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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS
CURSO DE EDIFICAÇÕES - DEC
Direito Público e Direito Privado
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO – A IMPORTÂNCIA TEMA PARA O DIA A DIA DA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Autor: Guilherme Oliveira de Souza
Trabalho apresentada como trabalho parcial do 2º Bimestre de 2017 na disciplina “Legislação”, ministrada pelo Professor Juracy
Coelho Ventura.
Aluno: Guilherme Oliveira de Souza
Turma: EDI3B
Belo Horizonte, 13/07/2017
Objetivos
O presente trabalho tem por objetivo apresentar a divisão clássica entre Direito público e privado com base inicial no direito romano. Assim, serão apresentadas as principais acepções do termo direito, algumas semelhanças e diferenças oriundas da divisão entre o direito público e privado e suas subdivisões, alem de alguns exemplos de casos que podem ocorrer na Construção Civil.
Introdução
A diferenciação entre o direito público e privado foi feita pelos romanos, a partir do critério da utilidade pública ou particular da relação, em que o primeiro diria respeito as coisas do Estado, enquanto o segundo apropriado ao interesse de cada um.
A definição de Celso Ribeiro Bastos, jurista brasileiro, parte do preceito que o direito é “... o conjunto de normas e princípios que regem a atividade do Estado, a relação deste com os particulares, assim como o atuar recíproco dos cidadãos, e de que o direito administrativo é um dos ramos do direito público interno...”. A partir disso, é possível observar a possibilidade do mesmo em duas grandes áreas: o direito público e o direito privado. Cada uma dessas divisões é formada por diretrizes que delimitam as possibilidades de um fato a partir de fundamentos diferentes.
O direito público é formado por regras que estão submetidas ao princípio de autoridade pública, no qual os interesses do Estado estão acima do interesse dos particulares. Dentro do direito público existe subdivisões cada qual com sua especificidade, podendo ser elas direito público interno e externo. O primeiro rege as preferências estatais e sociais, sendo encontrado no direito constitucional, administrativo, penal, processual e tributário. Já o externo trata as relações entre os Estados e as atividades individuais internacionalmente.
O direito privado é o ordenamento jurídico que rege os interesses particulares. Assim como no caso anterior, se divide em ramos que são: o direito civil, direito empresarial e o direito do trabalho.
O problema de se dividir o direito em dois ramos esbarra na impossibilidade de se estabelecer, de modo absoluto, fronteiras nítidas entre eles.
Portanto, fica evidente diferenças nas subdivisões do direito que para muitos estudiosos não contém bases sólidas que se sustentam. Assim cabe a cada autor delimitar os alcances dos direitos públicos e privados e agir de acordo com sua visão
da situação. Todavia presente trabalho apresentará a divisão previamente explicada acima.
Desenvolvimento do assunto/pesquisa
O termo direito para Paulo Nader está em função da vida social. A sua finalidade é de favorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais, que é uma das bases do progresso da sociedade. A palavra pode assumir diversas acepções, as quais são:
Direito Natural e Direito Positivo;
Direito Objetivo e Direito Subjetivo.
O direito natural não é escrito, não é criado pela sociedade e nem desenvolvido pelo Estado. Surge através da natureza social o homem e é revelado a parir da experiência e razão. Portanto, tem seu valor universal. São exemplos destes o direito a vida e a liberdade. Já o direito positivo é o efetuado pelo Estado sendo o ordenamento jurídico que vigora em determinado lugar em um espaço de tempo. São exemplos o Código Civil e o Penal.
O direito objetivo é a normalização para organização social, é a lei, é a norma estabelecida àquela sociedade. Os exemplos são o Código de Defesa do Consumidor e a Constituição Federal. O direito subjetivo é a capacidade do individuo de agir, buscar seus direitos, exigir algo, sendo previsto pelo direito subjetivo. Segundo Cláudio Führer o direito subjetivo é: “A faculdade ou prerrogativa de o indivíduo invocar a lei na defesa de seu interesse. Assim, ao direito subjetivo de uma pessoa corresponde sempre o dever de outra, que se não o cumprir, poderá ser compelida a observá-lo através de medidas judiciais (2007, p. 6).”
Direito Público
É definido que o direito público é o ramo do direito que trata das coisas do Estado, tendo como sujeito principal da relação jurídica e representante dos interesses coletivos. Para Max e Edis, “ O direito público disciplina os interesses gerais da coletividade, e se caracteriza pela imperatividade de suas normas, que não podem nunca ser afastadas por convenção dos particulares”. Portanto, o Estado pode exercer prerrogativas por representar os interesses da coletividade, assim as normas concedem uma série de privilégios ao Estado e a seus agentes, nas relações com os particulares.
A divisão do direito público, assim como o privado, tem por objetivo compreender as diversas áreas específicas, na qual se pode perceber o uso do direito na realização de normas sociais. Contudo, os ramos do direito público são:
Internos ou nacionais:
Direito Constitucional;
Direito Administrativo;
Direito Tributário ou financeiro;
Direito Processual;
Direito Penal;
Externo ou internacional:
Direito Internacional público;
Direito Internacional Privado.
No que diz respeito aos internos temos inicialmente o direito Constitucional que, segundo Nader “é o ramo do direito público que dispõe sobre a estrutura do Estado, define a função de seus órgãos e estabelece as garantias fundamentais da pessoa.” Engloba as normas jurídicas convenientes à organização política do país. Estas normas estão presentes na Carta Magna, que em duas seções define como as leis serão feitas indicando os limites e os processos para sua elaboração, e as que agem sobre o comportamento. Portanto, estipula os princípios para todo o Direito Nacional e resguarda as liberdades e direitos individuais.
O direito administrativo está concentrado no estudo da Administração Pública e da ação de seus integrantes. Constituem as normas jurídicas e princípios os interesses do Estado. Estabelece a conduta para a realização de serviços públicos, definido por Jèze como “toda organização de caráter permanente destinada a satisfazer as necessidades públicas de um modo regular e contínuo.” No Brasil, as normas administrativas se fazem de forma progressiva e por partes. Logo, a nação possui, por exemplo, o código das águas que define o domínio das águas dentro do território nacional.
A receita e as despesas públicas são reguladas pelo direito tributário. Através de impostos, taxas, contribuições, etc. o Estado arrecada para a realização de obras e despesas gerais visando o bem público. Este ramo limita o poder de tributar e protege a sociedade dos abusos desse poder.
Também denominado de Direito Judiciário, o Direito Processual define a forma pela qual o Poder Judiciário deve dar andamento nos processos. O Estado detém o poder de aplicar o direito, estabelecendo a ordem, solucionando os problemas e aplicando as penalidades. Assim, esse ramo estabelece a maneira que isso deve ser feito, por meio de princípios e regras estabelecidas. Em casos
concretos, define os prazos que as partes têm para manifestar-se, o local correto a ser julgado o processo, os recursos que podem ser utilizados entre outros.
As normas jurídicas estão sujeitas a serem violadas, por isso o Direito Penal definido por Mezger como “o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder do Estado punitivo do Estado, ligando ao delito, como pressuposto, a pena como consequência” garantem ao poder público uma reação que prevê sanções penais e transgressoras. Na visão de René Ariel Dotti, a missão desse ramo é a “proteção de bens jurídicos fundamentais ao indivíduo e à comunidade. Enfim, é osistema de princípios e regras pelos quais são aplicadas sanções caso seja considerado criminoso.
Para tratar de assuntos externos ao território nacional, vigora o Direito Internacional Público e Internacional Privado. O primeiro é um conjunto de normas que regem as relações dos direitos e deveres entre as nações por meio de tratados e convenções. Possui princípios e diretrizes que visam uma interação pacifica entre os Estados. No Brasil, a Usina hidrelétrica de Itaipu pertence esta na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Grande parte da energia produzida é utilizada pelo Brasil que paga um valor acordado entre os países para utilizar parte da energia de domínio paraguaio. O Internacional Privado para Agenor Pereira de Andrade, “é o conjunto de normas que tem por objetivo solucionar os conflitos de leis entre ordenamentos jurídicos diversos, no plano internacional, indicando a lei competente a ser aplicada.” Muitos autores consideram esse um ramo do direito privado, todavia Miguel Reale, Paulo Dourado Gusmão e Paulo Nader esse se trata de um ramo do direito público, pois apesar de produzir efeitos sobre os particulares, não cria modelos de conduta intersubjetiva, limitando-se a indicar o sistema jurídico a ser aplicado às relações sociais.
Direito Privado
A definição de Direito Privado vem do Direito grego, tratando os interesses dos particulares. Essa divisão direito privado zela as relações entre os particulares. Os ramos do direito privado são:
Direito Civil;
Direito Comercial ou Empresarial;
Direito do trabalho.
Para Paulo Nader em seu livro Introdução ao estudo do direito, o Direito Civil é o conjunto de normas que regulam os interesses fundamentais do homem, pela simples condição de ente homem. É considerada a constituição do homem comum,
por se referir às principais etapas e valores da vida humana. O Direito Civil estuda a relação entre pessoas e pessoas, a relação entre as pessoas e bens e a relação entre pessoas, bens e pessoas. Atua em toda a vida do indivíduo, pois disciplina todos os campos de interesses individuais. São exemplos respectivamente, a responsabilidade civil, a propriedade e o empréstimo. A norma que regula essas interações é o Código Civil, ou seja, a união de todas as leis de Direito Civil, sendo estruturado em duas grandes partes: geral, que abrange leis de caráter amplo, servindo a qualquer área do Direito Civil e a parte especial, tratando de assuntos específicos fixadas pelo código civil de 2002: Obrigações, empresa, coisas, família e sucessões, expressando interesses fundamentais da pessoa. O direito das coisas, por exemplo, diz respeito à propriedade de bens e móveis e imóveis.
O direito empresarial ou comercial separou-se do anterior alcançando autonomia científica e didática. Surgiu a partir do trabalho dos comerciantes , que o criaram por meio de seus usos, estabelecendo os estatutos ou regulamentos, de modo a evitar fruades e garantir boa qualidade das mercadorias. Este não acompanhou a lenta evolução do Direito Civil. Legaz Y Lacambra afirma que “a maior diferença entre o Direito Civil e o Comercial está aí: o formalismo do primeiro tem criado como réplica e complemento, a liberdade do segundo; o comércio tem preferido – por exigência de sua própria natureza – a cômoda insegurança da liberdade das formas à incômoda segurança do formalismo”.
Para Messias Pereira Donato, o Direito do Trabalho “é o corpo de princípios e de normas jurídicas que ordenam a prestação do trabalho subordinado ou a este equivalente, bem como as relações e os riscos que dela se originam”. O Direito do Trabalho estabelece princípios e regras, evitando a exploração do trabalho, concebendo os direitos e obrigações daqueles que prestam serviços e dos que o recebem. Há uma grande discussão se esse se trata de um direito público ou privado, visto que apesar de disciplinarem relações privadas, a vontade das partes é limitada às regras estabelecidas pelo Estado. Porém, o interesse particular é predominante em detrimento das normas públicas.
Semelhanças e diferenças
Nas relações se envolvem o Estado e muitas das vezes os particulares, buscando o interesse público. É regido pelo princípio da autoridade pública, em que a autoridade estatal se manifesta no poder de exigir, unilateralmente, dos particulares, comportamentos. É uma imposição unilateral pois não depende da concordância do particular. O Estado impõe, por meio de leis e regulamentos, multas em caso de descumprimento de normas, objetivando a consecução do interesse
público. Essa autoridade deriva da Constituição, que transfere poder público ao ente estatal e delimita seu exercício.
No caso do direito privado prepondera o princípio da igualdade entre as partes. Na mesma linha de raciocínio, esse não pode impor unilateralmente comportamentos a outros particulares. A partir dai, a constatação de que todos são iguais. Só se pode impor comportamento em caso de um fundamento contratual, através de um contrato de prestação de serviço. Nesse caso, a autoridade deriva de um contrato e não da lei.
O direito público é regido pela legalidade estrita, garantindo que o Estado somente pode praticar atos previamente previstos na legislação. Não pode agir de modo criativo ou inovador. Já o direito privado é regido pela legalidade ampla em que o particular deve fazer tudo que é obrigatório e não pode deve o que é proibido por lei, todavia é permitido ao particular qualquer comportamento que não esteja proibido na lei.
4. Resultado e conclusões derivadas/oriundas do trabalho/estudo
Por meio da pesquisa realizada, fica a conclusão acerca de direito público e privado que o fundamento de sua divisão é oriundo do direito romano, acima de tudo sobre a obra de Ulpiano: “O direito público diz respeito ao estado da coisa romana, à polis ou civitas, o privado à utilidade dos particulares.” Assim, quando predomina os interesses particulares, tem-se o direito privado. Ao contrário, na predominância dos interesses que afetariam todo o grupo social, caracteriza o direito público.
Essa divisão é bastante polêmica e carrega consigo opiniões conflitantes. Muitos autores consideram essa dicotomia não carrega bases sólidas e rigorosas para uma orientação. Muitas críticas permeiam esse assunto, tais como sendo um conceito muito abrangente, apresentar insuficiência para expressar toda a gama de interesses da coletividade e uma simplificação dos termos a partir de um fenômeno complexo.
Escolhido esse princípio para divisão do direito, a partição em ramos tem o objetivo de garantir maior especificidade no assunto e perceber o uso do direito na realização de normas sociais. Portanto, a segmentação do direito em público e privado é de vital importância, pois permite tratar de assuntos concretos a partir de princípios que conduzem o funcionamento de cada um dos ramos.
Bibliografia
NADER, PAULO. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2009
Disponível	em<	http://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/55/Direitos-de- vizinhanca > acesso em 10/07/17
Disponível	em<	http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php? n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=872 >acesso em 10/07/17
Disponível	em<	http://www.ead.uepb.edu.br/arquivos/Livros_UEPB_053_2012/05- institui%E7%F5es%20do%20direito%20publico%20e%20privado/Livro%20institui
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Disponível	em<	http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/22384- 22386-1-PB.pdf >acesso em 10/07/17
Disponível	em<	https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/332/r137- 06.pdf?sequence=4 >acesso em 11/07/17
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http://www.ead.cesumar.br/moodle2009/lib/ead/arquivosApostilas/1487.pdf	>acesso em 11/07/17
Disponível em< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643.htm >acesso em 11/07/17
Apreciação crítica
Como forma de facilitar o estudo do Direito, tem-se a divisão em Direito Público e Direito Privado. O primeiro trata das coisas do Estado e suas relações como particular por meio de normas jurídicas que regulam suas atividades, visando os interesses da coletividade. Já o Direito Privado trata de normas de natureza privada, especialmente a relação entre os particulares.
O direito público em sua maioria sobrepõe sobre o privado, pois visa o bem da coletividade em relação ao individual. Como exemplo disso aplicado a Indústria da Construção Civil, é a construção da Usina de Itaipu localizada na divisa entre o Brasil e o Paraguai. Para a obra ser efetuada foi necessário a desapropriação da população que habitava a área a ser construída, em que claramente houve o uso da superioridade do poder público sobre o privado para o bem da coletividade. Essa retirada da população é prevista no Direito Civil, através do Código Civil mediante a prévia indenização. Seguindo a mesma linha de raciocínio, como está na divisa de dois países, pertence as duas nações. Exercendo o Direito Internacional Público e estabelecendo tratados e convenções, o Brasil compra parte da energia elétrica que seria de domínio paraguaio.
A contratação da empresa responsável pela obra, se tratando de um serviço público é previsto em vários artigos da Constituição Federal a obrigatoriedade da licitação, como por exemplo, o art. 37, que trata dos princípios e normas gerais da Administração Pública e o art. 175. Esse processo foi estabelecido como regra geral para contratações do Poder Público e somente em casos excepcionais a Administração Pública está autorizada a firmar contratos sem licitar. Ganha o processo a proposta mais vantajosa, assegurado igualdade de condições aos que concorrerem.
Esse princípio licitatório somente se aplica no Direito Público visto que para o Direito Privado os particulares possuem autonomia para desenvolver as relações conforme o seu interesse. Outro exemplo de Direito Privado é a abertura de uma janela a menos de 1,5 m da divisa com o terreno vizinho de modo a resguardar a intimidade, prescrito no art. 1301 do Código Civil.
Portanto, é possível chegar à conclusão que o Direito Público só permite o que está escrito na lei enquanto o Direito Privado permite a liberdade de se fazer tudo que não está escrito na lei e a partir dele é possível tratar de casos concretos a partir de princípios que norteiam o funcionamento dos ramos.

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