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LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 1 Apresentação ................................................................................................................................ 5 Aula 1: Conceitos da logística integrada ....................................................................................... 7 ............................................................................................................................. 7 Introdução ................................................................................................................................ 7 Conteúdo Evolução da logística ........................................................................................................ 7 Posicionamento brasileiro ............................................................................................. 10 Conceitos de Logística ................................................................................................... 11 Transformações da Logística ........................................................................................ 12 Acordos Comerciais ........................................................................................................ 13 Conceitos da Logística Integrada ................................................................................. 16 Logística Integrada .......................................................................................................... 16 Cadeia de Suprimentos Integrada ................................................................................ 17 Gestão da Cadeia de Suprimentos ............................................................................... 18 Supply Chain Management (SCM) ................................................................................ 19 Objetivos básicos da SCM .............................................................................................. 20 Outras atividades ............................................................................................................. 21 SCM: barreiras e alternativas ......................................................................................... 21 Dificuldades na internacionalização das empresas .................................................. 22 Adaptação das Forças de Michael Porter .................................................................... 24 Estratégias Competitivas ................................................................................................ 25 Atividade proposta .......................................................................................................... 26 ....................................................................................................................... 27 Aprenda Mais ........................................................................................................................... 27 Referências ......................................................................................................... 28 Exercícios de fixação Notas ........................................................................................................................................... 34 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 37 ..................................................................................................................................... 37 Aula 1 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 37 Aula 2: Supply chain: processos e tecnologias ............................................................................ 40 ........................................................................................................................... 40 Introdução .............................................................................................................................. 40 Conteúdo Cadeia de suprimentos ................................................................................................... 40 Processos de negócios ................................................................................................... 41 LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 2 Customer Relationship Management (CRM) .............................................................. 41 Desafios do CRM .............................................................................................................. 42 Gestão de Fornecedores – Supplier Relationship Management (SRM) ................. 43 Monitoramento do mercado de fornecedores .......................................................... 46 Suprimentos: modelos de compras internacionais .................................................. 47 Previsão de demanda...................................................................................................... 48 JIT - Just In Time / no Tempo Exato, na Hora Certa ............................................... 49 Milk Run (MR) .................................................................................................................... 49 Projeto e Desenvolvimento de Novos Produtos e Processos (PDP) ...................... 54 Gestão de Pessoas: Recursos Humanos ..................................................................... 55 Gestão de Processos: Benchmark ................................................................................ 56 Tecnologia da informação (TI)...................................................................................... 56 Tecnologia da informação e gestão das informações ............................................. 58 ERP – Enterprise Resource Planning / Planejamento dos Recursos da Empresa 60 EDI – Electronic Data Interchange / Intercâmbio Eletrônico de Dados ............... 61 QR – Quick Response / Resposta Rápida .................................................................... 62 CR – Continuous Replenishment / Reposição Contínua ......................................... 63 ECR – Efficient Consumer Response / Resposta Eficiente ao Consumidor ......... 64 VMI - Vendor Managed Inventory / Estoque Gerenciado pelo Fornecedor ........ 65 Código de Barras ............................................................................................................. 67 RFID - Radio Frequency Identification - Identificação por Rádio Frequência ..... 68 Business Intelligence – Inteligência Empresarial ou Inteligência de Negócios .. 71 TCT - Transaction Cost Theory / A Teoria dos Custos de Transação X RBV - Resource Based View / A Visão Baseada em Recursos ............................................ 75 Atividade proposta .......................................................................................................... 76 ....................................................................................................................... 77 Aprenda Mais ........................................................................................................................... 77 Referências ......................................................................................................... 78 Exercícios de fixação Notas ........................................................................................................................................... 82 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 82 ..................................................................................................................................... 82 Aula2 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 82 Aula 3: Tendências de mercado e análise ................................................................................... 84 ........................................................................................................................... 84 Introdução .............................................................................................................................. 85 Conteúdo Tendências de mercado e sua análise ........................................................................ 85 LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 3 Soluções de inteligência de mercado .......................................................................... 86 Modelos de análise para tendências de mercado ..................................................... 86 Tendências de mercado e logística ............................................................................. 90 Análise da última década da logística no mundo e no Brasil: o que mudou? ..... 92 Logística no mundo: principais alterações ................................................................. 94 A logística no Brasil ......................................................................................................... 96 Conclusão ......................................................................................................................... 98 Atividade proposta ........................................................................................................ 100 ..................................................................................................................... 101 Aprenda Mais ......................................................................................................................... 101 Referências ....................................................................................................... 102 Exercícios de fixação Notas ......................................................................................................................................... 106 Chaves de resposta ................................................................................................................... 106 ................................................................................................................................... 106 Aula 3 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 106 Aula 4: Globalização na cadeia produtiva ................................................................................. 109 ......................................................................................................................... 109 Introdução ............................................................................................................................ 110 Conteúdo Globalização ................................................................................................................... 110 Suplly Chain e o tipo de negócio: Puxado (Pull System) ou Empurrado (Push System) ............................................................................................................................ 111 Postponement (prorrogação) e as barreiras a sua implementação .................... 111 Outsourcing na cadeia produtiva ............................................................................... 112 Estoque ............................................................................................................................ 113 Transporte ....................................................................................................................... 115 Transporte e logística ................................................................................................... 116 Logística integrada e comércio internacional ......................................................... 118 Operações internacionais ............................................................................................ 122 Regimes aduaneiros especiais .................................................................................... 124 Regimes aduaneiros especiais aplicados em áreas especiais ............................... 131 Atividade proposta ........................................................................................................ 133 ......................................................................................................................... 134 Referências ....................................................................................................... 135 Exercícios de fixação Notas ......................................................................................................................................... 139 Chaves de resposta ................................................................................................................... 139 ................................................................................................................................... 139 Aula 4 LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 4 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 139 Conteudista ............................................................................................................................... 142 LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 5 Estamos na era da tecnologia (TI), que nos conecta com o mundo, em tempo real. Parece que tudo está mais próximo, o mundo ficou menor. É possível assistirmos eventos em diferentes lugares do mundo, por meio de conference calls e outros meios e aplicativos. Sem eles, não seria possível participarmos, por causa do tempo de deslocamento e do dinheiro necessário. Já pararam para pensar o que acontece com os produtos produzidos em um determinado país cujo local de consumo se encontra espalhado por todo o mundo? Nesse contexto, aprendemos que a logística tem um papel importante colocando o produto certo, na hora certa, ao menor custo possível, no lugar solicitado pelo cliente. O desafio de logística integrada e operações internacionais é atingir esses objetivos com todas essas diversidades. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Apresentar a logística integrada e a sua evolução até aos dias de hoje; 2. Conceituar suplly chain management como modelo de gestão e os desafios na sua implementação; 3. Descrever os processos e o papel facilitador do uso das diversas ferramentas tecnológicas na integração da supply chain; LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 6 4. Analisar as tendências de mercado e o impacto da atuação das empresas internacionalizadas nas economias nacionais. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 7 Introdução Nesta aula, entenderemos como foi a evolução da logística após a Segunda Guerra Mundial e como os eventos mundiais e as inovações tecnológicas obrigaram as empresas a criar novos métodos para gerenciar a cadeia de suprimentos. Nesse sentido, os acordos comerciais e a formação de blocos regionais de comércio exterior, assim como o aumento do fluxo internacional de mercadorias, estabeleceram a necessidade de integrar as atividades logísticas com o novo conceito de supply chain. O conceito de supply chain management permitiu que as empresas se internacionalizassem, ampliando seusmercados. Objetivo: 1. Apresentar a evolução da logística e os fatos que mais contribuíram para o seu desenvolvimento; 2. Conceituar logística integrada e o Supply Chain Management como modelo de gestão; 3. Descrever os desafios que as empresas internacionalizadas enfrentam para atenderem a este novo conceito da logística. Conteúdo Evolução da logística Após a Segunda Guerra Mundial, os cenários de relações internacionais foram drasticamente alterados, influenciando de forma radical a logística. Vamos ver como a logística se desenvolveu internacionalmente e como o Brasil se inseriu nesse contexto? 1944 LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 8 No fim da Segunda Guerra Mundial, os aliados se reuniram e criaram o Acordos de Bretton Woods que estabelecia regras para as relações comerciais entre os países. As novas regras alteraram completamente os cenários dos negócios internacionais e interferiram diretamente no ambiente logístico. 1947 Um grupo formado por representantes de 23 países aprovou a criação do Acordo Geral de Tarifas e Comércio, o General Agreement of Tariffs and Trade (GATT), com objetivo de reduzir obstáculos ao intercâmbio internacional de bens, eliminando barreiras protecionistas às trocas internacionais de mercadorias, e distribuir riqueza no planeta. 1948 a 1952 Após a Segunda Guerra Mundial, os EUA criaram o Plano Marshall, financiamento para reconstrução dos países devastados pela guerra. Nessa época já existia um pensamento logístico focado na eficiência do fluxo de materiais, principalmente nas questões de armazenamento e transporte, tratadas separadamente no contexto da distribuição de bens. Esse conceito permaneceu até a década de 1960. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 9 1958 Em virtude do aumento das importações, a balança comercial de pagamentos dos EUA teve seu primeiro déficit histórico, no total de 3,7 bilhões de dólares, em valores da época, não parando mais de crescer até os dias de hoje. Anos 1960 O crescimento do comércio internacional fez com que fosse necessário o desenvolvimento da área de logística e infraestrutura, para atender a demanda de produtos e serviços. Nesse período, surgiu o gerenciamento consolidado das atividades de transporte, suprimentos, distribuição, armazenagem e controle de estoques. Anos 1970 Nesse período, o foco passou a ser o cliente, com a introdução da aplicação de métodos quantitativos às questões logísticas. As ações foram direcionadas para a produtividade e os custos de estoques. Algumas medidas tomadas pelos Estados Unidos e pelo Japão impactaram diretamente a área da logística. 1973 a 1979 A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), triplicou o preço do barril do petróleo. Os fretes internacionais e o custo da distribuição física, principalmente nas metrópoles, sofreram aumentos elevados. Aumentou a pressão pela racionalização dos custos de transferência dos produtos, fortalecendo o crescimento da logística internacional que assumiu um papel estratégico nos negócios. Anos 1980 Muitos eventos no mundo aumentaram o fluxo do comércio internacional, impondo a redução dos fretes internacionais, o aumento da capacidade de transporte dos navios, a diminuição do tempo de carga e descarga, o que reduziu ainda mais o custo dos produtos. No final da década, apareceu a LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 10 logística em um contexto mais abrangente, a chamada logística estratégica, fazendo parte da competitividade empresarial. Anos 1990 A indústria e o comércio começaram a considerar todo o mercado mundial como parceiros, fornecedores e clientes ao mesmo tempo. O ciclo de vida dos produtos foi reduzido de maneira rápida. O Just In Time chegou ao Ocidente. Surgiu o Supply Chain Management (SCM), Gerenciamento da cadeia de Suprimentos, e o comércio eletrônico. O cenário dos negócios tornou-se cada vez mais volátil, competitivo e imprevisível. Sec. XXI Os países orientais abriram suas economias, gradualmente, e conquistaram fortes investimentos, como novas fábricas, modificando e incrementando os fluxos internacionais de mercadoria. Dessa forma, a logística passou a ser considerada uma ferramenta indispensável para a conquista da competitividade global. Posicionamento brasileiro Nessa época de evolução mundial, o Brasil não tinha estrutura logística para fazer face à competitividade externa. A instabilidade econômica e política, assim como o preço internacional das commodities, contribuíram para uma retração nas exportações e uma forte desvalorização cambial. Esse quadro de retração foi revertido em 2003, com um forte empenho no aumento dos negócios internacionais, principalmente, para a China. A partir dos anos 1990, apesar dos problemas econômicos, da oscilação do Real e das crises em países vizinhos e parceiros (Argentina, Estados Unidos e outros), o comércio exterior brasileiro tem crescido: LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 11 • Entre 1990 até 2006 em torno de 339%, média de 9,7% ao ano; • Entre 2002 e 2006 cresceu 113%, média de 28,25% ao ano. Conceitos de Logística Vimos que, até à década de 1950, a logística não tinha sistematização e era confundida com a atividade de transporte, ou seja, logística era o deslocamento de bens e serviços dos locais de produção para os locais de consumo. Em 1999, o Council of Logistics Management – hoje Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP) –, considerado autoridade em logística, fez a primeira adequação ao conceito de logística, descrevendo-a como: “A parte do processo de gestão da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla, eficientemente, ao custo correto, o fluxo e a armazenagem de matérias-primas, estoques durante a produção e produtos acabados com o propósito de atender aos requisitos (necessidades) do cliente”. Dessa forma, o que era apenas transporte, passou a conciliar as atividades relacionadas às operações de compra, venda, armazenagem, estoques e transporte, levando em consideração o tempo gasto em cada etapa e o custo. Na verdade, o processo logístico tem início no planejamento, na implementação e no controle eficiente das operações. Atualmente , o CSCMP conceitua a logística como: “A parte do processo da cadeia de suprimento que planeja, implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens, serviços e informações relacionadas, do ponto de origem ao ponto de consumo, visando atender aos requisitos dos consumidores”. A partir desses conceitos, as empresas passaram a atribuir atividades à logística, que deixava de ter apenas características técnicas e operacionais para LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 12 ganhar conteúdo estratégico, proveniente da integração de suas diversas operações, assim como uma visão sistêmica. Nesse sentido, a definição de logística foi ampliada para integrar as diversas áreas envolvidas na produção, o dimensionamento e layout de armazéns, a alocação de produtos em depósitos, os transportes (roteirização, dimensionamento de frota, de veículo) a distribuição, a seleção de fornecedores e clientes externos, surgindo um novo conceito, conhecido como supply chain ou logística integrada. Transformações da Logística A crescente integração das economias dos diferentes países criou a necessidade de ampliar os mercados, gerar economia de escala, reduzir custos, adaptar os produtos a cada mercado, avaliar a forma dedistribuição mais conveniente e reduzir os tempos de entrega. O desenvolvimento das tecnologias de informação e de transporte contribuiu para atingir esses objetivos. O fluxo de mercadorias, capitais e informações cruzou fronteiras, formando o ambiente de transações globais, em que a logística passou a exercer um papel fundamental. Podemos dizer que, nos dias de hoje, a logística, globalmente, opera no seguinte cenário concorrencial: • Nações emergentes com sistemas de produção mais baratos para onde as empresas transnacionais deslocam suas fábricas; • O protecionismo dos mercados pelos seus países, favorecendo a exportação e impondo barreiras à importação; • Concorrência com novos entrantes, como a China; • Prazos mais apertados; • Redução das margens de lucro; • Consumidores exigindo produtos de melhor qualidade; LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 13 • Necessidade de serviços pós-venda tentando entender o grau de satisfação do cliente; • Legislações ambientais mais exigentes não só em certificação, mas, em alguns casos, com imposição de logística reversa. Atenção Outros fatores contribuíram para que a logística fosse cada vez mais integrando e sincronizando as diversas áreas da supply chain: • Ciclos de vida dos produtos e cadeias de distribuição cada vez mais curtas; • Necessidade de parcerias; • Aumento da concorrência externa; • Clientes mais informados, que levaram as empresas a mudar suas atividades, decisões, e a oferecer aos clientes produtos e serviços com menor preço e qualidade superior. Acordos Comerciais Um fator importante no desenvolvimento da logística foi a constituição de acordos comerciais entre os países, facilitando e desenvolvendo processos logísticos entre eles e a formação de blocos regionais, em que países de uma mesma região se unem para incrementar as trocas comerciais entre si, ganhar força, expertise e adotar medidas comuns nas negociações com países fora do bloco. Essas práticas incentivam o estudo e o uso dos processos da logística integrada. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 14 Nesse contexto, quando os países pretendem ampliar seus mercados externos, podem fazer acordos bilaterais, trilaterais, criar áreas de livre comércio ou constituírem os blocos regionais. Os blocos regionais podem apresentar diversas formas de estrutura, de acordo com o estágio da sua constituição: União Aduaneira Área de livre comércio, com uma tarifa externa comum e outras medidas que configurem uma política comercial externa comum. Existe a livre circulação de bens e uma tarifa aduaneira comum a todos os membros, válida para importações realizadas fora da área. o Mercosul é uma União Aduaneira. Mercado Comum União Aduaneira, com políticas comuns de regulamentação de produtos e com liberdade de circulação dos três fatores de produção: pessoas, serviços e capitais. A União Europeia é um Mercado Comum. União Econômica e Monetária É um mercado comum, em pleno funcionamento, com um único banco central que emite a moeda comum a todos os membros. A União Europeia é o exemplo de uma UEM. Integração Econômica Total Os membros adotam uma moeda comum, harmonizam completamente as suas políticas fiscais, sociais e econômicas. Nesse tipo de constituição, a União Europeia (UE) continua sendo um exemplo, ela atingiu o mais alto nível de integração. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 15 Atenção Os países em que se pratica a logística são classificados de acordo com o desenvolvimento de suas economias e seus mercados. Veja como é feita a classificação. Plataforma Países pequenos que se destacam pela grande quantidade de acordos econômicos na região em que se situam. Normalmente são usados como rede de distribuição na região. Exemplo: o Chile é considerado um país plataforma. Emergentes Países subdesenvolvidos, cujas economias têm crescido substancialmente, mostrando, também, melhorias em seus índices de desenvolvimento político e social e competitividade global, utilizando como parâmetro o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Exemplo: Angola. Em crescimento Países de economia mediana com estabilidade política e econômica, com desenvolvimento constante. Exemplo: os países pertencentes ao BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China. Maduros Países ricos com economias consolidadas, e poucas condições de crescimento, que não oferecem facilidades para os novos entrantes e são protecionistas. Exemplo: União Europeia, EUA, Japão. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 16 Conceitos da Logística Integrada Veremos, a seguir, os dois conceitos que surgiram e foram adotados pelas empresas como forma de alinhar os seus objetivos de redução de custos aos objetivos geradores de vantagens competitivas: o conceito de Logística Integrada e de Supply Chain Management (SCM) ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. Você estudou que as empresas foram obrigadas a mudar a formatação de suas operações e a repensar em como aperfeiçoar os elementos da cadeia logística. É possível afirmar que a necessidade de integração evoluiu de dentro para fora nas empresas, criando uma rede de organizações integradas, desde os fornecedores de matéria-prima até os consumidores finais. Essa constituição integrada recebeu o nome de cadeia de abastecimento, que se transformou na visão da logística moderna. Para entendermos a logística integrada, devemos conhecer três importantes conceitos: Um sistema é constituído por alguns grupos de atividades, aparentemente independentes, agindo com sinergia total, trabalhando para a realização de um objetivo. Grupos de atividades são áreas de atuação de diferentes empresas envolvidas no sistema, podemos chamá-los de subsistemas especialistas; Interfaces são fronteiras, às vezes tênues, entre grupos de atividades que permitem o fluxo de produtos e informações de forma sincronizada. Logística Integrada As empresas agora têm um grande desafio pela frente: coordenar o conhecimento específico de tarefas individuais em uma competência integrada LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 17 voltada para o atendimento ao cliente. Não raro, esse desafio é ampliado para incluir os próprios clientes e os fornecedores de materiais e de serviços. Segundo Martins e Alt, (2002), o que faz a logística contemporânea interessante é o desafio de tornar os resultados combinados da integração interna e externa em uma das competências centrais da empresa. A Logística Integrada pretende promover o fluxo contínuo da entrada da matéria-prima (suprimento), da fabricação do produto ou serviço (produção) e da saída do produto acabado até ao mercado (distribuição), sem interrupção do processo em nenhum dos pontos da cadeia de suprimentos (supply chain), tornando mínimo o estoque da empresa. Podemos concluir que a Logística Integrada envolve o gerenciamento de informações, transporte, estoque, armazenamento, manuseio de materiais e embalagem e que todas as áreas que envolvem o trabalho logístico oferecem grande variedade de tarefas. Como vimos, a evolução no meio logístico foi marcada por grandes transformações nos conceitos gerenciais, especialmente em relação à função de operações. A necessidade de se produzir um bem com qualidade, sem perdas ou retrabalho, ao mesmo tempo em que se tentava reduzir os custos com a produção desses bens ou serviços foi o grandedesafio enfrentado por todas as empresas que perceberam a necessidade de se alinhar ao mercado para manter a competitividade. Cadeia de Suprimentos Integrada A cadeia de suprimentos integrada, normalmente é apresentada como uma rede de organizações formada por meio de ligações nos dois sentidos, dos LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 18 diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços que são colocados na mão do consumidor final. Observe o exemplo: Um fabricante de camisas é parte da cadeia que se estende em dois sentidos: • Para trás, para o tecelão, para o fabricante de fibras; • Para frente, por meio dos distribuidores e varejistas, até ao consumidor final. Cada uma dessas organizações na cadeia é dependente da outra por definição e, por tradição, elas não cooperam umas com as outras. (MARTIN, 2002). Para que o gerenciamento dessa cadeia tenha sucesso, é necessária uma integração funcional que não é muito fácil de ser conseguida. Para desenvolver uma cadeia de suprimentos integrada, as empresas criam uma cadeia de suprimentos interna, ligando os departamentos de compras, produção e distribuição. Em seguida, unem os fornecedores e os clientes, formando uma cadeia de suprimentos externa. Finalmente, unem as cadeias interna e externa, formando a cadeia integrada de suprimentos da empresa. Contudo, se os distribuidores, os atacadistas e os varejistas não estiverem operando dentro da cadeia, o produto não atingirá o valor pretendido junto ao consumidor final, por força da ineficiência sistêmica da cadeia de suprimentos. Gestão da Cadeia de Suprimentos A sobrevivência das empresas vem da competitividade que é resultante da produtividade e da qualidade do valor agregado ao produto. O sucesso comercial é conquistado por meio da vantagem de custo, da vantagem de valor, ou de ambas. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 19 Nesse sentido, quando o concorrente obtém maior lucro, é porque conseguiu produzir com custos menores ou ofereceu um produto com maior diferença perceptível de valor ao seu cliente. A integração das cadeias não é fácil de ser conseguida, pois nem as grandes empresas são sempre bem-sucedidas. Nesse ambiente competitivo vêm surgindo metodologias com a finalidade de se obterem vantagens competitivas sobre a concorrência. Uma delas, a Supply Chain Management (Gestão da cadeia de Suprimentos), é apresentada ao mercado como uma nova fronteira para a obtenção dessas vantagens competitivas. Supply Chain Management (SCM) O conceito de Supply Chain Management (Gestão da cadeia de Suprimentos) começou a ser desenvolvido no começo da década 1990. Esse conceito tem início na saída das matérias-primas dos fornecedores, passa pela produção, montagem e termina na distribuição dos bens finais aos clientes. Inclui considerações estratégicas como: foco na satisfação do cliente; na formulação e implementação de estratégias para retenção dos clientes atuais e a obtenção de novos, além de gerenciar a cadeia de forma eficaz. O desempenho do SCM depende basicamente de quatro fatores: Capacidade de resposta às demandas dos clientes. Qualidade de produtos e serviços. Velocidade, qualidade e timing da inovação nos produtos. Efetividade dos custos de produção e de entrega e utilização de capital. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 20 Para finalizar, podemos dizer que o SCM é uma abordagem sistêmica, muito complexa, que implica em elevada interação entre os participantes, exigindo a consideração simultânea de diversos trade-offs, tanto internos quanto interorganizacionais. Objetivos básicos da SCM Um dos objetivos básicos da SCM é maximizar e tornar realidade as potenciais sinergias entre as partes da cadeia de suprimentos, de forma a atender ao consumidor final mais eficientemente através da redução dos custos e da adição de mais valor aos produtos finais. Dessa maneira, o gerente da cadeia de suprimentos deve: • Satisfazer rapidamente o cliente, criando um diferencial com a concorrência; • Minimizar os custos financeiros, usando menos capital de giro e os custos operacionais, diminuindo desperdícios e evitando atividades que não agregam valor ao produto: esperas, controles, armazenamentos, transportes etc. • Minimizar o lead time ao máximo, em função da eficácia da equipe de projeto, dos suprimentos na negociação com fornecedores e da velocidade de transição do projeto para a produção. Por fim, entendemos que para a SCM ter sucesso, alguns fatores são indispensáveis: • O foco intenso no cliente; • Os índices quantitativos de desempenho; • Os times interfuncionais; • O gerenciamento do fator humano; • O uso avançado de tecnologia de informação, sem a qual não há condições da sua implementação. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 21 Outras atividades O conceito de Supply Chain Management (Gestão da cadeia de Suprimentos) ainda é uma exclusividade de algumas grandes empresas, já que poucas conseguiram a implementação total do SCM, tanto no Brasil quanto no exterior. Alguns autores afirmam que o conceito de SCM é mais do que o gerenciamento da supply chain e deve abranger outras atividades como: • Desenvolvimento de novos produtos; • Atividades de marketing; • Pesquisa e desenvolvimento para a formulação do produto; • Fabricação e logística para executar as operações; • Finanças para a estruturação do financiamento; • Compras e desenvolvimento de fornecedores. Essas atividades ainda não integram as funções tradicionais da logística, mas são críticas para a implementação do SCM. Atenção As empresas que conseguiram implementar o SCM com sucesso obtiveram ganhos fantásticos na sua operação pela redução de custos. A Walmart e a Dell Computers são bons exemplos. Entretanto, não podemos deixar de mencionar que a Nike é considerada um dos grandes fracassos na implantação do SCM. SCM: barreiras e alternativas Vimos que o SCM traz inúmeros benefícios para as organizações e agora entenderemos o motivo pelo qual poucas empresas o utilizam. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 22 A implementação do SCM exige grandes mudanças, que acontecem no nível dos procedimentos internos e externos, no que diz respeito ao relacionamento entre os diversos participantes da cadeia de suprimentos. Procedimentos Internos Internamente é necessário quebrar as barreiras organizacionais no que diz respeito aos objetivos individuais em detrimento de uma visão sistêmica. O resultado do conjunto é mais importante do que o resultado das partes. Procedimentos Externos Externamente o SCM é responsável por uma importante mudança no paradigma competitivo: a competição no mercado ocorre não só nas cadeias produtivas, mas também nas unidades de negócios. Pressupõe, inclusive, a criação de unidades virtuais de negócios. Dificuldades na internacionalização das empresas No âmbito da logística internacional, lidamos com diversos sistemas cambiais, diversas moedas, políticas econômicas e tributárias, barreiras alfandegárias e não alfandegárias, incentivos, subsídios, infraestrutura, transportes, meios de comunicação e a diversidade de culturas específicas a cada país. As exigências para redução dos prazos de entrega são enormes e as diferentes combinações dessas variáveis determinam preços diferenciados. Além do fluxo físico de mercadorias, os negócios internacionaisabrangem investimentos e produção industrial em diversas partes do planeta, com peculiaridades físicas, climáticas, no biótipo, cultura, religião, costumes, legislação. Essas diferenças, no mercado externo, podem alterar o produto, a embalagem ou mesmo as cadeias produtivas. Por outro lado, especificidades como xenofobia, legislação, protecionismo dos países as suas indústrias internas e a LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 23 concorrência tornam-se verdadeiros desafios que devem ser levados em consideração ao definir procedimentos logísticos específicos para cada mercado. O protecionismo, na forma de barreiras tarifárias, não tarifárias ou mesmo por meio de dumping, não deve ser ignorado. Vimos que o novo conceito logístico mudou a forma de fazer negócios e as empresas estão tendo que se adaptar à nova realidade. Sabemos que essas empresas enfrentam dificuldades. Sendo assim, vamos conhecer algumas das dificuldades das empresas candidatas à internacionalização? As empresas necessitam buscar fornecedores e clientes simultaneamente no cenário internacional. É preciso entregar seus produtos de acordo com as exigências de seus clientes e, por isso, devem estar preparadas para enfrentar: • Forte concorrência; • Clientes mais exigentes; • Prazos mais apertados; • Redução de custos; • Maior produtividade; • Melhor qualidade; • Protecionismo do país onde se encontram seus clientes; • Taxas e impostos aplicados aos produtos importados, como forma de protecionismo. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 24 Atenção A especialização industrial e tecnológica em diferentes países tem possibilitado o aumento da produtividade gerando ganhos na economia de escala pela produção em massa de produtos padronizados. Os polos produtores, em função desses fatos, deslocam-se para novas regiões em busca de menores distâncias de distribuição, imóveis e serviços mais baratos, incentivos fiscais e mão de obra virgem (pronta para ser treinada), dentro de conceitos voltados para a prática da competitividade. Além de todos esses fatores, as empresas brasileiras que pretendem se internacionalizar necessitam observar as variáveis que funcionam como entraves e, portanto, são desafios à integração das cadeias logísticas: • Excessiva burocracia brasileira; • Distâncias geográficas; • Concorrer com conglomerados internacionais ou novos entrantes; • Rapidez da evolução tecnológica e o acelerado obsoletismo; • Estrutura de custos diferenciados por países ou regiões; • Aspectos ambientais, logística reversa, certificações específicas; • Necessidade de serviço pós-venda em qualquer lugar do planeta, pois os clientes tornaram-se mais exigentes. Adaptação das Forças de Michael Porter Você já deve ter ouvido falar nas Forças de Michel Porter. Elas foram adaptadas por Maasaki Kotabi e Christian Helsen para atenderem ao mercado internacional. Veremos, a seguir, como elas podem ajudar as empresas transnacionais nesta tarefa difícil da internacionalização. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 25 Forças Políticas e Macroeconômicas Participação do país alvo em blocos econômicos; acordos comerciais (com o Brasil) e a possibilidade de enquadrar produtos nesses acordos; câmbio; peculiaridades da legislação e meio-ambiente etc. A interação da logística é com a equipe jurídica especializada em direito internacional. Forças do Mercado Global Informações obtidas pelo marketing sobre a demanda no mercado-alvo para projetar a economia de escala. Biótipo predominante para adaptar os produtos, se necessário. Cultura e religião predominantes (feriados, datas festivas etc), capazes de causar atrasos na logística. Clima e relevo que possam requerer modificações nas embalagens ou até determinar rotas alternativas para evitar rigores climáticos. Forças Tecnológicas Necessidade de novas tecnologias ou processos, alianças estratégicas, compartilhamento tecnológico e cruzamento de patentes. A logística caminha junto à engenharia. Forças de Custo Global Analisadas as demais forças, agora a logística irá tentar estabelecer relações com governos, obtendo vantagens competitivas de insumos e mão de obra em diferentes países, tais como incentivos, infraestrutura, para viabilizar reduções de custos. Estratégias Competitivas As empresas criaram algumas estratégias que servem de modelo para superar os desafios do atendimento aos mercados internacionais: Planos de contingência Elaborar planos alternativos para emergências. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 26 Postponement Avançar a montagem final na cadeia de distribuição, possibilitando customizar produtos. Distribuição Definir canais e rede de distribuição, de forma a posicionar estoques. Trade-offs Padronizar componentes básicos e compensar custos conflitantes para ganhar economia de escala. Consolidação Definir o tamanho do lote econômico e consolidá-lo para embarque Fluxos e riscos Estabelecer a forma de escoamento, planejando os fluxos para minimizar riscos Atividade proposta Assista ao vídeo Logística e Supply Chain, disponível em nossa biblioteca, e responda: a) Considerando que os processos industriais da Supply Chain se encontram espalhados por diferentes países, como é possível cumprir cronogramas e reduzir custos? Chave de resposta: As empresas aproveitam o que cada país pode oferecer de mais vantajoso, para integrar de forma sistêmica os processos internacionais de suprimento, transformação e distribuição, gerando economia de escala através de parcerias com fornecedores detentores de tecnologia de ponta e especializados em manter o nível mínimo de estoques ao longo da cadeia de suprimentos, além de gerenciar todo o sistema via ferramentas específicas. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 27 b) Na sua opinião (ela é muito importante nesta atividade), existe a necessidade de um plano “B”? Justifique a sua resposta com base nas estratégias competitivas. Chave de resposta: Sim existe necessidade de um plano “B” como nos mostram as estratégias competitivas, especificamente, a que nos fala sobre Planos de Contingências. Aprenda Mais Material complementar Para saber mais sobre os assuntos discutidos até agora, assista o vídeo “A nova posição do Brasil”, disponível em nossa biblioteca de vídeo. Referências • http://www.logisticadescomplicada.com/gestao-da-cadeia-de- suprimentos-%E2%80%93-conceitos-tendencias-e-ideias-para-melhoria/. Acesso em: 13 jun. 2014. • http://www.anpad.org.br/enanpad/2006/dwn/enanpad2006-golb- 2727.pdf. Acesso em: 13 jun. 2014. http://www.excelenciaemgestao.org/Portals/2/documents/cneg4/anais/T 7_0071_0132.pdf. Acesso em: 13 jun. 2014. • http://www.administradores.com.br/producao-academica/ferramentas- de-supply-chain-management-para-a-otimizacao-de-estoques/994/. Acesso em: 13 jun. 2014. http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/aprendex/default/index/conteudo /id/28. Acesso em: 28 jun. 2014 LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 28 Exercícios de fixação Questão 1 O conceito de logística vem sendo alterado ao longo dos anos acompanhando a dinamicidade dos mercados e os avanços tecnológicos. Marque a única opção que não corresponde ao conceito de Logística Integrada ou Supply Chain a) Integração das diversas áreas envolvidas na produção. b) Dimensionamento e layout de armazéns.c) Alocação de produtos em depósitos, transportes (roteirização, dimensionamento de frota, de veículo) Distribuição, seleção de fornecedores e clientes externos. d) Controle somente de parte da cadeia de suprimentos. Questão 2 O fluxo de mercadorias, capitais e informações cruza as fronteiras, formando o ambiente de transações globais, onde a logística exerce um papel fundamental, operando no cenário concorrencial apresentado a seguir. Sinalize a única opção que não se encontra dentro deste contexto. a) Nações emergentes com sistemas de produção mais baratos para onde as empresas transnacionais deslocam suas fábricas. b) Protecionismo dos mercados pelos seus países, favorecendo a exportação e impondo barreiras à importação. c) Prazos mais apertados e consumidores mais exigentes. d) Redução das margens de lucro. e) A legislação ambiental e a logística reversa, ainda não são um fator relevante neste cenário concorrencial. Questão 3 Um dos fatores a ser considerado no desenvolvimento da Logística foi a constituição de acordos comerciais entre os países e a formação de blocos regionais. O Brasil faz parte de um destes blocos regionais que em muito contribuiu para o desenvolvimento do seu comércio internacional e da Logística. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 29 Nas correlações abaixo, indique aquela que corresponde ao bloco a que se refere esta questão. a) Aliança do Pacífico → Zona de Livre Comércio b) Mercosul → União Aduaneira c) Nafta → Tratado de Livre Comércio d) União Europeia → Integração Econômica e) Comunidade Andina – CAN → União Aduaneira Questão 4 Nas opções apresentadas, marque a que melhor define o objetivo da LOGÍSTICA para se obter competitividade segundo o conceito da Supply Chain: a) Instalar escritórios em diferentes países e gerenciar as vendas internacionais. b) Oferecer aos clientes produtos e serviços com menor preço, no menor prazo e da melhor qualidade. c) Fazer pesquisas de mercado e treinar profissionais em Logística Internacional. d) Investir em novos equipamentos e utilizar Operadores Logísticos. e) Fazer acordos comerciais com os países vizinhos. Questão 5 O Protecionismo, prazos mais apertados, redução das margens de lucro, exigência de melhor qualidade e necessidade de pós-venda são variáveis relacionadas ao ambiente da logística e que se inserem como parte de: a) Formação de blocos regionais b) Nações emergentes com sistemas produtivos mais exigentes c) Negociações bilaterais para acordos de preferência d) Atual cenário de concorrência internacional e) Acordos bilaterais que facilitam as operações logísticas entre si Questão 6 A Logística Integrada pretende promover o fluxo contínuo: LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 30 (das alternativas abaixo, sinalize a que se encontra fora do contexto) a) Da entrada da matéria-prima (suprimento) b) Da fabricação do produto ou serviço (produção) c) Da saída deste produto para o mercado (distribuição) d) Sem interrupção do processo em nenhum dos pontos da cadeia de suprimentos (Supply Chain) e) Mantendo o estoque da empresa no seu ponto máximo Questão 7 As empresas para desenvolverem uma cadeia de suprimentos integrada, normalmente fazem a união de diversas cadeias. Assinale a opção que se encontra na ordem correta: 1. Criam uma cadeia de suprimentos interna; 2. Unem os fornecedores e os clientes; 3. Unem as cadeias interna e externa, formando a cadeia integrada de suprimentos da empresa; 4. formando uma cadeia de suprimentos externa; 5. Interligando os departamentos de compras, produção e distribuição. a) 1, 2, 3, 4, 5 b) 2, 3, 4, 5, 1 c) 4, 3, 2, 1, 5 d) 5, 4, 3, 2, 1 e) 1, 5, 2, 4, 3 Questão 8 Alguns autores dizem que o SCM é muito mais do que o gerenciamento da Supply Chain, deve abranger outras atividades como, por exemplo: (assinale a única opção que se encontra fora do contexto) a) O desenvolvimento de novos produtos b) As atividades de marketing, pesquisa e desenvolvimento para a formulação do produto c) Fabricação e logística para executar as operações LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 31 d) Compras e desenvolvimento de fornecedores para facilitarem a implementação do SCM e) Finanças para a estruturação do financiamento f) Compras e desenvolvimento de fornecedores porque facilitam a implementação do SCM Questão 9 O SCM é um conceito que tem início na saída das matérias-primas dos fornecedores, passa pela produção, montagem e termina na distribuição dos bens finais aos clientes. Inclui considerações estratégicas como: foco na satisfação do cliente; na formulação e implementação de estratégias para retenção dos clientes atuais e a obtenção de novos, além de gerenciar a cadeia de forma eficaz. Seu desempenho depende basicamente de seguintes fatores. Marque a única opção errada. a) Capacidade de resposta às demandas dos clientes b) Minimização do lead time c) Qualidade de produtos e serviços d) Velocidade, qualidade e timing da inovação nos produtos e) Efetividade dos custos de produção e de entrega e utilização de capital Questão 10 O foco intenso no cliente, os índices quantitativos de desempenho, os times interfuncionais, o gerenciamento do fator humano e o uso avançado de tecnologia de informação são fatores indispensáveis ao __________ do SCM. Complete com a expressão que mais se adequa ao sentido do texto. a) Desempenho b) Gerenciamento c) Sucesso d) Fracasso e) Planejamento LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 32 Questão 11 O cenário internacional agora é a sua praça, é aqui que as empresas necessitam buscar seus fornecedores e clientes simultaneamente. É aqui que elas necessitam entregar seus produtos de acordo com as exigências dos seus clientes. Elas devem preparar-se para enfrentar: (Assinale a única opção que se encontra fora do contexto) a) Forte concorrência e clientes mais exigentes b) Prazos mais apertados e redução de custos c) Maior produtividade e melhor qualidade d) Maior liberdade no comércio com aplicação de ações antidumping e) Protecionismo do país onde se encontrem os seus clientes Questão 12 As empresas brasileiras que pretendem internacionalizar-se necessitam observar as variáveis abaixo que funcionam como entraves e, portanto, desafios à internacionalização e à integração das cadeias logísticas. Qual das opções abaixo não condiz com a realidade brasileira? a) Excessiva burocracia brasileira e as distâncias geográficas b) Infraestrutura e procedimentos logísticos adequados às exigências dos novos cenários c) Concorrer com conglomerados internacionais e os aspectos ambientais, logística reversa, certificações específicas d) Rapidez da evolução tecnológica e o acelerado obsoletismo e) Necessidade de serviço pós-venda em qualquer lugar do planeta e estrutura de custos diferenciados por países ou regiões Questão 13 A teoria das forças de Michel Porter, no intuito de se adaptar às novas necessidades das Global Players no seu processo de internacionalização, foram adaptadas por Kotabi e Helsen. Preencha as lacunas com uma das opções abaixo: LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 33 Forças Políticas e Macroeconômicas: Participação do país-alvo em ________; acordos comerciais e a possibilidade de enquadrar produtos nesses acordos, câmbio; peculiaridades da legislação e meio-ambiente etc. A interação da _________é com a equipe jurídica especializada em direito internacional.a) Workshops internacionais/Supply Chain b) Ações Antidumping/Economia c) Blocos econômicos/Logística d) Feiras/Empresa e) Ações intergovernamentais/equipe financeira Questão 14 As global Players criaram algumas estratégias que servem de modelo para superar os desafios do atendimento aos mercados internacionais, as chamadas Estratégias Competitivas: Assinale a única opção fora do contexto. a) Planos de Contingência - Elaborar planos alternativos, para emergências b) Postponement - Avançar a montagem final na cadeia de distribuição, possibilitando customizar produtos c) Distribuição - Definir canais e rede de distribuição, de forma a posicionar estoques d) Trade-offs - Padronizar componentes básicos e compensar custos conflitantes para ganhar economia de escala e) Consolidação - Definir o tamanho do navio que transportará a carga Questão 15 Os principais e notórios desafios que as empresas brasileiras enfrentam ao se internacionalizarem são dois. Assinale a única opção correta: a) Dificuldades com idiomas/rejeição do Brasil no exterior b) Burocracia brasileira/distância geográfica c) Inexistência de serviços internacionais/preceitos religiosos brasileiros d) Preconceitos raciais/xenofobia e) Baixa qualidade dos produtos nacionais/restrições ambientais LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 34 Dumping: É uma palavra inglesa que deriva do termo "dump" que, entre outros, tem o significado de despejar ou esvaziar. A palavra é utilizada em termos comerciais (especialmente no Comércio Internacional), para designar a prática de colocar no mercado produtos abaixo do custo, com o intuito de eliminar a concorrência e aumentar as quotas de mercado. O dumping é frequentemente constatado em operações de empresas que pretendem conquistar novos mercados internacionais. Para isso, vendem seus produtos no mercado externo a um preço extremamente baixo, muitas vezes, inferior ao custo de produção. Lead Time: Tempo decorrido entre a emissão de uma ordem e o recebimento dos produtos. Compreende: tempo de preparação, tempo de fila, tempo de processamento, tempo de movimentação e transporte e tempo de recebimento e inspeção. Trade-off: Ato de escolher uma coisa em detrimento de outra. O trade-off provoca um conflito de escolha e uma consequente relação de compromisso, porque a escolha de uma coisa em relação à outra, implica não usufruir dos benefícios da coisa que não é escolhida. Acordos Bretton Woods: Os acordos criaram novas regras para os países industrializados como: estabelecer a língua inglesa como a língua das relações comerciais; definição taxas cambiais fixas ancoradas no dólar norte-americano, que passou a ser usado como moeda de referência no comércio internacional; criação do padrão-ouro com lastro. Blocos regionais: Os blocos regionais têm como objetivo aumentar a escala das operações comerciais entre os países-membros com produtos LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 35 padronizados, facilitar as operações logísticas nos seus territórios e estreitar os laços políticos e culturais. Eventos no mundo: • A queda do Muro de Berlim e a desagregação da União Soviética aumentaram as trocas comerciais entre Oriente e Ocidente; • O acesso à Tecnologia da Informação (TI) deu início a uma nova fase, com o uso do computador e suas facilidades; • Surgiram o Eletronic Data Interchange (EDI), o código de barras e os computadores pessoais; • Nasceu o conceito do Hub Port. IDH: Índice de Desenvolvimento Humano – relaciona três dimensões: riqueza, educação e esperança média de vida. É uma forma padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma determinada população. Infraestrutura: Terminais portuários, locais específicos para armazenagem etc. Medidas: O presidente Richard Nixon (EUA) sobretaxou as importações em 10% e suspendeu, unilateralmente, a conversibilidade do dólar, pondo um fim aos Acordos de Bretton Woods, com o objetivo de diminuir o déficit da balança comercial. O Japão iniciou a reforma da produção colocando em prática a filosofia JIT (Just In time), cujo crédito de desenvolvimento é atribuído à Toyota na década de 1950. Organização dos Países Exportadores de Petróleo: Em inglês: Organization of Petroleum Exporting Countries (OPEC). Plano Marshall: O objetivo do plano era reorganizar as indústrias e economias dos países, bem como recolocar o excedente de mão de obra LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 36 da Europa Ocidental e do Japão. A URSS (hoje Rússia) optou por ficar fora do plano. O plano ainda teve como finalidade a implantação das empresas norte-americanas no exterior, o que deu início das multinacionais. Os bens produzidos fora dos EUA tinham mão de obra barata e eram de boa qualidade, o que só fez aumentar as importações do país. Protecionismo: Uma teoria que prega um conjunto de medidas a serem tomadas pelos países para favorecerem as atividades econômicas internas, dificultando ao máximo, a importação de produtos e a concorrência estrangeira. É utilizada por praticamente todos os países, em maior ou menor grau. São medidas protecionistas: • Altas tarifas e normas técnicas de qualidade para produtos estrangeiros com a finalidade de reduzir a sua lucratividade; • Subsídios às indústrias nacionais, incentivando o desenvolvimento interno; • Fixação de quotas, limitando o número de produtos, a quantidade de serviços estrangeiros no mercado nacional, ou até mesmo o percentual que o acionário estrangeiro pode atingir em uma empresa. Tempo: O tempo gasto em cada etapa é um elemento indispensável nas relações cliente/fornecedor. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 37 Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - D Justificativa: Esta expressão está diretamente ligada à definição de logística, não ao novo conceito da Supply Chain que abrange toda a cadeia de suprimentos (não somente parte). Questão 2 - E Justificativa: Legislações ambientais mais exigentes não só em certificação, mas em alguns casos, com imposição de logística reversa já era um dos fatores concorrenciais enfrentado pelas Global Players e pela Logística. Questão 3 - B Justificativa: O Brasil participa somente de um bloco regional, o Mercosul, cujo estágio de formação é uma União Aduaneira. Questão 4 - B Justificativa: Este é um dos principais objetivos da Supply Chain. Questão 5 - D Justificativa: As variáveis mencionadas no corpo da questão fazem parte deste cenário. Questão 6 - E Justificativa: Esta alternativa não é um dos objetivos ou funções da Logística Integrada. Questão 7 - E Justificativa: Esta é a única opção que atende à organização das opções fornecidas na montagem da cadeia integrada de suprimentos da empresa. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 38 Questão 8 - F Justificativa: Compras e desenvolvimento de fornecedores é um dos fatores mais críticos na implementação do SCM. Questão 9 - B Justificativa: Minimizar o lead time é uma das metas da gerência do SCM; não é considerado um dos fatores de desempenho do mesmo. Questão 10 - C Justificativa: O conteúdo da questão menciona os principais fatores que impactam no sucesso do SCM. Questão 11 - D Justificativa: Esta opção está fora do contexto porque a questão fala sobre as adversidades das empresas que pretendem internacionalizar-se e aqui se fala sobre o comércio no mercado interno. Questão 12 - B Justificativa:Esta opção não corresponde á realidade brasileira. O Brasil não tem uma infraestrutura adequada e nem procedimentos logísticos para atender à nova realidade do comércio internacional. Questão 13 - C Justificativa: As forças políticas e macro econômicas de Porter tratam das ações da empresa a nível internacional. As demais opções não estão diretamente ligadas ao conceito desta Força. Questão 14 - E Justificativa: A consolidação define o tamanho do lote do produto e não o seu meio de transporte. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 39 Questão 15 - A Justificativa: As outras opções não correspondem aos desafios da internacionalização das empresas brasileiras. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 40 Introdução Nesta aula, vamos estudar os processos e as tecnologias utilizadas na implementação e no uso da gestão da cadeia de suprimentos (supply chain management). Sabemos que a tecnologia é uma das grandes responsáveis por esse método de gestão; sem ela, seu uso seria praticamente impossível. De que processos estamos falando? Quais as ferramentas ou os sistemas que hoje estão disponíveis para ajudar as transnacionais nessa tarefa? Sabemos que o relacionamento com os clientes é ponto extremamente importante na nova forma de negociar. Como é administrada a demanda e a produção? Como as empresas se organizam para realizarem o suprimento (compras) no exterior? Todos esses assuntos serão abordados nesta aula. Objetivo: 1. Compreender os processos da cadeia de gestão de suprimentos (supply chain), a sua gestão e o impacto nos agentes envolvidos no processo; 2. Descrever as diversas ferramentas tecnológicas e o seu papel facilitador na integração da cadeia de suprimentos. Conteúdo Cadeia de suprimentos A cadeia de suprimentos é parte de uma ou de várias cadeias produtivas envolvendo estratégias e atividades de planejamento, movimentação e armazenagem de materiais, desde a matéria-prima até o produto final, enquanto a cadeia produtiva refere-se à estrutura geral do segmento de mercado. Por sua natureza multifuncional, a cadeia de suprimentos abrange três grandes conjuntos de atividades empresariais: 1. Processos de negócios; 2. Organização LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 41 e pessoas; e 3. Tecnologia, iniciativas, práticas e sistemas. Veja cada um deles, a seguir. Processos de negócios Os processos de negócios relacionam-se ao conjunto estruturado de atividades relacionadas, mensuráveis, que geram os resultados das ações da cadeia no mercado em que se atua. A filosofia da cadeia de suprimentos pressupõe um conjunto de processos de negócios com componentes gerenciais integrados e compartilhamento de informações, divisão de riscos e ganhos, cooperação, alinhamento de objetivos e integração horizontal dos processos de cada membro da cadeia. O conjunto de atividades empresariais de uma empresa deve estar alinhado com as demais, em ações sincronizadas ao longo da cadeia, gerando resultados específicos para o mercado-alvo. Customer Relationship Management (CRM) O Customer Relationship Management (CRM), gestão do relacionamento com clientes, “decide” sobre a identificação dos potenciais clientes por meio da análise de “limitações” de recursos da organização para o atendimento diferenciado, viabilizado pela criação de modelos e sistemas de relacionamento que criem vantagens competitivas para os envolvidos. O sistema não escolhe clientes, seleciona aqueles que serão focados para a aplicação de ações voltadas a uma integração mais profunda de sistemas de informações e de avaliação de desempenho. Essa seleção, normalmente, é baseada em volumes negociados (pelo cliente) e em seu potencial estratégico. A estratégia de gestão de negócios por meio do relacionamento com o cliente permite maiores lucratividade e ganhos em vantagem competitiva, com destaque para a utilização da tecnologia de informação e para a integração de pessoas e processos. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 42 Com o objetivo principal de otimizar a gestão de todos os relacionamentos, incluindo consumidores e canais de distribuição, o CRM não deve ser analisado somente como uma ferramenta de TI, pois sua filosofia enfatiza o atendimento ao cliente em todas as suas etapas, desde o primeiro contato (por telefone, por exemplo), passando pela negociação, até o pós-venda. Desafios do CRM CRM pode ser dividido em: Operacional - Visa à criação de canais de comunicação com o cliente. Analítico - As informações obtidas junto aos clientes otimizam os negócios e geram novos negócios. Colaborativo - Gera conhecimento aplicável à criação de valor para o cliente e para novos potenciais clientes. A conquista e a fidelização de clientes devem ser gerenciadas por meio do CRM, e o conhecimento da interação entre os processos de negócios cliente- fornecedor deve nortear a criação ou o aprimoramento de soluções capazes de atender às necessidades do cliente integralmente, de modo ágil, único ou diferenciado, elevando a satisfação no relacionamento. Como desafios do CRM podemos apontar: • Estabelecer comunicação contínua que permita a identificação em tempo real das mudanças de necessidades, permitindo a rápida adequação dos processos de atendimento, fidelizando e conquistando novos clientes. • Confiabilidade de informações sobre a demanda: depende das necessidades do cliente, uma vez que o planejamento em função da demanda em uma cadeia de suprimentos é iniciado a partir dessas informações. As falhas no planejamento influenciam o nível de serviço. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 43 • A gestão de clientes é importante para o resultado da atuação em cadeias de suprimentos, mas ainda existe a dificuldade na criação de sistemas de avaliação de desempenho. É uma barreira cultural em relação ao papel do cliente, ainda visto por muitas organizações e gestores como elemento que apenas determina as regras do mercado e não como um elemento ativo, participando nas decisões de seus fornecedores, para o estabelecimento de relacionamentos produtivos e de práticas inovadoras em seus processos de negócios. Gestão de Fornecedores – Supplier Relationship Management (SRM) A tendência atual das cadeias de suprimentos consiste na reestruturação e na consolidação da base de fornecedores, definindo o conjunto daqueles com os quais se deseja construir uma parceria. O processo de reestruturação da base de fornecedores consiste basicamente na redução do número de fornecedores, com os quais se deve manter alinhamento estratégico e comunicação direta e ágil. A ferramenta de TI que ajuda a empresa nessa tarefa é o SRM. Nesse contexto, é fundamental a identificação das competências que possam fazer a diferença perante a concorrência e os clientes. As cadeias são ajustadas de acordo com seu foco no mercado e os fornecedores são selecionados observando-se a aderência de seu core business a esse foco. As competências centrais também são importantes para a decisão, que deve ser estratégica, não apenas baseada em custos, uma vez que a seleção de fornecedores envolve, muitas vezes, a decisão de terceirização de atividades ou processos. A qualidade e o baixo custo para aquisição de serviços e produtos são pontos que grande parte das organizações buscam em seus fornecedores de insumos, matérias-primas e serviços. Com o aumento gradual da terceirização dos serviços, a boa gestão desses fornecedores tornou-se prioridadepara empresas líderes e modernas. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 44 O setor de compras tornou-se estratégico para a redução de custos e para a melhoria do atendimento ao cliente final. Por esse motivo, o SRM tornou-se uma vantagem competitiva para as organizações; o SRM tradicional sofreu alterações no seu foco principal, a gestão de compra de produtos. O mercado mostra uma nova tendência: nele convivem empresas que compram produtos e adquirem serviços. O SRM agora chamado de SRM + (plus) pretende atender a essa nova tendência do mercado, tornando-se capaz de gerir, planejar e mensurar os diversos pontos existentes em um contrato de parceria com os fornecedores. Veja algumas das vantagens do SRM! LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 45 Atenção Vantagens do SRM (+): • Desenvolver bons relacionamentos com fornecedores de excelência; • Monitorar todo o processo de prestação de serviços; • Identificar e consolidar demandas; • Controle orçamentário de compras; • Análise de performance por meio da medição dos contratos; • Reduzir custos para a empresa e o cliente; • Ter pontualidade na entrega de serviços e produtos adquiridos. O estabelecimento de parcerias com os atuais fornecedores não deve inibir a visão logística, que deve ser um processo contínuo de buscar novas cadeias de suprimento. Para tanto, é imprescindível acompanhar de perto tudo o que estiver acontecendo no seu segmento de atuação. No SRM não existe a viabilidade operacional de um número elevado de fornecedores parceiros. Por outro lado, a redução de fornecedores associada à globalização leva muitas organizações à seleção de fornecedores globais (global sourcing) para todas as suas unidades de negócios ao redor do mundo. Essa redução pode levar ao estabelecimento de uma fonte única de suprimentos. A fonte única não é sinônimo de exclusividade, pois pode existir mais de um fornecedor qualificado e o gestor do processo pode decidir-se pelo suprimento de apenas um deles, em virtude de volumes de negociação e influências das decisões estabelecidas em contratos para o suprimento global. A empresa deve estar atenta tanto às vantagens e desvantagens da estratégia de fornecedor único (single-sourcing) como àquelas de múltiplos fornecedores (multi- sourcing). LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 46 Monitoramento do mercado de fornecedores Veja alguns modelos utilizados pelas global players para monitoramento do mercado de fornecedores. Global sourcing Procedimentos destinados a manter monitorado todo o mercado mundial, buscando fornecedores competitivos para parcerias de longo prazo e garantindo continuidade de fornecimentos e manutenção do nível de qualidade. Critérios utilizados para selecionar fornecedores: • Fornecedores que atuam em certas famílias logísticas de produtos; • Nível de investimentos, capacidade instalada e especialização das instalações; • Participação anterior em outras parcerias JIT; • Fornecedores aptos a terceirizarem fases da montagem; • Fornecedores que aceitem compartilhar riscos na formação de joint ventures; • Disponibilidade para permutar participação acionária. E-procurement Procedimentos destinados à aquisição de bens e serviços por meio de ferramentas da internet. Existem diferentes modalidades para atender às necessidades específicas de cada empresa. Pela internet, o comprador identifica, qualifica, avalia e formaliza fornecedores, ampliando suas fontes de suprimento. Leilão reverso Sistema em que o comprador anuncia o que pretende comprar e convida potenciais fornecedores a apresentarem suas propostas sob sigilo para os produtos solicitados, determinando dia, horário e endereço da internet. A seleção do fornecedor requer relacionamentos e parcerias transparentes, estáveis e mensuráveis, que garantam o “ganha-ganha” nos negócios conduzidos. A construção de parcerias requer dedicação das partes envolvidas e LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 47 pressupõe grande volume de atividades conjuntas para que a parceria seja economicamente viável. Não é habitual uma organização considerar todos os seus fornecedores nesse nível de relacionamento. Uma parceria deve ser cultivada, avaliada e reavaliada continuamente entre os membros de uma cadeia de suprimentos. Suprimentos: modelos de compras internacionais Falamos sobre a importância da gestão dos fornecedores; será que as empresas transnacionais utilizam modelos específicos para realizarem as suas compras? Sim, utilizam. Veja alguns deles. Compras centralizadas: independente da localização da planta produtiva ou dos mercados consumidores, essa modalidade garante que a qualidade do produto seja homogênea. Também obtém desconto na aquisição de grandes lotes e entregas parceladas e em diferentes locais. A empresa mantém controle do estoque centralizado. Compras descentralizadas: utilizadas pelas grandes empresas transnacionais e com ampla dispersão geográfica. No caso de compras técnicas, facilitam a comunicação das suas diferentes unidades com fornecedores locais. Compras interempresas: aplicam-se a matérias-primas ou componentes que não são considerados competências-chave (aquisição a terceiros). Compras intraempresa: suprimento entre filiais e controladas, subsidiárias ou coligadas. Alterando o sentido dos fluxos, mantêm controle sobre variações cambiais. Aquisições de componentes estratégicos ou produtos acabados fabricados pelas fábricas-foco com a finalidade de montagem final dos produtos nas subsidiárias integrais. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 48 Um dos aspectos estratégicos das redes transnacionais é a priorização das compras serem efetuadas a terceiros ou diretamente de outras unidades do conglomerado situadas em outros países. Considerando que a supply chain internacional é, na verdade, uma sucessão de cadeias de suprimento expandidas, ou seja, o suprimento de matérias-primas, insumos ou componentes deve levar em conta a conformidade e o preço de venda de um produto em cada mercado-alvo, a previsão de demanda é de suma importância. Previsão de demanda A previsão de demanda consiste em determinar a quantidade de produtos ou serviços que serão necessários em determinado momento futuro. Se nesse item considerarmos uma compra para ser entregue no Brasil (uma importação), além da previsão de produção, da política de estoques da empresa, da definição de quando comprar e do tamanho do lote, os seguintes aspectos devem ser considerados: Frequência de saídas de transporte do local de origem no exterior até o terminal de descarga brasileiro; Tempo de trânsito internacional; Possibilidade de atrasos na liberação aduaneira da mercadoria; Distância e tempo de trânsito do terminal de descarga até ao destino final. Para que não falte estoque, pode ser necessário adquirir uma quantidade superior à efetivamente necessária, de maneira a suprir eventualidades. Ainda pensando na previsão de demanda, não podemos esquecer o Just In Time (JIT). LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 49 JIT - Just In Time / no Tempo Exato, na Hora Certa O JIT é um sistema de adminsitração da produção segundo o qual nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora exata. Seu principal objetivo é a redução dos estoques e os custos deles decorrentes. O JIT é o principal pilar da chamada produção enxuta, creditado à Toyota japonesa. No JIT,o produto ou matéria-prima chega ao local de produção somente no momento exato em que for necessário. Os produtos são fabricados ou entregues a tempo de serem vendidos ou montados. Está relacionado ao conceito de produção por demanda, onde primeiro se vende o produto, depois se compra a matéria-prima e depois se fabrica ou monta o produto. Nas fábricas onde está implementado o JIT, o stock de matérias-primas é mínimo e suficiente para poucas horas de produção. Para que isso seja possível, os fornecedores devem ser treinados, capacitados e conectados para que possam fazer entregas de pequenos lotes na frequência necessária. Um exemplo da aplicação do JIT são as modernas fábricas de automóveis, construídas em condomínios industriais, onde os fornecedores estão no condomínio (o chamado JIT II) ou nas suas proximidades, o que lhes permite fazer entregas de pequenos lotes na mesma frequência da produção, criando um fluxo contínuo. Milk Run (MR) Podemos dizer que é uma variação do JIT, conhecida como coleta programada. A empresa compradora determina data limite e local de embarque internacional para que os lotes sejam entregues pelos fornecedores. A empresa compradora assume a consolidação dos diferentes lotes e o gerenciamento do transporte até à fábrica. Vantagens: a consolidação reduz o valor total dos fretes que seriam pagos individualmente; disciplina o fornecedor a cumprir prazos, sob o risco de multas LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 50 contratuais; o comprador tem maior controle sobre eventuais variações na demanda. Vamos entender mais alguns procedimentos (iniciais) para as aquisições internacionais de uma empresa brasileira (importação)? Verificar se há algum tipo de restrição para a entrada do produto no Brasil; Analisar exigências técnicas, sanitárias e documentais para a importação; Identificar fornecedores no mercado internacional; Avaliar o preço final do produto de origem estrangeira após a sua entrada no Brasil. Quais os custos que podem incidir sobre a importação? (+) Preço de aquisição; (+) Banco (carta de crédito); (+) Custo do frete internacional; (+) Apólice de seguro-carga; (+) II, IPI, PIS-COFINS, ICMS (cálculos em cascata); (+) Custo de registro da importação; (+) Despesas com banco e/ou corretora (câmbio); (+) Despesas com certificações; (+) Custos portuários diversos; (+) Honorários do despachante aduaneiro; (+) AFRMM (transporte marítimo); (+) Transporte interno. Falando sobre suprimento, lembramos que a distribuição também faz parte da cadeia e não pode ser esquecida... Vamos falar sobre ela? O cliente, no cenário globalizado, confronta preço com qualidade do produto, rapidez do atendimento e serviços agregados. Nem sempre, um serviço melhor corresponde a um custo mais elevado. A manutenção do cliente e a obtenção LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 51 de lucro no atual ambiente de concorrência internacional dependem, primordialmente, de conhecer e isolar cada um dos elementos do custo para obter redução no custo logístico total e, consequentemente, do preço de venda no mercado externo. Vejamos quais os elementos que constituem o custo da distribuição internacional de um produto: Distância: envolve o valor do frete, a previsão de demanda, a avaliação da frequência de saídas e a programação de embarques projetada de acordo com o tempo de trânsito. Tamanho do lote: o custo por unidade transportada tende a diminuir quando aumenta o tamanho do lote, tendo como limite a capacidade de transporte do equipamento. Ocupando totalmente um contêiner, o custo do frete por unidade transportada ficará mais barato. Densidade da carga: relação entre o volume e o peso do lote (fator de estiva, expresso em metros cúbicos por tonelada). Quanto mais denso o produto, menor será o espaço ocupado pelo lote e vice-versa. O frete é cobrado pelo de maior participação - peso ou Volume. Facilidade de acondicionamento: dimensões unitárias dos volumes e sua relação com o uso do espaço nos equipamentos de transporte. Os paradigmas para medidas são os comprimentos dos contêineres, respectivamente, de 20’ e de 40’. Facilidade de movimentação: equipamentos necessários e tempo de operação. Movimentação manual, equipamentos de grande porte e baixa produtividade aumentam o tempo de utilização dos equipamentos nos terminais, elevando o custo operacional. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 52 Valor dos fretes: É afetado pela variação da oferta e da demanda, intensidade, sentido do tráfego e sazonalidade. Responsabilidade: diretamente relacionado ao custo das apólices de seguros para cobrir os riscos de transporte: suscetibilidade de avarias à carga, veículo transportador ou a terceiros, deterioração da mercadoria, ou ainda, o elevado valor unitário estimular furtos ou roubos. Envolve ainda os procedimentos aduaneiros do país de destino. Protecionismo: carga tributária imposta pelo país de destino e/ou exigências formais de certificações e outros documentos. Alternativas para redução do custo de produtos exportados: Obter redução de impostos incidentes sobre o produto ou adaptá-lo a uma alíquota maior; Encurtar a quantidade de canais de distribuição; Caso o mercado-alvo aceite, produzir versões mais simples do produto; Reduzir o tamanho do produto, diminuindo os insumos empregados; Implantar fábrica em algum país próximo. Quando falamos de custos na distribuição internacional, dois conceitos são de suma importância: Lay-down-cost: é o custo final (porta a porta) para se entregar um produto qualquer em um determinado ponto geográfico do planeta, ao final do processo de distribuição. Devem ser considerados todos os custos relativos a movimentação, transporte, transbordos, armazenagem, seguros, certificações, licenças e tributos. Fronteira de mercado: é a linha de indiferença entre duas possíveis e diferentes cadeias de suprimento, sendo os lay-down-costs idênticos. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 53 A obtenção de vantagem competitiva diante da concorrência consiste em estabelecer trade-offs nos custos passíveis de serem reduzidos. Qualquer diferença que puder ser obtida altera o status do lay-down-cost, desestabilizando a fronteira de mercado e viabilizando uma nova fonte de suprimento. Quais os passos que devem ser seguidos por uma global player na distribuição internacional? Identificar mercados-alvo; Verificar restrições de comercialização internacional do produto, tanto no país de origem quanto no país de destino (necessidade de obtenção de anuências, certificados especiais, etc.); Analisar exigências técnicas, sanitárias e/ou documentais do país de destino; Adaptar o produto e/ou embalagem às exigências do mercado-alvo; Definir preço de venda internacional. Composição do preço de um produto a ser exportado: (-) IPI, ICMS, PIS-COFINS (isenções tributárias); (+) Custos de adaptação do produto e embalagem; (+) Despesas com vistos consulares (caso haja); (+) Despesas com certificados e inspeções; (+) Custo do transporte interno; (+) Apólice de seguro-carga; (+) Despesas portuárias ou aeroportuárias; (+) Despacho aduaneiro; (+) Custo de emissão de B/L; (+) Margem de lucro; (+) Comissão de corretores ou brokers (preço FOB); (+) Comissão de bancos e/ou corretoras (câmbio); LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 54 Projeto e Desenvolvimentode Novos Produtos e Processos (PDP) O Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) exige um gerenciamento integrado e envolve capacidades internas multifuncionais e externas com parcerias, para capacitar a empresa a gerar inovações que a possibilitem acompanhar a necessidade de crescimento. A maioria das empresas maduras precisa gerar, todo ano, um crescimento orgânico de 4 % a 6 %. É muito difícil as empresas atingirem esse objetivo, pois estão envolvidas em um modelo de invenção baseado em uma tese de que a inovação deve partir de dentro da empresa. No início do século XX, as indústrias passaram a ter seus sistemas de produção baseados em três elementos fundamentais, com a finalidade de alcançarem os níveis mínimos necessários de produtividade. São eles: Qualidade, incluindo os atributos do produto e do processo, ou seja, a busca dos atributos de qualidade do produto que atendam às necessidades do consumidor; Flexibilidade, compreendendo o perfil de produtos customizados, bem como do sistema produtivo implicado.; Integração, envolvendo a relação entre homens e máquinas, além da relação interfuncional e intercompanhias, viabilizadas pelo fluxo de informações circulantes. Nos últimos anos, a internet e outras ferramentas de tecnologia de informação (TI), têm mudado a realidade do PDP. As fases sequenciais estão sendo substituídas por processos mais rápidos e eficientes. As etapas são desenvolvidas simultaneamente pelas equipes multifuncionais. As responsabilidades e o controle são compartilhados entre as funções e o desenvolvimento das atividades é compartilhado pelas competências essenciais. Gerenciar a cadeia de suprimentos é gerenciar os processos que envolvem os parceiros ao longo do canal, a fim de gerar valor para o cliente e seus stakeholders. O PDP é talvez o processo mais óbvio para ser gerenciado de LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 55 forma compartilhada, pois vários aspectos do negócio são incluídos na composição do produto ou serviço final. Para que a cadeia de suprimentos atue de forma integrada e com processos superiores, de forma que seja caracterizada de “classe mundial”, isto é, se mantenha competitiva em um ambiente sem barreiras comerciais entre os países, é necessário o desenvolvimento de competências na consolidação de cada elo e interface do canal. O uso do modelo PDP compartilhado com os fornecedores da cadeia, solidamente implementado e atingindo os objetivos planejados, é fundamental para dar sustentação ao gerenciamento integrado. Para uma empresa ser competitiva é necessário que compreenda como se articulam competência essencial e estratégia empresarial: o gerenciamento da cadeia por meio da abordagem interfuncional e intercompanhia do PDP deve ter como pressuposto básico para a consolidação do produto no mercado as variáveis funcionalidade, qualidade e custos, as quais devem propiciar o alinhamento entre competência central e estratégia compartilhada. O envolvimento do fornecedor no PDP é uma realidade. A maioria das empresas está compartilhando o seu processo produtivo com seus fornecedores, que desenvolvem competências em suas áreas de atuação. A sua participação durante o desenvolvimento do produto com a troca de conhecimentos se torna uma necessidade. Quanto mais cedo ocorrer esta participação nas fases do PDP, melhores serão os resultados obtidos, desde que essa participação realmente represente uma troca transparente de conhecimentos entre as unidades interfuncionais e interorganizacionais. Gestão de Pessoas: Recursos Humanos Equipes bem organizadas, preparadas, motivadas e comprometidas ajudarão o gestor no tratamento dos outros três pilares das soluções logísticas: processos, infraestrutura e tecnologia. O gestor, ao formar sua equipe, colocar pessoas adequadas para cada função, por meio da avaliação comportamental e técnico- LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 56 funcional do cargo. O tempo gasto no processo seletivo é investimento e deverá trazer colaboradores aptos a contribuírem na definição e execução das melhorias necessárias. O gestor deve manter uma comunicação ativa e regular com o seu pessoal. Equipes bem informadas tomam decisões corretas e de acordo com a cultura e valores da organização. A atualização dos conhecimentos da equipe é outro fator fundamental. Treinamentos, palestras, leituras e visitas técnicas são necessários. Além disso, delegar é uma ciência e o gestor deve praticá-la porque sozinho ninguém realiza;n ão há registro de exércitos de um homem só e nem de “super-homens”. Gestão de Processos: Benchmark Ao avaliar os processos-chave, sugere-se identificar aqueles que não agregam valor ou que são repetidos por várias pessoas dentro da empresa. A empresa deve estabelecer métricas para cada processo, fazer mensurações regulares e comparar os resultados obtidos com metas e com as melhores práticas do mercado, o chamado benchmark. Os processos com indicadores de desempenho fora de controle devem ser alvo de análise e de ações corretivas. É fundamental avaliar se os resultados de cada processo atendem ou superam as expectativas dos clientes internos e externos da empresa. Situações de insatisfação devem ser tratadas com atenção e solucionadas com rapidez. O uso das ferramentas, atualmente, é indispensável na gestão de qualquer processo, porém não podemos esquecer que são as pessoas que operam as ferramentas. Tecnologia da informação (TI) A partir de agora, você verá as diversas ferramentas tecnológicas e o seu papel facilitador na integração da supply chain. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 57 Alguns autores definem os sistemas de informação como a integração entre homem/máquina que provê informações para apoio das funções de operação, gerenciamento e tomada de decisão na empresa, isso por meio da utilização de hardware e softwares. Mencionam ainda que os sistemas de informação coletam, processam, armazenam, analisam e distribuem as informações. Incluem entrada de dados, emissão de relatórios e cálculos, sendo possível incluir feedback para controle da operação dentro de um determinado ambiente. Neste contexto, a decisão fundamental é escolher qual informação é mais valiosa para reduzir custos e melhorar a responsabilidade e a lucratividade dentro da cadeia de suprimentos que varia de acordo com a estrutura e os segmentos de mercado atendidos permitindo um atendimento mais eficiente aos clientes. Os componentes das decisões sobre informação que devem ser analisados pela empresa para aumentar a eficiência e aprimorar a responsabilidade podem ser denominados push x pull. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 58 Atenção Push x pull – o que isso significa? Os sistemas push exigem uma informação no formato de sistemas elaborados de planejamento de materiais, por exemplo, o Material Requirement Planning (MRP), para criar e acompanhar a programação da produção, programação para fornecedores de partes, quantidades, prazos de entrega e redução de custos. Os sistemas pull necessitam da informação sobre a demanda real de partes e produtos para transmiti-la a toda a cadeia de suprimentos, colaborando com a produção e distribuição. Vemos então quanto é importante, ao realizar o projeto do processo da cadeia de suprimentos, determinar se ele fará parte da fase push ou pull. Tecnologia da informação e gestão das informações É importante considerar o fato de que as tecnologias disponíveis na SCM devem compartilhare analisar as informações integrando empresas e parceiros. A necessidade de informações rápidas, em tempo real e com a máxima precisão para uma gestão eficiente da logística e da cadeia de suprimentos, deve considerar três fatores: • Os clientes exigentes solicitam informações sobre o andamento do pedido, disponibilidade de produtos, programação da entrega e dados do faturamento. • Informações atualizadas e precisas possibilitam a redução de estoques (isso resulta da minimização das incertezas da demanda) e a necessidade de recursos humanos. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 59 • A disponibilidade de informações aumenta as vantagens estratégicas devido à disponibilidade dos recursos que devem ser utilizados, considerando-se aspectos como: “qual, quando, quanto, como e onde”. Ainda falando de informação, também devem ser analisados os seguintes níveis: Nível estratégico: a utilidade da informação está relacionada a decisões de investimentos, volumes e localização de demanda para decisões de localização de centros de distribuição, categorias de produtos a fabricar ou comercializar, para que sejam desenvolvidos fornecedores, etc. Nível do planejamento (tático): as informações são utilizadas por gerentes e supervisores para a alocação de recursos disponíveis ao atendimento de demandas, níveis de estoque em cada ponto da cadeia, etc. Nível operacional: considera as operações da empresa como a evolução das ordens de produção no chão de fábrica, a entrada de pedidos de clientes, o faturamento das vendas efetuadas, etc. No outro lado, ele coloca os atores principais da cadeia de suprimentos: fornecedores, fabricantes, distribuidores ou atacadistas, varejistas e consumidores. Assim sendo, os sistemas de informação devem estar disponíveis e interligados de acordo com os diversos níveis de gestão de cada uma das entidades que compõem a cadeia de suprimentos. O nível operacional deveria considerar mais dois atores: o transportador e o operador logístico; atualmente, eles são considerados estratégicos para o sucesso do supply chain management, e seus sistemas de informática vêm sendo interligados com os demais participantes da cadeia devendo, portanto, ser considerados no planejamento dos sistemas informatizados de SCM. A seguir, entenda como funcionam os principais sistemas utilizados na gestão da SC: LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 60 • ERP: Enterprise Resource Planning – Planejamento dos Recursos da Empresa; • EDI: Electronic Data Interchange – Intercâmbio Eletrônico de Dados; • QR: Quick Response – Resposta Rápida;• CR: Continuous Replenishment – Reposição Contínua; • ECR: Efficient Consumer Response – Resposta Eficiente ao Consumidor. ERP – Enterprise Resource Planning / Planejamento dos Recursos da Empresa Os sistemas ERP apareceram nos anos 90. Integram e coordenam os principais processos da empresa (marketing, finanças, compras, recursos humanos, logística e outras), organizando e disseminando a informação de forma integrada entre as diferentes áreas da empresa. Essa integração faz uso de uma base de dados comum a toda empresa, consolidando assim toda a operação do negócio em um único ambiente computacional e permitindo a adoção de melhores práticas que concorrem para produtividade, velocidade e redução de custos por meio da redução de estoques e eliminação de tarefas que não agregam valor. Dessa forma, redundâncias e inconsistências de dados devem ser evitadas, assegurando-se a integridade do fluxo de informações, permitindo maior eficiência, eficácia e rapidez (em tempo real para toda a empresa) nos processos de coleta, armazenagem, transferência e processamento das informações corporativas, medidas essas que geram melhorias em qualidade e produtividade de serviço prestado aos clientes externo e interno. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 61 Atenção Exemplos de sistemas ERP • SAP, Peoplesoft, Oracle, JD Edwards, Baan e o próprio SCM (software). • O SCM é um software de gerenciamento da cadeia de suprimentos que adiciona um nível mais alto aos sistemas ERP, oferecendo suporte às decisões analíticas e visibilidade das informações. O ERP mostra o que acontece e o SCM auxilia na decisão do que será executado na empresa. • O sistema ERP, hoje, não é um diferencial competitivo, mas sim uma necessidade para as empresas continuarem competitivas no mercado. EDI – Electronic Data Interchange / Intercâmbio Eletrônico de Dados O EDI padroniza a forma como os computadores enviam e recebem dados, acelera o ritmo com que clientes e transportadores trocam informações operacionais (programações de embarque, roteiros de entrega e rastreamento da carga), além de permitir a emissão de faturas e romaneios de forma correta, eliminando erros criados pela interferência humana no processo. Permite a redução de custos administrativos e operacionais por meio da agilidade no processo, reduzindo, inclusive, prazos de entrega e garantindo maior satisfação ao cliente. A eliminação de erros da entrada manual de informações aumenta a produtividade, permitindo que as empresas controlem e gerenciem eficientemente as necessidades de produção, compras e entregas. Desempenha um papel importante nos elos entre cliente, fornecedor e transportador na produção "Just In Time - JIT", na "Quick Response - QR" e apoio ao ECR. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 62 QR – Quick Response / Resposta Rápida O QR apareceu nos anos 90, tendo sua origem na lógica do ponto de reposição e no JIT. Nesse sistema, os fornecedores recebem os dados coletados nos pontos de venda do cliente e utilizam essas informações para sincronizar suas operações de produção e seus estoques com as vendas reais dos clientes. Os pedidos dos clientes continuam de forma individual, porém os dados do ponto de venda permitem ao fornecedor aprimorar sua previsão e sua programação. Suas principais vantagens são: diminuição de estoques, diminuição no tempo de respostas, sincronização da produção, diminuição da área de armazenagem, redução do risco de obsolescência dos produtos, redução de perdas por prazos fora de validade, diminuição dos custos de administração e o aumento das vendas. Tem também as suas desvantagens: custo inicial elevado, altos investimentos em sistemas de informação e custos fixos elevados. A implantação de um sistema QR requer da empresa os seguintes aspectos: • Reconhecer que os clientes e os produtos são dinâmicos e desafiam a empresa a se manter atenta aos processos de inovação e resposta rápida, adotando sistemas de controle e estilos de liderança menos burocráticos e a informação como principal suporte à tomada de decisões. • Concentrar menos esforços em previsões de médio e longo prazos e dar ênfase às decisões próximas do tempo real, com uma contínua integração de recursos e informações por meio de posições flexíveis e seletivas. • Concentrar menos esforços em previsões de médio e longo prazos e dar ênfase às decisões próximas do tempo real, com uma contínua integração de recursos e informações por meio de posições flexíveis e seletivas. • Aproximar a gestão da cadeia/rede de abastecimento de práticas menos conservadoras, apostando na inovação e tornando possível a concentração na entrega, no serviço e na disponibilização. • Adotar tecnologias modernas para apoiar a medição de performance e as melhorias conseguidas na cadeia. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 63 • A gestão deve ser comprometidacom princípios de mudança contínua, focando a coordenação da empresa inserida em uma cadeia com múltiplos contatos, quer a montante, quer a jusante. CR – Continuous Replenishment / Reposição Contínua O CR pode ser definido como a prática de parceria entre os integrantes do canal de distribuição que altera o processo padrão de reposição de mercadorias e geração de pedidos criados pelo distribuidor, tendo como base as quantidades convenientes para reposição do produto, a partir de uma previsão de demanda efetiva, buscando integrar o fluxo de informações. Os fornecedores recebem os dados do ponto de venda para prepararem carregamentos em intervalos regulares e assegurarem a flutuação do estoque no cliente entre determinados níveis (máximo e mínimo). Destaca-se que esses níveis de estoque podem variar em função da sazonalidade da demanda, promoções e alterações das preferências do consumidor. Sua política de estoques está baseada na previsão das vendas, sendo constituída mediante análise histórica da demanda, e não em variações dos níveis dos estoques do cliente. O CR busca o atendimento de quatro processos: promoções, reposições de estoques, mix de estoques e introdução de novos produtos. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 64 Atenção Vantagens do CR: aumento da disponibilidade de produtos no ponto de venda, diminuição dos estoques e, consequentemente, do capital de giro, diminuição de custos logísticos e administrativos, diminuição nos custos com pedidos e diminuição dos erros nas estimativas de vendas. Requisitos (podem ser considerados como desvantagens) para que a implementação do CR tenha sucesso: um modelo de relação comercial estável (a confiança é indispensável) entre o fornecedor e o retalhista, indicadores de desempenho para compradores e vendedores, qualidade no nível dos serviços, operação e logística compatíveis, conhecimento dos custos logísticos, agilidade na troca de informações entre as empresas, disponibilidade e confiabilidade de código de barras, e uma forma de cálculo segura e eficiente para as quantidades a serem pedidas ou entregues. Esse sistema tende a sacrificar o fornecedor que arca com a maior parte do trabalho e da responsabilidade, beneficiando o retalhista e o consumidor. ECR – Efficient Consumer Response / Resposta Eficiente ao Consumidor O objetivo do ECR é a geração de um sistema eficaz, direcionado ao consumidor, no qual distribuidores e fornecedores trabalhem juntos, parceiros comerciais, a fim de minimizarem custos. Informações precisas e produtos de qualidade fluem por um sistema sem papéis, entre a linha de produção e o check-out, com mínimo de perda ou interrupção entre as partes que o compõem. Assim, é esperada a redução de perdas e o aumento do giro de LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 65 estoque, obtendo recursos para manter o negócio e oferecendo melhores produtos a preços mais acessíveis ao consumidor. Benefícios da utilização do ECR: • Otimizar a manutenção dos estoques e o espaço da loja, melhorando a interface com o consumidor, por meio de um sortimento eficiente na loja. • Otimizar o tempo e o custo no sistema da reposição eficiente de produtos no estoque. • Aplicar um sistema adequado às promoções direcionadas a clientes e consumidores. • Aplicar medidas eficientes de desenvolvimento e introdução de novos produtos. A implementação do ECR comprova bons níveis de serviços na redução das perdas, principalmente, de produtos perecíveis, o que otimiza transporte de carga, armazenagem e estoque de produtos. Buscando inovar os resultados de produtividade do setor, O ECR foi implantado no Brasil, a exemplo de outros países, como uma estratégia dos supermercados para inovar os resultados da produtividade do setor. Distribuidores e fornecedores trabalham em conjunto para proporcionar melhores resultados ao consumidor e a eficiência da cadeia de suprimentos como um todo, em vez da eficiência individual das partes, derrubando os custos totais do sistema, dos estoques e dos bens físicos. VMI - Vendor Managed Inventory / Estoque Gerenciado pelo Fornecedor O VMI é uma prática amplamente utilizada em programas de reposição contínua em que o fornecedor, não o cliente, decide quando e com quais quantidades os estoques dos clientes serão supridos, ou seja, o fornecedor assume a responsabilidade pelo gerenciamento dos níveis de estoque do LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 66 cliente, passando a agir como parte do departamento de administração de materiais da empresa. A implementação e a operacionalização do VMI devem estar baseadas em uma relação de plena parceria e confiança com a colaboração, a integração de informações e a coordenação de processos e de operações entre as empresas envolvidas. Vantagens na implementação do VMI Empresa fornecedora: melhor atendimento e fidelização do cliente, eficiente gestão da demanda e maior conhecimento do mercado. Desvantagens: custo de estoque mantido no cliente e custo da gestão do sistema. Empresa cliente: menor custo dos estoques e capital de giro, melhor atendimento por parte do fornecedor e maior eficiência e simplicidade na gestão dos estoques e compras. Desvantagens: Aumento na dependência do fornecedor e perda do controle no seu abastecimento. A rotina do VMI envolve: Rever a posição em estoque de cada SKU (Stock Keeping Unit, ou Unidade de Manutenção de Estoque) em cada loja da cadeia varejista; Checar a disponibilidade atual do SKU em estoque no fabricante; Projetar as necessidades líquidas de estoque por SKU por loja da cadeia varejista; Checar se as necessidades líquidas projetadas caem abaixo dos níveis de estoque de segurança. No VMI são projetadas as necessidades líquidas futuras (até a próxima revisão), e não simplesmente geradas previsões de vendas. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 67 Código de Barras O código de barras tem a finalidade de identificar um produto. Ele contém informações como: código do produto, descrição, país de origem, empresa e outras. É importante para a agilidade e o bom andamento de um processo informatizado no gerenciamento da cadeia de abastecimento. Podemos encontrá-los nos supermercados, hospitais, lojas de departamentos, indústrias, fazendas, etc. O código de barras é lido pela varredura de um ponto de luz por meio do símbolo do impresso. Os nossos olhos conseguem ver apenas uma linha vermelha emitida pelo leitor laser (scanner). A fonte de luz do leitor é absorvida pelas barras escuras e refletida pelos espaços claros. Um dispositivo no leitor recebe a luz refletida e a converte em um sinal elétrico. A necessidade de as empresas gerenciarem melhor as informações encontrou no código de barras uma melhoria na produtividade para agilizar os processos, otimizar a mão de obra e aumentar a sua margem de lucro. Os benefícios da implementação da tecnologia de código de barras são significativos: Redução dos ciclos de processamento. Aumento das taxas de output; Aumento na precisão das informações; Redução das perdas com materiais; Baixo custo e menor tempo de implantação; Fácil utilização; Uso de equipamentos compactos; Alta velocidade de captura dos dados, Informações: validade, data de fabricação e local onde foi produzido, dentre outras. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 68 RFID - Radio Frequency Identification - Identificação por RádioFrequência As novas tendências tecnológicas conduzem as empresas à busca de uma melhoria continua. O RFDI consiste na transmissão de dados por meio de “etiquetas-TAG”. A TAG utiliza ondas eletromagnéticas para transmitir informações em ondas de rádio. Vantagens das chamadas etiquetas inteligentes são elas poderem armazenar informações e mais de um item poder ser lido ao mesmo tempo. O sistema de identificação por radio frequência é composto de um transponder com rádio e um leitor para conectá-lo a um sistema de informação corporativo. O transponder é composto de antena e chip, o qual é ativado por um sinal de radio na sua frequência de trabalho. Quando a conexão ocorre, ele envia a informação ao leitor para identificação das informações contidas nas etiquetas. Essa tecnologia apresenta dois formatos de etiquetas: ativa e passiva. A tecnologia ativa está praticamente sendo substituída pela passiva, pela facilidade no manuseio, tempo de uso e custo muito mais baixo. Benefícios do RFID sobre o código de barras: Não requer uma linha de visão direta entre o transponder e o leitor, como ocorre no código de barras, e o laser necessita varrer toda a extensão do código; Capaz de ler e gravar; Possibilita a leitura de vários itens ao mesmo tempo; Fácil de ser fixado em objetos; Trabalha de maneira eficaz em ambientes hostis e proporciona menor distância de leitura. As etiquetas inteligentes virão substituir os “velhos” códigos de barras. CPFR - Collaborative Planning, Forecasting and Replenishment O CPFR é um conjunto de normas e procedimentos criado no final da década de 80 por representantes de várias empresas com o objetivo de LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 69 aumentar a eficiência da cadeia de suprimentos, particularmente no setor de varejo, estabelecendo padrões para facilitar o fluxo físico e de informações. As normas permitem que compradores e vendedores contribuam na previsão de demanda e de ordem de pedidos. Também é possível obter maior precisão nos forecast (projeções de vendas, de produção; o planejamento de setores como compras, financeiro, custos, além da utilização em processos de logística) e nos planos de ressuprimento. Em decorrência disso, torna-se possível a diminuição dos estoques dos fabricantes, atacadistas e fornecedores, a redução na falta de produtos e o aumento dos níveis de serviço e vendas. O CPFR facilita o relacionamento entre empresas, especialmente na chamada “gestão colaborativa”, no que se refere à previsão de vendas, abordando questões como: influência de modificações no padrão de demanda, a manutenção de estoques para garantir a disponibilidade de produtos na prateleira, a possibilidade de maior coordenação entre as empresas da cadeia, a possibilidade de permitir maior sincronização entre os diversos processos dos setores de manufatura e os processos de previsão. No CPFR, fabricantes e varejistas compartilham sistemas e processos de previsão de vendas. O objetivo principal é identificar qual empresa gera previsões de vendas mais precisas para um determinado produto, região e horizonte de planejamento (SKU - Stock Keeping Unit). Vantagens do CPFR: Empresa varejista: aumento nas vendas, acréscimo dos valores de nível de serviço, maior rapidez na resposta aos pedidos e redução da existência de produtos obsoletos e/ou deteriorados. Empresa fabricante/vendedora: aumento nas vendas, planos de produção mais adaptados, redução do nível de existências (produtos obsoletos/deteriorados), ciclo com menor duração, menor capacidade de armazenagem. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 70 Parceria - cadeia de abastecimento: diminuição de pontos intermediários no fluxo de materiais, tornando-o mais direto; redução da incerteza na previsão de vendas e redução das despesas ao longo do processo. Desvantagens do CPFR: Desconfiança gerando desconforto na partilha da informação; Falta de colaboração interna nas previsões de vendas; Custos associados à obtenção de tecnologia e especialização inerentes ao processo e existência de quebras no padrão de partilha de informação; O fator da agregação da informação (saber o número de previsões e com que frequência é gerada); Receio de que as outras partes não estabeleçam uma verdadeira parceria baseada na confiança. Descrevemos, embora resumidamente, alguns dos principais sistemas utilizados pelas global players no intuito de gerenciarem a cadeia de suprimentos. Além desses, outros podem ser utilizados: o CRP (Continuous Replenishment Program, Programa de Ressuprimento Contínuo), que deu origem ao CPFR; o WMS (Warehouse Management System, Sistema de Gerenciamento de Armazém); e o TMS (Transportation Management System, Sistema de Gestão de Transporte). No atual cenário em que as organizações vêm se reestruturando para acompanhar as constantes mudanças globais, como o aumento da competição, clientes mais exigentes e baixo ciclo de vida dos produtos, as empresas têm buscado adotar novas estratégias de gestão, como a utilização da manufatura enxuta, tecnologias da informação para melhor comunicação, melhora na gestão de seus fornecedores e integração com os seus parceiros de negócios. É nesse cenário que vamos encontrar as práticas colaborativas, como vimos em alguns dos sistemas já mencionados anteriormente. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 71 A colaboração dentro do processo de gestão de cadeias geralmente ocorre quando há a troca de informações entre duas ou mais empresas. Dessa forma, dividem a responsabilidade do planejamento, gestão, execução e acompanhamento do desempenho, ou seja, o meio pelo qual as empresas trabalham de forma integrada com objetivos comuns, caracterizando-se pela grande troca de informações, conhecimento, riscos e até mesmo lucros. As empresas participantes devem possuir interesses comuns e trabalharem de forma transparente, com objetivos bem definidos. Os requisitos fundamentais que podem facilitar o processo são: liderança, expectativas claras, cooperação, confiança, divisão de benefícios e tecnologia, além de da colaboração ser apoiada por uma cultura colaborativa para a qual os requisitos acima são indispensáveis. Podemos então concluir que a colaboração ocorre quando os seguintes critérios estão presentes: Metas e objetivos comuns a todos os envolvidos; Planejamento integrado; Gerenciamento compartilhado de informações; Compartilhamento de benefícios, riscos e custos; Confiança e transparência entre as partes. Como exemplos dessas práticas colaborativas, podemos mencionar: CR (Continuos Replenishment), QR (Quick Response), VMI (Vendor Management Inventory), ECR (Efficiente Consumer Response) e o CPFR (Collaborative Planning Forecasting Replenishment). Business Intelligence – Inteligência Empresarial ou Inteligência de Negócios Como defini-lo? Existem diversas definições, mas esta, por ser a mais completa, foi a escolhida: LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 72 Business Intelligence é um processo que envolve a coleta, análise e validação de informações sobre concorrentes, clientes, fornecedores, candidatos potenciais à aquisição, candidatos à joint venture e alianças estratégicas. Inclui também eventos econômicos, reguladores e políticos que tenham impacto sobre os negócios da empresa. O processo de BI analisa e valida todas essas informações e as transforma em conhecimento estratégico. A empresa para executar esse processo necessitade hardwares e softwares compatíveis com as suas necessidades e estrutura. Todos os sistemas estudados anteriormente, e outros além deles, podem e devem fazer parte do BI, que normalmente é estruturado por áreas (módulos, os chamados datamarts) para que os resultados apareçam com mais rapidez e depois sejam integrados aos demais. Algumas empresas partem diretamente para os datawarehouses corporativos, os grandes sistemas que englobam todos os módulos, mas o risco é imenso e o tempo para os resultados aparecerem é longo. Benefícios do Business Intelligence (BI): Antecipar mudanças no mercado; Antecipar ações dos competidores; Descobrir novos ou potenciais competidores; Aprender com os sucessos e as falhas dos outros; Conhecer melhor suas possíveis aquisições ou parceiros; Conhecer novas tecnologias, produtos ou processos que tenham impacto no seu negócio; Entrar em novos negócios; Rever suas próprias práticas de negócio; Auxiliar na implementação de novas ferramentas gerenciais. Vantagens do BI: As empresas têm mais tempo para se dedicar à análise crítica de resultados, gerando inteligência. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 73 Aumenta o nível de conhecimento e enriquece as discussões de negócio. O conhecimento se acumula, as práticas gerenciais se aprimoram, levando a melhores resultados. O sistema possui capacidade para “traduzir” os dados armazenados em uma linguagem de fácil assimilação pelo corpo gerencial das empresas, normalmente por meio de gráficos ou relatórios. Auxilia os executivos em consultas gerenciais nas áreas de vendas, compras, estoque, faturamento, PCP (Processo e Controle de Produção), custos, finanças, contabilidade, telemarketing, recursos humanos e indicadores de gestão (análise de balanço). Desvantagens do BI: Exposição de omissões ou erros decisórios; Substituição de pessoas no quadro diretório ou gerencial. Todavia, o Business Intelligence não substituiu ninguém, apenas auxilia no processo de tomada de decisão, otimiza o tempo dos usuários garantindo informações mais rápidas e precisas e tornando o gestor mais eficaz. Em caso de erros decisórios, o sistema pode emitir alertas ao executivo, que, por sua vez, poderá explorar as informações até encontrar as causas da falha de desempenho. Existem casos de sucesso da aplicação do Business Intelligence? O Wall Mart, uma das maiores cadeias de hipermercados dos EUA, controla 4,5 mil lojas espalhadas pelo mundo fazendo uso do Business Intelligence. Além desses sistemas não podemos ignorar os grandes trunfos das empresas atualmente: LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 74 A internet e o e-commerce O comércio eletrônico (e-commerce) pode ser definido como a capacidade de realizar transações envolvendo a troca de bens ou serviços entre duas ou mais partes utilizando meios eletrônicos. O comércio eletrônico baseado na world wide web tem chamado a atenção da comunidade de negócios no mundo inteiro. A face mais conhecida do grande público é o B2B (Business to Business - empresa para empresa) e o B2C (Business to Consumer - empresa para o consumidor final), nos quais investimentos maciços em publicidade têm sido feitos por sites como Submarino (http://www.submarino.com.br/), Amelia Island Rentals (http://www.amelia.com/) e Mercado Livre (http://www.mercadolivre.com.br/). O B2B está se mostrando o modelo de negócios com maior taxa de crescimento para os próximos anos. Principais vantagens para a empresa: Reduz a intermediação; Amplia o mercado (alcance global); Reduz custos administrativos e outros correlatos; Maior segurança e agilidade na comunicação entre os parceiros; Reduz o ciclo de processos mercantis. Principais vantagens para o comércio: Melhora o nível de abastecimento da loja; Reduz o nível de estoques; Reduz custos operacionais; Agiliza o processo de vendas; Nivela as oportunidades no mercado. Principais vantagens para o consumidor: Comodidade e conveniência (comprar sem sair de casa); Facilidade (acesso à internet); Variedade (produtos do mundo inteiro); Preços (tendências de custos baixos e cotações mais ágeis). LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 75 Benefícios: Redução da taxa de erros no atendimento de pedidos; A melhoria do serviço ao cliente; Aumento da acurácia do recebimento e das informações; Melhor aproveitamento dos recursos, do espaço de armazenamento e da mão de obra. TCT - Transaction Cost Theory / A Teoria dos Custos de Transação X RBV - Resource Based View / A Visão Baseada em Recursos Existe uma relação direta entre a teoria dos custos de transação e a visão baseada em recursos, no que diz respeito ao desempenho das empresas com o uso da TI? Essa é uma discussão que deve ser avaliada para cada empresa, considerando o nível de TI utilizado por ela. Todavia, alguns autores dizem que existe uma relação direta e indireta, segundo o RBT. As pesquisas mostram que os recursos e investimentos em TI por si só não elevam o desempenho nem as vantagens competitivas, mas sim a forma e/ou a intensidade de uso da TI – o que é captado pelas capacidades (capabilities) de TI. Essas capacidades são as habilidades da empresa em reunir, integrar e desenvolver recursos baseados em TI. No que diz respeito aos recursos, a ideia essencial é que eles também sejam diferentes para cada empresa e que, para serem produtivos, os recursos necessitem de serem combinados e utilizados. São essas aplicação e coordenação de recursos que geram produtividade ou valor. A análise do impacto da TI no nível da empresa (rentabilidade e receita) tem cedido espaço para a análise de impacto no nível de processos (relação com clientes e fornecedores, marketing, produção e operações, melhoria do LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 76 produto) – com base na afirmação de que o desempenho da firma é resultante de um conjunto de variáveis do qual a TI faz parte. Conclusão: essa teoria não está consolidada, indicando, no entanto, uma melhoria nos processos, em vez do desempenho financeiro. Atividade proposta Assista ao vídeo “Logística A380”, disponível em nossa biblioteca de vídeo, e preste atenção na origem dos seus componentes. Em seguida, responda à questão. Como a Airbus consegue reduzir custos com tanta dispersão na sua cadeia de suprimentos com uma logística tão complexa? Chave de resposta: O processo de fabricação acontece na filosofia just in time com aplicação do sistema Milk Run. A própria Airbus faz a coleta dos equipamentos e os leva até a sua fábrica na França para realizar a montagem. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 77 Aprenda Mais Material complementar Para saber mais sobre os assuntos discutidos até agora, leia o artigo “Gestão de cadeia de suprimentos integrada à tecnologia da informação”, disponível em nossa biblioteca virtual. Para conhecer mais sobre o assunto, entre em nossa biblioteca virtual e baixe o artigo sobre a importância da TI nos processos logísticos. Ainda sobre o tema, leia o texto “Relação (in) direta entre capacidades de TI e desempenho: suporte à teoria baseada em recursos e identificação de mediadores”, disponível em nossa biblioteca virtual. Para conhecer mais sobre o assunto, entre em nossa biblioteca virtual e baixe o artigo sobre a gestão da cadeia de suprimentos.Ainda em nossa biblioteca virtual, não deixe de conferir o artigo “Gestão de Fornecedores é vantagem para empresários”. Referências NOGUEIRA, Amarildo. A Importância da TI nos Processos Logísticos. Disponível em: < http://www.ogerente.com.br/novo/colunas_ler.php?canal=11&canal local=41&canalsub2=132&id=2398. Acesso em: 21 de set. 2014. OLIVEIRA, Deyvison de Lima; OLIVEIRA, Gessy Dhein. Relação (in) Direta entre Capacidades de TI e Desempenho: Suporte à Teoria Baseada em Recursos e Identificação de Mediadores. Disponível em: LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 78 www.anpad.org.br/admin/pdf/2012_ADI367.pdf. Acesso em: 21 de set. 2014. OLIVEIRA, Marcos Berberick de; LONGO, Orlando Celso. Gestão da cadeia de suprimentos. Disponível em: http://www.excelenciaemgestao.org/Portals/2/documents/cneg4/a nais/T7_0071_0132.pdf. Acesso em: 21 de set. 2014. PORTAL ADMINISTRADORES. Gestão de fornecedores é vantagem para empresários. Disponível em: http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/gestao-de- fornecedores-e-vantagem-para-empresarios/16401/. Acesso em 21 de set. 2014. SOUZA, Gleim Dias de; CARVALHO, Maria do Socorro M. V. de; LIBOREIRO, Manuel Alejandro Martínez. Gestão da cadeia de suprimentos integrada à tecnologia da informação. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034- 76122006000400010&script=sci_arttext. Acesso em: 21 de set. 2014. Exercícios de fixação Questão 1 Com o objetivo principal de otimizar a gestão de todos os relacionamentos, incluindo o de consumidores e canais de distribuição, o CRM (Customer Relationship Management) deve ser analisado como: a) O CRM é considerado e analisado como uma ferramenta de TI. b) O objetivo principal do CRM é somente a gestão dos clientes preferenciais. c) O CRM não deve ser analisado somente como uma ferramenta de TI. d) O objetivo principal do CRM é otimizar a gestão das pessoas da organização, em geral. e) O objetivo principal do CRM é a gestão dos fornecedores principais. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 79 Questão 2 Por sua natureza multifuncional, a cadeia de suprimentos abrange três grandes conjuntos de atividades empresariais. Sinalize a única opção correta: a) Processos de negócios / Organização e pessoas / Tecnologia, iniciativas, práticas e sistemas. b) Processos de distribuição / Processos de TI / Processos de inovação. c) Gestão de recursos humanos / Gestão de tecnologia / Gestão de sistemas. d) Área de negociação / Área de pessoal / Área de iniciativas. e) Gestão de suprimentos / Gestão de tecnologia / Gestão de práticas e sistemas. Questão 3 O processo de reestruturação da base de fornecedores consiste na redução do número de fornecedores com os quais se deve manter alinhamento estratégico e comunicação direta e ágil. A ferramenta de TI que ajuda a empresa nessa tarefa é o SRM. Vantagens do SRM (identifique a única opção falsa): a) Desenvolver bons relacionamentos com fornecedores de excelência. b) Monitorar todo o processo de prestação de serviços. c) Identificar e consolidar demandas. d) Descontrole orçamentário de compras. e) Análise de performance por meio da medição dos contratos. Questão 4 As empresas transnacionais orientam suas compras de acordo com modelos já existentes e praticados no mercado. Dentro deste contexto, estão (assinale a única opção errada): a) Compras centralizadas b) Compras descentralizadas c) Compras interempresas d) Compras nacionalizadas e) Compras intraempresas LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 80 Questão 5 O Customer Relationship Management (CRM), gestão do relacionamento com clientes, não escolhe clientes: seleciona aqueles que serão focados para a aplicação de ações voltadas a uma integração mais profunda de sistemas de informações e de avaliação de desempenho. Essa seleção, normalmente, é baseada: a) Na forma como o cliente se relaciona com a empresa. b) No atendimento diferenciado que o cliente dá à organização. c) Nos volumes negociados pelo cliente e no seu potencial estratégico. d) Nos modelos e sistemas de relacionamento que criem vantagens competitivas. e) Na integração mais profunda de sistemas avaliação de desempenho. Questão 6 A implantação de um sistema QR (Quick Response ou Resposta Rápida) requer da empresa os seguintes aspectos (assinale a única opção fora do contexto): a) Reconhecer que os clientes e os produtos são dinâmicos e desafiam a empresa a se manter atenta aos processos de inovação e resposta rápida. b) Concentrar esforços nas decisões próximas do tempo real, com uma contínua integração de recursos e informações por meio de posições flexíveis e seletivas. c) Aproximar a gestão da cadeia/rede de abastecimento de práticas menos conservadoras, apostando na inovação. d) A gestão deve ser comprometida com princípios de mudança descontínua, focando a gestão da empresa fora da cadeia, com múltiplos contatos. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 81 Questão 7 Complete as lacunas: A implementação do ECR comprova bons níveis de serviços na redução das perdas, principalmente, de produtos ___________ otimizando o transporte de carga, __________ e estoque dos produtos. a) Importados/seguro b) Perecíveis/armazenagem c) Exportados/tributos d) Naturais/armazenagem e) Perecíveis/seguro Questão 8 No CPFR, fabricantes e varejistas compartilham sistemas e processos de previsão de vendas. O objetivo principal é identificar qual empresa gera previsões de vendas mais precisas para um determinado produto, região e horizonte de planejamento. Suas vantagens são (assinale a única opção correta): a) Falta de colaboração interna nas previsões de vendas. b) Custos associados à obtenção de tecnologia e especialização inerentes ao processo. c) Diminuição das existências, produtos obsoletos e perecíveis. d) Existência de quebras no padrão de partilha de informação. Questão 9 A colaboração dentro do processo de gestão de cadeias geralmente ocorre quando há a troca de informações entre duas ou mais empresas. A colaboração ocorre quando os seguintes critérios estão presentes (indique a única opção fora do contexto): a) Metas e objetivos comuns a todos os envolvidos. b) Planejamento integrado. c) Gerenciamento compartilhado de informações. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 82 d) Transparência e desconfiança entre as empresas que fazem parte da colaboração. e) Compartilhamento dos benefícios, riscos e custos. Questão 10 O comércio eletrônico (e-commerce) pode ser definido como a capacidade de realizar transações envolvendo a troca de bens ou serviços entre duas ou mais partes utilizando-se meios eletrônicos. Ele apresenta algumas vantagens para as empresas que o praticam. Indique a única opção dentro desse contexto: a) Comodidade e conveniência (comprar sem sair de casa). b) Facilidade (acesso a internet). c) Variedade (produtos do mundo inteiro). d) Preços (tendências de custos baixos e cotações mais ágeis). e) Ampliação do mercado (alcance global). Core business: Negócio central ou principal da organização. Aula 2 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: O CRM é mais do que uma ferramenta de TI: tem como objetivo otimizar a gestão de todos os relacionamentos da supply chain. Questão 2 - A Justificativa: Processos de negócios; organização e pessoas; e tecnologia, iniciativas, práticas e sistemas, são os três grandesconjuntos da cadeia de suprimentos. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 83 Questão 3 - D Justificativa: Uma das vantagens do SRM é o controle orçamentário de compras, não o descontrole. Questão 4 - D Justificativa: Compras nacionalizadas não existem nos modelos de compras internacionais. Questão 5 - C Justificativa: Nos volumes negociados pelo cliente, e por seu potencial estratégico, a empresa seleciona seus clientes-alvo. Questão 6 - D Justificativa: A quarta opção está fora do contexto do QR: “(...) de mudança contínua, focando a coordenação da empresa que se encontra inserida em uma cadeia (...)”. Questão 7 - B Justificativa: Perecíveis/armazenagem é a única dupla de palavras que completa as lacunas da questão. Questão 8 - C Justificativa: Todas as outras alternativas são consideradas desvantagens do CPFR. Questão 9 - D Justificativa: Essa opção é a única que se encontra fora do contexto do tema da questão. Questão 10 - E Justificativa: Na questão, esta é a única opção que se apresenta como vantajosa para a empresa no e-commerce. As demais são vantagens do cliente. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 84 Introdução Nas duas primeiras aulas, vimos como a supply chain é importante na vida das transnacionais ou das global players, como queiramos tratá-las, e como as empresas investem e se esforçam para fazer a sua gestão da melhor forma possível. Nesta aula, vamos estudar as tendências do mercado e suas análises, pois elas interferem diretamente no rumo que as empresas darão à gestão da cadeia de suprimentos para firmarem o seu posicionamento no mercado e atingirem os seus objetivos, a conquista de novos mercados e clientes e, consequentemente, o lucro, objetivo maior de todo o negócio. Objetivo: 1. Conceituar “tendências” e entender a importância da análise delas por meio do estudo das variáveis e fatores que as influenciam, bem como as soluções inteligentes apresentadas pelo mercado; 2. Analisar a situação logística no mundo e no Brasil nos últimos 10 anos. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 85 Conteúdo Tendências de mercado e sua análise O título de nossa aula já fala sobre o que trataremos aqui... Tendências! Mas você sabe conceituar tendência? Tendências significam a evolução e a concepção de leituras gerais que convertem para anotações específicas, consolidando-se em uma ampla visão sobre fatos ou áreas de interesse em uma dinâmica que pode concretizar possibilidades. Não são deduções. Podemos dizer que as tendências preparam o futuro fazendo uso de informações do presente e dados do passado. Monitorar informações de mercado, “tendências”, possibilita acompanhar a repercussão e a visibilidade de fatos, empresas e segmentos, além de se antecipar à concorrência, antever crises ou aproveitar oportunidades. Plataformas que permitem um monitoramento contínuo de termos específicos de interesse representam a otimização de processos, aumento de produtividade, relevância de informações e abrangência de resultados, contribuindo para a geração de negócios e tomada de decisões estratégicas. Veja algumas formas atuais de realizar o monitoramento da informação: Mídias on-line Notícias nacionais e internacionais. Mídias on-line retroativas Notícias retroativas. Mídia impressa Notícias impressas. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 86 Mídias Sociais Twitter, Facebook, LinkedIn e outros. Rádio e TV Notícias de rádio e TV. Soluções de inteligência de mercado Projetadas para suprir as necessidades e os objetivos de cada empresa, as soluções analíticas de inteligência de mercado oferecem informações estratégicas para auxiliar as organizações. Pelo uso de bases tecnológicas de apuração, cruzamento e análise de dados, permite-se a realização de estudos completos sobre cenários, mercados e tendências, o que colabora com a tomada de decisões institucionais, expansão de resultados corporativos, direcionamento defensivo e posicionamento competitivo. Essas soluções são realizadas mediante diversas análises; a seguir, você verá melhor cada uma delas. Modelos de análise para tendências de mercado Análise diagnóstica A análise diagnóstica parte do conceito de que, para qualquer decisão estratégica segura, é fundamental conhecer integralmente a área de estudo, cruzando dados e informações, para que se possa direcionar ações e definir metas. O foco de avaliação concentra-se nos objetivos de cada cliente, incluindo mapeamento do segmento, da marca, produtos e concorrência. Seus resultados são consolidados em estratégias claras e aplicações práticas: • Planejamento estratégico; • Reposicionamento de marcas e empresas; • Diagnóstico de perfis de consumo para marcas e produtos; • Participações em concorrências; • Implementação de mapa de riscos e oportunidades. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 87 Podemos concluir que a análise diagnóstica baseia-se no seguinte trinômio: identificação (área, segmento), direcionamento e estratégia. Análise de tendências A análise de tendências contempla dados, fatos e insights, potencializando linhas de pensamento e antecipando comportamentos, por meio de estudos de resultados e conceitos que auxiliam as marcas e as empresas em: • Identificação de interesses de consumo; • Compreensão de áreas e segmentos; • Antecipação a fatos, estilos e oportunidades; • Exploração de nichos de mercado; • Panoramas evolutivos de marcas e empresas. O resultado é obtido por meio do estudo e cruzamento de quatro importantes fatores: • Visão; • Probabilidade; • Compreensão; • Insight. Análise de repercussão Acompanhar a amplitude de temas, a dimensão de fatos e o alcance de informações. Conhecer a impressão da mídia, a abrangência de comentários, o percentual de exposição e a relevância dessa disseminação de conteúdo no ambiente on-line, considerando-se a concorrência e os consumidores. O conceito da análise de repercussão inicia no fato de que, no universo corporativo, tudo pode ser impactante positiva e negativamente; portanto, mensurar e compreender esse processo pode ser decisivo para as próxima ações de: • Mensuração de campanhas e eventos; • Análise de conjunturas políticas; • Avaliação de desempenho da comunicação corporativa; LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 88 • Implantação de estratégias de atuação nas mídias sociais; • Gestão de crises. A análise de repercussão baseia-se essencialmente na mensuração, exposição e abrangência. Análise ad hoc Ad hoc: análise baseada em projetos adaptados exclusivamente às necessidades e interesses de cada cliente que contemplem seu universo de possibilidades e objetivos (para a potencialização de resultados). Não sinalizam somente novas condições de mercado, significam oportunidades de atingir objetivos com precisão e menor tempo. Estamos na era da customização, devemos nos recordar. O mundo vivencia os benefícios do acesso irrestrito à informação, e esse tipo de análise traz a visão de que nos negócios o impacto de informações específicas analisadas estrategicamente representam rentabilidade, confirmando sempre existirem fórmulas exclusivas e mais assertivas para aplicação de antigos conceitos: • Planejamento estratégico; • Análise competitiva; • Análise de conteúdo; • Fortalecimento e engajamento de marcas; • Lançamento demarcas e produtos. Pesquisa de mercado O objetivo das empresas que buscam relacionar-se com o atual conceito de consumo é compreender a percepção dos consumidores, suas necessidades e expectativas frente aos produtos e marcas. Atender aos interesses e anseios do consumidor moderno, mapeando a movimentação do segmento e organizações a cada nova necessidade, possibilita estar à frente da concorrência por meio de uma visão sistêmica e privilegiada dos negócios. Pesquisas de mercado LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 89 garantem a tomada de decisões direcionadas, baseadas em dados e informações que guiam estratégias corporativas para: • Identificação de público-alvo; • Identificação de panoramas de mercado; • Mensuração de índices de aceitação e rejeição; • Mensuração de interesses e expectativas sobre marcas e produtos; • Lançamento de campanhas. A pesquisa de mercado tem como base os seguintes pilares: opinião, segmentação e conclusão. Pesquisa de influenciadores O mundo on e off-line é hoje representado por personalidades que ditam regras, conceitos e tendências, confirmando que a influência, atualmente, é uma das principais vertentes de consumo e adesão a marcas e produtos, e determina quem ou o quê é relevante no universo das mídias sociais e on-line. A pesquisa de influenciadores demonstra que uma rede de contatos bem elaborada representa um passo fundamental para estar próximo das opiniões e movimentações daqueles que demarcam os caminhos e tendências de áreas, segmentos ou ciclos que interessam às marcas e empresas para: • Planejamentos de atuação em mídias sociais; • Eventos e campanhas de engajamento; • Direcionamento de assessorias de comunicação; • Potencialização de visibilidade de marcas e produtos; • Pesquisas focadas em grupos especializados. Relevância, influência, engajamento e relacionamento são os pilares de sustentação da pesquisa de influenciadores. Obs.: as empresas que realizam os estudos sobre tendências utilizam estratégias (mídias sociais, eventos e campanhas, etc.) de acordo com o serviço LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 90 que estão prestando ao cliente, ou seja, de acordo com as necessidades e os desejos dos clientes. Tendências de mercado e logística Até aqui falamos de tendências e análises em geral, e você pode se perguntar “será que esses estudos também influenciam a logística?”. A resposta é sim. Os estudos sobre tendências também abrangem a logística porque o segmento não é mais visto como transporte, mas um processo integrado à cadeia produtiva. Veja a seguir algumas das variáveis e fatores que mais impactaram e continuarão impactando as tendências logísticas. Infraestrutura logística As empresas líderes, consideradas global players, lidam com uma crescente complexidade associada à expansão dos limites da logística, seja pela maior amplitude de requisitos do mercado, seja pela necessidade de desenvolvimento de um network global. Como vimos na aula 2, essas empresas estão implantando estratégias customizadas para monitorar, responder e gerenciar o crescente nível de complexidade; no Brasil, poucas empresas chegaram a esse estágio. O grande problema continua sendo: portos, aeroportos e rodovias, as formas mais usuais de escoamento dos produtos, ou seja, infraestrutura. Alterações na matriz energética O mundo passa por um processo de transformação intensa em sua matriz energética; a produção de petróleo cresce com as fontes alternativas, e crescem também a produção e o consumo de gás natural, bem como outras fontes de energia: biomassa, eólica, solar, nuclear, etc. No que pese ainda existirem algumas dúvidas sobre a importância de todas essas fontes energéticas, é provável que a participação do petróleo venha a sofrer uma diminuição. O grande desafio está em avaliar as perspectivas dessas diferentes LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 91 fontes de energia e tentar antecipar o seu efeito na administração de transporte e na logística. Inovação tecnológica Na aula 2, esse assunto também foi abordado, embora com outro foco; vimos como são numerosas as ferramentas tecnológicas usadas pelas empresas, principalmente na gestão da supply chain de bens de consumo visando elevar os níveis de serviço ao consumidor final, incluindo convergência digital e varejo multicanais, Big Data e mídias sociais, plataformas de padrões abertos para interoperabilidade interorganizacional, identificação ótica de objetos, automação e robótica. Tais tecnologias viabilizam flexibilidade e agilidade no planejamento e execução de atividades ao longo da cadeia varejista, embora ainda permaneçam inacessíveis para uma grande parcela das empresas do setor. Crescimento econômico O estágio de desenvolvimento econômico de países, principalmente emergentes e em desenvolvimento (classificação dos países quanto à sua economia, tema estudado na aula 1), está diretamente ligado à prosperidade de suas populações. Entende-se que a infraestrutura logística é um fator fundamental para esses povos alcançarem os seus objetivos: desenvolvimento e diminuição dos seus níveis de pobreza, educação e cultura. Brasil – impacto da Lei nº 12.619 nos custos do transporte rodoviário Considerando que essa legislação é exclusivamente brasileira, acredita-se que o seu impacto seja bastante forte e afete toda a cadeia logística, uma vez que a maioria dos produtos para consumo interno ou exportação, e até mesmo quando da importação, é realizado por via rodoviária. Assim, ao regular a jornada de trabalho e o tempo de direção, essa lei afeta a produtividade da atividade de transporte, sobretudo nas rotas de médias e longas distâncias. Cabe às empresas buscarem alternativas que possam minimizar os impactos no custo, repensando o planejamento de suas redes e o modelo de programação das rotas, evitando que as restrições em relação aos motoristas prejudiquem a LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 92 utilização dos veículos e, consequentemente, o transporte dos produtos brasileiros. Análise da última década da logística no mundo e no Brasil: o que mudou? Esse assunto é bastante delicado e complexo. Para tratá-lo com o máximo de seriedade possível, resolvemos dividi-lo em duas partes: na primeira parte, vamos falar sobre a logística no mundo; na segunda, trataremos da evolução da logística no Brasil e das tendências para um futuro próximo. Sobre a logística no mundo, vimos que, a partir da década de 90, o ambiente de negócios tornou-se mais complexo. Fenômenos econômicos e sociais de alcance mundial estão reestruturando o ambiente empresarial. E a globalização da economia, alavancada pela tecnologia da informação e da comunicação, já é uma realidade. As chamadas novas tecnologias, bem como as novas formas de organização do trabalho, vêm alterando completamente os métodos tradicionais de gestão das empresas. A evolução das empresas em termos de modelos estruturais e tecnológicos, tendo as mudanças e o conhecimento como novos paradigmas, têm exigido uma nova postura nos estilos pessoais e gerenciais voltados a uma realidade diferenciada e emergente. O grande desafio das últimas décadas têm sido a capacidade e a competência diária para empresas se adaptarem e levarem a todos os seus níveis hierárquicos e funcionais, da alta gerência ao piso de fábrica, a incorporação de novos modelos, métodos, técnicas, instrumentos, atitudes e comportamentos necessários a mudanças, inovações e à sobrevivência sadia e competitiva no mercado.No ambiente de negócios, praticamente em qualquer lugar do mundo, as pessoas estão sentindo o reflexo dessas transformações. Seja pelas mudanças LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 93 introduzidas internamente, seja pelas transformações no cenário externo (o declínio de antigas empresas “multinacionais” e o surgimento de novos competidores), o administrador de empresas enfrenta desafios totalmente novos. Essa realidade tem sido ampliada por inovações tecnológicas, transformações nas bases da concorrência, surgimento de novos modelos de gestão e mudanças significativas no perfil dos clientes e nas suas relações com as empresas fornecedoras de produtos e serviços. Esse enfoque tem gerado reflexos diretos sobre a gestão das empresas; faz-se necessário desenvolver a sensibilidade para perceber que as mudanças na gestão empresarial são um imperativo e não uma opção. As empresas líderes ocupam-se de uma crescente complexidade associada à expansão dos limites da logística, seja pela maior amplitude de requisitos do mercado, seja pela necessidade de desenvolvimento de um network global. Em virtude disso, essas empresas implantam estratégias desenhadas para monitorar, responder e gerenciar o referido nível crescente de complexidade. Pesquisas são realizadas constantemente por diversos países como Brasil, China, Rússia, Índia, Alemanha, Estados Unidos, França, Holanda e Reino Unido, a fim de se entender o caminho a ser seguido; sobre o tema disse Don Bowersox: “... a missão da logística é fazer mais com menos, até que se faça tudo com nada”. Enfim, temos assistido a uma corrida desenfreada para se vender mais e lucrar mais, com menos custo. Por outro lado, as empresas têm feito uso de canais de venda diferenciados (outlets, sites de leilões e compras on-line, lojas de antiguidades, reciclagem, etc.), até mesmo com o intuito de comercializar a venda de itens de temporadas passadas, usados em boas condições, com defeitos ou remanufaturados – itens de relevância cada vez maior na economia global. Esse mercado tem crescido rapidamente, tornando-se uma importante parcela das economias americana e brasileira. Na americana, por exemplo, cerca de 2,8 % LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 94 do PIB vem do chamado “mercado secundário” – uma alternativa que auxilia na retenção de valor para os produtos que, de outra forma, seriam descartados, assim é aumentada a lucratividade do item e corroborada a construção de uma cadeia de suprimentos sustentável. Logística no mundo: principais alterações Para melhor representar as mudanças ocorridas na logística internacional, dividimos os países de acordo com a sua classificação: Países desenvolvidos (mercados maduros) Nos mercados maduros (Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão, podendo citar também os tigres asiáticos dos anos 80), a infraestrutura já tinha sido desenvolvida de acordo com as necessidades do crescimento (tudo funciona “perfeitamente”, desde simples compras pela internet, entregues com precisão, até transportes aéreo, ferroviário e rodoviário de pessoas e mercadorias); portanto, ocuparam-se em sofisticar mecanismos de controle e ferramentas de planejamento, para otimizar a utilização da boa infraestrutura existente e mitigar a falta de espaço, para crescer estruturalmente. Leitores óticos para acelerar a recepção e o despacho de mercadorias, sistemas de controle de tráfego automatizados em portos e aeroportos, equipamentos mais ágeis e com menor consumo de combustível na movimentação de insumos, treinamento de funcionários, e revisão de processos e procedimentos operacionais foram os mecanismos desenvolvidos para agilizar e baratear as operações logísticas nesses mercados. Países em desenvolvimento Nos demais países também verificamos uma preocupação com os avanços e as novas tendências na logística, embora sua evolução se dê de forma lenta. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 95 Características dos países em desenvolvimento: Maior nível de serviços e uma maior interação com LSP (Logistic Service Provider) globais, no intuito de aprofundar os relacionamentos e também de mitigar os problemas nos fluxos internacionais; Evolução dos sistemas de rastreamento, de análise de malhas e de roteirização; O conceito de gestão integrada da cadeia de abastecimento ganhou mais relevância. Isso significa líderes de marketing e vendas na mesma mesa em que estão seus colegas de operações, supply chain e suprimentos, definição de necessidades do mercado e desenvolvimento de formas inovadoras de atendê-las. A cogestão da logística entre as indústrias de consumo e empresas de distribuição e varejo, embora lenta, progrediu com a utilização dos modelos CPFR e VMI; Evolução do transporte marítimo, principalmente quando falamos de grandes quantidades. Assistiu-se à introdução de nova modelagem de tráfego concentrando grandes hubs no Panamá, na Jamaica e na China, bem como a introdução crescente de navios Post Panamax; Surgiram várias entidades internacionais, como Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP), APICS (American Production and Inventory Control Society), entre outras, que impulsionaram o novo modelo (logística integrada) de integração de processos por toda a cadeia de suprimentos, sugerindo “redesenhos” nas operações e busca intensa por desempenhos satisfatórios ao longo de toda a supply chain; A logística tornou-se um fator importante de competitividade, tendo sido criados grupos de discussões, cursos e formações acadêmicas. O tema passou a ser relevante, verificando-se a necessidade de preparar profissionais para ocupar os novos cargos desenhados para os novos desafios. Atualmente, a América do Norte, Europa e Ásia atingem resultados considerados ótimos em logística e serviços. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 96 A logística no Brasil No Brasil, alguns problemas logísticos persistem há décadas. São eles: Falta de infraestrutura, investimentos e programas adequados às necessidades do mercado em todos os modais de distribuição e transporte; Conflito quanto ao real entendimento da dimensão da logística integrada internamente e externamente nas empresas; Complexidade tributária e custos que norteiam o Brasil; Exígua formação de recursos humanos especializados em logística. Em relação a conceitos, tecnologias e ferramentas, as coisas não mudaram muito nos últimos 10 anos, tanto no Brasil quanto no exterior. O que mudou foi a visibilidade da logística e da supply chain dentro das organizações, não apenas como área funcional, que cada vez mais participa das decisões estratégicas de igual para igual com marketing, vendas, etc., mas também como processo de negócio. O uso do termo supply chain com muito mais frequência mostra que a preocupação não está focada em operações de transporte e armazenagem. Não se fala mais do superespecialista que conhece todos os tipos possíveis de caminhões para transporte de cargas, mas do profissional com visão mais ampla de compras, planejamento da produção, processos produtivos, etc. Partindo desse princípio, surge o grande problema da supply chain na última década: ela ganhou visibilidade e importância, mas os profissionais conseguiram evoluir na mesma velocidade para acompanhar a nova situação? Diz o ditado que: “Um grande poder traz uma grande responsabilidade”. A supply chain ganhou na última década um grande poder e com ele uma grande responsabilidade. Todavia, a gestão da supply chain ainda é feita nabase do improviso na maioria dos casos; os recursos humanos que a operam não têm a formação específica e o conhecimento necessário para alavancarem o crescimento das empresas (isso representa muito mais do que controlar o LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 97 caminhão que realiza um transporte de carga), embora muitas universidades já disponham de centros de pesquisa nesse segmento e cada vez mais se encontrem profissionais preparados. Hoje, as grandes empresas já têm seu VP (vice-presidente) de supply chain ou essa função se reporta diretamente ao CEO (chief executive officer – diretor executivo), porém a abordagem da logística continua fortemente centrada na redução de custos, enquanto o mundo evolui para a criação de valor. Embora o Brasil não tenha acompanhado a evolução global no que diz respeito à produtividade ampla empresarial (tendo nisso a logística um papel fundamental), pois não houve progressos significativos na infraestrutura de transportes, como, por exemplo, na China, Rússia e Índia, podemos sentir-nos orgulhosos porque evoluímos muito: empresas inovaram, investiram, e são hoje ícones de excelência, o que resulta, em boa parte, de o brasileiro ter, por característica, a criatividade. Isso tem sido usado para ultrapassar as barreiras impostas pela falta de infraestrutura e o sistema tributário do país. Houve um avanço grande nos últimos anos após a estabilização da economia e o crescimento gerado por ela, porém, ainda há muito trabalho para fazer. Continuamos com muitos projetos e poucas implantações. Muitas promessas e poucas realizações. Em gestão e operação, as empresas globais vêm acompanhando muito bem essa evolução, mas falta muito para as nacionais evoluírem, embora se possa afirmar que é a logística que oferece o maior ganho competitivo às empresas brasileiras; sem dúvida alguma, o Brasil encontra-se atrás dos países desenvolvidos e mesmo de alguns pares, como os países do BRIC, no que tange à infraestrutura. Vejamos o outro lado: o mercado, hoje estimado em R$300 bilhões, deve dobrar nos próximos cinco anos; no Brasil, ainda existe um enorme potencial a ser explorado. Apenas cerca de 5% das empresas tratam a logística com a importância devida, seja por meio de um departamento interno ou da LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 98 contratação de um operador. No Japão e na Europa, por exemplo, esse índice é de 30%, e nos EUA é de 25%. Nesse contexto, as empresas verão a necessidade de investir na logística em busca de competitividade. Mantendo a estabilidade econômica, fundos brasileiros e estrangeiros investirão no segmento; logo, a logística no Brasil tende a ter um futuro promissor. Conclusão A infraestrutura logística do Brasil passará nos próximos anos por um período de transformação devido ao processo de concessões e privatizações. O país necessariamente dará um salto no plano dos investimentos, pela absoluta necessidade de criar nova capacidade, constituir ativos e responder às demandas da sociedade. O governo, além de aumentar o seu investimento em infraestrutura, deve preocupar-se com políticas públicas que eliminem a burocracia, diminuam e equacionem a carga tributária. Além disso, existe um gargalo enorme nos portos e aeroportos, a malha viária é deficiente e a ferroviária, por sua vez, é insuficiente. O Brasil não tem explorado todo o seu potencial logístico devido a esses problemas. Agora, o Brasil ou transforma ou se distancia cada vez mais do desenvolvimento. A área de recursos humanos voltada ao setor vem sofrendo alterações com a adoção de uma gestão profissionalizada, fortes investimentos em tecnologia e capacitação da mão de obra; mas, refletindo-se sobre o futuro, há cinco grandes tendências que devem ser observadas e equacionadas: 1. O processo de terceirização da logística seguirá aumentando, principalmente em pequenas empresas. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 99 2. Expansão do uso intensivo da tecnologia, tanto para gestão quanto automação de armazéns, eletrônica embarcada e comunicação veículo- via-base, com redução de custos e ampliação dos serviços oferecidos. 3. O crescimento das parcerias estratégicas. As contratações de serviços que evoluem para contratos logísticos e podem transformar-se em parcerias estratégicas. 4. A sustentabilidade, principalmente dentro da visão de logística reversa e alavancada pela ótica das cadeias sustentáveis de suprimentos. A sustentabilidade, principalmente dentro da visão de logística reversa e alavancada pela ótica das cadeias sustentáveis de suprimentos. 5. Os profissionais da área: cada vez mais, o diferencial das operações logísticas e de supply chain management (SCM) são os conhecimentos tecnológico e gerencial necessários para realizá-las; essa será a grande oportunidade do segmento. Embora o Brasil não tenha acompanhado a evolução global no que diz respeito à produtividade ampla empresarial (tendo nisso a logística um papel fundamental), pois não houve progressos significativos na infraestrutura de transportes, como, por exemplo, na China, Rússia e Índia, podemos sentir-nos orgulhosos porque evoluímos muito: empresas inovaram, investiram, e são hoje ícones de excelência, o que resulta, em boa parte, de o brasileiro ter, por característica, a criatividade. Isso tem sido usado para ultrapassar as barreiras impostas pela falta de infraestrutura e o sistema tributário do país. Houve um avanço grande nos últimos anos após a estabilização da economia e o crescimento gerado por ela, porém, ainda há muito trabalho para fazer. Continuamos com muitos projetos e poucas implantações. Muitas promessas e poucas realizações. Em gestão e operação, as empresas globais vêm acompanhando muito bem essa evolução, mas falta muito para as nacionais evoluírem, embora se possa afirmar que é a logística que oferece o maior ganho competitivo às empresas brasileiras; sem dúvida alguma, o Brasil encontra-se atrás dos países LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 100 desenvolvidos e mesmo de alguns pares, como os países do BRIC, no que tange à infraestrutura. Vejamos o outro lado: o mercado, hoje estimado em R$ 300 bilhões, deve dobrar nos próximos cinco anos; no Brasil, ainda existe um enorme potencial a ser explorado. Apenas cerca de 5 % das empresas tratam a logística com a importância devida, seja por meio de um departamento interno ou da contratação de um operador. No Japão e na Europa, por exemplo, esse índice é de 30 %, e nos EUA é de 25 %. Nesse contexto, as empresas verão a necessidade de investir na logística em busca de competitividade. Mantendo a estabilidade econômica, fundos brasileiros e estrangeiros investirão no segmento; logo, a logística no Brasil tende a ter um futuro promissor. Atividade proposta Don Bowersox disse o seguinte: “a missão da logística é fazer mais com menos, até que se faça tudo com nada”. No mundo globalizado, as global players (empresas transnacionais) vêm tentando vender mais e ganhar mais com menos custo; isso posto, pergunta-se: • Elas estão conseguindo? • Se sim, o que estão fazendo para atingirem esse objetivo? Chave de resposta: Sim, estão conseguindo, por meio do uso de canais de venda diferenciados como outlets, sites de leilões e compras on-line, lojas de antiguidades, reciclagem, etc., e trabalhando com itens de temporadas passadas, usados em boas condições, com defeitos ou remanufaturados – aqueles que obtêm, cada vez mais, maior relevância na economia global, o chamado “mercado secundário”,retendo o valor para produtos que, de outra forma, seriam descartados. Além de aumentarem a lucratividade do produto, colaboram com a construção de uma cadeia de suprimentos mais sustentável. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 101 Aprenda Mais Material complementar Para saber mais sobre os assuntos discutidos até agora, leia o artigo “Análise – Uma década de logística: o que mudou no período?”, disponível em nossa biblioteca virtual. Para conhecer mais sobre o assunto, entre em nossa biblioteca virtual e baixe o artigo sobre a evolução do supply chain. Referências ARVIS, Jean-François. SG01 Infraestrutura Logística e a Prosperidade das Nações: desafios e oportunidades. Disponível em: http://www.ilos.com.br/ilos_2014/forum-internacional-de-supply- chain/forum-internacional-de-supply-chain-edicao-2013/sessoes- gerais/ Acesso em: 25 de set. 2014. MITI INTELIGÊNCIA. Soluções de inteligência no mercado. Disponível em: http://miti.com.br/web/solucoes-de-inteligencia-de- mercado/analise-de-tendencias/. Acesso em: 01 de out. 2014. PORTAL ADMINISTRADORES. Gestão de fornecedores é vantagem para empresários. Disponível em: http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/gestao-de- fornecedores-e-vantagem-para-empresarios/16401/. Acesso em: 01 de out. 2014. PORTAL LOGWEB. Análise - Uma década de logística: o que mudou no período? Disponível em: http://www.logweb.com.br/novo/conteudo/noticia/25496/analise-- uma-decada-de-logistica-o-que-mudou-no-periodo/. Acesso em: 01 de out. 2014. PORTAL LOGWEB. Profissionais de logística: um mercado em constante mudança. Disponível em: LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 102 http://www.pentaxo.com.br/lernoticia.asp?cod=29. Acesso em: 01 de out. 2014. Exercícios de fixação Questão 1 Assinale a única resposta fora do contexto para o conceito de “tendências”: a) Evolução de informações. b) Concepção de leituras gerais. c) Dedução de fatos. d) Conversão para anotações específicas. e) Consolidação em uma dinâmica que pode concretizar possibilidades. Questão 2 A análise de tendências contempla dados, fatos e insights potencializando linhas de pensamento e antecipando comportamentos, por meio de estudo de resultados e conceitos que auxiliam as marcas e as empresas em (assinale a única opção correta): a) Identificação de interesses de compras. b) Atenção do público-alvo. c) Antecipação a incidentes. d) Exploração da opinião pública. e) Panoramas evolutivos de marcas e empresas. Questão 3 O conceito da análise de repercussão refere-se ao fato de, no universo corporativo, tudo poder ser impactante, positiva e negativamente. Portanto, mensurar e compreender esse processo pode ser decisivo para as próximas ações. A análise da repercussão baseia-se essencialmente (assinale a única opção correta): a) Mensuração, exposição e abrangência. b) Opinião, segmentação e conclusão. c) Identificação, direcionamento e estratégia. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 103 d) Exposição, fortalecimento e engajamento de marcas. e) Relevância, influência e engajamento. Questão 4 Pesquisas de mercado garantem a tomada de decisões direcionadas, baseadas em dados e informações que guiam estratégias corporativas para (assinale a única opção fora do contexto): a) Identificação de público-alvo. b) Identificação de panoramas de mercado. c) Mensuração de índices de aceitação e rejeição. d) Mensuração de interesses e expectativas sobre marcas e produtos. e) Identificação de campanhas de produtos específicos. Questão 5 Os estudos sobre tendências e a sua análise também abrangem a logística porque o segmento não é visto somente como “transporte”, mas um processo integrado à cadeia produtiva. Uma das variáveis, ou fator, que mais impactou e continuará impactando as tendências logísticas no mundo é (assinale a única opção fora do contexto): a) Inovação tecnológica. b) Infraestrutura logística. c) Desenvolvimento econômico. d) Alterações na matriz energética. e) Impacto da Lei nº 12.619 nos custos do transporte rodoviário. Questão 6 No ambiente de negócios, praticamente em qualquer lugar do mundo, as pessoas estão sentindo o reflexo das transformações, seja pelas mudanças introduzidas internamente, seja pelas transformações no cenário externo (o declínio de antigas empresas “multinacionais” e o surgimento de novos competidores). O administrador de empresas enfrenta desafios totalmente novos. Essa realidade tem sido ampliada por (assinale a única opção errada): LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 104 a) Inovação tecnológica. b) Reflexos gerenciais. c) Transformações nas bases da concorrência. d) Surgimento de novos modelos de gestão. e) Mudanças significativas no perfil dos clientes. Questão 7 As grandes empresas tem lidado com uma crescente complexidade associada à expansão dos limites da logística, seja pelo aumento de requisitos do mercado, seja pela necessidade de desenvolvimento de um ________ global. Complete a lacuna: a) Método b) Network c) Trabalho d) Gerenciamento e) Processo Questão 8 Dentro da logística brasileira, temos problemas que persistem há décadas; dentre eles, apresentamos alguns, adiante. Sinalize aquele que não é mais um problema da atual logística brasileira: a) Falta de infraestrutura, investimentos e programas adequados às necessidades do mercado em todos os modais de distribuição e transporte. b) Conflito no real entendimento da dimensão da logística integrada interna e externamente nas empresas. c) Complexidade tributária e custos que norteiam o Brasil. d) Exígua formação de recursos humanos especializados em logística. e) Aplicação de conceitos, tecnologias e ferramentas. Questão 9 LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 105 O governo, além de aumentar o seu investimento em infraestrutura, deve preocupar-se com políticas públicas que eliminem a _______, e diminuam e equacionem a ___________. Complete as lacunas com uma das opções sugeridas: a) Burocracia/carga tributária b) Corrupção/educação c) Burocracia/logística d) Tributação/inovação tecnológica e) Corrupção/infraestrutura Questão 10 A área de recursos humanos voltada ao setor vem sofrendo alterações com a adoção de uma gestão profissionalizada, fortes investimentos em tecnologia e capacitação da mão de obra; mas, pensado o futuro, há algumas “grandes tendências” que devem ser observadas e equacionadas: I. O processo de terceirização da logística. II. Expansão do uso intensivo da tecnologia. III. O crescimento das parcerias estratégicas. IV. A sustentabilidade. V. Os profissionais da área. Dentre as opções sugeridas, assinale a única que corresponde à verdade. Estão corretas as opções: a) I, II, III, IV, V b) I, II, III, IV c) I, II, III d) Somente a I e) Somente a I e a II LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 106 Ad hoc: Algo (método, sistema, etc.) elaborado com um fim específico. Network: Rede de contatos que pode proporcionar valor a quem a possui. Aula 3 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: O conceito de tendências enfatiza que: tendências não são deduções, elas fazem uso de informações do presente e dados do passado, para prepararem o futuro, podendo concretizar possibilidades. Assim sendo, a resposta fora do contexto é a opção que se apresenta como “dedução de fatos”. Questão 2- E Justificativa: A análise de tendências ajuda as empresas e as marcas, por meio da análise de fatos, dados e insigths, a identificarem e definirem interesses de consumo, áreas e segmentos, nichos de mercado e, inclusive, panoramas evolutivos de marcas e empresas. Enfim, para tanto, a única opção se encontra dentro do contexto da análise de tendências. Questão 3 - A Justificativa: Na repercussão, é importante conhecer: a impressão da mídia, a abrangência de comentários, o percentual de exposição e a relevância dessa disseminação de conteúdo no ambiente on-line, considerando-se a concorrência e os consumidores. Partindo desse princípio, somente a opção “Mensuração, exposição e abrangência” corresponde à base da análise de repercussão. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 107 Questão 4 - E Justificativa: As pesquisas de mercado direcionam as decisões da empresa para a identificação do público-alvo, da mensuração de índices de aceitação e rejeição, mensuração de interesses e expectativas sobre marcas e produtos e também o lançamento de campanhas, não a identificação de campanhas de produtos específicos. Portanto, essa é a única opção que se encontra fora do contexto de pesquisa de mercado. Questão 5 - E Justificativa: Essa questão refere-se às variáveis e fatores que mais impactaram e ainda impactam as tendências logísticas no mundo. A opção “e. Impacto da Lei nº 12.619 nos custos do transporte rodoviário” está fora do contexto porque é uma variável exclusivamente brasileira, não mundial. Questão 6 - B Justificativa: O administrador no novo ambiente dos negócios enfrenta desafios devido às novas transformações internas e externas: novas tecnologias, concorrência, novos modelos de gestão, etc. No entanto, os reflexos gerenciais não se encontram no novo ambiente do mundo dos negócios. Questão 7 - B Justificativa: A complexidade do novo cenário logístico leva as empresas a se modernizarem e criarem novas ferramentas para entenderem os seus clientes, receberem opiniões e reclamações. O network é a resposta que completa a lacuna porque ele representa as redes criadas pelas empresas que lhes proporcionam valor. Questão 8 - E Justificativa: A aplicação de conceitos, tecnologias e ferramentas não é mais um problema das empresas de logística no Brasil: a grande maioria conhece e aplica conceitos, tecnologias e ferramentas. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 108 Questão 9 - A Justificativa: Essa questão enumera as providências que o governo brasileiro deve tomar para o bom funcionamento da logística e o desenvolvimento do país. Dentro desse contexto e consideradas as opções de respostas oferecidas, a alternativa “Burocracia/carga tributária” é o único gabarito correto. Questão 10 - A Justificativa: Todas as opções apresentadas estão corretas porque, segundo a nossa aula, elas são as cinco tendências que devem ser observadas e equacionadas pela área de recursos humanos no campo da logística. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 109 Introdução Nos últimos anos, muito se fala em globalização. Sabemos definir o que é globalização? Quais os impactos que ela tem causado no nosso dia a dia? E na gestão das empresas, será que ela também causou grandes alterações? Em nossas aulas, estudamos esse assunto indiretamente. Esta é a nossa última aula. Vamos aproveitá-la para fechar esse assunto conferindo os impactos e as interfaces na cadeia produtiva. Também abordaremos outro assunto não menos importante: como ficou o comércio internacional e como ele se integrou à logística, no contexto da globalização. Vamos começar? Objetivo: 1. Apresentar o impacto e as interfaces da globalização na cadeia produtiva: outsourcing, estoque, transportes, etc. 2. Comentar sobre as operações internacionais no mundo globalizado: os INCOTERMS (2010), as operações de importação e exportação e seus desdobramentos no contexto da logística. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 110 Conteúdo Globalização Vamos iniciar nossa aula expondo o “conceito” de globalização: Será que existe de fato um conceito para globalização ou existem diversas teorias sobre esse fenômeno ou movimento que provocou transformações que causaram impactos na vida social, econômica, cultural, política, jurídica e religiosa de todos os povos do planeta? Na verdade, não há uma identificação dos experts com relação à teoria conceitual de globalização, mas pode ser entendida como um aumento das negociações (operações) entre os países, considerando investimentos externos, estruturas de mercado, organização da produção, tecnologia, comunicação e outras. Uma economia globalizada consiste em um fenômeno complexo, um neologismo pouco preciso, caracterizando-se diferentemente nas distintas esferas das relações econômicas internacionais – produtiva, comercial, tecnológica e monetário-financeira, não correspondendo, portanto, ao somatório das atividades internacionais devido ao envolvimento das múltiplas variáveis que dela fazem parte. A globalização causou impactos em todos os segmentos de um país e, consequentemente, na vida do seu povo. Não nos cabe analisar se os impactos foram todos positivos, todos negativos ou positivos e negativos ao mesmo tempo. O que necessitamos entender é que a globalização é uma realidade e necessitamos, como país e como povo, não só aprender a conviver com ela, mas aproveitar o que ela tiver de melhor. Desde a nossa primeira aula, estamos falando dos impactos da globalização na cadeia produtiva, se continuarmos falando sobre esse assunto (apesar de ele ser inesgotável) será redundância. Deve ser lembrado, no entanto, que para LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 111 que haja uma maior eficiência na cadeia produtiva e, consequentemente, na logística, é necessário que toda a cadeia aja com integração, consolidando parcerias, otimizando e racionalizando processos internos e externos que facilitem os fluxos de materiais e informações. Vamos aproveitar esta aula para falarmos um pouco mais sobre o assunto, focando itens que ainda não foram trabalhados nas aulas anteriores, como por exemplo: Suplly Chain e o tipo de negócio. Suplly Chain e o tipo de negócio: Puxado (Pull System) ou Empurrado (Push System) Quando falamos em Just In Time, normalmente comentamos sobre a produção puxada e a produção empurrada. Dizemos que a produção é puxada (ou modelo de negócio reativo) quando produzir, seja qual for o produto, não necessita de estoque (conceito de estoque zero/reduzido/mínimo). A produção tem início quando o pedido do cliente (demanda) entra na fábrica, tendo como base a demanda real. O processo produtivo “puxa” as peças fabricadas no processo anterior, eliminando a programação das etapas do processo produtivo através do MRP. A produção empurrada (ou modelo de negócio preventivo) produz para estoque com base em uma previsão de demanda irreal (especulativa) para haver tempo para entregar o produto ao cliente. “Todo o processo pode (deve) ser subdividido em empurrado e puxado. A separação entre um ponto e outro é o ponto de entrada do pedido (do cliente).” Postponement (prorrogação) e as barreiras a sua implementação Comentamos sobre postponement quando falamos das estratégias competitivas. Na ocasião, dissemos que ele é a postergação da produção para atendimento ao cliente com o mínimo de erro, ou seja, trata-se de “customização” de produtos, conhecer a vontade e o desejodo cliente. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 112 Algumas etapas da cadeia produtiva ficam em fase de espera até ser conhecida a demanda (pedido, a vontade do cliente). Para ficar mais claro, considere o exemplo da compra de um veículo. O cliente, quando vai comprar um carro, pode escolher a cor. Portanto, o carro só é pintado quando o pedido desse cliente chega com a indicação da cor escolhida. O carro pode estar pronto ou semipronto, aguardando somente a pintura, os acessórios etc... Postponement apresenta algumas barreiras em sua implantação devidas ao desconhecimento. Fala-se em postponement, mas ainda não existe um modelo para a sua implantação. As cadeias mais propícias a sua implantação são aquelas que têm processos produtivos modulares, produtos modulares e o projeto de cadeia de suprimento ágil. Há necessidade de fazer a viabilidade do projeto, medindo custos para avaliar o efeito conjunto de oportunidades de postponement para uma determinada situação, o que exige um pleno conhecimento da composição dos custos totais de sua cadeia de distribuição bem como uma boa noção dos trade-offs envolvidos entre os membros que a constituem. As vantagens da implementação do Postponement estão diretamente ligadas ao preço do produto, à variação da demanda e, principalmente, ao estoque. É mais fácil manter produtos em estoque semiacabados do que prontos, além, é claro, do atendimento à vontade específica do cliente... Outsourcing na cadeia produtiva Este assunto foi abordado quando estudamos o global sourcing, mas não podíamos deixar de mencionar o outsourcing como uma das práticas usuais na cadeia produtiva. Assim, de uma forma bastante simplificada, podemos dizer que o outsourcing, tal como o global sourging, é uma das formas de suprimento na cadeia produtiva, a chamada terceirização estratégica. As empresas podem terceirizar parte(s) do processo produtivo ou de serviços. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 113 Por outro lado, este conceito simplista não deve limitar a visão à "terceirização", porque o outsourcing envolve a opção por uma relação de parceria e cumplicidade com um ou mais fornecedores da cadeia produtiva, enquanto a terceirização pode significar apenas um negócio, uma decisão operacional. O outsourcing deve ter como base a maximização do retorno dos investimentos em custos, qualidade, serviço e tempo de atendimento ao cliente final, liberando a empresa para o foco central da sua atividade fim. Vejamos alguns dos benefícios relacionados ao outsourcing: Redução e controle de custos operacionais. Liberação de recursos internos para outras atividades relacionadas ao foco central do negócio da empresa. Redução do lead-time interno. Redução no custo de produção. Os riscos não podem ser esquecidos, eles estão relacionados à competência técnica do fornecedor. Assim, podemos falar sobre: falhas no fornecimento, que podem gerar perda de credibilidade das empresas envolvidas junto ao mercado; e falta de capacitação para adaptação rápida às crescentes inovações tecnológicas do mercado global, que podem abrir espaço para os concorrentes. Estoque O estoque normalmente representa o segundo maior componente do custo logístico, depois do transporte. Os riscos associados à manutenção de estoques aumentam à medida que os produtos se aproximam do cliente, porque é maior o potencial do produto estar no local errado ou na forma errada e os gastos para a distribuição já terem sido realizados. A gestão do estoque não é uma tarefa simples na cadeia produtiva, a falta de estoque pode provocar a perda de vendas para o concorrente, mas por outro lado, a manutenção de estoques pode ocasionar outros riscos como: LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 114 obsolescência, furtos, danos, além do custo de manutenção deles, que é diretamente influenciado pelo custo do capital investido. A especialização geográfica, o desacoplamento, o equilíbrio entre oferta e demanda e a proteção contra as incertezas do mercado e da economia, entre outras, devem estar presentes neste estudo. Assim, devem ser considerados: o estoque do ciclo de reabastecimento, o estoque de segurança e estoque em trânsito. O gerenciamento de estoque deve usar uma combinação da lógica reativa (pull system) e de planejamento (push system). Os métodos de planejamento de estoque oferecem o potencial para o gerenciamento de estoque eficaz porque aproveitam o aumento das informações e das economias de escala. A lógica adaptativa combina as duas alternativas dependendo do produto e das condições do mercado. A colaborativa, através do estoque em conjunto, oferece uma forma das partes da cadeia de suprimentos obterem uma maior eficiência e eficácia. • Especialização geográfica: permite o posicionamento geográfico ao longo de diversas unidades de produção e distribuição de uma empresa. Estoques mantidos em diferentes locais e etapas do processo de criação de valor permitem a especialização. • Desacoplamento: permite a economia de escala dentro de uma única instalação e que cada processo opere com eficiência máxima. • Equilíbrio entre oferta e demanda: equilibra o tempo decorrido entre a disponibilidade de estoque (fabricação, desenvolvimento ou extração) e o consumo. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 115 • Proteção contra incertezas: evita a incerteza relacionada à demanda em excesso provocada por atrasos previstos ou inesperados no recebimento e no processamento de pedidos na entrega. É o chamado estoque de segurança. Embora a logística tenha feito progressos significativos na redução do estoque geral da cadeia de suprimentos, o estoque adequadamente distribuído gera valor e reduz o custo total. Como estratégia de marketing/fabricação específica, os estoques planejados e comprometidos para as operações só podem ser reduzidos a um nível coerente com o desempenho das quatro funções do estoque. Todos os estoques que ultrapassam o nível mínimo representam excesso de comprometimento. Transporte O transporte é uma das principais funções logísticas. Além de representar a maior parcela dos custos logísticos na maioria das empresas, possui um papel fundamental no desempenho da distribuição e serviço ao cliente. Do ponto de vista de custos, representa, em média, cerca de 60% das despesas logísticas, o que em alguns casos pode significar duas ou três vezes o lucro da empresa. No Brasil, o transporte representa em torno de 35% do custo do produto. Em virtude da globalização e do consequente aumento das transações globais, uma nova forma de se executar o transporte vem sendo consolidada: o uso de um único transportador, com responsabilidade total sobre a carga ao longo de todo o percurso porta a porta (house to house ou door to door). Este procedimento é conhecido como transporte multimodal. Os grandes terminais internacionais para embarque e desembarque de mercadorias estão se transformando em HUBS, grandes portos e aeroportos internacionais, conectados por transbordo a outros de menor porte, com importância logística regional. Para compreendermos melhor o que estamos estudando, vamos relembrar que existem diversos modais de transporte: rodoviário, ferroviário, aéreo, LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 116 hidroviário (aquaviário), aéreo e dutoviário (a mais recente modalidade de transporte de produtos). Vamos aproveitar para falar também sobre a classificação dos modais quanto ao número de veículos utilizados: UNIMODAL:O transporte é realizado utilizando somente um modal de transporte, portanto um único veículo e um único contrato de transporte. SUCESSIVO: A carga é transportada por um ou mais veículos da mesma modalidade, utilizando mais de um contrato de transporte. SEGMENTADO (Intermodal): A carga é transportada por um ou mais veículos de uma ou mais modalidades, em vários estágios, com diversos contratos de transporte (diversos transportadores). MULTIMODAL: O transporte é realizado em caráter sistêmico, por diversas modalidades de transporte (no mínimo duas), um único contrato de transporte (o OTM é o único responsável perante o dono da carga, emitindo o Combined Bill of Lading) e uma única apólice de seguro. Esta modalidade de transporte é regulamentada no Brasil pela Lei 9.611 de 19.02.98. O Brasil é signatário pleno da Convenção Internacional para o Transporte Multimodal de Cargas. Transporte e logística No transporte internacional, o OTM deve, obrigatoriamente, fazer a consolidação da carga, caso a mesma não esteja unitizada. Todo o Operador de Transporte Multimodal é automaticamente habilitado como Agente Consolidador. Porém, a maioria dos Transitários (Freight Forwarders) e os Non Vessel Operator - Common Carrier - NVOCC não são habilitados juridicamente a emitir o Conhecimento de Carga Multimodal (Combined Bill of Lading - CBL). LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 117 Uma das importantes atividades da logística, inclusive a Internacional, é selecionar adequadamente os terminais para a saída e a chegada das mercadorias. O tempo de trânsito (transit time) internacional é um dos fatores importantes na competitividade, semelhante ao preço e à qualidade dos produtos. Entregas mais rápidas reduzem os estoques e os respectivos custos. O aumento do transit time prejudica a imagem das empresas, associando-as à ineficiência e a custos mais elevados, além de provocar: • Falta de estoque ou mesmo a paralisação de uma planta industrial quando se trata da importação de insumos; • Pagamento de multas contratuais pelo atraso no prazo de entrega a clientes, podendo até envolver a cobrança de lucros cessantes. Os portos e aeroportos são os terminais de integração entre as operações nacionais e internacionais de movimentação de cargas. Os grandes terminais internacionais que exercem o papel de concentradores e distribuidores de cargas são conhecidos como HUBS (ports ou airports). Um dos aspectos econômicos primordiais para o desenvolvimento de um HUB é a proximidade de zonas com forte intercâmbio na produção e consumo de produtos industrializados. A escolha do transporte deve levar em consideração três pontos primordiais, o chamado trinômio do transporte: quantidade, custo e tempo. Considerando que existe um trade-off entre o fator “quantidade” e o fator “custo”: quando aumenta a quantidade de produto transportado, tende a diminuir o custo unitário do frete. Outro assunto a ser considerado e estudado no transporte nacional, e, principalmente, no internacional, é o seguro das cargas. Fazer um transporte sem seguro é um risco que o dono da carga não deve correr. O conhecimento LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 118 das classes de riscos a que as mercadorias transportadas estão sujeitas pode trazer economias e a possibilidade de realização de trade-offs nesse segmento. Logística integrada e comércio internacional Agora falaremos sobre os termos dos contratos internacionais (Incoterms – International Commercial Terms). Os INCOTERMS surgiram em 1936, quando a Câmara Internacional do Comércio - International Chamber of Commerce, com sede em Paris, interpretou e consolidou as diversas formas contratuais que vinham sendo praticadas no comércio internacional, de forma a possibilitar a sua definição precisa em qualquer país. Os INCOTERMS constituem a base dos negócios internacionais e objetivam promover sua harmonia. Para acompanharem a dinamicidade do comércio internacional, sofrem atualizações, normalmente a cada dez anos. A última atualização foi em 2010, que passou a vigorar a partir de 01/01/2011, composta por onze termos. Esses modelos de contrato definem com precisão as obrigações que são da responsabilidade do vendedor (exportador) e do comprador (importador) nos contratos comerciais. Assim, antes de iniciar o planejamento do processo logístico internacional e a quantificação dos respectivos custos, analise atentamente qual foi a modalidade contratual negociada no contrato de compra e venda. São representados por siglas de três letras e simplificam os contratos de compra e venda internacional ao contemplarem os direitos e obrigações mínimas do vendedor e do comprador quanto às tarefas adicionais ao processo de elaboração do produto. Por isso, são também denominados "cláusulas de preço", pelo fato de cada termo determinar os elementos que compõem o preço da mercadoria, adicionais aos custos de produção. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 119 Atenção Os Incoterms são divididos em quatro grupos: • Grupo E (partida – entrega nas instalações do exportador) – EXW; • Grupo F (transporte internacional não pago pelo exportador) – FCA, FAS e FOB; • Grupo C (transporte internacional pago pelo exportador) – CPT, CIP, CFR e CIF; • Grupo D (Delivery – entrega no país de destino pelo exportador) – DAT, DAP e DDP. Nos termos EXW, FCA, FAS, FOB, DAT, DAP e DDP, o local nomeado é o de entrega e onde ocorre a transferência da propriedade e do risco ao comprador. Nos termos CPT, CFR, CIP e CIF, o local nomeado difere do local de entrega. O local nomeado é aquele até onde o transporte é pago. O local de entrega, com transferência da propriedade e do risco, é no país do vendedor, definido pelas partes. Quanto aos modos de transporte, EXW, FCA, CPT, CIP, DAT, DAP e DDP, podem ser utilizados para qualquer modalidade de transporte e o grupo FAS, FOB, CFR e CIF, somente podem ser utilizados no transporte aquaviário/hidroviário (marítimo, fluvial e lacustre). Significado Jurídico É importante observar que os INCOTERMS são de uso facultativo. Porém, ao serem definidos nos contratos, passam a ter força legal com o seu significado jurídico preciso e efetivamente determinado. Assim, simplificam e agilizam a elaboração das cláusulas dos contratos de compra e venda. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 120 É imprescindível que o profissional de logística domine os INCOTERMS, de forma a incluir todas as suas despesas no preço a ser combinado pela área comercial. EXW - Ex Work (na origem, local de entrega designado): Local de entrega é igual ao local designado, significando que riscos e custos transferem- se do vendedor para o comprador no mesmo local, normalmente nas instalações do vendedor: fábrica, armazém, produção, etc... FCA - Free Carrier (livre no transportador, local de entrega designado): Local de entrega igual ao local designado, significando que riscos e custos transferem-se do vendedor para o comprador no mesmo local, normalmente na transportadora, designada pelo importador. CPT - Carriage Paid To (transporte pago até... local de destino designado): Local de entrega diferente do local de destino designado, significando que riscos e custos transferem-se do vendedor para o comprador em locais diferentes. O produto é entregue ao importador no país de origem, em local por ele designado. Os riscos também são passados para o importador neste local, embora o exportador pague os custos(transporte internacional) até ao porto de destino. CIP - Carriage and Insurance Paid (transporte e seguro pago até... local de destino designado): Local de entrega diferente do local de destino designado, significando que riscos e custos transferem-se do vendedor para o comprador em locais diferentes. O produto é entregue ao importador no país de origem, em local por ele designado. Os riscos também são passados para o importador neste local, embora o exportador pague os custos (transporte internacional e seguro internacional) até ao porto de destino. DAT - Delivered At Terminal (produto entregue no terminal, no porto ou local de destino designado): Custos e riscos para o vendedor até, e LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 121 inclusive, o descarregamento do veículo transportador. Local de entrega do produto no local de destino designado, significando que riscos e custos transferem-se do vendedor para o comprador no mesmo local, o terminal rodoviário, ferroviário, porto ou aeroporto no país de destino. DAP - Delivered At Place (produto entregue no local de destino designado): A mercadoria é entregue ao comprador no veículo transportador no destino designado, sem descarregamento. Isto pode ocorrer no navio ou em qualquer outro lugar designado pelo importador no país de destino. DDP - Delivered Duty Paid (produto entregue no destino designado, com “direitos” pagos): Local de entrega no local de destino designado, significando que riscos e custos transferem-se do vendedor para o comprador no mesmo local, no país de destino. Neste termo o exportador é responsável, inclusive, pela nacionalização da mercadoria no país do importador, pagando todos os impostos (direitos). Transporte Aquaviário/Hidroviário (marítimo, fluvial e lacustre) FAS - Free Alongside Ship (produto livre no costado do navio, porto de embarque designado): Local de entrega no local designado, significando que riscos e custos transferem-se do vendedor para o comprador no mesmo local. Este local é junto ao navio, no porto de origem. FOB - Free On Board (livre a bordo do navio, porto de embarque designado): Local de entrega no local designado, significando que riscos e custos transferem-se do vendedor para o comprador no mesmo local. O produto é entregue dentro do navio no porto de origem. CFR - Cost and Freight (custo e frete, porto de destino designado): Local de entrega diferente do local de destino designado, significando que riscos e custos transferem-se do vendedor para o comprador em locais LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 122 diferentes. O produto é entregue ao importador no porto do país de origem, dentro do navio. Os riscos também são passados para o importador neste local, embora o exportador pague os custos (transporte internacional) até o porto de destino designado pelo importador. CIF – Cost, Insurance and Freight (custo, seguro e frete, porto de destino designado): Local de entrega diferente do local de destino designado, significando que riscos e custos transferem-se do vendedor para o comprador em locais diferentes. O produto é entregue ao importador no porto do país de origem, dentro do navio. Os riscos também são passados para o importador neste local, embora o exportador pague os custos (transporte internacional e seguro internacional) até ao porto de destino designado pelo importador. Operações internacionais Chegamos ao último item da nossa matéria. Aprendemos a importância da gestão da cadeia de suprimentos no mercado interno e internacional e como as global players ou as empresas transnacionais (o termo multinacional está em desuso) vêm aplicando esses conceitos no mercado interno e no internacional. Aprendemos também que um dos itens importantes é o povo, pois biótipo e cultura, não raras vezes, alteram a apresentação do produto ou suas características (são os chamados produtos bond culture), o que leva a gastos diferenciados dos mercados internos. Conhecer a cultura local e, o mais importante, adaptar os produtos a essa cultura, são necessidades da empresa transnacional. Quanto aos produtos free culture (aqueles que independem de influências culturais), podem ser negociados em qualquer parte do mundo sem esse custo adicional. Como as empresas escolhem os mercados onde vão colocar os seus produtos e qual a melhor forma de fazê-lo? LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 123 Quanto aos mercados, elas podem optar pelos maduros, emergentes, em crescimento ou os classificados como plataformas. Essas decisões são próprias de cada empresa, elas definem a forma mais conveniente de se estabelecerem internacionalmente e em quais mercados. Observe algumas formas (modelos) que as empresas podem utilizar para colocar seus produtos no mercado internacional: Subsidiárias (Integrais) no Exterior: Empresa aberta em outro país, cuja empresa matriz detém 50% ou mais das suas ações. Quando não há incorporação, as empresas estrangeiras são denominadas filiais. Consome elevados recursos e oferece risco total, mas detém o controle das operações e do patrimônio em território estrangeiro. Exige boas relações governamentais e um forte comprometimento com o mercado local. Indicado para entrantes precoces nos mercados em crescimento. Joint Ventures: A empresa Transnacional compartilha o capital investido e os riscos de um novo negócio com uma empresa local de forma a dispor de uma maior escala operacional. Aumenta o conhecimento da legislação e peculiaridades locais. Permite maior acesso aos financiamentos e à rede de distribuição. Garante maior retorno do capital investido e possibilita um bom controle das operações gerando sinergia com o país anfitrião. Franquias (franchising ou franchise): Contratos com empresas locais para a cessão do direito de uso da sua marca, patente, infraestrutura, know-how e direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços, sob o pagamento de royalties. Demanda poucos recursos e contorna barreiras protecionistas, dando acesso a mercados fechados. Gera receitas pequenas e favorece a formação de um concorrente local em potencial, com o risco de perda da marca nesse local. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 124 Licenciamentos: O licenciamento é semelhante à franquia com a diferença de não envolver nenhuma assistência (somente a concessão de direitos) nem padrões do negócio. Exportação: Esta forma de inserção no mercado internacional pode ser realizada das seguintes formas: Exportação Direta: requer traders ou implantação de um escritório local, tem comprometimento de recursos e mão de obra. A empresa tem total controle sobre o processo, mas com alta exposição e risco. Exportação Cooperativa: A empresa faz acordos para uso da rede de distribuição de terceiros no país-alvo. Exige pouco investimento, mas assegura algum controle sobre o processo. Este método é indicado para empresas que não têm experiência no mercado internacional. Exportação Indireta: A empresa usa tradings ou corretores que atuem no mercado-alvo. Não exige investimento, mas a empresa não tem controle sobre o processo. Fusões e Aquisições: O novo entrante se funde ou adquire uma empresa já existente no local começando a operar de imediato. Corre o risco do choque cultural, compra de fábricas obsoletas, dívidas trabalhistas e xenofobia. É uma das opções mais indicada para entrantes tardios no mercado internacional. Regimes aduaneiros especiais Ao longo das nossas aulas, falamosde exportação, de importação de internacionalização de empresas e das formas mais usuais de fazê-lo. Os países, em geral, dão apoio aos importadores e, principalmente, aos exportadores, as empresas que distribuem os produtos nacionais no exterior e LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 125 contribuem para manter positivo o saldo da balança comercial. Não poderia ser diferente no Brasil. Esse apoio pode ser sob a forma de legislação relacionada a procedimentos que facilitem as importações e as exportações, pode ser sob a forma de tributação (redução, isenção ou suspensão de impostos) ou ainda sob a forma de armazenagem na zona primária ou na zona secundária. Essas últimas disposições, no Brasil, são chamadas de regimes aduaneiros especiais. A Receita Federal, sob determinadas situações específicas, para fomentar negócios em algum setor econômico, isenta ou suspende temporariamente, os tributos incidentes sobre as importações. Portanto, antes de compor as planilhas de custo relativas à importação, é importante analisar esses aspectos. Observe para conhecer os tipos de regimes aduaneiros especiais. Trânsito Aduaneiro Especial: Iniciamos com este regime porque é ele que permite o transporte de mercadoria, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro com suspensão do pagamento de tributos. Aplica-se a operações de importação e exportação em curso e tráfego de mercadorias estrangeiras. Exemplo: A empresa XYZ, localizada em Brasília, importou uma mercadoria para ser usada em Brasília, mas chegou através do Porto de Santos. Desembaraçando esta mercadoria em Santos pagará o ICMS de São Paulo, mas em Brasília, a alíquota do ICMS é inferior à do estado de São Paulo. Como a mercadoria será consumida (usada) em Brasília, é mais conveniente que ela seja desembaraçada neste estado. A mercadoria está sob controle aduaneiro, ou seja, ainda não foi nacionalizada, então se faz necessária uma autorização especial para o transporte que se chama DTA – Declaração de Trânsito Aduaneiro. Sempre que houver necessidade de deslocar uma mercadoria nestas condições, será utilizado este regime aduaneiro. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 126 Entreposto Aduaneiro: Utilizado na importação e na exportação, permite a armazenagem em local alfandegado com suspensão do pagamento dos tributos, sob controle fiscal. Na exportação, o regime classifica-se como comum ou extraordinário. Na modalidade comum, a mercadoria pode permanecer no regime pelo prazo de um ano, prorrogável por mais um ano, e na modalidade extraordinário o prazo de permanência no regime é de 90 dias. Na importação, permite a armazenagem em recinto alfandegado de uso público ou em feiras, congressos, ou outros eventos realizados em recinto alfandegado para este fim. A mercadoria pode permanecer no regime por um ano, prorrogável por mais um ano ou pelo prazo estabelecido para alfandegamento do recinto do evento. O recinto alfandegado que tenha sido credenciado para realizar atividades de industrialização denomina-se: aeroporto industrial, plataforma portuária industrial ou porto seco industrial, de acordo com o tipo de mercadoria importada. Depósito Alfandegado Certificado – DAC: Permite a realização de uma exportação sem a transferência física imediata da mercadoria para o exterior, mediante a emissão de um contrato denominado DUB (Delivery Under Customs Bond) e entrega da mercadoria em local alfandegado autorizado a operar o regime, designado pelo importador. Enquanto a mercadoria se encontrar sob o regime, estão suspensos todos os impostos referentes à operação, inclusive o ICMS. Este regime pode antecipar o recebimento da exportação pela segurança que transmite ao importador. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 127 Depósito Afiançado – DAF: Permite o estoque, com suspensão dos impostos de mercadorias importadas sem cobertura cambial, destinadas à manutenção e reparo de embarcações e aeronaves utilizadas no transporte comercial internacional, de empresas autorizadas a operarem neste ramo. Pode ser utilizado para provisões de bordo de empresas estrangeiras e para empresas estrangeiras que operem no transporte rodoviário. Depósito Especial – DE: O importador pode estocar no seu estabelecimento insumos importados sem cobertura cambial, com suspensão do pagamento dos impostos. A mercadoria pode ficar neste regime pelo prazo de 5 anos, a contar da data do seu desembaraço, na importação. Este regime permite às empresas dos setores de transportes (não incluindo o rodoviário), infraestrutura e outros, bem como às empresas de logística, um sistema semelhante ao Just In Time, proporcionando-lhes uma diminuição nos seus custos operacionais. Depósito Franco: Permite a armazenagem de mercadoria estrangeira em recinto alfandegado para atender ao fluxo comercial de países limítrofes com terceiros países. Sua concessão é celebrada através de Acordo ou Convênio Internacional firmado pelo Brasil. Alguns Depósitos Francos: Belém/Peru, Corumbá/Bolívia, Manaus/Equador, Paranaguá/Paraguai e Bolívia, Porto Velho/Bolívia, Rio Grande/Paraguai e Santos/Bolívia e Paraguai. Drawback: Podemos definir drawback como o retorno do saque; no caso do regime, retorno dos impostos pagos em parte ou no todo, quando da importação ou compra no mercado interno, de produtos (matérias-primas, insumos, peças, LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 128 equipamentos, embalagens) que serão objeto de beneficiamento para serem exportados. O drawback tem como objetivo incentivar as exportações, tornando os preços dos produtos mais competitivos no mercado internacional (através da redução dos impostos). A economia é uma cadeia, logo, todos os segmentos produtivos são envolvidos no processo, gerando emprego e, consequentemente, riqueza. O drawback pode ser concedido para produtos que serão submetidos a operação que se caracterize como beneficiamento, industrialização, transformação, montagem, renovação, condicionamento, acondicionamento ou reacondicionamento com alteração do produto e agregação de valor. A princípio, todos os produtos passíveis de importação podem utilizar este regime. Não é permitido o seu uso para petróleo e seus derivados. O drawback funciona em três modalidades: Suspensão – Esta modalidade diz respeito à aquisição no mercado interno ou à importação de forma combinada ou não, de mercadoria para emprego ou consumo na industrialização de produto a ser exportado, com suspensão dos tributos exigíveis na importação e na aquisição no mercado interno. Isenção – Refere-se à importação de mercadoria equivalente em qualidade e quantidade à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento do produto exportado, com isenção dos tributos exigíveis. Esta modalidade é utilizada como uma reposição de estoque dos produtos importados e já exportados. Restituição – Esta modalidade refere-se à restituição total ou parcial dos impostos que incidiram sobre a importação de mercadoria posteriormente exportada após beneficiamento ou fabricação, etc... Nesta modalidade, não há reposição de estoque e, sim, restituição dos tributos. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 129 O drawback tem prazo de validade de um ano, prorrogável por mais um ano, a contar da data de deferimento do Ato Concessório. Entreposto Industrial sob Controle Informatizado- RECOF: Permite a aquisição no mercado internoou externo de mercadorias, com ou sem cobertura cambial, com suspensão do pagamento de impostos, sob controle aduaneiro informatizado (software desenvolvido pelo beneficiário que possa ser inteligado aos controles da RFB e gere relatórios mensais das mercadorias), a serem submetidas a processo de industrialização, beneficiamento, transformação ou montagem de produtos destinados à exportação. Caso os produtos venham a ser vendidos no mercado interno (em parte ou na sua totalidade), será obrigatório o recolhimento dos impostos. Atualmente, está restrito à indústria automotiva, aeronáutica, informática, telecomunicações, semicondutores e componentes de alta tecnologia para eletrônica, informática e telecomunicações. A RFB determina as mercadorias passíveis de admissão neste regime e dita outras medidas e exigências para uso do mesmo. Este regime é um incentivo às exportações, embora os incentivos sejam atribuídos às mercadorias importadas. Loja Franca: Este regime concede ao estabelecimento localizado na zona primária de porto ou aeroporto alfandegado a permissão para vender mercadoria nacional ou estrangeira, aos passageiros em viagem internacional, com pagamento em moeda nacional ou estrangeira (espécie, cheque-viagem, cartão de crédito). Os bens vendidos nas lojas francas ou free shops são importados obrigatoriamente em consignação. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 130 RECOM – Importação de Insumos Destinados à Industrialização por Encomenda de Produtos Classificados nas Posições 8701 a 8705 da NCM: As empresas podem importar, sem cobertura cambial, insumos destinados à industrialização por encomenda, de veículos rodoviários, por conta e ordem de pessoas jurídicas encomendantes, domiciliadas no exterior, com pagamento do II, mas com suspensão do IPI. O objetivo deste regime é atrair as montadoras de veículos, um dos maiores segmentos da indústria. REPETRO – Exportação e Importação de Bens Destinados às Atividades de Pesquisa e lavra das Jazidas de Petróleo e de Gás Natural: Este regime, como o próprio nome indica, tem o objetivo de desonerar os investimentos nas atividades de pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás natural. Tem sido e continua sendo um grande impulso à produção nacional, contribuindo para a autossuficiência do país neste setor energético. Os bens listados pela RFB podem entrar no país através de três regimes especiais ou da combinação, entre eles: Através do Regime de Admissão Temporária para serem utilizados diretamente neste setor produtivo. Uso da Exportação Ficta: Processo de exportação normal, porém as mercadorias não deixam o território nacional. Devem ser entregues no local combinado com o importador, no Brasil, entrando em seguida no regime de Admissão Temporária. Uso do Regime Especial denominado Drawback Suspensão - Compra de produtos ou insumos no mercado externo ou nacional, que serão utilizados na LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 131 fabricação de bens a serem exportados no regime de Exportação Ficta e, em seguida, enquadrados no regime de Admissão Temporária. Este regime é utilizado na importação de plataformas e outros equipamentos destinados à indústria petrolífera. REPEX – Importação de Petróleo Bruto e seus Derivados: Como o próprio nome indica, este regime suspende o pagamento dos impostos na importação do petróleo bruto e seus derivados. O regime é extinto quando é comprovada a exportação de produto com as mesmas especificações de origem nacional ou importada. Este regime pode e deve ser utilizado no equilíbrio do mercado interno: importação de petróleo leve e exportação de petróleo pesado, por exemplo. Reporto – Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária: Possibilita aos beneficiários (operador portuário, concessionário de porto organizado, empresa de dragagem, concessionário de recinto alfandegado de zona secundária e outros), a aquisição de máquinas, equipamentos e outros bens, com suspensão de tributos, de forma a reduzir os custos de investimento em ativo imobilizado e, assim, reequipar e modernizar a área portuária nacional. Regimes aduaneiros especiais aplicados em áreas especiais Foram criados para atender a determinadas situações econômicas peculiares de polos regionais, através da desoneração de impostos, implementada por políticas de desenvolvimento e crescimento econômico para esses polos. Áreas de Livre Comércio – ALC: Constituem áreas de livre comércio de importação e de exportação as que, sob regime fiscal especial, são estabelecidas com a finalidade de promover o desenvolvimento de áreas fronteiriças específicas da região norte do país e de incrementar as relações LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 132 bilaterais com os países vizinhos. São configuradas por limites que envolvem, inclusive, os perímetros urbanos dos municípios de Tabatinga (AM), Guajará- Mirim (RO), Boa Vista e Bonfim (RR), Macapá e Santana (AP) e Brasiléia, com extensão para o município de Epitaciolândia, e Cruzeiro do Sul (AC). A entrada de produtos estrangeiros nas áreas de livre comércio será feita com suspensão do pagamento dos impostos de importação e sobre produtos industrializados, que será convertida em isenção quando os produtos forem destinados a: consumo e venda internos, beneficiamento, em seu território, de pescado, recursos minerais e matérias-primas de origem agrícola ou florestal, piscicultura, agropecuária, agricultura, instalação e operação de atividades de turismo e serviços, estocagem para comercialização no mercado externo e outras. Zona Franca de Manaus – ZFM: É uma área de livre comércio de importação e de exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário, dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância a que se encontram os centros consumidores de seus produtos. A entrada de mercadorias estrangeiras na Zona Franca de Manaus, destinadas a seu consumo interno, industrialização em qualquer grau, inclusive beneficiamento, agropecuária, pesca, instalação e operação de indústrias e serviços de qualquer natureza, bem como a estocagem para reexportação, será isenta dos impostos de importação e sobre produtos industrializados. Entreposto Internacional da ZFM – EIZOF: O regime de entreposto internacional da Zona Franca de Manaus é o que permite a armazenagem, com suspensão do pagamento de tributos, de mercadorias estrangeiras importadas e destinadas à: Venda por atacado para a Zona Franca de Manaus e para outras regiões do território nacional; LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 133 Comercialização na Zona Franca de Manaus, na Amazônia Ocidental ou nas áreas de livre comércio de matérias-primas, produtos intermediários, materiais secundários e de embalagem, partes e peças e demais insumos, importados e destinados à industrialização de produtos na Zona Franca de Manaus; mercadorias nacionais destinadas à Zona Franca de Manaus, à Amazônia Ocidental, às áreas de livre comércio ou ao mercado externo e mercadorias produzidas na Zona Franca de Manaus e destinadas aos mercados interno ou externo. Zona de Processamento de Exportação – ZPE: Caracterizam-se como áreas de livre comércio de importação e de exportação, destinadas à instalação de empresas voltadas para a produção de bens a serem comercializadosno exterior, objetivando a redução de desequilíbrios regionais, o fortalecimento do balanço de pagamentos e a promoção da difusão tecnológica e do desenvolvimento econômico e social do país. As importações efetuadas por empresa autorizada a operar em zonas de processamento de exportação serão efetuadas com suspensão do pagamento do imposto de importação, do imposto sobre produtos industrializados, da COFINS-Importação, da contribuição para o PIS/PASEP-Importação e do adicional ao frete para renovação da marinha mercante. Atividade proposta Imagine que uma produtora brasileira de cachaça, sem experiência no comércio internacional, tenha sido convidada a expor seus produtos na França, durante o ano França-Brasil. Logo na primeira semana, recebeu alguns pedidos de cachaça. Muito apreensivo, o dono da empresa procurou um consultor na área de comércio internacional que o aconselhou a negociar com o cliente de forma que a sua primeira exportação fosse realizada no INCOTERM Ex-Work. a. Por que a escolha para a primeira exportação recaiu sobre o INCOTERM Ex- Work? LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 134 b. Quando é usado o Ex-Work, o exportador agrega valor ao preço do produto nacional? Chave de resposta: a) Porque o exportador não tinha experiência nesta atividade e, neste INCOTERM, a responsabilidade dele é mínima. b) Não, o preço do produto é composto somente pelos custos fixos e variáveis mais o percentual de lucro da operação. Referências GARAY, Angela Beatriz Scheffer. Reestruturação produtiva e desafios de qualificação: algumas considerações críticas. Disponível em: http://www.cefetsp.br/edu/eso/globalizacao/desafioqualificacao.ht ml. Acesso em: 28 set. 2014. GIMENEZ, Ana Maria Nunes. A globalização e seu impacto na flexibilização das condições de trabalho. Disponível em: http://www3.unifai.edu.br/pesquisa/publica%C3%A7%C3%B5es/a rtigos- cient%C3%ADficos/professores/bacharelados/globaliza%C3%A7% C3%A3o-e-seu-impacto-na. Acesso em: 28 set. 2014. SANTOS, Iracema. Eficiência logística e seus impactos financeiros. Disponível em: < http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/eficiencia- logistica-e-seus-impactos-financeiros/57765/. Acesso em: 28 set. 2014. VASCONCELOS, Y. L. et al. Reflexos da globalização: uma análise das formas de inserção no mercado de trabalho. Disponível em: < http://www2.uefs.br/sitientibus/pdf/39/1.5_reflexos_da_globalizac ao_uma_analise_das_formas_de_insercao_no_mercado_de_trabalho. pdf. Acesso em: 28 set. 2014. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 135 Exercícios de fixação Questão 1 “Todo o processo pode ser subdividido em ________ e _________. A separação entre um ponto e outro é o ponto de entrada do pedido (do cliente).” Complete as lacunas com a única opção correta: a) Operacional/financeiro b) Físico/virtual c) Empurrado/puxado d) Real/especulativo e) Empurrado/especulativo Questão 2 O outsourcing deve ter como base a maximização do retorno dos investimentos em custos, qualidade, serviço e tempo de atendimento ao cliente final, liberando a empresa para o foco central da sua atividade fim. Um dos benefícios apontados ao outsourcing é: a) Gerar perda de credibilidade das empresas envolvidas junto ao mercado internacional. b) Abrir espaço para os concorrentes. c) Liberação de recursos internos para outras atividades relacionadas ao foco central do negócio da empresa. d) Aumento do lead-time interno. e) Redução na resposta às inovações tecnológicas do mercado global. Questão 3 Neste modal o transporte é realizado em caráter sistêmico, um único contrato de transporte (o OTM é o único responsável perante o dono da carga, emitindo o Combined Bill of Lading) e uma única apólice de seguro. Marque a única opção que corresponde à modalidade de transporte descrita na questão: a) Sucessivo b) Segmentado LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 136 c) Unimodal d) Multimodal e) Intermodal Questão 4 A gestão do estoque não é uma tarefa simples na cadeia produtiva, a falta de estoque pode provocar a perda de vendas para o concorrente, mas por outro lado, a manutenção de estoques pode ocasionar outros riscos como: obsolescência, furtos, danos, além do custo de manutenção dos mesmos, que é diretamente influenciada pelo custo do capital investido. Quais os fatores e variáveis devem ser considerados na gestão dos estoques? Marque a única opção errada. a) Especialização geográfica b) Desacoplamento c) Equilíbrio entre oferta e demanda d) Desequilíbrio das forças econômicas e) Proteção contra as incertezas do mercado Questão 5 Outro assunto a ser considerado e estudado no transporte nacional, e, principalmente, no internacional, é o _____________________. O conhecimento das classes de riscos a que as mercadorias transportadas estão sujeitas pode trazer economias e a possibilidade de realização de trade-offs neste segmento. a) Pagamento de tributos b) Controle dos caminhões c) Tamanho dos navios d) Gerenciamento dos hub ports e) Seguro das cargas LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 137 Questão 6 Os INCOTERMS são uma ferramenta essencial ao comércio internacional. Neste contexto, marque a opção correta para a seguinte hipótese: O vendedor transfere a propriedade da mercadoria ao comprador dentro do navio, afretado por ele, no porto do país de origem. a) EXW b) CPT c) FOB d) CIP e) FCA Questão 7 Os INCOTERMS surgiram em 1936, quando a _______________________, com sede em Paris, interpretou e consolidou as diversas formas contratuais que vinham sendo praticadas no comércio internacional, de forma a possibilitar a sua definição precisa em qualquer país. Preencha a lacuna com a única opção correta. a) Câmara de Comércio Internacional b) Agência de Apoio ao Exportador c) Câmara de Comércio Exterior d) Associação Latino Americana para Desenvolvimento e Integração e) Agência Multilateral do Comércio Questão 8 A internacionalização das empresas pode ser realizada através de traders ou abertura de escritórios locais com grande comprometimento de recursos e mão de obra. Nesta forma de internacionalização, a empresa tem controle total sobre o processo, mas alta exposição e risco. Assinale a única opção correta relativa a esse contexto: a) Exportação consignada b) Exportação direta c) Exportação temporária LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 138 d) Exportação indireta Questão 9 Um empresário brasileiro importa quadros de bicicletas, monta-as, colocando os pneus e os acabamentos em geral comprados no mercado interno, embala-as e exporta-as para Angola, seu principal mercado desse produto. Na importação, ele usa um regime especial que lhe permite desembaraçar os quadros sem pagar os impostos. Na realidade, os impostos ficam suspensos até efetuar a exportação de todas as bicicletas. Nas opções abaixo, marque a única que identifica essa operação: a) Repetro b) Drawback c) Repex d) Admissão Temporária e) Reporto Questão 10 O Repetro, como o próprio nome indica, tem o objetivo de desonerar os investimentos nas atividades de pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás natural. Tem sido e continua sendo um grande impulso à produção nacional, contribuindo para a autossuficiência do país neste setor energético. Fazem parte deste regime a _________________, a ________________ e o regime aduaneiro especial denominado __________________.Complete as lacunas com uma das opções abaixo: a) Exportação em Consignação/Exportação para Beneficiamento/Depósito Franco b) Importação para Beneficiamento Ativo/Importação em consignação/RECOF c) Admissão Temporária/Exportação Ficta/Drawback Suspensão d) Exportação em Consignação/ Admissão Temporária/ RECOF e) Exportação para Beneficiamento/ Exportação Ficta/ Drawback Suspensão LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 139 Combined Bill of Lading — CBL: Conhecimento de transporte utilizado na multimodalidade, emitido pelo OTM. Consolidação: Emissão de um conhecimento de embarque (Master), por parte do transportador, englobando diversos lotes de carga de diferentes embarcadores. Estes lotes são acondicionados em uma unidade de carga (o contêiner, por exemplo) e individualmente identificados por documentos emitidos pelo agente consolidador (Houses). Desconsolidação: Processo inverso ao da consolidação (o agente consolidador consolida a carga no porto de embarque e desconsolida-a no porto de descarga). OTM: Operador de Transporte Multimodal é a pessoa jurídica contratada como principal para a realização do transporte multimodal de cargas, da origem até o destino, por meios próprios ou por intermédio de terceiros. Unitização: Emissão de um conhecimento de embarque (Master), por parte do transportador, englobando um único lote de carga de um único embarcador, acondicionado em uma unidade de carga, por exemplo, o contêiner. Aula 4 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: Segundo a matéria apresentada, “empurrado – puxado” é a única alternativa correta. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 140 Questão 2 - C Justificativa: De acordo com o texto sobre o outsourcing, “Liberação de recursos internos para outras atividades relacionadas ao foco central do negócio da empresa” é a única opção correta. Questão 3 - D Justificativa: Multimodal é a única opção que atende à definição do modal descrita na questão. Questão 4 - D Justificativa: A opção “Desequilíbrio das forças econômicas” está errada porque não atende aos fatores e variáveis considerados na gestão dos estoques. Questão 5 - E Justificativa: De acordo com a matéria estudada e as opções sugeridas, “seguro das cargas” é a única que atende à questão proposta. Questão 6 - C Justificativa: Entre as opções sugeridas, “FOB” é o único termo que atende a esta questão. Questão 7 - A Justificativa: A Câmara de Comércio Internacional é a responsável pela compilação, atualização e divulgação dos INCOTERMS. Questão 8 - B Justificativa: Entre as opções sugeridas, “Exportação direta “ é a única que responde a esta questão. Questão 9 - B Justificativa: Entre as opções sugeridas, Drawback é o único regime especial que atende a esta questão. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 141 Questão 10 - C Justificativa: Das opções sugeridas, “Admissão Temporária/Exportação Ficta/Drawback Suspensão” é a única opção que atende à composição do Drawback. LOGÍSTICA INTEGRADA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS 142 Maria da Luz Iria Melo é Bacharel em Relações Internacionais e Pós- Graduada em Docência pela Universidade Estácio; Doutoranda em Ciências Empresariais pela Universidad Del Museo Social Argentino, com larga experiência em petróleo, comércio e logística internacional. Desde 2005 gerencia sua própria empresa, CECEX-Consultoria em Energia e Comércio Exterior, atuando na área de consultoria e treinamento. Professora da Universidade Estácio de Sá, da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), da Fundação de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX). Participa do projeto da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) para divulgação e ensino de Regimes Especiais Aduaneiros. Conteudista de diversas matérias em cursos online de diversas instituições. Colunista da Revista Intermarket, editada bimestralmente, com mais de 60 artigos publicados. Currículo Lattes: href="http://lattes.cnpq.br/7180958241085314" http://lattes.cnpq.br/7180958241085314