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Teorias Antropológicas II Estruturalismo Francês Mário Henrique de Campos Ramalho Nº:201572113c Professora Cristina Dias Resenha dos Textos de Claude Lévi- Strauss: Antropologia Estrutural(Cap. IX e X), Antropologia Estrutural II(Caps. III e XVIII), As estruturas elementares do parentesco(Cap. I e II) Lançando bases para a escola qual participou, o famigerado estruturalismo francês, o representante mundialmente conhecido Claude Lévi-Strauss recontextualizou para seus estudos conceitos construídos em outras áreas do conhecimento como a linguística e a psicanálise conferindo um grau de sistematização antes desconhecido na construção da etnologia. Desenvolvendo o método de análise estrutural originalmente constituído por Saussure, o que marca a antropologia do século XX, este autor apresentou trabalhos infinitamente revisitados pelos autores e estudantes posteriores como o Problema do Incesto, ao seu tempo buscou desvendar com uma argumentação muito bem concatenada e referenciada esta passagem do biológico ao cultural e voluntariamente em uma conferência seguinte levantada em uma parte do programa buscou desconstruir cientificamente uma comum e lamentável hierarquização das culturas provocadas pelo etnocentrismo e contexto ao mesmo tempo cientificista e conflituoso do qual foi contemporâneo. Ao iniciar As estruturas elementares do parentesco com o texto Natureza e Cultura Lévi-Strauss considera o ser humano com uma entidade ao mesmo tempo biológica e cultural e propõe a questão da passagem de uma dimensão à outra, ou seja, a constituição do ser humano que conhecemos depende da cultura, entretanto jamais se desprendendo completamente da natureza para alcançar a dimensão da cultura como observar na pluralidade das culturas existentes e possíveis aquilo que fundamenta esta passagem que ocorre a todas essas formas de humanidade? É de forma hábil e referida que a partir desta questão o autor discorre sobre a universalidade e a regra, sobre a natureza inescapável e a diversidade de respostas que as culturas dão aos problemas Lévi-Strauss buscou estabelecer as compatibilidades entre as respostas de alguma forma. Neste ponto as ocorrências que alcançaram o grau de universalidade ou de constância nos homens das diversas culturas são atribuídos, depois da devida contextualização, ao domínio da natureza(biológica) e aquilo que se dispõe como norma é direcionado a dimensão da cultura. A medida que a questão se desenvolve o autor busca elucidar sobre alguns fatos que muito embora estudados e presentes no imaginário do século precedente não explicariam por conta própria a passagem do estado de natureza ao estado de cultura, muito menos o limite entre as duas dimensões inicialmente propostas, como o isolamento absoluto de pessoas ou o estudo das espécies de macacos antropoides mais próximos anatomicamente. É neste ponto que a proibição do incesto ascende, operando como algo natural e envolvendo o reconhecimento social de regra , à categoria de universalidade pois integra ordens originalmente excludentes entre si de natureza e sociedade e sendo reconhecida pelo autor como o ponto original de instituições como o matrimônio que indicam agora a dimensão da cultura. É importante que se observe nos escritos do autor a ênfase dada as ações que são comuns as culturas pois é a partir delas que constrói a análise que o torna referido dentro da antropologia, o que é comum ocupa o lugar de maior importância pois torna possível relacionar os traços fundamentais dessa conduta. O Problema do incesto é paradigmático neste sentido, pois apresenta de forma bastante rigorosa, mesmo não se isentando de críticas posteriores como a ausência de critérios para o estabelecimento da universalidade que ficou a gosto do próprio Lévi-Strauss, que as estruturas sobre as quais a cultura se desenvolve são o sustentáculo da própria condição de humanidade. Lévi-Strauss em seus escritos também trata dos trabalhos que não sustentam teoricamente aquilo que se propõe e seu esforço por esgotar as referencias é notável pela pretensão(não no sentido pejorativo) anteriormente citada de universalidade para o fato qual fosse analisável. Em outro trabalho, Antropologia Estrutural I, o a análise se dá a partir do mito e da eficácia simbólica, nos capítulos IX e X respectivamente O feiticeiro e sua magia e A eficácia simbólica o autor traz para seu trabalho algumas referências da psicologia para sustentar sua argumentação acerca do significado do feitiço e do feiticeiro para alguns povos que não se pautam no conhecimento ocidental . O capítulo IX demonstra o valor da simbologia a partir de uma série de relatos de trabalhos xamânicos em locais diversos e distantes entre si, os Zuni do novo México, os Nambikwara brasileiros e os Kwakiutl, nos quais ele localiza como princípio ativo de toda a mágica a confiança da sociedade na atividade do feiticeiro e não apenas do feiticeiro nele próprio ou do enfeitiçado no feiticeiro. Os símbolos utilizados para provocar a doença e a cura devem estar bem conectados nesta interação social para que desencadeie os processos psico-fisiológicos e que o xamã funcione como uma espécie de rearranjador simbólico. Atuando em estruturas análogas as quais os psicanalistas trabalhariam na cultura ocidental aparentemente. No que diz respeito ao capítulo XVIII Raça e História do livro Antropologia Estrutural II, outro texto discutido e revisitado do autor é possível afirmar que Lévi-Strauss não se dispôs a contribuir com uma tendência nada incomum e nociva dentro do meio científico ao longo de todo século XX e principalmente no pós guerra que é a errônea relação de causalidade entre raças e produção de conhecimento uma das fundamentações cientificizadas do racismo. Em sua bem elaborada argumentação Lévi-Strauss quebra a ideia de diferenças raciais relevantes e leva em conta para tal a diferença cultural entre os homens que é em numero muito superior ao número de raças. Para Lévi-Strauss ainda nessa diversidade não se sustenta um etnocentrismo retrógrado dado que as contribuições mais relevantes podem ser originadas a partir das interações entre os povos desbancando em conferencia internacional o não apenas vergonhoso como tolo etnocentrismo, responsável pelas maiores desgraças do século em questão. Seguindo em seu argumento coloca o etnocentrismo como uma posição cuja qual a Europa não possui nenhuma exclusividade, todos os povos de acordo com o próprio ponto de vista poderiam categorizar os outros povos de acordo com sua perspectiva, o que não seria proveitoso dado que o desconhecimento de um certo fragmento da história não implica a inexistência desta história. O autor dá também toca uma visão interessante sobre a perspectiva que se tem das outras sociedades em relação ao conhecimento estacionário e cumulativo, para compreensão dos tipos de conhecimentos que outras sociedades possuem geralmente não consideram os objetivos e perspectivas daquela organização impedindo uma compreensão mais abrangente da sociedade considerando muitas vezes como estacionária jamais descobrindo de qual conhecimento essa sociedade seria cumulativa. É evidente neste texto que a inventividade não é exclusividade dos modernos, para Lévi-Strauss é altamente contraproducente pensar que a invenção e os aperfeiçoamentos pelos quais as ideias e recursos passam ao longo da história sejam frutos de um acaso e as relevantes ideias contemporâneas tenham se apoiado todas sobre esta ciência recente. É a própria negação da complexidade do humano, de suas capacidades, é uma forma aparente da hierarquização da cultura moderna e das outras culturas. O texto Raça e História teve um objetivo claro que é a cooperação entre os povos, a homogeneização das culturas e as outras formas de subjugação intelectual não são apenas um final da carreira para etnólogos mas uma questão de ausência da honestidade intelectual e respeito entre as histórias soterradas por perspectivas etnocêntricas e excludentes de progresso. Lévi-Strauss como representante do Estruturalismo Francês demonstra o empenho nas melhorias metodológicas como a consolidação da própria etnologia. Referências: LÉVI-STRAUSS, Claude Antropologia estrutural II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, [1973]1993. LÉVI-STRAUSS, Claude. “A Eficácia Simbólica”. In Antropologia Estrutural. São Paulo: Cosac Naify, 2008 LÉVI-STRAUSS, C. As estruturas elementares do parentesco. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo/Editora Vozes, 1976
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