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Capitulo_10

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A AÇÃO DO AMBIENTE NATURAL SOBRE OS ANIMAIS DOMÉSTICOS
The interactionbetween an organism and its environment is 
specific, continous and reciprocal. - BONSMA
1 Ambiente e Herança Biológica
A existência de um ser vivo impõe a necessidade de um ambiente. Em se 
tratando de animais domésticos, o ambiente cresce de importância, devido à 
pronunciada influência, que ele exerce, sobre a vida em geral, do indivíduo e sua 
produção econômica, que é o que mais interessa ao criador. Tal seja ele, tais 
serão as possibilidades de o animal revelar sua herança biológica, suas aptidões 
produtivas.
O ambiente é constituído por todas as condições exteriores a que estão 
sujeitos os seres vivos. No caso particular dos animais domésticos, precisamos e 
devemos considerá-lo do seguinte modo. Primeiramente as:
Condições naturais - clima, solo e pastagem;
Condições artificiais - os abrigos, a alimentação, o costeio.
Os atributos étnicos são hereditários na sua generalidade, mas precisamos 
acrescentar que sua manifestação, no indivíduo, pode depender do ambiente 
favorável. Para que se manifestem - repitamos - é necessário que o ambiente 
ajude ou pelo menos não tenha qualquer influência contrária a sua manifestação. 
A exteriorização dos atributos étnicos, em grande parte, pede circunstâncias 
adequadas de condições exteriores. Um animal de raça precoce, para mostrar sua 
precocidade, precisa de condições apropriadas de alimentação. Um animal de raça 
para velocidade só poderá mostrar essa tendência ou virtualidade, em toda sua 
plenitude, se for submetido a um treinamento e a um regime adequado de 
nutrição. “Faltando condições exteriores apropriadas, escreveu WALTER (1947), 
uma boa herança nada poderá dar”. É o que aconteceria com a boa semente lançada 
na pedra; mas, apesar disso, é também verdade que o ambiente melhor não melhorará 
a má herança, isto é, será incapaz de fazer o joio virar trigo.
Há, todavia, atributos que não dependem diretamente do meio para que se 
expressem um indivíduo de raça geneticamente mocha não precisara desta ou 
daquela condição exterior para não ter chifres. Uma rês zebuína mostrará suas orelhas 
conforme as de sua raça, em dimensão e forma; as condições do meio serão 
incapazes de modificá-las.
A grande importância do ambiente, em Zootecnia decorre de sua marcada 
influencia sobre os caracteres econômicos que polarizam muito justifica demente 
todas as atenções do criador-. Não fosse a criação uma operação econômica.
Se há uma base genética para esses caracteres - sua manifestação em 
maior ou menor intensidade está na dependência do meio ambiente.
Os animais podem se adaptar a condições inferiores de ambiente, mas para 
isto reduz sua produtividade, seu porte, sua eficiência reprodutiva - e então se diz que 
degeneraram. Esta redução é o preço da sobrevivência, e com esta dá-se a 
adaptação ou vitória nas condições inferiores de meio ambiente. Tal adaptação 
vitoriosa resulta de uma preadaptação a essas condições. Sem ela, sem essa 
preadaptação, esses animais seriam eliminados, por desajustamento entre herança e 
meio. Em outras palavras, por seleção natural.
Porém o homem pode intervir, criando um ambiente artificial, a fim de que 
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os animais possam escapar a seleção natural. E aplicando a seleção artificial, o 
criador favorece a sobrevivência e vitória de uns tantos espécimes, portadores de 
variação, com vantagem econômica (expressa graças ao favor do ambiente artificial, 
estabelecido pelo homem).
O meio ambiente ou o criador não são, propriamente, modeladores das 
raças, como se costuma dizer, algumas vezes. Sua ação é tipicamente seletiva. Ação 
que permitiu a evolução orgânica dos seres vivos (seleção natural), e a formação 
de novas raças, variedades, famílias (seleção artificial). Tudo graças à variabilidade 
dos seres vivos (inclusive, são óbvios, os animais domésticos). Ou particularmente, a 
preadaptação1 quando se trata de um ajustamento entre animal e ambiente, pela 
sobrevivência daquele.
Assim, não se discute a influência do meio sobre o organismo animal. Nem 
também a possibilidade que este tem de apresentar diferentes modalidades de 
reação sob a ação do ambiente, em acordo com suas virtualidades hereditárias. 
Donde o mesmo ambiente influi diversamente em face de duas heranças biológicas 
diferentes. A herança biológica “a”, dotada de tais virtualidades, manifesta-se de um 
modo, sob a influência de certo ambiente “X”. Já a herança “b”, portadora de outras 
virtualidades, embora da mesma espécie que “a”, manifestar-se-á sob o mesmo 
ambiente “X”, diversamente. A reação ao mesmo ambiente será diferente, porque 
diversas as virtualidades inatas, em jogo. É o que o esquema abaixo procura 
esclarecer:
A herança, sob o ponto de vista genético, será o conjunto de determinantes 
internos a que se deu o nome de gens2. É a fórmula hereditária ou genótipo.
Da reação entre o genótipo e as condições do meio resulta o fenótipo, que é a 
caracterização exterior do animal; é aquilo que os nossos sentidos deparam nele, o 
modo de ser de seus órgãos, a atividade destes, as reações de seu sistema nervoso, 
tudo isso é o resultado da ação do meio ambiente sobre os fatores constituintes do 
genótipo, e esta resultante é que se chama fenótipo.
Genótipo + Ambiente = Fenótipo
O triângulo da vida de Walter (1947) é outro modo de expressar essa 
relação ou interação do que se herda com a ambiência “Três são os fatores, explica 
ele, que atuam conjuntamente, determinando as características do indivíduo: 
Ambiente - Reação ou resposta e Herança. Pode-se dizer que o indivíduo é o 
resultado da reação entre esses três fatores, visto que ele pode ser modificado com a 
mudança de qualquer um deles. A herança ou sangue expressa o equipamento inato 
1 Ver cap. II, 5
2 O termo gen resultou da mutilação da palavra pangene (de Vries) com a eleminação de pan (inicial) e e 
(final) = gen. Foi imaginado por Johannsen (1911).
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do indivíduo. È o que ele é realmente, antes de nascer. É a sua natureza. E o que 
determina se ele será um irracional ou um homem. Conseqüentemente, no 
diagrama, o triângulo da vida é representado repousando sobre o lado correspondente 
à herança, pois constitui sua base”.
E continua:
“O ambiente e a reação ou resposta, ainda que indispensáveis, são ambos de 
importância secundária. O ambiente é o que o indivíduo tem para viver, habitação, 
alimento, condições favoráveis ou desfavoráveis, que ajudam ou dificultam. E o 
espaço onde ele está o conjunto das oportunidades oferecidas a sua herança. A 
reação, por outro lado, representa o que o individuo será com sua herança e com 
seu ambiente”.
Mas o que é preciso lembrar, ao examinar o esquema de WALTER, é não 
perder de vista que o terceiro lado do triângulo da vida - a reação - não pode ser 
considerado como um fator, antes é uma resultante dos outros dois fatores. Não tem 
dimensão própria; esta resulta da herança e do ambiente. 
Figura. 35 – O triângulo da vida (adaptado de Walter - “Genectics”); Herança – o que o 
animal é; Ambiente – o que o animal tem; Resposta – o que o animal será.
Figura. 36 – diagrama de Conklin (“Heredity and Environment in the Development of 
men” 1916) mostrando a influência da hereditariedade, do ambiente e do exercício ( ou 
educação) no desenvolvimento do indivíduo.
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2.Climatologia Zootécnica
Deve-se a WILCKENS, diz ADAMETZ (1926), o mérito de ter introduzido 
na Zootecnia geral o estudo dos fatores ambientes (clima, alimentação, ginástica 
funcional) e “de haverpisado pela primeira vez um terreno científico de suma 
importância para as aplicações práticas”. Mas, há mais de um século, 
BERGMAN (1847) e outros enunciaram princípios gerais relacionando a forma e a 
função, em animais que habitam diferentes latitudes (WRIGHT, 1954).
Para ser exato é preciso ainda não deixar de citar os pioneiros como 
FORBES (1926) e seus colaboradores, DAVIDSON (1927) e EDWARDS (1928) que 
com antecipação registrarão observações sobre o comportamento do gado submetido a 
diferentes fatores climáticos.
Mas o desenvolvimento de tais estudos só tomou impulso com a equação do 
problema na zona tropical. Foi quando se procurou pesquisar o comportamento dos 
animais das raças melhoradas, ao serem introduzidas nos países de clima quente. Já era 
conhecido seu baixo rendimento e mesmo sua degenerescência, por vezes. E 
procurando-se as razões disso, inaugurou-se nova ordem de estudos, a partir de 
RHOAD (1935) e REGAN e RICHARDSON (1938), que recebeu o nome de 
climatologia zootécnica (RABAUD, 1939) ou zooclimatologia (CUENCA, 1945) ou 
ainda bioclimatologia (FINDLAY, 1950).
Como se vê, há um desenvolvimento da colaboração que a Climatologia passa a 
oferecer a Zootecnia, e o pesquisador deve estar armado de sólidos conhecimentos da 
ciência dos climas e de Fisiologia animal.
Os estudos da relação entre o clima e os animais domésticos só poderiam mesmo 
se desenvolver com as pesquisas zootécnicas nos trópicos. Nas regiões temperadas, 
onde se formaram as raças melhoradas, não havia propriamente problemas de 
adaptação, e os observadores, ao considerarem os elementos do clima, se preocupavam 
com as relações indiretas destes, não influenciarem a produção forrageira, isto é, se 
preocupavam com a influência que a temperatura, a luz, as chuvas etc., podiam ter no 
crescimento e produção das plantas, como base da nutrição animal.
Quando o homem procurou desenvolver, nos trópicos, a exploração dos 
animais melhorados dos climas temperados, e sua técnica de criá-los, a fim de 
melhorar o rendimento dos animais nativos, foi que ele se pôs face a face com os 
problemas de climatologia animal (WRIGHT, 1954).
Já e grande o número de pesquisadores preocupados com esses problemas, 
de suma importância para a pecuária nos países tropicais; e grande é a cópia de 
trabalhos a respeito. No livro de FINDLAY (1950) - The effects of temperatura, 
humidity, air movement and solar radiation on the behaviour and physiology of 
Cattle and other farm animals, - temos uma revisão condensada de todos esses 
estudos até 1949, bem como informações sobre os métodos de trabalho.
Das observações no campo, passou a Climatologia animal para as observações 
em laboratório, em câmaras psicroenergéticas, também chamadas câmaras 
climáticas, nas quais o pesquisador pode estudar isoladamente cada fator do 
clima, registrando sua repercussão sobre o animal.
A câmara climática é um laboratório, especialmente construído para que se 
possa receber os animais dentro, bovinos em geral, e fazer agir sobre o mesmo 
determinado gral de temperatura, de umidade ou de ar em movimento, e assim se 
poder medir a reação do animal, a cada grau considerado.
A primeira câmara climática construída foi a da Universidade de Missouri, 
Estados Unidos, onde trabalhavam BRODY (1948), hoje já falecido, e seus 
colaboradores. No Brasil, já se dispõe de uma dessas câmaras, pertencente à 
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Faculdade de Medicina Veterinária, da Universidade de São Paulo, instalada 
na cidade de Pirassununga, onde funciona o Departamento de Zootecnia 
Especial e Exterior dos Animais Domésticos. Dessa câmara climática é a figura 
que ilustra este parágrafo.
Figura. 38 – Câmara climática da Faculdade de Veterinária de São Paulo. Notar o 
mal-estar das duas reses Ayrshire, e a atitude diferente da novilha Gir, à 
temperatura de 40°C e 70% de umidade relativa. (Fot. Prof. Veiga).
Para aqui transcrevemos os informes abaixo que, a respeito, nos forneceu 
o Prof. Veiga, daquela Faculdade:
1. A câmara climática da Faculdade de Medicina Veterinária, construída 
nos moldes existentes em Beltsville (Estados Unidos), destina-se a pesquisas 
sobre o comportamento de animais, especialmente de bovinos, a elevadas 
temperaturas. Seu equipamento térmico, inteiramente automático, mantém-se a 
uma temperatura constante ao redor de 40-41°C, e umidade relativa variando de 
65 a 72 %.
2. As provas, em geral, são realizadas em grupos de cinco bovinos, que 
permanecem submetidos às condições acima citadas, durante três horas. As 
observações sobre o comportamento dos animais se fazem, sistematicamente, 
através de temperatura retal e do número de movimentos respiratórios. 
Eventualmente, tomam-se dados sobre o extremo desconforto, caracterizado pela 
abertura da boca e exposição da língua, pelo aparecimento de fezes liquefeitas e 
pelas constantes micções. Dados sobre a umidade da pele, temperatura 
cutânea, perca de peso e efeitos sobre a produção leiteira também são notados.
3. Até o presente, os trabalhos se concentraram na verificação do 
comportamento de animais de várias raças européias e zebuínas, bem como de 
produtos de seus cruzamentos em vários graus, e em diferentes idades.
4. Dados sobre comprimento e peso dos pelos, retirados periodicamente 
das mesmas regiões do corpo, também tem sido anelados para se tentar 
relacioná-los com o comportamento de cada indivíduo.
5. Essas observações se realizam visando a:
a) conhecer as diferenças de tolerância ao calor existente entre animais de 
origem européia e de origem indiana;
b) conhecer as causas dessas diferenças.
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6. Os diferentes grupos de animais são regularmente submetidos às provas, 
de maneira que, a partir dos seis meses de idade e, dessa idade, de 3 em 3 meses, 
até a idade adulta, todos passam regularmente pelas provas, exceto os em 
adiantado estado de gestação.
7. Pelo que temos em mãos, de provas realizadas há mais de 3 anos, 
podemos concluir que há, evidentemente, não apenas diferenças, em relação a 
tolerância ao calor entre as raças, como entre indivíduos da mesma raça. Dada a 
maior freqüência de indivíduos zebuínos resistentes, poder-se-ia dizer que os zebus 
são mais resistentes do que os europeus. Não se pode, entretanto, negar, que entre 
os europeus alguns indivíduos, embora não freqüentemente, apresentam também 
razoável resistência. O índice de resistência, por nós adotado (continua falando o 
Prof. Veiga) é a média dos dados obtidos antes, durante e ao termino da prova, 
colhidos de hora em hora.
3 Condições Naturais - O Clima
Pela importância de sua influência, o clima está em primeiro lugar, entre as 
condições naturais. Não será exagero considerá-lo como regulador fundamental 
da produção animal ou seu limitador. Ele comanda a vida e o rendimento 
zootécnico dos animais domésticos. E é interessante notar-se, como lembrou por 
primeiro CORNEVIN (1897) que “os climas extremos apresentam menor número 
de espécies e de raças do que os temperados”.
O criador pouco ou quase nada pode contra o clima, no sentido de 
modificá-lo e torná-lo mais favorável aos animais que cria. Embora o homem 
possa, com os recursos técnicos atuais, criar ambientes artificiais, mesmo para 
os grandes animais domésticos, isto, porém seria, é evidente, inteiramente 
antieconômico. Por isso o criador procura antes a raça para o meio, na 
impossibilidade de ajeitar o meio para a raça.
Fig. 39 – Mapa das regiões pastoris doBrasil (Domingues, 1941), onde e vê a 
região centro-sul que se caracteriza pela sua produção leiteira à base do gado 
europeu puro ou mestiço (maioria) com zebu.
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Demais, há a lembrar, ainda, que o crescimento e a conformação do animal 
dependem também de fatores de natureza individual especiais, e de ordem fisiológica, 
como sejam os hormônios, que não devem ser esquecidas pois lá se começa a jogar 
com eles, embora ainda não como seria para desejar na prática da criação, 
presentemente, mas eles são, no fundo, de natureza genética, isto é, hereditária.
A ação dos diversos fatores climáticos nunca deve ser considerada 
isoladamente. O indivíduo acha-se sujeito a influência conjunta de todos eles. 
Ora, essas influências se somam, ou podem ser contrárias umas as outras, 
anulando-se ou atenuando-se seus efeitos. As noções gerais sobre o assunto, incertas ou 
contraditórias aparentemente, não devem ser tomadas ao pé da letra; antes 
procurar, pela observação e experiência, conhecer a influência de determinado 
ambiente, que economicamente nos interessa, como criador ou experimentador. 
Evitar as generalizações porque a reação dos animais às condições ambientes 
varia com as espécies, varia com as raças, dentro da espécie, e dentro da raça 
varia com as famílias e com os indivíduos.
Os efeitos do clima, portanto, devem ser estudados e considerados em 
cada caso ou em cada espécie, porque a ação, como, por exemplo, da temperatura, 
não é sempre a mesma sobre o metabolismo de qualquer espécie de animal.
As reações provocadas em laboratório, com determinadas espécies animais, 
não podem servir, em todos os casos, para as espécies domésticas. Há, certamente, 
para cada uma destas, um grau ótimo dos fatores climáticos, como a temperatura, 
que não é o mesmo para as demais. A afirmação de ADAMENTZ (1926), antiga, 
aliás, continua válida: “A sensibilidade e a reação ao estímulo diferem muito das 
diversas espécies domésticas e até nas raças”.
O clima, para a pecuária brasileira, cresce de importância porque quatro 
quintos do Brasil, onde a criação pode desenvolver-se, estão na zona tropical. E 
sabemos que, como resultado de anos de observações de práticos e de pesquisas 
científicas, talvez tenhamos de aceitar que as altas produções, sejam de carne ou 
sejam de leite - “São fisiologicamente irreconciliáveis com o alto grau de 
tolerância ao calor”3.
Todavia não devemos esquecer que a altitude – um grande corretivo do clima 
– melhora sensivelmente a extensa área pastoril “Centro-Sul”4, onde, na verdade, as 
possibilidades já são outras bem mais favoráveis, embora esteja entre os trópicos.
O clima tropical pode ser corrigido pela altitude. Assim acima de mil metros o 
problema de produtividade das raças bovinas gira em torno das possibilidades de 
bem alimentar esse gado (ALBA, 1955).
Chama-se clima ao conjunto dos fenômenos meteorológicos, que influem na 
caracterização da condição ambiente de determinado lugar. E a “constelação de 
variáveis”, como lhe chamou BRODY (1948).
Os agentes do clima são: calor, luz, umidade, pressão atmosférica, vento, 
radiação solar, chuvas.
A influência do clima sobre os animais se faz sentir muito diversamente, e é 
muito difícil isolar, com o devido rigor, a ação de cada um dos elementos do clima. 
Todavia, verifica-se que a temperatura é, para os animais domésticos o fator 
climático mais importante, vindo, logo a seguir, a radiação, solar, a umidade, a 
pressão atmosférica, as chuvas, os ventos dominantes, a luz.
3 Improvement of Livestok through Breeding (1955). Report of FAO Meeting. Brisbane, Australia
4 Domingues - Nota preliminar sobre as Regiões pastoris do Brasil. da Soc. Bras. Agron. 1941 Rio de 
Janeiro
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4. A Temperatura
A importância da temperatura, como fator climático, tem tal relevo, que é 
considerada como o agente principal na distribuição geográfica dos animais.
A temperatura do ar se faz sentir sobre os animais, por condução. A pele 
mais quente do animal tende a perder o calor em contato com o ar mais frio. Se a 
temperatura do ar aumenta, diminui essa perda de calor, até dar-se uma 
operação em sentido inverso: o animal recebe calor do ambiente, quando a 
temperatura do ar (caso dos climas tropicais) é elevada e ele está sob a ação direta 
da radiação solar.
Disso resulta uma série de reações do animal, conforme a temperatura a que 
for submetido, e conforme sua própria natureza.
Quando a temperatura se apresenta muito baixa ou muito alta, verifica-se 
o ajustamento do organismo animal a essas condições, devido a reação dos centros 
nervosos reguladores do calor corporal. Estes centros são extremamente sensíveis a 
mudanças na temperatura do sangue, que passa através deles, bem como 
provavelmente a impulsos nervosos, que chegam da superfície do corpo ao contato 
com o ar ou objetos, cuja temperatura seja capaz de influenciá-los (LEE e PHILLIPS).
Daí as reações que tem por fim aquele ajustamento e que podem ser assim 
resumidas.
No caso de frio, verifica-se certa constrição dos vasos sangüíneos superficiais, 
ereção dos pêlos, eliminação de água do sangue. Ao contrario, no caso de calor, dá-se a 
dilatação dos vasos sangüíneos superficiais, o aumento do ritmo respiratório, a 
necessidade de água para o organismo, e exsudação como recurso para que a 
temperatura do corpo não se eleve.
No frio, a circulação tende a decrescer pela vaso constrição e o organismo 
não requer acréscimo de água. Dá-se, até, por via disso, a eliminação desta através 
dos rins, ou armazenamento nos tecidos. A armação é mais freqüente devido 
parcialmente a uma ativação dos rins, decorrente de maior intensidade da 
circulação neles, por causa da vaso constrição superficial, e parcialmente ainda, à 
ação harmônica, da hipófise posterior, possivelmente devido ao aumento de água no 
sangue (e que deve ser eliminada).
Com o calor, verifica-se intensificação da circulação, como conseqüência da 
vaso dilatação; há perda de água, pela respiração e pele (nos animais que suam), 
e então surge uma solicitação de líquidos, por parte dos animais. Acima de 20°C 
RASGDALE (1949) e seus colaboradores verificaram aumento do consumo d'água em 
vacas Holandesas e Jersey.
Os animais submetidos a altas temperaturas reagem aumentando a 
temperatura retal e a taxa respiratória, e diminuem a produção de calor e o pulso. 
O nível crítico verificado por RASGDALE e colaboradores (Missouri, 1950) foi de 32° - 
35°C - para reses daquelas raças européias.
Por outro lado, MCDOWEL, LEE (1948), e FOHRMAN (1954)5 verificaram 
que a taxa de evaporação aumenta com as condições de ambiente mais quente: 660 
g por m², em 1 hora, a 40°,4C, em vacas Jersey e mestiças Sindi-Jersey.
Nessas condições de calor, o volume da urina se reduz principalmente nos 
animais que suam; e essa redução pode ser tal que de margem a formação de 
cálculos urinários.
O metabolismo animal é influenciado pela temperatura, e, no esquema que 
tomamos de LEE e PHILLIPS, temos a expressão geral dessa influência. No esquema, 
5 Journal of Animal Science 1954 - McDOWEL, LEE, e FOHRMAN – The measurement of water 
evaporation from limited areas of normal Body surface. 13:407-416.
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vemos que há uma zona térmica neutra, na qual o metabolismo não se altera, e 
obedece aos quadros normais da espécie. Mas, com o abaixamento da temperatura, 
verifica-se o seu aumento até o limite da tolerância ao frio. Com elevação dela, 
dá-se um ligeiro acréscimo do metabolismo, até o limite de tolerância ao calor, quese acha mais próximo da zona térmica neutra (fig. 40).
A respiração pode ser ativada com a elevação da temperatura, acelerando-se 
o ritmo respiratório. Se a ativação for demasiada, haverá uma ameaça, tal seja ela, 
de uma excessiva eliminação de CO2 produzindo-se um estado de alcalose (estado 
anormal de alcalinidade do sangue), ou mesmo de alcalemia. Quando o ritmo 
respiratório, então, é demais acelerado, dá-se uma compensação com a diminuição 
do volume de ar expirado, em outras palavras, a respiração menos profunda.
BONSMA (1940) e outros verificaram que um aumento de temperatura de 20° 
para 27°C provocou alteração no ritmo respiratório: em AFRIKANDER, 20 para 
44 por minuto; em HEREFORD, de, 30 para 63; e em SHORTHORN, 34 para 69. 
Esse aumento do ritmo respiratório é mais pronunciado acima de 26,6° a 29,4°C 
(FINDLAY, 1950). MULLICK e KEHAR (1951), trabalhando com Zebu e Búfalo, 
verificaram que o ritmo respiratório é o que mais varia com a temperatura do ar. E 
que, dentro dos abrigos, os búfalos mostram um mecanismo de regulação de calor 
corporal melhor do que os zebus, sob temperaturas elevadas (11° a 42°C).
Um efeito muito importante da temperatura é sobre o apetite dos animais 
com várias conseqüências de importância sob o ponto de vista econômico. Com o calor, 
verifica-se a diminuição ou mesmo até a perda do apetite. Ao contrário, com o 
abaixamento da temperatura, dá-se um estimulo do apetite, cujo mecanismo 
fisiológico não está bem esclarecido. Sabe-se que a adrenalina provoca os sintomas 
de fome, em determinadas condições e parece haver então, nas condições de frio, 
um estímulo da medula das ad-renais.
RAGSDALE (1949), BRODY (1948), TOMPSON e WORSTELL (1948) 
numa experiência realizada em Missouri, verificaram a diminuição do consumo de 
alimento em vaca Jersey: o consumo de grãos baixou de 6,350kg para 2,720kg devido à 
elevação da temperatura, de 10°C para 37,7°C. Houve, conseqüentemente, uma 
queda na lactação de 13,600k para 6,350kg. Isto confirma a opinião de BROBECK 
(1948) e MILLS e OGLE (1939) de que “o controle do alimento consumido é um dos 
mecanismos naturais de regulação da temperatura”.
As conclusões dos experimentos de MULLICK, MURTY e BEHAR (1952) 
com Zebu, na Índia, admitem que um dos fatores mais importantes, na regulação 
do mecanismo do calor corporal, é a alimentação; e que, no se ajustarem as 
condições ambientes, em cada estação do ano, os animais alteram a proporção 
dos diferentes alimentos que consomem.
O mesmo resultado obtiveram RAGSDALE (1950), e colaboradores com 
vacas Holandesas e Jersey submetidas a temperatura acima de 20°C: houve perda de 
peso. E todos os animais ganharam de peso com o declínio da temperatura. Nessa 
pesquisa, RAGSDALE e colaboradores concluíram por admitir uma temperatura 
ótima em torno de 10°C, para fêmeas de Bos touros; verificando-se diminuição no 
rendimento do leite quando a temperatura passava de 21,1° ou descia abaixo de 
4,4°C.
Outra será, porém, a reação do aumento de temperatura sobre o 
crescimento: este é favorecido, aliás, como era de esperar, dentro de certos limites. 
Assim, pintos incubados a 40°C apresentaram maior peso do que aqueles incubados 
a 35°C (LEE e PHILLIPS, 1948).
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Figura. 40 – Relação entre a temperatura ambiente e o metabolismo no animal em 
repouso (De LEE e PHILLIPS , 1948).
Uma das primeiras observações experimentais, nos trópicos, foi a de REGAN e 
RICHARDSON (1938), e eles verificaram haver queda da produção diária de leite, 
de mais ou menos 13 kg (29 lb) para 7,700kg (17 lb), quando a temperatura passou, 
em condições controladas, de 4,4°C para 35°C. Essa queda foi gradual. RHOAD (1935) 
chegara a conclusões semelhantes, mas não em condições controladas, nas suas 
primeiras observações no Brasil: o gado leiteiro europeu, nos trópicos, produzia, 
com rações balanceadas, somente 56% de sua capacidade.
Os trabalhos de BRODY (1948) e seus colaboradores confirmam todas essas 
observações; trabalhos esses dos quais é indiscutível a conclusão de que o efeito é 
mesmo da temperatura, fator estudado isoladamente em câmara climática. 
Desses experimentos foi possível concluir que, quando a temperatura passa além 
de 26,6°C, as vacas Holandesas baixam de 50 a 75% seu rendimento em leite. As vacas 
Jersey e as Schwyz suportaram um pouco mais o calor, e somente acima de 39,4°C 
foi que se verificou aquele decréscimo. A temperatura crítica para o declínio da 
lactação foi de 21,l° a 26,6°C para o Holandês e Jersey, de 29,4° a 32,2°C para o 
Schwyz.
Sobre as glândulas endócrinas, a temperatura exerce indiscutível influência, e 
uma delas seria, exatamente, a lactação, acima referida.
O frio ou o calor são capazes de modificar a atividade da hipófise 
anterior, da tireóide e das ad-renais. Com o frio, há aumento de sua atividade, e com 
o calor, esta parece diminuir. MULLICK (1953), por exemplo, achou um máximo de 
atividade da tireóide, em zebuínos, da Índia, durante o inverno; enquanto que 
nas outras estações essa atividade baixou para 2/3 daquela do inverno, sendo 
menor no verão.
A reprodução dos animais sofre sensivelmente a ação das variações mais ou 
menos extremas de temperatura. Nos climas frios, a época de reprodução é muito 
restrita.
As altas temperaturas agem, também, negativamente, sobre a fertilidade do 
animal doméstico, a partir da diminuição do próprio apetite sexual. Ou 
dizendo de outro modo, durante os verões quentes, baixa a fertilidade 
desses animais.
As observações nos machos são concludentes a tal respeito. O calor influi sobre 
as gônadas e mesmo sobre os testículos, cujos músculos se distendem, alongando-se a 
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bolsa escrotal. A formação e a qualidade do sêmen se ressentem, verificando-se 
menor mobilidade dos espermatozóides e maior percentagem de formas anormais. 
Assim, PHILLIPS e MCKENZIE (1934) demonstraram, experimentalmente, que as 
elevadas temperaturas do verão provocam diminuição da atividade dos 
espermatozóides, no Carneiro. E se tais condições de elevada temperatura agirem por 
várias semanas, verifico-se a própria degeneração da gônada, determinando, a 
esterilidade do animal.
Estudos realizados em Izatnagar (1954) mostraram que as características do 
sêmen de touros, bodes e búfalos são influenciados grandemente pela 
temperatura e umidade: a alta temperatura aliada à umidade elevada tem um 
efeito adverso sobre a qualidade do líquido seminal (Bhattachanya, Delhi).
Nas aves domésticas há uma relação entre a atividade da tireóide e a muda, 
com reflexos na postura (ação sobre os ovários, órgão genital), que diminui.
Das experiências de WARREN (1939) conclui-se haver uma Influência da 
temperatura sobre o peso de Legornes. O estudo da produção de 20 galinhas 
Legornes brancas (segundo ano), no Estado de Kansas, USA, mostrou que os ovos 
postos nos meses frios (inverno-primavera) eram mais pesados (em torno de 60 
g) do que os ovos de verão (em torno de 54-56 g).
A espessura da camada pilosa e outros característicos dos pelos, nos 
mamíferos, e da plumagem, nas aves, são influenciados pelo clima. Há aqui 
ação endócrina (ainda não bem determinada para uma generalização) e uma 
ação vascular sangüínea que se explica do seguinte modo (WILCKENS). Nos 
climas frios, dá-se a irrigação permanente, nas camadas profundas da pele, onde se 
acham os folículos pilosos, formando-se pelos longos, grossos e bastos. Nos climas 
quentes, pela radiação de calor, verifica-se o congestionamento das camadas 
superficiais da pele, com anemia do dermae, como, conseqüência, reduz-se a 
formação de pelos, em quantidade e dimensão.
Figura. 41 – Temperaturas máximas diárias e peso médio dos ovos, em intervalos 
quinzenais, para 20 Legornes,Manhattan (Kansas), mostrando a influência da 
temperatura sobre o tamanho dos ovos (1923-24) –(De Yearbook Agriculture U.S.A. 
1941).
Quando aquela anemia das partes profundas do derma é exagerada - tal 
seja a intensidade do calor - os pelos podem até cair. E isto é o que se observa na 
seca do Nordeste, quando os animais (bois e cavalos) perdem o pelo, ficando 
pelados e escuros. Caso semelhante se verifica com a capa de lã grosseira que 
recobre os carneiros da região. Essa lã cai e o animal fica recoberto apenas de 
pelos curtos e finos, como os de cabra. Mas, enquanto isto se verifica, em 
certos ovinos, adaptação ao clima, daí o carneiro Deslanado de Morada Nova, que 
151
é o exemplo típico dessa dificuldade na formação de lã em tais climas quentes; o 
mesmo podendo se dizer do Carneiro do Senegal e raças semelhantes, também 
sem lã, formadas no clima tropical africano.
Figura. 42 – Ovela da raça nativa Deslanada da Morada Nova. Adaptação ao clima 
tropical seco do Nordeste, particularmente do Ceará. (Fot. Do A.).
Figura. 43 – Ovelha comum do Nordeste. Notar o desaparecimento parcial da lã, 
nas inferiores do corpo, nos membros e cabeça. Marcha da adaptação. (Fot. Do A.).
Ao se adaptarem aos climas quentes, os bovinos das raças européias sofrem 
certa modificação sensível, nos pelos, que se tornam curtos e finos. Assim é que os 
animais dessas raças, que se mostram mais adaptáveis as condições de clima, são 
exatamente os portadores de pelos assim modificados. Demais a observação é que os 
animais peludos (de pelos crescidos como se estivessem no clima seu de origem) 
parecem ser preferidos pelos ectoparasitos (carrapatos, bernes), o que mais lhes dá a 
feição de inadaptados. HAMMOND (1960), de que colho esta interessante 
observação, interessante e autorizada, adianta que essa característica do pelo dos 
animais é hereditária, e deve ser considerada como um encontro com os efeitos 
do clima, tanto que entre os animais em aclimação, uns exigem ser tosados mais 
vezes do que outros. “A produção, em algumas raças, de indivíduos de pelos 
152
curtos, parece torná-los aptos para as condições tropicais” (HAMMOND); a isto 
podemos chamar uma condição preadaptiva, no sentido de CUÉNOT (1936).
5 A luz, a umidade, a Pressão atmosférica, os ventos, a radiação solar
Estes fatores climáticos não têm a importância da temperatura, mas sua 
influência é indiscutível sobre as funções fisiológicas dos animais domésticos.
A luz solar consta de diferentes raios visíveis e de uma parte invisível. Os 
raios ultravioleta e infravermelho pertencem a este segundo grupo, são raios 
invisíveis. Por sua capacidade para provocar processos químicos, também são 
chamados raios quimicamente ativos, ou por sua conduta física são de onda 
curta (raios ultravioletas) e de onda longa (raios infravermelhos).
Os raios visíveis atuam, geralmente, sobre a pele. Os ultravioletas podem 
produzir alterações características, em certas circunstâncias, particularmente sobre 
as peles pobres de pigmentação. Sua penetração pode alcançar uma profundidade 
tal que provoca inflamação e exsudação serosa (eritema solar).
A luz é necessária à fixação do cálcio, ao metabolismo das vitaminas e em 
geral a todo metabolismo. Na obscuridade, verifica-se economia de metabolismo que 
pode favorecer a engorda dos animais.
Através da hipófise anterior há uma influência da luz sobre a reprodução 
dos animais, e em geral sobre o balanço endócrino. E este, sendo modificado, terá 
a alteração do metabolismo que, no caso, se reflete sobre a reprodução, e ainda 
sobre a formação dos pelos, nos mamíferos, e da plumagem, nas aves.
HAMMOND (1936) concluiu de experimentos em Galinhas, haver uma ação 
estimulante da hipófise anterior, sobre o ovário, aumentando a postura, por efeito do 
prolongamento das horas de luz. ERASMUS (1955) obteve aumento na produção de 
ovos, na África do Sul, com dias de 14 horas. Em 365 dias, a média de postura foi de 
189,9 ovos, para apenas 178,1 ovos nas aves não submetidas ao dia de 14 horas. Ele 
não achou diferença prática no consumo de alimentos. Mas parece que a ação 
harmônica estimuladora deve ser auxiliada por um consumo maior de ração, que 
ajudará o aumento da postura. Dai à prática de iluminar os galinheiros, durante o 
inverno, nos climas temperados. Esta prática tem dado resultados satisfatórios.
A pouca luminosidade ou sua ausência diminui a atividade do animal, 
havendo economia de energia, predispondo para a formação de reservas orgânicas. 
Em outras palavras, favorece a engorda. É clássica a experiência do Prof. 
GRAFFENBERGER, citada por ADAMENTZ (1926). Diversos lotes de Coelhos, 
alimentados de modo igual, qualitativa e quantitativamente, foram mantidos 
durante certo tempo, uns em plena luz e outros em semiobscuridade. Ambos os 
grupos consumiram bem a ração, digerindo-a normalmente. Mas os que 
permaneceram na obscuridade aumentaram de peso, notoriamente, em relação aos 
expostos a luminosidade, nos quais o metabolismo era mais ativo. Abatidos, os mais 
pesados apresentaram uma deposição de gordura mais pronunciada, cuja diferença 
dos outros foi expressa assim:
Coelhos jovens:
Aos 16 dias de engorda 100:126
Aos 46 dias de engorda 100:119
Coelhos adultos:
Aos 24 dias de engorda 100:216
Aos 75 dias de engorda 100:138
153
Daí a prática já conhecida e adotada de manter, em ambiente pouco 
iluminado, os animais destinados a engorda. Os animais jovens e os reprodutores já 
exigem ambiente batido de luz.
A umidade do ar pode ser relativa ou absoluta. Geralmente, a umidade relativa 
é que é objeto de referência, e ela significa a pressão de vapor d'água presente no 
ar, expressa como uma percentagem em relação a saturação, em determinada 
temperatura. A pressão do vapor d'água atmosférico varia, assim, com a 
temperatura: uma alta umidade relativa, com baixa temperatura, corresponderá a uma 
baixa umidade relativa e uma alta temperatura. Assim a umidade relativa de 100% a 
18°C corresponde a uma umidade relativa de 50% a 20°C e a 45,5°C. A pressão do vapor 
d'água em todos esses três caso é a mesma de 20 mm de mercúrio.
Trata-se de um fator que age, principalmente, modificando a influência da 
temperatura. Assim um clima temperado e úmido mostra-se mais favorável à 
formação de pelos longos e grossos , como se o clima fora frio. Um clima 
temperado e seco não contraria a formação de pelos finos e menos bastos, como 
se fora quente.
A umidade conjugada a uma alta temperatura cria uma situação que mais 
dificulta a regulação do calor corporal, agravando os efeitos da elevação da 
temperatura ambiente.
A umidade, assim, é considerada um fator climático de importância 
secundária, comparativamente com a temperatura, que é o mais importante 
(ARRILAGA, HENNING e MILLER, 1952).
A pressão atmosférica é da mesma sorte, um fator de importância muito 
relativa. Sua influência se faz sentir nas grandes altitudes, e o efeito de sua redução 
é indireto, governando a tensão sob a qual o oxigênio necessário ao animal se torna 
disponível nos alvéolos pulmonares. Sendo baixa a pressão atmosférica, dá-se um 
estimulo a respiração, que é feita com dificuldade. A hematose do sangue é 
embaraçada, e, agravando-se, pode dar-se a perturbação conhecida com o nome de 
“mal das montanhas”.
O movimento da atmosfera deve ser umfator climático a considerar, 
porque a velocidade com que o ar se move, sobre a pele do animal influi na maior 
ou menor possibilidade disse animal perder calor, com sua pele em contacto com o 
ar, mas diz LEE (1948), por um processo de algum modo complexo. Na maioria das 
condições de clima temperado, quanto mais rápido o movimento do ar, maior a 
perda de calor, mas em certas condições de clima quente, pode dar-se o contrário. 
É certo que o vento, acelerando a evaporação, haverá uma ajuda para a perda de 
calor, quando a pele se apresentar umedecida. Em outras palavras, quando a 
temperatura do ar é mais baixa do que a do animal, o vento ajuda a perda de calor. 
Mas se for mais elevada, a pele do animal pode ganhar mais calor por condução, 
com o movimento do ar aquecido.
A radiação solar atinge o animal exposto ao ar, fora de um abrigo por dois 
meios: diretamente, com a incidência direta dos raios do sol, sobre a superfície 
corporal do animal; e indiretamente, através da radiação solar refletida (fig. 44):
a)das nuvens e das partículas de poeira suspensas no ar;
b) do solo e de outros objetos próximos.
Pode-se dizer que a radiação solar é o fator básico do clima. Assim o clima de 
uma localidade é governado pela radiação solar, aí.
A intensidade da radiação solar está não só estreitamente relacionado com a 
temperatura do ambiente onde o animal vive, como influi sobre os tecidos que revestem 
154
e cobrem o corpo do animal.
Figura. 44 – Troca de radiações entre o animal e o ambiente. (De Lee – Manual of field 
studies on the Heath Tolerance, 1953).
A radiação solar direta, sob a forma de raios visíveis e infravermelhos de onda 
longa, é parte refletida de acordo com a cor do animal e outras propriedades de pelame 
deste, e a parte restante é absorvida sob a forma de calor.
A radiação solar indireta (nuvens, poeira do ar, solo, objetos próximos) é 
refletida também, parcialmente, da mesma maneira que a radiação direta. Segundo 
RIEMERSCHMID (1943), cerca de 30% da radiação solar é refletida pelo solo, 
havendo pequena diferença entre o solo nu e aquele recoberto por grama.
Quando o ambiente é de temperatura mais baixa, há perda de radiação 
térmica (infravermelhos longos); mas, neste caso, a coloração do animal é de 
reduzida influência.
Quando o animal é removido da sombra para a intensa radiação solar de 
um dia de verão, sobe sua temperatura e acelera-se seu ritmo respiratório (RHOAD 
1941).
Os dados sobre radiação solar são, até o presente, demasiado escassos, mas, 
mesmo se se dispusesse de dados valiosos e suficientes, sua interpretação, em 
termos de fisiologia animal, devido à falta de conhecimento fundamenta sobre o 
assunto, será virtualmente impraticável (WRIGHT, 1954).
6 As Chuvas
As chuvas oferecem uma influência de natureza indireta, pois de sua presença 
ou falta, ou sua maior ou menor intensidade poderá depender a maior ou menor 
quantidade e mesmo a qualidade do pasto (sem se esquecer a influência 
fundamental do solo). As chuvas é que criam os pastos. A variação na pastaria, no 
decorrer do ano, é uma resultante do regime de chuvas, através das estações, na 
região.
A diferença de recursos forrageiros, e, pois das possibilidades de 
desenvolvimento e produção econômica dos gados, está na dependência também 
155
do fator chuva, que influi na caracterização dos climas: úmidos ou secos.
Nos climas secos, de pluviosidade reduzida ou mal distribuída, os animais 
sofrem uma deficiência de nutrição na estação seca, que marca seu 
desenvolvimento, e limita sua capacidade produtiva, influindo também na 
multiplicação deles. Neste caso, o homem precisa intervir para evitar os maus 
efeitos dessa deficiência de pluviosidade ou de sua irregularidade (caso do Nordeste 
brasileiro, na zona do “Sertão”), que dificulta o estabelecimento de uma rotina, 
nessa intervenção, por demais necessário do criador, fenando ou ensilando.
Nos climas úmidos, além do efeito, por vezes prejudicial, da umidade, quando 
somada as altas temperaturas, apresentam-se neles condições de solo, que prejudicam 
a formação de boas pastarias criadas pelas chuvas (caso dos campos alagados da 
região amazônica, e inaproveitáveis durante parte do ano, no chamado “inverno” 
ali, ou estação de chuvas).
Nos climas tropicais muito chuvosos, as chuvas podem determinar o 
empobrecimento deles em minerais. A deficiência mineral do solo ocorre mais 
vezes nos climas chuvosas, úmidos. Enquanto que a deficiência de vitaminas é 
mais comum nos climas secos, onde a alimentação verde é naturalmente menos 
abundante, ou mesmo escassa.
A deficiência de cálcio e fósforo se manifesta nas regiões de alta pluviosidade, 
deficiência que é um fator de baixa fertilidade no gado (THEILER et AL, 1924). Estes 
pesquisadores conseguiram elevar a percentagem de bezerros, de 51 para 80% 
suplementando a alimentação das vacas, com fosfatos (HAMMOND, 1955). 
Como sabemos, o cobalto é necessário aos bovinos para a formação da vitamina 
B12. As chuvas excessivas podem agravar a deficiência do solo, nesse elemento 
(HAMMOND, 1955).
A influência indireta, mas benfazeja, das chuvas, faz-se sentir nos climas 
temperados, em regiões de solo fértil, onde o desenvolvimento dos gados e sua 
produção econômica - leite ou carne - têm suas melhores expressões.
Para WRIGHT (1954), as possibilidades climáticas de uma região dependem 
de três fatores principais temperatura, umidade relativa e chuvas.
Com os dois primeiros destes fatores, BALL (1910), SHELFORD (1920), 
JOHNSON (1924) e recentemente WRIGTH (1948) conceberam engenhosamente 
um instrumento de comparação dos climas, sob a denominação de sismógrafo. E1e 
é obtido dispondo-se, num gráfico, as abscissas e as ordenadas (uma referente à 
média mensal da temperatura, e a outra, a média mensal da umidade relativa), e, 
depois, ligando-se os pontos de convergência por linhas retas, ter - se-á uma figura, 
que é o climógrafo da região.
Do gráfico de WRIGTH (Fig. 45) temos os climógrafos referentes à Europa 
e as Índias, bem distintos. O primeiro, de temperatura que nunca se aproxima do 
nível crítico de 21,1°C (70°F) e a umidade tolerantemente alta o ano todo; e sua 
forma regular e sua área reduzida indicam não haver extremos climáticos. O 
segundo é a extensa região do Zebu, com temperatura acima de 21,1°C, e umidade 
excepcionalmente baixa durante parte do ano, exceto na época das monções; ele 
cobre uma área extensa e irregular, indicando variações estacionais através do ano.
Substituindo a umidade relativa pela média mensal de chuvas, e conjugando-a 
com a média mensal da temperatura, HUNTINGDON (1915, 1947) imaginou o 
hitérgrato, que JOHNSON (1924) e NICHOLS (1933) utilizaram em pequena escala 
nos estudos de ecologia dos animais domésticos 6.
6 Para mais pormenores, consulte Progress in the Physiology of Farm Animals. Ed. By J. HAMMOND – 
London, 1954. Vol. I, pag.234-240 
156
Figura. 45 – Climógrafos típicos para o gado na Europa e na Ásia: gado europeu 
(Inglaterra) – Zebu indiano de grande porte (Índia) – gado importado com êxito 
(Ceilão) – tipo não fixado (Iraque) – (de N.C. Wright, 1954).
7 A Ação indireta do Clima
Como muito bem diz LEE (1948), é indispensável que o clima tende a 
reduzir, de algum modo, a produtividade doe animais domés t i cos . Sua ação 
pode se r d i re ta , como acabamos de ver, mas também pode ser indireta, seja 
através do parasitismo animal, que os climas quentes e úmidos favorecem mais (peste 
bovina, babesiase e anaplasmose,tripanossomíase, surra, antrax, várias 
verminoses, e algumas formas de parasitismo da pele: carrapato, berne, bicheira, e 
mais as moscas como a Stomoxys caIcitrans, que limita, senão impede a criação 
em algumas serras do Nordeste): seja na formação de pastagens grosseiras e 
pobres de proteína e certos minerais, seja determinando o aproveitamento dessas 
pastagens, apenas em curto prazo de alguns poucos meses (regiões quentes e 
secas). E, finalmente, é nos climas tropicais onde as condições sócio-econômicas e 
educacionais se mostram mais atrasadas, o que constitui fator não estimulante do 
progresso pecuário.
Assim, vemos como nas regiões tropicais o clima se torna fator demais 
limitante na exploração dos gados:
Diretamente sobre o animal, exigindo sua adaptação vitoriosa (aclimação).
Indiretamente:
1 - Favorecendo o parasitismo animal, principalmente nas regiões quentes e 
úmidas.
2 - Estabelecendo um ambiente onde as pastagens disponíveis são grosseiras 
e pobres de proteína, ou de curto aproveitamento nas melhores condições de 
utilização (regiões secas e quentes).
3 - Oferecendo condições socioeconômicas educacionais que são um fator não 
favorável a um surto progressista e seguro da exploração dos animais 
domésticos.
8 Solo e pastagem
157
 
No parágrafo anterior, verificamos haver também influência indireta do 
clima através de alguns fatores, entre os quais foi citada a pastagem. Assim, 
certas condições climáticas podem determinar a formação de pastagens naturais 
inferiores, pobres de proteína e com possíveis deficiências minerais, e de 
aproveitamento por vezes pouco eficiente.
Aqui estamos em face de outro fator, o solo, que também pode influir sobre 
os animais domésticos, através das plantas que nele vegetam, e que servem de 
alimentação para o gado. Deste modo há uma influência direta da pastagem, 
indireta do solo.
Logo, o solo só pode influir sobre os animais, pela vegetação forrageiro, que 
lhes fornece. Solos pobres, pastagem interior. Solos férteis, pastagem rica e 
abundante, gado melhor. Daí a verdade tão bem resumida no aforismo - 
nutrition begins with the soil.
Quando o solo não é rico, mas é capaz de sustentar pastos, regularmente, 
e que permitam o desenvolvimento e a produção de animais, verifica-se a 
redução do porte destes. Dai haver regiões tipicamente de reses mais 
desenvolvidas e regiões de reses de pequeno porte, e isto dentro da mesma raça. Por 
isso, na Holanda ocorre um fato posto em relevo por HAMMOND, EDWARDS e 
WALTON (1942), ao tecerem considerações sobre o porte dos animais, em 
relação ao meio. “Ali, escrevem eles, as Sociedades de Criadores reconhecem 
haver regiões de grandes animais e regiões de animais de porte menor, e então 
nas Exposições há classes separadas para a mesma raça, criada em terras pobres 
e em terras ricas; isto é, eles não procuram criar animais de grande porte em 
condições naturais que só suportam animais pequenos, senão o rendimento em 
leite sofreria. Eles, antes, procuram criar, nas regiões de pastos pobres, animais de 
esqueleto menos desenvolvido, assim grande parte do reduzido suprimento de 
alimentos pode ficar disponível para ser convertido em leite”.
As experiências sempre têm mostrado o que já se sabia pela observação, que 
há uma relação entre a composição do solo e sua estrutura física, e a vegetação 
que nele se fama. Por outro lado, a fertilização de solos pobres, com adubos 
fosfatados, potássicos e cálcicos, tem dado como resultado a multiplicação de 
espécies forrageiras espontâneas mais nutritivas e a diminuição sensível de capins 
nativos inferiores. E ainda se verifica o aumento do rendimento da massa forrageira. 
É, portanto, doutrina pacifica que a fertilização do solo tem efeitos sobre a 
composição botânica da vegetação forrageira. (STEPHEN 1942; ALEXANDER e al., 
1952; BLASER e al . , 1948; HARPER e al,. 1949). E é possível até citar casos 
concretos como o de New Jersey ( E E . U U . ) , onde o Trevo, em pasto não tratado, 
passou de 22% a 36% , quando se fez uma adubação de cálcio, fosfato e potássio.
Outra influência, que o solo pode ter, é sobre a composição química da 
forrageira; assim, experiência realizada no King Ranch (Texas) mostrou que a 
aplicação de adubo fosfatado em pastagens nativas produz aumento significativo do 
fósforo contido na forragem. Em números, temos que, adubando pastos do King 
Ranch com 100, 200. 400 e 800 lb. de tri-supertosfato por acre, obteve-se mais 
forragem e forragem mais nutritiva do que nos pastos sem adubação. Enquanto 
estes apresentaram a média de 0,09% de fósforo, os adubados ofereceram médias de 
0,16 a 0,27%. E o mais importante foi que os pastos adubados produziram 42 a 67% 
mais de massa forrageira do que os não adubados (Texas Bulletin n° 27, 1950).
Não devemos esquecer, porém, de salientar que o valor nutritivo da 
pastagem decorre mais da influência do solo fértil sobre a variedade de espécies 
de forrageira, que crescem nele, do que sobre a composição química de cada espécie, 
158
individualmente. Em outras palavras, a melhoria das condições de fertilidade do 
solo provoca transformação da pastagem, no sentido de que esta passa a ser 
constituída de melhores forrageiras, e não apenas em uma melhor composição 
química individual, das espécies forrageiras (o que seria muito pouco). Um solo fértil 
produz forragem mais nutritiva, por via de seu efeito sobre a composição química das 
espécies forrageiras, individualmente, e sobre a composição da forragem como um 
todo, porém de maior importância é o fato de que o solo fértil produz mais 
forragem (LUNDELL e DERBY LAWS, 1955).
Outra influência do solo sobre o gado, e que assume proporções sérias, por 
vezes calamitosas, em certas regiões, é quando ele apresenta pobreza de minerais. 
Bom número de experiências já demonstrou essa relação entre a saúde do 
animal e a composição mineral do pasto consumido. A pobreza do solo em 
fósforo, potássio e cálcio, ou nos chamados minerais-traças ou micros nutrientes como 
o cobre, ferro, magnésio, cobalto, constitui condição perturbadora para a criação 
em certas regiões tropicais ou subtropicais.
Casos há em que essa deficiência provoca até o aparecimento de estados 
patológicos, por vezes de efeitos mortais, e que somente nos últimos anos se chegou 
a identificar como deficiência mineral. A observação disso tem sido freqüente nos 
solos silicosos de baixada litorânea (Florida, EE.UU.) e começa a ser feita entre 
nós. No estudo do “mal da ronca”, que acomete e mata animais do Piauí. 
TOKARNIA, CANELLA e DOBEREINER (1958), chegaram a conclusão de tratar-
se de uma deficiência de cobre, no animal, “sem excluir a possibilidade de ocorrência 
simultânea de outras deficiências ou fatores, que contribuam para a formação dos 
diversos quadros patológicos de etiologia obscura, ora estudados”.
Um dos meios de combate a essas doenças, provenientes de deficiência mineral, 
é justamente fertilizar o solo, a fim de que o pasto ou as forragens dele colhidas 
contenham o teor normal das vários minerais necessários ao animal.
No King Ranch verificou-se, numa experiência de cinco anos, que adubando a 
pastagem, foi possível obter um aumento de 208 lb. no peso de garrotes, por ano e por 
vaca, na base de quatro safras. E, por esse processo, teve-se maior lucro liquido, por 
acre, do que dando farinha de ossos como complemento da ração, ou mesmo 
adicionando fosfato bissódico aágua dada ao gado. E a influência dos três processos 
sobre a produção de bezerros foi maior com a adubação da pastagem (42%) do que por 
meio do suprimento de farinha de ossos (33%) ou adicionando fosfato bissódico a água 
(39%).
Toma-se claro então, que uma contribuição importante para a correção 
das deficiências minerais, no gado, particularmente aquelas que se referem 
aos micros nutrientes, pode ser feita pela melhoria da composição botânica 
da pastagem através do emprego da adubação e da calagem do solo, que 
resultam no aumento de leguminosas e de capins mais nutritivos (LUNDELL e 
DERBY LAWS, 1955).
Finalmente, há uma referência especial a fazer, e que diz respeito à 
deterioração do solo, pela erosão. Esta, danificando o solo, determina o 
estabelecimento de condições que pioram a pastagem. Um exemplo disto tem no 
Estado do Rio de Janeiro, de solo acidentado e danificado pela erosão, cujas 
pastagens de capim “Gordura” não mais permitem, em geral, a exploração do gado 
leiteiro melhorado, sem o recurso do arraçoamento com concentrados, que na 
maioria das vezes constitui pesado ônus. Em tais regiões o combate a erosão seria 
um programa a estabelecer para melhoria do solo, e conseqüente conservação das boas 
condições de aproveitamento das pastagens.
159
A melhoria do solo provoca, portanto, o melhoramento do gado, mas por via 
indireta - a pastagem. Por isso se diz que o progresso agrícola de uma região traz, 
conseqüentemente, o melhoramento de seu gado. Por isso as regiões agrícolas mais 
adiantadas do mundo são aquelas também que apresentam uma pecuária mais 
adiantada.
Quando se pretende melhorar uma raça, é preciso, primeiramente, melhorar os 
meios de produzir alimentação rica, abundante, e adequada a espécie doméstica 
considerada e ao gênero de exploração. Não adianta uma boa semente animal, em 
uma região pastoril de recursos forrageiros deficientes. Da mesma sorte, criar animais 
de baixo rendimento, numa região de pastagens ricas, é aproveitar mal essa riqueza 
forrageira, que apenas está a espera de uma boa máquina transformadora de 
forragens em produtos pecuários valorizados.
Em resumo, há um efeito indireto do solo sobre o gado, através da 
pastagem que é influenciada qualitativa e quantitativamente. O efeito qualitativo 
pode ser:
a)sobre a melhoria da qualidade das forrageiras, individualmente, isto é, 
sobre sua composição química;
b) sobre a composição botânica da pastagem, que apresentará maior número 
de boas espécies forrageiras, e menor daquelas espécies nativas inferiores.
O efeito quantitativo, sob certo aspecto mais importante, é decorrente 
da formação de maior massa forrageira, no mesmo espaço de tempo. Ou em 
outras palavras, a pastagem cresce mais rapidamente, quando o solo é fértil ou 
foi fertilizado. Em se tratando de forrageiras cultivadas para corte, verifica-se 
a possibilidade de maior número de cortes, por ano.
Questionário N° 10
1 - Que é ambiente e quais os fatores ambientes a considerar em zootecnia: naturais e 
artificiais? 2 - Qual o papel do ambienta em relação a herança biológica? 3 - Qual a 
influência do ambiente sobre os caracteres raciais, particularmente os econômicos? 4 - 
Será o ambiente um modelador da raça ou do individuo? 5 - Explique a fórmula: 
Genótipo + Ambiente = Fenótipo. 6 - Que resultou dos estudos sobre o comportamento 
dos animais domésticos em ambiente tropical? 7 - Cite os fatores climáticos e qual o 
mais importante? 8 - Um animal de clima temperado, sendo posto nos trópicos, quais as 
duas alterações mais sensíveis quando exposto a radiação solar intensa? 9 - Qual a 
reação nos vasos sanguíneos e na circulação em geral? 10 - Quais os pioneiros nas 
observações dessa natureza e quando foram realizadas? 11 - Que é câmara climática e para 
que serve? 12 - Como se manifesta o apetite dos animais de clima temperado, quando 
postos em climas quentes, e quais as conseqüências do ponto de vista econômico? 13 - É a 
perda do apetite um fator regulador do ajustamento do animal as altas temperaturas? 
Explique. 14 - Há diferenças de reação aos climas tropicais entre espécies domésticas? E 
dentro da espécie? E dentro da raça? Que importância tem isto para o progresso da 
aclimação? 15 - Nos climas frios a reprodução dos animais pode verificar-se durante todo 
o ano? Explique. 16 - A atividade sexual nos trópicos é aumentada com a temperatura 
mais elevada? E qual a reação mais visível do macho, quanto ao seu órgão genital? 
Explique. 17 - Qual a ação das altas temperaturas sobre a capacidade fecundante do 
macho? Explique. 18 - Qual a relação mais importante entre a luz e o metabolismo? 
19 - A postura das aves é aumentada ou diminuída com a luz? 20 - Qual a importância 
da umidade atmosférica como fator ambiente dos animais domésticos? 21 - Como a 
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radiação solar atinge o animal desabrigado? 22 - Como as chuvas caracterizam os 
climas, e quais seus efeitos sobre a pecuária da região? 23 - Explique a ação indireta do 
clima sobre o gado. 24 - Como o solo pode influir sobre o gado de modo geral, e quais as 
duas vias pelas quais, o solo pode influir indiretamente?
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