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Síntese do livro A Força Normativa da Constituição, de Konrad Hesse

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Síntese do livro A Força Normativa da Constituição, Konrad Hesse
O autor inicia sua obra citando uma conferência feita por Ferdinand Lassalle, na qual afirma em sua tese fundamental que questões constitucionais não são questões jurídicas, e sim políticas pois delimita as relações de poder de um país. A partir deste pensamento, Lassalle afirma que a Constituição escrita não passa de um pedaço de papel limitado à Constituição real, que se trata das relações resultantes das conjugações dos diferentes poderes e de suas implicações.
Com isso, Hesse afirma que o antigo pensamento de que as regras jurídicas não são aptas para controlar forças políticas pois estas atuam independentemente das formas jurídicas ainda está presente implicitamente no presente. Ele exemplifica dizendo que o poder do Estado é maior que a força das normas jurídicas, portanto o âmbito jurídico submete-se ao político.
	Konrad Hesse discorre também sobre a concepção da força determinante das relações fáticas, que diz respeito à eterna tensão entre a Constituição Jurídica em si e a realidade, uma vez que a condição de eficácia da Constituição é um limite meramente hipotético. Ele conclui afirmando que o Direito Constitucional está em conflito com a própria essência da Constituição jurídica, visto que esta limita-se às normas hipotéticas e aquele visa reger as situações práticas. Porém esse pensamento aplica-se apenas ao Direito Constitucional quanto ciência jurídica, e portanto, normativa. 
	Ao final do capítulo, o autor indaga se há, regida pela força normativa da Constituição, uma força dominante do Direito Constitucional. Ele baseia sua questão na necessidade do constituinte de não submeter a Constituição ao Poder do Estado, mas sim regê-lo. E afirma por último que os conceitos de Direito Constituinte e Constituição dependes da resposta a esta indagação.
II
	Neste capítulo, o autor tenta responder à questão do capítulo anterior partindo do condicionamento recíproco existente entre a Constituição e a realidade político-social. Ele afirma que não é possível responder à questão de modo unilateral, pois desta forma o outro aspecto é depreciado e prevalecerá aquele que está sendo levado em conta. Afirma também que a separação entre o real e a norma não promove avanços na indagação.
	Portanto para se obter a resposta, é necessário que se siga pelo pensamento imparcial que comporte as duas alternativas, sem o rigor de ater-se ao questionamento por uma só perspectiva.
	Com isso, Hesse explicita que a norma jurídica é dependente da realidade, sua vigência determina sua existência e sua eficácia é pautada na sua aplicação real. Analisou que a norma é criada para efeitos reais, a partir de sua criação por demanda social até sua aplicação. Mas a pretensão da eficácia da norma não se confunde com as condições de sua aplicação, a pretensão de eficácia é um elemento autônomo, visto que se baseia em elementos subjetivos.
	A partir da pretensão de eficácia, pode-se observar que a Constituição não abrange somente o aspecto do “ser” na sociedade, mas também do “dever ser”. Isso pode ser observado a partir do caráter determinante em relação a realidade social (e não só determinado por esta).
O autor afirma também que a Constituição real e a Constituição jurídica apresentam relação de coordenação, ou seja, são ordenamentos diferentes que são aplicados de forma paralela, sem depender essencialmente um do outro.
	A Constituição jurídica apresenta sua pretensão de eficácia como produtor da realidade do Estado, assim como de sua força normativa.
Hesse reafirma que as características citadas retomam a obviedade da relação entre a Constituição escrita e a realidade, e mantem oculta suas diferenças, como demonstra na passagem de Wilhelm Humboldt.
Então o autor afirma que a força normativa da Constituição não é dada somente pela realidade, mas também na possibilidade de se converter por si só em força ativa, isto é, ela pode, através de seu poder, impor tarefas. Isso é possível na presença da vontade de poder e da vontade de Constituição, que se baseia na necessidade de existência de uma norma que proteja o Estado.
	A essência, assim como a eficácia da Constituição, baseia-se na natureza das coisas. Isso permite que ela obtenha força, ao mesmo tempo que define seus limites. Esses pressupostos dizem respeito ao conteúdo da Constituição, e requerem alguns requisitos, são eles: o desenvolvimento da Constituição é dependente da capacidade de seu conteúdo de atender à natureza das coisas que se encontram no presente, e deve atender os elementos sociais, políticos, econômicos e espirituais; a Constituição não deve ter caráter unilateral, visto que o mundo está em constante mudança; o conteúdo da Constituição deve ser respeitado, sobretudo em situações conflitantes ou que demandem seu desacato, isso garantirá sua preservação; a interpretação de suas normas deve obedecer às condicionantes das proposições normativas para que não haja supressão na relação entre o escrito e a realidade.
III
	No terceiro capítulo, o autor retoma alguns pontos fundamentais da Constituição, tal qual seu caráter estritamente temporal. Hesse discorre então sobre os limites da força normativa da Constituição, dizendo que estes passam a se apresentar quando a ordenação constitucional deixa de se basear na natureza presente e afirma também que a imposição de limites à Constituição é inversamente proporcional à vontade de Constituição. E a Constituição (nem nenhum outro poder) pode alterar as condicionantes naturais, portanto ela deve conformar-se com esses limites.
	O autor explicita também que a Constituição normativa submete-se a uma prova de força em situações de emergência, e assim, nessas circunstâncias, ela demonstra configurar força viva para proteger o Estado. Ele afirma que, ao contrário do que disse Lassalle, a Constituição não é apenas um pedaço de papel e nem a parte mais fraca na relação com a realidade, explicita ainda que a Constituição, apesar de não ser desvinculada da realidade, também não é inteiramente condicionada a ela.
	A partir de tais afirmações, Hesse conclui que o Direito Constitucional não é, portanto, meramente uma ciência da realidade, tampouco ciência normativa estritamente. Ele possui essas duas características, mas suas complexas relações não permitem que sua definição se limite a elas.
	Por último, o autor ressalta a importância do Direito Constitucional manter a consciência dos seus limites, principalmente pelo fato da Constituição gerar, através de sua força, a realidade do Estado, e esta força é limitada. Deve também explicitar os termos de maior eficácia das normas prescritivas, para que se dê o desenvolvimento da melhor forma.
IV
	O autor inicia o capítulo afirmando que atualmente o poder constitucional representa maior autoridade do que no passado, dizendo que até mesmo o Estado e seus órgãos submetem-se a eles. A Constituição tem competência similar às Cortes Constitucionais, que decidem sobre conflitos constitucionais e questões fundamentais do Estado.
	Diz também que a vontade de Constituição é fundamental para a práxis constitucional e que é possível observar, na sociedade, que nem sempre os interesses particulares são sacrificados em prol do coletivo, como deveriam. E essa tendência é ainda mais forte por contar apenas com apoio condicional, e não por ser intrínseco à consciência das pessoas.
Hesse afirma, que existe um confronto entre a realidade com a indagação da efetividade das normas jurídicas. Isso ocorre pois a sociedade não é uniforme e existem tendências contraditórias e as mais diferentes ideologias. Ele exemplifica utilizando a República Federal da Alemanha, porém afirma que o questionamento sobre esta é diferente do questionamento sobre a Constituição pois a Constituição de Weimar foi instituída sob condições anômalas. Ainda sobre a Constituição de Weimar, sua Lei Fundamental não adotou cláusula especial alguma para o estado de necessidade, portanto dispunha-se somente de competências
limitadas, que não eram capazes de solucionar situações de perigo. Então em tais situações, quando autorizadas legalmente, as autoridades recebiam aval para dispor das condições necessárias para enfrentar os distúrbios.
	A autorização citada dava-se em casos de ameaça externa ou agressão contra a República Federal da Alemanha, outros casos, como situação de crise econômica, não foram contemplados pelo art. 5º. Com isso, o autor observa que a República Federal da Alemanha não prevê em seu estatuto o estado de necessidade. E ainda explica que considera um enorme erro crer que uma situação não se concretizará por não ser esperada.
	A partir do discorrido, Hesse explicita que as tensões entre ordenação constitucional e realidade política e social podem não chegar a gerar grande conflito, porém, é impossível afirmar com antecedência. Portanto, diz que a Constituição deve conter os devidos pressupostos para atender às situações.

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