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DESCRIÇÃO Introdução ao estudo da bioclimatologia e ezoognósia de aves e suídeos. PROPÓSITO Compreender como o ambiente físico pode influenciar na produção de aves e suídeos e conhecer as tecnologias de manejo e ambiência, assim como as principais raças e linhagens comerciais. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer a influência do ambiente físico sobre a produção de aves MÓDULO 2 Identificar as raças e as linhagens de importância comercial de aves de corte e de postura MÓDULO 3 Reconhecer a influência do ambiente físico sobre a produção de suídeos MÓDULO 4 Identificar as raças e as linhagens de importância comercial de suídeos de produção de carne e banha INTRODUÇÃO A bioclimatologia animal é o estudo da influência do ambiente físico sobre a vida dos organismos. O clima deve ser analisado de forma integral, como a soma de todos os fatores que o compõem, determinando uma ação direta e indireta sobre os animais. Veremos que os fatores que definem o clima podem ser divididos em fatores físicos (englobam temperatura, radiação solar, umidade, pressão atmosférica, vento e chuva), fatores sociais (envolvem hierarquia, tamanho e composição do grupo, além da presença de animais estranhos) e, entre outros, o manejo, que está relacionado aos alimentos, ao desmame, à forma e ao horário de arraçoamento. É importante conhecer como os animais respondem ou se adaptam de forma fisiológica, comportamental ou física às condições ambientais não favoráveis, pois nos permite tomar atitudes e decisões para melhorar o manejo, a alimentação, as instalações e os equipamentos javascript:void(0) para mitigar esses efeitos indesejáveis sobre os animais. Por isso, a partir de agora, analisaremos a influência do ambiente físico sobre aves e suídeos e as principais raças de aves e suídeos. MÓDULO 1 Reconhecer a influência do ambiente físico sobre a produção de aves ARRAÇOAMENTO Ato de fornecer ração; alimentar os animais. EFEITOS DO CLIMA TROPICAL NA PRODUÇÃO DE AVES Foto: Shutterstock.com. O clima pode influenciar na produção de aves. O desenvolvimento da avicultura caminhou em paralelo com o avanço dos conhecimentos relacionados ao manejo, à alimentação e ao melhoramento genético desses animais. Entretanto, esses fatores sozinhos não são capazes de permitir que o limiar de excelência na produção de aves seja alcançado, caso a temperatura ambiental não seja adequada à fisiologia das espécies. Nosso país possui climas muito diversificados. Temperaturas muito elevadas associadas à umidade tendem a causar desconforto térmico, principalmente, nas espécies sensíveis como as aves. Além disso, temperaturas elevadas dentro das instalações zootécnicas afetam diretamente a fisiologia dos animais e, consequentemente, a produção de carne e ovos. Por isso, é imprescindível entender como as aves se comportam sob determinadas temperaturas. As aves são animais homeotérmicos. Para que consigam manter a sua temperatura corporal, elas utilizam alterações metabólicas, fisiológicas ou até mesmo comportamentais. ANIMAIS HOMEOTÉRMICOS Regulam sua temperatura mantendo-a dentro de uma faixa ideal mesmo quando a temperatura externa não esteja adequada às necessidades da espécie. ZONA DE CONFORTO TÉRMICO Todo animal homeotérmico tem uma faixa de temperatura na qual não há esforço para ganhar e nem perder calor, sendo denominada zona de conforto térmico ou zona de termoneutralidade, com um limite inferior de temperatura (TI) e um limite superior de temperatura (TS). Dentro dessa faixa, o gasto metabólico da ave é mínimo e toda a expressão genética de produção do animal pode ser observada. Nas aves, em média, 80% de sua energia é destinada ao controle da sua temperatura e os 20% restantes são destinados à produção, seja de ovos ou de carne. javascript:void(0) Veja os fatores que influenciam na zona de conforto térmico: FATORES RELACIONADOS AO PRÓPRIO ANIMAL Idade, peso, necessidade fisiológica atual, quantidade de animais na instalação, tipo de alimentação e a própria genética, uma vez que o próprio corpo produz calor, por meio da energia absorvida dos alimentos, e troca calor com o ambiente à sua volta. FATORES RELACIONADOS AO MEIO AMBIENTE Temperatura externa, umidade do ar, desenho da instalação zootécnica e seu tipo de piso, já que são superfícies ou massas que influenciam a termorregulação do corpo do animal. As aves são capazes de manter sua temperatura ideal quando o ambiente não é favorável, ainda que isso implique em um gasto de energia. Por exemplo, se a temperatura estiver abaixo da TI (Default tooltip) da zona de conforto térmico das aves, elas necessitarão produzir calor, processo conhecido como termogênese, para não entrar em hipotermia. Se a temperatura estiver acima da TS (Default tooltip) da zona de conforto, as aves precisarão perder calor, processo conhecido como termólise, para não entrar em hipertermia. Nas duas situações, a energia gasta nesses processos é retirada da energia de mantença e desviada da produção e reprodução, e pode ser influenciada pela umidade relativa do ar, velocidade do ar e radiação solar. Imagem: Bioclimatologia Aplicada à Produção de Bovinos Leiteiros nos Trópicos. AZEVÊDO; ALVES, 2009, pág. 12; adaptada por Rodrigo Nunes. Zonas críticas de temperatura e zona de termoneutralidade. A temperatura corporal das aves adultas com idade entre 35 e 42 dias é, em média, 41,1°C e a zona de conforto encontra-se entre 21 e 23°C. Temperaturas abaixo ou acima desses valores javascript:void(0) javascript:void(0) afetarão diretamente o consumo de alimentos e, consequentemente, ocorrerá queda de produção. Em aves muito jovens, como nos pintainhos (Default tooltip) , essa zona de termoneutralidade varia entre 33 e 35°C. Temperaturas acima desse intervalo possibilitam a hipertermia, desidratação, baixo consumo de alimentos e, consequentemente, crescimento e desenvolvimento lentos do animal. Em contrapartida, temperaturas abaixo desse intervalo podem causar hipotermia, o que propicia a ocorrência de ascite por hiperventilação pulmonar. A troca de calor no meio ambiente ocorre pelos seguintes meios: 1. Radiação por ondas eletromagnéticas. 2. Condução de molécula a molécula. 3. Convecção por meio do movimento do ar. 4. Evaporação quando o estado da água se altera do líquido para o vapor. Como as aves perdem calor? ASCITE Acúmulo excessivo de líquido nas cavidades peritoneais das aves. Calor latente Quando o calor ambiental que circunda a ave se eleva com o aumento da atividade física do animal e no momento pós-arraçoamento. Elas podem eliminar este calor por meio da radiação, condução e convecção, sendo possível ocorrer perda de 70% do calor. Calor sensível javascript:void(0) Corresponde ao calor absorvido ou perdido pelo animal, ou seja, aquele que provoca alteração de temperatura no corpo do animal e é expresso em caloria por grama (cal/g). A perda do calor sensível nas aves ocorre por meio da evaporação respiratória, já que não possuem glândulas sudoríparas. Assim, as aves abrem os bicos e aumentam a velocidade de seus movimentos respiratórios, o que é extremamente exaustivo. A hiperventilação é um mecanismo bastante útil, mas pode trazer riscos à saúde das aves, como a ocorrência de alcalose respiratória, pela eliminação excessiva do gás carbônico, que atua no tamponamento do pH sanguíneo. Essa molécula reage com a água para formar o ácido carbônico, sob o efeito de enzima anidrase carbônica. Se ocorrer a falta de gás carbônico, consequentemente, ocorrerá a falta de ácido carbônico e de moléculas de hidrogênio, aumentando do pH sanguíneo. Em aves de postura, a alcalose respiratória está relacionada ao desequilíbrio eletrolítico e mineral, resultando em ovos de casca fina e de tamanho pequeno. Isso ocorre porque, para compensar a alcalose, é disponibilizada grande quantidade de ácidos orgânicos no sangue, o que impede que haja cálcio livre ou ionizado disponível para a formação da casca do ovo.Além da abertura de bico e da hiperventilação, outra forma de perda de calor muito utilizada pelas aves é o aumento da superfície corporal, no qual a ave realiza um movimento de se abaixar, abrir ao máximo suas asas e induzir o movimento de piloereção (Default tooltip) , estimulando o fluxo sanguíneo para as partes não cobertas por penas, como a barbela, os pés e a crista. A eliminação de fezes e de ovos também auxilia no processo de termólise porque qualquer eliminação de massa leva consigo calor corpóreo. Foto: Shutterstock.com. Aves abrindo o bico para perder calor. Sob estresse calórico, a ave diminui a ingestão de alimentos para evitar a produção de mais calor. Também ocorre aumento de secreção renal de potássio, que participa da condução nervosa, do trabalho muscular e da síntese de proteínas. As aves, de forma geral, possuem maior capacidade de reagir ao frio do que ao calor. Isso é demonstrado pela temperatura mínima que os adultos podem suportar, 25°C, que está bem distante de sua temperatura corpórea ideal. Entretanto, com apenas 5°C acima da temperatura corpórea ideal, em torno de 47°C, muitas aves vêm a óbito. ÍNDICES DE CONFORTO E AMBIÊNCIA EM AVES Foto: Shutterstock.com. O conforto térmico das aves influencia na produção. É imprescindível que os galpões na avicultura industrial sejam climatizados ou sofram algum tipo de isolamento, de forma que as altas temperaturas externas não sejam responsáveis por quedas produtivas e pelo aumento da mortalidade das aves. TEMPERATURA A temperatura ambiental para aves de corte, poedeiras e matrizes pode oscilar entre 15 e 28°C. Para as aves jovens, que têm uma temperatura corporal mais baixa, o requerimento ambiental varia entre 33 e 34°C. Essa amplitude de temperatura se relaciona com a umidade relativa do ar, que deve estar entre 50 e 70%. Quanto maior é a umidade, maior será a sensação de calor. Para cada fase da vida da ave, existe uma temperatura corporal inferior (TCI) e uma temperatura corporal superior (TCS), medidas em °C. Entre esses limites de temperatura corporal, está a zona de conforto térmico (ZCT), conforme as tabelas, a seguir: Fase TCI (ºC) ZCT (ºC) TCS (ºC) Recém-nascido 34 35 39 Ave adulta 15 18 a 28 32 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Valores de TCI, TCS e ZCT nas diferentes fases de vida das aves. Extraída de ABREU, 2019. Idade em Semanas Faixa do conforto térmico (ºC) 1 32 a 35 2 29 a 32 3 26 a 29 4 23 a 26 5 20 a 23 6 20 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Faixa de conforto térmico em cada semana de idade dos frangos. Extraída de ABREU, 2019. TAXA DE LOTAÇÃO Foto: Shutterstock.com. Galpão com aves em alta densidade. A taxa de lotação nos galpões é importante para o conforto das aves e se relaciona com a capacidade de produzir e dissipar calor. No alojamento para pintainhos, a densidade deve ser calculada de forma a não exceder, na época do abate, 36kg de peso vivo por m2 da instalação, ou seja, entre 18 e 22 aves/m2. Para aves poedeiras, a densidade varia conforme o tipo de instalação, sendo a densidade máxima permitida de 11 aves/m2. ÁGUA E RAÇÃO É necessário que a água das aves esteja sempre limpa e fresca, com temperatura variando entre 15 e 18°C, respeitando um niple a cada 10 aves ou bebedouro pendular para grupos de 70 a 80 frangos. javascript:void(0) Para ração, um prato alimentador a cada 35 aves é suficiente. A umidade da cama não deve exceder 25% e o excesso de ruídos na granja precisa ser evitado para não causar agitação das aves. NIPLE Bebedouro similar a um mamilo adaptado ao cano de água que as aves podem acionar. Foto: Shutterstock.com. Pintainhos bebendo água no niple. Foto: Shutterstock.com. Aves se alimentando em comedouro automático. ALTA CONCENTRAÇÃO DE GASES TÓXICOS Um dos grandes problemas de ambiência é a alta concentração de gases tóxicos, como a amônia, que é proveniente da degradação do esterco das aves. Com a alta densidade de aves para ganho de produção, a formação desses gases é um problema constante na avicultura. O teor da amônia não deve exceder 25ppm, de preferência ficando abaixo de 10ppm a fim de evitar a ocorrência de problemas respiratórios. O nível de monóxido de carbono precisa ser inferior a 10ppm, não excedendo 50ppm, e o de gás carbônico inferior a 3.000ppm e não exceder 5.000ppm. O uso de potentes exaustores é indicado para a renovação do ar, eliminando os gases tóxicos em uma velocidade de 2,5 a 3,0m/s. Além disso, recomenda-se nebulizadores com bicos de alta pressão de 400 a 600psi (28 a 41 bar) e ventilação mínima. QUANTIDADE DE HORAS DE LUZ A quantidade de horas de luz a qual as aves ficam expostas é fundamental para a produção e conforto, pois ela interfere no metabolismo ósseo, no estresse fisiológico e no sistema imunológico dos animais. A quantidade ideal de luz é influenciada por outros aspectos, como o peso das aves, tipo de instalação, localização geográfica etc. De forma geral, a orientação é que a intensidade de luz, como mostrada na tabela a seguir, em instalações para frangos de corte não seja inferior a 20 lux, até os 7 dias de vida, e 5 lux, até o final da criação. Entretanto, 3 dias antes da saída do lote para o abate, deve-se aumentar a intensidade de luz para 10 lux. Para aves poedeiras, é exigido um mínimo de 8 horas de luz artificial ou natural por dia. Foto: Shutterstock.com. Pintainhos sendo criados sobre cama e com luz artificial. LUX Unidade do nível de iluminância. Idade Luz (horas) Escuro (horas) 1 dia 24 0 javascript:void(0) 2 - 7 dias 23 1 8 - 21 dias 18 6 22 - 28 dias 19 5 29 - 35 dias 20 4 36 - 42 dias 21 3 43 - 49 dias 22 2 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Número de horas indicadas para cada fase de vida dos frangos de corte. Extraída de ABREU, 2019. MANEJO E TECNOLOGIAS PARA CONFORTO Foto: Shutterstock.com. Diferentes técnicas podem ajudar a manter o conforto das aves de produção. O manejo adequado e as tecnologias para proporcionar conforto térmico, bem-estar e melhoria da produção das aves vêm se aperfeiçoando a cada década. Diminuir gastos é um processo contínuo na produção de aves, por isso, todos os aspectos relacionados ao manejo devem se mostrar eficientes e econômicos. Água e alimentos precisam estar em bebedouros e comedouros dispostos nos círculos de proteção e distribuídos uniformemente por toda área do galpão de criação. É necessário que a água esteja limpa, fresca e em temperatura entre 15 e 18°C, e a ração é balanceada para atender às necessidades das aves e, preferencialmente, triturada na fase de pintainhos. ATENÇÃO Após os 21 dias de vida, deve ser considerada a relação de aves e equipamentos de hidratação e alimentação, para que não haja concorrência entre os animais presentes no galpão. Foto: Shutterstock.com. Frangos de corte em crescimento sobre cama com bebedouros e comedouros disponíveis em número adequado. A cama das aves precisa ser isenta de produtos tóxicos e microrganismos, além de apresentar altura de 7 a 8cm e ser mantida seca. É necessário que o revolvimento das camas seja realizado sem liberar muitos aerossóis, podendo ser reutilizadas após tratamento adequado. O espalhamento de cal virgem na quantidade de 300g/m2 de piso do galpão auxilia a desinfecção das camas. DICAS PARA MELHORIAS NA PRODUÇÃO DE AVES Para reverter o problema da formação de gases tóxicos em situações de alta densidade de aves com consequente produção de calor, foram desenvolvidas formulações de rações com baixo incremento calórico e com um teor de proteína ideal para diminuir a excreção de nitrogênio. Além disso, o fornecimento de vitamina C auxilia no controle do estresse crônico dos animais. Veja algumas orientações para a melhoria na produção de aves: 1. Controlar o peso das aves poedeiras é importante porque, além de seuexcesso influenciar na produção, aves acima do peso terão maior dificuldade na perda de calor, sendo indicado diminuir a quantidade de ração após o pico da produção. 2. Não alimentar as aves nas horas mais quentes do dia, de forma a diminuir os substratos para o metabolismo e a produção de calor, compensando a alcalose respiratória pela acidose metabólica, reequilibrando a relação ácido-base. 3. Fornecer ração peletizada, pois, nesse formato, o tempo de ingestão e o gasto de energia de mantença são menores. 4. Fazer a renovação da água conhecida com o método flushing , sistema que possui uma entrada de água com forte pressão. Além de eliminar sujidades e resíduos de medicação nos equipamentos, isso permite que as aves tenham oferta constante de água fresca. 5. Adicionar gelo à água quando possível e na dependência do tipo de instalação. 6. Adotar, no verão, uma densidade menor de aves por m2. PELETIZADA javascript:void(0) É o revestimento das sementes com material inerte, permitindo tamanho maior, uniformizando o formato e peso. AMBIÊNCIA E CLIMATIZAÇÃO Foto: Shutterstock.com. Medidas que melhorem a ambiência e a climatização influenciam nos resultados de aves de produção. Antes de pensarmos em tecnologias mais sofisticadas que dependam de energia elétrica, projetar instalações adequadas para criação de aves acarreta efeitos muito benéficos e econômicos. Portanto, agora vamos nos ater aos principais aspectos da construção das instalações zootécnicas para manutenção desses animais. LOCALIZAÇÃO É necessário que a localização seja tranquila, longe de estradas e rodovias e, de preferência, rodeada por árvores. As árvores servem como barreira de som e ajudam na diminuição da temperatura do ambiente, mas não podem estabelecer barreiras para o vento e as brisas. A declividade do terreno deve ser suave. O local precisa ser isolado por telas e ter distanciamento mínimo de 1km entre outras granjas. Entre os aviários da mesma propriedade como mostrado na figura a seguir, a distância mínima necessária é de 100 metros, ou 10 vezes o valor da altura da construção entre os dois primeiros galpões a barlavento (Default tooltip) . A partir do segundo galpão, a distância deve ser de 20 a 25 vezes da altura, para que elas não atuem como barreiras de ventilação. Imagem: Embrapa; adaptada por Rodrigo Nunes. Direção do vento e distância entre os galpões. ORIENTAÇÃO DOS GALPÕES Evitar a incidência dos raios solares dentro das instalações, pois ele não é um elemento essencial na avicultura. A orientação deve ser no sentido Leste-Oeste. Imagem: Embrapa; adaptada por Rodrigo Nunes. Orientação do galpão de avicultura. LARGURA Recomendável até 10 metros para climas quentes e úmidos e entre 10 e 14 metros em climas quentes e secos. Em média, utiliza-se a largura de 12 metros com pé direito dimensionado para a largura proporcional mostrado na tabela a seguir. PÉ DIREITO A diferença de altura entre o piso e o teto de um ambiente. Largura do aviário (m) Pé direito mínimo em climas quentes Até 8 2,80 javascript:void(0) De 8 a 9 3,15 De 9 a 10 3,50 De 10 a 12 4,20 De 12 a 14 4,90 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Determinação do pé direito em função da largura adotada para o aviário. Extraída de EMBRAPA, 2016. É indicado o uso do lanternim: uma estrutura metálica instalada no ponto mais alto da edificação com aberturas estratégicas que permitem a circulação natural do vento e renovação do ar. ATENÇÃO Quanto mais largo o galpão, mais alto será o pé direito, pois ele é essencial, já que auxilia a ventilação e diminui a energia radiante de calor proveniente da cobertura. É apropriado também que o comprimento não ultrapasse 200 metros e que haja divisórias de tela removíveis para não prejudicar a ventilação. O piso deve ser de material lavável, sem ralos, impermeável, sem ser liso, podendo ser de tijolo deitado, que oferece um bom isolamento térmico. Imagem: Embrapa; adaptada por Rodrigo Nunes. Esquema do lanternim. FECHAMENTO As laterais precisam ter 20cm porque permite a ventilação ao mesmo tempo que impede a entrada de chuva. No vão existente entre a mureta e o telhado, é necessário instalar uma tela de malha ou PVC. As paredes das extremidades, chamados de oitões, devem ser fechadas até o teto e pintadas de branco. Pelo lado externo, pode ser utilizada cortina para diminuir a incidência do sol sem prejudicar a ventilação. COBERTURA Deve ser feita com um material que ofereça resistência térmica, como o sapé ou telha cerâmica. Entretanto, devido ao alto custo, é muito comum a utilização de telhas de amianto, que não reduzem muito o calor. Nesses casos, é necessário o uso de isolantes, pinturas refletoras e de aspersão de água no telhado. De uma forma geral, o material da cobertura precisa apresentar alta refletividade solar e emissão térmica, na sua superfície superior, e baixa refletividade solar e emissão térmica, na sua superfície inferior. CIRCUNVIZINHANÇA E SOMBREIRO O plantio de grama ao redor dos galpões é recomendado com a finalidade de diminuir a quantidade de energia refletida e a penetração do calor no terreno. VENTILAÇÃO Foto: Shutterstock.com. Galpões com a presença de ventiladores. Ajuda a manter a temperatura do galpão dentro dos padrões de conforto térmico dos animais, pois permite a troca térmica por convenção. Além disso, a ventilação ajuda na eliminação da umidade da cama das aves e na renovação do oxigênio no interior do galpão, excluindo o gás carbônico e os gases oriundos da fermentação das fezes dos animais. TROCA TÉRMICA POR CONVENÇÃO Ocorre quando partes distintas de um todo apresentam diferentes temperaturas e trocam calor quando se chocam, como as moléculas de ar dentro do galpão que se chocam com moléculas do ar vindo de fora dele, perdendo calor. javascript:void(0) A ventilação pode ser de diferentes tipos. Vamos conhecer cada um deles. VENTILAÇÃO NATURAL OU ESPONTÂNEA Ventilação dinâmica: o ar flui entre dois pontos, do local de maior pressão para o de menor pressão. Ventilação térmica: neste caso, a diferença de temperatura causa diferentes densidades entre o ar quente e o ar frio; assim, o ar quente tende a ascender pelas aberturas do lanternim. Esse fenômeno é conhecido como efeito chaminé. Quebra-ventos: dispositivos naturais ou artificiais com a função de diminuir a ação dos ventos dentro das instalações, aumentando a taxa de ventilação. VENTILAÇÃO ARTIFICIAL, MECÂNICA OU FORÇADA Sistema de pressão negativa ou exaustão: é chamado de túnel de vento, no qual ventiladores forçam a saída do ar de dentro da instalação para fora dela, utilizando as diferenças de pressão ocasionadas pelos exaustores. Sistema de pressão positiva ou pressurização: são utilizados ventiladores que forçam a entrada do ar de dentro para fora do galpão por meio de aberturas nas instalações. RESFRIAMENTO EVAPORATIVO Consiste em fazer o ar circular com determinada quantidade de umidade por um painel molhado, que o faz perder água por evaporação. Para a água passar do estado líquido para o gasoso, as moléculas de água necessitam de calor, retirando-as do ambiente, diminuindo a temperatura e aumentando a umidade. AQUECIMENTO Nas regiões mais frias do país, existe a necessidade de aumentar a temperatura ambiental para alcançar o conforto térmico e melhorar a produção animal. Lembrando que as aves jovens, os pintainhos, necessitam de temperaturas mais elevadas. Existem vários tipos de aquecedores que buscam produzir calor e aumentar a temperatura com menor gasto de energia. Entre eles, podemos citar: Aquecedores a lenha, campânulas a gás e fornalhas a carvão Aquecedores elétricos Aquecedores a gás Métodos alternativos de aquecimento Veja a seguir algumas formas de aquecimento dos pintainhos. Foto: Shutterstock.com. Pintainhos sob aquecimento por campânula. Foto: Shutterstock.com. Pintainhos sendo aquecidos comlâmpada infravermelha. Como vimos, toda a bioclimatologia pode influenciar no bem-estar e no resultado produtivos dos animais. Conhecer tais exigências é primordial no manejo de aves de criação. O AVANÇO TECNOLÓGICO EM AMBIÊNCIA NA AVICULTURA BRASILEIRA A especialista Cristina Fernandes do Amarante fala sobre o ganho de conhecimento em níveis de ambiência e novas tecnologias na avicultura brasileira. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A PRODUÇÃO ANIMAL DEPENDE DO BEM-ESTAR DOS ANIMAIS, POIS, QUANTO MAIOR O CONFORTO, MAIOR O POTENCIAL GENÉTICO DE PRODUÇÃO. QUANTO AO CONFORTO TÉRMICO DAS AVES, PODEMOS AFIRMAR QUE: A) As aves suportam um limite de temperatura inferior e superior dentro das quais elas se sentem confortáveis, mas, facilmente, podem extrapolar esses limites sem ocorrer perda de produção devido a sua grande capacidade de perder calor pela sudorese. B) Muitos comportamentos de aves com estresse por calor podem ser observados, com exceção da abertura de bicos, que está mais relacionada à desidratação. C) Aves muitos jovens, como os pintainhos, necessitam de temperaturas bem amenas, em torno de 15 a 18°C para se sentirem confortáveis. D) Aves poedeiras sob estresse térmico podem ter sua produção com ovos pequenos e cascas frágeis devido ao desequilíbrio eletrolítico causado pelo aumento da frequência respiratória para perda de calor evaporativo. E) Quanto mais pesada a ave de corte, mais resistente ao calor ela é, devido à capacidade de maior ingestão de água e à proteção térmica isolante de sua camada de gordura. 2. O MANEJO ADEQUADO POSSUI A CAPACIDADE DE MITIGAR O ESTRESSE TÉRMICO DAS AVES. ENTRE AS FORMAS DE MANEJO, PODEMOS CITAR: A) Aumentar o consumo de ração e a quantidade de energia presente. B) Realizar o arraçoamento nas horas mais quentes do dia para que, depois, as aves possam descansar nas horas mais frias. C) Permitir que a cama das aves ultrapasse 25% de umidade, pois, quanto mais água no ambiente, menor é a sensação térmica. D) Diminuir a densidade de aves por m2 para auxiliar na dissipação de calor. E) Diminuir o pé direito das instalações de forma a impedir que o ar quente se aglomere na parte mais alta. GABARITO 1. A produção animal depende do bem-estar dos animais, pois, quanto maior o conforto, maior o potencial genético de produção. Quanto ao conforto térmico das aves, podemos afirmar que: A alternativa "D " está correta. Conforme a ave aumenta a sua frequência respiratória, ocorre perda de CO2, que atua no tamponamento do pH sanguíneo. Com a falta de CO2, consequentemente, haverá também a falta de ácido carbônico e de moléculas de hidrogênio. Isso determinará o aumento do pH sanguíneo, determinando uma alcalose. A compensação da alcalose se dá pela descarga de grande quantidade de ácidos orgânicos no sangue, o que impede que haja cálcio livre ou ionizado disponível para a formação da casca do ovo. Por isso, os ovos produzidos são de tamanho pequeno e casca fina. 2. O manejo adequado possui a capacidade de mitigar o estresse térmico das aves. Entre as formas de manejo, podemos citar: A alternativa "D " está correta. A densidade de aves é um fator essencial na diminuição do seu estresse térmico, pois ter muitas aves aglomeradas dificulta a perda de calor corpóreo para o meio ambiente, aumenta a quantidade de dejetos e, consequentemente, a umidade; por sua vez, tem grande influência na sensação térmica. MÓDULO 2 Identificar as raças e as linhagens de importância comercial de aves de corte e de postura AVES DE POSTURA E DE CORTE Foto: Shutterstock.com. Naturalmente, as raças puras de aves com produção de carne possuem baixa taxa de postura de ovos e eclodibilidade. Em contrapartida, as raças, quando são boas poedeiras, não fornecem muita carne para consumo. Raças puras, aquelas produzidas e selecionadas naturalmente, ainda existem. Porém, na maioria das vezes, as encontramos em estações de pesquisas como fonte de genes para obtenção de outras raças. Isso ocorre porque, com o avanço tecnológico, o ser humano criou raças híbridas, realizando cruzas entre raças após a seleção de características desejáveis. Logo, o termo linhagem é mais adequado do que raça, já que a maioria das raças criadas provém de melhoramento genético. ECLODIBILIDADE Número de pintainhos que nascem após a incubação dos ovos. Linhagens de frango de corte devem possuir tamanho grande, alta taxa de crescimento e boa conversão alimentar, sem a necessidade de alta produção de ovos e boa eclodibilidade. A maioria das linhas de machos utilizadas para produção de frangos de corte utiliza genes de raças de peito amplo e musculoso, pernas curtas, ganho rápido de peso, crescimento uniforme, empenamento precoce e boa composição de carcaça. Para driblar a presença de penas javascript:void(0) coloridas, o que não é muito bem-visto pela avicultura industrial, genes de outras raças de penas brancas foram incorporados. SAIBA MAIS As aves de postura precisam ser precoces, com bom número de ovos por postura, de casca resistente e bom tamanho. No Brasil, há preferência para que tais aves tenham a pele amarela. CARACTERÍSTICAS QUE DISTINGUEM AS AVES Antes de iniciarmos nosso estudo sobre as linhagens de aves, é importante compreender os pontos que distinguem as raças das aves destinadas à produção de carnes e ovos: Tamanho e peso corporal Morfologia externa Cor da plumagem Cor e tamanho dos ovos Tipo de crista Veja os tipos de crista a seguir: Foto: Shutterstock.com. Crista noz Foto: Shutterstock.com. Crista rosa Foto: Shutterstock.com. Crista ervilha Foto: Shutterstock.com. Crista simples Quando uma empresa, nacional ou internacional, cria uma determinada linhagem comercial que só ela sabe como foi produzida, ela é a detentora daquela “marca”, inclusive, batizando-a com um determinado nome e tendo todos os direitos sobre ela. AVES DE CORTE Veja a seguir exemplos de aves de corte. Foto: Shutterstock.com. PLYMOUTH ROCK BRANCA Os primeiros cruzamentos para frangos de corte utilizavam essa raça pura de origem. Atualmente, serve de material genético para a formação de linhagens cruzadas. Possui as penas brancas, pele amarela e a crista noz. Foto: Shutterstock.com. CORNISH É uma raça inglesa, que pode ser branca, preta ou laceada em vermelha e amarela. Possui uma conformação corporal diferente de outras raças por ter as pernas mais curtas, corpo amplo e o peito robusto. Sua crista tem formato de ervilha, sua pele é amarela e ela produz ovos de cor marrom. Apesar da boa produção de carne, sua postura de ovos é pequena, com tamanho pequeno e de baixa taxa de eclodibilidade. É muito utilizada na formação de raças híbridas, cruzando o macho Cornish com fêmeas Plymouth Rock Barrada, Plymouth Rock Branca, New Hampshire e linhas híbridas. Foto: Shutterstock.com. GIGANTE NEGRA DE JERSEY Ave de grande porte, podendo a fêmea pesar até 4,500kg e o macho 5,902kg. É de cor preta metalizada e brincos vermelhos. AVES DE POSTURA Veja a seguir exemplos de aves de postura. Foto: Shutterstock.com. LEGHORN Proveniente do mediterrâneo, tem as seguintes cristas: Crista simples: apresenta variações de cor marrom-clara e marrom-escura, amarela, branca e preta com rabo vermelho, colúmbia e dourado. Rosa dobrada para a esquerda: tem a variação de marrom-claro e marrom-escuro, branco, preto, prata e amarelo. Há também aves de crista noz e somente elas são utilizadas comercialmente. Ambas são aves pequenas, possuem a pele amarela e produzem ovos brancos, com média, em cada ciclo de postura, de 200 ovos com casca saudável e peso em torno de 55 gramas. Os machos dessa raça pesam 2,724kg e as fêmeas 2,043kg. Apenas as aves de crista noz são utilizadas comercialmente. Foto: Shutterstock.com. SILVER-SPANGLED HAMBURGS Originárias da Alemanha, podem pesar até 4kg e possuem plumagem branca com pintas pretas. Em cada ciclo de postura, é possível ovipor até 230 ovos. Foto:Shutterstock.com. SEX LINK É uma raça criada a partir da aptidão de postura dos seus antepassados, isso quer dizer que é uma raça híbrida. Sua plumagem é marrom-clara ou escura. Pode colocar até 300 ovos, dependendo do tratamento que recebe, e pesar até 5kg. RAÇAS DE DUPLA APTIDÃO Veja a seguir exemplos de raças de dupla aptidão (carne e ovos). Foto: Shutterstock.com. RHODE ISLAND RED Uma das raças mais utilizadas no mundo. Produz boa quantidade de carne e até 3260 ovos por ano. Possui coloração marrom e crista rosa. Foto: Shutterstock.com. PLYMOUTH ROCK BARRADA Conhecida popularmente como galinha carijó, apresenta plumagem branca e acinzentada, e possui dupla aptidão por ganhar peso bem rápido e colocar bastante ovos. Além disso, é muito resistente a diversas condições climáticas. Foto: Shutterstock.com. SUSSEX Raça também inglesa que possui diversas variedades, como: pintada, vermelha e branca, sendo essa última conhecida como Light Sussex. Tem a pele branca, crista simples e produz ovos marrons, sendo também uma ótima produtora de carne. Os machos chegam a pesar 4,086kg e as fêmeas 3,178kg. Foto: Shutterstock.com. AUSTRALORP Oriunda da Austrália, possui a plumagem preta, sendo a face e a crista simples vermelhas. É uma raça bastante ágil que produz poucos ovos. Entretanto, seu pequeno tamanho é chamativo por ocupar menos espaço e pesar menos (entre 3 e 4,5kg), gerando menores gastos para sua criação. Foto: Shutterstock.com. NEW HAMPSHIRE Originária dos Estados Unidos a partir da raça Rhode Island Red. Tem dupla finalidade, sendo utilizada também para produção de carne. É uma raça leve e precoce, que pesa entre 2,9 e 3,6kg, produzindo em média 220 ovos marrons. Sua plumagem é avermelhada e a cauda preta, sendo bastante utilizada no cruzamento para raças de frango de corte. Foto: Shutterstock.com. TURKEN Tem origem na Transilvânia, é precoce, rústica, de crista simples, podendo ser encontrada na cor vermelha, preta, branca e amarela e se adapta bem ao confinamento. É resistente a diversas doenças, sendo bastante utilizada no Brasil. Adapta-se bem a regiões quentes por ter grande parte do pescoço descoberto por penas. Por isso, é conhecida popularmente como pescoço pelado, o que facilita a depenagem. Foto: Marge Sudol / Shutterstock.com. ORPINGTON Raça desenvolvida na Inglaterra e com boa produção de carne e ovos. Os machos podem pesar até 4,540kg e as fêmeas 3,632kg. Sua pele é branca e apresenta crista simples. Produz em média 160 ovos marrons por ano. É encontrada na cor preta, branca, amarela e azul. Foto: Shutterstock.com. BRAHMA Tem origem na China e com um complexo padrão de plumas e cores. O macho pode pesar até 5,4kg e a fêmea até 4,3kg. Chega a produzir 140 ovos de casca marrom por ano. Apresenta crista tipo ervilha, pele amarela e plumagem de cor dourada, prata, pérola, preta, azul e branca. LINHAGENS COMERCIAIS DAS AVES Foto: Shutterstock.com. Empresas de engenharia genética nacionais e estrangeiras criam as chamadas aves de linhagens comerciais provenientes de melhoramento genético, denotando animais que apresentam aptidões exigidas pelo mercado produtor e consumidor. Essas linhagens são destinadas à produção de ovos ou de carne ou ainda têm dupla aptidão. Quando uma empresa cria uma determinada linhagem comercial que só ela sabe como foi produzida, ela é a detentora daquela “marca”, inclusive, batizando-a com determinado nome e tendo todos os direitos sobre ela. As empresas, além de possuírem a patente da marca, têm, com exclusividade, as matrizes que dão origem aos pintainhos de determinada linhagem. Sendo assim, o produtor pode escolher uma marca e comprar diretamente do fornecedor. Os híbridos de carne atingem seu desempenho máximo, ou seja, seu maior peso para abate, aos 42 dias, quando atingem em torno de 2,400kg. A conversão alimentar em média é de 1,7, o rendimento da carcaça de 73%, com pequenas variações entre as linhagens e sistemas de produção. Já os híbridos para a postura demonstram uma produção média de 330 ovos de 60g por ano com até 80 semanas de vida. LISTA DE LINHAGENS Conheça agora as linhagens nacionais e internacionais e também as voltadas para o mercado alternativo. LINHAGENS ESTRANGEIRAS PARA CORTE Ag Ross Cobb Vantress Hybro Isa Vedette MPK Hubbard Arbor Acres Avian Shaver LINHAGENS ESTRANGEIRAS PARA AVES DE POSTURA Hisex (branca e marrom) Lohmann (branca e marrom) Isa (branca e marrom) - Considerada a melhor poedeira do mundo Hy-Line (branca e marrom) Shaver (branca e marrom) H&N Nick Chick Tetra Harco LINHAGENS NACIONAIS PARA FRANGO DE CORTE Embrapa 021 S-54 Chester LINHAGENS NACIONAIS PARA FRANGOS DE POSTURA Embrapa 051 Embrapa 011 (Branca) Embrapa 031 (Marrom) LINHAGENS VOLTADAS PARA O MERCADO ALTERNATIVO Outras marcas foram criadas para atender ao mercado de sistemas alternativos, como o orgânico, o biodinâmico, o biológico e o agroecológico: Caipira Pescoço Pelado Paraíso Pedrez Embrapa 041 Frango Gaúcho Acoblack Gigante Negro Pesado Vermelho Carijó Pesado Carijó Pescoço Pelado Master Griss Pesadão Vermelho Conhecemos até aqui os fatores que influenciam na produção de aves, suas principais raças e linhagens. Nos próximos módulos, estudaremos os suídeos neste mesmo contexto. O MELHORAMENTO GENÉTICO NA AVICULTURA A especialista Cristina Fernandes do Amarante fala como a ciência interferiu positivamente na avicultura nas últimas décadas. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A CRIAÇÃO DE RAÇAS DE AVES PURAS DE ORIGEM NÃO É UTILIZADA NO BRASIL, SALVO EM SITUAÇÕES ESPECÍFICAS PARA CRUZAMENTOS. ISSO SE DEVE: A) Ao valor econômico dos animais. B) À necessidade de se obter geneticamente animais híbridos. C) À dificuldade de adquiri-las no mercado. D) Ao fato de aves puras de origem exigirem climas mais quentes do que o nosso. E) Ao fato de não possuírem boa produção nem em seus países de origem. 2. PODEMOS DEFINIR UMA LINHAGEM COMERCIAL DE AVES COMO: A) Animais que produzem carne ou ovos. B) Raças selecionadas artificialmente provenientes de cruzas entre outras raças. C) Lotes de animais de raça pura vendidos comercialmente por grandes empresas. D) Animais selecionados de forma artificial por suas características desejáveis e patenteados por empresas de pesquisa genética. E) Aves que produzem tanto carne como ovos, chamadas de híbridos. GABARITO 1. A criação de raças de aves puras de origem não é utilizada no Brasil, salvo em situações específicas para cruzamentos. Isso se deve: A alternativa "B " está correta. Embora as aves puras de origem possam apresentar boa produção de ovos e carne em seus países de origem, é comum que, em países de climas diferentes, a taxa de produção não seja eficiente devido aos fatores bioclimáticos que influenciam na fisiologia dos animais. Por isso, há muitos anos, o homem passou a cruzar raças buscando criar uma raça artificial que possuísse as características que importassem na produção da região, como alta produtividade e maior rusticidade. 2. Podemos definir uma linhagem comercial de aves como: A alternativa "D " está correta. Empresas de pesquisa nacionais ou estrangeiras aprimoram raças por meio de melhoramento genético e, quando alcançam o objetivo (a criação de uma raça artificial), a denominam com um nome comercial patenteado. Portanto, a compra de uma linhagem de uma determinada marca só pode ser feita diretamente com a empresa ou sob a sua permissão. MÓDULO 3 Reconhecer a influência do ambiente físico sobre a produção de suídeos EFEITOS DO CLIMA TROPICAL NA PRODUÇÃO DE SUÍDEOS Foto: Shutterstock.com. Imagem exemplificativa de produção de suídeos. Segundo a legislação brasileira, são considerados suídeos quaisquer animais do gênero Sus scrofa . Portanto, a partir de agora, estudaremos sobre a influência do ambiente físico na criação comercial desses dois gêneros. Quando adultos, os suídeos são capazes de controlara sua temperatura corporal, se a temperatura do ambiente estiver dentro dos limites suportados por eles. Suídeos mantidos em ambientes propícios de temperatura utilizam a maior parte de energia disponível para produção de tecido, resultando em maior produção de carne. Em situações adversas, maior quantidade de energia será desviada para manter a temperatura corporal dentro dos padrões fisiológicos normais, lançando mão de modificações comportamentais, físicas e químicas para regulá-la, modificando, assim, as exigências nutricionais e desfalcando a energia destinada à produção. Foto: Shutterstock.com. Animais em suinocultura. Animais sob estresse térmico tendem a consumir menos alimentos e, consequentemente, absorvem menos nutrientes, sendo esse um dos principais fatores apontados como responsáveis pela queda de produção. O efeito do calor sobre o potencial de aproveitamento dos nutrientes pelo organismo, por calor produzido em excesso e condição de resposta fisiológica, está relacionado à fase de desenvolvimento do suídeo. Os suídeos mais pesados têm menor condição de responder bem às altas temperaturas, quando comparados a suídeos mais leves. Em contrapartida, animais jovens, ainda abaixo de 20kg, são menos afetados. Isso é explicado pelo fato de que animais pesados, geralmente, possuem maior percentual de gordura, o que dificulta a troca de calor com o meio ambiente. Em um país tropical como o nosso, a alta temperatura do ambiente é muito prejudicial e determinante na baixa produção dessas espécies, até mesmo porque a maioria das raças e linhagens criadas no Brasil são provenientes de raças europeias e norte-asiáticas adaptadas a temperaturas mais amenas. Altas temperaturas afetam também o bem-estar desses animais. Como os suídeos perdem calor? EXPLICAÇÃO De forma geral, os suídeos possuem um sistema termorregulador pouco desenvolvido, que os torna muito sensíveis ao frio quando filhotes e muito sensíveis ao calor quando adultos. Portanto, o clima tropical acaba sendo um entrave na criação desses animais, principalmente, na fase de crescimento, terminação e reprodução. javascript:void(0) A grande quantidade de gordura no tecido subcutâneo na fase adulta, seu metabolismo acelerado e a presença de glândulas sudoríparas queratinizadas ̶ portanto, praticamente, ineficientes ̶ colaboram para agravar o quadro da deficiência de termorregulação. Os suídeos podem perder calor sensível (não evaporativo) por convecção, condução e radiação, e calor latente (evaporativo). Além disso, existe uma diferença muito ampla de conforto térmico entre animais recém-nascidos e adultos, moldada de acordo com o avanço de fase da vida do animal. Como suas glândulas sudoríparas são afuncionais, sua principal via de eliminação de calor é a evaporativa, que ocorre pela respiração com eliminação de água. É possível que o animal entre em estresse térmico quando o calor recebido do meio ambiente somado ao calor oriundo do seu metabolismo forem superiores ao calor que ele consegue eliminar. O animal sob estresse de calor produzirá pouca carne e aumentará o depósito de gordura. Fêmeas em lactação expostas a temperaturas elevadas reduzem em até 30% sua produção de leite e fêmeas reprodutoras podem apresentar redução do número de leitões por gestação. ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS DOS SUÍDEOS AO CALOR Conheça as adaptações fisiológicas pelos quais os suídeos passam: 1. Vasodilatação periférica pelo desvio de sangue de regiões mais profundas do corpo para as extremidades e pele, na tentativa de dissipar calor. 2. Aumento da sudorese, mesmo que ineficiente. 3. Elevação da frequência cardíaca e respiratória, que leva a uma modificação do pH, pressões parciais de oxigênio e gás carbônico, concentrações de sódio e potássio. 4. Aceleração da frequência respiratória para promover a perda de água e, consequentemente, de calor. 5. Redução do metabolismo basal energético, acarretando menor consumo de alimentos e desencadeando menor taxa de produção. 6. Alteração no comportamento do animal, observado por atitudes como deitar-se de lado, com o focinho em direção ao vento para facilitar a troca de calor com o meio ambiente, ou em seus próprios dejetos, locais úmidos ou superfícies frescas. Foto: Shutterstock.com. Suíno deitado sobre a lama para perder calor. ÍNDICES DE CONFORTO E AMBIÊNCIA EM SUÍDEOS Foto: Shutterstock.com. O conforto dos suídeos pode influenciar nas taxas de produção. A produção de suídeos é altamente dependente do ambiente físico para que os animais possam expressar seu potencial genético quanto à produção. O bem-estar dos animais se baseia em cinco pontos essenciais: a. Liberdade fisiológica que se traduz em ausência de fome e sede. b. Liberdade ambiental com edificações adaptadas às suas necessidades. c. Liberdade sanitária, ou seja, animais livres de enfermidades ou injúrias. d. Liberdade comportamental que possibilita a expressão normal do animal. e. Liberdade psicológica que é a ausência de medo e ansiedade. TEMPERATURA AMBIENTAL A maior parte do conforto dos suídeos está relacionada à temperatura ambiente, pois, como vimos, fatores como idade, peso e tipo de criação irão influenciar substancialmente a zona de termoneutralidade. Animais jovens, logo após o nascimento, não conseguem regular sua própria temperatura, ficando muito sensíveis ao frio. Por isso, a temperatura ambiental deve variar entre 32°C e 35°C, sendo mantida em até 30°C até os 7 dias de vida. Já os adultos, por serem muito sensíveis ao calor, requerem temperaturas mais baixas. Animais em terminação, por exemplo, requerem temperaturas entre 15°C e 18°C. Categoria Temperatura ideal ºC Temperatura crítica ºC Umidade relativa do ar (%) Mínima Máxima Mínima Máxima Ótima Matrizes 18 12 30 0 50-70 Leitões 32 30 35 15 70 1 Semana 28 27 35 15 70 2 Semanas 26 25 35 13 70 3 Semanas 24 22 35 13 70 4 Semanas 22 21 31 10 70 5 a 8 Semanas 22 20 30 08 50-70 20kg a 30kg 20 28 27 08 50-70 30kg a 60kg 18 16 27 05 50-70 60kg a 100kg 18 12 27 05 50-70 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Zona de termoneutralidade dos suídeos nas diversas fases de produção. Extraída de Oliveira et al ., 2017. UMIDADE E QUALIDADE DO AR, VENTILAÇÃO E LUMINOSIDADE A umidade do ar nunca deve passar dos 70%, pois ela tem um papel facilitador ou complicador para a dissipação de calor por evaporação. Outro índice bastante utilizado para medir o conforto animal em suideoculturas é o Índice de Temperatura e Umidade do Globo Negro (ITGU), que considera a temperatura do bulbo seco, a umidade relativa, a radiação e a velocidade do ar. Para leitões, o ITGU não pode ultrapassar 80 e para matrizes o limite é de 72. A ventilação é necessária para que ocorra a troca de gases e a corrente direta deve ser evitada em leitões na maternidade e na creche. Já nos adultos, ela pode ser de 2m/seg. É necessário que a luminosidade seja de 40 lux durante 8 horas por dia. Em relação à qualidade do ar dentro das instalações, altas concentrações de vapor d’água, amônia, gás carbônico, gás sulfídrico e poeiras acima do permitido pelas normas vigentes, além de estressarem os animais, propiciam problemas respiratórios. No caso da amônia, o padrão de normalidade é de 10 a 20ppm. COMPORTAMENTO O comportamento dos animais também serve como base para a observação de conforto. Leitões, quando sentem frio, tendem a se aglomerar nos cantos das baias para aumentar o calor corporal. Foto: Shutterstock.com. Leitões se aglomerando devido ao frio. O canibalismo e a agressividade acentuada também são demonstrativos de ausência de conforto. Animais estressados tendem a ficar menos tempo em pé, permanecendo deitados e consumindo menos alimentos. Outro aspecto é a vocalização, pois animais estressados tendem a fazer ruídos variando entre 73,87 e 80,18dB, sendo que a normalidade fica abaixo desse valor mínimo. É possível que os animais mordama grade da cela, pressionem o bebedouro mesmo sem beber água, executem movimento de mastigação e esfreguem a cabeça entre os outros animais, demonstrando desconforto. ATENÇÃO Em relação ao espaço, na fase de creche, é indicada a permanência de até 3 leitões por m2 e as baias podem abrigar até 20 animais, considerando seu peso, idade e sexo. Na fase de terminação é recomendado o espaço de 1m2 por animal e a quantidade de ração é de 2,5 a 3kg/suídeo/dia. MANEJO E TECNOLOGIAS PARA CONFORTO MATERNIDADE As matrizes precisam ser transferidas para a maternidade, com tranquilidade e nas horas mais frescas do dia, de 3 a 7 dias antes do parto. Antes de entrar na cela de parição, elas devem ser lavadas, para serem limpas e diminuir o estresse. É necessário que as baias onde ocorrerão os nascimentos sejam desinfetadas. Os leitões necessitam de cuidados especiais logo ao nascerem, como limpeza e aquecimento imediatos, pois não são capazes de realizar a própria termorregulação, como vimos. Deve ser realizada a desinfecção do cordão umbilical, averiguação da tomada do colostro e oferta de ferro no segundo ou terceiro dia pós-nascimento, a fim de prevenir a ocorrência de anemia ferropriva. Foto: Shutterstock.com. Fêmeas grávidas em baias individuais. CRECHE Na fase de creche, é indicado que se tenha disponível de 0,20 a 0,38m2 de área por animal, durante as 4 ou 5 semanas em que ali permanecerem. Para gestantes, o ideal são as baias individuais de 1,32m2. As leitoas podem permanecer em baias coletivas de 2m2 e os machos, de 6m2. A sala que receberá os leitões precisa estar limpa, desinfetada e com temperatura variando entre 28 e 32°C, sem correntes de ar. É fundamental que a transferência seja de forma tranquila, sem causar estresse nos animais. É de suma importância que o controle de temperatura seja rigoroso, sendo medido por meio de aparelhos calibrados e da observação do comportamento dos animais. A partir da terceira semana, a temperatura da sala deve ficar entre 25 e 28°C. ATENÇÃO Não se pode misturar mais de 3 leitegadas diferentes devido à ordem social e à hierárquica estabelecida desde cedo entre eles, evitando brigas e lesões. A facilidade de acesso aos comedouros com ração balanceada adequada às suas necessidades e bebedouros com água limpa e fresca também são fundamentais no ambiente de criação. Foto: Shutterstock.com. Maternidade com piso diferenciado e climatizado para leitões e matrizes. TERMINAÇÃO A fase de terminação inclui a fase de crescimento (entre 63 e 110 dias) e a de terminação (110 dias até o abate) propriamente dita. O manejo nestas fases precisa ser feito sempre com os mesmos lotes. Esse manejo na fase de terminação inclui uma mudança gradativa de temperatura, sempre decaindo. A água deve ser limpa e fresca e estar sempre disponível em bebedouros de fácil acesso e com vazão adequada para todos os animais. O arraçoamento é feito sem deixar os animais sem alimento por muito tempo, respeitando o planejamento da granja. É necessário que as instalações sejam confortáveis e não apresentem locais pontiagudos nos quais os suídeos possam se machucar. Os insetos, além de perturbarem os animais, são veiculadores de doenças. Eles devem ser combatidos com a remoção periódica dos dejetos e sua destinação adequada, que reduz, ainda, a produção de gases tóxicos e a disseminação de doenças, promovendo o bem-estar dos animais e a sustentabilidade da produção. A recomendação técnica para o manejo dos dejetos de suídeos é o armazenamento, seguido do tratamento e posterior uso como fertilizante. É proibido o seu lançamento direto nos cursos d’água, pois geraria sérios impactos negativos no meio ambiente pelo comprometimento dos recursos naturais locais, principalmente, da água. ATENÇÃO O controle de vacinas também é primordial, assim como a medicação dos animais feridos. A limpeza deve ser feita a seco para evitar o excesso de umidade no ambiente, que leva à formação de gases prejudiciais, compromete o bem-estar dos animais, pode provocar a ocorrência de enfermidades e a consequente queda de produção. Se o piso for ripado, o espaçamento entre as ripas deve permitir a drenagem da água quando for necessário, sem facilitar a ocorrência de lesão nos cascos dos animais e possibilitando a livre movimentação dos suídeos. Iluminação e ventilação natural sempre são bem-vindas. Uma técnica de manejo muito utilizada em suídeos na fase de pré-abate é a aspersão de água e nebulização para diminuir o calor corporal e a tensão cardiovascular, além de acalmar os animais e evitar brigas. Sistemas de gotejamento são bastante utilizados para estimular o consumo de água após a fase de desmame. É necessário que a movimentação dos animais seja sempre feita de forma calma, tranquila, sem lhes causar estresse e nas horas mais frescas do dia. Os adultos devem ser conduzidos em grupos pequenos sem gritos e sem o uso de utensílios que causem dor ou choques elétricos. Também há a possibilidade de transferir os leitões em carrinhos. Precisa ser feito enriquecimento ambiental para diminuir o estresse nos animais, principalmente, na fase pós-desmame. Podem ser utilizados cordas, palhadas, feno, correntes e brinquedos. Lâminas d’água são utilizadas como fontes de recreação, mas também servem como fonte de perda de calor. AMBIÊNCIA E CLIMATIZAÇÃO Foto: Shutterstock.com. O ambiente e a climatização podem influenciar na produção dos suídeos. A ambiência compreende todos os fatores relacionados às condições de fornecimento de ambiente adequado aos animais, como temperatura, umidade, ventilação e troca de ar. Para que os índices de ambiência sejam alcançados, devemos nos ater aos fatores que influenciam as necessidades térmicas: Peso corporal Percentual de gordura Tamanho do lote Nível nutricional Tipo de ração A primeira coisa a ser pensada é a região onde se dará a criação dos animais, considerando- se aspectos como temperatura, umidade, direção e intensidade dos ventos, de forma que a construção seja projetada e executada a fim de diminuir o estresse térmico nos animais. Veja os pontos de atenção que ajudam a mitigar esses efeitos: LOCALIZAÇÃO Aproveitar a circulação do ar, evitando locais com barreiras naturais ou artificiais para o vento. A área precisa ter um declive suave e estar voltada para o Norte. O espaçamento entre as instalações deve ser 10 vezes a altura da instalação à barlavento entre a primeira e segunda instalação. Entre as demais, é recomendado 20 a 25 vezes. ORIENTAÇÃO É aconselhado que o eixo longitudinal esteja na posição Leste-Oeste. Dessa forma, no inverno, os raios solares incidirão sobre a face Norte, exigindo a utilização de algum tipo de bloqueio da radiação. LARGURA E COMPRIMENTO De uma forma geral, a largura recomendada é de 10 m para climas quentes e úmidos e entre 10 e 14m para climas quentes e secos. O comprimento deve ser dimensionado de acordo com a necessidade de produção. PÉ DIREITO E BEIRAL É recomendado uma altura de pé-direito variando entre 3 e 3,5m. O beiral precisa ter mais de 1m em todo os seus lados. COBERTURA O telhado precisa ter grande resistência térmica. Portanto, telhas de cerâmica pintadas de branco na parte superior e de preto na parte inferior são indicadas. A estrutura pode ser de madeira, concreto ou materiais metálicos. Ainda é possível utilizar forros de poliuretano, poliestireno extrusado, lã de vidro ou similares, além de isolantes sobre as telhas. PISOS Podem ser fixos ou móveis e ser ripados, desde que dentro das especificações citadas anteriormente. Além disso, devem facilitar a limpeza do local. LANTERNIM Permite a ventilação com 10% de largura, com sobreposição de telhado e afastamento de 5% da largura ou 40cm, no mínimo. ÁREAS AO REDOR E SOMBREAMENTO Indicado uso de grama e arborização para diminuir a temperatura do local. TECNOLOGIAS MAIS AVANÇADAS Muitas vezes, a ambiência necessita do uso de tecnologias mais apuradas. Para osleitões são recomendadas a utilização de escamoteador e campânula (Default tooltip) e outras medidas que impeçam o esmagamento e livre acesso à água. Além disso, é possível utilizar ventilação forçada de ar quente ou caldeiras, forros e cortinas, para manter a temperatura do ambiente. ESCAMOTEADOR Pequena casa com piso aquecido ou lâmpada infravermelha, que auxiliam na manutenção da temperatura dentro dos níveis fisiológicos desejáveis. javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com. Leitões sendo amamentados enquanto outros descansam embaixo de campanulas para aquecimento. Para os animais adultos, a temperatura pode ser mantida por medidas de ventilação natural, forçada, refrigerada ou pela utilização de exaustores. A aspersão de água e seu gotejamento por mangueiras, o uso de painéis evaporativos e cortinas também são importantes instrumentos na manutenção da temperatura ambiental adequada. Foto: Shutterstock.com. Suinocultura dividida em baias e com ventilação forçada ao fundo da instalação. CRIAÇÃO DE SUÍDEOS E SEUS MITOS A especialista Cristina Fernandes do Amarante fala como o estudo da bioclimatologia melhorou a produção de suídeos. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SUÍDEOS SOB ESTRESSE TÉRMICO DE ALTAS TEMPERATURAS TENDEM A ADQUIRIR POSTURAS E COMPORTAMENTOS DIFERENTES NA TENTATIVA DE PERDER CALOR. ENTRE ELES, PODEMOS CITAR: A) Os animais se deitam sobre a água, lama e seus próprios dejetos. B) Tendem a ficar mais tempo em pé e aumentam a vocalização. C) Diminuem a frequência respiratória. D) Aumentam o consumo alimentar e de água. E) Aglomeram-se nos cantos das instalações. 2. UM DOS GRANDES ENTRAVES DA CRIAÇÃO DE SUÍDEOS COM ALTO RENDIMENTO PRODUTIVO E REPRODUTIVO EM PAÍSES TROPICAIS É O CLIMA. OS ANIMAIS ADULTOS ̶ COMO MATRIZES, ANIMAIS EM CRESCIMENTO E FASE DE TERMINAÇÃO ̶ NECESSITAM DE TEMPERATURAS MAIS AMENAS. PARA MINIMIZAR OS EFEITOS DO CLIMA, PODE SER UTILIZADO COMO ARTIFÍCIO: A) A diminuição do pé direito nas instalações. B) A instalação de ventiladores e exaustores. C) A instalação de escamoteadores. D) A instalação de campânulas elétricas. E) A construção de galpões na orientação Norte-Sul. GABARITO 1. Suídeos sob estresse térmico de altas temperaturas tendem a adquirir posturas e comportamentos diferentes na tentativa de perder calor. Entre eles, podemos citar: A alternativa "A " está correta. Suídeos têm necessidade de trocar calor intensamente quando estão expostos a altas temperaturas. Em condições extremas de temperatura, muito comum em criações não comerciais, observamos a tentativa de perda de calor pelo contato da área corporal com líquidos e dejetos. 2. Um dos grandes entraves da criação de suídeos com alto rendimento produtivo e reprodutivo em países tropicais é o clima. Os animais adultos ̶ como matrizes, animais em crescimento e fase de terminação ̶ necessitam de temperaturas mais amenas. Para minimizar os efeitos do clima, pode ser utilizado como artifício: A alternativa "B " está correta. O uso de ventiladores e exaustores são amplamente empregados na suideocultura industrial para diminuir a sensação térmica, além de promover a renovação de ar e a eliminação de gases tóxicos do ambiente. MÓDULO 4 Identificar as raças e as linhagens de importância comercial de suídeos de produção de carne e banha RAÇAS DE SUÍDEOS TIPO BANHA E TIPO CARNE Foto: Shutterstock.com. As raças consideradas brasileiras, oriundas da península Ibérica, são caraterizadas por animais rústicos e bem adaptados ao nosso clima, mas, infelizmente, possuem baixa produção. Com o avanço científico e, consequentemente, o melhoramento genético, muitas raças exóticas, com melhor desempenho de produtividade, foram trazidas para o Brasil. A maioria procede da Europa e da América do Norte, que apresentam naturalmente um clima mais ameno. Isso leva esses animais a passarem por um grande estresse térmico quando são criados em um clima tropical. De acordo com avanço do melhoramento animal, os suídeos passaram por diversas fases: javali, porco tipo banha e porco tipo carne. Essas variações dependiam da seleção dos animais a serem criados, do manejo nutricional e do tempo para abate. SAIBA MAIS Até a década de 1970, o suídeo que produzisse mais banha era mais visado. Porém, esse conceito que se modificou com o tempo e a criação desses animais não é mais preconizada. Vamos analisar as diferenças morfológicas entre as fases: JAVALI PORCO TIPO BANHA PORCO TIPO CARNE JAVALI Apresenta distribuição corporal pouco harmônica, com 70% de região anterior e 30% de região posterior do corpo. A carne de javali é considerada requintada e de alto custo. PORCO TIPO BANHA Tem distribuição corporal mais harmônica entre as regiões anterior (50%) e posterior (50%) do corpo. Uma característica muito procurada é o enrugamento da pele para que ela tenha condições de se expandir e armazenar mais tecido adiposo. Quanto à reprodução, seu desempenho é regular com baixa aptidão materna, pouca prolificidade e produção de leite. No aspecto produtivo, possuem baixo ganho médio diário de peso, péssima conversão alimentar e pouca qualidade de carcaça. PORCO TIPO CARNE Traz grande volume corporal, inclusive nas regiões do pernil e lombo, que são cortes nobres. Apresenta 30% do volume corpóreo distribuído na região anterior do corpo e 70% na posterior. Os desempenhos produtivos e reprodutivos são excelentes. PRINCIPAIS RAÇAS E LINHAGENS DE SUÍDEOS Foto: Shutterstock.com. Atualmente, os suídeos podem ser classificados quanto à origem e quanto ao seu exterior, considerando o tipo de orelha, de perfil cefálico e de pelagem. Quanto à origem, as raças utilizadas no Brasil são divididas em estrangeiras e nacionais. Vamos conhecê-las. RAÇAS ESTRANGEIRAS São resultantes de muitos anos de seleção genética, realizada em países com tecnologia avançada nesta área. Veja agora os exemplos de raças estrangeiras. Foto: Shutterstock.com. DUROC Antiga Duroc Jersey, foi a primeira a ser introduzida no Brasil, sendo utilizada em melhoramentos genéticos para a criação de raças brasileiras. Proveniente dos Estados Unidos da América e criada a partir do cruzamento entre vários animais de pelagem vermelha, é grande, forte e com alto poder de ganho diário de peso. As fêmeas tendem a pesar até 225kg e os machos 270kg. Produz carne magra, toucinho e banha. É um animal rústico que se adapta bem às nossas condições climáticas, de fácil reprodução, com adequada conversão alimentar e boa carcaça. No início, era um grande produtor de toucinho e banha, mas, com o melhoramento genético, a produção de carne e toucinho foi aprimorada. Foto: Shutterstock.com. PIETRAIN De origem Belga, foi criada a partir do cruzamento das raças Berkshire e Tamworth. São malhados de preto e branco, possuem comportamento tranquilo e boa capacidade reprodutiva e leiteira. Apresentam boa conversão alimentar e produtividade de carne e carcaça, sendo conhecidos como o porco de quatro pernis, embora tenha baixa taxa de conversão alimentar. Foto: Shutterstock.com. LANDRACE É uma das raças mais criadas no Brasil desde 1955. De origem dinamarquesa, depois ganhou a Europa e os Estados Unidos da América. Possui a pelagem e a pele brancas e finas, e as orelhas compridas e caídas. Sua carne é bastante apreciada por ser magra. É bem utilizada como matrizes pela alta capacidade de ser precoce, prolífera e produtiva. Tem excelente conformação corporal, boa conversão alimentar e produção de leite, bom comprimento do corpo e pouca produção de gordura. Podem pesar até 300kg. Foto: Shutterstock.com. HAMPSHIRE Originária dos Estados Unidos da América, animais dessa raça são também chamados de porcos americanos cintados. Foi introduzida no Brasil, especificamente no Rio grande do Sul, em 1950. Animais dessa raça apresentam tamanho médio, temperamento dócil e ativo, possuindo pelagem preta com uma faixa branca nos membros anteriores. Têm boa reprodução,são excelentes mães e com carne de primeira. Seu couro não é duro, como na maioria dos suídeos. Foto: Shutterstock.com. WESSEX Seu país de origem é a Inglaterra e, como sempre foi muito utilizado em sistemas extensivos, o que é pouco frequente no Brasil, sua criação por aqui vem diminuindo com o tempo. É um animal rústico, bem prolífico e com boa habilidade materna. Sua pelagem é parecida com a do Hampshire. Tem orelhas compridas e caídas e o focinho reto. Apresenta grande capacidade de produção de gordura. Foto: Shutterstock.com. LARGE WHITE Originária da Inglaterra, possui a pele branca, as orelhas curtas e retas, um perfil côncavo de grande amplitude torácica, linha dorsal reta. Suas orelhas são tipo asiáticas, bem aprumado, de membros curtos e mamas bem inseridas. Tem alto rendimento e muito boa qualidade de carcaça, alta conversão alimentar e ganho de peso diário. Quanto à reprodução, é um animal precoce, bastante prolífico e com bom desempenho materno. É bastante utilizado em criação de linhagens híbridas comerciais. Foto: Shutterstock.com. TAMWORTH Raça inglesa, porte grande, pelagem vermelha dourada semelhante à Duroc. Orelhas grandes, eretas e focinho comprido. Seu corpo tem uma conformação mais para carne, sendo comprido, profundo, cilíndrico, e com membros altos e fortes. Foto: Shutterstock.com. LARGE BLACK Originária da Inglaterra, de pelagem preta e uniforme. Chega a pesar 300kg, com a cabeça larga, focinho comprido e grosso, orelhas grandes, grossas e do tipo cabana, pois cai sobre os olhos. Sua conformação é tipo carne, com o corpo comprido, espesso, largo da espádua até a garupa e membros mais curtos quando comparados à raça Tamworth. Foto: Shutterstock.com. BERKSHIRE Raça inglesa, resultado da cruza entre porcos célticos, chineses, siameses e napolitanos. Muito utilizada para a produção de bacon. Os criados nos EUA são mais altos, longos e finos. RAÇAS BRASILEIRAS OU CAIPIRAS São animais com grande produção de banha, criados de forma extensiva por pequenos produtores como forma de subsistência e venda do excedente. O lado positivo é sua alta rusticidade. Vamos conhecê-la: Foto: Criação de Porco Caipira. FERREIRA et. al., 2012, pág. 2. PIAU Sua pelagem é cor de areia com manchas pretas e marrons e focinho semirretilíneo. Seu porte pode ser médio, atingindo até 90kg com sete meses. Sua carcaça chega a ter 4cm de gordura. Foto: Criação de Porco Caipira, FERREIRA et. al., 2012, pág. 3. CARUNCHO A pelagem é mais curta do que a do Piau, entretanto a cor é a mesma. O focinho é côncavo. Foto: Criação de Porco Caipira. FERREIRA et. al., 2012, pág. 2. NILO CANASTRA Possui tamanho médio e ausência de cerdas, é rústico e precoce, com peso entre 100 e 150kg. A raça tem aptidão materna com ninhadas entre 6 e 8 leitões. É boa produtora de banha e toucinho. Foto: Criação de Porco Caipira. FERREIRA et. al., 2012, pág. 2. PIRAPITINGA Os animais dessa raça possuem tamanho médio, sua pele é preta ou arroxeada, com poucas cerdas. Adaptam-se bem ao pastoreio ou em pocilgas, aproveitando bastante os alimentos. Produzem bem gordura e toucinho. Foto: UFPR. MOURA Os animais dessa raça têm a pelagem mesclada escura com branca, são rústicos e têm alta capacidade reprodutiva e produtiva de carne. LINHAGENS COMERCIAIS DOS SUÍDEOS Foto: Shutterstock.com. Para encerrar nossos estudos, vamos verificar a lista das linhagens comerciais. Linhagens comerciais estrangeiras: TN Talent Norsvin Duroc Matriz TN70 DB20 e DB30 DB90 LI7600 LQ1250 Camborough AGPIC 426 AGPIC 327 AGPIC 337 AGPIC 415 AGPIC 800 AG 1010 AG 1020 Linhagens comerciais nacionais: MS115 MO25C Os javalis, apesar de serem considerados animais exóticos, também são incluídos entre os suídeos de criação comercializados no país. Você pode saber mais sobre o assunto no Explore +! Javalis. A HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DOS SUÍDEOS NO BRASIL A especialista Cristina Fernandes do Amarante fala sobre a história da criação dos suídeos no Brasil, abordando inclusive a questão dos javalis como espécies exóticas invasoras cuja caça é permitida e comércio regulado. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. OS SUÍDEOS SELECIONADOS PARA SEREM MATRIZES E REPRODUTORES DE ANIMAIS DE PRODUÇÃO DEVEM POSSUIR CARACTERÍSTICAS COMO: A) As matrizes devem ter boa habilidade materna. B) Os reprodutores devem possuir baixa libido. C) As matrizes devem produzir pouco leite. D) As matrizes devem ter espessura de toucinho bem acentuada. E) Os reprodutores devem ter alta conversão alimentar com pouca produção de carne. 2. AS RAÇAS BRASILEIRAS COMO PIAU E MOURA POSSUEM COMO CARACTERÍSTICAS: A) Alta conversão alimentar. B) Boa produção de carne. C) Alta rusticidade. D) Muita prolificidade. E) Ótima habilidade materna. GABARITO 1. Os suídeos selecionados para serem matrizes e reprodutores de animais de produção devem possuir características como: A alternativa "A " está correta. As fêmeas utilizadas para gerarem animais de produção necessitam ter uma boa habilidade materna já que são destinadas à procriação, e seus filhotes serão dependentes dessa mãe por certo período. 2. As raças brasileiras como Piau e Moura possuem como características: A alternativa "C " está correta. As raças consideradas brasileiras sofreram muita mestiçagem objetivando a produção de banha, propriedade apreciável há uns anos, com perda de características como produção de carne, boa conversão alimentar, alta capacidade reprodutiva e a habilidade materna, mantendo a rusticidade necessária às condições climáticas brasileiras. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS A bioclimatologia trouxe luz à produção de aves e suídeos. Anteriormente, animais com alto potencial genético de produção eram travados pela falta de conhecimento sobre como o clima interferia em sua fisiologia e como suas respostas adaptativas eram desgastantes e geravam altos custos, principalmente, em um país de clima tropical como o nosso. Hoje, além de já sabermos muito sobre o assunto, criamos formas de driblar ambientes não favoráveis, conseguindo proteger o bem-estar animal e alcançar melhores índices de conforto e ambiência por meio de novas tecnologias, melhoramento genético, nutrição e manejo. Isso coloca o Brasil em uma posição de destaque na produção de aves e suídeos em todo o mundo. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ABREU, P. G. Recomendações técnicas ao avicultor para evitar o estresse calórico em frangos de corte. Embrapa aves e suínos. Concórdia: Embrapa, 2019. AZEVÊDO, D. M. M.; ALVES, A. A. Bioclimatologia Aplicada à Produção de Bovinos Leiteiros nos Trópicos. 1. ed. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2009. EMBRAPA. Sistemas de Produção de Frangos de Corte. Consultado em meio eletrônico em: 30 mar. 2021. FERREIRA, D. A.; ALBANEZ, J. R.; MENDES, L. F. C. Criação de Porco Caipira. Minas Gerais: Emater, 2012. Consultado em meio eletrônico em: 30 mar. 2021. OLIVEIRA, N. C. et. al . Influência da temperatura na produção e bem-estar de suínos. Colloquium Agrariae, v. 13, n. 2, p. 254-264, 2017. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos explorados aqui: Leia o Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Javali (Sus scrofa) no Brasil , no site do Ibama. Leia também o documento Ambiente térmico e bem-estar de suínos no período de descanso pré-abate , no site da UFGD. Assista ao vídeo Principais raças de suínos criadas no Brasil , no canal Vida Caipira no Youtube. Assista ao vídeo Aula 3 - Seleção genética em frango de corte, dividido em parte 1 e parte 2, disponível no Youtube . Além disso, ouça o podcast #65, no Zoocast, sobre Bioclimatologia animal . CONTEUDISTA Cristina Fernandes do Amarante CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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