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Direito Penal - Intensivo I

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Direito Penal 
Aula  Data  Tema  Professor  Obs.: 
01  28  07  10    Rogério Sanches   
02  04  08  10  Princípios  Rogério Sanches  Falta Princ. Legalid. 
03  13  08  10    Rogério Sanches  Reinic. Princ. Leg. 
04  17  08  10    ‘’   
05  24  08  10  Extraterritorialidade  ‘’   
06  31  08  10  Teoria Geral do Delito  ‘’   
07  13  09  10  Teoria do Crime I  Luiz Flávio Gomes   
08  22  09  10  Teoria do Crime II  Rogério Sanches   
09  28  09  10  Teoria do Crime III  Rogério Sanches   
10  15  10  10  Teoria do Crime IV  Rogério Sanches   
11  19  10  10  Teoria do Crime V  ‘’   
12  21  10  10  Teoria do Crime VI  ‘’   
13  11  11  10  Teoria do Crime VII  ‘’   
14  24  11  10  Teoria do Crime VIII  ‘’   
15  15  12  10  Teoria do Crime IX  ‘’   
16  05  01  11  Teoria do Crime X  ‘’   
17  16  01  11  Consumação e tentativa  ‘’   
18             
   
 
Sumário 
 
DIREITO PENAL ................................................................................................................................................ 1 
SUMÁRIO ............................................................................................................................................................. 2 
1  SUMÁRIO DO CURSO ............................................................................................................................... 5 
2  INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................ 5 
3  INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL ..................................................................................................... 5 
3.1  Conceito de Direito Penal ................................................................................................................................. 5 
3.2  Fontes do Direito Penal .................................................................................................................................... 6 
3.3  Interpretação da Lei Penal ................................................................................................................................ 8 
3.4  Princípios ....................................................................................................................................................... 10 
3.5  Eficácia da Lei Penal no Tempo ....................................................................................................................... 14 
3.6  Lei Excepcional ou Temporária ....................................................................................................................... 20 
3.7  Sucessão de Complemento de Normas Penais em Branco ............................................................................... 20 
3.8  Alteração da Jurisprudência ............................................................................................................................ 21 
3.9  Eficácia da Lei Penal no Espaço ....................................................................................................................... 21 
3.9.1  Princípios ............................................................................................................................................................... 21 
3.10  Lugar do Crime ............................................................................................................................................... 23 
3.10.1  Teoria da Atividade ........................................................................................................................................... 23 
3.10.2  Teoria do Resultado .......................................................................................................................................... 23 
3.10.3  Teoria da Ubiquidade ou Mista ........................................................................................................................ 23 
3.11  Crime à distância e Plurilocal .......................................................................................................................... 23 
3.11.1  Crime à distância ou de espaço máximo........................................................................................................... 23 
3.11.2  Crime Plurilocal ................................................................................................................................................. 24 
3.12  Extraterritorialidade ....................................................................................................................................... 24 
3.12.1  Extraterritorialidade Incondicionada ................................................................................................................ 26 
3.13  Validade da Lei em relação às pessoas (Imunidades) ....................................................................................... 26 
3.13.1  Imunidades diplomáticas .................................................................................................................................. 26 
3.13.2  Imunidades Parlamentares ............................................................................................................................... 27 
4  TEORIA GERAL DO DELITO ................................................................................................................ 30 
4.1  Introdução à Teoria Geral do Delito ................................................................................................................ 30 
4.1.1  Diferenças entre crime e contravenção penal ...................................................................................................... 30 
4.2  Crime ............................................................................................................................................................. 31 
4.2.1  Conceito ................................................................................................................................................................ 31 
4.2.2  Sujeito Ativo .......................................................................................................................................................... 31 
4.2.3  Classificação do crime quanto ao sujeito ativo ..................................................................................................... 32 
 
4.2.4  Sujeito Passivo ....................................................................................................................................................... 32 
4.2.5  Objeto Material ..................................................................................................................................................... 33 
4.2.6  Crime Objeto Jurídico ............................................................................................................................................ 33 
4.3  Teoria do Crime .............................................................................................................................................. 34 
4.3.1  Conceito analítico de crime ................................................................................................................................... 34 
4.3.2  Evolução do conceito de tipicidade ....................................................................................................................... 34 
4.3.3  Teorias da tipicidade na Era da Pós‐Modernidade (1970 em diante) ................................................................... 35 
4.3.3.1  Funcionalismo Teleológico de Roxin ............................................................................................................ 35 
4.3.3.2  Funcionalismo Reducionista de Zaffaroni ....................................................................................................35 
4.3.3.3  Teoria Constitucionalista do Delito de Luiz Flávio Gomes ............................................................................ 36 
4.4  Fato Típico ..................................................................................................................................................... 41 
4.4.1  Conceito Formal .................................................................................................................................................... 41 
4.4.2  Conceito Analítico ................................................................................................................................................. 41 
4.4.3  Conceito Material .................................................................................................................................................. 42 
4.4.4  Elementos ou Requisitos do Fato Típico ............................................................................................................... 42 
4.4.4.1  Conduta ........................................................................................................................................................ 42 
4.4.4.1.1  Teorias Explicativas e Evolutivas da Conduta .......................................................................................... 42 
4.4.4.1.2  Direito Penal de Terceira Velocidade ...................................................................................................... 44 
4.4.4.1.3  Hipóteses de ausência de conduta ......................................................................................................... 45 
4.4.4.1.4  Espécies de conduta ................................................................................................................................ 46 
4.4.4.1.5  Erro de tipo ............................................................................................................................................. 52 
4.4.4.1.6  Erro de subsunção ................................................................................................................................... 55 
4.4.4.1.7  Erro provocado por terceiro.................................................................................................................... 55 
4.4.4.1.8  Do Crime Comissivo ................................................................................................................................ 57 
4.4.4.1.9  Do Crime Omissivo .................................................................................................................................. 57 
4.4.4.2  Resultado ...................................................................................................................................................... 58 
4.4.4.2.1  Classificação do delito quanto ao resultado ........................................................................................... 58 
4.4.4.3  Nexo de causalidade ..................................................................................................................................... 59 
4.4.4.3.1  Conceito .................................................................................................................................................. 59 
4.4.4.3.2  Concausas ................................................................................................................................................ 59 
4.4.4.3.3  Imputação Objetiva ................................................................................................................................. 61 
4.4.4.3.4  Causalidade na omissão .......................................................................................................................... 62 
4.4.4.4  Tipicidade ..................................................................................................................................................... 62 
4.4.4.4.1  Evolução .................................................................................................................................................. 62 
4.4.4.4.2  Tipicidade conglobante ........................................................................................................................... 63 
4.4.4.4.3  Tipicidade formal .................................................................................................................................... 64 
4.5  Ilicitude ou antijuridicidade ............................................................................................................................ 64 
4.5.1  Relação entre tipicidade e ilicitude ....................................................................................................................... 64 
4.5.2  Causas de exclusão da ilicitude (Justificantes/Descriminantes) ............................................................................ 65 
4.5.2.1  Estado de Necessidade ................................................................................................................................. 65 
4.5.2.1.1  Requisitos do Estado de Necessidade ..................................................................................................... 65 
4.5.2.1.2  Espécies ................................................................................................................................................... 67 
4.5.2.2  Legítima Defesa ............................................................................................................................................ 68 
4.5.2.2.1  Requisitos ................................................................................................................................................ 69 
4.5.2.2.2  Classificação doutrinária de legítima defesa ........................................................................................... 69 
4.5.2.3  Estrito cumprimento de um dever legal ....................................................................................................... 69 
4.5.2.4  Exercício regular de um direito .................................................................................................................... 70 
4.5.2.4.1  Situações possíveis de exercício regular de um direito ........................................................................... 70 
4.5.3  Excesso nas justificantes ....................................................................................................................................... 71 
4.5.4  Consentimento do ofendido ................................................................................................................................. 71 
4.5.5  Descriminantes putativas ...................................................................................................................................... 73 
4.6  Culpabilidade ................................................................................................................................................. 73 
4.6.1  Conceito e Natureza Jurídica ................................................................................................................................. 74 
4.6.2  Elementos da culpabilidade .................................................................................................................................. 74 
4.6.2.1  Imputabilidade ............................................................................................................................................. 74 
4.6.2.2  Potencial consciência da ilicitude ................................................................................................................. 78 
4.6.2.3  Exigibilidade de conduta diversa .................................................................................................................. 78 
4.6.2.3.1  Coação irresistível ...................................................................................................................................78 
 
4.6.2.3.2  Obediência hierárquica ........................................................................................................................... 79 
4.6.3  Causas supralegais de exclusão da culpabilidade ................................................................................................. 79 
4.7  Punibilidade ................................................................................................................................................... 79 
4.7.1  Causas de extinção da punibilidade ...................................................................................................................... 80 
4.7.1.1  Morte do agente ........................................................................................................................................... 81 
4.7.1.2  Prescrição ..................................................................................................................................................... 82 
4.8  Consumação e tentativa ................................................................................................................................. 90 
4.8.1  “Iter Criminis” ........................................................................................................................................................ 90 
4.8.1.1  Macrofase interna ........................................................................................................................................ 90 
4.8.1.2  Macrofase externa ....................................................................................................................................... 90 
4.8.2  Crime Consumado ................................................................................................................................................. 90 
4.8.2.1  Classificação do delito quanto ao momento consumativo .......................................................................... 91 
4.8.3  Crime Tentando ..................................................................................................................................................... 91 
4.8.3.1  Formas de tentativa ..................................................................................................................................... 92 
4.8.3.2  Infrações penais que não admitem tentativa ............................................................................................... 93 
4.8.3.3  Tentativa qualificada ou abandonada .......................................................................................................... 93 
4.8.3.4  Arrependimento posterior ........................................................................................................................... 95 
4.8.4  Crime Impossível ................................................................................................................................................... 95 
 
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SUMÁRIO DO CURSO > Conceito de Direito Penal 
Quarta‐feira,  28  de   julho  de  2010.  
1 SUMÁRIO DO CURSO 
1. Intensivo I 
1.1. Introdução ao Direito Penal 
1.2. Teoria Geral do Delito 
1.2.1. Tipicidade 
1.2.2. Ilicitude 
1.2.3. Culpabilidade 
1.2.4. Punibilidade 
1.3. “Iter Criminis” 
1.4. Concurso de Pessoas 
(18 aulas) 
2. Intensivo II 
2.1. Teoria Geral da Pena (6 aulas) 
2.2. Penal Especial (16 aulas) 
(22 aulas) 
2 INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA 
COLEÇÃO  CIÊNCIAS  CRIMINAIS.  Luiz  Flávio  Gomes  e  Rogério  Sanches.  Livro  Princípios,  Penal  Geral,  Penal 
Especial, Convenção Americana de Direitos Humanos, Criminologia e Legislação Penal Especial. Ed. RT. 
TRATADO DE DIREITO PENAL. Cézar Roberto Bitencourt. 5 vol, Ed. Saraiva. 
CURSO DE DIREITO PENAL. Rogério Greco. 4 vol, Ed. Impetus. 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE COMENTADO. Rogério Sanches, Luciano Alves. Ed. RT. 
3 INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL 
3.1 Conceito de Direito Penal 
Sob o enfoque formal, Direito Penal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos 
humanos como infrações penais; define os seus agentes e fixa as sanções a serem‐lhes aplicadas. 
Já sob o aspecto sociológico, o Direito Penal é mais um  instrumento (ao  lado dos outros ramos do 
Direito)  que  serve  para  controle  social  de  comportamentos  desviados,  visando  assegurar  a  necessária 
disciplina social. 
O Direito  Penal,  diferentemente  dos  outros  ramos  do Direito,  tem  como  consequência  jurídica  a 
pena privativa de liberdade. Essa consequência exige do Estado uma interferência mínima. 
Funcionalismo:  correntes discutindo  a  finalidade do Direito Penal,  atualmente muito  intensas. Há 
duas correntes que se destacam nessa situação: 
• Funcionalista Teleológica (Roxin): o fim do Direito Penal é assegurar bens jurídicos. 
• Funcionalismo Sistêmico ou Radical (Jakobs): o fim do Direito Penal é resguardar a norma, o sistema. 
Direito Penal Objetivo: conjunto de leis penais em vigor no país (lei penal ambiental, lei dos crimes 
hediondos, etc). 
Direito Penal Subjetivo: é o direito de punir do Estado. 
Direito  Penal  Objetivo  e  Subjetivo  exigem  a  coexistência,  pois  individualmente  não  subsistem. 
Costuma‐se dizer que o Direito Penal Objetivo é expressão do poder punitivo do Estado. 
 
Obs.1: o DIREITO DE PUNIR não é absoluto, não é ilimitado e não é incondicionado.  
 
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Fontes do Direito Penal 
Limites ao Poder Punitivo 
• Temporal: prescrição 
• Espacial: territorialidade (art. 5º do CP) 
• Modal: Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 5º, XLVII da CF1) 
 
Há o Direito de perseguir a pena que é, em regra, do Estado, representado pelo Ministério Público. 
Excepcionalmente poderá ser da vítima (particular) nos casos de ação penal de iniciativa privada. O direito de 
perseguir a pena pode ser transferido para o particular. 
Porém, o direito de punir é monopólio do Estado, não transfere esse direito a ninguém. 
Em determinado momento foi questionado (concurso para MPU – Procurador) uma hipótese em que 
teremos punição pública concorrendo com uma punição privada – ambas em âmbito penal. A legítima defesa 
não é punição, mas sim reação à injusta agressão. A resposta seria ocaso do art. 57 da Lei 6.001/732 ‐ Estatuto 
do Índio, onde é permitido o castigo conforme os costumes do grupo. 
No Brasil  temos o Estado exercendo o monopólio do Direito de Punir, mas como  tratar o Tribunal 
Penal Internacional que foi aderido. Trata‐se de uma exceção ao Direito de Punir? 
O TPI tem competência subsidiária em relação às  jurisdições nacionais de seus Estados – partes. O 
art. 1º do Estatuto de Roma consagrou o Princípio da Complementaridade, isto é, o TPI será chamado a intervir 
somente se e quando a justiça repressiva interna não funcionar. 
Artigo  1.º  ‐  O  Tribunal  ‐  É  criado,  pelo  presente  instrumento,  um  Tribunal  Penal  Internacional  («o 
Tribunal»). O Tribunal será uma  instituição permanente, com  jurisdição sobre as pessoas responsáveis 
pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será 
complementar das  jurisdições penais nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger‐
se‐ão pelo presente Estatuto.  
3.2 Fontes do Direito Penal 
Estuda‐se  o  lugar  de  onde  emana  o Direito  Penal  e  como  se  revela. Ao  tratar  de  onde  emana  o 
Direito Penal é fonte material. Já como se revela é fonte formal. 
1. Fonte Material: fonte de produção; órgão encarregado da produção do Direito Penal – art. 22,  I CF – ou 
seja, a União. Os Municípios jamais criam Direito Penal. O parágrafo único do referido artigo permite que 
lei  complementar  poderá  autorizar  os  Estados  a  legislar  sobre  questões  específicas  das  matérias 
relacionadas. Embora não há exemplos práticos, existeum criado pela doutrina que é quando uma planta 
que se desenvolve unicamente em uma determinada região, devido ao clima e ao solo característicos do 
seu habitat, poderá o Estado protegê‐la com lei ambiental penal específica.  
2. Fonte Formal: é a fonte de conhecimento; revelação. 
2.1. Imediata: é a lei.  
2.2. Mediata: são os costumes e os Princípios Gerais de Direito. 
Somente a lei, entretanto, que poderá revelar Direito Penal incriminador. 
 
COSTUMES 
Conceito:  comportamentos  uniformes  e  constantes  pela  convicção  de  sua  obrigatoriedade  e 
necessidade jurídica. 
Costume não cria crime e não comina pena – art. 1º do CP – matéria reservada à lei. 
Existe costume revogador? Abolicionista?  
(1ª Corrente) – Admite‐se o costume abolicionista nos casos em que a infração penal não contraria o 
interesse social. 
(2ª Corrente) – Não existe costume abolicionista, mas quando o fato deixa de contrariar os interesses 
da sociedade, a norma penal não deve ser aplicada. 
(3ª Corrente) – Não existe costume abolicionista. Enquanto a lei não for revogada por outra lei tem 
eficácia jurídica e social – segue a Lei de Introdução ao Código Civil. Essa corrente prevalece. 
                                                            
1 XLVII ‐ não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de 
trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; 
2 Art. 57. Será  tolerada a aplicação, pelos grupos  tribais, de acordo com as  instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares 
contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte. 
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Fontes do Direito Penal 
O adultério foi revogado baseado no princípio da intervenção mínima e não pelo costume. 
Portanto, costume não cria nem revoga crime. É usado para aclarar o significado de uma palavra ou 
expressão,  ou  seja,  é  perfeitamente  possível  o  costume  interpretativo.  Ex.:  art.  155,  §1º  do  CP  (repouso 
noturno é o período em que a comunidade se recolhe para o descanso diário, mas se deve saber o horário que 
a comunidade se recolhe). 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO 
Conceito: direito que vive na consciência comum de um povo. Não cria crime e não comina pena, 
como também não revoga crime. 
Questiona‐se sobre a localização, dentre as fontes consagradas do Direito Penal, de outras recentes e 
relevantes fontes como: Constituição Federal, Tratados Internacionais de Direitos Humanos, Jurisprudência? 
 
Atualmente a doutrina classifica as fontes do Direito Penal da seguinte forma. 
 
1. Fontes Formais: 
1.1. Imediata:  Lei  (única  capaz  de  criar  Direto  Penal  incriminador),  Constituição  Federal,  Tratados 
Internacionais de Direitos Humanos, Princípios e Complementos das Normas Penais em Branco. 
 
Tratado  Internacional de Direitos Humanos poderá  criar  infração penal? No  crime de  lavagem de 
dinheiro (lei 9.613/98) pressupõe a existência de outro para existir, ou seja, acessório. A  lei dá uma série de 
crimes acessórios, entre eles, organização criminosa, tráfico, contra a administração pública. 
No Brasil organização criminosa é crime? Qual é o conceito? O Brasil se vale do conceito trazido pela 
Convenção de Palermo, pois o legislador ainda não conceituou. 
Pode a Convenção de Palermo conceituar o que é organização criminosa? 
No caso da acusação do casal Hernandez da  Igreja Renascer por  lavagem de dinheiro, baseado no 
crime  anterior  de  organização  criminosa.  A  defesa  contestou  dizendo  que  os  Tratados  Internacionais  não 
revelam direito penal  incriminador, mas  sim de garantias. Entram como garantias e não como  incriminador 
(HC 96007/SP3 – dois votos a favor: Dias Tofolli e Marco Aurélio) 
 
Jurisprudência e Súmulas Vinculantes 
Exemplo de jurisprudência revelando Direito Penal é o art. 71 CP. 
Crime continuado ‐ Art. 71 ‐ Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou 
mais  crimes  da  mesma  espécie  e,  pelas  condições  de  tempo,  lugar, maneira  de  execução  e  outras 
semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica‐se‐lhe a pena 
                                                            
3 A Turma iniciou julgamento de habeas corpus impetrado contra acórdão do STJ que denegara idêntica medida por considerar que a 
denúncia apresentada contra os pacientes descreveria a existência de organização criminosa que se valeria da estrutura de entidade 
religiosa  e  de  empresas  vinculadas  para  arrecadar  vultosos  valores,  ludibriando  fiéis  mediante  fraudes,  desviando  numerários 
oferecidos  para  finalidades  ligadas  à  Igreja,  da  qual  aqueles  seriam  dirigentes,  em  proveito  próprio  e  de  terceiros.  A  impetração 
sustenta  a  atipicidade  da  conduta  imputada  aos  pacientes —  lavagem  de  dinheiro  e  ocultação  de  bens,  por meio  de  organização 
criminosa  (Lei 9.613/98, art. 1º, VII) — ao argumento de que a  legislação brasileira não  contempla o  tipo  “organização  criminosa”. 
Pleiteia, em conseqüência, o trancamento da ação penal. O Min. Marco Aurélio, relator, deferiu o writ para trancar a ação penal, no 
que  foi acompanhado pelo Min. Dias Toffoli.  Inicialmente, ressaltou que, sob o ângulo da organização criminosa, a  inicial acusatória 
remeteria  ao  fato  de  o  Brasil,  mediante  o  Decreto  5.015/2004,  haver  ratificado  a  Convenção  das  Nações  Unidas  contra  o  Crime 
Organizado Transnacional ‐ Convenção de Palermo (“Artigo 2 Para efeitos da presente Convenção, entende‐se por: a) ‘Grupo criminoso 
organizado’ ‐ grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de 
cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um 
benefício econômico ou outro benefício material;”). Em seguida, aduziu que, conforme decorre da Lei 9.613/98, o crime nela previsto 
dependeria do enquadramento das condutas especificadas no art. 1º em um dos seus  incisos e que, nos autos, a denúncia aludiria a 
delito cometido por organização criminosa (VII). Disse que o parquet, a partir da perspectiva de haver a definição desse crime mediante 
o acatamento à citada Convenção das Nações Unidas, afirmara estar compreendida a espécie na autorização normativa. Tendo isso em 
conta, entendeu que tal assertiva mostrar‐se‐ia discrepante da premissa de não existir crime sem lei anterior que o defina, nem pena 
sem prévia cominação legal (CF, art. 5º, XXXIX). Asseverou que, ademais, a melhor doutrina defenderia que a ordem jurídica brasileira 
ainda não contempla previsão normativa suficiente a concluir‐se pela existência do crime de organização criminosa. Realçou que, no rol 
taxativo do art. 1º da  Lei 9.613/98, não  consta  sequer menção ao delito de quadrilha, muito menos ao de estelionato —  também 
narrados na exordial. Assim, arrematou que se estaria potencializando a referida Convenção para se pretender a persecução penal no 
tocante  à  lavagem  ou  ocultação  de  bens  sem  se  ter  o  delito  antecedente  passível  de  vir  a  ser  empolgado  para  esse  fim,  o  qual 
necessitaria da edição de lei em sentido formal e material. Estendeu, por fim, a ordem aos co‐réus. Após, pediu vista dos autos a Min. 
Cármen Lúcia. HC 96007/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 10.11.2009. (HC‐96007) 
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Interpretação da Lei Penal 
de um só dos crimes, se  idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um 
sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
A jurisprudência limita o tempo a 30 dias. 
 
Princípios 
Ex.: Princípio da Insignificância 
 
Complementos das Normas Penais em branco 
Ex.: a portariado Ministério da Saúde definindo o que é droga, prevista na Lei 11.343/06. 
 
1.1. Mediata: doutrina. Já os costumes e os Princípios Gerais do Direito aparecem como fontes informais. 
3.3 Interpretação da Lei Penal 
A interpretação é feita por uma pessoa para chegar a um determinado resultado. Estuda‐se quanto a 
quem interpreta e o objetivo. 
 
1. Quanto ao sujeito que a interpreta (origem) 
1.1. Autêntica/Legislativa: dada pela própria lei. Ex.: art. 327 do CP – conceito de funcionário público. 
1.2. Doutrinária/Científica: é a interpretação feita pelos estudiosos. 
1.3. Jurisprudencial:  fruto  das  decisões  reiteradas  dos  nossos  tribunais. Atualmente  poderá  ter  caráter 
vinculante, contrário do que foi. 
A exposição de motivos do Código Penal é interpretação autêntica, doutrinária ou jurisprudencial? É 
doutrinária, feita pelos doutos elaboradores do Código Penal. 
Diferente  a  Exposição de Motivos do Código de Processo Penal que  é  interpretação  autêntica ou 
legislativa, pois existe uma lei da Exposição de Motivos. 
 
2. Quanto ao modo 
2.1. Gramatical: leva em conta o sentido literal das palavras. 
2.2. Teleológica: indaga‐se a intenção ou a vontade objetivada na lei. 
2.3. Histórica: procura‐se a origem da lei. 
2.4. Sistemática: a lei é interpretada com o conjunto da legislação. 
2.5. Progressiva: considera‐se o avanço, a evolução da ciência. 
 
3. Quanto ao resultado 
3.1. Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer. 
3.2. Extensiva: amplia‐se o alcance das palavras da lei para que corresponda à vontade do texto. 
3.3. Restritiva: reduz‐se o alcance das palavras. 
É possível interpretação extensiva contra o réu? 
(1ª CORRENTE) – A  lei não proíbe a  interpretação extensiva contra o réu, ex.: 157, §2º,  I do CP4. O 
conceito de arma corresponde a todo instrumento com ou sem finalidade bélica que serve para o ataque. 
(2ª CORRENTE) ‐ Na dúvida, deve o juiz aplicar o Princípio do “in dubio pro reo”. Para esta corrente 
arma abrange somente instrumentos fabricados com a finalidade bélica. 
Para a 1ª uma faca de cozinha é arma; contrariamente ao que expõe a 2ª corrente que entende que 
faca de  cozinha não é  arma. Prevalece  a 1ª  corrente para  concurso do MP e delegado. Para  concursos da 
Defensoria vale a 2ª corrente. 
A  segunda  corrente  está  de  acordo  com  o  Estatuto  de  Roma  –  que  criou  o  Tribunal  Penal 
Internacional. 
 
                                                            
4 Art. 157 ‐ Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê‐la, por 
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena ‐ reclusão, de quatro a dez anos, e multa. [...] § 2º ‐ A pena aumenta‐se 
de um terço até metade: I ‐ se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; 
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Interpretação da Lei Penal 
Interpretação Extensiva não se confunde com  interpretação analógica. Nesta o significado que se 
busca é extraído do próprio dispositivo, levando‐se em conta as expressões genéricas e abertas utilizadas pelo 
legislador (exemplos seguidos de encerramento genérico). 
Art. 121, §2º, I – na primeira parte exemplifica o que é motivo torpe encerrando o inciso. O mesmo 
ocorre com o inciso III, exemplifica e encerra meio insidioso ou cruel. Esta é interpretação analógica. 
Art. 121. Matar alguém: Pena ‐ reclusão, de seis a vinte anos.[...] 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I ‐ mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
 
II ‐ por motivo fútil; 
 
III  ‐ com emprego de veneno,  fogo, explosivo, asfixia,  tortura ou outro meio  insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum; 
 
IV  ‐  à  traição,  de  emboscada,  ou  mediante  dissimulação  ou  outro  recurso  que  dificulte  ou  torne 
impossível a defesa do ofendido; 
As hipóteses de interpretação acima (extensiva e analógica) não se confundem com a analogia. Nesse 
caso, ao contrário dos anteriores, não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual socorre‐
se  daquilo  que  o  legislador  previu  para  outro  similar.  Analogia  é  caso  de  integração  de  lacuna  e  não  de 
interpretação. 
 
Interpretação 
Extensiva 
Interpretação Analógica  Analogia 
1. Existe  lei  para  o 
caso  e  amplia‐se 
o alcance de uma 
palavra.  
1. Existe  lei  para  o  caso,  mas  o  legislador 
depois  de  enunciar  exemplos  encerra  de 
forma  genérica,  permitindo  ao  interprete 
encontrar outros casos.  
1. Não existe lei para o caso, pois 
é  forma  de  integração. 
Empresta  lei  feita  para  caso 
similar.  A  analogia  não  pode 
prejudicar  o  réu  –  somente 
beneficiá‐lo. 
2. Ex.: art. 157, §2º, 
I – arma 
2. Ex.: art. 121, §2º, I, III, e IV do CP – exemplos 
com encerramento genérico. 
CTB ‐ Art. 306.  Conduzir veículo automotor, na via pública, 
estando  com  concentração  de  álcool  por  litro  de  sangue 
igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência 
de  qualquer  outra  substância  psicoativa  que  determine 
dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) 
2. Ex.: fato A e Lei A; e o tem fato 
A’  sem  lei.  Como  são 
semelhantes, empresta a Lei A 
para o fato A’. 
 
   
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Princípios 
Quarta‐feira,  04  de  agosto  de  2010.  
3.4 Princípios 
Estão distribuídos em quatro grupos: 
 
1. Princípios relacionados com a missão fundamental do Direito Penal 
2. Princípios relacionados com o fato do agente 
3. Princípios relacionados com o agente do fato 
4. Princípios relacionados com a pena 
 
1. Princípios relacionados com a Missão Fundamental do Direito Penal 
a. Princípio da Exclusiva Proteção de bens jurídicos: impede que o Estado venha a utilizar o Direito 
Penal para a proteção de bens jurídicos ilegítimos. Ex.: não haver punição ao homossexualismo ou 
à  determinada  religião  somente  por  existirem.  É  possível  impedir  o  exercício  irregular  de 
determinada ato religioso por exemplo. A proteção de alguns direitos ilegítimos levou a Alemanha 
Nazista a lutar contra homossexuais e judeus e defender a raça ariana. 
b. Princípio  da  Intervenção  Mínima:  o  Direito  Penal  só  deve  ser  aplicado  quando  estritamente 
necessário  mantendo‐se  subsidiário  e  fragmentário  ‐  ambos  características  do  Princípio  da 
Intervenção Mínima. Características: 
i. Subsidiariedade:  orienta  a  intervenção  em  abstrato  do  Direito  Penal.  Só  intervém,  em 
abstrato, quando comprovada a ineficácia dos demais ramos do Direito. O Direito Penal é 
a  última  ratio  –  é  a  derradeira  trincheira  no  combate  aos  comportamentos  humanos 
indesejados. 
ii. Fragmentariedade: orienta a intervenção do Direito Penal no caso concreto só é aplicado 
no  caso  concreto quando presente  relevante e  intolerável  lesão ou perigo de  lesão ao 
bem  jurídico. Æ Princípio da  Insignificância é um desdobramento  lógico da característica 
da fragmentariedade. 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
STF  STJ 
Requisitos: 
1 Mínima ofensividade da conduta do agente; 
2 Nenhuma periculosidade social da ação; 
3 Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
4 Inexpressividade da lesão jurídica. 
• Tem  seus  julgados  analisando  o  Princípio  de 
acordo com a  realidade econômica do país. Ex.: 
rejeitou  a  aplicação  do  Princ.  em  um  furto  de 
uma bicicleta de R$ 60,00, por entender que esse 
valor não é insignificante. 
• Tem  julgado  considerando  a  capacidade 
econômica da vítima. 
• Admite  o  Princ.  nos  delitos  contra  a 
administração pública. 
• Prevalece  não  ser  cabível  nos  delitos  contra  a 
administração pública. 
• Ambos Tribunais Superiores não admitemo Princípio no delito de Falsificação de Moeda. 
 
O  Princípio  da  Intervenção  não  serve  só  para  orientar  onde  o  Direito  Penal  deve  intervir,  mas 
também onde o Direito Penal deve deixar de intervir. Ex.: adultério. 
 
2. Princípios relacionados com o fato do agente 
a. Princípio  da  exteriorização  ou  materialização  do  fato:  o  Estado  só  pode  incriminar  condutas 
humanas  voluntárias  (fatos).  Ninguém  pode  ser  punido  por  seus  pensamentos,  desejos,  mera 
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Princípios 
cogitação ou estilo de vida. Punir alguém por seus pensamentos, desejos é direito penal do autor, 
o Brasil trabalha com o Direito Penal do Fato – art. 2º do CP5. 
Até  2009  existia  uma  contravenção  penal  que  ofendia  esse  Princípio,  art.  60  da  LCP  (mendigar, 
ociosidade ou cupidez. Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses). No art. 59, ainda vigente, pune‐se o 
vadio  (entregar‐se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o  trabalho, sem  ter renda que  lhe 
assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência mediante ocupação  ilícita. Pena – 
prisão simples, de quinze dias a três meses). 
 
b. Princípio da Legalidade: (art. 1º do CP6 – é Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal?) 
 
1ª CORRENTE: diz que é princípio da  reserva  legal. O artigo primeiro segue o Princípio da Reserva 
Legal pois toma a expressão no sentido estrito. 
2ª CORRENTE: diz que a Legalidade não se confunde com o Princípio da Reserva Legal. O artigo toma 
a expressão  lei no seu sentido amplo abrangendo todas as espécies normativas do art. 59 da CF. De acordo 
com essa segunda corrente poderia se admitir criação de crime por Medida Provisória, Emenda Constitucional 
etc. 
***3ª  CORRENTE:  diz  que  Princípio  da  Legalidade  é  igual  Princípio  da  Reserva  Legal  MAIS  a 
Anterioridade. Esta é a corrente que prevalece no sentido de etiquetar o artigo 1º do Código Penal. 
Princípio  da  Legalidade:  constitui  uma  real  limitação  ao  Poder  Estatal  de  interferir  na  esfera  de 
liberdades  individuais.  Está  previsto  no  art.  5º,  XXXIX  da  CF;  art.  1º  do  CP;  no  artigo  9º  da  Convenção 
Americana de Direitos Humanos7 e no artigo 22 do Estatuto de Roma8. 
i. Fundamentos do Princípio da Legalidade 
1. Político: exigência de vinculação do Executivo e do Judiciário a leis formuladas de 
forma abstrata. Impede o poder punitivo com base no livre arbítrio. 
2. Democrático:  em  respeito  ao  Princípio  da  Divisão  de  Poderes,  o  Parlamento, 
representante do povo, deve ser o responsável pela criação de crimes. 
3. Jurídico: uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo. 
Art. 1° Não há CRIME (infração penal) sem lei anterior que o defina. Não há pena (todos tipos de penas, 
inclusive medidas de segurança) sem prévia cominação legal. 
‐ O artigo 1º diz que não há crime sem lei anterior que o defina, mas e as contravenções penais? 
O  Princípio  da  Legalidade  abrange  também  as  contravenções  penais,  onde  se  lê  crime,  leia‐se 
infração penal. 
 
‐ Não há pena sem prévia cominação legal, mas e a medida de segurança está incluída ou não? 
Aqui há duas correntes. 
1ª CORRENTE – a palavra “pena”  tem sentido amplo, abrangendo  todos os  tipos de sanção penal, 
inclusive as medidas de segurança. É a corrente prevalecente. 
2ª CORRENTE – considerando a  função meramente  terapêutica das medidas de segurança  (sanção 
sem caráter punitivo), não estão abrangidas pelo Princípio da Legalidade. 
 
                                                            
5 Lei penal no tempo ‐ art. 2º ‐ Ninguém pode ser punido POR FATO que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude 
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
6 Anterioridade da Lei ‐ Art. 1º ‐ Não há crime sem LEI anterior que o defina. Não há pena sem prévia COMINAÇÃO LEGAL. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
7 Artigo 9º ‐ Princípio da legalidade e da retroatividade ‐ Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em 
que  forem  cometidas,  não  sejam  delituosas,  de  acordo  com  o  direito  aplicável.  Tampouco  se  pode  impor  pena mais  grave  que  a 
aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a  lei dispuser a  imposição de pena mais  leve, o 
delinqüente será por isso beneficiado. 
8 CAPÍTULO  III  ‐ Princípios gerais de direito penal  ‐ Artigo 22.º  ‐ Nullum  crimen  sine  lege  ‐ 1  ‐ Nenhuma pessoa  será  considerada 
criminalmente responsável, nos termos do presente Estatuto, a menos que a sua conduta constitua, no momento em que tiver lugar, 
um crime da competência do Tribunal. 2 ‐ A previsão de um crime será estabelecida de forma precisa e não será permitido o recurso à 
analogia. Em caso de ambiguidade, será interpretada a favor da pessoa objecto de inquérito, acusada ou condenada. 3 ‐ O disposto no 
presente artigo em nada afectará a tipificação de uma conduta como crime nos termos do direito internacional,  independentemente 
do presente Estatuto.  
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Princípios 
‐ Se o Princípio da Legalidade abrange contravenção penal e medida de segurança, o artigo 3º do Código Penal 
Militar foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988? 
Art.  3º  ‐  As medidas  de  segurança  regem‐se  pela  lei  vigente  ao  tempo  da  sentença,  prevalecendo, 
entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução. 
O Princípio da Legalidade é formado pela reserva legal e anterioridade. O art. 3º do CPM fala em lei, 
porém não anterior aos fatos; respeita a reserva legal, porém ignora a anterioridade, portanto quanto a essa 
última parte NÃO foi RECEPCIONADA. 
O Princípio da Legalidade é igual a garantia do cidadão. É necessário efetividade. 
Portanto não poderá reduzir essa expressão a simplesmente: “não há crime sem lei”. Lei nesse caso 
deve ser tomada no sentido estrito abrangendo lei ordinária e lei complementar. 
 
‐ Medida Provisória pode criar crime? 
Não, pois não é lei em sentido estrito – na verdade é um ato administrativo com força normativa. 
 
‐ Medida Provisória pode criar Direito Penal não incriminador; poderá abolir crime? 
1ª CORRENTE – não existe vedação legal. Ex. Medida Provisória que extingue a punibilidade. 
2ª  CORRENTE  –  existe  vedação  constitucional  no  art.  62,  §1º  da  CF9.  A  redação  desse  artigo  foi 
incluída pela Emenda Constitucional 32 de 2001. 
O STF no RE 254.818/PR10, discutindo os efeitos benéficos trazidos pela Medida Provisória 1571/97, 
que permitiu o parcelamento dos débitos tributários e previdenciários com efeitos extintivos da punibilidade, 
proclamou sua admissibilidade em favor do réu. 
 
‐ Com a EC 32/01 essa posição do Supremo foi mantida? 
Mesmo com o advento da EC 32/01, o STF demonstrou que sua posição está mantida, interpretando 
o art. 62, §1ª CF como mandamento proibitivo de Direito Penal  incriminador. A  justificativa baseia‐se no art. 
12 do Estatuto do Desarmamento (posse de arma sem registro em residência) criado em 2003 e foi somente 
aplicado em 2009, pois havia diversas Medidas Provisórias postergando a punibilidade do crime. 
 
‐ Lei Delegada pode versar sobre Direito Penal? 
Não, em razão do art. 68, §1º CF11. São dois obstáculos tanto por ser matéria exclusiva do Congresso 
e segundo por não ser possível delegação de lei que trate de Direitos Individuais. 
 
‐ Resolução do TSE pode criar crime? 
Não pode cominar pena e nem criar crime, pois não é lei em sentido estrito. 
 
O Princípio da Legalidade garantia do cidadão e não admite a criação de crime sem lei anterior, nem 
pena sem prévia cominação legal – é formado da reserva legal e da anterioridade. 
O Princípio da Legalidade,nele  integrado a anterioridade veda a retroatividade maléfica do Direito 
Penal. O Princípio da Anterioridade não veda a  retroatividade da Lei Penal em  si, mas  sim a  retroatividade 
maléfica. A retroatividade benéfica é uma garantia do cidadão. 
                                                            
9 Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de  lei, devendo 
submetê‐las de  imediato ao Congresso Nacional. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:  I  ‐ relativa a:  [...] b) 
direito penal, processual penal e processual civil; 
10  EMENTA:  I. Medida  provisória:  sua  inadmissibilidade  em matéria  penal  ‐  extraída  pela  doutrina  consensual  ‐  da  interpretação 
sistemática da Constituição  ‐, não  compreende  a de normas penais benéficas,  assim,  as que  abolem  crimes ou  lhes  restringem o 
alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de pena ou de extinção de punibilidade. II. Medida provisória: 
conversão em lei após sucessivas reedições, com cláusula de "convalidação" dos efeitos produzidos anteriormente: alcance por esta de 
normas não reproduzidas a partir de uma das sucessivas reedições. III. MPr 1571‐6/97, art. 7º, § 7º, reiterado na reedição subseqüente 
(MPr 1571‐7, art. 7º, § 6º), mas não reproduzido a partir da reedição seguinte (MPr 1571‐8 /97): sua aplicação aos fatos ocorridos na 
vigência das edições que o continham, por força da cláusula de "convalidação" inserida na lei de conversão, com eficácia de decreto‐
legislativo. 
11 Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 
1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos 
Deputados  ou  do  Senado  Federal,  a matéria  reservada  à  lei  complementar,  nem  a  legislação  sobre:  II  ‐  nacionalidade,  cidadania, 
DIREITOS INDIVIDUAIS, políticos e eleitorais; 
 
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Não basta dizer que “não há crime  sem  lei”; não basta dizer que “não há crime  sem  lei anterior”, 
ainda “não há crime sem lei escrita”. 
É vedado o costume incriminador – é possível o costume interpretativo. 
 
Ainda:  “não  há  crime  sem  lei  estrita”.  Com  isso  se  veda  a  analogia  incriminadora.  É  possível  a 
analogia em benefício do réu. 
 
Para o exercício da garantia é necessário dizer que  “não há  crime  sem  lei  certa”. É o Princípio da 
Taxatividade  ou Determinação,  exige‐se  do  tipo  penal  clareza.  Deve  ser  de  fácil  compreensão.  Tipo  penal 
ambíguo, genérico, poroso, permite arbitrariedade. 
 
O  art.  20  7.170/8312  que  aborda  o  terrorismo  é  uma  expressão  ambígua  e  incerta,  ofendendo  o 
Princípio da Taxatividade. 
 
Outra garantia é que “não há crime sem lei necessária” é um desdobramento lógico do Princípio da 
Intervenção  Mínima.  O  Princípio  da  Legalidade  é  o  pilar  do  Garantismo  Penal,  ou  seja,  é  o  máximo  de 
Garantias para o cidadão para o Estado punitivo. É máximo de bem estar para o bom cidadão e o mínimo de 
mal estar para o mal cidadão. Compara poder punitivo com garantias do cidadão. 
 
PODER PUNITIVO  GARANTIAS DO CIDADÃO 
Não há crime, sem uma LEI:  Não há crime, sem uma LEI: 
1 Anterior  1 Anterior 
  2 Escrita    2 Escrita 
    3 Estrita      3 Estrita 
      4 Certa        4 Certa 
        5 Necessária          5 Necessária 
                   
                   
                   
 
**Na  medida  que  se  aumentam  os  requisitos  da  lei,  diminui  o  Poder  Punitivo  do  Estado,  aumentando 
diametralmente  as  Garantias  do  Cidadão.  A  Necessidade  da  lei,  como  desdobramento  da  Intervenção 
Mínima, faz com que as garantias do cidadão ultrapassem o Poder Punitivo do Estado, fazendo com que, no 
final, reste mais Garantias ao Cidadão do que Poder Punitivo para o Estado. 
 
 
LEI PENAL 
1 Norma Penal Completa: dispensa complemento normativo  (dado pela norma) ou valorativo  (dado pelo 
juiz). Ex.: 121 do CP – matar alguém – tipo que dispensa complemento. 
2 Norma Penal Incompleta: depende de complemento normativo ou valorativo. 
a. Norma Penal em Branco: depende de complemento normativo. 
i. Norma Penal em Branco PRÓPRIA/EM SENTIDO ESTRITO/HETEROGÊNEA: o complemento 
normativo não emana do  legislador.  Lei  complementada por uma norma diversa da  lei. 
Ex.: Lei de Drogas é complementada por uma Portaria do Ministério da Saúde que define o 
que é droga. 
ii. Norma Penal em Branco IMPRÓPRIA/EM SENTIDO AMPLO/HOMOGÊNEA: o complemento 
normativo  emana  do  legislador.  Ex.:  Lei  complementada  por  outra  norma  que 
corresponde a outra lei. 
1. Norma Penal em Branco Imprópria HOMOVITELINA/HOMÓLOGA: o complemento 
emana da mesma  instância  legislativa. Lei complementada por outra  lei e ambas 
                                                            
12  Art.  20  ‐ Devastar,  saquear,  extorquir,  roubar,  seqüestrar, manter  em  cárcere  privado,  incendiar,  depredar,  provocar  explosão, 
PRATICAR  atentado  pessoal  ou  ATOS  DE  TERRORISMO,  por  inconformismo  político  ou  para  obtenção  de  fundos  destinados  à 
manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. Parágrafo único ‐ Se do fato resulta 
lesão corporal grave, a pena aumenta‐se até o dobro; se resulta morte, aumenta‐se até o triplo. 
INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Princípios 
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Eficácia da Lei Penal no Tempo 
pertencem ao mesmo documento  legal. Ex.: art. 312 do CP –  trata do  crime de 
peculato  e  traz  a  expressão  funcionário  público  conceito  que  está  no  próprio 
Código Penal. 
2. Norma  Penal  em  Branco  Imprópria  HETEROVITELINA/HETERÓLOGA:  o 
complemento emana de instância legislativa diversa. É uma lei que complementa 
outra lei, porém em documentos diversos. Ex.: art. 236 do CP induzimento a erro 
essencial  e  ocultação  de  impedimento  –  os  impedimentos  do  casamento  estão 
previstos no Código Civil. 
iii. Norma Penal em Branco ao Revés: nesse caso o complemento normativo diz  respeito à 
sanção.  A  norma  penal  é  compreendida  por  um  preceito  primário  e  um  preceito 
secundário. O preceito secundário é que precisa de complemento que só pode ser lei. Ex.: 
2889/56 – Genocídio, art. 1º13. 
b. Tipo Aberto: depende de complemento valorativo, a ser dado pelo  juiz. Ex.: crimes culposos – o 
tipo não enuncia as formas de negligência, fica a critério do juiz valorar o caso concreto. Art. 121, 
§3º do CP. Crime culposo que o legislador define a forma de culpa, art. 180, §3º do CP14. 
 
‐ Norma penal em branco própria (em sentido estrito) é constitucional? 
1ª CORRENTE  –  a NPB própria  é  inconstitucional.  Esta modalidade ofende  o  Princípio da Reserva 
Legal visto que o seu conteúdo poderá ser modificado sem que haja uma discussão amadurecida da sociedade 
a seu  respeito, como acontece com os projetos de  lei em apreciação no Congresso. A discussão é  feita nos 
Gabinetes dos Ministérios por exemplo. Corrente adotada por Rogério Greco. 
2ª CORRENTE – na NPB própria existe um tipo penal incriminador que traduz os requisitos básicos do 
delito e um complemento normativo. O  legislador não pode deixar a descrição típica essencial por conta de 
autoridade  administrativa,  limitando‐se  esta  a  explicitar  um  dos  requisitos  típicos  dado  pelo  legislador. 
Corrente que prevalece. 
 
Diferença entre Legalidade Formal e Legalidade Material 
 
Legalidade Formal: obediência aos  trâmites procedimentais. Há  lei vigente, o que não  significa  lei 
válida. 
Legalidade  Material:  respeito  aos  direitos  e  garantias  individuais,  com  isso  pode‐se  falar  em  lei 
válida. 
Por isso, contrário ao que sedizia anteriormente, a lei vigente é válida. 
Lei que obedeceu  todos os  trâmites procedimentais, mas  foi declarada  invalida pelo  STF,  foi a  lei 
8.072/90  no  seu  art.  2º,  §1º,  antes  da  Lei  11.466/04,  foi  declarada  vigente,  porém  inválida  por  impedir  a 
progressão de regime. 
3.5 Eficácia da Lei Penal no Tempo 
Com isso se estuda o tempo do crime – quando um crime se considera praticado. 
 
***Teoria  da  Atividade:  considera‐se  praticado  no  momento  da  conduta,  ainda  que  outro  o 
momento do resultado. Teoria adotada pelo Código Penal. 
                                                            
13 Art. 1º Quem,  com  a  intenção de destruir, no  todo ou em parte,  grupo nacional, étnico,  racial ou  religioso,  como  tal:  a) matar 
membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo 
a  condições de  existência  capazes de ocasionar‐lhe  a destruição  física  total ou parcial; d)  adotar medidas destinadas  a  impedir os 
nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; Será punido: Com as penas do 
art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; Com as penas do art. 270, no caso 
da letra c; Com as penas do art. 125, no caso da letra d; Com as penas do art. 148, no caso da letra e;  
14 Art. 180 ‐ Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou 
influir para que terceiro, de boa‐fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena ‐ reclusão, de um a 
quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Receptação qualificada(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) [...] 
§ 3º  ‐ Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a 
oferece, deve presumir‐se obtida por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena ‐ detenção, de um mês a um 
ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 
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Teoria do Resultado: considera‐se praticado no momento da consumação. 
Teoria da Ubiquidade/Mista: considera‐se praticado no momento da conduta ou do resultado. 
 
Interesse prático no tempo do crime 
 
1 Imputabilidade  do  agente:  no  momento  da  conduta  menor,  porém  no  momento  do  resultado  maior. 
Prevalecerá como infrator, ou seja, menor. 
2 Condições pessoais da vítima: (ex.: homicídio contra pessoa maior de 60 anos sofre um aumento de pena – 
art. 121, §4º, 2ª parte CP). Sendo o momento da conduta a vítima era menor de 60 anos, mas no resultado 
maior de 60 anos. Com isso o homicida não responderá pelo aumento. 
3 Sucessão de Leis Penais no Tempo: deve‐se observar o art. 1ª e 2º do CP. 
Art. 1° Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
A lei penal no tempo 
Art. 2º Ninguém pode  ser punido por  fato que  lei posterior deixa de  considerar  crime,  cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo  único.  A  lei  posterior,  que  de  outro  modo  favorece  o  agente,  aplica‐se  ao  fato  não 
definitivamente  julgado e, na parte  em que  comina pena menos  rigorosa,  ainda  ao  fato  julgado por 
sentença condenatória irrecorrível. 
TEMPO DA REALIZAÇÃO DO FATO  LEI POSTERIOR   
1º Atípico  Típico    Não retroage art. 1º CP. 
2º Típico  Atípico    Retroage art. 2º CP. 
3º Típico  Típico – com pena mais grave    Não retroage art. 1º CP. 
4º Típico  Típico – com pena menos grave    Retroage art. 2º CP. 
 
 
Artigo 2º ‐ Abolitio Criminis 
(Supressão da figura criminosa) 
Natureza Jurídica: 
1ª CORRENTE: causa extintiva da punibilidade. Adotada pelo CP, art. 107, III do CP. 
2ª CORRENTE: causa de exclusão da tipicidade. 
 
Art. 2º Ninguém pode  ser punido por  fato que  lei posterior deixa de  considerar  crime,  cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
 
Lei abolicionista não respeita a coisa julgada, mas o art. 5º, XXXVI da CF diz que não poderá ofender a 
coisa julgada. 
XXXVI ‐ a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; 
 
O art. 2ª do CP não ofende o art. 5º, XXXVI da CF, pois o mandamento constitucional tutela garantia 
individual do  cidadão  e não o direito de punir do  Estado. A abolitio  criminis  extingue os  efeitos penais de 
eventual  condenação,  mas  os  efeitos  extrapenais  permanecem,  ex.:  continua  sendo  titulo  executivo 
extrapenal. 
 
Art. 2º, § único ‐ Lex Mitior 
(Lei Posterior que de qualquer modo favorece o agente) 
Parágrafo  único.  A  lei  posterior,  que  de  outro  modo  favorece  o  agente,  aplica‐se  ao  fato  não 
definitivamente  julgado e, na parte  em que  comina pena menos  rigorosa,  ainda  ao  fato  julgado por 
sentença condenatória irrecorrível. 
Também não respeita coisa julgada. 
 
‐ Depois do trânsito em julgado, quem aplica a lei mais benigna? 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Eficácia da Lei Penal no Tempo 
Resposta para Provas Objetivas: Súmula 611 do STF. 
 
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Súmula 611 
TRANSITADA  EM  JULGADO  A  SENTENÇA  CONDENATÓRIA,  COMPETE  AO  JUÍZO  DAS  EXECUÇÕES  A 
APLICAÇÃO DE LEI MAIS BENIGNA. 
Fonte de Publicação: DJ de 29/10/1984 
Resposta para Provas Escritas: se de aplicação meramente matemática é o juiz da execução (Súmula 
611 do STF); se conduzir a juízo de valor, revisão criminal. 
 
‐ Lei mais benéfica pode retroagir quando ainda na vacatio? 
1ª CORRENTE: a “vacatio” tem como finalidade a necessidade de informar e dar conhecimento da lei 
promulgada. Aquele que já se inteirou da lei nova pode valer‐se dos seus preceitos mais brandos. 
2ª CORRENTE: a lei na “vacatio” não tem eficácia jurídica ou social. Permanece a plena aplicabilidade 
da lei antiga (Prevalece). 
 
Sucessão de leis penais no tempo versus crime continuado 
 
Ex.: cinco furtos em continuidade delitiva. Durante os crimes há alteração da pena de 2 a 5 anos para 
4 a 10 anos. 
O crime se considera, por ficção jurídica, único, praticado no 1º e no último momento, ir‐se‐á aplicar 
a última lei, ainda que mais grave ‐ súmula 711 do STF. 
Súmula  711  do  STF  ‐  A  LEI  PENAL MAIS GRAVE  APLICA‐SE  AO  CRIME  CONTINUADO OU  AO  CRIME 
PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA. 
Fonte de Publicação DJ de 9/10/2003. 
‐ É possível a combinação de leis para favorecer o agente? 
Lei “A” 
Pena: 1 a 4 anos 
 
1ª CORRENTE – não se admite combinação de  leis, pois, assim agindo, o  juiz eleva‐se a  legislador. 
Adotada por Nelson Hungria. 
2ª CORRENTE – se o juiz pode aplicar o “todo” de uma ou de outra lei para favorecer o agente, pode 
também escolher parte de uma ou de outra para o mesmo fim (doutrina moderna). 
O STF tem decisões nos dois sentidos, a questão não está consolidada no Supremo. 
 
RAPTO: 
 
  Lei 11.106/05 
1º Rapto Consensual   
 
Antes  Depois 
Art. 220  Abolitio criminis 
  Supressão de conteúdo típico 
  Lei 11.106/05 
2º Rapto Violento   
 
Antes  Depois 
Art. 219 do CP  Art. 148, §1º, V do CP 
  Princípio da continuidade normativo ‐ típica 
 
Abolitio criminis 
‐ Supressão formal 
‐ Supressão de conteúdo 
A intenção do legislador é não mais considerar o fato como criminoso. 
O  Princípio  da  Continuidade Normativo‐típica  há  uma  alteração  formal  ou migração  do  conteúdo 
para outro tipo ou outra lei. A intenção do legislador é manter o caráter criminoso do fato. 
INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Eficácia da Lei Penal no Tempo 
Antes da lei 12.015/09 o atentado violento ao pudor constava no art. 214 e depois migrou para o art. 
213.Não  foi  abolido,  mas  agora  com  a  roupagem  de  estupro  –  aplicação  do  Princípio  da  Continuidade 
Normativo. 
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Eficácia da Lei Penal no Tempo 
 
c. Princípio da Ofensividade: para que ocorra o delito é  imprescindível a efetiva lesão ou perigo de 
lesão ao bem jurídico tutelado. Esse Princípio é chamado também de Princípio da Lesividade. 
 
Crimes de perigo: 
Abstrato: o perigo é absolutamente presumido por lei. 
Concreto: o perigo deve ser comprovado. 
 
Parcela da doutrina questiona  a  constitucionalidade do  crime  de perigo  abstrato  exatamente por 
afrontar o Princípio da Ofensividade ou Lesividade. 
Constitucionalidade (ou não) do Crime de Perigo Abstrato no STF. 
Começou com o porte de arma desmuniciada e deve ser analisada até 2005; daí até 2009, e de 2009 
em diante. 
2005 2009
Até 2005 o  STF  admitia o 
cirme de perigo abstrato e 
punia  o  porte  de  arma 
desmuniciada. 
 
De  2005  até  2009  o  STF 
deixou de admitir o delito 
de  Perigo  Abstrato  e 
reconheceu  atípica  a 
conduta de porte de arma 
desmuniciada. 
 
O  STF 
excepcionalmente 
admite  delito  de 
perigo  abstrato. 
Ex.:  tráfico  de 
drogas  que  é 
admitido. 
Até hoje a questão NÃO está pacificada. 
 
3. Princípios relacionados com o agente do fato 
a. Princípio da Responsabilidade Pessoal: proíbe‐se o castigo penal pelo fato de outrem. Não existe 
responsabilidade  penal  coletiva.  Por  isso  que  o  Ministério  Público  deve  particularizar  o 
comportamento  dos  agentes  nos  crimes  para  que  o  juiz  possa  aplicar  suas  responsabilidades 
individualmente – com base nisso não é admitida denúncia genérica ou coletiva. 
b. Princípio da Responsabilidade Subjetiva: não basta que o fato seja materialmente causado pelo 
agente,  só  podendo  ser  responsabilizado  se  o  fato  foi  querido,  aceito  ou  previsível.  Só  tem 
sentido castigar fatos desejados ou previsíveis – veda‐se a responsabilidade objetiva. Exceções do 
sistema  brasileiro  pelas  quais  cabe  responsabilidade  objetiva  são:  embriaguês  não  acidental 
completa*** e rixa qualificada pela lesão qualificada ou morte***. 
c. Princípio da Culpabilidade: trata‐se de postulado  limitador do direito de punir. Assim, só pode o 
Estado  punir  agente  imputável,  com  potencial  consciência  da  ilicitude,  quando  dele  exigível 
conduta diversa. 
 
0Questão de concurso exigiu a distinção entre os três primeiros princípios. 
 
d. Princípio da Isonomia: tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida da sua 
desigualdade,  ou  seja,  isonomia material  ou  substancial  –  art.  24  da  Convenção Americana  de 
Direitos Humanos15. Se todos são iguais perante a lei, por que há a Lei Maria da Penha? Por que há 
o Estatuto Racial (Lei 12.288/10)? Essas duas leis têm status de Ação Afirmativa, pois só é possível 
tornar a mulher  igual ao homem – faticamente ‐ protegendo mais a mulher; protegendo o negro 
mais do que o branco, pois faticamente, em ambos casos, não são iguais. 
e. Princípio da Presunção de Inocência (ou da não culpa): art. 5º, LVII da CF16, não está presumindo 
a  inocência,  mas  proibindo  a  prisão  sem  culpa.  Parcela  da  doutrina  leciona  que  o  inciso 
constitucional acima prevê, na verdade, o Princípio da Presunção de não culpa, mais coerente com 
o  Sistema  de  Prisões  Provisórias.  Se  há  a  presunção  de  inocência  não  poderia  haver  prisões 
provisórias,  pois  se  presumido  inocente  não  poderia  ser  recluso;  portanto  presunção  de  não 
                                                            
15 Artigo 24º ‐ Igualdade perante a lei ‐ Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação, a 
igual proteção da lei. 
16 LVII ‐ ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; 
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Eficácia da Lei Penal no Tempo 
culpabilidade seria mais lógico para admissão das prisões provisórias. A Convenção Americana de 
Direitos Humanos sim traz a presunção de inocência no seu art. 8º, 217 ‐ das letras “a” até a letra 
“h” traz os consectários do Princípio. Desdobramentos do Princípio da Presunção de Inocência: 
i. Prisão  provisória  somente  quando  imprescindível:  no  Brasil  prisão  provisória  somente 
quando imprescindível. 
ii. Ônus da prova fica com a acusação 
iii. Condenação pressupõe prova: não bastam meros indícios. 
Obs.: A Súmula Vinculante que proíbe o uso de algemas é um reflexo do Princípio da  Inocência e não do da 
Não culpabilidade. 
 
4. Princípios relacionados com a pena 
a. Princípio  da  proibição  da  Pena  Indigna:  a  ninguém  pode  ser  imposta  uma  pena  ofensiva  à 
dignidade humana 
b. Princípio da humanidade das penas: nenhuma pena pode ser cruel, desumana ou degradante. 
Esses dois Princípios estão muito bem resumidos no art. 5º, §§ 1º e 2º da Convenção Americana dos 
Direitos Humanos18. 
Lei  12.258/10  criou  o  monitoramento  eletrônico  –  tornozeleira  eletrônica.  Parcela  da  doutrina 
entende que esse método é uma forma desrespeito à dignidade da pessoa humana. 
c. Princípio  da  Proporcionalidade  da  Pena:  do  princípio  se  extrai  que  a  pena,  para  cumprir 
adequadamente a sua função (retribuição, prevenção e ressocialização), deve ajustar‐se de acordo 
com a relevância do bem jurídico tutelado, sem desconsiderar as condições pessoais do agente. 
Deve ser observado em três momentos: 
i. Na criação do tipo, ou seja, pelo legislador; 
ii. Na aplicação da pena, ou seja, pelo juiz na sentença; 
iii. Na execução da pena, ou seja, pelo juiz na execução. 
d. Princípio da Pessoalidade/personalidade/intranscendência: art. 5º, XLV da CF19. Nenhuma pena 
passará da pessoa do condenado. Trata‐se de um princípio absoluto ou relativo? 
i. 1ª CORRENTE: o Princípio da personalidade é relativo admitindo uma exceção previsto na 
própria CF, qual seja, a pena de confisco (Flávio Monteiro de Barros – minoria). 
ii. 2ª CORRENTE: o Princípio da Personalidade é absoluto, não admitindo exceção. O confisco 
previsto  no  art.  5º,  XLV  da  CF  não  é  pena,  mas  efeito  da  condenação  (obrigação) Æ 
CORRENTE MAJORITÁRIA (LFG e Mirabete). 
e. Princípio da Vedação do “Bis  in  idem”: o mesmo  fato não pode ser considerado duas vezes em 
prejuízo do mesmo agente. Significados desse princípio: 
i. Significado Processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime. 
ii. Significado Material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo 
fato. 
iii. Significado  Execucional:  ninguém  pode  ser  executado  duas  vezes  por  condenações 
relacionadas ao mesmo fato. 
 
                                                            
17 Artigo 8º ‐ GARANTIAS JUDICIAIS [...] 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se 
comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: a) 
direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não compreender ou não falar o idioma do juízo ou 
tribunal; b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada; c) concessão ao acusado do tempo e dos meios 
adequados para a preparação de sua defesa; d) direito do acusado de defender‐se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor 
de  sua escolha e de  comunicar‐se,  livremente e em particular,  com  seu defensor; e) direito  irrenunciável de  ser assistido por um 
defensor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio nem 
nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela  lei;  f) direito da defesa de  inquirir as  testemunhas presentes no  tribunal e deobter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos; g) direito de não ser 
obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar‐se culpada; e h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. 
18 Artigo 5º  ‐ DIREITO À  INTEGRIDADE PESSOAL  ‐ 1. Toda pessoa  tem direito de que  se  respeite  sua  integridade  física, psíquica e 
moral. 2. Ninguém deve  ser  submetido  a  torturas nem  a penas ou  tratamentos  cruéis, desumanos ou degradantes.  Toda pessoa 
privada da liberdade deve ser tratada com respeito devido à dignidade inerente ao ser humano. 
19 XLV ‐ nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de 
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Eficácia da Lei Penal no Tempo 
RESUMO:  para  cada  fato,  só  há  de  ser  aplicada  uma  norma  penal  que  excluirá  as  demais  e  só 
autorizará a punição do autor em um único delito. 
 
0O Princípio da vedação do Bis in idem está previsto na CF? Não há previsão expressa na CF, é um Princípio 
Constitucional implícito. Porém está previsto no art. 20 do Estatuto de Roma. 
Artigo 20.º ‐ Ne bis in idem 
1  ‐  Salvo  disposição  em  contrário  do  presente  Estatuto,  nenhuma  pessoa  poderá  ser  julgada  pelo 
Tribunal por actos constitutivos de crimes pelos quais este já a tenha condenado ou absolvido. 
2  ‐ Nenhuma pessoa poderá  ser  julgada por outro  tribunal por um  crime mencionado no  artigo 5.º, 
relativamente ao qual já tenha sido condenada ou absolvida pelo Tribunal. 
3  ‐ O  Tribunal não poderá  julgar uma pessoa que  já  tenha  sido  julgada por outro  tribunal por  actos 
também punidos pelos artigos 6.º, 7.º ou 8.º, a menos que o processo nesse outro tribunal: 
a)  Tenha  tido  por  objectivo  subtrair  o  arguido  à  sua  responsabilidade  criminal  por  crimes  da 
competência do Tribunal; ou 
b) Não tenha sido conduzido de forma  independente ou  imparcial, em conformidade com as garantias 
de um processo equitativo  reconhecidas pelo direito  internacional, ou  tenha  sido  conduzido de uma 
maneira que, no caso concreto, se revele incompatível com a intenção de submeter a pessoa à acção da 
justiça 
0A reincidência afronta o Princípio da vedação do “Bis in Iden”? Uma pessoa que foi condenada no passado 
por  um  furto  cometido,  poderá,  no  presente,  ter  sua  pena  agravada  em  razão  de  um  novo  delito  por 
reincidência. 
1ª  CORRENTE:  fere  o  Princípio  do  “Ne  bis  in  idem”.  O  juiz,  ao  considerar  a  reincidência,  está 
aplicando pela segunda vez o mesmo fato em prejuízo do agente (o mesmo fato serve para condenar e agravar 
a pena do novo crime). Defendido por Paulo Queiroz. 
2ª CORRENTE: o fato de um reincidente ser punido mais severamente do que um primário não viola 
a vedação do “bis  in  idem”, pois visa somente  reconhecer maior  reprovabilidade na conduta daquele que é 
contumaz violador da  lei penal  (Princípio da  Individualização da Pena). Corrente prevalecente,  seguida pelo 
STJ. 
   
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Lei Excepcional ou Temporária 
Sexta‐feira,  13  de  agosto  de  2010.  
 
A aula desse dia foi continuidade no Princípio da Legalidade 
(pag. 8) que fora abordado superficialmente na aula do dia 
04  de  agosto,  portanto,  para  não  haver  uma  quebra  no 
conteúdo,  recortei  e  colei  obedecendo  a  sequência  da 
matéria e não cronológica. 
 
 
Terça‐feira,  17  de  agosto  de  2010.  
 
O sumário da aula de hoje se resume basicamente no art. 3º 
do  CP,  alteração  do  complemento  de  norma  penal  em 
branco, alteração de entendimento jurisprudencial. 
3.6 Lei Excepcional ou Temporária 
Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Art. 3º  ‐ A  lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica‐se ao  fato praticado durante sua vigência.  (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 1984) 
• Lei Temporária (temporária em sentido estrito): é aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de 
sua vigência. 
Lei “A” 
|‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐| 
1/1/10    1/6/10 
 
O fato será punido mesmo após cessado período de vigência. A Lei temporária é ultrativa. 
 
• Lei Excepcional  (temporária em sentido amplo): é a que atende a transitórias necessidades estatais, 
tais como, guerra, calamidades, epidemias etc. Perdura por todo o tempo excepcional. 
Lei “B” 
|‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐Æ até o fim da epidemia 
1/1/10 
A  lei temporária  (em sentido amplo ou estrito) é utrativa, pois se assim não fosse se sancionaria o 
absurdo de reduzir as disposições dessa lei a uma espécie de ineficácia preventiva em relação aos fatos por ela 
validamente vetados. 
‐ A lei temporária foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988? 
1ª  CORRENTE  –  percebendo  que  a  CF/88  não  traz  qualquer  exceção  à  proibição  da  utratividade 
maléfica, Zaffaroni julga o art. 3º do CP como inconstitucional. 
2ª CORRENTE – a lei nova não revoga a anterior porque não trata da mesma matéria, do mesmo fato 
típico  (é  a  anterior  que  deixa  de  ter  vigência  em  razão  da  sua  excepcionalidade).  Por  isso  é  que  não  há 
nenhuma inconstitucionalidade do art. 3º do CP (corrente que prevalece). 
3.7 Sucessão de Complemento de Normas Penais em Branco 
1ª CORRENTE – o complemento da norma penal em branco deve sempre retroagir, desde que mais 
benéfica  para  o  agente,  tendo  em  vista  o  mandamento  constitucional  da  retroatividade  mais  favorável. 
Seguida por Paulo José da Costa Jr. 
2ª CORRENTE – a alteração da norma complementadora terá, sempre, efeitos irretroativos, por não 
admitir  a  revogação  das  normas  em  consequência  da  revogação  de  seus  complementos.  A  alteração  do 
complemento não revoga os crimes anteriores. Defendida por Frederico Marques. 
 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL > Alteração da Jurisprudência 
3ª CORRENTE – só  tem  importância a variação da norma complementar na aplicação retroativa da 
norma penal em branco quando esta provoca uma real modificação da figura abstrata do Direito Penal, e não 
quando importe a mera modificação periférica. Adotada por Mirabete. 
**4ª  CORRENTE  –  a  alteração  de  um  complemento  de  norma  penal  em  branco  homogênea  (Lei 
complementando lei) sempre terá efeitos retroativos, se mais benéfico. Adotada por Pierangeli. 
Já na hipótese de norma penal em branco heterogênea a  retroatividade é possível desde que não 
possua caráter excepcional ou temporário. Essa quarta corrente tem guarida no Supremo. 
Norma Penal em Branco Homogênea – se o complemento for alterado por outra lei e esta lei for mais 
benéfica, ela retroage nos termos do art. 2º do CP. Ex.: art. 236 do CP20. Se sobrevier uma alteração que exclua 
o impedimento o agente será beneficiado. 
1ª situação: 
Lei complementada por uma Portaria que é alterada ficando mais benéfica. Se a portaria não estiver 
atendendo a um estado excepcional retroagirá – abolitio criminis. 
Obs.: no caso não existe estado excepcional. 
2ª situação: 
Lei  complementada  por  uma  Portaria  a  qual  é  alterada  por  outra  Portaria.  Não  retroage,  é 
irretroativa – art. 3º do CP. 
Obs.: Portaria que atende situação de emergência. 
Ex.: Lei 1.521/51 – crime de desobedecer  tabela de preços. Se vender a preço  superior à  tabela e 
posteriormente sobreveio outra portaria que atualizou os valores da  inflação. Não será beneficiado, mesmo 
que  com  a nova portaria os preços  se equivaleram, pois em nenhum momento  se buscou excluir o  crime, 
apenas atualizar o valor das mercadorias. 
3.8 Alteração da

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