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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 1 www.medresumos.com.br TECIDO CONJUNTIVO O tecido conjuntivo forma um conjunto contínuo com os tecidos epiteliais, muscular e nervoso, a fim de manter o corpo funcionalmente integrado. Ele é originado do mesoderma embrionário. As células multipotentes (mesênquima) além do mesoderma originam-se da também da crista neural (região da cabeça e pescoço). As células mesenquimatosas migram para todo o corpo dando origem aos tecidos conjuntivos e suas células. FUNÇÕES Sustentação estrutural: estabelecimento e manutenção da forma do corpo. Ligamentos, cartilagens, tendões que prendem os músculos aos ossos. Servir de meio para trocas: nutrientes e oxigênio. Defesa e proteção: células fagocitárias e imunocompetentes (que produzem anticorpos) e células produtoras de substâncias farmacológicas (que regulam a inflamação). Protegem formando uma barreira física contra invasão e traumas mecânicos. Regeneração. Armazenamento de gorduras. ORIGEM EMBRIONÁRIA A origem embrionária do tecido conjuntivo é mesodérmica, contudo, tecidos conjuntivos da cabeça se originam das células das cristas neurais (neuroectoderma). CARACTERIZAÇÃO DO TECIDO Inúmeros tipos de células, separadas por abundante material extracelular produzido por elas; Grupo diversificado de tecidos com várias funções. Alta vascularização. COMPOSIÇÃO MATRIZ EXTRACELULAR É composta fundamentalmente de fibras que resistem à tração e compressão. A matriz extracelular conjuntiva consiste em diferentes combinações de proteínas fibrosas e de substância fundamental. Substância Fundamental Amorfa (SFA): material hidratado amorfo. É composto por: o Glicosaminoglicano (GAGs): longos polímeros não ramificados de dissacarídeos. o Proteoglicanos: eixos proteicos em que os glicosaminoglicanos estão ligados covalentemente. o Glicoproteínas de Adesão: grandes moléculas responsáveis pela adesão dos componentes da matriz extracelular. Fibras: também é um dos principais constituintes da matriz extracelular e podem ser de três tipos: o Fibras Colágenas (Tipo I ao Tipo XX): são fibras inelásticas e possuem grande resistência à tração. São constituídas por subunidades finas ou tropocolágenos. São sintetizados pelos fibroblastos. São encontrados na pele e têm participação importante no processo de cicatrização. Tipo I (mais resistente): T.C.P.D., osso, dentina. Tipo II: cartilagens hialina e elástica. Tipo III: fibras reticulares (são encontradas em órgãos hematopoiéticos). Tipo IV: lâmina densa da lamina basal. Tipo V: associado ao colágeno Tipo I e constitui a placenta. Tipo VII: liga a lâmina basal a lamina reticular o Fibras Elásticas: são constituídas por elastina (responsável por sua elasticidade), cujos principais componentes são: glicina e prolina, e microfibrilas que dão estabilidade. Estão presentes nas paredes das artérias e nos alvéolos pulmonares. o Fibras Reticulares: pouco resistentes, encontrados em órgãos hematopoiéticos (medula óssea, timo, baço, fígado e rins. Arlindo Ugulino Netto. HISTOLOGIA 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 2 www.medresumos.com.br Fluido Intersticial: Água, íons, pequenas moléculas e proteínas de baixo peso molecular. OBS: Colágeno: Características e definição: Proteína mais abundante do corpo, produzida por grande variedade de células; Existem vários tipos, com composição bioquímica, morfologia e funções diferentes; A molécula de colágeno (tropocolágeno) possui 3 cadeias polipeptídicas enroladas em hélice. Classificação quanto a estrutura e função o Colágenos que formam fibrilas: I, II, III, V, XI (dão resistência ao tecido); o Colágenos que se associam a fibrilas: IX, XII (ligam fibrilas entre si e a outros componentes da MEC); o Colágeno que forma rede: IV (aderência, filtração); o Colágeno de ancoragem: VII (prende fibras colágenas à lâmina basal). COMPONENTES CELULARES As células do tecido conjuntivo estão agrupadas em duas categorias: células fixas e células transitórias. CÉLULAS FIXAS São populações de células residentes que se desenvolvem e permanecem no local do tecido conjuntivo onde exercem suas funções. Possuem vida longa. Estão incluídos neste grupo os: fibroblastos, pericitos, células adiposas, mastócitos e macrófagos. Fibroblastos: são as células mais abundantes do tecido conjuntivo e originam células mesenquimatosas indiferenciadas. Apresentam-se em dois tipos: fibroblastos ativos (envolvidos no processo de cicatrização e podem se diferenciarem em células adiposas, condroblastos e osteoblastos) e fibrócitos (célula inativa, menores e alongadas). Síntese dos componentes da matriz extracelular; Podem regredir na escala de diferenciação e depois se transformarem em outro tipo de célula Envolvidos no crescimento normal, reparo de lesões e nos processos fisiológicos rotineiros de todos os tecidos do corpo. Fibroblastos do tecido conjuntivo intramuscular organizam o processo cicatricial no local das células musculares mortas Miofibroblastos (intermediários entre fibroblastos e células musculares lisas) são fibroblastos modificados que possuem características tanto dos fibroblastos como de células musculares lisas. São abundantes em áreas de cicatrização de lesões, são encontradas no ligamento periodental (auxiliam na erupção dos dentes). OBS: Todas as células em atividade, além do aumento de tamanho, apresentam desenvolvidos o R.E., Aparelho de Golgi e Mitocôndrias. Pericitos: envolve células endoteliais dos capilares e pequenas vênulas. Situa-se fora do compartimento do tecido conjuntivo por possuírem sua própria lamina basal. São originadas das células mesenquimais indiferenciadas. Podem se diferenciar em células de músculos lisos e de células endoteliais após lesões. Por sua contratilidade, ajudam a regular o fluxo sanguíneo dos vasos. Células Adiposas: são células completamente diferenciadas cuja função é sintetizar, armazenar e liberar gorduras. Células Transitórias (células livres ou migrantes): são originadas principalmente na medula óssea e sob estímulo adequado migram da corrente sanguínea para o tecido conjuntivo para realizar suas funções específicas. Possuem vida curta, por isso são repostas pelas células tronco. Estão incluídas plasmócitos, leucócitos (linfócitos, neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos) e macrófagos. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 3 www.medresumos.com.br Mastócitos: são as maiores células fixas do tecido conjuntivo, com contorno ovoide, núcleo esférico e central. São originadas na medula óssea e participam no processo inflamatório e nas reações de hipersensibilidade imediata. São diferenciados pela grande quantidade de grânulos citoplasmáticos que armazenam heparina (glicosaminoglicano) e histamina, que são mediadores primários. Os mastócitos distribuem-se por todo corpo e localizam-se, principalmente, no tecido conjuntivo propriamente dito. OBS: Fagocitose de Antígenos (ativação e degranulação dos mastócitos). Os mastócitos possuem imunoglobulina E (IgE) na superfície de sua membrana. Elas atuam no sistema imunológico iniciando uma resposta inflamatória chamada de reação de hipersensibilidade imediata, a forma sistêmica pode causar reações anafiláticas que podem levar a morte. Esta resposta é induzida por proteínas estranhas (antígenos) como veneno de abelha, pólen, algumas drogas, etc. A primeira exposição a qualquer um desses antígenos sensibiliza a célula, induzindo a formação de IgE pelo plasmócito. Em uma segunda exposição, o invasor será reconhecido e encaminhado para as vesículas, onde será degenerado e sendo, logo então, exorcitado junto à heparina (anticoagulante), histamina (vasodilatador) e proteoglicanos (responsável por migração de células).OBS: Febre do feno: os pacientes sofrem devido aos efeitos das histaminas liberadas pelos mastócitos da mucosa nasal, o que causa edema, aumentando a permeabilidade dos pequenos vasos sanguíneos. O intumescimento da mucosa leva a congestão nasal e prejudica a respiração. Asma: os pacientes têm intensa dificuldade respiratória em consequência do broncoespasmo causado por leucotrienos liberados nos pulmões. OBS: Recrutamento celular. Algumas células do tecido conjuntivo têm a capacidade de deslocamentos para outras estruturas do corpo. Este processo é desencadeado pela liberação das integrinas (proteínas presentes na membrana plasmática que agem como receptores) promovendo uma quimiotaxia, atraindo células do sangue para o tecido conjuntivo. A seleção da célula recrutada é realizada pela proteína selectina, que permite apenas a passagem de Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 4 www.medresumos.com.br células necessárias na ocasião. Essas células, ao serem selecionadas (por ação da selectina), são atraídas para as paredes dos vasos, realizando movimentos rotacionais (para a fixação no endotélio), promovendo a adesão da célula, e por diapedese, ocorre a transmigração. Macrófagos: células que se comportam tanto como residentes quanto transitórias. São originadas de precursores da medula óssea, tendo o monócito como intermediário. São células irregulares, com prolongamentos de vários tamanhos. Seu citoplasma é basófilo, com muitos pequenos vacúolos e grânulos densos (lisossomas). Possuem Aparelho de Golgi bem desenvolvido e R.E.G. proeminente. o Sistema Mononuclear Fagocitário: todos os membros deste sistema originam-se de uma célula tronco na medula óssea e são capazes de realizar fagocitose. Os monócitos desenvolvem-se na medula óssea e circulam no sangue. Sob um estímulo adequado, eles deixam o sangue migrando do endotélio para o tecido conjuntivo, amadurecendo e tornando-se macrófagos. o Eles são responsáveis por retirar células sinecentes do corpo (por exemplo, hemácias envelhecidas). o Em outros locais, recebem nomes específicos: Célula de Kupfer – fígado. Célula de poeira – pulmão. Célula de Langerhans – pele. Micróglia – tecido nervoso. Osteoclastos – tecido ósseo. Plasmócitos: são originários de precursores da medula óssea, tendo os linfócitos B como intermediários. Concentram-se em áreas de inflamação crônica e onde partículas estranhas invadiram o organismo e são responsáveis por produção de anticorpos. Leucócitos: são glóbulos brancos que circulam no sangue. Frequentemente eles migram dos capilares sanguíneos para os tecidos conjuntivos durante a inflamação exercendo várias funções. Os linfócitos estão divididos: o Monócitos: após a migração para tecidos conjuntivos diferenciam-se em macrófagos. o Linfócitos: defesa imunológica. o Neutrófilos: fagocitam e digerem bactérias na área da inflamação resultando na formação de pus (neutrófilos mortos + resíduos). o Eusinófilos: combatem parasitos liberando citotoxinas e fagocitam complexos “anticorpo-antigeno” regulando a reação alérgica. o Basófilos: liberam agentes farmacológicos que iniciam, mantém e controlam o processo inflamatório. CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDO CONJUNTIVO O tecido conjuntivo é classificado em tecido conjuntivo propriamente dito e tecidos conjuntivos especializados (osso, sangue e cartilagem), e ainda existe o tecido conjuntivo embrionário. TECIDO CONJUNTIVO EMBRIONÁRIO Inclui o tecido mesenquimatoso e o tecido mucoso. 1. Tecido Mesenquimatoso: está presente somente na fase embrionária, formada por células mesenquimatosas (células que possuem atividade mitótica dando origem a maioria das células do tecido conjuntivo frouxo) imersas em uma substância fundamental gelatinosa contendo fibras reticulares dispersas. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 5 www.medresumos.com.br 2. Tecido Mucoso: tecido conjuntivo frouxo amorfo possuidor de uma matriz gelatinosa composta basicamente de ácido hialurônico e esparsamente povoada por fibras de colágeno tipo I. III e fibroblastos. Este tecido também é denominado geleia de Wharton e é encontrado somente no cordão umbilical e no tecido conjuntivo subdermico do embrião. TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO (TCPD) Os quatro tipos reconhecidos TCPD são: tecido conjuntivo frouxo, denso, reticular e adiposo. Diferem em sua histologia, localização e função. 1. Tec. Conjuntivo Frouxo (ou Areolar): é composto por fibras dispostas frouxamente e por células dispersas incluídas em uma substância fundamental gelatinosa. Ele preenche os espaços do corpo abaixo da pele, fica abaixo do revestimento mesotelial da cavidade interna do corpo, está associado à adventícia dos vasos sanguíneos e envolve o parênquima das glândulas. Caracteriza-se por uma substância fundamental e fluido tecidual que possui células fixas como fibroblastos, células adiposas, macrófagos e mastócitos, e algumas células indiferenciadas. O tecido conjuntivo frouxo das membranas mucosas é denominado lamina própria, além de células transitórias, que promovem a defesa do organismo, pois este tecido está abaixo do epitelial e suscetível a invasores estanhos. 2. Tec. Conjuntivo Denso: é formado por uma quantidade maior de fibras e menor de células quando comparado ao tecido conjuntivo frouxo. É classificado quanto a disposição de suas fibras. Pode ser: Tec. Conjuntivo Denso Não Modelado: as fibras estão dispostas irregularmente. Resistente a trações em todas as direções. Entre as fibras de colágeno estão presentes os fibroblastos. Este tipo de tecido é encontrado na derme, nas bainhas dos nervos, testículo, ovários, cápsula do baço, rins, nodos linfáticos. Tec. Conjuntivo Denso Modelado: pode ser de colágeno (composto por fibras de colágenos compactas orientadas em cilindros que resistem a trações). Seus fibroblastos são delgados e achatados e encontram-se entre os feixes de colágeno. Estão presentes nos tendões e aponeuroses. E pode ser também elástico possuindo fibras elásticas paralelas umas as outras, formando laminas delgadas ou membranas fenestradas. Possuem fibroblastos dispostos entre os espaços intersticiais. Tec. Reticular: é formado por fibras de colágeno tipo III secretados pelos fibroblastos. São encontrados em órgãos hematopoiéticos (medula óssea, baço, timo, fígado) e as ilhotas de Langerhans (pâncreas). Escorbuto: Defeito na renovação do colágeno por deficiência de vitamina C. A vitamina C é importante na hidroxilação das cadeias polipeptídicas do colágeno As moléculas de tropocolágeno não se agregam para formar fibrilas Indivíduos apresentam ulceração gengival, hemorragias, perda dentária, olhos afundados, pele pálida etc.; Doença muito comum nos tripulantes de navios britânicos na era napoleônica. Síndrome de Ehlers-Danlos: Conjunto de sinais e sintomas resultantes de distúrbios na síntese do colágeno. Falha na hidroxilação da lisina: SED tipo VI, com elasticidade aumentada da pele e ruptura do globo ocular; Deficiência das enzimas que removem os peptídeos de registro: SED tipo VII, com aumento da mobilidade articular e luxações frequentes. Osteogênese Imperfeita: Modificação em um nucleotídeo dos genes para colágeno I. Os indivíduos apresentam fraturas espontâneas, deformidades ósseas, insuficiência cardíaca, esclera azul. Edema: Aumento do líquido intersticial, provocado por: Obstrução de vasos linfáticos por infecções parasitárias Obstrução venosa ou dificuldade de retorno do sangue venoso: insuficiência cardíaca. Desnutrição: redução do volume proteico sanguíneo e diminuição da pressão osmótica.
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