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CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 1 AULA 17 – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS Nesta última aula do nosso curso on-line comentaremos questões sobre controle de constitucionalidade das leis, assunto que certamente representa o maior grau de dificuldade nas provas de Direito Constitucional. Digo isso pela minha experiência em sala de aula, em que ministro esse assunto em quatro encontros semanais de quase quatro horas cada um, e no final do curso ainda há candidatos não sabendo a distinção entre uma ação direta e um mandado de segurança! Explico e explico as distinções entre as vias concentrada e difusa e, ao final das aulas, ainda há candidato criando uma terceira via, que eu chamo de via confusa! Bem, a explicação para isso é muito simples. O assunto controle de constitucionalidade, dentre todos os estudados no Direito Constitucional, é certamente aquele que está mais distante do nosso dia-a-dia. Se o candidato não for bacharel em Direito, se não praticar atividade forense, certamente ele ouvirá pela primeira vez expressões do tipo amicus curiae, eficácia erga omnes, inconstitucionalidade pro futuro – e tantas outras que são próprias, usuais no estudo do controle de constitucionalidade. Moral da história: o assunto controle de constitucionalidade das leis exige um estudo acurado, sem pressa. Você deve estudá-lo como se fosse uma disciplina à parte, que exigirá de você uma visão de todo o sistema de fiscalização da validade das leis. Não adianta ficar decorando aqui e ali, sem entender o todo, sem saber o que está memorizando! Portanto, conselho de amigo: se você ainda não fez esse estudo tranqüilo, que o faça agora, antes de iniciar a resolução dos exercícios desta aula – caso contrário, os meus comentários soarão como grego para você (e não há nenhuma expressão grega nesse assunto, embora haja algumas em latim!). Mas, como sempre, todo o esforço tem a sua recompensa! Quem acerta uma questão difícil sobre controle de constitucionalidade numa prova passa à frente de milhares de outros candidatos! Ora, em diversos outros assuntos do Direito Constitucional – processo legislativo etc. – os candidatos estão praticamente nivelados, porque são tópicos de fácil aprendizado, que só exigem uma boa leitura e capacidade de memorização! Agora, em controle de constitucionalidade a coisa é diferente: o que contará mesmo na hora da prova será a condição que você teve de entender (e não decorar!) o assunto, principalmente quando a questão apresenta as famosas situações hipotéticas, os casos CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 2 práticos! Quem só decorou, dançou! Quem entendeu, passou! Escolha, agora, em que grupo você quer ficar – e bons estudos! 1) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Assinale a opção correta. a) Os tribunais de justiça nos Estados podem desempenhar o controle abstrato de leis estaduais e municipais em face diretamente da Constituição Federal. b) Somente o Supremo Tribunal Federal (STF) é competente para desempenhar o controle incidental de constitucionalidade no Brasil. c) Qualquer indivíduo que tenha sofrido afronta a um direito fundamental pode ajuizar uma ação por descumprimento de preceito fundamental, perante o STF, desde que tenha exaurido os meios ordinários para restaurar o seu direito. d) As decisões de mérito do Supremo Tribunal Federal, tanto na ação direta de inconstitucionalidade como na ação declaratória de constitucionalidade, possuem efeito vinculante para os demais tribunais e para a Administração Pública, independentemente de a decisão ser sumulada pela Corte. e) Em nenhum caso, decisão administrativa de tribunais ou as normas do seu regimento interno podem ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade. Resposta: “d” A assertiva “a” trata do controle abstrato nos estados-membros, mas, antes de chegarmos ao controle abstrato nos estados, vamos revisar, sucintamente, as duas vias de controle de constitucionalidade no Brasil: a via concreta e a via abstrata. No controle de constitucionalidade no Brasil, uma lei pode ser impugnada em concreto (diante de ofensa a direito, em determinado caso concreto submetido à apreciação do Poder Judiciário), ou em abstrato (quando a lei é impugnada “em tese”, sem vinculação a um caso concreto). No controle concreto, qualquer pessoa prejudicada por uma lei pode requerer, em qualquer processo concreto submetido à apreciação do Poder Judiciário, perante qualquer juiz ou tribunal, a declaração da inconstitucionalidade dessa lei, com o fim de afastar a sua aplicação a esse caso concreto (eficácia inter partes). Os pontos importantes dessa noção sobre controle concreto são os seguintes: a) legitimação ativa: qualquer pessoa prejudicada pela lei; CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 3 b) competência para realizar o controle: qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário, no âmbito de sua competência; c) ações do controle: qualquer processo submetido à apreciação do Poder Judiciário, exceto as ações específicas do controle abstrato; d) eficácia da decisão do Poder Judiciário: eficácia somente para as partes do processo (inter partes). No controle abstrato, somente os legitimados pela Constituição poderão requerer, numa ação especial, submetida à apreciação do tribunal de cúpula do Poder Judiciário, a declaração da constitucionalidade ou da inconstitucionalidade de uma lei, em tese, com o fim de proteger a harmonia do ordenamento jurídico, com eficácia geral (erga omnes). Os pontos importantes dessa noção sobre controle abstrato são os seguintes: a) legitimação: somente os legitimados pela Constituição (art. 103); b) competência para realizar o controle: somente os tribunais de cúpula do Poder Judiciário (STF e TJ); c) ações do controle: ADIn, ADInPO, ADC e ADPF; d) eficácia da decisão do Poder Judiciário: eficácia geral, atingindo todos os destinatários da lei (erga omnes). Temos dois tipos de controle abstrato no Brasil: um perante o Supremo Tribunal Federal (STF) e outro perante os Tribunais de Justiça (TJ). Cuidado! É importantíssimo você saber separá-los bem na hora da prova! Sério mesmo, trata-se de um dos pontos mais cobrados em concurso sobre controle de constitucionalidade! Todo examinador sabe da confusão que os candidatos tendem a fazer com esses dois controles abstratos! No STF, o controle abstrato é realizado por meio de quatro ações especiais, cada qual com objeto distinto, a saber: a) Ação Declaratória de Constitucionalidade - ADC: nessa ação, o STF aprecia leis e atos normativos federais em face da CF; b) Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADIn: nessa ação, o STF aprecia leis e atos normativos federais, estaduais e do Distrito Federal (desde que referentes à competência estadual) em face da CF; c) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão - ADInPO: nessa ação, o STF aprecia omissões federais, estaduais e do Distrito Federal (desde que referentes à competência estadual) quanto ao dever de regulamentar direito previsto na CF; CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 4 d) Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF: nessa ação, o STF aprecia leis e atos normativos federais, estaduais, distritais e municipais em face da CF. No TJ, o controle abstrato é de normas estaduais e municipais em face da Constituição Estadual, conforme prevê o art. 125, § 2º, da Constituição Federal. Esse controle – de normas estaduais e municipais em confronto com a Constituição Estadual – será realizadonas ações abstratas que o Estado decidir instituir na sua Constituição. Poderão os Estados instituir todas as ações do controle abstrato hoje existentes perante o STF (ADIn, ADInPO, ADC e ADPF). Observe que o STF realiza controle abstrato em face da Constituição Federal, enquanto o TJ realiza controle abstrato em confronto com a Constituição Estadual. Feita essa sucinta revisão (os detalhes sobre esses controles serão estudados ao longo desta aula), passemos aos comentários da questão da Esaf. A assertiva “a” está errada porque os tribunais de justiça não realizam controle abstrato em face da Constituição Federal. Eles só dispõem de competência para realizar controle abstrato de normas estaduais e municipais em face da Constituição Estadual (art. 125, § 2º). A competência para a realização de controle abstrato em confronto com a Constituição Federal é exclusiva do STF. A assertiva “b” está errada porque o controle incidental (concreto) é realizado por qualquer tribunal ou juiz do Poder Judiciário. Diante de um caso concreto, qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei, para afastar a sua aplicação a esse caso concreto. A assertiva “c” está errada porque a argüição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF só pode ser proposta por um dos legitimados pela Constituição, enumerados no art. 103, I a IX, da Constituição. Todas as ações do controle abstrato perante o STF têm os mesmos legitimados, que são os apontados no art. 103, I a IX, da Constituição. A assertiva “d” está certa, porque, de fato, as decisões de mérito do STF na ADIn e na ADC possuem efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual, distrital e municipal (art. 102, § 2º). Significa dizer que nenhum outro órgão do Poder Judiciário, ou nenhum órgão ou entidade da Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual, distrital ou municipal poderá desrespeitar a decisão do STF em ADIn e ADC. Se o STF declarou a CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 5 inconstitucionalidade, não poderão os demais órgãos do Poder Judiciário ou a Administração Pública dar aplicação à lei. Se o STF declarou a constitucionalidade, não poderão os demais órgãos do Poder Judiciário ou a Administração Pública negar aplicação à lei. Importante destacar que o efeito vinculante das decisões do STF não alcança o próprio STF, nem o Poder Legislativo, no tocante à função legislativa. Significa dizer que, em tese, o próprio STF poderá posteriormente rever o seu entendimento sobre a respectiva matéria, e que a declaração da inconstitucionalidade de uma lei em ADIn ou ADC pelo STF não impede que o Poder Legislativo edite posteriormente nova norma de igual conteúdo. Veja que a parte final do enunciado diz “independentemente de a decisão ser sumulada pela Corte”. Não há necessidade de aprovação de súmula vinculante para que a decisão do STF, no controle abstrato, tenha força obrigatória. Por que não? Porque a própria decisão do STF no controle abstrato já é dotada, por si só, de eficácia erga omnes e efeito vinculante. A assertiva “e” está errada porque regimentos e decisões administrativas dos tribunais do Poder Judiciário, que possuam conteúdo normativo, podem ser impugnados em ADIn perante o STF. Cuidado! Embora a denominação do instituto seja “controle de constitucionalidade das leis”, não é correto afirmar que somente leis em sentido estrito (isto é, aprovadas pelo Legislativo e sancionadas pelo chefe do Executivo) podem ser objeto de controle de constitucionalidade. Atos administrativos em geral também podem ser objeto de controle de constitucionalidade, inclusive pela via abstrata. A título de exemplo, cito as seguintes espécies normativas que podem ser impugnadas em ADIn perante o STF, desde que possuam conteúdo normativo: a) emendas à Constituição Federal; b) dispositivos da Constituição dos Estados-membros; c) leis e atos normativos federais e estaduais; d) leis e atos normativos do Distrito Federal, desde que no desempenho de atribuições estaduais; e) tratados internacionais, qualquer que tenha sido o procedimento de sua incorporação ao ordenamento jurídico brasileiro; f) medidas provisórias federais e estaduais; g) decretos do Presidente da República e do Governador de Estado (desde que não sejam regulamentares); CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 6 h) decretos legislativos que aprovem tratados internacionais; i) decretos do Presidente da República que promulguem os tratados e convenções internacionais; j) decretos legislativos do Congresso Nacional que suspendam a execução dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa, nos termos do art. 49, V, da CF; l) regimentos dos tribunais do Poder Judiciário; m) atos de pessoa jurídica de Direito Público da União e dos Estados; n) pareceres normativos do Poder Executivo aprovados pelo Presidente da República ou pelo Governador de Estado; o) resoluções e decisões administrativas dos tribunais do Poder Judiciário. 2) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Uma lei declarada inconstitucional pelo STF em sede de ação direta de inconstitucionalidade, como regra geral, a) não pode ser reeditada pela Casa Legislativa que a votou, sob pena de ofensa à autoridade da decisão da Suprema Corte. b) é considerada inválida desde quando editada, e, portanto, desde antes da decisão do STF. c) somente deixa de produzir efeitos jurídicos a partir do trânsito em julgado da decisão do STF. d) somente é considerada excluída do ordenamento jurídico depois de suspensa a sua vigência pelo Senado Federal. e) somente deixa de ser considerada válida nas relações jurídicas de que faça parte o autor da ação. Resposta: “b” Essa questão nos remete ao estudo dos efeitos da decisão do STF em ADIn. Em regra, a decisão do STF em ADIn é dotada de: a) eficácia erga omnes – alcança todos os destinatários da lei; b) efeitos ex tunc – a decisão retroage à data da edição da lei, reconhecendo a invalidade desta desde o seu nascimento; c) efeito vinculante – os demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública direta e indireta nas esferas federal, estadual, CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 7 distrital e municipal não poderão desrespeitar a decisão firmada pelo STF; d) efeito repristinatório – a declaração da inconstitucionalidade torna aplicável a legislação anterior que havia sido revogada pela lei agora declarada inconstitucional. Entretanto, por razões de segurança jurídica ou diante de relevante interesse social, poderá o STF, ao proclamar a inconstitucionalidade, desde que por deliberação de dois terços dos seus membros: a) restringir os efeitos da sua decisão – restringir o alcance geral (eficácia erga omnes) ou o efeito repristinatório da sua decisão, por exemplo; b) outorgar efeitos ex nunc à sua decisão – afastar a retroatividade da sua decisão, preservando a validade dos efeitos já produzidos pela norma, fixando que a pronúncia de inconstitucionalidade só vale daí por diante; c) fixar um outro momento para o início da eficácia da sua decisão – poderá entender o STF que o melhor momento para o início da eficácia da sua decisão não é a data da publicação da lei (ex tunc), nem a data da declaração da inconstitucionalidade (ex nunc), mas sim um outro momento, que será fixado pelo STF na sua decisão. Feita essa breve revisão, passemos aoexame das assertivas da questão. A assertiva “a” está errada porque o efeito vinculante das decisões do STF não alcança o Poder Legislativo, isto é, não impede o Poder Legislativo de editar nova norma de conteúdo igual ao daquela que foi declarada inconstitucional em ADIn. A assertiva “b” está certa porque, como vimos, em regra, a declaração de inconstitucionalidade em ADIn produz efeitos retroativos (ex tunc), tornando a lei inválida desde o seu nascimento. A assertiva “c” está errada porque a outorga de efeitos não-retroativos (ex nunc) à decisão em ADIn é medida excepcional, que só pode ser firmada por motivos de segurança jurídica ou diante de relevante interesse social, por dois terços dos integrantes do STF. A regra continua sendo a outorga de efeitos retroativos (ex tunc) à decisão em ADIn. A assertiva “d” está errada porque não há atuação do Senado Federal nas decisões do STF no controle abstrato de constitucionalidade. A possibilidade de suspensão da execução da lei declarada definitivamente inconstitucional pelo STF só existe no controle concreto (CF, art. 52, X). Não faz sentido falar-se em atuação do Senado no controle abstrato, CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 8 haja vista que a sua função é conferir eficácia erga omnes à decisão do STF, que, no controle incidental, só produz eficácia inter partes. Ora, no controle abstrato, as próprias decisões do STF já são dotadas de eficácia erga omnes, não fazendo sentido, portanto, falar-se em outorga dessa eficácia pelo Senado Federal. A assertiva “e” está errada porque afirma que a lei declarada inconstitucional pelo STF em ADIn somente deixa de ser considerada válida nas relações jurídicas de que faça parte o autor da ação, o que não é verdade, haja vista que a decisão em ADIn é dotada de eficácia geral (erga omnes), alcançando todos os destinatários da lei. Se a lei foi declarada inconstitucional, será ela retirada do ordenamento jurídico e essa eficácia vale para todos os brasileiros que até então estavam sujeitos à sua aplicação. 3) (ESAF/APO/MPOG/2005) Sobre controle de constitucionalidade perante a Constituição Federal, assinale a opção correta. a) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar originariamente a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual. b) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância quando a decisão recorrida julgar inconstitucional lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal. c) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância quando a decisão recorrida julgar inválida lei local contestada em face de lei federal. d) Para que o Supremo Tribunal Federal admita recurso extraordinário, é preciso que o recorrente demonstre a repercussão geral da questão constitucional discutida no caso concreto; porém, a recusa, pelo Tribunal, da admissão do recurso extraordinário só poderá ocorrer pela manifestação de dois terços de seus membros. e) As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal nas ações diretas de inconstitucionalidade, por força de expressa determinação constitucional, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, apenas no âmbito da administração pública direta e indireta federal. Resposta: “d” CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 9 A assertiva “a” está errada porque a ADC não admite lei ou ato normativo estadual como seu objeto, mas somente leis ou atos normativos federais (CF, art. 102, I, a). As assertivas “b” e “c” estão erradas porque apresentam duas hipóteses de cabimento de recurso extraordinário não previstas no texto da Constituição. Determina a Constituição que cabe ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida (art. 102, III): a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Como se vê, as duas hipóteses apresentadas nas assertivas “b” e “c” – “julgar inconstitucional lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal” e “julgar inválida lei local contestada em face de lei federal” – não estão presentes no texto da Constituição como autorizadoras de recurso extraordinário. A assertiva “d” está certa, e trata de uma inovação introduzida pela EC nº 45/2004 (Reforma do Judiciário), que é a exigência de comprovação de repercussão geral para a interposição de recurso extraordinário perante o STF. Essa regra está apresentada no art. 102, § 3º, da Constituição, nestes termos: “No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros”. Essa regra deve ser assim entendida: a) na interposição do recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei; b) se o STF entender que o autor não conseguiu comprovar essa repercussão geral, poderá recusar o recurso extraordinário; c) porém, para que o STF recuse o recurso extraordinário por esse motivo – ausência da comprovação da repercussão geral – será necessária a manifestação de oito Ministros (dois terços dos membros do Tribunal). CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 10 O intuito dessa exigência constitucional é evitar que cheguem ao STF, mediante recurso extraordinário, casos concretos sem nenhuma relevância jurídica, como acontece hoje em dia (canelada de genro em sogra etc.). Agora, o recorrente deve comprovar que a questão constitucional discutida no recurso extraordinário extrapola o caso concreto, possuindo a tal repercussão geral. Se o STF entender que não houve essa comprovação, poderá recusar o recurso extraordinário, desde que haja manifestação de dois terços dos seus membros nesse sentido. A assertiva “e” está errada porque as decisões do STF em ADIn, por força de expressa determinação constitucional, produzirão eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (CF, art. 102, § 2º). 4) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Somente o Supremo Tribunal Federal pode julgar, em abstrato, a constitucionalidade de uma lei em face da Constituição Federal. Item CERTO. Compete exclusivamente ao STF realizar controle abstrato em face da Constituição Federal. Os Tribunais de Justiça dos Estados também realizam controle abstrato, mas somente em face da Constituição Estadual (CF, art. 125, § 2º). 5) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Decidido pelo STF, em ação direta de inconstitucionalidade, que uma lei é inconstitucional, nenhum outro órgão do Judiciário pode decidir em sentido contrário, qualquer que seja o processo que esteja analisando. Item CERTO. Determina a Constituição que as decisões do STF nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãosdo Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (art. 102, § 2º). Logo, nenhum outro órgão do Poder Judiciário (e também da Administração Pública) poderá decidir em sentido contrário ao que foi decidido pelo STF em ADIn. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 11 6) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Os Tribunais de Justiça dos Estados não podem declarar a inconstitucionalidade de lei federal. Item ERRADO. Os tribunais de justiça não podem declarar a inconstitucionalidade de lei federal no controle abstrato (CF, art. 125, § 2º). No controle incidental, diante dos casos concretos submetidos à sua apreciação, os tribunais de justiça podem declarar a inconstitucionalidade de lei municipal, estadual ou federal. Fixe bem estas duas orientações: a) os tribunais de justiça não realizam controle abstrato em face da Constituição Federal (controle concreto eles podem realizar normalmente, tanto em face da Constituição Estadual, quanto em face da Constituição Federal); b) os tribunais de justiça não têm competência para declarar a inconstitucionalidade de lei federal no controle abstrato (no controle concreto eles podem declarar a inconstitucionalidade de lei federal, estadual ou municipal). 7) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Todos os legitimados para propor ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal também o são para ajuizar ação declaratória de constitucionalidade perante a mesma Corte. Item CERTO. A EC nº 45/2004 igualou a legitimação ativa em todas as ações do controle abstrato perante o STF. Logo, os legitimados enumerados no art. 103, I a IX, da Constituição podem propor todas as ações do controle abstrato perante o STF (ADIn, ADInPO, ADC e ADPF). 8) (ESAF/AFC/STN/2005) Sobre controle de constitucionalidade, assinale a única opção correta. a) Caberá recurso extraordinário da decisão de Tribunal que declarar a inconstitucionalidade de lei federal ou que julgar válida lei estadual ou municipal contestada em face de lei federal. b) Da decisão, em representação de inconstitucionalidade, proposta perante Tribunal de Justiça, que considerar inconstitucional uma lei municipal, contestada em face de dispositivo da constituição estadual que é mera reprodução de dispositivo da constituição federal, caberá, CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 12 segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, recurso extraordinário. c) As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade produzirão, por força de expressa determinação constitucional, eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais Poderes e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. d) No recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, para que o Supremo Tribunal Federal examine a admissão do recurso, só sendo admitido o recurso que obtiver manifestação favorável de dois terços dos membros do Tribunal. e) É cabível a ação declaratória de constitucionalidade em relação à lei ou ato normativo federal ou estadual, tendo legitimidade para a sua propositura, apenas, o Presidente da República, o Procurador-Geral da República e as Mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Resposta: questão ANULADA, por conter duas assertivas certas (“a” e “b”). Embora essa questão tenha sido anulada pela Esaf, devemos examiná- la, porque suas assertivas são ótimas (a anulação ocorreu, unicamente, porque há duas assertivas certas). A assertiva “a” está certa porque a EC nº 45/2004 introduziu essa nova possibilidade de cabimento de recurso extraordinário, ao dispor que cabe ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida julgar válida lei local contestada em face de lei federal (art. 102, III, d). Muito cuidado com esse acréscimo de competência do STF na hora da prova! Por quê? Porque a competência repassada ao STF foi, tão somente, para examinar controvérsia, em recurso extraordinário, quando a decisão recorrida julgar válida lei local contestada em face de lei federal. A competência será do STF somente se for julgada válida lei local (ato legislativo, em sentido estrito) contestada em face de lei federal. Se a decisão julgar válido ato (atos administrativos em geral) de governo local contestado em face de lei federal, a competência é do Superior Tribunal de Justiça - STJ, em recurso especial (CF, art. 105, III, b). A assertiva “b” está certa porque, segundo a jurisprudência do STF, na hipótese de ajuizamento de ADIn perante o TJ com a alegação de ofensa a dispositivo da Constituição Estadual que reproduz norma da CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 13 Constituição Federal de observância obrigatória pelos Estados, contra a decisão do TJ é cabível recurso extraordinário para o STF. Vejamos um exemplo. Suponha que uma lei – estadual ou municipal - seja impugnada em ADIn perante o TJ, com a alegação de ofensa ao artigo 40 da Constituição do Estado. Suponha, agora, que esse artigo 40 da Constituição do Estado seja mera reprodução de dispositivo da Constituição Federal (sabemos que diversas regras previstas na CF são de reprodução obrigatória pela Constituição do Estado). Nessa hipótese, o TJ apreciará a ADIn, firmando sua posição sobre a validade da lei, sendo cabível, contra a sua decisão, a interposição de recurso extraordinário para o STF. Um outro ponto importante sobre esse recurso extraordinário. Segundo a jurisprudência do STF, a sua decisão nesse recurso extraordinário contra decisão do TJ em ADIn terá eficácia geral (erga omnes), por se tratar de controle abstrato, eficácia essa que se estende a todo o território nacional. Essa eficácia erga omnes é importante porque, em decorrência dela, a decisão do STF nesse recurso extraordinário, caso seja declarada a inconstitucionalidade da norma, não será comunicada ao Senado Federal, para os efeitos do art. 52, X, da Constituição Federal. Afinal, se a própria decisão do STF já é dotada de eficácia erga omnes, retirando a norma do ordenamento jurídico, não há que se falar em suspensão da execução dessa norma pelo Senado Federal. Em resumo: a) cabe recurso extraordinário para o STF contra decisão do TJ no controle abstrato sempre que a norma da Constituição Estadual eleita como parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade da norma estadual ou municipal impugnada for de reprodução obrigatória da Constituição Federal; b) a decisão do STF nesse recurso extraordinário é dotada de eficácia erga omnes, razão pela qual não será comunicada ao Senado Federal, para os fins do art. 52, X, da Constituição Federal. A assertiva “c” está errada porque afirma que o efeito vinculante da decisão do STF em ADIn alcança os demais Poderes, e, como vimos, o Poder Legislativo não é alcançado por essa força vinculante. Relembrando: o efeito vinculante alcança os demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (CF, art. 102, § 2º). Não são atingidos pelo efeito vinculante o próprio STF e o Poder Legislativo. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 14 A assertiva “d” está errada porque a deliberação de dois terços dos membros do STF é para recusar o recurso extraordinário, emrazão da inexistência de repercussão geral, e não para admiti-lo. É o que estabelece o § 3º do art. 102 da Constituição Federal, incluído pela EC nº 45/2004, nos termos seguintes: “No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.” Veja que a exigência de dois terços é para a recusa do recurso extraordinário, e não para a aceitação. A regra continua sendo a aceitação do recurso extraordinário. Para que o STF recuse o recurso extraordinário, pela não-comprovação da “repercussão geral” das questões constitucionais nele discutidas, serão necessários votos de oito Ministros (dois terços do Tribunal). A assertiva “e” está errada porque não cabe ADC contra lei ou ato normativo estadual, mas somente contra leis ou ato normativos federais (CF, art. 102, I, a). 9) (ESAF/AFC/CGU/2003) A extrapolação, pelo Poder Executivo, no uso do seu poder regulamentar, caracteriza, segundo a jurisprudência do STF, uma ilegalidade e não uma inconstitucionalidade, uma vez que não há ofensa direta à literalidade de dispositivo da Constituição. Item CERTO. Sabe-se que cabe ao chefe do Executivo - nas esferas federal, estadual e municipal - expedir decretos e regulamentos para a fiel execução das leis (CF, art. 84, IV). Trata-se do denominado poder regulamentar do chefe do Executivo. Sabe-se, também, que no exercício do poder regulamentar o chefe do Executivo não pode extrapolar os limites da lei, isto é, não pode inovar, legislando além do conteúdo da lei. Afinal, o poder regulamentar, como a própria denominação indica, é para regulamentar o conteúdo da lei, com o fim de facilitar a sua execução, e não para extrapolar esse conteúdo legal. Segundo a jurisprudência do STF, se o decreto regulamentar extrapolar o conteúdo da lei regulamentada teremos um mero caso de ilegalidade, e não uma inconstitucionalidade, haja vista se tratar de conflito entre ato regulamentar e lei regulamentada, sem ofensa direta à Constituição Federal. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 15 Aliás, é exatamente por esse motivo – conflito entre ato regulamentar e lei regulamentada é caso de ilegalidade, e não de inconstitucionalidade, pois não há ofensa direta à Constituição – que o STF não admite a aferição da validade de atos regulamentares em ADIn. 10) (ESAF/AFT/2003) No âmbito da Administração Pública Federal, a suspensão, pelo Senado Federal, da execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal tem efeitos ex tunc. Item CERTO. Não há unanimidade doutrinária a respeito dos efeitos da decisão do Senado Federal que determina a suspensão da execução da lei declarada definitivamente inconstitucional pelo STF no controle concreto, na forma do art. 52, X, da Constituição. Alguns doutrinadores defendem que a decisão do Senado produz efeitos retroativos (ex tunc), enquanto outros propugnam pelos efeitos meramente prospectivos (ex nunc). Entretanto, no âmbito da Administração Pública federal essa controvérsia perdeu o significado prático, haja vista que o Presidente da República resolveu adotar os efeitos retroativos (ex tunc), editando decreto nesse sentido (Decreto nº 2.346, de 10/10/1997). Portanto, no âmbito da Administração Pública federal não há mais controvérsia: a suspensão, pelo Senado Federal, da execução da lei declarada definitivamente inconstitucional produz efeitos ex tunc (retroativos). 11) (ESAF/AFT/2003) Segundo a atual disciplina do processo da ação direta de inconstitucionalidade, é possível a declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia da nulidade da lei, diferindo-se a data da nulidade para um termo futuro, especificado na decisão. Item CERTO. Vimos que, por razões de segurança jurídica ou diante de relevante interesse social, poderá o STF, ao proclamar a inconstitucionalidade em ADIn, desde que por deliberação de dois terços dos seus membros: a) restringir os efeitos da sua decisão – restringir o alcance geral (eficácia erga omnes) ou o efeito repristinatório tácito da sua decisão, por exemplo; CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 16 b) outorgar efeitos ex nunc à sua decisão – afastar a retroatividade da sua decisão, preservando a validade dos efeitos já produzidos pela norma, fixando que a pronúncia de inconstitucionalidade só vale daí por diante; c) fixar um outro momento para o início da eficácia da sua decisão – poderá entender o STF que o melhor momento para o início da eficácia da sua decisão não é a data da edição da lei (ex tunc), nem a data da declaração da inconstitucionalidade (ex nunc), mas sim um outro momento, que será fixado pelo STF na sua decisão. Portanto, de acordo com a letra “c”, acima, é possível que o STF proclame a inconstitucionalidade da lei em ADIn sem pronunciar a sua nulidade desde a data da sua publicação (ex tunc), optando por diferir o momento da invalidade da lei para uma data futura, que será fixada pelo próprio STF na sua decisão. 12) (ESAF/AFT/2003) Segundo a jurisprudência do STF, admite-se Recurso Extraordinário de decisão de Tribunal de Justiça Estadual que, em sede de representação de inconstitucionalidade estadual, declarou constitucional uma lei municipal confrontada com dispositivo da Constituição Estadual cujo conteúdo é reprodução obrigatória de conteúdo de dispositivo da Constituição Federal. Item CERTO. Segundo a jurisprudência do STF, cabe recurso extraordinário para o STF contra decisão do TJ no controle abstrato sempre que a norma da Constituição Estadual eleita como parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade da norma estadual ou municipal impugnada for de reprodução obrigatória da Constituição Federal. Vimos, também, que a decisão do STF nesse recurso extraordinário é dotada de eficácia erga omnes, razão pela qual não haverá comunicação ao Senado Federal, para os fins do art. 52, X, da Constituição Federal. 13) (ESAF/AFT/2003) É admissível a propositura, perante o STF, de uma Ação Direita de Inconstitucionalidade contra uma lei distrital que disciplinou a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano em desconformidade com o texto da Constituição Federal. Item ERRADO. As leis e atos normativos do Distrito Federal só poderão ser impugnados em ADIn perante o STF se editados no desempenho de competência estadual. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 17 Na hipótese do enunciado, como o IPTU é imposto de competência municipal (CF, art. 156, I), a lei distrital equipara-se à lei municipal e, como tal, não poderá ser objeto de ADIn perante o STF. 14) (ESAF/AFT/2003) A doutrina e a jurisprudência reconhecem o efeito repristinatório em relação à lei que foi revogada por lei declarada inconstitucional pelo STF. Item CERTO. A declaração da inconstitucionalidade de uma lei pelo STF tem efeito repristinatório tácito em relação à legislação anterior, que havia sido revogada pela lei ora declarada inconstitucional. Se a “Lei 1” é revogada pela “Lei 2”, e esta última é posteriormente declarada inconstitucional pelo STF, a vigência da “Lei 1” é automaticamente revigorada. Em se tratando de ADIn, esse efeito repristinatório sobre a lei revogada ocorre tanto na concessão da medida cautelar (provisoriamente, até que o STF aprecie o mérito da ação), quanto na decisão definitiva de mérito (neste caso, em caráter definitivo).Cuidado! É comum o candidato fazer uma confusão danada com esse assunto na hora da prova, em razão de ter aprendido, no bê-á-bá do Direito, com a Professora Fulaninha, que no Brasil não existe repristinação tácita! O candidato decora essa orientação e a leva para o resto de sua vida! Sério, não é brincadeira, já vi aluna em Brasília falando em suspender a eficácia do atual namorado, e repristinar expressamente o antigo! Bem, brincadeira à parte, é melhor separarmos bem as coisas. Essa tradicional regra, segundo a qual não existe repristinação tácita no Brasil, está prevista na Lei de Introdução ao Código Civil – LICC, que trata da revogação sucessiva de leis. Entenderam? A LICC refere-se à inexistência de repristinação tácita na revogação sucessiva de leis. Assim, se temos a “Lei 1”, que é revogada pela “Lei 2”, que posteriormente é revogada pela “Lei 3”, temos o seguinte: a) com a revogação da “Lei 2” pela “Lei 3”, no silêncio da “Lei 3” a “Lei 1” não será automaticamente revigorada (não ocorrerá repristinação tácita); b) porém, a “Lei 3”, ao revogar a “Lei 2”, poderá revigorar a “Lei 1”, desde que o faça expressamente (poderá ocorrer repristinação expressa). CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 18 Essa regra da LICC, aplicável ao caso de revogação sucessiva de leis, não pode ser aplicada à declaração de inconstitucionalidade das leis pelo STF, situação em que temos o chamado efeito repristinatório, que tem alcance distinto: a) com a declaração da inconstitucionalidade da “Lei 2”, a regra é a repristinação tácita da “Lei 1”, que havia sido por ela revogada; 2) esse efeito repristinatório sobre a “Lei 1” poderá ser afastado, desde que o STF o faça expressamente na sua decisão. Ora, não fique mais decorando as frases sem entender o seu real sentido, imagine a situação na prática! Já disse antes, o tempo de decoreba em concurso já passou! Suponha que você esteja pagando determinado imposto, com base na “Lei 1”, à alíquota de 5%. Ulteriormente, essa “Lei 1” é revogada pela “Lei 2”, que fixa a alíquota do mesmo imposto em 20%, deixando você endividado e desesperado! Imagine agora que essa “Lei 2” tenha sido impugnada em ADIn perante o STF. Pergunto: você estará torcendo para que tipo de decisão do STF? Ah, você estará torcendo para que o STF declare a inconstitucionalidade da “Lei 2”, para que você volte, imediatamente, a pagar o imposto à alíquota de 5%, prevista na “Lei 1”. Certo? O que é isso? Por que com a declaração da inconstitucionalidade da “Lei 2” você volta automaticamente a pagar a alíquota menor, prevista na antiga “Lei 1”? Ora, isso nada mais é do que o efeito repristinatório tácito da “Lei 1”, em decorrência da declaração da inconstitucionalidade da “Lei 2”! 15) (ESAF/AFT/2003) Segundo a jurisprudência do STF, não cabe concessão de medida cautelar em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão. Item CERTO. A jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que não cabe concessão de medida cautelar em ADIn por omissão. A razão é muito simples. Na ADInPO, nem na própria decisão de mérito o STF editará a norma faltante, simplesmente dará ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias (CF, art. 103, § 2º). Ora, se nem na decisão definitiva de mérito o STF tomará providências efetivas no tocante à omissão legislativa, qual seria o conteúdo da antecipação mediante a concessão de medida cautelar? Enfim, se a decisão definitiva é praticamente “um nada” em termos práticos, qual seria o sentido de antecipar, em medida cautelar, esse “nada”?! CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 19 Vale lembrar que em todas as outras ações do controle abstrato perante o STF – ADIn genérica, ADC e ADPF – é cabível a concessão de medida cautelar. 16) (ESAF/AFT/2003) Segundo o entendimento do STF, é possível ao Autor requerer a desistência em relação a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, desde que demonstre razões de interesse público para essa desistência. Item ERRADO. Em respeito ao princípio da indisponibilidade, o STF não admite a desistência das ações do controle abstrato. Significa dizer que, uma vez proposta a ação, não poderá o autor dela desistir. O fundamento para esse entendimento é que no controle abstrato o autor da ação não está defendendo interesse subjetivo de sua titularidade, mas sim a supremacia da Constituição. Logo, a sua função é unicamente suscitar perante o STF uma relevante controvérsia constitucional. Feito isso, ele perde o direito de disposição sobre a ação proposta. Pelo mesmo motivo, o STF também não admite a desistência do pedido de medida cautelar nas ações abstratas (aqui, veja, a situação é diferente: o autor não quer a desistência da ação, mas somente do pedido de medida cautelar nela formulado). 17) (ESAF/AFT/2003) A admissão de Ação Declaratória de Constitucionalidade, para processamento e julgamento pelo STF, pressupõe a comprovação liminar de existência de divergência jurisdicional, caracterizada pelo volume expressivo de decisões judiciais que tenham por fundamento teses conflitantes. Item CERTO. Para que uma ADC seja conhecida pelo STF é imprescindível que o seu autor comprove a existência de relevante controvérsia judicial sobre a validade da lei. A razão para esse pressuposto de admissibilidade da ADC é simples. Se foi publicada determinada lei e se não existe nenhuma controvérsia judicial sobre a sua validade, não faz sentido requerer ao STF a declaração da sua constitucionalidade. Ora, se a lei foi publicada e não há nenhuma controvérsia sobre a sua validade, prevalece o princípio da presunção de constitucionalidade das leis e, portanto, não faz sentido a mais alta Corte do país declarar o óbvio, isto é, que a lei é constitucional, válida! CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 20 Como o autor comprovará, nos autos, a existência da relevante controvérsia judicial sobre a validade da lei? Essa comprovação é feita mediante a juntada aos autos de decisões de juízos e tribunais inferiores sobre a validade da lei, proferidas no controle difuso de constitucionalidade. O autor comprovará, por exemplo, que enquanto os juízes federais no Rio Grande do Sul têm declarado a lei constitucional, os magistrados federais no Ceará têm declarado a lei inconstitucional; que enquanto o Tribunal Regional Federal da 4ª Região tem considerado a lei constitucional, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região tem declarado a lei inconstitucional – e assim por diante. Cuidado! Importantíssimo destacar que, segundo a jurisprudência do STF, a controvérsia para legitimar a propositura da ADC deve ser judicial, isto é, instaurada perante os órgãos do Poder Judiciário, em casos concretos, na via difusa. A comprovação da existência de controvérsia doutrinária sobre a validade da lei não é suficiente. Portanto, não é suficiente a comprovação de que, por exemplo, o constitucionalista Alexandre de Moraes entende que a lei é constitucional, ao passo que o doutrinador José Afonso da Silva entende que ela é inconstitucional. Enfim, a relevante controvérsia tem que ser judicial, e não doutrinária. 18) (ESAF/AFT/2003) É posição majoritária, no STF, o entendimento de que não é possível o deferimento de medida cautelar, com efeito vinculante, em sede de Ação Declaratória de Constitucionalidade. Item ERRADO. Embora a Constituição só outorgue expressamente efeito vinculante às decisões definitivas de mérito em ADIn e ADC (“As sentenças definitivasde mérito”, diz o art. 102, § 2º, da CF), o STF firmou entendimento de que também a decisão que concede medida cautelar nas ações do controle abstrato é dotada de efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta nas esferas federal, estadual, distrital e municipal. 19) Assinale a opção incorreta. a) A Constituição de 1988 trouxe inúmeras inovações ao controle de constitucionalidade, entre elas a ampliação do rol de legitimados para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 21 b) A decisão de mérito proferida em sede de controle concentrado é irrecorrível, salvo a hipótese de embargos declaratórios, e não está sujeita à desconstituição pela via da ação rescisória. c) A concessão de liminar em sede de Ação Declaratória de Constitucionalidade, como regra, implica na suspensão do ato normativo impugnado até decisão final de mérito pelo Supremo Tribunal Federal. d) Segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a norma constitucional originária não é passível de controle de constitucionalidade. e) A supremacia jurídica da Constituição é que fornece o ambiente institucional favorável ao desenvolvimento do sistema de controle de constitucionalidade. Resposta: “c” A assertiva “a” está certa, pois, de fato, a Constituição Federal de 1988 trouxe significativas inovações ao controle de constitucionalidade, destacando-se: (i) a ampliação da legitimação para a instauração do controle abstrato, até então restrita ao Procurador-Geral da República (art. 103, I a IX); (ii) a criação da inconstitucionalidade por omissão, estabelecendo duas ações para a sua reparação (mandado de injunção e ação direta de inconstitucionalidade por omissão). A assertiva “b” está certa, pois a decisão de mérito proferida pelo Supremo Tribunal Federal no controle abstrato é irrecorrível, salvo a hipótese de interposição de embargos declaratórios. Ademais, uma vez transitada em julgado a decisão, não será cabível ação rescisória. A assertiva “c” está errada, pois a concessão de medida cautelar em ADC não impõe a suspensão do ato normativo impugnado até decisão final de mérito pelo Supremo Tribunal Federal. Afinal, o pedido do autor nessa ação é pela declaração da constitucionalidade da norma, e não pelo afastamento de sua aplicação. Assim, a concessão de medida cautelar em ADC consiste na determinação para que juízos e tribunais inferiores suspendam o julgamento de processos que envolvam a aplicação da lei objeto da ação até o julgamento de mérito pelo Supremo Tribunal Federal. A assertiva “d” está certa, pois normas constitucionais originárias não são passíveis de controle de constitucionalidade, em hipótese alguma. Apenas as normas constitucionais derivadas, resultantes de emendas à Constituição, podem ser objeto de controle de constitucionalidade, em caso de ofensa ao art. 60 da Constituição Federal. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 22 A assertiva “e” está certa, pois o controle de constitucionalidade das leis é decorrência da supremacia da Constituição Federal, que, por sua vez, deriva da rigidez constitucional. 20) Assinale a opção correta. a) Em respeito ao pacto federativo, a Constituição prevê a possibilidade de adoção pelos Estados-Membros e pelo Distrito Federal da Ação Declaratória de Constitucionalidade, da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão e da Ação por Descumprimento de Preceito Fundamental, desde que respeitados os princípios gerais nela traçados para cada uma dessas ações. b) A Mesa do Congresso Nacional não tem legitimidade para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade. c) Segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não é admissível a figura do amicus curiae em sede de Ação por Descumprimento de Preceito Fundamental. d) A perda da representação do partido político junto ao Congresso Nacional implica na perda da capacidade postulatória, com conseqüente extinção, sem resolução do mérito, da Ação Direta de Inconstitucionalidade anteriormente proposta. e) O Supremo Tribunal Federal não reconhece a legitimidade ativa das chamadas associação de associações para fins de ajuizamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade. Resposta: “b” A assertiva “a” está errada, porque a Constituição Federal prevê somente a possibilidade de os estados-membros instituírem a ação direta de inconstitucionalidade de leis e atos normativos estaduais e municipais em face da Constituição Estadual (art. 125, § 2º). Não há, no texto constitucional, previsão para a instituição das outras ações do controle abstrato pelos estados-membros, embora, atualmente, tenha se firmado o entendimento de que eles poderão também instituí-las. Outro erro dessa assertiva é mencionar o Distrito Federal como autorizado a adotar as citadas ações diretas, haja vista que este ente federativo não dispõe de competência para legislar sobre o Poder Judiciário. Com efeito, cabe à União organizar e manter o Poder Judiciário do Distrito Federal (CF, art. 21, XIII). Logo, caberá à União (e não ao Distrito Federal) instituir o controle abstrato no âmbito do Distrito Federal. A assertiva “b” está certa, pois a Mesa do Congresso Nacional não figura dentre os legitimados à propositura da ação direta de CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 23 inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal (CF, art. 103, I a IX). Podem propor ação direta perante o Supremo Tribunal Federal a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa do Senado Federal, a Mesa de Assembléia Legislativa e a Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal – mas não a Mesa do Congresso Nacional. A assertiva “c” está errada, pois a figura do amicus curiae (amigos da Corte: terceiros não legitimados que atuarão como informantes, colaboradores perante o STF) é admitida em todas as ações do controle abstrato (ADIn, ADC e ADPF). A assertiva “d” está errada, porque, segundo a jurisprudência do STF, o fato de o partido político supervenientemente perder a sua representação no Congresso Nacional não implica prejuízo à ação direta de inconstitucionalidade anteriormente proposta, em momento em que ele possuía representação legislativa. A assertiva “e” está errada, porque a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal passou a admitir a legitimidade ativa das chamadas “associações de associações” (associações que só possuem como associados pessoas jurídicas) para a instauração do controle abstrato. 21) (ESAF/AFC/2000) Cabe, com exclusividade, a órgão do Poder Judiciário (o Supremo Tribunal Federal) o julgamento em tese da constitucionalidade de leis federais. Item CERTO. Compete exclusivamente ao STF o julgamento em tese da constitucionalidade de leis federais, isto é, somente esse Tribunal tem competência para realizar controle abstrato de leis e atos normativos federais. Os tribunais de justiça também realizam controle abstrato, mas somente de leis estaduais e municipais em face da Constituição Estadual (CF, art. 125, § 2º). 22) (ESAF/AFC/2000) Sobre o controle abstrato de normas em face da Constituição Federal, assinale a opção correta. a) Nos Estados-membros, compete aos Tribunais de Justiça o controle abstrato das normas estaduais e municipais em face da Constituição Federal. b) Qualquer juiz ou tribunal federal pode declarar a inconstitucionalidade, em tese, de lei federal. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 24 c) Decidindoo Supremo Tribunal Federal pela inconstitucionalidade, em tese, de uma lei federal, para que essa decisão produza efeitos contra todos, a lei deverá ter os seus efeitos suspensos pelo Senado Federal. d) Declarada constitucional uma lei federal, em ação declaratória de constitucionalidade, nenhum outro tribunal do país pode, depois, declarar a mesma lei inconstitucional. e) O Procurador-Geral da República está legitimado a propor ação declaratória de constitucionalidade de lei estadual, se a União demonstrar interesse na manutenção da lei. Resposta: “d” A assertiva “a” está errada porque os tribunais de justiça só realizam controle abstrato de normas estaduais e municipais em face da Constituição Estadual (CF, art. 125, § 2º). A assertiva “b” está errada porque somente o STF dispõe de competência para declarar a inconstitucionalidade, em tese, de lei federal. Nenhum outro órgão do Poder Judiciário, juiz ou tribunal, tem competência para declarar a inconstitucionalidade em tese (controle abstrato) de normas federais. Isso porque, além do STF, somente os tribunais de justiça têm competência para realizar controle abstrato no Brasil, mas estes só realizam controle abstrato de leis e atos normativos estaduais e municipais em face da Constituição Estadual (CF, art. 125, § 2º). Todos os demais juízes e tribunais do País só podem declarar a inconstitucionalidade das leis e atos normativos incidentalmente, diante de um caso concreto, no chamado controle difuso de constitucionalidade. A assertiva “c” está errada porque o Senado Federal só dispõe de competência para suspender a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF no controle incidental, e não no controle abstrato, em tese. No controle abstrato, não há atuação do Senado Federal, haja vista que a própria decisão do STF já é dotada de eficácia contra todos, retirando a lei do ordenamento jurídico (eficácia erga omnes). A assertiva “d” está certa porque a decisão do STF em ADC produz efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (CF, art. 102, § 2º). Logo, nenhum outro tribunal ou juízo inferior poderá desrespeitar a decisão do STF, em qualquer que seja o processo. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 25 A assertiva “e” está errada porque a ADC só admite como objeto leis e atos normativos federais (CF, art. 102, I, a). 23) (ESAF/PFN/2004) Assinale a assertiva correta. a) A lei que houver sido editada antes de 1988, não é objeto passível de controle abstrato no âmbito do Supremo Tribunal Federal. b) Se a lei, objeto de ação direta de inconstitucionalidade, for revogada depois de proposta a demanda, mas antes do julgamento, o mérito da ação deverá ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal, se comprovado que a lei interferiu em situações jurídicas concretas durante a sua vigência. c) O Governador ou a Assembléia Legislativa do Estado em que se produziu uma lei, cuja compatibilidade com a Constituição Federal é objeto de decisões judiciais conflitantes, pode propor ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. d) É obrigatória a oitiva do Advogado-Geral da União em todos os processos de controle abstrato de constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal. e) Nenhum órgão do Executivo Federal pode dar aplicação a uma lei declarada inconstitucional, pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de inconstitucionalidade. Resposta: “e” A assertiva “a” está errada porque leis editadas antes de 1988 (o chamado direito pré-constitucional) podem ser objeto de controle abstrato perante o STF, desde que mediante argüição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF. O direito pré-constitucional não pode ser objeto de ADIn e ADC, mas pode ser objeto de ADPF, que também é ação do controle abstrato. Cuidado! Há duas inovações da ADPF, que a distinguem da ADIn, que têm sido reiteradamente cobradas em concurso: a) a possibilidade de aferição do direito pré-constitucional; b) a possibilidade de aferição de controvérsia sobre leis e atos normativos municipais. A assertiva “b” está errada porque o STF não admite ADIn contra direito revogado. Sabemos que o objeto da ADIn é retirar leis e atos normativos inconstitucionais do ordenamento jurídico. Se a lei foi revogada, ela já CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 26 foi retirada do ordenamento jurídico pelo ato de revogação. Logo, com a revogação da lei impugnada, a ADIn perde o seu objeto. Assim, temos o seguinte: i) se a ADIn for proposta depois da revogação da lei, a ação não será conhecida, por ausência de objeto; ii) se a ADIn é proposta com a lei em vigor, mas esta é supervenientemente revogada antes do julgamento, a ação é considerada prejudicada, por perda de objeto. Mas, e se lei houver produzido efeitos concretos no período de sua vigência? Bem, se a lei houver produzido efeitos concretos durante a sua vigência, antes da sua revogação, esses efeitos poderão ser discutidos perante o Poder Judiciário, mas somente no controle incidental, diante de casos concretos (o que não se admite é a discussão sobre os efeitos de lei revogada em ADIn). A assertiva “c” está errada porque em ADC só pode ser discutida a validade de leis e atos normativos federais (CF, art. 102, I, a), e o enunciado refere-se à lei produzida pelo Estado-membro. Uma consideração interessante sobre esse assunto. Na Reforma do Judiciário, implementada pela EC nº 45/2004, a intenção inicial era ampliar a legitimação para a propositura da ADC, bem assim o seu objeto, que passaria a contemplar, também, leis e atos normativos estaduais. Entretanto, o texto promulgado contemplou apenas a ampliação da legitimação (que passou a ser a mesma da ADIn, prevista no art. 103, I a IX), não fazendo o mesmo com o objeto da ação (logo, a ADC continua tendo por objeto, somente, leis e atos normativos federais). Com isso, a reforma ficou meio capenga, pois me parece difícil imaginar uma situação em que o Governador de Estado ou a Mesa da Assembléia Legislativa tenha interesse em requerer ao STF a declaração da constitucionalidade de uma lei federal! A assertiva “d” está errada porque, segundo a jurisprudência do STF, o Advogado-Geral da União não atua em ADIn por omissão, nem em ADC. Determina a Constituição que quando o STF apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado (art. 103, § 3º). Como se vê, a função do Advogado-Geral da União no controle abstrato é defender a norma, quando ela é impugnada, em tese, perante o STF. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 27 Por isso, ele não atuará em ADIn por omissão (porque não há norma a ser defendida, haja vista que essa ação é proposta em razão da inexistência de norma regulamentadora), nem em ADC (porque nessa ação não é requerida a inconstitucionalidade da norma, mas sim a declaração da sua constitucionalidade). A assertiva “e” está certa porque a decisão do STF em ADIn é dotada de efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (CF, art. 102, § 2º). 24) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Com relação ao papel constitucional do recurso extraordinário como instrumento do controle de constitucionalidade, assinale a única proposição incorreta. a) É possível em recurso extraordinário julgadona vigência da Constituição de 1988 declarar a inconstitucionalidade de lei anterior a essa Carta por incompatibilidade material ou formal com a Constituição pretérita. b) Nas causas relativas a direitos subjetivos, a decisão definitiva em recurso extraordinário comunicada ao Senado Federal gera para essa Casa legislativa a faculdade de suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional pela maioria absoluta dos membros do Supremo Tribunal Federal no julgamento daquele recurso, exceto se essa lei for municipal ou distrital, quando aprovada, neste último caso, pelo Distrito Federal no exercício de competência municipal. c) A decisão definitiva em recurso extraordinário que modifica a conclusão de acórdão proferido por Tribunal de Justiça em ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente pela Corte estadual para julga-la procedente, com a declaração de inconstitucionalidade da lei, no Plenário do Supremo Tribunal Federal, goza de eficácia contra todos (erga omnes), sendo dispensada a sua comunicação ao Senado Federal. d) O Supremo Tribunal Federal poderá atribuir efeito retroativo (ex tunc) às decisões proferidas em recurso extraordinário. e) O Supremo Tribunal Federal poderá atribuir efeito prospectivo (ex nunc) às decisões proferidas em recurso extraordinário. Resposta: “b” Questão de altíssimo nível! Só acertou quem conhece muito de controle de constitucionalidade! O primeiro ponto a chamar a atenção é que o enunciado pede a identificação da assertiva incorreta, e não da correta. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 28 a) É possível em recurso extraordinário julgado na vigência da Constituição de 1988 declarar a inconstitucionalidade de lei anterior a essa Carta por incompatibilidade material ou formal com a Constituição pretérita. A assertiva “a” está certa porque é possível que o STF aprecie, hoje, em recurso extraordinário (controle concreto), a validade de uma lei antiga, pré-constitucional, em confronto com a Constituição de sua época. Vimos em aula pretérita que a validade do direito pré-constitucional pode ser examinada em confronto com a Constituição de sua época, ou em confronto com a Constituição futura. Enfim, a validade de uma lei de 1980 pode ser examinada pelo Poder Judiciário, hoje, tanto em confronto com a Constituição de sua época (CF/1969), quanto em confronto com a Constituição futura (CF/1988). No confronto com a Constituição de sua época (CF/1969), o Poder Judiciário examinará as compatibilidades material e formal, decidindo pela constitucionalidade ou pela inconstitucionalidade da lei. Esse controle judicial só ocorre na via difusa, diante de casos concretos, podendo a controvérsia chegar ao STF mediante recurso extraordinário. No confronto com a Constituição futura (CF/1988), o Poder Judiciário examinará somente a compatibilidade material, decidindo se a lei foi recepcionada ou se foi revogada pelo novo texto constitucional. Esse controle pode se dar pela via difusa, diante de casos concretos, ou pela via concentrada, diretamente perante o STF, mediante argüição de descumprimento de preceito fundamental. O enunciado está correto porque se refere à possibilidade de, hoje, na vigência da CF/88, ser declarada a inconstitucionalidade de uma lei pré- constitucional, em recurso extraordinário, por incompatibilidade material ou formal com a CF/69, o que, como vimos, é plenamente possível. A assertiva “b” está errada. O seu enunciado trata da comunicação ao Senado Federal das decisões definitivas do STF em recurso extraordinário, para o fim de suspensão da execução da lei, nos termos do art. 52, X, da Constituição. A parte inicial do enunciado está perfeita, até o momento em que se refere à faculdade de que dispõe o Senado Federal para suspender a execução da lei declarada definitivamente inconstitucional pelo STF em recurso extraordinário. Onde está o erro, então? O erro está na parte final, quando o enunciado afirma que não haverá comunicação ao Senado Federal se a lei declarada inconstitucional pelo STF em recurso extraordinário for municipal ou distrital, neste último caso, aprovada no exercício de competência municipal. Ora, a competência do Senado Federal para suspender a execução de lei declarada definitivamente CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 29 inconstitucional pelo STF alcança lei federal, estadual, distrital e municipal. Enfim, o Senado Federal também suspende a execução de lei municipal e do Distrito Federal, não importando se aprovada no exercício de competência estadual ou municipal. Portanto, essa assertiva “b” é a que responde ao enunciado da questão, pois nele se requer a identificação da incorreta. A assertiva “c” está certa porque a decisão do STF em recurso extraordinário interposto contra decisão do TJ em ADIn é dotada de eficácia geral (erga omnes), sendo, por isso, dispensada a sua comunicação do Senado Federal. As decisões do TJ no controle abstrato são, em regra, irrecorríveis frente a outros tribunais do Poder Judiciário. Isso porque o controle abstrato realizado pelo TJ é sempre em face da Constituição Estadual (CF, art. 125, § 2º). Ora, se o controle abstrato é realizado em face da Constituição Estadual, e se o TJ é o órgão máximo da justiça estadual, obviamente a regra é a palavra do TJ ser a última, sem possibilidade de recurso perante outros tribunais do Poder Judiciário. Entretanto, há uma situação excepcional em que caberá recurso extraordinário contra a decisão do TJ no controle abstrato: quando o dispositivo da Constituição Estadual eleito como parâmetro de controle é norma de reprodução obrigatória da Constituição Federal. Nesse caso, como o recurso extraordinário é utilizado no âmbito do controle abstrato, a decisão do STF nele firmada é dotada de eficácia contra todos (erga omnes), sendo dispensada, por isso, a sua comunicação ao Senado Federal. As assertivas “d” e “e” estão certas porque a decisão do STF que declarara a inconstitucionalidade em recurso extraordinário é dotada, em regra, de efeito retroativo (ex tunc). Entretanto, poderá o STF, desde que o faça expressamente, outorgar efeito meramente prospectivo (ex nunc) à sua decisão. Vale lembrar que essa orientação é válida, também, para o controle abstrato, em que as decisões são, em regra, dotadas de eficácia retroativa (ex tunc), mas podem lhes ser outorgados efeitos meramente prospectivos (ex nunc) ou, ainda, ser fixado outro momento para o início da eficácia da decisão. 25) (ESAF/AFRE/RN/2005) Sobre controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos, no direito brasileiro, julgue os itens a seguir e assinale a opção correta. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 30 a) O controle concentrado pelo Supremo Tribunal da constitucionalidade de leis federais foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro, em sede de direito constitucional, a partir da Constituição Federal de 1988. b) A medida cautelar, em sede de ação direta de inconstitucionalidade, tem eficácia erga omnes e, regra geral, será concedida com efeito ex tunc. c) Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, em sede de ação direta de inconstitucionalidade, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria qualificada de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou fixar data para que a declaração tenha eficácia. d) A decisão que julga procedente ou improcedente a ação direta de inconstitucionalidade é irrecorrível, não cabendo contra ela nenhum recurso ou mesmo a propositura de ação rescisória. e) Por ser umaação objetiva, a declaração de constitucionalidade, em sede de ação declaratória de constitucionalidade, tem eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos Poderes Legislativo e Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal. Resposta: “c” A assertiva “a” está errada porque afirma que o controle concentrado de constitucionalidade de leis federais pelo STF só foi introduzido no Brasil a partir da Constituição de 1988. Na verdade, o controle concentrado de constitucionalidade foi introduzido no Brasil no ano de 1965, com a criação da ADIn, com a promulgação de emenda à Constituição de 1946 (EC nº 16, de 26/11/1965). Como o histórico do controle de constitucionalidade no Brasil tem sido muito cobrado em recentes concursos, memorize esse breve resumo: I) Constituição de 1824: não consagrava nenhuma espécie de controle de constitucionalidade; II) Constituição de 1891: criou o controle difuso de constitucionalidade, exercido incidentalmente diante de casos concretos; III) Constituição de 1934: manteve o controle difuso e criou a representação interventiva, a reserva de plenário e a competência do Senado Federal para suspender a execução da lei definitivamente declarada inconstitucional pelo STF no controle difuso; IV) Constituição de 1937: significou um retrocesso em termos de controle de constitucionalidade, pois embora tenha mantido o controle difuso de constitucionalidade, criou a possibilidade de o Presidente da República submeter ao reexame do Parlamento a decisão do Poder Judiciário que havia declarado a inconstitucionalidade da lei; com isso, o Legislativo poderia, por deliberação de dois terços dos seus membros, CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 31 tornar sem efeito a decisão do Poder Judiciário que havia declarado a inconstitucionalidade da lei; V) Constituição de 1946: manteve o controle difuso e criou a ADIn de leis federais e estaduais, a ser proposta exclusivamente pelo Procurador-Geral da República perante o STF (EC nº 16, de 26/11/1965) e estabeleceu a possibilidade de controle concentrado nos Estados- membros; VI) Constituições de 1967/1969: não trouxeram modificações significativas no controle de constitucionalidade, exceto no tocante à supressão da possibilidade de controle concentrado nos Estados- membros e criação da representação interventiva estadual, para fins de intervenção do Estado em Município. VII) Constituição de 1988: manteve os controles concreto e abstrato, ampliando significativamente a legitimação ativa deste último, antes exclusivo do Procurador-Geral da República (art. 103, I ao IX); criou a figura da inconstitucionalidade por omissão, estabelecendo duas ações para a sua repressão, o mandado de injunção (art. 5º, LXXI) e a ADIn por omissão (art. 103, § 2º); criou a ADPF (art. 102, § 1º); manteve a possibilidade de controle abstrato nos Estados-membros (art. 125, § 2º), a competência do Senado Federal para suspender a execução de lei declarada definitivamente inconstitucional pelo STF no controle difuso (art. 52, X) e a necessidade de observância da reserva de plenário para a declaração da inconstitucionalidade pelos tribunais (art. 97); em 1993, a EC nº 3/1993 criou a ADC (art. 102, I, a); em 2004, a EC nº 45/2004 criou a súmula vinculante para as decisões do STF (art. 103-A) e ampliou a legitimação ativa da ADC, igualando-a à legitimação em ADIn (art. 103, I a IX). Pois é, eu também concordo que são muitas informações para um pobre cérebro estressado de concursando! Mas, fazer o quê, se uma informação dessas pode ser a diferença fatal na hora da prova! A assertiva “b” está errada porque a concessão de medida cautelar nas ações do controle abstrato pelo STF produz, em regra, efeitos prospectivos (ex nunc). Excepcionalmente, os efeitos da medida cautelar poderão ser retroativos (ex tunc), desde que o STF o faça expressamente. Mas, repita-se, a regra geral é a produção de efeitos meramente prospectivos, daí por diante (ex nunc). A assertiva “c” está certa porque, como vimos, ao declarar a inconstitucionalidade em ADIn, poderá o STF, desde que por deliberação de dois terços dos seus membros, restringir os efeitos da sua decisão, conceder eficácia prospectiva à sua decisão (ex nunc) ou fixar outro momento para o início da eficácia da decisão. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 32 A assertiva “d” está errada porque contra a decisão do STF em ADIn é cabível uma espécie de recurso: embargos declaratórios. Por meio da interposição dos embargos declaratórios, pede-se ao Ministro Relator da ADIn que esclareça um ponto da decisão do STF considerado obscuro, contraditório, omisso ou duvidoso. O prazo para interposição desse recurso é de cinco dias. O pedido será dirigido ao Ministro relator, que o levará para julgamento na primeira sessão do plenário. Temos, então, o seguinte: proferida a decisão de mérito na ADIn, é possível a interposição de embargos declaratórios no prazo de cinco dias; caso haja a expiração desse prazo sem a interposição dos embargos declaratórios, a decisão transita em julgado; caso sejam interpostos os embargos declaratórios, com o seu julgamento pelo STF, considerados procedentes ou não, a decisão transita em julgado; nas duas hipóteses, com o trânsito em julgado da decisão, contra ela não caberá nenhum outro recurso, nem mesmo ação rescisória. A assertiva “e” está errada porque o efeito vinculante das decisões do STF em ADIn e ADC não alcança o Poder Legislativo, mas somente os demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (CF, art. 102, § 2º). 26) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) O Supremo Tribunal Federal, julgando uma ação direta de inconstitucionalidade, pode declarar inconstitucionais apenas algumas expressões do caput de um artigo de lei. Item CERTO. Não há vedação a que o Poder Judiciário proclame a inconstitucionalidade de apenas uma ou de algumas palavras do caput de um artigo de lei. A vedação constitucional nesse sentido diz respeito ao veto do chefe do Executivo, que só poderá abranger texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea (art. 66, § 2º). 27) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Em virtude de sua subordinação ao princípio da legalidade da administração, o chefe do Poder Executivo não está autorizado a determinar que seus subordinados deixem de aplicar leis, mesmo as que entender flagrantemente inconstitucionais. Item ERRADO. Segundo a jurisprudência do STF, o chefe do Executivo – Presidente da República, Governador e Prefeito – não está obrigado a dar aplicação à lei por ele considerada inconstitucional. Se o chefe do Executivo entende CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 33 que a lei – federal, estadual ou municipal – é inconstitucional, poderá baixar ato determinando a seus órgãos e entidades subordinados que afastem a sua aplicação. Significa dizer que o chefe do Executivo não precisa, previamente, recorrer ao Poder Judiciário para afastar a aplicação de uma lei por ele considerada inconstitucional. Entendendo que a lei é inconstitucional, poderá baixar um decreto determinando aos seus órgãos e entidades que afastem a sua aplicação e, se for o caso, a parte prejudicada por essa decisão é que poderá recorrer ao Poder Judiciário. Veja que a decisão do chefe do Executivo não é definitiva. A parte que se sentir prejudicada com o afastamento da aplicação da lei poderá recorrer ao Poder Judiciário que, então, firmará posição sobre a validade (ou não) da lei. Também é bom que fique claro que o
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