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Professora Giovana Medeiros Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Saneamento Ambiental Natal, RN 2020 Aula 05 – Noções gerais sobre qualidade das águas (Continuação) 2 Como avaliar a qualidade de uma água? Devo determinar os diversos componentes presentes na água? 3 Parâmetros de Qualidade da Água Características das impurezas Potencial poluidor Parâmetros indiretos FÍSICOS • Sólidos • Cor • Turbidez • Sabor e Odor • Temperatura QUÍMICOS • pH • Alcalinidade • Acidez • Dureza • Ferro e Manganês • Cloretos • Nitrogênio • Fósforo • OD • Matéria Orgânica • Micropoluentes BIOLÓGICOS • Coliformes totais • Coliformes termotolerantes • Escherichia coli Parâmetros Químicos 4 QUÍMICOS • pH • Alcalinidade • Acidez • Dureza • Ferro e Manganês • Cloretos • Nitrogênio • Fósforo • OD • Matéria Orgânica • Micropoluentes 5 FERRO E MANGANÊS ❖ Conceito: Apresenta-se na água nas formas insolúveis (Fe3+ e Mn4+) originados da dissolução de rochas e solos. - Águas sem oxigênio dissolvido (ex.: águas subterrâneas e fundo de lagos): Fe2+ e Mn2+ (formas reduzidas – solúveis). - Se água contendo Fe2+ e Mn2+ for exposta ao ar atmosférico (ex.: torneira das casas), esses compostos se oxidam e precipitam (Fe3+ ou Fe(OH)3 e Mn 4+): cor na água e manchas em roupas e utensílios de cozinha. ❖ Forma do constituinte responsável: sólidos em suspensão ou dissolvidos. ❖ Origem Natural: dissolução de compostos do solo. ❖ Origem Antropogênica: despejos industriais. 6 FERRO E MANGANÊS ❖ Importância: - Sem significado sanitário nas concentrações usuais encontradas em águas naturais; - Cor (desde baixas concentrações), odor e sabor (concentrações elevadas); - As águas que contêm ferro caracterizam-se por apresentar cor elevada e turbidez baixa; - Podem complexar com matéria orgânica -> Favorece a formação de subprodutos ao se efetuar a pré-desinfecção com compostos de cloro. O precipitado (insolúvel!) de ferro, e.g. Fe(OH)3, é vermelho e o de manganês, e.g. MnO2, é preto. 7 CLORETOS ❖ Conceito: Todas as águas naturais contém íons resultantes da dissolução de minerais. Os cloretos (Cl-) são advindos da dissolução de sais (ex.: cloreto de sódio). ❖ Forma do constituinte responsável: sólidos dissolvidos. ❖ Origem Natural: dissolução de minerais e intrusão de águas salinas. ❖ Origem Antropogênica: despejos domésticos e industriais, e águas utilizadas em irrigação. ❖ Importância: em determinadas concentrações, confere um sabor salgado à água. 8 NITROGÊNIO Conceito: O nitrogênio se alterna entre várias formas e estados de oxidação (varia de -3 a +5) na água: - Nitrogênio molecular (N2) : NOx: 0; - Nitrogênio orgânico na forma dissolvida (ureia e aminoácidos); - Amônia (NH4 +): NOx: –3 (estado mais reduzido); - Nitrito (NO2 –): NOx: +3 (tóxico para peixes e outros organismos aquáticos); - Nitrato (NO3 –): NOx: + 5 (estado mais oxidado). ❖ Forma do constituinte responsável: sólidos em suspensão e dissolvidos. ❖ Origem Natural: proteínas, clorofila e outros compostos biológicos. ❖ Origem Antropogênica: despejos domésticos e industriais, fertilizantes. 9 NITROGÊNIO ❖ Importância: - Nitrato pode causar metaemoglobinemia (síndrome do bebê azul) e câncer gástrico (provavelmente). - Nitrogênio é nutriente básico para crescimento primário de algas e microrganismos (utilizados, por exemplo, no tratamento de esgoto). - Em excesso, nitrogênio pode favorecer eutrofização de lagos e represas. 10 NITROGÊNIO ❖ Em corpos d’água, a determinação da forma predominante do nitrogênio pode fornecer informações sobre o estágio da poluição: - Poluição recente: predominância de nitrogênio orgânico e amoniacal; - Poluição remota (antiga): predominância de nitrito e nitrato. 11 FÓSFORO ❖ Conceito: Aparece na água como ortofosfatos (disponíveis para metabolismo biológico), polifosfatos (moléculas com dois ou mais átomos de P) e fósforo orgânico (origem fisiológica). ❖ Forma do constituinte responsável: sólidos em suspensão e dissolvidos. ❖ Origem Natural: dissolução de compostos do solo, decomposição da matéria orgânica. ❖ Origem Antropogênica: despejos domésticos e industriais, detergentes, fertilizantes. 12 FÓSFORO ❖ Importância: - Sem importância sanitária nas águas de abastecimento. - É indispensável para o crescimento de algas, e quando em elevadas concentrações em lagos e represas, pode conduzir a um crescimento exagerado desses organismos (eutrofização). - Lagos com concentração de fósforo maior que 0,025 mg/l são considerados eutrofizados. - É nutriente essencial para o crescimento dos microrganismos responsáveis pela estabilização da matéria orgânica no tratamento de esgotos. 13 EUTROFIZAÇÃO Crescimento excessivo de plantas aquáticas, devido ao excesso de nitrogênio e fósforo em um corpo aquático, em níveis que sejam considerados como causadores de interferência com os usos desejáveis do corpo de água. 15 PROBLEMAS DA EUTROFIZAÇÃO ❖Problemas estéticos e recreacionais; ❖Eventuais mortandade de peixes; ❖Elevação nos custos do tratamento da água; ❖Toxicidade das águas; ❖Redução da navegação e transporte. 16 OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD) ❖ Conceito: importante para organismos aeróbios (peixes e microrganismos). ❖ Forma do constituinte responsável: gás dissolvido ❖ Origem Natural: dissolução do oxigênio atmosférico, produção de oxigênio por organismos fotossintetizantes. ❖ Origem Antropogênica: aeração artificial. ❖ Importância: - Sem importância sanitária, mas melhora sabor da água; - O OD é o principal parâmetro de caracterização dos efeitos da poluição das águas por despejos orgânicos. Fonte: https://biologiaesl.wordpress.com/2013/05/18/carencia- bioquimica-de-oxigenio-cbo/ 17 MATÉRIA ORGÂNICA ❖ Conceito: consumo de OD devido à degradação do material orgânico por seres aeróbios e facultativos. - Os testes para determinação da quantidade de material orgânico na água ou esgoto usam as seguintes propriedades, que são comuns a praticamente todas as substâncias orgânicas: * Podem ser oxidadas (testes da DBO e DQO); * Contêm carbono orgânico (teste do Carbono Orgânico Total - COT). ❖ Forma do constituinte responsável: sólidos em suspensão e sólidos dissolvidos. ❖ Origem Natural: matéria orgânica vegetal e animal, microrganismos. ❖ Origem Antropogênica: despejos domésticos e industriais. 18 MATÉRIA ORGÂNICA ❖ Importância: - A matéria orgânica é responsável pelo consumo do oxigênio dissolvido na água pelos microrganismos decompositores. - A DBO e DQO retratam, de forma indireta, o teor de matéria orgânica nos esgotos ou no corpo d’água, sendo, portanto, uma indicação do potencial do consumo do oxigênio dissolvido. - A DBO e DQO são os parâmetros de maior importância na caracterização do grau de poluição de um corpo d’água. 19 DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO) Quantidade de oxigênio necessária à oxidação da matéria orgânica por ação de bactérias aeróbias. Representa, portanto, a quantidade de oxigênio que seria necessário fornecer às bactérias aeróbias, para consumirem a matéria orgânica presente em um líquido (água ou esgoto). 20 DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO) ❖Método de análise (Determinação): ◦ Incubar por 5 dias, a 20°C, a amostra (geralmente diluída), com concentração de OD conhecida (próxima à saturação); ◦ Após os 5 dias (DBO5), medir OD remanescente e calcular quanto de OD foi consumido. O OD consumido (vezes a diluição) é a DBO da amostra. A DBO indica a quantidade de material orgânico na amostra que é biodegradável. - Coletar amostra - Diluir amostra - Amostra diluída deve estar aerada - Medir OD inicial Incubar por 5 dias a 20oC Medir OD final DBO = OD inicial – OD final 21 DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (DQO) Quantidade de oxigênio necessária à oxidação da matéria orgânica através de um agente químico (dicromato de potássio). A DQO também é determinada em laboratório em prazo muito menor(~3 horas) do que o teste da DBO. 22 DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (DQO) ❖Método de análise (Determinação): Adicionar amostra à cubeta com reagentes: dicromato de potássio, sulfato de prata e ácido sulfúrico Digestão por 2 horas e a 150oC Leitura em espectrofotômetro 23 CARBONO ORGÂNICO TOTAL (COT) ❖ Importância: - Indicador útil do grau de poluição do corpo hídrico. - Os compostos orgânicos (principalmente de origem natural - MON) podem reagir com desinfetantes (principalmente o cloro) e produzir compostos potencialmente prejudiciais à saúde (cancerígenos). Medição direta da quantidade de carbono que é proveniente de material orgânico. Parâmetros Biológicos 24 BIOLÓGICOS • Coliformes totais • Coliformes termotolerantes • Escherichia coli 25 INDICADORES DE CONTAMINAÇÃO FECAL ❖ Detecção extremamente difícil de agente patogênicos na água. ❖ Organismos indicadores de contaminação fecal: predominantemente não patogênicos, mas dão uma indicação satisfatória de quando uma água apresenta contaminação por fezes humanas ou animais (associado à potencialidade de transmitir doenças). ❖ Bactérias do grupo coliforme. ❖ Grande quantidade nas fezes humanas; resistência superior às demais bactérias patogênicas intestinais; mecanismos de remoção de coliformes e de bactérias patogênicas iguais. 26 INDICADORES DE CONTAMINAÇÃO FECAL ❖ Coliformes totais: inclui organismos de origem não fecal (do solo, da água etc.) – indicador menos indicado. ❖ Coliformes termotolerantes (fecais): principalmente bactérias do trato intestinal de animais de sangue quente (como o homem). ❖ Escherichia coli: bactéria exclusiva do trato intestinal de animais de sangue quente (melhor indicador!) 27 INDICADORES DE CONTAMINAÇÃO FECAL Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/44164/ AUTODEPURAÇÃO DE CORPOS D’ÁGUA 28 29 AUTODEPURAÇÃO ❖ O sistema atinge novamente o equilíbrio, mas em condições diferentes das anteriores, não há depuração absoluta. Reestabelecimento do equilíbrio no meio aquático, após as alterações induzidas pelos despejos de esgotos (bruto ou tratado). Recuperação da qualidade da água por meios naturais após as alterações induzidas pelo lançamento de despejos. 30 AUTODEPURAÇÃO Por que conhecer o fenômeno de autodepuração? Impedir o lançamento de despejos acima do que o corpo d’água possa suportar. 31 ❖ Lançamento de águas residuárias. ❖ Alta concentração de MO (máxima). ❖ Água turva. ❖ Processo de decomposição lento, adaptação. ❖ Proliferação de bactérias aeróbias. ❖ Diminuição do número de espécies, predominância das resistentes. 32 ZONA DE DEGRADAÇÃO ❖ Oxigênio dissolvido atinge concentração mínima. ❖ Desaparecimentos dos organismos aeróbios. ❖ Redução de MO e bactérias decompositoras. ❖ Coloração acentuada e depósitos de lodo. 33 ZONA DE DECOMPOSIÇÃO ATIVA ❖ Água mais clara e aparência melhorada. ❖ Grande parte da matéria orgânica foi estabilizada. ❖ Redução do consumo de oxigênio. ❖ Oxigênio incorporado é maior que o consumido. ❖ Retorno de condições aeróbias e fauna/flora. ❖ Presença de algas. 34 ZONA DE RECUPERAÇÃO ❖ Águas novamente limpas. ❖ Retorno das condições naturais. ❖ Alta concentração de OD. ❖ Baixa matéria orgânica. ❖ Reestabelecimento da cadeia alimentar, devido a presença de algas. ❖ Diversidade de espécies. ❖ Atinge o clímax. 35 ZONA DE ÁGUAS LIMPAS 36 PADRÕES DE QUALIDADE DA ÁGUA 37 38 PADRÕES DE QUALIDADE DA ÁGUA Padrão de corpos d’água Padrão de potabilidade Padrão de lançamento de esgoto Anexo XX da Portaria de Consolidação n° 5 (2017), do Ministério da Saúde. Resolução CONAMA 357 (2005), do Ministério do Meio Ambiente. Resoluções CONAMA 357 (2005) e 430 (2011), do Ministério do Meio Ambiente. 39 PADRÕES DE QUALIDADE DA ÁGUA ❖ Resolução CONAMA 357/2005 dividiu as águas do Brasil em: ❖Águas doces (salinidade <= 0,05%) ❖Classe Especial e 1 a 4. ❖Águas salobras (salinidade entre 0,05 e 3,0%) ❖Classe Especial e 1 a 3. ❖Águas salinas (salinidade >= 3,0%) ❖Classe Especial e 1 a 3 40 PADRÕES DE QUALIDADE DA ÁGUA Classificação das águas doces 41 PADRÕES DE POTABILIDADE DA ÁGUA Anexo XX da Portaria de Consolidação n° 5 (2017), do Ministério da Saúde. Portaria n° 518 (2004), do Ministério da Saúde. Portaria n° 2.914 (2011), do Ministério da Saúde. 43 PADRÕES DE BALNEABILIDADE ❖Qualidade da água para recreação de contato primário – Resolução CONAMA 274/2000. ❖Indicadores ❖ Coliformes termotolerantes ❖ Escherichia coli ❖ Enterococos ❖Categorias de balneabilidade ❖ Própria ❖ Imprópria Dúvidas? 44 Atividade Avaliativa Lista de exercício sobre Noções de Qualidade da Água disponível no SIGAA; Para entregar ATÉ 13/03 (sexta); Vale nota na unidade 1! Individual!!! 45 BIBLIOGRAFIA DA AULA Água: Métodos e tecnologia de tratamento. Carlos A. Richter. São Paulo: Editora Blucher, 2009. –Abastecimento de água para consumo humano. Organizadores: Léo Heller e Valter Lúcio de Paula. Volumes 1 e 2, 2ª ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010. (ou outras edições) –Fundamentos de qualidade e tratamento de água. Marcelo Libânio. Campinas: Editora Átomo, 2005. –Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Marcos Von Sperling, Volume 1, 3ª ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. (ou outras edições) - Fascículos do Curso "Qualidade das águas e poluição: aspectos físicos-químicos" do autor Roque Passos Piveli. 46 Até a próxima aula! Profª Giovana Medeiros giovanacsm@yahoo.com.br 47
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