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Tipos de Pesquisa Científica

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4 TIPOS DE PESQUISA 
Prof. Ms. COSME LUIZ CHINAZZO1 
 
 
INTRODUÇÃO 
A pesquisa científica é o resultado de um trabalho humano na qual 
aplicou-se as competências e habilidades intelectuais de forma metódica, 
sistemática, disciplinada, utilizando métodos e técnicas sobre um determinado 
objeto ou fenômeno. 
Com este capítulo temos os seguintes objetivos levar o estudante a 
entender o que é a pesquisa científica, compreender que existem diferentes 
tipos de pesquisa e conhecer as principais características, vantagens e 
limitações de cada tipo de pesquisa. 
4.1 O QUE É PESQUISA CIENTÍFICA 
 Para entendermos a importância e a função da pesquisa científica, 
fazemos uma comparação com o trabalho. O que é o trabalho? É a capacidade 
e o poder que o ser humano tem de transformar o mundo e o próprio homem 
com o objetivo de conquistar o que precisa, para satisfazer suas necessidades 
vitais, em dimensão material, social, psicológica e espiritual. 
Tendo isso como pressuposto, podemos afirmar que o homem tem poder 
de criar suas condições de existência e, ao produzir suas condições reais e 
concretas de vida, simultaneamente, produz também o conhecimento. 
Nesse sentido, o conhecimento é resultado do trabalho do homem, que 
é realizado por pesquisadores, os quais se dedicam a investigar o mundo 
concreto e os outros homens, com o propósito de desvendarem os mistérios e 
os elementos constitutivos dos mesmos. 
Desvendar, descobrir, desvelar, demonstrar, investigar, buscar novas 
explicações, eis apenas alguns dos verbos que caracterizam o trabalho do 
pesquisador. Pesquisar é o ato pelo qual os homens que o praticam produzem 
ideias, representações, explicações e conceitos, dando sentido e significações 
ao mundo e ao existir humano. 
 
1 Possui graduação de LICENCIATURA PLENA EM FILOSOFIA pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora da 
Imaculada Conceição – Viamão/RS; Especialização SENSU LATO em ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL; 
MESTRADO EM EDUCAÇÃO pela UFRGS. Atualmente é professor na UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL 
– ULBRA - Canoas/RS, na modalidade EAD, atuando em vários cursos e na modalidade presencial 
ministrando a disciplina de Instrumentalização Científica. 
Entendemos que a excelência da pesquisa é a produção do novo, novas 
verdades, novas ideias, novos conceitos, novas teorias que, consequentemente, 
conduzem a humanidade para novas ações, novas práticas transformadoras que 
caracterizam dinâmica da evolução da humanidade. Podemos afirmar que, onde 
não existe a pesquisa, não acontece a evolução, pois não surgem novidades, 
permanece sempre no mesmíssimo. 
Pesquisar possui uma dimensão grandiosa, a de buscar algo a mais do que 
aquilo que já conhecemos. É trabalhar como o propósito de produzir novos 
conhecimentos, porque o conhecimento é algo dinâmico que não está 
definitivamente pronto, ao contrário, se constrói, é passível de alterações. 
Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e 
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas 
aos problemas propostos. A pesquisa é requerida quando 
não se dispõe de informação suficiente para responder o 
problema, ou então quando a informação disponível se 
encontra em tal estado de desordem, que não possa ser 
adequadamente relacionada ao problema. (GIL, 2010, 
p.1). 
Conforme essa concepção de Gil a pesquisa científica é um processo de 
investigação que consiste em conhecer qualquer coisa. Ela inicia com a 
percepção de um problema a respeito do qual têm-se informações insuficientes 
ou as informações existentes não respondem os novos questionamentos. A 
pesquisa científica desenvolve-se a partir dos conhecimentos existentes, passa 
por inúmeras fases, etapas, desde a formulação do problema até a satisfatória 
apresentação de resultados. 
Devemos salientar que Gil inicia essa definição dizendo que ‘pode-se 
definir’, assim, não fecha o conceito como sendo único e universal, pois outros 
autores definem pesquisa com enunciado próprio. No entanto, é muito comum 
entre os autores a concepção de que a pesquisa científica exige um 
‘procedimento racional e sistemático’, isto é, requer utilização de técnicas 
adequadas de investigação, processadas com o filtro das capacidades racionais 
e ordenadas com método sistematizado que investigue com rigor condizente 
com as exigências da cientificidade. 
O principal objetivo da pesquisa científica é ‘proporcionar resposta aos 
problemas propostos’. Uma das características do conhecimento científico é 
que ele sempre nasce de uma dúvida, ou seja, de questionamentos que não 
encontram respostas adequadas nos conhecimentos disponíveis, neste sentido, 
a pesquisa científica tem a função de buscar respostas, isto é, novos 
conhecimentos confiáveis e fidedignas que deem conta aos questionamentos 
que originaram a investigação. 
Salientamos que as diferentes áreas do conhecimento humanos trabalham 
com métodos e técnicas próprios, ou seja, procedimentos metodológicos 
adotados em pesquisas da Biologia são distintos dos métodos e técnicas 
adotadas pelos pesquisadores na área da Engenharia. Evidentemente todos 
pesquisadores sempre deverão atuar com os devidos cuidados para que os 
processos de investigações sejam conduzidos observando as exigências do rigor 
científico visando demonstrar e comprovar suas descobertas com argumentos e 
justificativa fidelidade e credibilidade que caracterizam a cientificidade. 
4.2 QUALIDADES DO PESQUISADOR 
O êxito da pesquisa científica dependerá muito da capacitação e de 
algumas qualidades intelectuais e culturais que o pesquisador deverá possuir, 
segundo Gil (2010, p.2), tais qualidades são: 
a) conhecimentos do assunto a ser pesquisado; 
b) curiosidade; 
c) criatividade; 
d) integridade intelectual; 
e) atitude autocorretiva; 
f) sensibilidade social; 
g) imaginação disciplinada; 
h) perseverança e paciência; 
i) confiança na experiência. 
 
4.3 TIPOS DE PESQUISAS 
Não existe uma classificação universal e clássica a respeito dos diferentes 
tipos de pesquisa. Os autores não adotam um sistema único para relacionar os 
tipos de pesquisa. Por apresentar uma abordagem mais didática e completa, 
optamos por adotar o sistema elaborado por Gil (2010, p. 29-43). Segundo esse 
autor os tipos de pesquisa são: bibliográfica, documental, experimental, estudo 
de coorte, pesquisa ex-post facto, levantamento, estudo de campo, pesquisa 
etnográfica, estudo de caso, pesquisa fenomenológica, pesquisa-ação e 
pesquisa de opinião. 
4.3.1 Pesquisa bibliográfica 
A pesquisa bibliográfica é realizada fundamentalmente a partir de 
leituras de textos já existentes. São leituras sistematizadas e realizadas com 
procedimentos metodologicos e técnicas adequadas, normalmente, exige fazer 
anotações, elaborar fichas de leitura ou resumos ou, ainda, fluxogramas dos 
textos lidos. Esses procedimentos poderão ser úteis na fundamentação teórica 
da pesquisa. 
Salientamos que a pesquisa bibliográfica será requerida por quqlquer 
pesquisador que for realizar uma pesquisa científica, ou seja, é atraves da 
pesquisa bibliografica que os pesquisadores buscam referenciais teóricos para 
fundamentar suas ações de investigação. Antes da leitura, deve-se submeter os 
textos a uma triagem para, a partir daí, estabelecer um plano de leitura. 
Cumpre frisar que este tipo de pesquisa é realizado a partir de material 
já elaborado e, preferencialmente, deve fundamentar-se em obras originais. A 
leitura dos originais é de imperiosa importância, pois as traduções nem sempre 
correspondem à integra dos originais. 
É importante salientar que toda pesquisa científica, mesmo a 
bibliográfica, deveser planejada. E no seu planejamento e execução, a 
pesquisa bibliográfica requer, entre outros, os seguintes procedimentos: 
a) definição do tema e problematizarão do mesmo; 
b) estabelecer os objetivos; 
c) identificação das fontes de informação, tais como livros, periódicos etc.; 
d) localização e obtenção das fontes em bibliotecas, livrarias, museus, arquivos 
etc.; 
e) leitura e análise dos textos selecionados; e 
f) no final, a redação do relatório de pesquisa, ou seja, a comunicação dos 
resultados. 
4.3.2 Pesquisa documental 
A principal característica da pesquisa documental é que o pesquisador 
trabalha com materiais e/ou documentos que nunca foram analisados por 
outros pesquisadores, por isso, segundo Gil (2007, 45), a pesquisa documental 
diferencia-se da pesquisa bibliográfica pela natureza das fontes, pois utiliza 
materiais que ainda não receberam um estudo analítico ou interpretativo, ou 
seja, documentos ou objetos de primeira mão, esses materiais podem ser os 
mais variados possíveis, entre eles podemos mencionar: documentos oficiais, 
cartas, contratos, atas, reportagens, filmes, fotografias, diários, desenhos, 
relatórios técnicos, pinturas, músicas, objetos de arte, indumentárias etc. Via 
de regra, esses documentos ou objetos são encontrados em arquivos de órgãos 
públicos ou em instituições privadas (associações, cartórios, igrejas, sindicatos, 
partidos políticos etc.). 
Aqui o conceito de documento “é bastante amplo, já que este pode ser 
constituído por qualquer objeto capas de comprovar algum fato ou 
acontecimento” GIL, 2010, p. 31). Por exemplo, para um historiador cartas e 
fotográficas poderão ser objeto de estudo para construir a árvore genealógica 
de uma família, enquanto que um antropólogo poderá analisar letras de músicas 
para compreender traços culturais de um determinado povo. 
 A principal vantagem da pesquisa documental é de que os documentos 
nela trabalhados, normalmente “constituem fonte rica e estável de dados. 
Como os documentos subsistem ao longo do tempo, tornam-se a mais 
importante fonte de dados em qualquer pesquisa de natureza histórica” (GIL, 
2007, p.46). 
 Alguns críticos alertam para os aspectos da subjetividade na análise e 
interpretação que poderão tornar-se pouco representativos e comprometer os 
resultados da pesquisa. 
4.3.3 Pesquisa experimental 
De acordo com Gil, a pesquisa experimental 
[...]. Consiste essencialmente em determinar um objeto 
de estudo, selecionar as variáveis capazes de influenciá-lo 
e definir as formas de controle e de observação dos efeitos 
que a variável produz no objeto. Trata-se, portanto, de 
uma pesquisa em que o pesquisador é um agente ativo, e 
não um observador passivo. (2010, p. 32). 
 A pesquisa experimental está significativamente relacionada às ciências 
naturais e, com certeza, o método experimental foi o principal responsável por 
grandes avanços científicos. Talvez por isso, muitas pessoas são levadas a uma 
concepção errônea, de que a experimentação fica restrita ao âmbito 
laboratorial, quando na verdade, sabemos que ela pode ser executada em 
diferentes situações e lugares. Basta lembrar, por exemplo, a psicologia 
comportamentalista que se utiliza muito de estudos experimentais. 
Evidentemente a pesquisa experimental exige o uso de técnicas e instrumentos 
que possam viabilizar resultados sólidos. Em função disso o pesquisador 
experimental trabalha com manipulação, observação e controle direto sobre os 
elementos em experimentação. 
Uma das principais características do estudo experimental é que um 
experimento pode ser processado de diversas formas, bem como apresenta 
condições de ser repetido, uma vez que se tenha pretensão de encontrar o 
mesmo resultado. 
O processo de experimentação pode ser representado 
esquematicamente, ou seja, se X é o objeto estudado, mas que em situações 
não experimentais acusa os elementos W, Y, Z e H, mas: 
W, Y e Z → conduzem a produção de X; 
W, Y e H → não conduzem a produção de X; 
Y, Z e H → conduzem a produção de X; 
Logo, conclui-se que o elemento Z é condição essencial na produção de X. 
 Silva (2005, p. 51), nos fornece um belo exemplo de situação em que 
pode ocorrer uma pesquisa experimental: 
Em uma pesquisa sobre o comportamento dos funcionários 
da produção de uma fábrica, o objeto de estudo é o 
comportamento dos funcionários da produção daquela 
fábrica. Se pretende-se fazer uma pesquisa experimental, 
é preciso interferir na realidade daqueles funcionários, por 
exemplo, mudando ou invertendo as posições das 
máquinas com as quais trabalham ou manipulando a 
temperatura ambiente, ou mudando seus horários de 
intervalo, enfim, será verificado o que acontece quando 
se modifica alguma coisa, quando se manipula as variáveis. 
As vantagens da pesquisa experimental são muitas, em função do seu 
elevado grau de clareza, precisão e objetividade nos resultados. Enquanto que 
sua maior limitação reside na dificuldade em ser aplicada em fenômenos 
sociais. 
4.3.4 Pesquisa ex-post facto 
Esse tipo de pesquisa consiste no estudo sobre algo que já aconteceu, ou 
seja, sobre fenômenos ou fatos que ocorreram e causaram repercussão 
significativa — tais como: catástrofes, atentados, epidemias e outros — e, logo 
após a ocorrência, deseja-se estudar e conhecer melhor tal acontecimento. 
Procura-se não só determinar como é o fenômeno, mas principalmente, de que 
maneira e por que ocorreu. 
Em muitos casos na busca das causas do fenômeno, o pesquisador pode 
trabalhar com estudos experimentais. Nestes casos, trabalha-se com o controle 
de variáveis, mesmo que a experimentação seja processada depois que os fatos 
aconteceram. 
A pesquisa ex-post facto é de grande utilidade para as ciências sociais, 
pois presta-se para investigar casos de crises econômicas, atos de violência, por 
exemplo: violência nas escolas, violências nos esportes etc. 
4.3.5 Estudo de coorte 
Estudo de coorte é um tipo de pesquisa largamente utilizado em estudos 
que envolvem os conhecimentos na área das ciências da saúde. 
Estudo de coorte refere-se a um grupo de pessoas que têm 
alguma característica comum, constituindo uma amostra a 
ser acompanhada por certo período de tempo, para se 
observar e analisar o que acontece com elas. (GIL, 2010, 
p.33-34). 
Na pesquisa de coorte trabalha-se com dois grupos, um será o grupo de 
experiências e outro será o grupo de controle. Por exemplo, em um hospital 
pretende-se investigar se jogos lúdicos, brincadeiras e recreação auxiliam a 
recuperação de crianças internadas. Então, forma-se dois grupos de crianças 
internadas: para o primeiro grupo serão propiciados momentos de jogos lúdicos, 
brincadeiras e recreação; enquanto que para o outro não serão fornecidas tais 
atividades. Assim, a partir de um planejamento sistematizado e com método 
adequado faz-se a comparação da evolução do quadro clínico das crianças, 
podendo-se, a partir disso, extrair as devidas conclusões. 
As limitações mais frequentes com as pesquisas de coorte, segundo Gil, 
“referem-se à não-utilização do critério de aleatoriedade na formação dos 
grupos de participantes. Outra limitação manifesta-se em estudos onde a 
amostra necessita ser muito grande, isso faz com que a pesquisa se torne muito 
onerosa”. (2010, p.34). 
4.3.6 Pesquisa de levantamento 
A principal característica desse tipo de pesquisa é a busca por conhecer 
aspectos importantes do comportamento humano. Segundo Gil, 
As pesquisas de levantamento caracterizam-se pela 
investigação direta das pessoas cujo comportamento se 
deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação 
de informações a um grupo significativode pessoas acerca 
do problema estudado para, em seguida, mediante análise 
quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes 
aos dados coletados. (2010, p.35). 
Portanto, as conclusões extraídas a partir de uma amostragem 
selecionada do universo em estudo, serão projetadas para a totalidade desse 
universo. Nos casos em que o levantamento é realizado recolhendo informações 
diretamente com todos os elementos do universo pesquisado, então temos um 
censo. 
Entre as principais vantagens da pesquisa de levantamento, Gil (2010, p. 
36), aponta o conhecimento direto da realidade estudada; a quantificação — 
isto é, a possibilidade de quantificar variáveis e analisar os dados 
estatisticamente —, bem como a economia e rapidez para levantar os dados da 
pesquisa. 
Já uma das limitações do levantamento é quando o pesquisador se 
prende demasiadamente aos aspectos quantitativos e, consequentemente, 
deixa a desejar na fundamentação teórica — cujo objetivo é justificar a 
realidade analisada. 
4.3.7 Estudo de campo 
O estudo de campo se originou no campo da Antropologia, mas nos dias 
atuais é utilizado por vários ramos das ciências. Ele apresenta algumas 
semelhanças com o levantamento. 
Tipicamente, o estudo de campo focaliza uma 
comunidade, que não é necessariamente geográfica, já 
que pode ser uma comunidade de trabalhos, de estudo, de 
lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana. 
Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio da 
observação direta das atividades do grupo estudado e de 
entrevistas com informantes para captar suas explicações 
e interpretações do que ocorre no grupo. Esses 
procedimentos são geralmente conjugados com muitos 
outros, tais como a análise de documentos, filmagem e 
fotografias. No estudo de campo, o pesquisador realiza a 
maior parte do trabalho pessoalmente, pois é enfatiza 
importância de o pesquisador ter tido ele mesmo uma 
experiência direta com a situação de estudo. Também se 
exige do pesquisador que permaneça o maior tempo 
possível na comunidade, pois somente com essa imersão 
na realidade é que se podem entender as regras, os 
costumes e a convenções que regem o grupo estudado. 
(GIL, 2007, p. 53). 
A pesquisa de campo atua com análise do objeto de pesquisa in loco, ou 
seja, o pesquisador realiza a coleta dos dados no local onde o fenômeno ocorre 
e procede a interpretação dos dados deve ser realizada com uma consistente 
fundamentação teórica, visando uma interpretação fiel do objeto investigado 
para anunciar resultados correntes e fidedignos. 
4.3.8 Pesquisa etnográfica 
Esse tipo de pesquisa apresenta algumas semelhanças com o estudo de 
campo, seu objetivo principal é realizar a “descrição dos elementos de uma 
cultura especifica, tais como comportamentos, crenças e valores, baseada em 
informações coletadas mediante trabalho de campo” (GIL, 2010, p.40). 
Constituem estudos descritivos de determinada cultura, tais como: hábitos, 
costumes, etnias, língua, religião, tradições, crenças, conhecimentos, normas, 
técnicas que são mantidas e transmitidas de geração para geração em um 
determinado grupo. 
Trata-se de pesquisa amplamente usadas na área da Antropologia e da 
História, pois os pesquisadores que lidam com a etnografia utilizam métodos e 
técnicas da entrevista, observação, análise de documentos, de fotografias e 
filmagens. Podem ser realizadas em associações, clubes, escolas, empresas, 
hospitais, presídios, ONGs, parques, sindicatos, igrejas etc. 
Normalmente são pesquisas que demoram muito tempo para serem 
concluídas, sendo este um fator que garante muita credibilidade aos resultados, 
pois o pesquisador estabeleceu significativos laços com o objeto de estudo. 
4.3.9 Estudo de caso 
Aqui o próprio nome já diz muito, isto é, o estudo de caso envolve-se em 
situações específicas, pois se estuda um único caso. Investiga-se circunstâncias 
muito peculiares, tais como: problemas de evasão escolar em uma determinada 
escola, incidência de infecção hospitalar em um determinado hospital. 
Portanto, estuda-se, de modo profundo e exaustivo, realidades que exigem em 
entendimento de caso com exclusividade, em busca de um esclarecimento 
detalhado. 
No estudo de caso, os resultados terão validade apenas para o caso que 
se está pesquisando, isto é, não pode-se generalizar os resultados obtidos de 
uma pesquisa realizada em uma escola, para outras escolas. 
4.3.10 Pesquisa-ação 
A pesquisa-ação requer forte envolvimento do pesquisador junto aos seus 
pesquisados, esse envolvimento supõe também mútuas ações colaborativas e 
participativas entre ambos. Trata-se de um tipo de pesquisa muito executada 
pelas ciências sociais a serviço de comunidades especificas. O pesquisador atua 
de forma direta na busca de resolver problemas que se revelam no próprio 
objeto pesquisado. 
É um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida 
e realizada em estreita associação com uma ação ou com 
a resolução de um problema coletivo e no qual os 
pesquisadores e participantes representativos da situação 
ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou 
participativo. (THIOLLENT, apud GIL, 2010, p. 42). 
O pesquisador deverá ter muita integridade intelectual, imaginação 
disciplinada e sensibilidade com as questões da subjetividade para não desviar 
suas interpretações em prejuízo da objetividade comprometendo os resultados 
da pesquisa. 
4.3.11 Pesquisa fenomenológica 
A pesquisa fenomenológica tem um método próprio que prioriza a 
subjetividade pura, isto é, parte das experiências e vivencias, enquanto 
presente na consciência do sujeito. É uma pesquisa que visa analisar, 
interpretar e descrever as essências dos fenômenos que se manifestam à 
percepção. 
A fenomenologia busca compreender a experiência humana que se 
realiza no espaço e no tempo e na consciência que está vivenciando 
determinado fenômeno, no aqui e no agora, pois, a consciência é sempre 
consciência de algo, até porque não há consciência fora do mundo e nem 
consciência fechada em si mesma. Como diz Gil, o objeto de investigação é o 
“próprio fenômeno tal como se apresenta à consciência, ou seja, o que aparece, 
e não o que se pensa ou se afirma a seu respeito. Tudo, pois, tem que ser estudo 
tal como é para o sujeito, sem interferência de qualquer regra de observação”. 
(2010,p. 39) 
Portanto, a fenomenologia pressupõe uma atitude por parte do 
pesquisador de contemplação, sem se apegar a concepções preestabelecidas e 
a teorias e juízos apriorísticos em relação ao objeto. Essa atitude, na 
antiguidade era conhecida como epoché2, é uma atitude de olhar os enigmas e 
os mistérios sem aspiração de solucionar, mas sim de deixar ser. 
Em outras palavras, a essência do método fenomenológico é tratar o 
fenômeno enquanto presente na consciência, sem dúvida, é um método que se 
diferencia das demais ciências positivas. É importante salientar, que a 
fenomenologia está presente em todas as ciências, porém, dado ao fato, de 
desconsiderem a subjetividade humana, nem todos os pesquisadores percebem 
sua presença. 
Existe uma atitude de resistência por parte de muitos pesquisadores em 
aceitar o método da fenomenologia por priorizar a subjetividade em detrimento 
da objetividade e da exatidão dos métodos das ciências tradicionais. 
4.3.12 Pesquisa de opinião 
Tomando-se como exemplo as pesquisas de intenção de voto, que 
ocorrem em época de campanha eleitoral, uma pesquisa de opinião “procura 
identificar atitudes, pontos de vista e preferências que as pessoas têm a 
respeito de algum assunto, com o objetivo de tomar decisões” (SILVA, 2005, p. 
51).2 epoché. suspensão do juízo que caracteriza a atitude dos Céticos antigos, particularmente Pirro, e que 
consiste em não aceitar e nem refutar, em não afirmar nem negar. (ABBAGNANO, 1982, p.320). 
Além disso, cumpre acrescer que esse tipo de pesquisa presta-se ao 
levantamento de dados e informações detalhados sobre uma determinada 
realidade ou circunstância, tomando-se para tanto, a opinião de um grupo de 
pessoas. Com isso, normalmente deseja-se descobrir tendências, reconhecer 
interesses entre outros aspectos. 
Frequentemente utilizada por empresas que desejam laçar um novo 
produto no mercado. 
RECAPITULANDO 
Fazer ciência é natural no ser humano. Suas capacidades permitem 
observar, trocar informações e impressões, ideias sobre o mundo que o cerca. 
Percebe que precisa revisar a sua forma de viver no mundo revisando as suas 
crenças, intenções e conhecimentos. 
Diante de problemas que se impõe de forma natural e espontânea o 
homem sente-se desafiado a buscar respostas e/ou soluções. Para tal é preciso 
observar, experimentar, analisar, comparar, identificar, medir, realizar e 
controlar as situações emergentes. A fim de realizar tal tarefa o ser humano 
abre mão da pesquisa, não de forma mecânica, mas requer imaginação e 
criação e iniciativa individual. Não é um trabalho feito ao acaso, porque o 
trabalho científico deve ser criativo, emprego de procedimentos, métodos e 
técnicas específicas. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed., 9. 
reimpressão, São Paulo: Atlas, 2007. 
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar projetos de Pesquisa. 5. ed. São Paulo: 
Atlas, 2010. 
SILVA, Mary Aparecida Ferreira da. Métodos e técnicas de pesquisa. 2. ed. 
Curitiba: Ibpex, 2005. 
 
ATIVIDADES 
1) Realize uma reflexão sobre a importância e funções da pesquisa cientifica e 
elabore a tua compreensão utilizando argumentos próprios. 
2) Explicar por que a pesquisa cientifica exige adoção de métodos e técnicas 
adequadas? 
3) Identificar e explicar a principal diferença entre a pesquisa bibliográfica e a 
pesquisa documental. 
4) Explicar por que a pesquisa experimental é responsável por grandes avanços 
científicos? 
5) Explicar por que os resultados das pesquisas de estudo de caso não podem 
ser aplicados de forma universal? 
Capítulo 4 
1) Resposta da questão discursiva referente à questão 1. 
A principal função da pesquisa é a produção do novo, novas verdades, 
novas ideias, novos conceitos, novas teorias que, consequentemente, 
conduzem a humanidade para novas ações, novas práticas transformadoras que 
caracterizam dinâmica da evolução da humanidade. Podemos afirmar que, onde 
não existe a pesquisa, não acontece a evolução, pois não surgem novidades, 
permanece sempre no mesmíssimo. 
A pesquisa científica deve sempre buscar algo a mais do que aquilo que 
já conhecemos, deve ter o objetivo de produzir novos conhecimentos, porque 
o conhecimento é algo dinâmico que não está definitivamente pronto, ao 
contrário, se constrói, é passível de alterações. 
2) Resposta da questão discursiva referente à questão 2. 
A execução da pesquisa científica exige adoção de procedimento racional 
e sistemático, isto é, requer utilização de técnicas adequadas de investigação, 
processadas com o filtro das capacidades racionais e ordenadas com método 
sistematizado que investigue com rigor condizente com as exigências da 
cientificidade. Os pesquisadores sempre deverão atuar com os devidos cuidados 
para que os processos de investigações sejam conduzidos observando as 
exigências do rigor científico visando demonstrar e comprovar suas descobertas 
com argumentos e justificativa fidelidade e credibilidade que caracterizam a 
cientificidade. 
3) Resposta da questão discursiva referente à questão 3. 
A pesquisa documental diferencia-se da pesquisa bibliográfica pela natureza 
das fontes, pois utiliza materiais que ainda não receberam um estudo analítico 
ou interpretativo, ou seja, documentos ou objetos de primeira mão, esses 
materiais podem ser os mais variados possíveis, enquanto que a pesquisa 
bibliográfica trabalha com referenciais teóricos já publicados. 
4) Resposta da questão discursiva referente à questão 4. 
O pesquisador experimental trabalha com manipulação, observação e controle 
direto sobre os elementos em experimentação, assim, consegue garantir 
elevado grau de clareza, precisão e objetividade nos resultados. 
5) Resposta da questão discursiva referente à questão 5. 
O estudo de caso sempre é muito específico e as investigações ficam 
limitadas as suas circunstâncias, estuda-se, de modo profundo e exaustivo, 
realidades que exigem em entendimento de caso com exclusividade, em busca 
de um esclarecimento detalhado, por isso, os resultados, normalmente, 
aplicam-se apenas para o caso estudado.

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