Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIDADE III - Principais Tecnologias Aplicadas ao Tratamento de Efluentes Líquidos 2 III.1- CADERNO 3 • Densidade • Capacidade térmica da água • Cor e Turbidez • Tensão Superficial Parâmetros Físicos • Dissolução • pH Propriedades Químicas • Havendo condições físicas e químicas surgirá uma cadeia alimentar composta produtores, consumidores e decompositores. Parâmetros Biológicos III.2 Caracterização dos Efluentes III.2.1. Propriedades da Água 4 a) Parâmetros Físicos Cor e Turbidez A cor é um dado que indica a presença substâncias dissolvidas na água (orgânica e inorgânica). Assim como a turbidez, a cor é um parâmetro de aspecto estético de aceitação ou rejeição do produto. O valor máximo permissível de cor na água distribuída é de ≈ 15,0 U.C (Dados Sabesp/Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). A turbidez é a medição da resistência da água à passagem de luz. É provocada pela presença de partículas flutuando na água. A turbidez é um parâmetro de aspecto estético de aceitação ou rejeição do produto. O valor máximo permitido de turbidez na água distribuída é de ≈ 5,0 NTU. (Dados Sabesp/Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). 5 Colorímetro (portátil) 6 Exemplo: Níveis de Turbidez da Água Usos da Água NTU (unidade nefelométrica de turbidez) Água Potável <0,5 a 5 Água Subterrânea Típica <1,0 Psicultura 10 a 40 Tabela- Limites de turbidez recomendados em alguns usos da água Observação: NTU- Unidade de medição de turbidez que indica a intensidade da luz espalhada em um ângulo de 90º da luz incidente. • Normalmente é utilizada para referenciar o método USEPA 180.1 ou Standard Methods For the Examination of Water and Wastewater (na faixa do visível 400-680nm). 7 8 Tensão Superficial A tensão superficial é uma propriedade que ocorre por causa das forças de atração que as moléculas internas do líquido exercem à da superfície. Esta propriedade é um fator fundamental para a sobrevivência de muitos organismos marinhos, sendo esta película superficial da água reconhecida como habitat de muitos organismos vivos. Unidade: mN/m (10-3N/m) 9 Valores de Tensão Superficial 10 b) Propriedades Químicas b.1- Dissolução A água é conhecida como solvente universal. Uma das propriedades mais importantes da água líquida é a sua capacidade de dissolver substâncias polares ou iônicas para formar soluções aquosas. Observação: Como as moléculas de petróleo são demasiadamente grandes e eletricamente neutras, não podem ser divididas em pequenas moléculas carregadas e, por consequência, não se fixam pelas moléculas de água. petróleo não se dissolve em água 11 Propriedades Químicas A presença de gases dissolvidos na água, como oxigênio e o gás carbônico, permite a ocorrência da fotossíntese e da respiração aeróbia nesse meio. A solubilidade do gás na água f(da composição) Exemplo: Água do mar apresenta menor concentração de saturação de gases em relação a água doce pelo fato de ter uma grande concentração de sais dissolvidos. A presença de alguns sais dissolvidos na água é fundamental para a nutrição de alguns organismos autótrofos. • Sais de fósforo ou de nitrogênio são fatores limitantes para o crescimento desses organismos no ambiente aquático, mas o aumento excessivo na concentração desses sais aumenta com a pressão parcial do gás no meio adjacente diminui com a temperatura e com a concentração das substâncias dissolvidas eutrofização 12 b.2- pH A água pura apresenta valor de pH de 7 para água pura a 25°C. Sendo este um parâmetro muito importante, pois muitas reações químicas são afetadas pelo seu valor. Observação: Sistemas biológicos são bastante sensíveis ao valor do pH, o meio deve ter pH entre 6,5 a 8,5 para que os organismos não sofram grandes danos. 13 c- Parâmetros Biológicos Se houver condições físicas e químicas apropriadas no meio aquático, surgirá uma cadeia alimentar composta por organismos produtores, consumidores de várias ordens e decompositores. Esses organismos aquáticos podem pertencer a um dos seguintes grupos: • vírus; • bactérias; • fungos; • algas; • macrófitas; • protozoários; • rotíferos; • crustáceos; • insetos aquáticos; • vermes; • moluscos; • peixes; • anfíbios; • repteis; • aves; • mamíferos. 14 III.2.2.1- Definições: águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5% ; águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰; águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 %. III.2.2. Classificação das Águas Segundo Conama de 357/2005 15 ambiente lêntico: ambiente que se refere à água parada, com movimento lento ou estagnado; ambiente lótico: ambiente relativo a águas continentais moventes; carga poluidora: quantidade de determinado poluente transportado ou lançado em um corpo de água receptor, expressa em unidade de massa por tempo. 16 Classificação dos Corpos de Água Doce: RESOLUÇÃO CONAMA n° 357 março de 2005: dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento. Classe especial: Geralmente águas da classe especial são encontradas em aquíferos ou poços artesianos. Classe I: Geralmente são encontradas em nascentes, cisternas. Classe II: A maior parte dos rios brasileiros. Classe III: Grande parte dos rios que cortam as cidades brasileiras são classificados, pelo menos no trecho urbano. Classe IV: As águas de alguns rios e lagos se tornam tão poluídas que é impossível utilizar-se destas águas mesmo após tratamento avançado. Parâmetros como metais pesados apresentam-se em números elevados e mesmo um tratamento mais específico muitas vezes não é capaz de remover esse tipo de substância tóxica. 17 Padrões de Qualidade das Águas Doce: 18 Padrões de Lançamento de Efluentes: “Art. 24. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis.” Atual- 430/2011 19 20 III.2.3. Algumas Definições Importantes Diferença entre os conceitos de poluição e contaminação: A contaminação refere-se à transmissão de substâncias ou microrganismos nocivos à saúde pela água. Poluição não implica necessariamente em riscos à saúde de todos os organismos que fazem uso dos recursos hídricos afetados. Exemplo: • a introdução de calor excessivo nos corpos d’água pode causar alterações ecológicas no meio sem que isso signifique necessariamente restrições ao seu consumo pelo homem. 21 Os efeitos de poluentes na água dependem da natureza e do caminho que esse poluente percorre, bem como do uso que se faz do corpo de água. Os poluentes podem ser introduzidos de forma pontual ou difusa. 22 • Proteínas, • Carboidratos, • Gorduras. Poluentes Orgânicos Biodegradáveis • Defensivos agrícolas; • Detergentes sintéticos; • Petróleo. Poluentes Orgânicos Recalcitrantes ou Refratários • Efluentesindustriais agrícolas • Efluentes industriais de mineração; Metais • Nitrogênio • Fósforo; Nutrientes III.2.4. Principais Poluentes Aquáticos 23 24 Remoção de Recalcitrantes: gasolina, óleo diesel e resíduos de petróleo (provenientes de derramamentos, nos oceanos ou no solo) Dentre os hidrocarbonetos que compõem estes resíduos, os mais tóxicos e que causam maior preocupação são os chamados BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e os três isômeros de posição do xileno). Gêneros de bactérias potenciais degradadoras de petróleo de ambientes comtaminados, como Acidovorans, Acinetobacter, Agrobacterium, Alcaligenes, Aeromonas, Arthrobacter, Beijemickia, Burkholderia, Bacillus, Comomonas, Corynebacterium, Cycloclasticus, Flavobacterium, Gordonia, Microbacterium, Moraxella, Mycobacterium, Micrococcus, Neptunomonas, Nocardia, Paracoccus, Pasteurella, Polaromonas, Pseudomonas, Ralstonia, Rhodococcus, Sphingomonas, Stenotrophomonas, Streptomyces e Vibrio. a) Compostos Recalcitrantes: 25 podem ser solubilizados pela água, gerando danos à saúde em função da quantidade ingerida, toxicidade, ou de seus potenciais carcinogênicos e mutagênicos. Ex: Arsênico, bário, cádmio, cromo, chumbo e mercúrio Fontes: indústrias de tintas, de cloro, de plásticos PVC, metalúrgicas, aparelhos eletrodomésticos ou eletroeletrônicos e seus componentes, inclusive pilhas, baterias e produtos magnetizados. METAIS b) Metais: 26 Remoção de Metais Muitos fungos e bactérias têm sido utilizados na remoção de metais pesados de efluentes industriais e do ambiente. Mecanismos Produção de compostos ligantes aos metais: ácidos orgânicos simples, álcoois e macromoléculas, polissacarídeos, ácidos húmico e fúlvico (SAYER; GADD, 2001), alguns polissacarídeos, mucopolissacarídeos e proteínas Adsorvem os metais: a componentes presentes na superfície da parede celular (biossorção/independente do metabolismo (pode ocorrer em células vivas ou mortas))- superfície da célula é aniônica (grupos carboxila e , hidroxilas e fosfatos)+ cátions (metais) Destaque para fungos filamentosos: apresentam maior resistência a metais tóxicos, o que proporciona seu crescimento e desenvolvimento em meios que contenham altas concentrações desses poluentes • Fungos dos gêneros: Penicillium, Aspergillus, Rhizopus, Mucor, Saccaromyces e Trichoderma têm-se mostrado muito eficientes na remoção de metais pesados de soluções aquosas. Bioacumulam os metais: em organelas ou ligando-os as proteínas de seu interior celular (dependente do microrganismo (ocorre somente em células vivas)- mecanismo mais lento 27 Processos Clássicos de remoção de metais pesados de efluentes industriais: - neutralização e precipitação química; - troca iônica com solvente orgânico; - filtração em carvão ativado; - filtração por meio de membranas. um reagente alcalino (hidróxido, carbonato ou sulfeto) é adicionado ao despejo a ser tratado reduzindo a solubilidade do constituinte metálico e favorecendo assim a sua precipitação A principal desvantagem destes processos está no alto custo de instalação e operação, não justificando os resultados parcialmente eficientes que apresentam. 28 29 Organismos Patogênicos • As classes de organismos patogênicos mais comuns e algumas doenças transmitidas pela água e pelo esgoto ao homem são: bactérias - leptospirose, febre tifóide, febre paratifóide, cólera etc; vírus - hepatite infecciosa e a poliomielite; protozoários - amebíase e a giardíase; helmintos - esquistossomose e a ascaridíase. Organismos Patogênicos c) Organismos Patogênicos: 30 O aumento da turbidez reduz as taxas de fotossíntese e prejudica a procura de alimento para algumas espécies, levando a desequilíbrios na cadeia alimentar. Sedimentos podem carregar pesticidas e outros tóxicos e sua deposição no fundo de rios e lagos prejudica as espécies bentônicas e a reprodução de peixes. SÓLIDOS EM SUSPENSÃO aumentam a turbidez da água, isto é, diminuem sua transparência d) Sólidos em Suspensão: 31 T pode causar migração de peixes para regiões mais amenas onde a concentração de OD é maior, ou bloquear a passagem de peixes migratórios devido à presença de uma barreira de calor com menor concentração de oxigênio dissolvido. T pode favorecer o desenvolvimento de seres termófilos e alterar a cinética de reações químicas. Exemplo: Efluentes aquecidos são gerados por usinas termoelétricas. CALOR temperatura da água afeta características: -físicas; - químicas; - biológicas do meio aquático como a densidade da água, a solubilidade de gases, a taxa de sedimentação do fitoplâncton, a tensão superficial, reações químicas e o metabolismo dos organismos aquáticos. d) Calor: 32 Parte das substâncias atinge os corpos de água superficiais e subterrâneos, penetrando nas cadeias alimentares, podendo ser ou não bioacumulada. A radioatividade pode afetar o homem e outros organismos de diversas maneiras: exposição aguda - pode levar à morte ou então causar danos à saúde. Exposição prolongada - pode provocar o aparecimento de várias doenças, como o câncer. RADIOATIVIDADE e) Radiotividade: 33 Características do despejo - fatores de consumo do oxigênio dissolvido no meio (natureza do material biodegradável, facilidade com que ele é biodegradado por organismos decompositores, quantidade de oxigênio necessário para a biodegradação, quantidade de poluente, vazão, etc); Características do corpo d'água - facilidade com que as cargas são misturadas ao meio aquático (velocidade do fluido, geometria do escoamento, intensidade da difusão turbulenta e outras); Produção de oxigênio - originado pela atividade fotossintética dos organismos autótrofos (produção endógena) ou pela re-aeração (produção exógena), a qual consiste na passagem de oxigênio atmosférico para o interior do meio aquático por meio da interface ar-água. A Influência de Parâmetros na Concentração de Oxigênio Dissolvido na Água 34 Comportamento dos Poluentes no Meio Aquático Mecanismos Físicos Ação Hidrodinâmica Gravidade Luz Temperatura Mecanismos Bioquímicos Diluição: resulta do processo de mistura do despejo com a água presente no corpo d'água. Difusão molecular: movimento devido a agitação térmica das partículas no fluido. Difusão Turbulenta a existência de turbulência no escoamento da água pode alterar a qualidade da água por meio da sedimentação de substâncias poluidoras em suspensão que sejam mais densas que o meio aquático. Condição necessária para a existência de algas, que são a fonte básica de alimento do meio aquático. altera a solubilidade dos gases e a cinética das reações químicas, fazendo com que a interação dos poluentes com o ecossistema aquático seja bastante influenciada por sua variação. Ciclo: Algas + Consumidores + Decompositores 35 Um corpo de água poluído por lançamentos de matéria orgânica biodegradável (MO) sofre um processo natural de autodepuração. A autodepuração realiza-se por meio de processos físicos (diluição, sedimentação), químicos (oxidação) e biológicos. A decomposição da matéria orgânica corresponde, portanto, a um processo biológico integrante do fenômeno da autodepuração. III.3. Efeito da Poluição no Corpo Receptor 36 • O Processo de autodepuração em 2etapas: Etapa 1: decomposição Autodepuração A temperatura afeta a taxa de degradação da matéria orgânica, pois o metabolismo dos organismos decompositores tende a acelerar-se com o aumento da temperatura; A determinação experimental da DBO é convencionalmente feita a uma temperatura de 20°C, sendo adotado o símbolo DBO5 20 para representá-la. Oxidação matéria carbonácea (DBOc / DBO5 20) CxHyOz → CO2 → H2O Oxidação material nitrogenado (DBON) NH3 → NO2 → NO3 As reações podem ocorrer simultaneamente, mas a nitrificação somente é realizada quando toda a carga carbonácea tiver sido satisfeita. Unidade= mgO2/L 37 Etapa 2: recuperação do oxigênio dissolvido ou reaeração Existem fontes contínuas que adicionam oxigênio à água: atmosfera e fotossíntese. As trocas atmosféricas são mais intensas quanto maior for a turbulência no curso de água. Durante a fase de decomposição, usualmente o consumo é maior do que a reposição por ambas as fontes. Apenas quando cessa a decomposição e os decompositores morrem é que o oxigênio começa a 'sobrar' e sua concentração aumenta novamente. Essas duas etapas ocorrem simultaneamente ao longo de todo o processo. Autodepuração 38 Elevada concentração de oxigênio dissolvido e vida aquática superior inicial na concentração de oxigênio dissolvido, sedimentação de parte do material sólido, aspecto indesejável. Peixes em busca de alimentos, quantidade de bactérias e fungos e poucas algas. concentração de oxigênio dissolvido é mínimo ou zero , sedimentação de parte do material sólido, aspecto indesejável. Peixes em busca de alimentos, quantidade de bactérias e fungos. concentração de oxigênio dissolvido, aspecto das águas melhora continuamente, qtidade de bactérias e fungos, aumento de peixes e organismos aeróbios , proliferação de algas devido a qtidade de nutrientes, devido a decomposição da matéria orgânica. 39 III.4. Procedimento Geral para o Controle de Poluição Ambiental Antes de iniciar qualquer projeto de tratamento de efluentes deve-se: 40 Legislação Ambiental Aplicável- Classes de Águas e Descarte de Efluentes 41 Por que tratar os efluentes? Remover matéria orgânica e inorgânica Remoção de nutrientes Remoção de organismos patogênicos Remoção de sólidos em suspensão 42 Abordagem do tratamento e disposição de resíduos industriais Avaliação da situação Minimização do problema Determinação da forma de disposição Determinação do grau de tratamento necessário Seleção dos processos e grau de tratamentos adequados
Compartilhar