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www.cers.com.br 1 www.cers.com.br 2 EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO INTRODUÇÃO Como decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso (“tempus regit actum” . ) Excepcionalmente, no entanto, será permitida a retroatividade da lei penal para alcançar os fatos passados, desde que benéfica ao réu. É possível que a lei penal se movimente no tempo: extra-atividade da lei penal. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO Extra-atividade da lei penal. TEMPO DO CRIME Quando (no tempo) um crime se considera praticado? 1- TEORIA DA ATIVIDADE: 2- TEORIA DO RESULTADO: 3- TEORIA MISTA / UBIQUIDADE: “Art. 4º C.P. - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.” PRINCÍPIO DA COINCIDÊNCIA / CONGRUÊNCIA / SIMULTANEIDADE: OBS.1: O tempo do crime, EM REGRA, marca a lei que vai reger o caso concreto. OBS.2: SUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO A é a da lei penal, regra geral irretroatividade somente quando lei posterior for mais benéfica excetuada (retroati- . vidade) 1- SUCESSÃO DE LEI INCRIMINADORA (“NOVATIO LEGIS” INCRIMINADORA) www.cers.com.br 3 “Art. 1º C.P. - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” Ex.: 2- “NOVATIO LEGIS IN PEJUS” / “LEX GRAVIOR” Lei nova que de qualquer modo prejudica o réu. “Art. 1º C.P. - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” Ex.: OBS.: Sucessão de lei mais grave no crime continuado e no crime permanente Súmula 711 STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigên- cia é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.” Conclusão: Sobre a súmula, Paulo Queiroz aponta que, tratando-se do crime continuado, a aplicação da lei mais grave a toda a cadeia de delitos é inconstitucional e inverte-se a lógica da continuidade delitiva, em que o último delito é havido como continuação do primeiro. O agente, ao invés de responder por vários crimes em concurso material, deve responder por um único delito, o mais grave, se diversos, com aumento de um sexto a dois terços. Portanto, os crimes subsequentes só têm relevância jurídico-penal para efeito de individualização judicial da pena: escolha da pena mais grave (quando diversas as infrações) e fixação do respectivo aumento, pois o primeiro crime prevalece sobre todos os demais como se estes simplesmente não existissem, exceto para efeito de aplicação da pena. www.cers.com.br 4 3- “ABOLITIO CRIMINIS” Revogação de um tipo penal pela superveniência de lei descriminalizadora. “Art. 2º, ‘caput’ C.P. – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.” ATENÇÃO! Trata-se de desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima Ex.: NATUREZA JURÍDICA DA “ABOLITIO CRIMINIS” 1ªC: 2ªC: CONSEQUÊNCIAS DA “ABOLITIO CRIMINIS” a) Faz cessar a execução penal: Lei abolicionista não respeita coisa julgada. # E o art. 5º, XXXVI, C.F./88? “Art. 5º, XXXVI CF - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;” R: b) Faz cessar os efeitos penais da condenação: Os efeitos extrapenais são mantidos (arts. 91 e 92 C.P.) Ex1.: Reincidência? Ex.2: Reparação do dano? 4- “NOVATIO LEGIS IN MELLIUS” / “LEX MITIOR” Lei que de qualquer modo favorece o réu. Art. 2º, parágrafo único, C.P. - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. www.cers.com.br 5 Ex.: # Depois do trânsito em julgado quem é o juiz competente para aplicar a lei mais benéfica? Prova objetiva: Prova escrita: 1ªC: 2ªC: SÚMULA 611 STF “Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.” # É possível a aplicação de lei mais benéfica durante o seu período de “vacatio legis”? 1ªC: 2ªC: STJ: (...) Não poderia o Tribunal de origem aplicar a minorante do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/06, de 23/8/06, uma vez que a norma não estava em vigor quando do julgamento do recurso acusatório, que se deu em dentro do prazo da vacatio legis. 7. Ordem denegada (STJ, HC 100.692/PR, 5.ª T., j. 15.06.2010, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 02.08.2010). # Para beneficiar o réu, admite-se a combinação de leis penais? www.cers.com.br 6 1ªC: 2ªC: O STJ sumulou entendimento vedando a combinação: “É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis” (súmula 501). # Como proceder em caso de dúvida sobre qual a lei mais benéfica? 5- PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA ATENÇÃO! Não se confunde com “ abolitio criminis” Ex.: LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA Art. 3º, C.P. – “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.” LEI TEMPORÁRIA / LEI EXCEPCIONAL (Art. 3º CP) LEI TEMPORÁRIA: LEI EXCEPCIONAL: CARACTERÍSTICAS: leis temporária e excepcional 1- Autorrevogabilidade São leis autorrevogáveis (“leis intermitentes”). www.cers.com.br 7 Consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo fixado ou cessada a situação de anormali-(temporária) dade . (excepcional) 2- Ultra-atividade São leis ultra-ativas (alcançam os fatos praticados durante a sua vigência, ainda que revogadas). ATENÇÃO! Trata-se de hipótese excepcional de ultra-atividade maléfica Ex.: Lei 12.663/12 (Lei da Copa) CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES PENAIS Utilização indevida de Símbolos Oficiais Art. 30. Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer Símbolos Oficiais de titularidade da FIFA: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa. Art. 34. Nos crimes previstos neste Capítulo, somente se procede mediante representação da FIFA. Art. 36. Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência até o dia 31 de dezembro de 2014. OBS: A doutrina observa que, por serem de curta duração, se não tivessem a característica da ultra-atividade, perderiam sua força intimidativa. ATENÇÃO: ART. 3º C.P: (IN)CONSTITUCIONALIDADE 1ªC: O art. 3º é de duvidosa constitucionalidade, posto que exceção à irretroatividade legal que consagra a C.F., não admite exceções, possui caráter absoluto. A extra-atividade deve ser sempre em benefício do réu. 2ªC: O art. 3º não viola o princípio da irretroatividade da lei prejudicial. Não existe sucessão de leis penais. Não existe tipo versando sobre o mesmo fato sucedendo lei anterior. Não existe lei para retroagir. RETROATIVIDADE DA LEI PENAL NO CASO DE NORMA PENAL EM BRANCO 1ªC: A alteração do complemento da N.P.B. deve sempre retroagir, desde que mais benéfica para o réu. 2ªC: A alteração na norma complementadora, mesmo que benéfica, é irretroativa (a norma principal não é revogada com a simples alteração de complementos). 3ªC: Só tem importância a variação da norma complementar na aplicação retroativa da N.P.B. quando esta provoca uma real modificação da figura abstrata do direito penal, enão quando importe a mera modificação de circunstância que, na realidade, deixa subsistente a norma penal. 4ªC: A alteração de um complemento na N.P.B. homogênea terá efeitos retroativos, se benéfica. Quando se tratar de N.P.B. heterogênea, a alteração mais benéfica só ocorre quando a legislação complementar não se reveste de excepcionalidade (se excepcional, não retroage). EXEMPLOS ELUCIDATIVOS: Ex.1: Art. 237 C.P. - “Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta: Pena - detenção, de três meses a um ano.” Ex.2: Art. 33 Lei 11.343/06 (lei de drogas) - “Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:” www.cers.com.br 8 Ex.3: Lei nº 1.521/51 - art. 2º, inciso VI (crimes contra a economia popular) – “Art. 2º. São crimes desta natureza: VI - transgredir tabelas oficiais de gêneros e mercadorias, ou de serviços essenciais, bem como expor à venda ou oferecer ao público ou vender tais gêneros, mercadorias ou serviços, por preço superior ao tabelado (...) LEI INTERMEDIÁRIA RETROATIVIDADE DA JURISPRUDÊNCIA - A CF/88, se refere somente à retroatividade da lei (proibindo-a quando maléfica e incentivando-a quando benéfi- ca). - O CP também só disciplina a retroatividade da lei (não da jurisprudência). - O entendimento que prevalece é o de que a extra-atividade só se refere à lei, não se estendendo à jurisprudên- cia. Para Paulo Queiroz deve ser proibida a retroatividade desfavorável da jurisprudência e aplicada a ATENÇÃO: retroatividade benéfica, autorizando revisão criminal. Não se pode negar a da quando dotada de (Súmula CUIDADO! retroatividade jurisprudência efeitos vinculantes vinculante, ADI, ADC, ADPF). FORÇA GALERA!!! www.cers.com.br 9
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