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Capítulo 3

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Capítulo 3
Para facilitar o entendimento sobre a administração e meio ambiente, necessitamos de uma
abordagem conceitual sobre a responsabilidade social das organizações. As premissas básicas que
se buscam neste capítulo são integrar o conceito de gestão ambiental e responsabilidade social e
cadeia produtiva/cadeia de agregação de valores de uma organização e analisar a importância de
um enfoque sistêmico, avaliando as questões ambientais e sociais, de fora para dentro da
organização e do geral para o particular (abordagem holística).
Para o tema, temos os seguintes objetivos de aprendizagem:
Objetivos de aprendizagem
1. Entender o que é a Responsabilidade Social Empresarial.
2. Conhecer um Modelo de Gestão Ambiental.
3. Identificar as principais normas de Responsabilidade Social Empresarial.
4. Entender o que é o Balanço Social.
A empresa e o meio ambiente
A questão ambiental é hoje um dos assuntos que preocupa toda a humanidade. Ela está cada
vez mais integrada ao conceito de modernidade empresarial e ao desenvolvimento sustentado. O
aumento populacional, a industrialização e o incremento nas atividades foram os principais motivos
da multiplicação dos problemas relacionados ao meio ambiente. O crescimento acelerado da
população implica na expansão automática da industrialização para atender a nova demanda, o que
significa um aumento considerável no volume de resíduos gerados, tanto do ponto de vista
doméstico quanto do industrial. O tratamento não adequado desta quantidade de resíduos gerados
pode representar um aumento na degradação ambiental em detrimento da qualidade de vida.
(Seiffert, 2005)
A idéia de desenvolvimento sustentado tem trazido nova visão ao conceito de gestão
ambiental das organizações, direcionando estas últimas no sentido de maior responsabilidade na
manutenção da estabilidade e da diversidade dos recursos naturais utilizados.
No Brasil, as primeiras iniciativas no sentido de controle da poluição industrial por meio de
normas reguladoras datam da década de 70. Como resultado, começou a surgir legislação com
regulamentações que cerceiam as alternativas de atuação e localização, interferindo não só no
ambiente de negócios em que as empresas atuam, mas também na própria organização interna de
suas atividades produtivas.
O acesso ao mercado globalizado torna-se mais estrito para as empresas que desprezam as
questões ambientais na tentativa de maximizar seus lucros e socializar o prejuízo. Atitudes e
medidas para não poluir ou poluir menos tornam-se condição fundamental para bons negócios e
para a própria sobrevivência da empresa no mercado.
O não cumprimento das exigências da legislação ambiental pode se traduzir em redução de
lucros, perda de competitividade no mercado, descrédito institucional e, até, privação da liberdade
ou cessação das atividades produtivas. Portanto, a adequada interação entre a empresa e o meio
ambiente está se transformando em oportunidade para a abertura de mercados e a prevenção
contra restrições ao acesso aos mercados internacionais. (Seiffert, 2005)
Para Donaire (1998), essa evolução tem levado muitas organizações a integrar a
atividade/função ambiental à sua estrutura organizacional, projetando-a como importante fator nas
esferas de decisão. Tal atividade passou a exigir nova função administrativa específica, com
recursos humanos adequados e sistema gerencial especializado, que possibilita, através de sua
ligação com as diferentes áreas funcionais, equacionamento harmonioso e bem-articulado dos
problemas ambientais da empresa.
Donaire (1999) coloca que as organizações têm se voltado para problemas que vão além das
questões econômicas, atingindo um espectro mais amplo, envolvendo questões de caráter
político-social, tais como proteção ao consumidor, controle da poluição, segurança e qualidade dos
produtos, entre outros. Seiffert (2005) complementa enfocando que as empresas devem
contemplar, em seu modelo de gestão, crenças, valores e ramo de atuação, buscando um contexto
econonômico-social com um enfoque ambiental. Por outro lado, as empresas vêm sofrendo pressões
da sociedade através de movimentos sociais reivindicatórios, pela atuação de grupos organizados ou
de indivíduos, que resultam em novas leis e regulamentações que acabam, de certa forma,
provocando mudanças nas organizações. Uma visão das relações da empresa enquanto instituição
sociopolítica pode ser observada na figura 1.
Para Longeneker (apud Donaire, 1999, p. 20), a empresa deve reconhecer que sua
responsabilidade para com a sociedade e para com o público em geral vai muito além de suas
responsabilidades com seus clientes. A responsabilidade social implica um sentido de obrigação
para com a sociedade. Esta responsabilidade assume diversas formas, entre as quais se incluem:
proteção ambiental, projetos filantrópicos e educacionais, planejamento da comunidade, equidade
nas oportunidades de emprego, serviços sociais em geral, de conformidade com o interesse público.
A empresa como instituição sociopolítica.
Fonte: Baseado em BUCHHOLZ at al. apud Donaire 1999, p.15).
A justificativa para o sentido de responsabilidade social por parte da empresa fundamenta-se
na liberdade que a sociedade concede à empresa para existir. Podemos considerar a existência de
um contrato social. Uma empresa, como outras organizações legítimas, tem a liberdade de existir e
“à capacidade de uma organização de responder às expectativas e
pressões da sociedade. Nesse sentido, a busca de procedimentos,
mecanismos, arranjos e padrões comportamentais desenvolvidos
pelas empresas marca aquelas que são mais ou menos capazes de
responder aos anseios da sociedade” (p. 23).
trabalhar por um objetivo legítimo. O pagamento dessa liberdade é a contribuição da empresa para
com a sociedade. (Donaire, 1999)
Hoje está claro que os termos do contrato entre as organizações e a sociedade estão de fato
sofrendo substanciais e importantes modificações. Os novos termos desse contrato baseiam-se na
visão de que as empresas que têm finalidade unicamente econômica acabam acarretando alguns
efeitos à sociedade ou à parte dela que representam um custo social para todos. Nesse sentido, o
crescimento econômico não está ligado, como antigamente se apregoava, ao progresso social. Em
muitos casos, o crescimento está afeto à deterioração física do ambiente, a condições insalubres de
trabalho, exposição a substâncias tóxicas, discriminação a certos grupos sociais, deterioração
urbana e outros problemas sociais.
O conceito de responsabilidade social evoluiu. Esse novo enfoque foi denominado
CONSCIENTIZAÇÃO SOCIAL. Para Donaire (1999), o termo refere-se
 
 
 
Assim, este novo
conceito, embora não invalidando os conceitos anteriores, adiciona novos termos ao contrato entre
a sociedade e as organizações, os quais envolvem a redução desses custos sociais e a
responsabilidade destas últimas de contribuir tanto para o desenvolvimento econômico como para a
melhoria das condições sociais.
Portanto, a mudança no ambiente de negócios, do ponto de vista sociopolítico, e o resultado
do seu impacto na administração das empresas têm mudado a forma pela qual os administradores
gerenciam. Assim, em adição às suas habilidades técnicas, administrativas e de relacionamento
humano, o administrador deve desenvolver habilidades que se evidenciam importantes para o
entendimento do contexto social e político do ambiente de negócios.
Indicadores de Gestão ambiental e de
Responsabilidade social
Os gestores necessitam de informações para avaliar e monitorar o desempenho da empresa e
para propor ações de melhoria contínua, na busca da qualidade e para a tomada de decisão.
Quanto à responsabilidade social, a sociedade passa a conhecer as ações ambientais das
organizações através da divulgação externa da informação ambiental oportuna em relatórios
ambientais, balanço social e indicadores de desempenho ambiental.A utilização de indicadores de
desempenho ambientais confiáveis e a sua disseminação são medidas necessárias para conferir
transparência aos negócios das empresas.
Para Tachizawa (2006), a gestão ambiental e de responsabilidade social depende de medição,
informação e análise. As medições precisam ser decorrência das estratégias corporativas da
organização, abrangendo os principais processos, bem como seus resultados. As informações
necessárias para a avaliação e melhoria do desempenho incluem, entre outras, as relacionadas aos
processos produtivos, o desempenho de produtos, o mercado, as comparações com a concorrência
(benchmarking) ou referenciais de excelência, os fornecedores, os colaboradores e os aspectos
econômico-financeiros.
De acordo com Kraemer (2006), os indicadores de desempenho ambiental (“environmental
performance indicators”- EPI’s) sintetizam as informações quantitativas e qualitativas que permitem
a determinação da eficiência e efetividade da empresa, de um ponto de vista ambiental, em utilizar
os recursos disponíveis. São úteis para orientar, gerir e comunicar o desempenho ambiental. São
informações simples e instrumentos orientadores para o objetivo de melhoria contínua, pois
permitem aumentar a clareza, transparência e comparabilidade da informação fornecida pela
organização. Tachizawa (2006) complementa colocando que os indicadores devem ser empregados
para avaliar resultados globais, produtos, serviços de apoio, processos, tarefas e atividades.
Um conjunto de indicadores vinculados aos processos produtivos e de apoio e do desempenho
da organização em sua totalidade representa uma base clara e objetiva para alinhar todas as
atividades com as metas de gestão ambiental e de responsabilidade social.
A premissa adotada é de que o que não pode ser
medido não pode ser avaliado e,
conseqüentemente, não há como decidir sobre
ações a tomar.
É com esse propósito que se sugere a utilização dos indicadores de gestão ambiental e de
responsabilidade social, como uma relação matemática que mensura atributos de um processo ou
dos resultados empresariais, com o objetivo de comparar essa métrica advinda de eventos reais
com metas e padrões preestabelecidos.
Para Tachizawa (2006), na determinação dos indicadores, podem ser visualizadas algumas
características descritivas, tais como:
a) é uma relação matemática que resulta em medida quantitativa;
b) identifica-se um estado do processo ou resultado deste;
c) associa-se a metas numéricas preestabelecidas.
No Brasil temos várias organizações monitorando e oferecendo prêmios às empresas cidadãs,
como o Instituto Ethos, que criou 150 indicadores sociais divididos em sete temas: valores e
transparência; público interno; meio ambiente; fornecedores; consumidores; comunidade; governo
e sociedade. Os indicadores servem como um instrumento para uma auto-avaliação das práticas
empresariais além de constituir-se de uma ferramenta de gestão e planejamento, sugerindo
parâmetros de políticas e ações que a empresa pode desenvolver para aprofundar seu
comprometimento com a Responsabilidade Social Empresarial. Trata-se de uma ferramenta de
auto-diagnóstico cuja principal finalidade é auxiliar as empresas a gerenciarem os impactos sociais e
ambientais decorrentes de suas atividades.
Veja no endereço os Indicadores Ethos de RSE de acordo com o porte da sua empresa:
http://www.ethos.org.br/docs/conceitos_praticas/indicadores/download/
Leia o artigo de Maria Elisabeth Pereira Kraemer que se encontra na
biblioteca sobre Indicadores Ambientais Como Sistema De
Informação Contábil. O artigo traz uma visão completa sobre os
indicadores ambientais em organizações.
Veja mais sobre indicadores ambientais no artigo: Utilização De
Indicadores Ambientais Como Instrumento Para Gestão
de Desempenho Ambiental em Empresas Certificadas
Com a ISO 14001 - Prof. Ms. Emilio Gruneberg Boog -
UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – UAACET e Prof. Dr. Waldir
Antonio Bizzo - UNICAMP – FEM 
link:
http://www.simpep.feb.unesp.br/anais10/gestaoambiental/arq02.PDF
Responsabilidade social empresarial
Um dos aspectos mais visíveis da questão ambiental nos últimos anos é a responsabilidade
social tanto de indivíduos quanto de organizações. Constituem-se em sua maioria em ações
voluntárias que implicam um comprometimento maior que a simples adesão formal em virtude de
obrigações advindas da legislação.
Há muitas definições sobre a Responsabilidade Social Empresarial (RSE) também denominada
Responsabilidade Social Corporativa (RSC). Para Dias (2006, p. 153), na prática a RSE "promove
um comportamento empresarial que integra elementos sociais e ambientais que não
necessariamente estão contidos na legislação mas que atendem às expectativas da sociedade em
relação à empresa".
A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (United Nations
Conference for Trade and Development - UNCTAD) considera que "a responsabilidade social da
empresa vai além da filantropia. Na maioria das definições se descreve como as medidas
constitutivas pelas quais as empresas integram preocupações da sociedade em suas políticas e
operações comerciais, em particular; preocupações ambientais, econômicas e sociais. A observância
da lei é o requisito mínimo que as empresas deverão de cumprir”.
Para o Instituto Ethos (www.ethos.org.br), "Responsabilidade Social é uma forma de
conduzir os negócios da empresa de tal maneira que a torna parceira e co-responsável pelo
desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de
ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviço,
fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio-ambiente) e conseguir incorporá-los no
planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos
acionistas ou proprietários."
Segundo o sitio Pacto Global (www.pactoglobal.org.br), as discussões sobre a
Responsabilidade Social evoluíram a partir do Pacto Global Nações Unidas em 1999, quando o
Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, fez um apelo para que as organizações, juntamente com
algumas agências das Nações Unidas e atores sociais, contribuíssem para avançar a prática da
responsabilidade social corporativa, na busca de uma economia global mais sustentável e inclusiva.
Foram definidas quatro áreas por possuírem um potencial efetivo para influenciar e gerar mudança
positiva, são elas: de direitos humanos, direitos do trabalho, proteção ao meio ambiente e combate
à corrupção. O pacto define dez princípios universais:
Princípios de Direitos Humanos
1. Respeitar e proteger os direitos humanos.
2. Impedir violações de direitos humanos.
Princípios de Direitos do Trabalho
3. Apoiar a liberdade de associação no trabalho.
4. Abolir o trabalho forçado.
5. Abolir o trabalho infantil.
6. Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho.
Princípios de Proteção Ambiental
7. Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais.
8. Promover a responsabilidade ambiental.
9. Encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente.
Princípio contra a Corrupção
10. Combater a corrupção em todas as suas formas inclusive extorsão e propina.
Na Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida como Rio+10, que
ocorreu em 2002, na cidade de Johanesburgo, o Conselho Empresarial Mundial para o
Desenvolvimento Sustentável (World Business Council of Sustainable Development -WBCSD)
divulgou documento em que define a Responsabilidade Social Empresarial como: "O compromisso
da empresa de contribuir com o desenvolvimento econômico sustentável, trabalhando
com os empregados, suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para
melhorar sua qualidade de vida".
Cabe ressaltar que doações que a empresa faz
ocasionalmente não são ações de
Responsabilidade Social Empresarial; podemos
dizer que é um tipo de ajuda eventualda
empresa, configurando-se uma ação de
filantropia.
Durante o Encontro de Johanesburgo, o braço financeiro do Banco Mundial, a IFC
(lntemational Finance Corporation), subsidiária do Banco Mundial dedicada ao financiamento do
setor privado, convidou dez bancos para discutir a adoção de critérios mínimos ambientais e de
responsabilidade social que devem ser atendidos para a concessão de créditos a projetos acima de
US$ 50 milhões. Em julho de 2006 foi publicada uma nova versão dos Princípios do Equador, os
quais devem ser aplicados para todo financiamento de projeto com custo de capital superior a US$
10 milhões. O encontro resultou em um documento denominado Princípios do Equador, adotado
hoje por quase 40 bancos em todo o mundo, sendo que no Brasil aderiram o Banco do Brasil, o
Banco Itaú, o Itaú BBA e o Unibanco. Outras instituições financeiras internacionais com atuação no
Brasil, como por exemplo, os bancos ABN-AMRO, HSBC, Rabobank e City também ratificaram os
novos Princípios. Essas políticas socioambientais devem ser aplicadas pelas instituições financeiras
signatárias dos Princípios do Equador em suas atividades de project finance (financiamento de
projetos) de todos os setores de atividades ao redor do mundo.
Nesse sistema, a adesão dos bancos é voluntária, e as operações de empréstimos devem
receber notas que variam de A a C, sendo que os empréstimos concedidos classificados com notas A
e B são considerados de alto e médio riscos, respectivamente. (Dense, 2005; Ribeiro, 2004).
Veja a nova versão dos Princípios do Equador aqui:
http://www.equator-principles.com/documents/Equator_Principles.pdf
Consulte a lista completa dos bancos signatários da nova versão dos Princípios
aqui: http://www.equator-
principles.com/documents/EP_Readoption_Press_Release_FINAL_pt.pdf
Consulte mais informações no sitio da ONG ECO_Finanças, veja o link publicações:
http://ef.amazonia.org.br
Caso estes links não estejem disponíveis, solicite ao seu tutor o
material
Segundo Dias (2006), a nova concepção de empresa compreende que a atividade
econômica não deve orientar-se somente por uma lógica de resultados, mas também pelo
significado que esta adquire na sociedade como um todo. Cada vez mais a empresa é
compreendida menos como uma unidade de produção, e mais como uma organização. E, como tal,
é um sistema social, formado por um conjunto de pessoas que para ela convergem para
alcançar determinados fins. Nesta perspectiva, o grupo social que constitui a organização deverá
ter uma liderança que deve estabelecer e firmar objetivos éticos para orientar suas atividades.
Ainda de acordo com Dias (2006), a Responsabilidade Social Empresarial pode ser tratada nas
dimensões interna e externa da empresa. Na dimensão interna, as práticas dizem respeito
primeiramente aos trabalhadores e se referem a questões como os investimentos
realizados em recursos humanos, a saúde e a segurança do trabalho, a gestão das
mudanças provocadas pelo processo de reestruturação produtiva e a gestão dos recursos
naturais utilizados na produção. Aqui se incluem também todas as ações, políticas e programas
dirigidos aos fornecedores, distribuidores, clientes e a todos os integrantes da cadeia produtiva.
Quanto à dimensão externa, a responsabilidade social das empresas inclui as
comunidades locais e amplo leque de interlocutores: consumidores, autoridades públicas
e ONGs que defendem os interesses das comunidades locais e o meio ambiente. Incluem ações,
políticas e programas dirigidos a qualquer grupo ou problema que não se encontre relacionado
diretamente com a empresa através de uma relação contratual ou econômica. Podemos citar como
exemplos iniciativas de apoio à comunidade, doações, participação em fóruns ambientais etc.
A responsabilidade social está, portanto,
intimamente ligada à imagem que as
empresas querem ter perante o mercado e
as questões ambientais.
Um Modelo de Gestão Ambiental
Tachizawa( 2006), em seu livro Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Corporativa,
propõe um modelo de gestão ambiental e de responsabilidade social onde inicia-se com o
delineamento estratégico das organizações, com base na análise da missão e dos aspectos inerentes
ao mercado, a concorrentes, a fornecedores, a órgãos normatizadores e a produtos e processos
sistêmicos.
Procura-se estabelecer a compreensão do funcionamento de uma organização em relação ao
contexto ambiental no qual está inserida (análise ambiental). Estabelece-se, posteriormente, uma
tipologia de organizações, com base na análise das características que apresentam em função do
setor econômico ao qual pertençam. Uma vez diagnosticada a organização e analisada em termos
de seu setor econômico, pode-se determinar seu modelo de gestão, de maneira a realinhar as ações
internas em função das decisões estratégicas assumidas. O setor econômico (ramo de negócios) em
que se inserem as organizações tenderá a induzir as características da organização em termos de
porte. Um setor econômico como o de organizações altamente concentradas, tais como de cimento,
papel/celulose, siderúrgicas, não comporta pequenas e médias empresas. Já em ramos de negócios
como os de serviços especializados e artesanais, prevalecem as pequenas e médias empresas.
(TACHIZAWA, 2006)
Tal influência se dará em sentido genérico, ao lado dos aspectos mais específicos, onde
deverá prevalecer o estilo de gestão do principal gestor, estratégias empresariais adotadas, histórico
passado, estágio em que se encontra a organização e demais aspectos subjetivos presentes em
qualquer empresa.
O modelo proposto por Tachizawa (2006, p. 114) retrata a organização inserida no ambiente
em que opera, sujeita às influências das variáveis ambientais e interagindo com os stakeholders que
são seus diferentes públicos (clientes, fornecedores, empregados, acionistas e comunidade local),
para satisfazer a suas expectativas. Veja o modelo na figura .
Modelo de Gestão ambiental
O modelo de gestão para diagnosticar e gerenciar uma organização, proposto de forma
simplificada, está fundamentado nos seguintes pressupostos:
a caracterização da organização distingue diferentes tipos de organizações;
existem estratégias genéricas para cada tipo de organização;
as estratégias genéricas, comuns a todas as organizações que fazem parte do mesmo setor
econômico, podem subsidiar a definição das estratégias específicas (decisões de nível
estratégico) e que, em seu conjunto, tornam cada empresa singular;
às estratégias genéricas agregam-se às estratégias específicas que formam o processo
decisório da organização. Essas estratégias específicas dependem do estilo de gestão do
principal executivo da organização e das crenças, valores e cultura reinante no âmbito da
organização;
o processo decisório, função direta da cadeia produtiva da organização, pode ser
hierarquizado em camadas/níveis de decisão, dentro dos contornos delineados pelo foco
estratégico definido para o negócio da empresa;
o processo decisório compõe-se das decisões necessárias à operacionalização das atividades
empresariais (cadeia de agregação de valores/cadeia produtiva da organização);
como resultado da hierarquização em diversas camadas, no modelo proposto, sugere-se
trabalhar com apenas duas (decisões de nível estratégico e decisões de nível operacional) ,
onde as decisões de nível operacional, que agrupam as decisões de gestão ambiental e de
responsabilidade social, interagem com as ações da cadeia produtiva da organização;
as decisões estratégicas estabelecem as regras de decisão para a camada de decisões
operacionais, que por sua vez retroalimentam a camada decisória de nível superior
(estratégica) com dados dos eventos ocorridos em seu nível operacional;
a cadeia produtiva (ciclo operacional ou cadeia de agregação de valores), composta dos
processos sistêmicos produtivos (atividades-fins da organização), é suportada pelos processos
de apoio;
osprocessos sistêmicos, tanto os produtivos como os de apoio, geram eventos econômicos,
que são processados e mensurados pelo processo decisório (decisões operacionais), que por
sua vez geram as ações no âmbito daqueles processos;
os indicadores de negócios, de qualidade e de desempenho constituem métricas para o
monitoramento do processo decisório da empresa.
Para Tachizawa (2006, p. 118), uma vez caracterizadas e definidas as estratégias, pode-se
estruturar uma tabela de decisões que contenha: objetivos estratégicos, decisões estratégicas e
decisões operacionais. Os objetivos estratégicos são extraídos do planejamento estratégico (ou
instrumento de planejamento equivalente) com o intuito de preservar o foco estratégico predefinido
para os negócios da organização, e dizem respeito ao objetivo central ou objetivos corporativos (a
terminologia pode variar de empresa para empresa). As decisões estratégicas advêm das
estratégias genéricas, e as decisões operacionais extraídas do plano operacional, que são
confirmadas com a análise da cadeia produtiva composta pelos principais processos produtivos e
sua interação com os agentes do ambiente operacional da empresa (fornecedores e clientes).
Veja um exemplo de empresa onde obteve-se uma matriz que contém os elementos conforme
explicitados a seguir:
Objetivos e
decisões Discriminação Indicadores
Objetivos
estratégicos
Fornecimento de produtos e serviços
com qualidade autêntica, voltada à
satisfação das necessidades dos
clientes
De negócios:
satisfação dos clientes;
rentabilidade do patrimônio
líquido; 
- evolução dos
preços/produto praticados
pelo mercado.
Decisões
estratégicas
- implementação de novas
tecnologias desenvolvidas e/ ou
adquiridas no exterior;
- priorização dos investimentos para
ampliação da capacidade produtiva e
renovação tecnológica da planta
industrial.
De qualidade: 
- vendas por colaborador da
empresa; 
- participação no mercado
interno e no mercado
externo.
Decisões
Operacionais
- programação do processo produtivo
para crescimento uniforme e
ordenado; 
- engajamento e valorização dos
colaboradores em equipes de
trabalho.
De desempenho:
- produtividade da
mão-de-obra;
- utilização da capacidade
instalada; 
- investimento em
treinamento/ faturamento.
Decisões
ambientais e 
sociais
- redução, reutilização e reciclagem
de resíduos industriais em seus
processos produtivos;
- tratamento de efluentes gasosos e
efluentes líquidos nas próprias
instalações da empresa.
Sociais e ambientais: 
- volume de resíduos
gerados em relação ao
volume produtivo;
- gastos com tratamento de
efluentes em relação ao
total de gastos na produção.
Fonte: Tachizawa( 2006, p. 119)
Os indicadores a serem utilizados dependem do porte e do estágio de vida em que se
encontra a organização. Assim, para uma empresa de pequeno porte em início de vida, bastam
alguns poucos indicadores que mensurem e monitoremI os negócios no nível estratégico.
O modelo considera a existência de diferentes tipos de organizações onde cada uma define
suas estratégias genéricas peculiares e a necessidade de conduzir uma análise estratégica e de
negócio para, posteriormente, estabelecer as estratégias de gestão ambiental e de responsabilidade
social.
Balanço Social
A seguir um pouco da historia do balanço social: o texto desta unidade foi extraído do sitio
www.balancosocial.org.br, escrito por Ciro Torres, sociólogo e coordenador do Projeto Balanço Social
do IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas.
A partir da década de 60, nos Estados Unidos da América, e no início da década de 70, na
Europa - particularmente na França, Alemanha e Inglaterra - que a sociedade iniciou uma cobrança
por maior responsabilidade social das empresas e consolidou-se a própria necessidade de divulgação
dos chamados balanços sociais.
A idéia de responsabilidade social das empresas popularizou-se, nos anos 70, na Europa. E foi
a partir desta idéia que em 1971 a companhia alemã STEAG produziu uma espécie de relatório
social, um balanço de suas atividades sociais. Porém, o que pode ser classificado como um marco na
história dos balanços sociais propriamente dito aconteceu na França em 72: foi o ano em que a
empresa SINGER fez o, assim chamado, primeiro Balanço Social da história das empresas.
Na França, várias experiências consolidaram a necessidade de uma avaliação mais sistemática
por parte das empresas no âmbito social. Até que em 12 de julho de 1977, foi aprovada a Lei
77.769, que tornava obrigatória a realização de Balanços Sociais periódicos para todas as empresas
com mais de 700 funcionários. Este número caiu posteriormente para 300 funcionários.
No Brasil, as primeiras iniciativas neste sentido estão na “Carta de Princípios do Dirigente
Cristão de Empresas” desde a sua publicação, em 1965, pela Associação de Dirigentes Cristãos de
Empresas do Brasil (ADCE Brasil). Na década de 80, a Fundação Instituto de Desenvolvimento
Empresarial e Social (FIDES) chegou a elaborar um modelo. Porém, só a partir do início dos anos 90
é que algumas empresas passaram a levar a sério esta questão e divulgar sistematicamente em
balanços e relatórios sociais as ações realizadas em relação à comunidade, ao meio ambiente e ao
seu próprio corpo de funcionários. Desta forma, o Balanço Social da Nitrofértil, empresa estatal
situada na Bahia, que foi realizado em 1984, é considerado o primeiro documento brasileiro do
gênero, que carrega o nome de Balanço Social. No mesmo período, estava sendo realizado o BS do
Sistema Telebras, publicado em meados da década de 80. O do Banespa, realizado em 1992,
compõe a lista das empresas precursoras em BS no Brasil. (Torres, 2005).
Em 1997 publicaram balanços: Banco do Brasil, Cia. Carris Porto-Alegrense, Grupo RBS; em
1998 pela Votorantim Celulose, CHESF, CPFL, Furnas, Eletrobrás, Ceval, Petrobras, Bradesco,
Odebrecht, Nossa Caixa/Nosso Banco, Aracruz Celulose, Febraban, Telesp Celular, Light; e em 1999
pelo Banco Itaú e Usiminas. (Tachizawa, 2006).
A função principal do balanço social na empresa é tornar pública a sua
responsabilidade social. Servirá também para avaliar o próprio desempenho da empresa na área
social ao longo dos anos, e também para comparar uma empresa com outra. Isto faz parte do
processo de mostrar com transparência para o público em geral, para os atentos consumidores e
para os acionistas e investidores o que a empresa está fazendo na área social. Assim, surge um
modelo único - simples e objetivo de balanço social. (Torres, 2005).
Desde 1997, o Instituto Ethos de Responsabilidade Social e o Instituto Brasileiro de Análises
Sociais e Econômicas (IBASE) vêm chamando a atenção dos empresários e toda a sociedade para a
importância e a necessidade da realização do balanço social das empresas em um modelo único e
simples de balanço social. Este modelo foi desenvolvido no Ibase em parceria com diversos
representantes de empresas públicas e privadas, a partir de inúmeras reuniões e debates com
setores da própria sociedade.
O Instituto Ethos de Responsabilidade Social sugere padrão de balanço social, conforme
resumido a seguir, que explicita os impactos da atividade da empresa na sociedade e evidencia o
relacionamento com seus diferentes públicos (Tachizawa, 2006):
1. APRESENTAÇÃO
Mensagem do presidente: A empresa se apresenta aos chamados stakeholders:
fornecedores, clientes, governo, ONGs e comunidade. Seu comprometimento em
relação a objetivos econômicos, sociais e ecológicos e obstáculos que encontra para
aliar bom desempenho financeiro a uma postura socialmente responsável são
abordados.
Perfil: Deve oferecer uma visão geral da empresa: seus produtos e serviços, número
de empregados, mercados em que atua e perfil dos clientes.
Setor da economia: Descrição do setor no qual a empresa atua, contribuições à
economia e questões de responsabilidadesocial específicas.
2. A EMPRESA
Histórico: Surgimento e etapas da sua história.
Princípios e valores: As crenças que norteiam suas decisões, assim como as posturas
adotadas em relação ao negócio.
Estrutura e funcionamento: Explicitar a maneira como opera e faz a gestão de
pessoas, da cadeia produtiva e outros processos que mostrem como busca inserir seus
valores na esfera social, econômica e ambiental.
Governança corporativa: Atribuições do conselho de administração, suas regras de
funcionamento e o papel e os deveres dos conselheiros.
3. O NEGÓCIO
Visão: Apresentação da visão de futuro e postura em relação aos desafios sociais,
ambientais e econômicos.
Diálogo com as partes interessadas: Critérios, processos e instrumentos usados no
relacionamento com os stakeholders, informações obtidas por meio deles e relato do
uso dos dados.
Indicadores de desempenho: São divididos em vários pontos, com alguns deles descritos a
seguir:
ECONÔMICO
- impactos causados pela empresa na geração e distribuição de riqueza, retorno de
investimentos realizados no próprio negócio e na comunidade;
- produtividade -margem bruta e giro dos ativos;
- investimentos -pesquisa e desenvolvimento, financiamento de programas para a
comunidade, entre outros.
 
SOCIAL
I - Público Interno
- aspectos que demonstrem a qualidade das relações entre empresa e empregados. Por
exemplo: classificação da empresa como empregador em pesquisas externas;
- educação e treinamento - fatos que expressem o compromisso da empresa com o
desenvolvimento profissional e com a empregabilidade, percentual de investimentos em
educação e treinamento em relação à receita total;
- perfil dos colaboradores - percentual de mulheres em relação ao total de empregados,
percentual de pessoas acima de 45 anos em cargos de diretoria em relação ao total de
cargos de diretoria, entre outros.
- perfil de salários e comparação salarial - percentual da divisão da maior remuneração
pela menor remuneração em espécie paga pela empresa;
- saúde e segurança -número de acidentes com afastamento, por exemplo;
- taxas de atração e retenção de profissionais.
II - Fornecedores
- natureza e perfil -descrição, aspectos das políticas de seleção e desenvolvimento com
ênfase em questões relacionadas à responsabilidade social, e itens correlatos.
III - Consumidores/Clientes
- pesquisa de satisfação dos consumidores e atividades da empresa alinhadas aos seus
resultados, total de ligações atendidas no Sistema de Atendimento a Clientes, descrição
das principais reclamações e soluções apresentadas.
IV - Comunidade
- descrever as principais iniciativas envolvendo gerenciamento de impactos na
comunidade, voluntariado e programas sociais. Relatar percentual do faturamento bruto
destinado à totalidade de suas ações.
V - Governo e Sociedade
- descrição de iniciativas, como participação em associações e fóruns empresariais que
contribuam para a elaboração de propostas de interesse público e políticas de prevenção
contra práticas de corrupção e propina, porcentagem do faturamento bruto gasto
nessas ações.
AMBIENTAL
- mencionar as políticas e processos de gestão relacionados ao gerenciamento de
impactos ambientais, consumo anual de recursos como energia, combustíveis fósseis e
água etc."
Em 1998, para estimular a participação de um maior número de corporações, o IBASE lançou
o Selo Balanço Social Ibase/Betinho. O selo é conferido anualmente a todas as empresas que
publicam o balanço social no modelo sugerido pelo Ibase, dentro da metodologia e dos critérios
propostos. Através deste Selo as empresas podem mostrar - em seus anúncios, embalagens,
balanço social, sites e campanhas publicitárias - que investem em educação, saúde, cultura,
esportes e meio ambiente.
Em pesquisa realizada pelo Ipea, 68% das empresas pesquisadas têm as ações sociais como
parte de uma estratégia, com eficácia avaliada de forma permanente e com orçamento próprio,
além de uma equipe responsável pelo desenvolvimento e supervisão dos projetos. Cerca de 50%
destas empresas investem até 3 milhões de reais por ano em projetos sociais, e 18% investem
quantias ainda maiores.
Viste o sitio:
www.balancosocial.org.br e
saiba mais sobre balanço
social.
Veja o sitio abaixo, você vai
encontrar um modelo de
balanço social para pequenas
e médias empresas.
http://www.balancosocial.org.br/
cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=24
Para Kraemer (2005), a participação da Contabilidade no processo de geração do balanço
social é de extrema importância, pois vai despertar o interesse para as questões ambientais,
ajudando a classe empresarial a implementar, em sua gestão, a variável ambiental, não apenas
para constar na legislação, mas por uma verdadeira conscientização ecológica. Portanto, a
Contabilidade deve evidenciar as medidas adotadas e os resultados alcançados pela empresa no
processo de proteção e preservação do meio ambiente, já que a mesma é responsável pela
comunicação entre a empresa e a sociedade.
As normas de responsabilidade social empresarial
Normas, diretrizes e padrões foram criados, a Norma AA 1000, a SA 8000 e a GRI,
contribuem para criar um modelo de visão sobre as práticas de responsabilidade social e
empresarial e sua gestão de desempenho. No Brasil, temos o Instituto Ethos, que é uma iniciativa
de padronização, além de apresentar o modelo do Balanço Social proposto pelo IBASE.
A NORMA AA 1000 foi desenvolvida pelo Instituto de Responsabilidade Social e Ética – ISEA,
foi criada para assistir organizações na definição de objetivos e metas, na medição do progresso em
relação a estas metas, na auditoria e relato da performance e no estabelecimento de mecanismos
de feedback. Compreendem princípios e normas de processo. Os estágios das normas de processo
são: planejamento; responsabilidade; auditoria e relato; integração de sistemas; comprometimento
dos stakeholders. Portanto, AA1000 vincula as questões sociais e éticas à gestão estratégica e às
operações da organização.
Por este processo, focalizado no comprometimento da organização para os stakeholders, em 2002,
o ISEA realizou uma fase de consulta a stakeholders e fez uma revisão da norma, apresentando
novos elementos, e esta norma foi denominada de AA 1000S. É um padrão básico de
responsabilidade para melhorar a qualidade do processo de contabilidade, auditoria e relato. Não é
um padrão certificável e sim um instrumento verificável de mudança organizacional, derivado da
melhoria contínua, e de aprendizagem e inovação para ”servir de modelo do processo a seguir na
elaboração; proporcionar mais qualidade a outros padrões específicos e complemento a outras
iniciativas”. (Kraemer, 2005)
Em 1997, o The Council Economic Priorities Accreditation Agency (CEPAA), hoje denominada
SAI (Social Accountability International) criou a norma Responsabilidade Social 8000 (SA 8000.). A
norma AS 8000 trata das condições de trabalho e prevê controle independente para
verificação de seu cumprimento nas empresas, foca o trabalho infantil, a liberdade de
organização, o tempo de duração do trabalho e a remuneração. Em 1999, o Institute of
Social and Ethical Accountability lançou a norma AA1000, que amplia o campo de avaliação e
monitora a relação entre a empresa e a comunidade em que está inserida. (Tachizawa 2006; Dias,
2006)
Para Dias (2006), a essência da norma é a de que todo lugar de trabalho deve ser
administrado de maneira tal que estejam garantidos os direitos humanos básicos e que a gerência
está preparada para assumir essa responsabilidade. O Sistema da norma SA8000 foi projetado
segundo o modelo das normas já estabelecidas, a ISO 8001 e ISO 14001, que correspondem à
gestão de qualidade e à gestão ambiental, respectivamente.
A certificação pela norma SA 8000 tem a função de validar as declarações da empresa a
respeito de seu compromisso com a responsabilidade social, tornando pública suacredibilidade,
aumentando assim a reputação da empresa e o nível de confiança da comunidade. Conforme o
Instituo Ethos, a SA 8000 abrange nove temas:
Trabalho infantil
Trabalho forçado
Segurança e saúde no trabalho
Liberdade de associação e direito à negociação coletiva
Discriminação
Práticas disciplinares
Horário de trabalho
Remuneração
Sistemas de gestão
Além de proteger sua reputação e a integridade de suas marcas, a SA 8000 possibilita às
organizações de todo o mundo externarem seus valores éticos e seu grau de envolvimento social,
aspectos fundamentais frente a um consumidor-cidadão cada vez mais participante e vigilante. O
quadro 1 mostra alguns dos principais pontos apresentados pela norma SA 8000.
Principais pontos da Norma SA 8000
Trabalho Infantil
É proibida a contratação de crianças de 15 anos ou menos. Se
existirem funcionários nessa faixa etária, eles não poderão ser
demitidos. Nesse caso, é de responsabilidade da empresa assegurar
sua educação.
Liberdade de
associação e direito
à negociação
coletiva
Protege o direito dos trabalhadores de formar sindicatos e afiliar-se
a grupos organizados
Discriminação
Proíbe a discriminação baseada na cor, nacionalidade, religião,
deficiência física, sexo, orientação sexual, afiliação a sindicato ou
partido político.
Horário de
trabalho
A jornada normal deverá ser de 44 horas semanais. As horas extras
devem ser voluntárias e ter caráter temporário, não devendo
exceder 12 horas semanais.
Práticas
disciplinares
Proíbe punição física, coerção e abuso verbal no uso da disciplina. A
empresa também deve impedir comportamentos, como gestos,
linguagem e contato físico, que sejam sexualmente coercitivos,
ameaçadores, abusivos ou exploratórios.
Comunicação
A política de responsabilidade social deve ser documentada,
implementada e comunicada a todos os funcionários.
Fonte: Revista Exame - Guia de boa cidadania corporativa (2001)
De acordo com a Revista Brasil Sustentável (2005), as fases do processo de certificação da
SA 8000 são:
1ª Fase: Diagnóstico ou pré-auditoria: A consultoria avalia a empresa e recomenda
adequações.
2ª Fase: Início do processo: A empresa corrige práticas inadequadas e adota uma nova
postura de relacionamento com os funcionários. A consultoria treina auditores internos,
que serão responsáveis por manter o sistema em funcionamento.
3ª Fase: Análise crítica: A consultoria avalia se o sistema de gestão contempla os
requisitos da SA8000 incluindo os fornecedores.
4ª Fase: Auditoria externa: Empresa certificadora credenciada pela SAI realiza visitas
na busca de evidências objetivas da implementação da norma na empresa. Obtida a
certificação, visitas semestrais de auditores checam o cumprimento das metas definidas
em auditorias anteriores. Após três anos, deve-se renovar a certificação.
A SA 8000 é cada vez mais reconhecida no mundo como um sistema efetivo de
implementação, manutenção e verificação de condições dignas de trabalho. Atualmente são mais de
160 empresas certificadas com SA 8000 em diversos países, incluindo, entre outros: Estados
Unidos, Inglaterra, Espanha, Itália e Brasil.
Veja no no sitio
http://www.balancosocial.org.br uma lista
de empresas e algumas brasileiras que
possuem a Certificação SA 8000.
GRI - GLOBAL REPORTING INITIATIVE (Iniciativa Global para apresentação de relatórios) - é
um acordo internacional, criado com uma visão de longo prazo, multi-stakeholder, cuja missão é
elaborar e difundir as diretrizes para organização de relatórios de sustentabilidade aplicáveis
globalmente e voluntariamente, pelas organizações, dentre elas a CERES – Centre for Educations
and Research in Environmental (Centro para Educação e Pesquisa Ambiental)
http/www.ceres.org.au e a ISO ISO (International Standartization Organisation) - Organização
Internacional para padronização - http://www.iso.org). A GRI baseia-se no conceito de
sustentabilidade. Busca transformar a elaboração de relatórios sobre sustentabilidade uma rotina e
conferir-lhes credibilidade como as demonstrações financeiras em termos de comparabilidade, rigor
e verificabilidade. Os elementos / indicadores para a elaboração dos relatórios abordam os três
elementos inter-relacionados da sustentabilidade, tal como se aplicam a uma organização, como
segue no quadro 2.
Econômico
Inclui, por exemplo, os gastos e benefícios, produtividade no trabalho,
criação de emprego, despesas em serviços externos, despesas em
investigação e desenvolvimento, investimentos em educação e outras
formas de capital humano. O aspecto econômico inclui, embora não se limite
só a ele, a informação financeira e respectivas declarações.
Ambiental
Inclui, por exemplo, impacto dos processos, produtos, serviços no ar, água,
solo, biodiversidade e saúde humana.
Social
Inclui, por exemplo, o tratamento que se dá aos grupos minoritários e às
mulheres, o trabalho feito em favor dos menores, a saúde e segurança
ocupacionais, estabilidade do empregado, direitos laborais, direitos
humanos, salários e condições de trabalho nas relações externas.
Fonte:http://www.globalreporting.org
ISO 26000
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma entidade privada,
independente e sem fins lucrativos, fundada em 1940, que atua na área de certificação. É
reconhecida pelo governo brasileiro como Fórum Nacional de Normalização, além de ser um dos
fundadores e único representante da ISO (International Organization for Standardization), no Brasil.
Além disso, é acreditada pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial), o qual possui acordo de reconhecimento com os membros do IAF (International
Acreditation Forum) para certificar Sistemas de Gestão da Qualidade (ABNT NBR ISO 9001) e
Sistemas de Gestão Ambiental (ABNT NBR ISO 14001) e diversos produtos e serviços. Fonte: ABNT
Conheça a ABNT: http://www.abnt.org.br
A ISO (International Standartization Organisation) é uma confederação internacional de
órgãos nacionais de normalização de todo o mundo. As séries de sistemas de gerenciamento
atualmente disponíveis na ISO são consideradas como dois dos grandes sucessos de modelos da
gestão do final do século XX, a ISO 9001 e ISO 14001 (dados de maio de 2005, site ISO:
http://www.iso.org).
Em junho de 2004, a ISO realizou em Estocolmo, Suécia, uma Conferência Internacional que
culminou na decisão de criar uma terceira geração de normas — a de responsabilidade social. O
ISO/TMB, em resolução nº 35/2004, decidiu elaborar uma norma de responsabilidade social, que
apresentará diretrizes e não terá propósito de certificação. O Brasil, representado pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em conjunto com o Swedish Standard Institute (SIS), da
Suécia, foi o candidato vitorioso para liderar o Grupo de Trabalho (ISO/TMB WG – Working Group)
de Responsabilidade Social da ISO, que será responsável pela condução dos trabalhos nessa área.
Esse grupo terá três anos para finalizar a norma, que deverá estar disponível em 2008. Este
processo inaugura um fato histórico na ISO: é a primeira vez que um país em desenvolvimento está
na liderança de um processo dessa magnitude. Fonte: Instituo Ethos.
A ISO criou um comitê técnico presidido por Jorge Cajazeira, da empresa brasileira Suzano
Bahia-Sul de Papel e Celulose. O processo teve seu início formal em 2004 e o grupo tem o prazo de
três anos para apresentar a nova norma ISO 26000 de Responsabilidade Social Empresarial. A ISO
26000 servirá para estabelecer um padrão internacional para implementação de um
Sistema de Gestão e certificação de empresas em tomo da Responsabilidade Social.
Outra iniciativa da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) foia a NBR 16001:2004.
A ABNT estabeleceu em 2002 um Grupo Tarefa sobre Responsabilidade Social para o
desenvolvimento de uma norma de responsabilidade social a NBR 16001:2004. Anorma estabelece
requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão de Responsabilidade Social. A norma não é
obrigatória e passa a servir de referência para as organizações que desejam implementar técnicas
de gestão de responsabilidade social.
Indicadores de Gestão ambiental e de
Responsabilidade social
Os gestores necessitam de informações para avaliar e monitorar o desempenho da empresa e
para propor ações de melhoria contínua, na busca da qualidade e para a tomada de decisão.
Quanto à responsabilidade social, a sociedade passa a conhecer as ações ambientais das
organizações através da divulgação externa da informação ambiental oportuna em relatórios
ambientais, balanço social e indicadores de desempenho ambiental. A utilização de indicadores de
desempenho ambientais confiáveis e a sua disseminação são medidas necessárias para conferir
transparência aos negócios das empresas.
Para Tachizawa (2006), a gestão ambiental e de responsabilidade social depende de medição,
informação e análise. As medições precisam ser decorrência das estratégias corporativas da
organização, abrangendo os principais processos, bem como seus resultados. As informações
necessárias para a avaliação e melhoria do desempenho incluem, entre outras, as relacionadas aos
processos produtivos, o desempenho de produtos, o mercado, as comparações com a concorrência
(benchmarking) ou referenciais de excelência, os fornecedores, os colaboradores e os aspectos
econômico-financeiros.
De acordo com Kraemer (2006), os indicadores de desempenho ambiental (“environmental
performance indicators”- EPI’s) sintetizam as informações quantitativas e qualitativas que permitem
a determinação da eficiência e efetividade da empresa, de um ponto de vista ambiental, em utilizar
os recursos disponíveis. São úteis para orientar, gerir e comunicar o desempenho ambiental. São
informações simples e instrumentos orientadores para o objetivo de melhoria contínua, pois
permitem aumentar a clareza, transparência e comparabilidade da informação fornecida pela
organização. Tachizawa (2006) complementa colocando que os indicadores devem ser empregados
para avaliar resultados globais, produtos, serviços de apoio, processos, tarefas e atividades.
Um conjunto de indicadores vinculados aos processos produtivos e de apoio e do desempenho
da organização em sua totalidade representa uma base clara e objetiva para alinhar todas as
atividades com as metas de gestão ambiental e de responsabilidade social.
A premissa adotada é de que o que não pode ser
medido não pode ser avaliado e,
conseqüentemente, não há como decidir sobre
ações a tomar.
É com esse propósito que se sugere a utilização dos indicadores de gestão ambiental e de
responsabilidade social, como uma relação matemática que mensura atributos de um processo ou
dos resultados empresariais, com o objetivo de comparar essa métrica advinda de eventos reais
com metas e padrões preestabelecidos.
Para Tachizawa (2006), na determinação dos indicadores, podem ser visualizadas algumas
características descritivas, tais como:
a) é uma relação matemática que resulta em medida quantitativa;
b) identifica-se um estado do processo ou resultado deste;
c) associa-se a metas numéricas preestabelecidas.
No Brasil temos várias organizações monitorando e oferecendo prêmios às empresas cidadãs,
como o Instituto Ethos, que criou 150 indicadores sociais divididos em sete temas: valores e
transparência; público interno; meio ambiente; fornecedores; consumidores; comunidade; governo
e sociedade. Os indicadores servem como um instrumento para uma auto-avaliação das práticas
empresariais além de constituir-se de uma ferramenta de gestão e planejamento, sugerindo
parâmetros de políticas e ações que a empresa pode desenvolver para aprofundar seu
comprometimento com a Responsabilidade Social Empresarial. Trata-se de uma ferramenta de
auto-diagnóstico cuja principal finalidade é auxiliar as empresas a gerenciarem os impactos sociais e
ambientais decorrentes de suas atividades.
Veja no endereço os Indicadores Ethos de RSE de acordo com o porte da sua empresa:
http://www.ethos.org.br/docs/conceitos_praticas/indicadores/download/
Leia o artigo de Maria Elisabeth Pereira Kraemer que se encontra na
biblioteca sobre Indicadores Ambientais Como Sistema De
Informação Contábil. O artigo traz uma visão completa sobre os
indicadores ambientais em organizações.
Veja mais sobre indicadores ambientais no artigo: Utilização De
Indicadores Ambientais Como Instrumento Para Gestão
de Desempenho Ambiental em Empresas Certificadas
Com a ISO 14001 - Prof. Ms. Emilio Gruneberg Boog -
UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – UAACET e Prof. Dr. Waldir
Antonio Bizzo - UNICAMP – FEM 
link:
http://www.simpep.feb.unesp.br/anais10/gestaoambiental/arq02.PDF

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