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Eficácia da lei penal do tempo 1. Introdução Art. 1º do CP - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Como decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso (tempus regit actum). A lei penal, para produzir efeitos no caso concreto, deve ser editada antes da prática da conduta que busca incriminar. Excepcionalmente, no entanto, será permitida a retroatividade da lei penal para alcançar faros passados, desde que benéfica ao réu A esta possibilidade conferida à lei de movimentar-se no tempo (para beneficiar o réu) dá-se o nome de extra-atividade 2. Tempo do crime Para a correta (e justa) aplicação da lei penal é imprescindível definir o tempo do crime, ou seja, quando um crime se considera praticado Art. 4º do CP - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. O Código Penal adotou à teoria da atividade e, em virtude desta e do princípio da coincidência, todos os elementos do crime (fato típico, ilicitude e culpabilidade) devem estar presentes no mento da conduta. A imputabilidade do agente, por exemplo, dependerá da aferição da sua idade no momento da ação ou da omissão Eficácia da lei penal no tempo Resumo feito por Amanda Grilo de Oliveira → aplica- seà contravenção eàmedidadesegurança (extra-atividade → retroatividade) - retroatividade= leipenalvápslicadaa fatos atoalhados - ultra- atividade = aplicação daleimesmo depoisde novogorda (lei temporáriaouexcepcional) 3. Sucessão de lei no tempo Entre a data do fato praticado e o término do cumprimento da pena, podem surgir várias leis penais, ocorrendo aquilo que chamamos de sucessão de leis no tempo. Quando ocorre a sucessão, é necessário observar, em especial, as regras da ultra-atividade ou retroatividade A Constituição Federal assegura a irretroatividade da lei penal, excetuada somente quando esta lei beneficia de algum modo o acusado (ou mesmo o condenado) Art. 5º, XL da CF - XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu a. Sucessão de lei incriminadora A novatio legis incriminadora é a lei que não existia no momento da pratica da conduta e que passa a considerar como delito a ação ou omissão realizada. Esta norma é irretroativa, nos termos do artigo 1° do Código Penal b. Novatio legis in pejus A nova lei que, e qualquer modo, prejudica o réu (lex gravior) também é irretroativa, devendo ser aplicada a lei vigente quando do tempo do crime. Trata- se, como na novatio legis incriminadora, de observância da lei ao princípio da anterioridade, corolário do princípio da legalidade Observação: Qual lei deve ser aplica se, no decorrer da prática de um crime permanente ou crime continuado, sobrevém a lei mais grave? De forma sintética, é preciso entender que o crime permanente é aquele cuja consumação se prolonga no tempo. Por sua vez, o crime continuado é uma ficção jurídica através da qual, por motivos de política criminal, dois ou mais A aplicação de lei revogada ↳leiatingindo fatospassados crimes da mesma espécie, praticados nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução, devem ser tratados, para fins da pena, como crime único, majorando-se a pena De acordo com o STF, nessas hipóteses: Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência c. Abolotio criminis A abolição do crime representa a supressão da figura criminosa. Trata-se da revogação de um tipo penal pela superveniência de lei descriminalizadora Art. 2º do CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. A abolitio criminis é fenômeno verificado sempre que o legislador, atento às mutações sociais (e ao princípio da intervenção mínima), resolve não mais incriminar determinada conduta, retirando do ordenamento jurídico-penal a infração que a previa, julgando que o Direito Penal não mais se faz necessário à proteção de determinado bem jurídica A lei penal abolicionista não deve respeito à coisa julgada. Isto porque, por expressa disposição do artigo 2°, caput, CP, cessarão tanto a execução quanto os efeitos penais da sentença condenatória. Tal dispositivo não infringe o artigo 5°, inc. XXXVI, da CF (a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico e a coisa julgada), pois o mandamento constitucional tutela a garantia individual e não o direito de punir do Estado Com a revogação do crime, embora não subsiste quaisquer dos efeitos penais (reincidência), persistem todas as consequências não penais (civil, administrativo) do fato, como a obrigação civil de reparar o dano, que independe do direito penal Ou seja , aplicaa leimais gravese ela entrouem vigor antesde terminar os efeitos docrime d. Novatio legis in mellius Art. 2º, parágrafo único do CP - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica- se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado Como se depreende da parte ficai do dispositivo, a lei penal nova que beneficia o réu, a exemplo da abolicionista, também não respeita a coisa julgada, sendo aplicada mesmo quando o agente já tenha sido condenado definitivamente Nem toda lei permitirá identificar claramente se sua aplicação beneficiará ou não o réu. Em alguns casos, é mesmo possível que a lei aparente ser benéfica, porém o réu entenda ser ela prejudicial. Nesses casos, sugere Nelson Hungria que, presente a dúvida, deve-se consultar o próprio acusado ou condenado, permitindo-lhe indicar (por meio de defensor) qual a norma que efetivamente o beneficia Observação: Depois do trânsito em julgado, qual o juiz competente para aplicar a lei penal mais benéfica? A resposta a esse questionamento dependerá do conteúdo da lei penal benéfica. Se a sua aplicação depender de mera operação matemática, o juiz da execução da pena é competente para aplicá-la. Por outro lado, se for necessário juízo de valor para aplicação da lei penal mais favorável, o interessado deverá ajuizar revisão criminal para desconstituir o trânsito em julgado e aplicar a lei nova Entretanto, antes da prolação da sentença, cabe ao juiz presidente competente para o processo a aplicação da lei nova mais benéfica, bem como que após a sentença condenatória (recorrível – cabe à instância recursal esta função) → retroage e. Princípio da continuidade normativo-típica O princípio da continuidade normativa-típica ocorre quando uma norma penal é revogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a infração penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda que topologicamente ou normativamente diverso do originário. Dessa forma, o fato permanece punível, a conduta criminosa apenas migra para outro tipo penal 4. Lei temporária e lei excepcional Art. 3º do CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. A lei temporária é aquela instituída por um prazo determinado, ou seja, é a lei que criminaliza determinada conduta, porém pré-fixando no seu texto o lapso temporal para sua vigência. Já a lei excepcional é editada em função de algum evento transitório, como estado de guerra, calamidade ou qualquer outra necessidade estatal. Perdura enquanto persistir o estado de emergência Elas têm duas características essenciais: - Autorrevogabilidade: elas são autorrevogáveis, por isso que também são chamadas de intermitentes. Esta característica significa dizer que as leis temporária e excepcional se consideramrevogadas assim que encerrado o prazo fixado (lei temporária) ou cessada a situação de anormalidade (lei excepcional) - Ultra-atividade: por serem ultra-ativas, alcançam os fatos praticados durante a sua vigência, ainda que as circunstâncias de prazo (lei temporária) e de emergência (lei excepcional) tenham se esvaído, uma vez que essas condições são elementos temporais do próprio fato típico foi revogada , mas comprazo duranteaguerra ↳ leis vão C OVI D Observação: Lei intermediária A lei intermediária é aquela que deverá ser aplicada porque é benéfica ao réu, muito embora não fosse a lei vigente ao tempo do fato, tampouco seja a lei vigente no momento do julgamento Dada a garantia constitucional de retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu, é consensual na doutrina que prevalece a norma mais favorável, que tenha tido vigência entre a data do fato e a da sentença: o contrário implicaria retroação da lei nova, mais severa, de modo a afastar a incidência da lei intermediária, cuja prevalência, sobre a do tempo do fato, o princípio da retroatividade in mellius
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