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Questionário de Direito Societário para a prova VA1 (ditado em sala) 1. Quais as teorias existentes sobre a personificação dos entes coletivos e qual a adotada pelo Código Civil brasileiro? R – Existem três teorias sobre a personificação dos entes coletivos oriundas da corrente afirmativista (que aceitava a personalidade da pessoa jurídica, em sua autonomia científica): a) Teoria da ficção legal (Savigny): entende que a pessoa jurídica é uma ficção legal, criada por determinação da lei, para exercer direitos patrimoniais e facilitar o exercício de certas funções. Ou seja, seria uma abstração sem realidade social. Seria um sujeito de existência ideal. b) Teoria Orgânica ou Realidade Objetiva (Gierk): corrente contrária à ficção, afirmava que a pessoa jurídica teria existência social consistindo em um organismo vivo na sociedade, como se fosse uma célula na sociedade. Não seria, portanto, fruto da técnica do Direito, mas sim um fenômeno social, um organismo social vivo. São organismos sociais constituídos pelas pessoas físicas que têm existência e vontade. c) Teoria da Realidade das Instituições Jurídicas ou Realidade Técnica (Ferrara): esta equilibra as duas teorias anteriores, uma vez que reconhece a atuação social da pessoa jurídica (realidade), admitindo ainda que a sua personalidade é fruto da técnica jurídica (ficção). Esta é a teoria adotada pelo Código Civil brasileiro de 2002 (Art. 45). 2. O que é sociedade empresária e quais os elementos necessários para sua formação? R – A sociedade empresária se caracteriza pela reunião de duas ou mais pessoas para exercer uma atividade econômica. Em sentido latu sensu, podemos dizer que é a reunião de pessoas que tem como objetivo exercer profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, visando o lucro, que deve ser compartilhado. Os elementos que a caracterizam são: 1) acordo de vontade; 2) união de duas ou mais pessoas (princípio da pluralidade dos sócios – com exceção das sociedades unissocietárias); 3) reunião de investimentos; 4) realização de atividades com fins lucrativos. 3. Qual a diferença entre sociedade empresária e sociedade simples? R – A sociedade empresária tem por objeto o desenvolvimento de atividade empresarial. Se essa exploração for feita mediante a organização dos fatores de produção (capital, insumos, mão-de-obra e tecnologia) será considerada empresária. Já a sociedade simples segue atividade civil. Se feita sem essa organização típica da empresária, será considerada simples. De forma mais detalhada: Sociedades Empresárias serão aquelas que exercerem a atividade econômica organizada, através da empresa (forma organizada - organismo), nos termos do art. 982 combinado com o caput do art. 966 do Código Civil. Essa atividade será exercida, então, através dessa forma organizada ou desse organismo, e não diretamente pelos sócios, observando-se um distanciamento com notória aparência entre eles e a atividade. O que ocorre de forma corriqueira nas sociedades de grande porte. Exemplo: sociedades, que prestam serviços médicos através de hospitais, ou, ainda, aquelas que o fazem através das fábricas e indústrias de grande porte. Já as Sociedade Simples, são as demais. Aquelas em que a atividade econômica é exercida, ordinariamente, pelos próprios sócios, surgindo daí uma vinculação entre eles e a atividade. São sociedades de menor porte em que não se percebe a atuação da empresa, desse organismo que os deixaria distanciados de sua atividade. Exemplos: escritórios de contabilidade, de representação, de corretagem de seguros, clínicas médicas, pequeno comércio, pequena indústria, artesãos, todos, enfim, que se encontrarem vinculados diretamente à sua atividade econômica. Essas são, em princípio, as sociedades simples. 4. Quanto à pluralidade, quais as exceções de sócios de uma sociedade? Cite e explique ao menos duas apontando os dispositivos legais. R – Em regra, a pluralidade de sócios é a característica natural do ente coletivo, porém 4 exceções que fazem parte das sociedades unissocietárias, que é a pessoa jurídica de um único componente: 1) Subsidiária Integral (Art. 251, Lei nº 6.404/76. S/A): é uma sociedade anônima que funciona com 1 sócio de forma indefinida. Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionista sociedade brasileira. 2) Sociedade Anônima reduzida a um sócio (Art. 206, I, “d”, Lei nº 6.404/76): verificada em Assembleia geral ordinária ou extraordinária, onde um só acionista concentra a totalidade das ações. Deve ser regularizado até a próxima assembleia, sob pena de extinção. Pode funcionar por quase 1 ano. Art. 206. Dissolve-se a companhia: I - de pleno direito: d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembleia-geral ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até à do ano seguinte, ressalvado o disposto no artigo 251; 3) Demais sociedades reduzidas a um sócio único pelo prazo de até 180 dias: exemplos. Art. 1.033, IV, CC/02. Sobrevida jurídica da sociedade por este prazo máximo. Até o fim do prazo pode alienar uma quota ou se transformar em empresário individual ou EIRELI. Se não o fizer, será soc. Em comum, irregular. Art. 990, CC. Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; 4) EIRELI: resulta da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio. Art. 980-A, §3º, CC/02 (unipessoal superveniente). Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. 5. Quais os princípios do Direito Societário? Cite e defina ao menos três. R – Os princípios do Direito Societário são: a) liberdade de associação: é o elemento psicológico a aproximar os empreendedores (affectio societatis). É a confiança mútua e expectativa de reciprocidade relacionada à comunhão de esforços e na partilha dos resultados. Art. 981, CC. É pressuposto de constituição e de permanência no empreendimento. Caso desapareça, teremos a liberdade de associação em sentido negativo. b) autonomia da sociedade empresária: é o reconhecimento de que o ente coletivo é sujeito de direito distinto das pessoas de seus membros. O PL 1.572/11, no art. 115 ao prever que a s.empresária não se confunde com os sócios que a integram relembra o art. 20, do CC/16. c) subsidiariedade da responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais: quer dizer que apenas INDIRETAMENTE, uma vez esgotado o patrimônio da sociedade empresária, o patrimônio dos sócios pode ser alcançado para pagamento de dívidas, a depender do tipo societário. Art. 1.024, CC. d) limitação da responsabilidade dos sócios pelas obrigrigações sociais como proteção do investimento: diz-se que essa limitação é um estímulo para o empreendedor que avaliará a conveniência ou não de constituir determinada sociedade. Se entender ilimitado o risco de comprometimento de seu patrimônio pessoal, improvável que queira se lançar nessa atividade, pois é melhor especular que empreender. e) prevalência da vontade ou entendimento da maioria nas deliberações sociais: entende-se que o desenvolvimento do objeto social demandará a necessidade de deliberação dos sócios sobre os rumos da atividade econômica. Em caso de eventuais divergências, a vontade da maioria deve prevalecer, salvo, na previsão de quorum qualificado em lei ou contrato social. f) proteçãodos sócios minoritários: significa que, apesar da vontade da maioria prevalecer em proveito do empreendimento, os minoritários não ficam desprotegidos, que inclusive judicialmente, podem afastar o sócio majoritário que vier a cometer falta grave. Art. 1.030, CC. 6. Quais os elementos que exteriorizam a autonomia dos entes coletivos? R – os elementos são: a) nome próprio: firma ou denominação. A P.J obriga-se em nome próprio. b) domicílio próprio: tem como domicílio o local onde foi registrado o ato constitutivo. Art. 997, II,CC. c) nacionalidade própria: se registrada no Brasil, é brasileira. d) capacidade processsual própria: tem legitimidade para estar em Juízo e) imputabilidade própria: pode cometer crimes: meio ambiente, ordem econômica e financeira e contra a economia popular. A pena pecuniária recairá sobre o patrimônio social, podendo alcançar o dos sócios. f) patrimônio próprio: responde com seu patrimônio próprio, em regra (pode ser requerida a desconsideração da personalidade jurídica. Art. 50 CC/02). 7. Pessoa Jurídica pode cometer crimes? R – Sim. Dotada de autonomia pelo princípio da imputabilidade, existem crimes que são cometidos por intermédio de um ente coletivo, como, por exemplo, as agressões contra o meio ambiente e fraudes contra o sistema financeiro. Assim, estão previstas essas formas de criminalidades em nosso ordenamento jurídico como no arts. 225 § 3º e 173 § 5º Constituição Federal, que prevê a responsabilização da pessoa jurídica por atos cometidos contra o meio ambiente e contra a ordem econômica e financeira e a economia popular. 8. A empresa sempre responde com seu patrimônio? R – Em regra, a depender do tipo de sociedade e caso não haja a desconsideração da personalidade jurídica, onde nesse caso o sócio, mesmo em sociedade de responsabilidade limitada, pode responder com seu patrimônio pessoal.
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