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Instrumentalidade do Serviço Social

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Instrumentalidade do Serviço Social – Aula 01
Plano de Ensino 
A rota desta aula privilegia a discussão inicial e conceitual acerca da instrumentalidade no Serviço Social. Iremos compreender a mediação como categoria que permite à instrumentalidade reconhecer e captar as singularidades do exercício profissional em contextos historicamente determinados. Vamos reconhecer que os elementos constitutivos da competência teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política da instrumentalidade, além da superação da falsa dicotomia entre teoria e prática. 
Bons estudos!
Conversa Inicial 
Nesta aula realizaremos discussão introdutória sobre a instrumentalidade no Serviço Social. Para isso iremos compreender o que é a instrumentalidade, como ela se apresenta no fazer profissional, a importância da relação teoria e prática, além da compreensão da dimensão ético-operativa no trabalho profissional do assistente social.
Tema 01: A instrumentalidade como campo de mediação 
Tratar sobre a instrumentalidade no Serviço Social requer aprofundamento teórico e crítico em relação à temática, uma vez que ela não diz respeito apenas aos meios, técnicas e instrumentos utilizados pelo/a profissional no seu âmbito de trabalho. A instrumentalidade é uma mediação que permite a passagem das análises universalistas e macrossocietárias para as singularidades do exercício profissional em contextos historicamente determinados. Assim, significa compreender que a profissão é uma totalidade constituída pelas dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa. É pela instrumentalidade que passam as decisões alternativas concretas, de indivíduos concretos, em situações concretas.
Tema 02: A dimensão teórico-metodológica do Serviço Social 
A complexidade da realidade impõe uma atuação profissional que preze por respostas que atentem para a compreensão dos significados sociais dos problemas, atuando na realidade de maneira crítica e analítica em relação às demandas e aos/às usuários/as, e não apenas de maneira imediata, baseando-se no senso comum ou em princípios do conservadorismo, do vitimismo e do individualismo. Torna-se de extrema importância profissionais com uma formação de qualidade, que fortaleça e fundamente as dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa da profissão. Isso não significa que a teoria deva ser aplicada puramente na prática. O conhecimento contempla as experiências empíricas e os conceitos formulados pelos indivíduos. É uma ação humana, que surge a partir de necessidades postas com o desenvolvimento em sociedade. Assim, é fundamental compreender as elaborações teóricas como formas de objetivação humana.
Tema 03: A relação entre teoria e prática 
A teoria seria uma reprodução ideal do movimento real do objeto a ser conhecido. O objeto já existe na realidade, a teoria o reconstitui pelo pensamento. Todavia, não se limita a descrever a realidade, e sim possibilita a apreensão da lógica do objeto. Compete à teoria revelar as mediações que constituem a prática, mostrar que a prática é um processo histórico determinado pela ação dos homens e referenciar a prática e, dentro dela, os instrumentos e técnicas. O que cabe à teoria é oferecer subsídios na utilização dos instrumentos, ou seja, imputar a eles a finalidade, a análise, o conceito; dar a eles um significado apropriado, condizente com os princípios fundamentais da teoria que os orienta. Os instrumentos e as técnicas não advêm da direção teórica, mas da relação quase imediata com a prática. Essa direção teórica orienta a intervenção, mas não a esgota. 
Tema 04: A dimensão técnico-operativa do Serviço Social 
As demandas sociais que chegam ao/à profissional sempre aparecem de maneira imediatizadas, fragmentadas e heterogêneas, características próprias do cotidiano. Caso o/a assistente social não as perceba para além dessas características, provavelmente desenvolverá seu instrumental técnico-operativo de maneira conservadora e pontual. É necessário compreender que as respostas instrumentais dadas pelo Serviço Social se fundamentam em um projeto de sociedade, baseado num “conjunto de proposições teóricas, em valores e princípios éticos e dão uma determinada direção estratégica à intervenção profissional” (GUERRA, 2012, p. 43). O cerne dessa questão é saber definir o que e como fazer, articulando com o porquê fazer (significado social), para que fazer (finalidade) e como fazer (meios, recursos). Essas dimensões serão as que darão forma e conteúdo à profissão e somente podem se realizar no cotidiano. 
Tema 05: A dimensão ético-política da atuação do assistente social 
As ações profissionais estão imersas por valores e princípios que fazem com que o assistente social realize escolhas teóricas, técnicas, éticas e políticas. A passagem da teoria à prática é um processo que requer a escolha dos meios e fins, perpassando alternativas sustentadas por nossa consciência moral e pelos nossos valores. Desta maneira, se a busca dos meios é orientada pela dimensão ético-política, por estar vinculada com os valores da profissão, se é por meio da ética que podemos problematizar e se afastar de práticas policistas e tecnicistas, essas questões perpassam obrigatoriamente a discussão e o entendimento da categoria instrumentalidade, que subsidiam os/as profissionais a compreender sua atuação de maneira ampla, para além somente dos instrumentos e técnicas, podendo auxiliá-los/as no entendimento da diferenciação das competências e atribuições do Serviço Social na contemporaneidade. 
Na Prática 
O assistente social no seu fazer profissional se depara cotidianamente com diversas questões que o desafia a construir resposta qualificada na perspectiva da ampliação do acesso aos direitos sociais e do projeto ético político profissional. São temas permeados por questões históricas, políticas, culturais e econômicas, tais como: adolescente em conflito com a lei, gravidez na adolescência, famílias com pacientes com transtorno mental, usuários abusivos de álcool e drogas, violência doméstica, entre tantos outros.
Tais questões vão querer respostas profissionais, desta forma, ao receber e construir sua resposta em atendimento à demanda, o assistente social precisa estar atento ao fundamento da sua prática profissional, ou seja, a sua práxis, a ser executada com o cuidado e a objetividade necessária, sem basear-se no senso comum ou voluntarismo. Assim, é preciso ter claro que o trabalho profissional exige reflexão cotidiana.
Finalizando 
É preciso fortalecer que o/a assistente social é um intelectual que atua e intervém na realidade social, tendo como objeto de intervenção as múltiplas expressões da questão social. Para isso, necessita de criatividade, criticidade e proposição em sua capacidade de intervir no cotidiano. Torna-se indispensável apostar numa intervenção que tenha como horizonte a transformação das desigualdades, a efetivação dos princípios do projeto ético-político que possui a liberdade como valor ético central, norteada na luta por outra sociabilidade. Sem o conhecimento teórico e as outras dimensões (ético-política e técnico-operativa), bem como o auxílio da categoria mediação, não é possível romper e questionar os parâmetros da ordem vigente. É a mediação que possibilita o/a profissional se aproximar do real, desvendando as aparências que encobrem os fenômenos sociais e, assim, realizar sua intervenção profissional.
Referências 
FORTI, V; GUERRA, Y. Na prática a teoria é outra. Serviço Social, temas, textos e contextos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013. 
GUERRA, Y. A dimensão técnico-operativa do exercício profissional. In: SANTOS, C. M.; BACKX, S; GUERRA, Y. A dimensão técnico-operativa no Serviço Social: desafios contemporâneos. Juiz de Fora: UFJF, 2012. 
______. A instrumentalidade do serviço social. São Paulo: Cortez, 2011. 
______. Instrumentalidade do processo de trabalho e Serviço Social. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, Cortez, 2000.
SANTOS, C. M. Na prática a teoria é outra? Mitos e dilemas na relaçãoentre teoria, prática e instrumentos e técnicas no serviço social. Rio de Janeiro: Lumen
Instrumentalidade do Serviço Social – Aula 02
Plano de Ensino 
Nesta rota de aula, o objetivo fundamental é a compreensão dos elementos no âmbito da intervenção profissional colocados para além do técnico-instrumental. Também visa à reflexão sobre a vida cotidiana e o desafio profissional de superar as massas da realidade profissional e institucional, na perspectiva da direção social historicamente construída pelo Serviço Social brasileiro. Esperamos com isso o acúmulo teórico sobre a dimensão investigativa da profissão.
Bons estudos!
Conversa Inicial 
Nesta aula abordaremos a dimensão investigativa e a razão instrumental. Para isso, trabalharemos temas como a direção social da intervenção profissional, o processo investigativo da prática, o cotidiano como lugar de concretização da ação profissional, além de problematizarmos sobre a supervalorização da razão instrumental em detrimento do instrumental técnico de trabalho como mediação do trabalho profissional.
Tema 01: A direção social da intervenção profissional 
Segundo Mustafá (2003, p. 62), os/as profissionais de Serviço Social têm uma direção social que lhes fornece a consciência do caráter contraditório impresso à sua profissão, contida nas contradições imersas entre o capital e o trabalho. Oferecer visibilidade e materialidade à prática profissional requer uma recusa permanente às opressões sociais, vislumbrando pelo viés político, a partir de novos conhecimentos mobilizados pela consciência investigativa de seus agentes, alternativas vinculadas às possibilidades de liberdade, equidade e justiça social, temas fundamentais para uma nova ordem societária. 
Tema 02: O processo investigativo da prática profissional 
A natureza investigativa permite ao/à assistente social captar as expressões da questão social que se particularizam em cada espaço social de um jeito próprio, único e, deste modo, estabelecer respostas adequadas ao alcance dos objetivos profissionais. Neste sentido, torna-se recurso subsidiário a orientar e fundamentar a construção de estratégias, alternativas, formas de enfrentamento e compreensão das múltiplas expressões de desigualdades sociais e dos processos de exclusão que demandam no cotidiano de trabalho do assistente social.
Tema 03: O desafio do cotidiano profissional 
A vida cotidiana é marcada por um materialismo espontâneo e por certa dose de pragmatismo na solução dos problemas enfrentados, sem que se ponha em causa a sua objetividade material e sem questionar a própria natureza dos fenômenos. Assim, é importante destacarmos que é na vida cotidiana que constitui o espaço privilegiado no qual se concretiza o exercício profissional, estando os(as) assistentes sociais expostos(as) às suas determinações.
Desta maneira, o grande desafio reside na postura profissional que limita o exercício da profissão a modalidades de intervenção de caráter pragmatista, não as ultrapassando e, ainda, entendendo-as como as únicas possíveis no contexto da intervenção profissional. A partir dos elementos presentes na vida cotidiana, os(as) assistentes sociais podem abordar a realidade em que atuam, superar limites e obstáculos e liberar potencialidades latentes.
  
Tema 04: A razão instrumental 
Para que as bases da sociedade capitalista sejam mantidas, foram criados diversos mecanismos de regulação social, dentre os quais Guerra (2000) atribuirá destaque à “racionalidade instrumental”, de caráter subjetivista e formalista, que se opõe a uma razão substantiva, emancipatória, sintonizada com fins universalistas e valores sociocêntricos, preocupada com as finalidades e com as implicações acerca das escolhas dos meios para alcançá-las. Assim, a razão instrumental encontra-se subordinada ao alcance de fins particulares e de resultados imediatos. Desta forma, embora esta dimensão seja uma condição necessária ao exercício profissional, ela não é suficiente para o adequado desempenho das atribuições profissionais, não permitindo aos(às) assistentes sociais o acesso às possibilidades de escolha que permitam ampliar seus espaços de atuação. 
Tema 05: O instrumental técnico como mediação 
Tratar o instrumental técnico como mediação possibilita superar a histórica ruptura entre meios e finalidades, ultrapassando o nível da razão instrumental. Isso implica considerar os valores subjacentes às ações e a direção das respostas oferecidas às demandas apresentadas, extrapolando a preocupação limitada ao bom uso de técnicas e instrumentos. É preciso compreender o instrumental técnico, como mediação, ou seja, um meio a ser utilizado para alcançar propósitos específicos, como uma forma de se implementar determinados projetos, os quais, por sua vez, consistem em atos conscientes de intervenção no mundo. Desta forma, a instrumentalidade reside entre o momento de formulação de projetos e a ação propriamente dita. São as finalidades socialmente construídas que determinam o modo de atuar e a escolha das alternativas, orientando a busca, a seleção e a construção dos meios mais adequados à ação. 
Na Prática 
O assistente social em seu cotidiano de trabalho se depara de maneira contínua com diferentes expressões da questão social e seus impactos na vida dos indivíduos. Tais situações e complexidades demandam olhar crítico não somente para compreender como estas manifestações se materializam, mas também para construir sua intervenção. Aqui nos deparamos com um importante cuidado a ser tomado pelo assistente social, consiste em compreender elementos básicos como: o que é, como surge e como se manifesta etc. Posteriormente é preciso verificar quais os instrumentos técnicos profissionais mais adequados para tal intervenção. A aula de hoje nos mostra a importância de compreender a realidade social para a intervenção, e não o contrário, pois estaríamos caindo em um voluntarismo pragmático, que terá como consequência uma abordagem frágil e superficial.
Finalizando 
Nesta aula refletimos sobre a dimensão investigativa e a razão instrumental que envolvem o fazer profissional. Destacamos a importância da compreensão da direção social da intervenção e os cuidados necessários para pensar e executar ações no cotidiano profissional. Por fim, trouxemos para análise a razão instrumental, muitas vezes confundida pelos/as profissionais como essência do exercício profissional em detrimento de todo arcabouço teórico-metodológico e ético-operativo. Desta maneira, o desafio que se coloca é a compreensão da dimensão técnico-instrumental como mediação permeada por ideias e valores vinculados a projetos societários que se relacionam com a finalidade de uma ação.
Referências 
FORTI, V; GUERRA, Y. Na prática a teoria é outra. Serviço Social, temas, textos e contextos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013. 
GUERRA, Y. A dimensão técnico-operativa do exercício profissional. In: SANTOS, C. M.; BACKX, S; GUERRA, Y. A dimensão técnico-operativa no Serviço Social: desafios contemporâneos. Juiz de Fora: UFJF, 2012. 
______. A instrumentalidade do serviço social. São Paulo: Cortez, 2011. 
______. Instrumentalidade do processo de trabalho e Serviço Social. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, Cortez, 2000.
SANTOS, C. M. Na prática a teoria é outra? Mitos e dilemas na relação entre teoria, prática e instrumentos e técnicas no serviço social. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013.
Instrumentalidade do Serviço Social – Aula 03
Plano de Ensino 
Esta rota de aula trabalha a construção do objeto de intervenção do serviço e os desafios colocados a partir da abordagem individual, familiar e coletiva. Bons estudos!
Conversa Inicial 
Nesta aula trabalharemos cuidadosamente a construção do objeto de intervenção em Serviço Social. Iremos aprofundar a discussão sobre as demandas colocadas à profissão e os vários desafios que permeiam a intervenção profissional. Teremos ainda a oportunidade de explorar as diferentes abordagens, tais como individual, coletiva e familiar.
Tema 01: Construção do objetoem Serviço Social 
Acerca deste debate, Marilda Iamamoto (1982) e Mota (1991) se colocam na mesma perspectiva, ao defenderem a tese de que o Serviço Social pode servir ora ao capital ora ao trabalhador, dependendo das condições objetivas e das opções políticas de seus agentes, portanto atua a partir de uma relação contraditória. Myrian Veras Baptista (1995) considera que o objeto da intervenção profissional do assistente social é o segmento da realidade que lhe é posto como desafio, aspecto determinado de uma realidade total sobre o qual irá formular um conjunto de reflexão e de proposições para intervenção. A construção do objeto profissional é um processo teórico, histórico, mas também político, ou seja, imbricado e implicado tanto nas relações sociais mais gerais quanto nas relações particulares e específicas do campo das políticas e serviço social e das relações interprofissionais. 
Tema 02: Demandas e respostas profissionais 
De acordo com a Lei de Regulamentação da Profissão, os artigos 4º e 5º referem-se a algumas das atribuições dos(as) assistentes sociais: coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas e projetos; planejar, organizar e administrar projetos; realizar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades; realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres. O Serviço Social, mais do que uma profissão interventiva e executiva, tem que ser propositivo. Em outras palavras, para que a profissão trabalhe a questão social, atualmente é necessário que o profissional entenda as múltiplas faces e expressões da realidade atual, que tenha habilidade de conhecer, investigar, antecipar, propor e executar opções de enfrentamento da questão social na visão dos interesses da sociedade. 
Tema 03: Abordagens individuais 
Para que o assistente social construa suas estratégias profissionais de intervenção, é preciso compreender a singularidade de cada indivíduo e as implicações desta na vida cotidiana do sujeito. Heller (2004) irá considerar a condição de individualidade do ser social, ou seja, quando o indivíduo social passa a assumir conscientemente a própria personalidade/identidade – tendo consciência de si mesmo –, condição-chave para assumir as rédeas da própria vida. Em outras palavras, é o indivíduo que reconhece sua capacidade de conhecer-se a si mesmo no ato do conhecimento, um projetar-se na e para a vida cotidiana e social, subjetiva e objetivamente. É na vida cotidiana que homens e mulheres fazem a própria história, mas em condições previamente dadas. Desta maneira, o assistente social precisa estar atento para compreender a realidade social vivida pelos sujeitos e a partir daí construir sua intervenção profissional.
Tema 04: Abordagem com famílias 
O conhecimento e o acesso a bens e serviços facilitam a vida da família e o bem-estar de seus membros. O trabalho técnico, na defesa dos direitos, no conhecimento dos recursos existentes e de retaguarda. Esta retaguarda deve ser transitória, centrada na promoção e no desenvolvimento da família. A família, por vício das políticas sociais e setoriais, sempre foi objeto de intervenção de uma maneira até banalizada, salvo raras exceções. As milhares de famílias em condições de miserabilidade adquirem, cada vez mais, dimensões complexas e desumanas e constituem uma violência social, em que os seres humanos não passam de números descartáveis. Os serviços alternativos de apoio à família devem articular o público e o privado, por meio de uma metodologia dialógica, aberta e não determinada por um conjunto de instrumentos técnicos. É preciso retomar as unidades família e comunidade como ponto de partida de práticas sociais.
Tema 05: Abordagem coletiva 
Na realização, os usuários devem participar enquanto protagonistas. Ao assistente social cabe a função de facilitador. Todos os presentes têm o direito à voz e há um incentivo relevante para que todos façam uso deste direito. A educação popular oferece elementos que podem contribuir com o desenvolvimento da abordagem coletiva, pois, por meio dela, é possível informar os usuários sobre os seus direitos enquanto cidadãos. Quando tratamos da abordagem coletiva, encontra-se na necessidade de rompimento do trabalho socioeducativo de cunho terapêutico. Os assistentes sociais são profissionais que realizam o trabalho de cunho educativo, dialogando, propiciando reflexões, incentivando a participação e contribuindo para fortalecer o grupo, dentro da lógica do coletivo, para que os usuários, unidos possam discutir sobre o cotidiano onde vivem, conhecer seus direitos e também pensar em estratégias coletivas para a efetivação destes direitos. 
Na Prática 
De maneira cotidiana, os assistentes sociais são defrontados a construir e desconstruir caminhos na perspectiva da garantia de direitos. Este desafio coloca aos profissionais a importância do olhar cuidadoso e crítico não somente sobre os usuários, mas sobre a instituição, além da conjuntura política, econômica, social, cultural e histórica. Ao ser chamado para intervir em demandas sociais, é preciso reflexão sobre o papel desempenhado pelo profissional diante de usuários e construir uma ação interventiva que amplie o espectro do acesso aos direitos sociais. Assim, tanto numa abordagem individual, coletiva ou familiar, a preocupação central não são os instrumentos a serem utilizados, mas sim, como e por que se irá utilizar determinado instrumento. Além disso, é preciso a vigilância teórica e ética que permeia a ação profissional.
Finalizando 
Nesta aula foi possível compreender o desafio que se constitui a construção do objeto em Serviço Social e as diferentes abordagens. Ficou clara a importância de considerarmos elementos que estão para além do indivíduo ou grupo, foco de nossa intervenção. Assim, o convite que fica é para que você, estudante de Serviço Social, possa aprofundar ainda mais esta discussão com leituras de textos complementares. Somente um olhar crítico e criativo é capaz de compreender a realidade social e tecer as possibilidades de intervenção e, consequentemente, de atingir de maneira concreta os objetivos da atuação profissional.
Referências 
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 12ª Ed. São Paulo: Ática, 1999.
GUIMARÃES, S. J. Serviço social, questão social e globalização: aportes para o debate. Joinpp, São Luís, 2005. Disponível em: http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinppIII/html
/Trabalhos2/Simone_de_Jesus_Guimar%C3%A3es.pdf. Acesso em: 1º dez. 2016.
HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. Trad. Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo, Cortez, 4 ed., 2001.
PELEGRINI, Soraya Magalhães. A dimensão socioeducativa do trabalho do assistente social na área da saúde. In: III Simpósio brasileiro de assistentes sociais. CRESS-MG. Junho de 2013.
TEIXEIRA, Maria Solange. Trabalho social com famílias na política de assistência social: elementos para sua reconstrução em bases críticas. In: Serviço social e realidade, v. 13, n. 1, p. 04-23, jul/dez. 2010.
Instrumentalidade do Serviço Social – Aula 04
Plano de Ensino 
Este rota de aula trabalha a utilização do trabalho em grupos enquanto instrumento de intervenção profissional. 
Bons estudos!
Conversa Inicial 
Nesta aula iremos trabalhar as estratégias de grupos como possibilidade de intervenção profissional. Para isso, iremos realizar breve resgate histórico da temática, bem como sua relação com a profissão. Também discutiremos a questão metodológica que envolve esta estratégia e a possibilidade de realização do trabalho em grupos numa perspectiva interdisciplinar. Por fim, trabalharemos com eventos que vão requerer ao assistente social, conhecimento básico principalmente para a sua organização. Enfim, nesta aula abordaremos o coletivo e sua relação com a profissão. 
Bons estudos!
Tema 01: Trabalhos de grupos e Serviço Social– resgate histórico 
A abordagem por meio de dinâmicas de grupos surge nos anos 30, nos EUA, como resultado do desenvolvimento operado no interior das profissões como psicólogos, educadores, administradores de empresas etc. Na atualidade, no Serviço Social, no trabalho profissional, pensamos “grupo” enquanto instrumento de trabalho, definido a partir da presença simultânea de indivíduos de uma mesma atividade socioinstitucional, coordenado por um ou mais profissionais e que apresente período de duração, objetivos e metodologias definidos. Assim, ainda destacamos que a diferença entre trabalhos em grupos e palestras, seminários ou conferências, não é somente o número de participantes, mas a metodologia utilizada desses espaços. O trabalho em grupo pode favorecer trocas de experiências, em que seus participantes têm maiores possibilidades de vivenciar relações horizontais e solidárias. 
Tema 02: Trabalho em grupos como proposta político-metodológica 
Entre os principais objetivos do trabalho em grupo, destacamos o de intervir junto a um número maior de pessoas, até possibilitar aos participantes do grupo reflexões que permitam identificar as questões que afligem a um indivíduo são semelhantes àquelas vivenciadas pelos demais. Assim, esta abordagem se coloca como um importante instrumento de caráter pedagógico, mais flexível e dialogado. A intervenção precisa vir carregada de sentido crítico-reflexivo que visem estimular o questionamento e proposição de alternativas de enfrentamento. O profissional precisa estar compromissado com a tarefa permanente de dialogar, que por sua vez implica na disposição de falar e ouvir, de dar vez e voz, possibilitando a elaboração e o fortalecimento de culturas centradas em valores mais solidários e coletivos. 
Tema 03: Trabalho em grupos na perspectiva interdisciplinar 
A interdisciplinaridade se dá a partir de uma relação horizontal entre profissionais de diferentes formações partícipes conjuntamente de ações de trabalho que possuam objetivos políticos profissionais convergentes, em que cada sujeito possa contribuir com seus saberes por meio de relações democráticas, menos rígidas e limitadoras da expressão crítica e criativa entre os profissionais. Para que se atinjam os resultados do trabalho, é preciso que a relação entre os profissionais ocorra desde o planejamento das atividades. Tal momento constitui-se por meio de negociações e reflexões, não raramente, apresenta-se como espaço tencionado por disputa de interesses profissionais. Algo recorrente nesta prática é o assistente social não acessar materiais próprios da profissão. Talvez pela própria escassez desse tipo de materiais; no entanto, é preciso estar atento para a questão metodológica e a especificidade da profissão.
Tema 04: Conferências, seminários e palestras como estratégias profissionais de atuação 
Entre as estratégias de trabalho do assistente social, está a participação e/ou organização de eventos. Assim, é fundamental que o profissional tenha clareza na diferenciação dos eventos, assim como do seu público-alvo. Cada evento, além de ter particularidades, também irá demandar estruturas e metodologia de trabalhos diferenciados. Separamos os principais: conferência, congresso, seminário, simpósio, palestra, mesa-redonda, fórum etc. Assim, compreender a especificidade dos diferentes eventos é fundamental ao assistente social, principalmente quando ele se encontra na condição de executor e/ou gestor. O tipo de evento se dará a partir do que se quer discutir e com quem. 
Tema 05: Organização de eventos 
É importante ter claro que um evento se caracteriza como ferramenta estratégica de comunicação utilizada para informar e/ou mobilizar públicos de interesse. Deve acontecer de forma articulada a outras ferramentas para atingir o objetivo do trabalho profissional. Para que possa atingir seu objetivo, é preciso um planejamento cuidadoso, abarcando as expectativas e o compromisso ético-político. 
A organização de um evento pressupõe seu planejamento, a organização, a execução no dia do evento e o pós-evento. Cada etapa precisa ser pensada de maneira detalhada, considerando o objetivo da proposta e o público-alvo que se pretende atingir. É necessário ter uma visão aprofundada do que será o evento, em qual contexto ele será realizado, aonde se quer chegar ao realizá-lo, com que formato, quem serão os públicos participantes, quais os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis e a definição de estratégias de comunicação para promovê-lo.
Na Prática 
A realização de trabalho em grupos é algo recorrente no interior da profissão. No entanto, a utilização deste recurso precisa vir junto com um detalhado planejamento, pois é preciso saber exatamente onde se quer chegar. Ou seja, é preciso que os objetivos sejam claros. Para o sucesso do trabalho em grupos, é preciso muito mais do que quantidade de pessoas que participam da atividade, é preciso utilizar uma abordagem adequada para o tipo de grupo e o assunto a ser trabalhado. Desta maneira, a pesquisa e busca por estratégias deve ter como horizonte a especificidade da profissão, com o cuidado de não se apoiar em abordagens que fogem ao escopo do trabalho do assistente social, como os de viés terapêuticos. Assim, o trabalho em grupo é um instrumento que pode ser utilizado para atingir um maior número de pessoas e possibilidade a troca de experiência, o que significa enriquecer a interação profissional-usuário.
Finalizando 
Nesta aula conseguimos discutir sobre o trabalho em grupo enquanto importante instrumental do trabalho profissional. Como vimos, a utilização deste recurso exige do profissional conhecimento e habilidade; por isso, a inserção deste tipo de atividade exige um cuidadoso planejamento. Também, nesta aula foi possível dialogar sobre a organização de eventos, que muitas vezes está no horizonte da intervenção, o qual requisita do assistente social um olhar crítico e analítico sobre as possibilidades de realização e dos objetivos a serem atingidos.
Referências 
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 12ª Ed. São Paulo: Ática, 1999.
GUIMARÃES, S. J. Serviço social, questão social e globalização: aportes para o debate. Joinpp, São Luís, 2005. Disponível em: http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinppIII/html/Trabalhos2/Simone_de_Jesus_Guimar%C3%A3es.pdf. Acesso em: 1º dez. 2016.
HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. Trad. Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo, Cortez, 4 ed., 2001.
PELEGRINI, Soraya Magalhães. A dimensão socioeducativa do trabalho do assistente social na área da saúde. In: III Simpósio brasileiro de assistentes sociais. CRESS-MG. Junho de 2013.
TEIXEIRA, Maria Solange. Trabalho social com famílias na política de assistência social: elementos para sua reconstrução em bases críticas. In: Serviço social e realidade, v. 13, n. 1, p.
Instrumentalidade do Serviço Social – Aula 05
Plano de Ensino 
Nesta rota refletiremos sobre o papel dos documentos e registros do Serviço Social, assunto muitas vezes renegado a segundo plano. No entanto, veremos a importância deles para uma atuação profissional ética e compromissada com a qualidade dos serviços prestados. Bons estudos! 
Conversa Inicial 
Os instrumentos e as técnicas do Serviço Social têm de ser utilizados pelo profissional com a finalidade de conhecer o universo social, cultural, as condições de moradia da população atendida, com vistas a facilitar seu acesso aos direitos, programas e benefícios sociais. 
A utilização dos instrumentos e técnicas de maneira inadequada, por exemplo, com caráter higienista, discriminatório e policialesco, pode retardar ou até mesmo retirar a possibilidade dos usuários do acesso aos direitos sociais. Por isso, é importante que todo profissional fique atento aos aspectos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnicos-operativos, eliminando todas as formas de preconceitos, incentivando o respeito à diversidade,conforme expresso nos princípios do atual código de ética profissional e, por conseguinte, nas diretrizes do projeto ético-político do Serviço Social. 
Tema 01: Documentos em Serviço Social 
Documentar é registrar, sendo, portanto, um instrumental-técnico, uma mediação valiosa no processo de materialização da relação entre a teoria e a prática no trabalho profissional. A informação se constitui como um meio de trabalho, um instrumental técnico, mas também como um produto do trabalho, o qual é gerado no âmbito das instituições. Para Marcosin (2010, p. 70) “[...] documentar não é um ‘roteiro de papéis a serem preenchidos e organizados’, não é simplesmente o ato de obter, passar e registrar informações, é mais que isso, é relacionar e interpretar diversos dados e fatos, é refletir para agir, é relacionar-se com o conhecimento, é parte da produção de conhecimento”. 
Tema 02: Construção de documentos do Serviço Social 
A construção dos documentos geralmente é precedida pela utilização de instrumentos tradicionalmente utilizados na profissão, tais como: entrevistas, observação, reunião, visita domiciliar e análise de documentos referentes à situação. Mioto (2009) ressalta que, não havendo modelo institucionalmente definido, alguns pontos são fundamentais para sua elaboração, tais como: identificação dos sujeitos demandantes dos estudos e dos sujeitos implicados na situação e da situação; a descrição de informações concisa da situação estudada que deve trabalhar, de forma organizada, o conjunto de informações contidas nos relatórios de entrevistas, documentos, visitas domiciliares, observações; a análise da situação na qual o profissional dará a conhecer como articulou os dado da realidade como o marco teórico-metodológico que orientou sua ação e com seu conhecimento da área em que está se realizando o estudo. 
Tema 03: Registro do Serviço social 
O registro das questões e demandas apresentadas ao Serviço Social no cotidiano da prática profissional é capaz de possibilitar múltiplas técnicas de intervenção ao Serviço Social. Ao longo de sua trajetória enquanto profissão, o Serviço Social se utilizou de diversos mecanismos de registro de seus atendimentos (diários de campo, relatórios etc.). É importante a existência de registros próprios do Serviço Social, em que o profissional poderá apontar questões que somente é relevante para os profissionais dessa categoria. Independentemente do formato, aqui ressaltamos a importância de o assistente social, em seu espaço sócio-ocupacional, desenvolver registro enquanto ferramenta de análise e sistematização da prática. 
Tema 04: O prontuário do usuário 
O prontuário tem importância fundamental na realização de pesquisa e na comunicação entre o trabalho de equipe em que compõe o assistente social. 
A discussão sobre o tipo de prontuário mais adequado ainda se faz presente nos espaços institucionais, assim, coloca-se em duas possibilidades: o prontuário físico e o prontuário eletrônico. O prontuário possui também a função de ser um elo entre a equipe multidisciplinar com uma atribuição fulcral no que diz respeito à interdisciplinaridade. 
Tema 05: Elaboração de indicadores sociais 
Para Jannuzzi (2004, p. 15), os indicadores sociais se constituem como “instrumento operacional para monitoramento da realidade social para fins de formulação e reformulação de políticas públicas”, uma vez que existe a possibilidade de sua aplicação no planejamento, execução e avaliação dos serviços, programas, projetos e planos. Para Jannuzzi (2004), um indicador social é uma medida, em geral quantitativa dotada de significado social, que pode ser utilizado para quantificar, substituir, operacionalizar um conceito social abstrato, ou seja, dar materialidade. Também é um importante recurso metodológico que demonstra os aspectos possíveis da realidade. Os indicadores podem ser objetivos e subjetivos. Também é vista como divisão entre indicadores quantitativos e qualitativos. Importante destacar que os indicadores são obtidos pelo processamento de informações sobre os aspectos essenciais dos processos que integram a realidade. 
Na Prática 
No cotidiano de trabalho profissional do assistente social, são muitas as informações com as quais se têm contato. Neste sentido, saber captar, filtrar, analisar e construir respostas profissionais e institucionais às demandas sociais que chegam até a instituição é um grande desafio. Por isso, tanto a obtenção dos registros de informação, como a elaboração de documentos em Serviço Social é uma atividade que exige do profissional o compromisso ético, embasamento teórico metodológico e domínio dos instrumentais técnicos operativos da profissão. 
Assim, como na construção de uma grande quebra-cabeça, cada informação trazida pelo usuário ou pelos outros profissionais que compõem a equipe é fundamental na construção de um olhar crítico e propositivo. Espera-se do profissional capacidade para elaboração de sínteses capazes de assumir institucionalmente a perspectiva da garantia e acesso aos direitos sociais. 
Finalizando 
Fica evidente que o registro e a documentação de tudo que foi feito com e pelos usuários é de suma importância e jamais pode ser visto como uma atribuição rotineira e burocrática. Os registros fazem parte do escopo de trabalho de todas e todos os profissionais. 
Além de resguardar o profissional, pois ficam documentados todos os procedimentos aos quais os usuários foram submetidos e quais as condutas adotadas, o registro sistematiza a prática. Dessa forma, fica mais fácil e acessível para que o profissional reflita sobre a sua prática, além de organizar suas ideias e intervenções. Para além disso, estaremos contribuindo fundamentalmente para a consolidação de práticas positivas para o serviço e também produzindo elementos para problematizar e avaliar as condutas que só serão possíveis com tudo devidamente registrado. 
Referências 
DOWBOR, Ladislau. A gestão social em busca de Paradigmas. In: RICO, Elizabeth de Melo; DEGENSZAJN, Raquel Raichelis (org). Gestão social: uma questão em debate. São Paulo: EDUC; IEE, 1999. 
GARCIA, Ronaldo C. Subsídios para organizar avaliações da ação governamental. Texto para discussão N. 776. Brasília: Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, 2001. 
JANNUZZI, Paulo de Martinho. Indicadores sociais no Brasil: conceitos, fontes de dados e aplicações. 3 ed. Campinas: Editora Alínea, 2004. 
MARCONSIN, Cleir. Documentação em serviço social: debatendo a concepção burocrática e rotineira. In. GUERRA, Yolanda e FORTI, Valéria. Serviço Social: temas textos e contextos. Rio de Janeiro: Lumem Juris, 2010. 
MIOTTO, Regina Célia Tamaso. Perícia social: proposta de um percurso operativo. In: Serviço social e sociedade. São Paulo: Cortez, nº 67, 2001. 
Instrumentalidade do Serviço Social – Aula 06
Plano de Ensino 
Esta rota de aula trabalha as principais resoluções do Conselho Federal de Serviço Social que tratam sobre as condições éticas e técnicas para o trabalho profissional. Bons estudos! 
Conversa Inicial 
Nesta aula iremos trabalhar as principais resoluções do Conselho Federal de Serviço Social que tratam dos aspectos que instrumentalizam o exercício profissional do/a assistente social. Essas resoluções têm como objetivo orientar/disciplinar a prática profissional na perspectiva do projeto ético-político da profissão. Conhecê-las e aplica-las é uma responsabilidade de cada profissional. Bons estudos! 
Tema 01: Resolução CFESS nº 493/2006 – condições éticas e técnicas do exercício profissional 
A resolução CFESS n° 493, de 2006, objetiva assegurar as condições éticas e técnicas do exercício profissional do assistente social, assegurando em seu art. 1° que: “[...] é condição essencial, portanto obrigatória para realização de qualquer atendimento ao usuário do Serviço Social, a existência de espaço físico, nas condições que esta Resolução estabelecer”. O artigo 2° da Resolução aborda que “[...] o local de atendimento destinado ao assistente social deve ser dotado de espaço suficiente, paraabordagens individuais ou coletivas, conforme as características dos serviços prestados, e deve possuir e garantir as seguintes características físicas: (a) iluminação adequada ao trabalho diurno e noturno, conforme a organização institucional; (b) recursos que garantam a privacidade do usuário naquilo que for revelado durante o processo de intervenção profissional; (c) ventilação adequada, (d) espaço adequado para colocação de arquivos”. 
Tema 02: Resolução nº 489/2006 – vedação de condutas discriminatórias ou preconceituosas 
Assim, em seu artigo 1º ressalta que “o assistente social no exercício de sua atividade profissional deverá abster-se de práticas e condutas que caracterizem o policiamento de comportamentos, que sejam discriminatórias ou preconceituosas por questões, dentre outras, de orientação sexual”. Além disso, o profissional deverá, no âmbito de seu espaço de trabalho, para a reflexão ética sobre o sentido da liberdade e da necessidade do respeito dos indivíduos decidirem sobre a sua sexualidade e afetividade, conforme o Artigo 2º. 
Sabemos que práticas preconceituosas perpassam diferentes espaços na sociedade brasileira e as instituições empregadores dos assistentes sociais não está imune a isso, por isso que resolução chama a atenção para o papel do profissional em enfrentar tal situação, como expresso no Artigo 3º: “o assistente social deverá contribuir para eliminar, no seu espaço de trabalho, práticas discriminatórias e preconceituosas”. 
Tema 03: Resolução do CFESS nº 556/2009 – procedimentos para efeito da lacração do material técnico 
O material técnico sigiloso caracteriza-se por conter informações sigilosas, cuja divulgação comprometa a imagem, a dignidade, a segurança, a proteção de interesses econômicos, sociais, de saúde, de trabalho, de intimidade e outros, das pessoas envolvidas, cujas informações respectivas estejam contidas em relatórios de atendimentos, entrevistas, estudos sociais e pareceres que possam, também, colocar os usuários em situação de risco ou provocar outros danos. Em caso de demissão ou exoneração, o assistente social deverá repassar todo o material técnico, sigiloso ou não, ao assistente social que vier a substituí-lo. Este procedimento deve obrigatoriamente ser adotado toda vez que o profissional deixar a instituição, seja por sua vontade ou por demissão. 
Tema 04: Resolução CFESS Nº 557/2009 – dispõe sobre a emissão de pareceres, laudos, opiniões técnicas 
Segundo o artigo 1º, “a elaboração, emissão e/ou subscrição de opinião técnica sobre matéria de Serviço Social por meio de pareceres, laudos, perícias e manifestações é atribuição privativa do assistente social, devidamente inscrito no Conselho Regional de Serviço Social de sua área de atuação, nos termos do parágrafo único do artigo 1º da Lei 8662/93 e pressupõem a devida e necessária competência técnica, teórico-metodológica, autonomia e compromisso ético”. Ou seja, embora seja possível realizar pareceres conjuntos, quando se trata de matéria de serviço social, esta será apenas prerrogativa do assistente social. A resolução chama a atenção no artigo 4º para os casos em que o assistente social atual, em equipes multiprofissionais, deverá garantir no documento a especificidade da sua área de atuação. 
Tema 05: Resolução CFESS nº 569/2010 – dispõe sobre a vedação da realização de terapias associadas 
A realização de terapias não constitui atribuição e competência do assistente social. Ou seja, os profissionais assistentes sociais, ao longo de sua formação profissional, não são instrumentalizados para o uso de práticas terapêuticas. Ao profissional é vedado associar ao título de assistente social e/ou ao exercício profissional as atividades definidas como práticas terapêuticas. A Resolução CFESS 569/2010 assegura os direitos dos usuários que devem ser atendidos por profissionais qualificados teórico-metodológica/política e eticamente em matéria do Serviço Social. E também contribui para assegurar direitos do/a assistente social que não podem realizar nem se responsabilizar por atuações que demandam conhecimentos específicos para os quais não estão devidamente habilitados no âmbito de sua formação – Serviço Social. 
Na Prática 
Soraia é primeira assistente social contratada pela instituição “Todos pelas Crianças”. Em seu primeiro dia de trabalho a diretora lhe apresentou a instituição e todos que lá trabalham. Como havia problemas de espaço físico para comportar o número de pessoas que lá trabalhavam, a diretora sugeriu que a assistente social ficasse na recepção do local. Para Soraia estava bem, afinal estava chegando agora na instituição, tinha medo e receio de solicitar um espaço de trabalho mais reservado para ela realizar os atendimentos. Então, na recepção Soraia ficou por cerca de três meses, até que um dia a agente fiscal do CRESS foi até lá fazer uma visita de orientação e fiscalização. A agente fiscal, ao chegar ao local, surpreendeu-se com uma assistente social que trabalhava na recepção, sem possuir espaços privativos para garantia do sigilo. A diretora e a assistente social foram orientadas a partir da Resolução do CFESS 493/2006. 
Finalizando 
Nesta aula tratamos das principais resoluções do Conselho Federal de Serviço Social que tratam sobre as questões éticas e técnicas do trabalho profissional. É fundamental que você, estudante, leia e conheça as normativas, pois têm o compromisso e responsabilidade de empregá-las em qualquer espaço de trabalho que requer um assistente social. O não cumprimento está sujeito a implicações éticas. Além disso, as indicações das resoluções buscam assegurar a qualidade no atendimento às demandas sociais dos usuários. 
Referências 
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Legislação e Resoluções sobre o Trabalho do/a Assistente Social. Brasília: CFESS, 2011. 
______. (Org.). Atribuições privativas do/a assistente social em questão. Brasília: CFESS, 2012b. Disponível em: < http://www.cfess.org.br/arquivos/atribuicoes2012-completo. pdf >. Acesso em: 5 jan. 2017. 
______. Parâmetros para atuação de assistentes sociais na política de saúde. Brasília: CFESS, 2010. Disponível em: < http://www.cfess.org.br/arquivos/Parametros_para_a_Atuacao_de_Assistentes_Sociais_na_Saude.pdf >. Acesso em: 5 jan. 2017. 
______. Parâmetros para atuação de assistentes sociais na política de assistência social. Brasília: CFESS, 2011. Disponível em: < http://www.cfess.org.br/arquivos/Cartilha_CFESS_Final_Grafica.pdf >. Acesso em: 5 jan. 2017.

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