tabela 6.1 resume as possíveis combinações de comprimento e largura que fornecem valores de deflúvios aproximados de 30,0 m³/s e valores de elevações com aproximadamente 4 m. Para cálculo do volume aproximado de concreto armado, considerou-se a espessura da base de 20 cm e das paredes de 30 cm. Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 22 Tabela 6.1 - Resumo da vazão para diferentes valores de largura e comprimento. Largura Comprimento Área Perímetro Maior Defluência Elevação Máxima Volume de Concreto (m) (m) (m²) (m) (m³/s) (m) (m³) 300 120 36000 840 29,91 7,66 14739 270 130 35100 800 30,20 7,81 14318 250 143 35750 786 29,99 7,70 14237 230 156 35880 772 29,95 7,68 14121 189 189 35721 756 30,00 7,71 13964 190 190 36100 760 29,88 7,65 14030 300 300 90000 1200 20,84 3,72 24032 290 290 84100 1160 21,43 3,93 22898 Analisando os valores da Tabela 6.1, optou-se por adotar as dimensões relativas a uma altura de parede que ficaria mais bem ajustada com a estética local, apesar de se ter um gasto muito maior com concreto e espaço ocupado em área. Em relação ao tamanho da bacia (8,0 km²), o reservatório estará ocupando uma área de apenas 1,05% e quanto ao comprimento do córrego principal (4 km), ele ocupará os últimos 7,25% do percurso. As figuras 6.1 e 6.2 representam a esquematização das dimensões adotadas do reservatório (290 x 290 x 5)m. Figura 6.1 – Arquitetura conceitual, em escala, do reservatório e do canal. Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 23 Figura 6.2 – Elevação da ligação do reservatório com o canal. A Tabela 6.2 e a Figura 6.1, citadas anteriormente, estão expostas a seguir com valores parametrizados para as dimensões adotadas de 290 m de largura por 290 m de comprimento. Tabela 6.2: Armazenamento e descarga em função do nível d’agua na bacia de detenção. Elevação Defluência (Q) Armaz. (S) (2S/t)+Q Elevação Defluência (Q) Armaz. (S) (2S/t)+Q (m) (m³/s) (m³) (m³/s) (m) (m³/s) (m³) (m³/s) 0,00 0,00 0,0 0 5,50 25,35 462550 1053 0,50 7,64 42050 101 6,00 26,47 504600 1148 1,00 10,81 84100 198 6,50 27,55 546650 1242 1,50 13,24 126150 294 7,00 28,59 588700 1337 2,00 15,28 168200 389 7,50 29,60 630750 1431 2,50 17,09 210250 484 8,00 30,57 672800 1526 3,00 18,72 252300 579 8,50 31,51 714850 1620 3,50 20,22 294350 674 9,00 32,42 756900 1714 4,00 21,62 336400 769 9,50 33,31 798950 1809 4,50 22,93 378450 864 10,00 34,18 841000 1903 5,00 24,17 420500 959 10,50 35,02 883050 1997 Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 24 Figura 6.3 - Curva auxiliar para a determinação da propagação de cheia. A Tabela 6.3 foi elaborada a partir das tabelas e gráficos auxiliares acima e com as equações do método de Puls. Tabela 6.3: Armazenamento e descarga em função do nível d’agua na bacia de detenção. Índice t I Ii+1+Ii 2Si/t-Qi 2Si+1/t+Qi+1 Q temporal i (min) (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s) 1 0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,00 2 15 1,5 1,5 1,3 1,5 0,11 3 30 12,2 13,7 12,7 15,0 1,13 4 45 30,4 42,6 46,9 55,3 4,18 5 60 51,0 81,4 111,3 128,3 8,54 6 75 67,4 118,4 206,4 229,7 11,62 7 90 73,9 141,3 318,9 347,7 14,40 8 105 72,4 146,3 431,8 465,2 16,73 9 120 66,2 138,6 533,3 570,4 18,57 10 135 56,8 123,0 616,4 656,3 19,93 11 150 44,2 101,0 675,7 717,4 20,85 12 165 30,0 74,2 707,2 749,9 21,33 13 180 19,5 49,5 713,9 756,7 21,43 14 195 12,6 32,1 703,4 746,0 21,27 15 210 7,4 20,0 681,5 723,4 20,94 16 225 4,0 11,4 651,9 692,9 20,49 17 240 1,7 5,7 617,7 657,6 19,96 18 255 0,5 2,2 581,2 619,9 19,36 19 270 0,0 0,5 544,2 581,7 18,76 20 285 0,0 0,0 508,0 544,2 18,12 21 300 0,0 0,0 473,0 508,0 17,49 22 315 0,0 0,0 439,2 473,0 16,87 23 330 0,0 0,0 406,8 439,2 16,23 Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 25 6.3 Avaliação da Profundidade Mínima para a Bacia de Detenção Sabe-se que a galeria existente é quadrada, com 2 m de lado, e possui uma capacidade máxima de vazão de 30 m³/s. A mesma funciona como um orifício, assim, sua carga hidráulica máxima, Hmáx, é calculada a partir da Equação 6.1: 30 = 0,61 𝑥 4 √2 𝑥 9,81 𝑥 𝐻 Hmáx = 7,7m Portanto, a altura máxima que o reservatório poderá ter é de aproximadamente 8,7 m, visto que a carga hidráulica de um orifício é medida a partir de sua altura média. 6.4 Hidrogramas da Situação Natural, Urbanizada e Amortecida pelo Reservatório As figuras 6.4 e 6.5 a seguir representam os hidrogramas para os reservatórios quadrados de largura 189 m e comprimento290 m. Figura 6.4 – Hidrogramas da situação natural, urbanizada e amortecida pelo reservatório de lado 189m. Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 26 Figura 6.5 – Hidrogramas da situação natural, urbanizada e amortecida pelo reservatório de lado 290m. Apesar do deflúvio máximo do reservatório de lado 189 m ser o mesmo da condição natural, sua altura inviabilizou o projeto, adotando portando o reservatório quadrado de lado 290 m com um deflúvio máximo de 21,4 m³/s. A presença do mesmo possibilitou a melhor distribuição do fluxo de água ao longo do tempo, amortecendo as eventuais cheias que possam vir a atingir a bacia, além de reduzir a vazão de pico, preservando assim a estrutura e funcionalidade do canal sob a Rua Marília de Dirceu. É interessante observar que as áreas abaixo dos gráficos de condição urbanizada e de condição amortecida são as mesmas, representando que ao longo do tempo o mesmo volume de água passou pelo exutório da bacia. Isso ocorre porque não foi considerada a evaporação ou outras perdas no sistema. Percebe-se também que a intercessão dessas duas curvas ocorre no ponto máximo da condição amortecida, a diferença entre as curvas antes desse ponto representa o volume armazenado pelo reservatório e a diferença após esse ponto, o volume de água liberado pelo reservatório. Também é possível notar que, com a urbanização e consequente impermeabilização do solo, o volume de escoamento superficial aumentou consideravelmente, atingindo rapidamente o exutório e gerando volumes de aproximadamente 150% maiores que na condição natural, que por sua vez possui um maior volume de água sendo infiltrado e menor Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 27 volume escoando superficialmente. Essa água infiltrada escoa abaixo da superfície com velocidades inferiores, demorando mais tempo para chegar no exutório. 7 CONCLUSÃO Através deste trabalho, foi possível aprender um pouco mais sobre chuvas de projeto, abstrações hidrológicas, escoamento superficial, chuva efetiva, método SCS e hidrograma unitário, colocando em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula. Foi possível também analisar o impacto causado pela mudança do uso do solo no sistema de drenagem de uma bacia hidrológica natural e perceber como são sensíveis alguns parâmetros, como o CN, e o quão importante é uma escolha cautelosa de seu valor. Buscou-se no geral, através de uma situação bem semelhante à realidade, trabalhar com dados de entrada e assim propor a melhor solução para um problema muito comum nos dias atuais: a urbanização excessiva e consequente impermeabilização quase que total do solo. Avaliação do impacto da mudança do uso do solo no sistema de drenagem da bacia do córrego Leitão 28 REFERÊNCIAS NAGHETTINI, Mauro. Notas de Aula de Hidrologia Aplicada. Editora UFMG, 1997. TOMAZ, Plínio. Infiltração usando o método do número da curva CN do SCS. Disponível em: <http://www.pliniotomaz.com.br/downloads/livros/livro_infiltracao/capitulo128.pdf>. Acesso em: 16 de jun. de 2018.
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