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Avaliação Educacional A avaliação no contexto das reformas educativas no Brasil Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Lucimary Bernabé Pedrosa de Andrade Revisão Textual: Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone 5 • Breve retrospectiva da trajetória da avaliação no Brasil • A avaliação no contexto das reformas das políticas educacionais • O sistema de avaliaçâo externa no Brasil É importante que você continue seus estudos priorizando a organização do seu tempo e atentando aos prazos estabelecidos para o cumprimento das atividades propostas nesta unidade. Como você já sabe, para o sucesso do seu estudo, precisará ler com atenção o conteúdo da unidade, realizar as avaliações, participar do fórum e consultar as referências e os sites indicados. Nesta unidade, teremos como objetivos: • conhecer os instrumentos e técnicas da avaliação escolar; • compreender as reais finalidades da aplicação dos instrumentos e técnicas no ato de avaliar; • discutir a prova como instrumento de avaliação e a sua elaboração pautada em um modelo construtivista de educação; • possibilitar a compreensão de que o importante não é julgar os instrumentos e técnicas, mas sim questionar o modo como são utilizados no processo avaliativo. Lembre-se de que, se surgirem dúvidas no decorrer dos seus estudos, você terá à sua disposição uma ferramenta chamada “fórum de dúvidas”, na qual poderá postar e compartilhar seus questionamentos com os demais colegas e receber orientações do tutor. Caso as dúvidas e ou questionamentos não estejam relacionados às questões do conteúdo da unidade, poderá acessar o professor pelo link mensagens. Nesta unidade, será discutida a avaliação no contexto das políticas educacionais, com destaque para avaliação externa. Para finalizar com sucesso seu estudo, será muito importante ler com atenção e dialogar com o conteúdo apresentado bem como participar das atividades propostas. A avaliação no contexto das reformas educativas no Brasil • Concluindo 6 Unidade: A avaliação no contexto das reformas educativas no Brasil Contextualização No Brasil, nos últimos anos, a avaliação externa tem ganhado destaque na agenda das políticas educacionais. O texto abaixo, trecho de uma reportagem da Revista Nova Escola, aponta que a avaliação externa tem sido, cada vez mais, ampliada no país, inclusive com a criação de sistemas estaduais e municipais de avaliação da aprendizagem. O fenômeno não passa mais despercebido. A cultura da avaliação externa em larga escala impregnou a Educação brasileira desde a criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), em 1990, que nasceu com dois objetivos: avaliar a qualidade, a equidade e a eficiência do ensino e fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas. Para tanto, ele gera médias estaduais, regionais e uma nacional. A aceitação por parte das equipes escolares não foi imediata, mas aos poucos quem oferecia resistência se convenceu de que o país dava um passo à frente ao buscar um diagnóstico geral do ensino. Alguns estados e municípios quiseram ir mais fundo e obter informações de cada uma de suas escolas. Hoje, 19 das 27 unidades federativas têm ou já tiveram algum tipo de instrumento próprio para investigar o nível de aprendizagem dos alunos de sua rede. (http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/ resultados-avaliacoes-externas-ganham-diferentes-usos-pais-643621.shtml) Nesta unidade, você terá a oportunidade de conhecer a estrutura do sistema de avaliação nacional da educação brasileira e refletir sobre os seus impactos no contexto escolar. 7 Breve retrospectiva da trajetória da avaliação no Brasil Nesta unidade iremos discutir a avaliação no contexto das políticas educacionais com ênfase no sistema de avaliação da educação básica instaurado no país a partir da década de 90 do século XX. Para que possamos compreender como e por que a avaliação se tornou um tema relevante na agenda política dos governos e muito discutido no cenário das políticas educacionais, iremos retomar alguns momentos da trajetória da avaliação no Brasil, sem a pretensão de realizarmos em estudo histórico. A avaliação é um conceito construído historicamente e que se complexifica na sociedade moderna (DIAS SOBRINHO, 2003). Até meados das primeiras décadas do século XX, sob forte influência dos estudos norte-americanos sobre avaliação, a psicometria era utilizada, no Brasil, para caracterizar a avaliação educacional. Avaliar era sinônimo de mensurar, fomentando, no contexto escolar, uma forte preocupação com o emprego de testes para aferir o rendimento escolar. Segundo Ribeiro (2002), a psicometria começou a ser utilizada no Brasil, com aproximadamente duas décadas de atraso dos estudos que vinham sendo realizados nos Estados Unidos. Glossário Psicometria (do grego psyké, alma e metron, medida, medição) é uma área da Psicologia que faz vínculo entre as ciências exatas, principalmente a matemática aplicada - a Estatística e a Psicologia. Sua definição consiste no conjunto de técnicas utilizadas para mensurar, de forma adequada e comprovada experimentalmente, um conjunto ou uma gama de comportamentos que se deseja conhecer melhor. (fonte Wikipédia) Nessa fase marcada pela mensuração, segundo Ribeiro (2002), o avaliador exercia um papel essencialmente técnico, orientado por princípios como inflexibilidade, imparcialidade, objetividade e quantificação. Não havia nenhuma preocupação em aliar a avaliação da aprendizagem com outras dimensões do processo edu- cativo, como o currículo e os programas pedagógicos ou políticos. A esse respeito, Dias Sobrinho assevera que: Fonte: Thinkstock/Getty Images Fo nt e: T hi nk st oc k/ G et ty Im ag es 8 Unidade: A avaliação no contexto das reformas educativas no Brasil Tratava-se, então, basicamente de avaliação da aprendizagem, mediante procedimentos convencionais de testes, provas e exames aplicados aos alunos, para medir rendimentos, sem ainda preocupação com dimensões mais amplas do processo de ensino-aprendizagem, como currículo em sentido pleno, e tampouco com as estruturas institucionais, programas pedagógicos ou políticos. O foco principal eram os testes, as escalas de classificação, os instrumentos técnicos (DIAS SOBRINHO, 2002, p. 18). Com os estudos de Ralph Tyler,1950, nos EUA, começou a ser propagada uma teoria da avaliação educacional de forma mais sistematizada em que avaliar consistia em estabelecer uma comparação entre o desempenho e os objetivos previamente determinados, ou seja, avaliar consistia em comparar os resultados dos alunos com aqueles propostos em determinado plano (RIBEIRO, 2002, p. 129). Os estudos de Tyler marcaram intensamente a história da avaliação; ele é considerado como “pai da avaliação educativa”. Nessa fase, o ato de avaliar estava estritamente relacionado à realização dos objetivos educacionais, desvinculado de um processo contínuo e sistemático permeado por um juízo de valor (DESPREBITERIS, 2000). Tínhamos, assim, um modelo de avaliação vinculado à ideia de classificação do desempenho do aluno com a utilização de provas e exames. Conforme Dias Sobrinho (2002, p.18), foi nesse momento da trajetória da avaliação, focada nos objetivos previamente formulados, que ela se aproximou das questões referentes à gestão científica e ao desenvolvimento curricular e de instituições. Ainda conforme o autor, a avaliação passou a ter a seguinte concepção: [...] valioso instrumento para regulação do conhecimento e das formas de adquiri-lo, mais do que isso, define os comportamentos desejados, controla os seus cumprimentos e aplica as sanções ou prêmios correspondentes aos resultados (DIAS SOBRINHO, 2002, p.19). No final da década de 60, os estudos de StaKee Scriven contribuíram para uma nova fase na história da avaliação educacional, na qual o juízo de valor era apontado como importante característica no conceito de avaliação. Segundo Ribeiro (2002, p.130), Assim não bastaria medir e descrever, era preciso julgar o conjunto de todas as dimensões dos objetivos, inclusive os próprios objetivos. Nesse sentido, o avaliador tinha o papel de juiz, absorvendo, contudo, os aspectos importantes das fases anteriores em termos de mensuração e descrição. 9 Conforme Dias Sobrinho (2002), a dimensão de valor faz parte da essência da avaliação e confere-lhe uma função ativa, possibilitando que ela possa ser aplicada ao longo de todo o processo e não somente como a descrição dos resultados finais, o que permite a avaliação do processo educativo no decorrer do seu desenvolvimento e o planejamento das mudanças necessárias em cada uma de suas etapas. As ideias dos estudiosos contribuíram para a formação do conceito de uma avaliação somativa e formativa, visto que se enfatizava a importância de se avaliar não somente conforme os objetivos finais, mas durante todo o transcorrer do processo de ensino e aprendizagem. Nesta definição a aprendizagem é concebida como objeto central da avaliação, e a esta é atribuído um papel operativo de interferência no processo de ensino-aprendizagem. Não se trata, portanto, de uma avaliação meramente somativa, mas também formativa, na medida em que se opera um controle da qualidade do processo enquanto ele se desenvolve. A avaliação se torna ela mesma parte essencial do processo de ensino e aprendizagem (DIAS SOBRINHO, 2002, p. 25). Além disso, os estudos propagados com essa nova visão de avaliação contribuíram para denunciar e evidenciar a função classificatória, seletiva e discriminatória da avaliação educacional. Portanto, foi a partir do final dos anos 60 do século XX que se deu início a uma nova fase na avaliação educacional do país, vinculada, agora, à discussão de sua função política e à concepção de uma educação democrática e libertadora. Novos estudos sobre a avaliação educacional foram encaminhados em meados da década de 80, período em que os estudiosos da área da educação propagaram indicadores revelando o alto índice do fracasso escolar na educação básica. Pode-se afirmar que foi a partir desse momento que a avaliação educacional passou a buscar mais a sua dimensão qualitativa e emancipatória, aproximando-se de uma visão de educação que pudesse contribuir para o enfrentamento das desigualdades sociais e para a transformação da sociedade. Um dos últimos movimentos a chegar ao panorama brasileiro de avaliação educacional é o postulado por Barry MacDonald, que apresenta uma classificação política dos estudos avaliativos, dentre os quais a avaliação democrática que traz no seu bojo o papel de fornecer informação de uma dada comunidade sobre um programa educacional. O valor que a orienta é a cidadania consciente. O avaliador vai utilizar uma metodologia que permita a acessibilidade às informações dos diferentes grupos sociais, favorecendo, assim, a negociação entre eles e a tomada de decisões coletivas (SAUL, 1999, apud RIBEIRO, 2002, p. 133). Segundo Saul (1999) apud Ribeiro (2002, p. 134), o papel do avaliador é de coordenar os trabalhos avaliativos e orientar as ações, sendo que a avaliação, a fim de contribuir para a orientação da aprendizagem, deve abranger, além da avaliação do aluno, toda a organização escolar. 10 Unidade: A avaliação no contexto das reformas educativas no Brasil A avaliação no contexto das reformas das políticas educacionais Antes de compreendermos a centralidade da avaliação no quadro das reformas educacionais que aconteceram no país nas últimas décadas, será preciso compreender o cenário que fomentou tais reformas e os seus desdobramentos nas políticas educacionais. Podemos afirmar que, nos últimos anos, a avaliação tem ganhado um sentido público, sendo crescente o controle da sociedade civil em vários campos, além do contexto escolar, em que a avaliação transita. Além disso, o Estado também tem se responsabilizado por promover a avaliação em várias instâncias do setor social e da administração pública, fazendo com que a avaliação se torne uma importante questão do Estado (DIAS SOBRINHO, 2002). Nos anos 90, as reformas educativas pautaram-se nas exigências do mercado competitivo impulsionado pela globalização e pelas políticas neoliberais. A política educacional assumiu o discurso da modernização e da qualidade, tendo como foco a atenção à escola e ao ensino fundamental. Conforme Libâneo, Oliveira e Toschi (2005), algumas ações governamentais caracterizaram as políticas pautadas pela modernização, qualidade e descentralização do ensino, como, por exemplo, a distribuição dos kits eletrônicos para as escolas e dos livros didáticos, a avaliação externa, currículo nacional e recursos financeiros. Os Parâmetros curriculares Nacionais (PCNs) também marcaram o quadro dessas ações. Os autores ressaltam que o aspecto da descentralização da educação escolar foi mais no sentido das responsabilidades, permanecendo o poder de decisões centralizado na União. Com a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (estabelece as diretrizes e bases da educação nacional), a educação e a qualidade de ensino assumiram nova conotação, uma proposta neoconservadora e que incluía a qualidade da formação do trabalhador. Entretanto era uma educação voltada para as necessidades da produção e dos serviços, ou seja, voltada para o mercado e não para as reais necessidades do trabalhador, o que iria implicar na criação de indicadores de competências mínimas a serem desenvolvidas para a inserção do educando no mercado de trabalho. A educação tem sido considerada um instrumento essencial para o desenvolvimento pessoal, social, econômico e cultural das pessoas. Ao longo de nossa história, leis como “todo cidadão brasileiro deve ter acesso à educação...” foram criadas, mas elas não foram efetivadas e, ainda, grande parcela de adultos, jovens e crianças não foi sequer alfabetizada. A escola pública não consegue atender a todos e a escola privada destina-se a quem pode arcar com seus custos. Temos, no Brasil, desde a aprovação da Lei 9394/96, uma política educacional com princípios norteadores, tais como descentralização, qualidade, eficiência e equidade, que, apesar de garantidos, não se efetivam. Ao recorrermos ao passado, vemos que os anos noventa protagonizaram nova onda de acordos internacionais e uma redescoberta da educação como um campo fértil de investimentos. Mas o que teria contribuído para que isso acontecesse? Vieira (2001) discute a questão fundamentando-se em três variáveis. Vejamos: A primeira variável diz respeito à definição de uma agenda internacional para a educação, materializada em diversos eventos, como: a Conferência Mundial de Educação para Todos, Jontien, Tailândia (1990); a Conferência de Nova Delhi (1993); e as reuniões do projeto Principal de Educação na América Latina e do Caribe, que contemplam pautas de interesses comuns 11 discutidos por Ministros de Educação da região, a exemplo da Conferência de Kingston, Jamaica (1996). Nesses eventos foram elaboradas declarações de intenções e recomendações com as quais se comprometeram os países signatários dos diferentes acordos firmados. Fazendo-se representar em todos esses encontros, o Brasil tornou-se, portanto, sócio da agenda definida em tais cenários. A segunda variável, que expressa as políticas internacionais para a educação, traduz-se em propostas firmadas no contexto da retomada de uma visão que articula a educação ao desenvolvimento, em moldes semelhantes à teoria do capital humano. Mais do que um simples rival, esta tendência firmou-se, também, a partir do desenvolvimento da chamada revolução do conhecimento,que assinalou a centralidade do papel exercido pela educação na definição de um novo panorama mundial. Nesse quadro inscrevem-se contribuições como a da Cepal, concebida desde o início da década de noventa, configurada no documento Educação: eixo da transformação produtiva com equidade, publicado em espanhol em 1992 e traduzido para o português em 1995. A terceira variável diz respeito à presença de organizações internacionais no país voltadas para o desenvolvimento de projetos na área de educação, a exemplo do Unifacef e do Banco Mundial. Este tem-se constituído em uma significativa agência de recurso para a área de educação nos últimos anos e, por isso mesmo, em objeto de maior atenção por parte da pesquisa em educação. Assim sendo, podemos compreender que o entrelaçamento entre as três variáveis configurou o quadro das políticas educacionais no Brasil a partir da década de 90. O sistema de avaliaçâo externa no Brasil No contexto das mudanças das reformas educativas no país, a avaliação externa ganhou centralidade na agenda das discussões. Mas o que podemos entender por avaliação externa? [...] a avaliação externa, que é aquela gestada fora do ambiente escolar. Fatores diversos impulsionaram esse movimento, dentre eles as iniciativas do governo federal de criação do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), em 1990, do Exame Nacional de Cursos (ENC), em 1995 e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 1998 tiveram, sem dúvida, um papel preponderante. Na esteira do governo federal alguns governos estaduais amplificaram esse movimento com a criação de seus próprios sistemas de avaliação do ensino fundamental, como os pioneiros Ceará (1992), Minas Gerais (1992) e São Paulo (1996).O objetivo de fornecer informações sobre o desempenho e resultados dos sistemas educativos para gestores educacionais e de ensino, famílias e sociedade aparece, dentre outros, como principal justificativa nos documentos oficiais de criação das avaliações externas (MACHADO, 2012, p. 71) Fonte: http://www.cidadesp.edu.br/old/revista_educacao/pdf/volume_5_1/educacao_01_70-82.pdf 12 Unidade: A avaliação no contexto das reformas educativas no Brasil A avaliação externa consiste em todo processo avaliativo sobre o desempenho do sistema educacional com o propósito de orientar as políticas públicas. Conforme já mencionado anteriormente, os planos e políticas educacionais no país, a partir da década de 90 do século XX, foram influenciados por acordos e organismos internacionais. Foi no governo Collor (1990) que o Brasil tornou-se signatário dos acordos internacionais para impulsionar a educação, em especial a educação básica, nos países do terceiro mundo. O marco desses eventos foi a Conferência Mundial de Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). O artigo 4 º da Declaração Mundial de Educação para Todos propaga a necessidade de que seja implementada, nos países, um sistema de avaliação (RIBEIRO, 2002). No governo Itamar Franco, em 1993, foi elaborado o Plano Decenal de Educação para Todos, que, apesar de não ter saído do papel, fazia menção ao sistema de avaliação da educação básica: Vem sendo desenvolvido e implementado o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, com a finalidade de aferir a aprendizagem dos alunos e o desempenho das escolas de primeiro grau e prover informações para avaliação e revisão de planos e programas de qualificação educacional (BRASIL, 1993, apud, RIBEIRO, 2002, p. 135). Conforme Ribeiro (2002), a partir de 1993, o Ministério da Educação, em articulação com as Secretarias Estaduais de Educação, implantou o sistema de avaliação da educação básica e, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96, fez com que esse sistema, que até então era uma diretriz governamental, se tornasse uma atribuição do Ministério da Educação (MEC). De acordo com o inciso IV do artigo 9º da LDB: Art. 9º A União incumbir-se-á de: VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) tem como principal objetivo avaliar a Educação Básica brasileira e contribuir para a melhoria de sua qualidade e para a universalização do acesso à escola, oferecendo subsídios concretos para a formulação, reformulação e o monitoramento das políticas públicas voltadas para a Educação Básica. Além disso, procura também oferecer dados e indicadores que possibilitem maior compreensão dos fatores que influenciam o desempenho dos alunos nas áreas e anos avaliados. 13 Fonte: http://provabrasil.inep.gov.br/ Figura 1 Explore • Avaliação Nacional da Educação Básica – Aneb: abrange, de maneira amostral, alunos das redes públicas e privadas do país, em áreas urbanas e rurais, matriculados na 4ª série/5ºano e 8ªsérie/9ºano do Ensino Fundamental e no 3º ano do Ensino Médio, tendo como principal objetivo avaliar a qualidade, a equidade e a eficiência da educação brasileira. Apresenta os resultados do país como um todo, das regiões geográficas e das unidades da federação. • Avaliação Nacional do Rendimento Escolar - Anresc (também denominada “Prova Brasil”): trata-se de uma avaliação censitária envolvendo os alunos da 4ª série/5ºano e 8ªsérie/9ºano do Ensino Fundamental das escolas públicas das redes municipais, estaduais e federal, com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas públicas. Participam desta avaliação as escolas que possuem, no mínimo, 20 alunos matriculados nas séries/anos avaliados, sendo os resultados disponibilizados por escola e por ente federativo. • A Avaliação Nacional da Alfabetização – ANA: avaliação censitária envolvendo os alunos do 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas, com o objetivo principal de avaliar os níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa, alfabetização Matemática e condições de oferta do Ciclo de Alfabetização das redes públicas. A ANA foi incorporada ao Saeb pela Portaria nº 482, de 7 de junho de 2013 A Aneb e a Anresc/Prova Brasil são realizadas bianualmente, enquanto a ANA é de realização anual. (disponível em http://provabrasil.inep.gov.br/) Equipe de produção incluir saiba mais/você sabia) Para saber mais sobre o histórico do Sistema de Avaliação da Educação Básica acesse o Caderno do Saeb do Ministério da Educação, disponível em http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/saeb_matriz2.pdf O SAEB foi normatizado pela Portaria nº 931, de março de 2005, e é composto pela Avaliação Nacional da Educação Básica e pela Prova Brasil. A prova do SAEB seleciona, por amostra, alunos da 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental (5º e 9º anos) e estudante do 3º ano do Ensino Médio da rede pública e privada das áreas urbanas e rurais. Desde 2003, a sua aplicabilidade passou a ser bianual. A Prova Brasil, iniciada em 2005, é aplicada aos alunos da escola pública matriculados nas 4ª e 8ª séries do ensino fundamental (5º e 9 º ano). 14 Unidade: A avaliação no contexto das reformas educativas no Brasil A Prova Brasil, também conhecida como avaliação nacional do rendimento escolar (ANRESC), em 2005, foi incorporada ao SAEB, passando a compor, com a Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB), o sistema nacional de avaliação escolar da educação básica. Ela é realizada de forma censitária, e todos os alunos das séries avaliadas devem realizar a prova. Os conteúdos avaliados, tanto nas provas do SAEB como na Prova Brasil, são de Língua Portuguesa e Matemática, e os dados são divulgados sobre o desempenho das escolas e dos municípios. Para saber mais sobre a ProvaBrasil acesse o site http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ content&id=210&Itemid=324 Além das provas, são aplicados questionários objetivando diagnosticar o nível socioeconômico dos alunos e aspectos da organização escolar relacionados à estrutura, gestão e projeto pedagógico. O exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) também é um importante programa de avaliação do sistema educacional brasileiro e tem como objetivo “avaliar o desempenho individual do aluno ao término da escolaridade da educação básica, aferindo o desenvolvimento das competências fundamentais ao exercício da cidadania” (RIBEIRO, 2002,p.137). A aplicação do exame consiste na realização de duas provas, sendo uma de conhecimentos gerais e a outra de redação. Segundo Castro, podem ser apresentados como objetivos do ENEM: · conferir ao cidadão parâmetros para autoavaliação com vistas à continuidade de sua formação e inserção no mercado de trabalho; Fonte: Thinkstock/Getty Images 15 · criar referência nacional para os egressos de qualquer das modalidades do Ensino Médio; · fornecer subsídios às diferentes modalidades de acesso à educação superior; · constituir-se em modalidade de acesso a cursos profissionalizantes pós-médio. Você Sabia ? O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma prova realizada pelo Ministério da Educação do Brasil. Ela é utilizada para avaliar a qualidade do ensino médio no país e seu resultado serve para acesso ao ensino superior em universidades públicas brasileiras através do Sistema de Seleção Unificada (SiSU).O Enem é o maior exame do Brasil (reconhecido oficialmente pelo RankBrasil – Recordes Brasileiros) e o segundo maior do mundo, atrás somente do vestibular da China, e conta com mais de 7 milhões de inscritos divididos em 1.661 cidades do país. A prova também é feita por pessoas com interesse em ganhar bolsa integral ou parcial em universidade particular através do ProUni (Programa Universidade para Todos) ou para obtenção de financiamento através do Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior). Desde de 2009, o exame serve também como certificação de conclusão do ensino médio em cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA), antigo supletivo, substituindo o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).O exame é realizado anualmente e tem duração de dois dias, contém 180 questões objetivas (divididas em quatro grandes áreas) e uma questão de redação. A prova foi criada em 1998, sendo usada inicialmente para avaliar a qualidade da educação nacional. Teve sua segunda versão iniciada em 2009, com aumento do número de questões e utilização da prova em substituição ao antigo vestibular. (Disponível em http://pt.wikipedia.org/ wiki/Exame_Nacional_do_Ensino_M%C3%A9dio Para saber mais sobre o ENEM, acesse o site http://portal.inep.gov.br/web/enem/sobre-o-enem Para avaliação do ensino superior, temos o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), que utiliza, dentre seus instrumentos, o ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudante). Em 2007, por meio do Decreto 6094, o qual regulamentou o Plano de Metas Compromisso de Todos pela Educação, foi criado o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) como política de avaliação do Estado e também reconhecido como um indicador de qualidade educacional. 16 Unidade: A avaliação no contexto das reformas educativas no Brasil O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado pelo Inep em 2007 e representa a iniciativa pioneira de reunir num só indicador dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações. Ele agrega ao enfoque pedagógico dos resultados das avaliações em larga escala do Inep a possibilidade de resultados sintéticos, facilmente assimiláveis, e que permitem traçar metas de qualidade educacional para os sistemas. O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e médias de desempenho nas avaliações do Inep, o Saeb – para as unidades da federação e para o país, e a Prova Brasil – para os municípios. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/portal- ideb/o-que-e-o-ideb Pela análise oficial, apenas 160, de 55 mil unidades escolares públicas do país, têm Índice de Desenvolvimento da Educação Básica igual ou maior que 6 numa escala de 0 a10, com uma nota equivalente à média dos países desenvolvidos da OCDE. Em termos de país, nas séries iniciais do Ensino Fundamental, o Ideb é de 3,8 com a meta governamental de atingir 6 até 2022 Atualmente o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), órgão ligado ao MEC, é o responsável pela avaliação do sistema educacional brasileiro em todos os níveis, exceto na educação infantil. Importante ressaltar que, paralelamente ao Sistema Nacional de Avaliação, vários Estados e Municípios também organizaram os Sistemas locais e Regionais para avaliação da aprendizagem, como, por exemplo, o SARESP implementado no Estado de São Paulo. O Estado de São Paulo, com o apoio do Banco Mundial, criou, em 1996, o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP) aberto à participação dos municípios e das instituições particulares. Explore O SARESP (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) é uma avaliação de múltipla escolha, aplicada pela Secretária da Educação do Estado de São Paulo para alunos da rede estadual de ensino que estão na 2ª, 4ª, 6ª e 8ª série do Ensino Fundamental, e 2º ano do Ensino Médio. Geralmente, é aplicado no final de cada ano letivo. O SARESP foi criado no ano de 1996 com a intenção de realizar uma avaliação da qualidade do ensino, por meio do rendimento dos alunos. As provas do SARESP são divididas em dois dias (um para matemática, e outro para português e redação). Os professores, durante o SARESP, trocam de escolas e aplicam em locais diferentes com alunos desconhecidos, para não haver nenhuma fraude. As questões, que são de múltipla escolha, são divididas em grupos com 8 questões cada. Para responder essas questões, cada aluno tem 20 minutos, sendo que 5 são para preencher o gabarito. O tempo total da prova é de aproximadamente 3 horas. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/SARESP) 17 Concluindo Críticos e estudiosos apontam a necessidade de se entender que as reformas na avaliação educacional, dentre elas a implementação da avaliação externa, estão influenciadas por orientações políticas dos governos, visando à atender às mudanças no campo do mercado, considerando que a elevação dos níveis educacionais implica em atender aos dispositivos econômicos. Dias Sobrinho (2002) também esclarece que as nossas reformas e modelos de avaliação são influenciados e orientados por imposições externas aliadas a fatores econômicos, políticos e intelectuais e que, muitas vezes, são trazidos de experiências de outros países nem sempre bem sucedidas. A avaliação externa tem influenciado o estabelecimento de metas no cotidiano escolar, em que o foco tem sido a comprovação de competências e habilidades de ordem cognitivas. Esse fato tem gerado impactos no trabalho docente, visto que os professores, no momento do planejamento e realização do trabalho pedagógico, ficam pressionados para atingirem as metas propostas pelos gestores e políticas que condicionam a prática pedagógica às avaliações externas. Outra questão relaciona-se ao que fazer com os resultados da avaliação externa, sendo que ela tem estimulado a competição entre as escolas na busca por melhores resultados, o que tem introduzido, na educação pública, a lógica da economia do mercado, na qual a competição induz qualidade. Coutinho (2012) aindaressalta os impactos da avaliação externa nos currículos no sentido de uniformizá-los, promovendo certa homogeneização dos processos educativos, pois provoca uma seleção dos conteúdos que deverão ser avaliados. Temos um quadro de mudança com os novos paradigmas e referências teóricas para a discussão da temática. Apesar das críticas aos modelos iniciais de avaliação, como a mensuração, as tendências atuais revelam a aplicação de exames e testes em larga escala no quadro das reformas das políticas educacionais no país. De acordo com Dias Sobrinho (2002, p.155), esses testes em larga escola acabam exercendo uma “função muito mais de disciplina e moderação do que de diagnóstico com intencionalidade formativa”. O autor ainda assevera que, em razão de os testes terem aplicação de âmbito nacional e considerando as diferenças regionais e institucionais, ocorre uma tendência de nivelamento por baixo, com a seleção de conhecimentos elementares e básicos. A aprendizagem fica, assim, reduzida à capacidade do aluno de acertos em determinadas questões, o que implica no domínio de algumas competências. “Se a avaliação se reduz a comprovar se os alunos aprenderam algo do que lhes foi ensinado, então ela se torna uma operação muito pobre e que rebaixa demasiadamente o sentido da educação” (DIAS SOBRINHO, 2002, p. 159). É importante que a avaliação, seja ela externa ou não, seja reconhecida como uma prática social que pode fomentar a discussão e a reflexão dos processos pedagógicos, com caráter formativo e contínuo, e não meramente um instrumento de medição e discriminação. 18 Unidade: A avaliação no contexto das reformas educativas no Brasil Material Complementar Avaliação e aprendizagem avaliações externas: perspectivas para a ação pedagógica e a gestão do ensino http://www.fundacaoitausocial.org.br/_arquivosestaticos/FIS/pdf/avaliacao_e_ aprendizagem.pdf Avaliações externas: um olhar sobre as percepções dos Coordenadores pedagógicos http://www.infoteca.inf.br/endipe/smarty/templates/arquivos_template/upload_ arquivos/acervo/docs/3264p.pdf Os efeitos dos resultados da avaliação externa e dos índices de desempenho escolar sobre a gestão da escola e co trabalho pedagógico na rede estadual paulista http://www.infoteca.inf.br/endipe/smarty/templates/arquivos_template/upload_ arquivos/acervo/docs/1311p.pdf Plano de desenvolvimento da educação: SAEB http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/saeb_matriz2.pdf 19 Referências CASTRO, Maria Helena Guimarães. Sistemas de avaliação da educação no Brasil. Rev. Perspectiva. São Paulo, v. 23, n.1, jan./ jun. 2009, p 5-18. Disponível em http://www.seade. gov.br/produtos/spp/v23n01/v23n01_01.pdf. Acesso em 04 jan. 2014. COUTINHO, Magno Sales. Avaliação externa e currículo: possíveis impactos e implicações no processo de ensino e aprendizagem. XVI ENDIPE-Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino. Unicamp: Campinas, 2012,p18-28. Disponível em : http://www2.unimep. br/endipe/2973c.pdf. Acesso em 22 de dez.2013. DEPRESBITERIS, Léa. Avaliação de programas e avaliação da aprendizagem. In: SOUSA, Eda C. B. Machado de. (Org.). Avaliação de currículos e de programas. 2. ed. Brasília, DF: Editora UnB,2000. DIAS SOBRINHO, José, Avaliação, Políticas Educacionais e Reformas da Educação Superior. São Paulo: Cortez, 2003 LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira; TOSHI, Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2005 (Coleção Docência em Formação). RIBEIRO, Benvinda Barros Dourado. A função social da avaliação escolar e as políticas de avaliação da educação básica no Brasil nos anos 90: breves considerações. Rev. Inter-Ação.Fac. Ed.UFG, v.27(2),jul./dez.2002, p.127-142. Disponível em: http://www.revistas.ufg.br/index.php/ interacao/article/view/1530. Acesso em 15 dez.2013. 20 Unidade: A avaliação no contexto das reformas educativas no Brasil Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
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