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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A MULHER E A CONQUISTA DE UM ESPAÇO: TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO DA MULHER E O MERCADO DE TRABALHO LEIDIANE LEANDRO GOMES Orientador Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro Agosto 2009 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A MULHER E A CONQUISTA DE UM ESPAÇO: TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO DA MULHER E O MERCADO DE TRABALHO Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Pedagogia Empresarial Por Leidiane Leandro Gomes 3 AGRADECIMENTOS A Deus que me proporcionou mais esta oportunidade. A todos que acreditaram no meu trabalho, investiram e incentivaram com uma palavra amiga e um ombro para escutar as minhas preocupações. Ao meu pai Manoel e as mulheres da minha vida, minha mãe Geralda e minha irmã Lissandra. Ao meu noivo Admilson, pela paciência em me ouvir sempre nos momentos de desespero. A professora Flavia Cavalcanti pela paciência em me receber no horário que não era de orientação e pela sua ótima orientação. Em especial às operárias do Estaleiro Brasfels, pois sem elas este trabalho não existiria. A todos o meu muito obrigado! 4 DEDICATÓRIA A todas as mulheres que como eu confiam na sua capacidade de conquistar mais e novos espaços. 5 RESUMO O sistema de representações construído historicamente criou e recriou esteriótipos para a mulher. Seja ela trabalhadora ou não. Limitando seus espaços de atuação dentro da sociedade, ditando o que deveriam ou não fazer. Porém, percebemos muitas mudanças em relação à entrada destas mulheres no mercado de trabalho, apresentando novas perspectivas para elas. A fábrica é um desses espaços que se abrem às mulheres. Neste trabalho analisaremos a realidade das operárias de uma indústria naval: seu trabalho, seus limites e expectativas em relação a este novo campo. Encarando-o também, como espaço de formação. Trazendo um breve histórico sobre as mulheres e sua relação com a educação e o trabalho. O acesso às informações foi feito através de pesquisa bibliográfica sobre o tema e entrevistas com as operárias da área de solda, elétrica e instrumentação. Percebemos que a entrada da mulher neste mercado aponta para o desenvolvimento desta em relação à educação e a profissionalização. No entanto marcadas pela dupla jornada de trabalho ligada aos filhos e ao marido, quando é o caso, e ao preconceito tão presente neste processo. 6 METODOLOGIA Este trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica, dos quais foram confeccionados resumos para melhor compreensão do tema. Das leituras que foram feitas para fundamentação, utilize-me de: Soihet – 2001, de Santos – 1996, Rago – 1985, Louro – 2001, Aranha – 1996 e Carneiro – 1994. Foi realizada também uma pesquisa de campo, aonde foi realizada uma visita ao estaleiro Brasfels – mais especificamente no centro de treinamento e Escola técnica e entrevista as alunas. Esta entrevista foi de suma importância, pois mostrou como esta sendo o trabalho realizado por esta indústria naval. Através desta pesquisa bibliográfica e a entrevista foi possível à confecção deste trabalho. 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 8 2. CAPITULO I - Panorama Histórico Sobre as Mulheres: A Construção da Condição Feminina 11 3. CAPÍTULO II - Mulher E Educação: Expansão das Oportunidades ao Longo do Século XX 20 4. CAPÍTULO III - Condições de Trabalho: Expectativas e a Realidade da Mulher Operária 30 5. CONCLUSÃO 37 6. ANEXO 40 7. BIBLIOGRAFIA 42 8. ÍNDICE 43 8 INTRODUÇÃO Nossa sociedade vem passando por grandes mudanças, ocorridas principalmente nas últimas décadas. Uma nova forma de olhar o mundo, a diversidade e as transformações tão presentes no cotidiano de todos nós. Cada vez mais os espaços são ampliados. Avanços e oportunidades vão surgindo principalmente no mundo do trabalho. Ouvimos falar em globalização, novas tecnologias, industrialização, mas também em desemprego e pobreza. Todos esses processos introduzem mudanças nas relações de trabalho construídas até hoje. Novas regras são elaboradas. E neste espaço de construção de relações, que é o mercado de trabalho, estão as relações de compra e venda de mão - de - obra, empregado e empregador, dominantes e dominados. E também estão inseridas as relações de gênero, que vêm abrindo outros campos para as mulheres que vêm ocupando diferentes espaços no mercado de trabalho. É importante ressaltarmos que a inserção da mulher no mundo do trabalho vem sendo acompanhada, ao longo desses anos, por elevado grau de discriminação, não só no que tange à qualidade das ocupações que têm sido criadas tanto no setor formal como no informal do mercado de trabalho, mas principalmente no que se refere à desigualdade salarial entre homens e mulheres. Este trabalho tem por objetivo compreender como as mulheres passaram, através dos tempos, a ocupar espaços de trabalho anteriormente ocupados apenas por homens, principalmente nas fábricas e analisar a situação da mulher em Angra dos Reis, trazendo experiências de algumas 9 funcionárias do estaleiro Brasfels. Considerando aspectos históricos sobre as mulheres, a educação destinada a elas e o mercado de trabalho. O primeiro capítulo apresenta um breve panorama histórico sobre as mulheres através dos tempos. E como foi a construção dos diferentes estereótipos dados a mulher em diferentes épocas. Onde Soihet, Rago, apresentam suas contribuições sobre o tema. O segundo capítulo aponta aspectos sobre a educação dada ao público feminino, muitas vezes um ensino diferenciado para homens e mulheres e a inserção desta no mercado de trabalho. Percorrendo alguns caminhos traçados pelas mulheres em relação ao trabalho na sociedade capitalista, as causas, limitações e possibilidades crescentes. Trazendo as discussões de Aranha, Carneiro Marx, Engels, Muraro e Santos. O terceiro capítulo apresenta um estudo de caso, a partir da proposta de análise da situação da mulher em Angra dos Reis. Fazendo um relato sobre a experiência das funcionárias, especialmente as metalúrgicas, do estaleiro Brasfels.Este trabalho foi realizado através de pesquisa no Centro de Treinamento – Escola Técnica do Brasfels. Que passou a incorporar de maneira significativa mulheres em seu quadro funcional. Buscando observar as condições de trabalho destas operárias, sua realidade e expectativas. Através de entrevistas com as mulheres que atuam na área de solda, elétrica e instrumentação e coordenação do Centro. Buscando saber onde estão estas mulheres. Reconhecendo os diferentes espaços de FORMA - AÇÃO da mulher e de desenvolvimento de seu trabalho. Estas que cada vez mais demonstram sua capacidade de conciliar os cuidados com a casa e o trabalho fora dela. Que driblam as dificuldades para ingressar neste mercado de trabalho, onde a dupla, ou tripla jornada não as tem intimidado. Há muitas mulheres desempenhando tarefas fisicamente pesadas, sustentando muitos lares, desenvolvendo sua 10 capacidade intelectual e de liderança em diferentes áreas, como a profissional e política. 11 CAPÍTULO I PANORAMA HISTÓRICO SOBRE AS MULHERES: A CONSTRUÇÃO DA CONDIÇÃO FEMININA Para refletir sobre a situação da mulher em nossa sociedade é necessário pensar o modelo econômico, político e social em que estamos inseridos. Buscando aprofundar as bases que sustentam as relações de dominação, reorganizando as estruturas econômicas e sociais, constituindo valores ideológicos e políticos. Através dos tempos conhecemos uma história sobre a humanidade centrada na figura masculina. Durante muito tempo impondo modelos para o comportamento feminino, que deveria ser de submissão e obediência. “A filosofia afirmava nas mulheres a inferioridade da razão como um fato incontestável, cabendo-lhes apenas, cultiva-la na medida necessária ao cumprimento de seus deveres naturais: obedecer ao marido ser – lhe fiel e cuidar dos filhos”. (Soihet, 2001, p100). Tendo, a mulher, sua vida controlada por estes, pai ou marido, que direcionavam suas atividades, vestimentas e até mesmo sua fala que muitas vezes foi silenciada por julgarem que as mulheres eram inferiores. A origem da submissão feminina por muitas vezes foi explicada de forma biológica, como que por natureza a mulher teria o corpo mais fraco do que o do homem. “A medicina conferia a essas idéias, durante o século XIX, respaldo científico assegurando constituírem características femininas as razões biológicas a fragilidade, o recato, o predomínio das faculdades afetivas sobre as intelectuais, a subordinação e a vocação maternal”. (idem). Em oposição ao homem que apresentava como características a força física, a autoridade e a racionalidade como características natas. 12 Enquanto o índio guerreava, caçava e pescava, a índia plantava a mandioca e preparava a bebida ritual. Enquanto o negro trabalhava na mineração, a negra vendia comestíveis e aguardente em seus tabuleiros. Enquanto o médico cuidava dos enfermos as parteiras ajudavam as mulheres a terem seus filhos. Havia plebéias pobres que trabalhavam na roça plantando milho e feijão, fiavam e teciam o algodão que costuravam. (Silva, 2000)1. Mesmo que primitivamente homens e mulheres desempenhavam funções relativamente de igual valor, complementando um a atividade do outro. A causa da situação de inferioridade vivida pelas mulheres foi discutida durante muitos anos, porém não é somente o fator biológico que vai explicar esse tratamento de forma diferenciada dado a mulher, que desempenhava e desempenha atividades tão importantes quanto as dos homens. Os diferentes papéis dados a homens e mulheres dentro da sociedade passam também por variações sociais e culturais aceitas ao longo dos anos, que determinaram o que aconteceria com homens e mulheres. 1.1 As relações familiares A família era estruturada num regime patriarcal, onde o homem era o provedor de todas as necessidades. A mulher, filhas e filhos deviam inteira obediência ao marido e ao pai, encarregado de manter a família dentro dos 1 *Fragmento do texto de Maria Beatriz Nizza da Silva, historiadora e coordenadora do dicionário da colonização portuguesa no Brasil, publicado no jornal o público de 08/03/2000. 13 padrões sociais. A ele competia julgar o certo, o errado e o futuro de seus filhos, sempre levando em conta a necessidade da família e não a do indivíduo. Às filhas eram destinados os mesmos caminhos das mães, quando não, restava-lhes a vida religiosa. Todos os passos eram dados de forma a preservar e, se possível, aumentar o patrimônio material e moral da família através da união das famílias por meio do casamento de seus filhos. Mantendo o equilíbrio social do padrão de vida levado pelas famílias. Desde a infância as meninas começavam a ser treinadas para o casamento, eram conduzidas pelo contexto social a adquirirem comportamentos, valores e procedimentos de forma a corresponderem aos papéis sociais construídos historicamente e incorporados ao longo de suas vidas. Deveriam saber cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos, ter sensibilidade e delicadeza. “A mulher cabia, agora, atentar para os mínimos detalhes da vida cotidiana de cada um dos membros da família, vigiar seus horários, estar a par de todos os pequenos fatos do dia-a-dia prevenir as emergências e qualquer sinal de doença ou desvio”. (Rago, 1985, p62). De forma a manter o equilíbrio dentro do espaço familiar. A ela estava reservado o espaço da casa. No discurso médico, a mulher poderia ser conduzida por dois caminhos até a vida doméstica: o instinto natural e o sentimento de responsabilidade na sociedade. “Enquanto ao homem fica designado a esfera pública, para ela o espaço privilegiado para a realização de seus talentos, a esfera privada do lar”. (Rago, 1985, p75) encarnando a esposa, mãe e dona de casa longe da vida pública. Porém várias modificações ocorreram, principalmente, na estrutura familiar com as crescentes exigências, da urbanização e o desenvolvimento comercial e industrial ocorridas nos principais centros. A presença feminina se faz necessária no espaço público, nos acontecimentos sociais e sua 14 participação ativa no mundo do trabalho. Às mulheres ricas a exigência de uma boa educação, preocupações estéticas, com a moda, um bom preparo para o casamento. Às mulheres pobres a utilização de sua força de trabalho nas indústrias, escritórios, lojas e outros serviços como alternativas possíveis e necessárias. A invasão do cenário urbano pelas mulheres, no entanto, não traduz um abrandamento das exigências morais. Ao contrário, quanto mais ela escapa da esfera privada da vida doméstica tanto mais a sociedade burguesa do século XIX lança sobre seus ombros o anátema do pecado, do sentimento de culpa diante do abandono do lar. (Rago, 1985, p.63). Somente a partir da guerra de 1914 a 1918 começam a desaparecer muitas das limitações impostas as mulheres, quando estas são chamadas a desempenhar quase todos os ofícios que antes eram exercidos unicamente por homens, que agora haviam sido enviados aos campos de batalha. Ao término da II guerra mundial as mulheres já estavam inseridas no universo masculino. Por muitos anos a mulher foi inteiramente submissa não só por ser “fraca” fisicamente, mas principalmente por não participar diretamente da produção dos bens. Transformações sociais e econômicas que aconteceram no mundo, e em especial no Brasil, trouxeram para a mulhera oportunidade de executar atividades lucrativas, antes destinadas somente aos homens. 15 1.2 Um pouco da história das mulheres brasileiras A história da colonização do Brasil é centrada em feitos históricos liderados por homens desbravadores e empreendedores e onde estavam nossas mulheres? Índias, negras e brancas? A ocupação do país na época da colônia se fez de maneira que as mulheres ficassem em segundo plano nessa história. Sob a organização do sistema colonial a vida feminina estava restrita ao bom desempenho do trabalho doméstico e na assistência a família. E ao homem a manutenção da mulher e dos filhos, como vimos anteriormente. Na sociedade colonial, mulheres eram vítimas, pertencentes a todas as raças. Vítimas da violência e assédio de falsos pretendentes, senhores de engenho e fazendeiros. Elas eram raptadas da casa de seus pais, outras eram órfãs obrigadas a se casarem com bárbaros desconhecidos. Maridos que matavam suas esposas e maltratavam-nas, castigando-as sem piedade com um tratamento como se fossem animais, por uma suspeita de infidelidade. Eram trancadas em conventos a pedido de seus maridos apoiados pelas autoridades civis e religiosas, respaldados pela legislação da época. Mas também surgem as transgressoras, julgadas como especialistas em rituais, procuradas pela população para fazer curas e benzeduras. E outras que cuidavam de seus interesses e suas propriedades. Em sua maioria analfabetas, mas que ajudaram a escrever a história do Brasil. A igreja, instituição mantenedora do projeto de difusão da importância do matrimônio impôs as normas de conduta e que estabeleciam as divisões e incumbências no casamento dentro do sistema patriarcal vivido no país, apresentando o casamento como sinônimo de segurança e proteção para a fragilidade feminina, aproximando-a dos padrões estabelecidos socialmente. Neste período nos referimos a uma mulher ligada a vida doméstica. 16 A educação religiosa ministrada na época não incluía as mulheres, mas pregava a obediência ao pai, ao marido e a religião como preceitos a serem seguidos. A elas não era permitido ler e escrever. Nas escolas administradas pela igreja só eram ensinadas técnicas manuais e domésticas. Esta situação era imposta de forma a manter a dominação, desprovendo-as de conhecimento que permitisse pensar em igualdade de direitos. Assim viviam sem contato com o mundo exterior, dedicando sua vida ao lar e a igreja. A chegada da família real ao Brasil proporcionou a abertura de algumas escolas religiosas onde as mulheres podiam estudar restritas novamente ao conhecimento dos trabalhos manuais e domésticos, acrescentando o ensino de português de Portugal a nível primário. Com a constituição de 1824 surgiram escolas destinadas à educação da mulher, acrescentando às atividades manuais, os cânticos e o ensino brasileiro. O Brasil colônia seguia as leis portuguesas mesmo após ter se tornado independente. Durante muitos anos foram criadas leis que controlavam a conduta feminina, suas ações e obrigações diante da figura do marido. A primeira forma de legislação brasileira foram as ordenações Filipinas que vigoraram no Brasil até o ano de 1917. De acordo com as ordenações, o marido tinha o direito de aplicar castigos físicos a sua companheira, chegando a tirar-lhe a vida se desconfiasse de adultério. A mulher não era permitida testemunhar em público e o pátrio poder era exclusividade do marido. Com a implantação do regime republicano o decreto nº 181 de 24 de janeiro de 1890 manteve o domínio patriarcal, mas retirou do marido o direito de impor castigos à mulher e aos filhos. Pelo código civil de 1916, a mulher casada era considerada relativamente incapaz. Não poderia sem autorização do marido aceitar ou repudiar heranças. Continuava em extrema desigualdade, não podendo realizar nenhuma atividade sem o conhecimento prévio. Também não poderia exercer uma profissão. 17 1.3 Mexe e remexe: o movimento de mulheres nos Brasil Os movimentos de mulheres vêm resistindo e lutando, considerando a necessidade de ampliar a ação das mulheres no sentido de diminuir as desigualdades. Com discussões sobre a dominação patriarcal dada a sustentação da subordinação feminina e ainda sobre a ocupação do espaço, divisão social do trabalho, responsabilidade no cuidado com os filhos, trabalho doméstico, mercado de trabalho, participação política, relação de poder, saúde e educação. Buscando desconstruir, ao longo do tempo, a sociedade patriarcal existente que manteve as desigualdades sociais e construir uma sociedade mais igualitária “(...) onde nós mulheres sejamos diferentes sim, mas com todos os direitos”. (Santos, 1996, p36). Iniciado no século XIX, o movimento de mulheres e feministas começa a apontar para a participação da mulher em diferentes esferas da sociedade. Com pequenos grupos de feministas em São Paulo até as grandes conferências organizadas atualmente. Trazendo as mais diferentes discussões sobre a situação da mulher no Brasil. Neste século destaque para os movimentos abolicionistas e para mulheres como Nízia Floresta, Violante Bivar e outras que participaram de toda essa movimentação dentro da sociedade brasileira. E ainda temos a criação do partido comunista e o movimento operário. Algumas datas marcaram o movimento de mulheres no Brasil. Em 1922 Berta Lutz, cria a federação brasileira pelo progresso feminino, primeiro passo para a conquista do voto feminino. Getúlio Vargas em 1932 promulga o novo código eleitoral permitindo a mulher o exercício do voto. Nas décadas de 40 e 50 com o pós-guerra as mulheres se mobilizam em defesa do monopólio estatal do petróleo. Os movimentos ganham força, mas perdem seus conteúdos feministas, voltando-se a questões sociais nacionais mais amplas. Já a partir das décadas de 60 e 70 o conteúdo 18 feminista dos movimentos ganha força e novas produções teóricas são elaboradas, com Simone Beauvoir e Betty Friedman. Em 1962 o estatuto da mulher casada faz surgir o primeiro marco de liberação da mulher no Brasil que aboliu a incapacidade feminina, revogando diversas normas discriminadoras. Permitiu a mulher o livre exercício de uma profissão, permitindo que se integrasse livremente ao mercado de trabalho tornando-se economicamente produtiva, aumentando a importância da mulher nas relações de poder no interior da família. No ano de 1975 é proclamado, pela ONU, o ano internacional da mulher. No Brasil, que vive o período da ditadura militar, é formado no Rio de Janeiro o centro da mulher brasileira - CMB. Em 1977, introduziu-se a lei do divórcio dando aos cônjuges a oportunidade de por fim ao casamento e constituir nova família. Nos anos 80 é criada em São Paulo a primeira delegacia especializada no atendimento de mulheres. No ano de 1982 é elaborada uma plataforma feminista apresentada aos candidatos as eleições deste ano, chamada de alerta feminista. Em 1985 foi aprovada pela câmara federal a criação do CNDM (Conselho Nacional dos Direitos da Mulher), que contribuiu para a campanha constituinte do ano de 1988, com a elaboração da carta das mulheres aos constituintes, chamada de lobby do batom, reivindicando a garantia dos direitos da mulher. Durante os anos 90 abrem-se as discussões para possibilitar a melhor participação da mulher na vida pública, a implantação de uma política de cotas contribuindo para a inserção feminina nesta esfera política. Em 1994 movimentos e articulação das mulheres brasileiras prepara o documento para a IV conferência mundial sobrea mulher que aconteceu na China em 1995. Conferência esta que aprovou o documento que visava a implantação da plataforma de ação para a igualdade e a paz. O que influenciou no Brasil na política de cota de 20% de mulheres nas chapas das candidaturas que viessem a acontecer a partir de então. 19 Surgi também em 1990 o estatuto da criança e do adolescente que consagrou o princípio constitucional da igualdade de condições entre pai e mãe no dever de sustento, guarda e educação dos filhos. Hoje a mulher casada tem os mesmos direitos que o marido. Toda essa repressão despertou, progressivamente, um desejo de liberdade, de realização pessoal e profissional. E essa revolta enrustida, e esse anseio por liberdade trouxeram grandes modificações. As mulheres passaram a lutar por vários tipos de liberdade, como moral, intelectual, social e até mesmo física. A mulher passou a exigir espaços e direitos e passou a escolher como seria a sua vida. Enxergamos a criatividade e a inteligência de mulheres que construíram a sua história, que lutaram por um espaço onde a masculinidade era superior. A ampliação desses espaços traz a necessidade de um conhecimento maior, um maior grau de instrução. Neste contexto cabe analisar como se processou o ensino destinado as mulheres. E como esta formação vai influenciar na ocupação dos diferentes espaços alcançados pelas mulheres. 20 CAPÍTULO 2 MULHER E EDUCAÇÃO: EXPANSÃO DAS OPORTUNIDADES AO LONGO DO SÉCULO XX A escola é um espaço privilegiado para a aquisição de conhecimentos e mais ainda, para a propagação de valores, culturas e ideologias, pois está repleta de diversidades que proporcionam a convivência com diferentes sujeitos do conhecimento. Muitas vezes estes valores reforçam conceitos e ações que desprezam determinados segmentos da sociedade. Encontrando reforço em vários outros aspectos do cotidiano. Segundo Aranha (1996, p93) a reprodução dos estereótipos se dá nos meios de comunicação de massa (novela, comerciais, filmes, revistas etc.). O mesmo acontece em relação à religião, à escola, à profissão, às leis e a literatura, quando difundem velhas formas preconceituosas. Com o avanço dos movimentos sociais, entre eles o movimento de mulheres, abre-se à possibilidade de transformação e questionamento das relações entre homens e mulheres, carregadas de pensamentos e práticas de dominação. O conceito de gênero se refere a um sistema de papéis e relações entre homens e mulheres determinado pelo contexto social, cultural, político e econômico*2. Se estivermos, num espaço com várias mulheres e apenas um homem, falamos no masculino, mesmo que seja apenas um. Isso significa que a palavra homem, além de se referir especificamente à pessoa do sexo 2 Essa é a definição apresentada pela revista/manual gênero e cidadania da redeh - rede de desenvolvimento humano. 21 masculino, engloba também todos os seres humanos. A palavra mulher se refere apenas à pessoa do sexo feminino. O sexo biológico é determinado pela natureza, o gênero é construído. Mulheres e homens possuem diferenças biológicas que são utilizadas culturalmente para explicar a idéia de sexo frágil mulher e sexo forte homem, limitando a autonomia e o acesso da mulher às decisões do poder. A construção dos papéis e das relações de gênero é um processo que possibilita diferentes oportunidades para homens e mulheres. As inúmeras diferenças culturais, a tradição construída ao longo do tempo foram formando um certo padrão de relação entre os gêneros. O papel do homem é o lugar do poder, da decisão, do dinheiro e da iniciativa e a mulher o papel associado à casa e ao cuidado da família. O papel social que a mulher deve desempenhar vai depender de cada momento e de cada modelo que a sociedade impor, com adaptações de acordo com as exigências. Muitas vezes isso não acontece e a mulher continua subordinada ao homem. As características para as mulheres são: sensível, delicada, amorosa, intuitiva, todas voltadas para o instinto materno e inferioridade. Sensível e amorosa, passível e presa fácil às emoções, enquanto o homem é agressivo e empreendedor. Instinto materno – confinar a mulher no mundo doméstico, e o homem se volta para rua, para o público. Mesmo antes de nascer às crianças são padronizadas pelos adultos, pois se for homem vai ser um profissional bem sucedido e se for mulher, vai ser muito bonita e afetuosa, quando dividimos as cores rosa para menina e azul para o menino, quando diziam que meninos não podem brincar de bonecas e meninas não podem subir em árvores. Quando ocorre o contrário, os pais ficam muito apreensivos e logo procuram meios para adequá-los aos padrões. Não podemos fugir a esses padrões que a sociedade impõe, pois logo serão discriminados. 22 Os registros históricos trazem a figura feminina como objeto do prazer, propriedade, adoração e bruxaria. Porém, no dia-a-dia, tanto as mulheres como a própria sociedade, vêm tomando consciência do papel da mulher dentro desta mesma sociedade para além dos discursos já existentes. Vivemos uma relação de gênero que informa a perspectiva cultural que envolve significado enraizado. Onde baseam-se os comportamentos masculinos e femininos. Hoje sabemos dos limites da escola neste processo de mudança como agente que influencia no comportamento social, mas não significa nega-la como espaço onde pode ser exercida uma reflexão, uma ação de mudança, de postura revisando valores e avançando na formação de uma sociedade igualitária. Com ”uma educação não sexista que há de reconhecer as pessoas na sua diversidade, não separar tarefas e funções e cuidar da formação plena e integral do ser humano”. (Aranha, 1996, p97). Através do desenvolvimento da capacidade crítica, a reflexão e o amadurecimento pessoal e social. Engajada nesse processo social de libertação e promoção da mulher desenvolvendo o potencial humano, impedindo que a parcela feminina da humanidade cresça “mutilada” por não ser vista como atuante no processo de construção do conhecimento através dos tempos, se libertando de qualquer tipo de ignorância, discriminação e preconceito. A mulher por muitos anos teve uma educação diferenciada da educação dada aos homens. Era educada para servir, o homem era educado para assumir a posição de senhor todo poderoso. Quando solteira vivia sobre a dominação do pai ou do irmão mais velho. Ao casar-se, o pai transmitia todos os seus direitos ao marido, submetendo a mulher à autoridade deste. No Brasil - colônia a igreja deu início a educação, no entanto, a instrução ministrada pela igreja não incluía as mulheres. Ela era como um objeto a ser moldado da maneira que fosse conveniente. Ainda era vedada a mulher freqüentar escolas masculinas. A proibição do acesso ao conhecimento às mulheres tinha como motivos o convívio entre homens e mulheres porque segundo a igreja poderia causar relacionamentos 23 espúrios. Outro motivo era que o ensino destinado aos homens era de nível mais elevado, não podendo as mulheres acompanhar e freqüentar as mesmas escolas. Somente no século XX foi permitido que as mulheres e homens estudassem juntos. A primeira escola profissionalizante foi o curso normal. E o mais interessante é que as mulheres não tinham acesso, só depois de alguns anos as mulheres passaram a ter acesso. As mulheres só começaram a entrar na faculdade em 1881, quando foi aceita a primeira mulher. Mas eram poucas as que conseguiam entrar e menosainda as que conseguiam concluir, pois para se dedicar aos estudos é necessário tempo, sendo que os padrões que a sociedade colocava para a época eram que a mulher deveria se dedicar totalmente ao casamento. Com a proclamação da independência era necessário colocar em prática o discurso da necessidade de crescimento do país, afastando da imagem de colônia, atrasado e inculto. A educação fazia-se necessária neste contexto de modernização, abrindo o combate contra a condição de submissão em que viviam as mulheres no Brasil reivindicando sua liberação tendo a educação como instrumento para isto. Com a criação das escolas de primeiras letras em 1827 as meninas puderam ter acesso ao nível básico de instrução da época, o único a que teriam acesso. Havia maior número de escolas para meninos do que para meninas, escolas e ordens religiosas femininas e masculinas e escolas leigas. Professores para os meninos e professoras para as meninas, pessoas de moral impecável. O conhecimento escolar era diferenciado, para os meninos noções de geometria e para as meninas bordado e costura, em comum aprendiam a ler, escrever, contar e realizar as quatro operações matemáticas. O trabalho doméstico era mais importante do que a educação formal dada nas escolas para as meninas. Muitas eram as concepções e formas de educação para as mulheres, atravessadas por divisões, diferenças e relações de hierarquia. O domínio da casa era o destino para que as moças eram 24 preparadas. Sua circulação nos espaços públicos só deveria acontecer em ocasiões especiais, em sua maioria ligadas a atividades religiosas, representadas como forma de lazer. O discurso que vinha ganhando força em muitos grupos era que as mulheres deveriam ser mais educadas do que instruídas, dando enfatizando a formação moral e de caráter como suficientes. Pois para que tanta instrução, tantas informações e conhecimento se o seu papel como esposa e mãe exigiria acima de tudo bons princípios. Portanto a educação da mulher seria feita para além dela, sem levar em consideração seus anseios ou necessidades, mas sim a função social a ela atribuída como educadora dos filhos, formadora dos futuros cidadãos para a concepção republicana da época. Os jornais libertários traziam artigos que apontavam a instrução como arma para a libertação da mulher. As iniciativas anarquistas davam grande atenção as questões relacionadas à educação da mulher. Mesmo com maiores reivindicações pela educação feminina representando um grande ganho para as mulheres, sua educação ainda continuava sendo justificada pelo seu papel de mãe. A primeira lei de instrução pública do Brasil datada de 1827 trazia o seguinte texto: As mulheres carecem tanto mais de instrução, porquanto são elas que dão a primeira educação aos seus filhos. São elas que fazem os homens bons e maus, são as origens das grandes desordens, como dos grandes bens; os homens moldam a sua conduta aos sentimentos delas. As últimas décadas do século XIX já começam a apontar para a necessidade da educação para a mulher ligada a necessidade de modernização da sociedade, a higienização da família e a construção da cidadania dos jovens. 25 A educação feminina não poderia ser concebida sem uma forte formação cristã. Permanecendo uma grande influência do catolicismo, com grande moral religiosa, que mostrava para as mulheres a dicotomia entre Eva e Maria. Dois modelos diferentes de mulher e a espera de que a vida das mulheres fosse construída seguindo a imagem de pureza de Maria, símbolo que apelava para a missão de ser mãe, o ideal de recato e pudor, a aceitação e o sacrifício, à ação educadora dos filhos e filhas. Ao percorrer algumas décadas da história das mulheres na sala de aula, lidou-se com representações, doutrinas e práticas sociais que instituíram homens e mulheres na sociedade em geral. Observou-se que em alguns momentos discursos religiosos, científicos, jurídicos e pedagógicos acabaram por produzir efeitos semelhantes. A criação de modelos e pensamentos sobre os diferentes tipos humanos. Se as instituições sociais, entre elas a escola, produziam e reproduziam tais discursos, é importante destacar que os sujeitos concretos “não cumprem sempre, nem cumprem literalmente os termos das prescrições de sua sociedade. Homens e mulheres constroem formas próprias e diversas de suas identidades, muitas vezes em discordância as proposições sociais de seu tempo”. (Louro 2001, p478). O que ficam são as representações criadas em cada época. Entendendo que a identidade feminina (...). (...) é um projeto em construção que passa, de um lado, pela desmontagem destes modelos de rainha do lar, do destino inexorável da maternidade e da restrição ao espaço doméstico e familiar e o resgate da potencialidade, abafado ao longo de séculos de domínio da ideologia machista e patriarcal. (Carneiro, 1994, p188). 26 Faz-se necessária a construção de uma nova consciência sobre a condição feminina. Buscando o acesso a diferentes postos de trabalho, de igualdade salarial e educacional entre homens e mulheres. Através de uma educação que não reproduza esteriótipos que direcionam atividades para meninas e atividades para meninos. Que tragam instrumentos pedagógicos que proponham o mesmo tratamento para mulheres e homens. 2.1 A inserção mulher no mercado de trabalho. O mundo do trabalho nem sempre foi um território masculino. Desde que o homem conseguiu ficar de pé e construir suas primeiras ferramentas, inaugurou assim o mundo do trabalho; e a mulher estava lá. Ela cuidou da casa e das roças, enquanto ele caçava e guerreava. Quando a produção era coletiva, destinada a suprir as necessidades básicas da comunidade, mulheres e homens partilhavam o trabalho. Quando a revolução industrial substituiu a energia humana pela máquina, a mulher estava também nas primeiras fábricas. Foi então que surge o capitalismo, transformando tudo em artigo de compra e venda, em mercadoria, inclusive a mão-de-obra. E mais uma vez lá estava a mulher disputando espaço no mundo do trabalho. A Revolução industrial e os movimentos políticos e sociais fizeram com que a mulher passasse a ocupar um lugar relativamente independente dentro da sociedade econômica e social. A consciência de sua posição e capacidades tem feito com que a mulher lute para conseguir uma atuação mais direta e assuma o lugar que lhe compete no contexto social. Na segunda metade do século XX, a força de trabalho feminina expandiu-se de forma expressiva em várias regiões do mundo. 27 A importância das mulheres no processo produtivo não é um fato novo. No Brasil, por exemplo, sua presença foi marcante nos primórdios da industrialização, especialmente ligada à indústria têxtil no século XIX. O que há a destacar no período recente é a intensidade e a diversificação do processo de entrada das mulheres no mercado de trabalho3. As taxas de participação feminina se expandem num processo contínuo, sem alteração diante das diferentes conjunturas econômicas. Diferentes fatores estão por trás desse fenômeno: o desejo de desenvolver uma carreira; a necessidade econômica seja em decorrência da decadência dos rendimentos reais do trabalho, seja para fazer frente aos novos anseios de consumo, a alteração no padrão de consumo com a presença de novos produtos, expandindo o consumo familiar, conduziu as mulheres a trabalhar fora de casa para aumentar a receita doméstica e, principalmente, as elevadas taxas de desenvolvimento econômico que, no caso latino-americano,marcaram especialmente as três décadas subseqüentes ao pós-guerra, trazendo uma expansão do emprego assalariado regulamentado e que incorporava novos contingentes de trabalhadores, inclusive as mulheres. O período que vai do pós-guerra até o final dos anos 60 foi marcado pelo aumento da produtividade do trabalho e da atividade econômica. Nos anos 80 e 90, no entanto, esse quadro muda: a estagnação das economias, acompanhada de altas taxas de inflação, inaugura um período de desaceleração no ritmo de geração de empregos, especialmente a geração de empregos assalariados regulamentados. De um período de inclusão de novos segmentos de trabalhadores no mercado de trabalho urbano, passa-se a um 3 O mundo do trabalho envolve toda atividade realizada com esforço humano, para alcançar os diferentes objetivos e é nesta esfera que acontecem e são definidos os papéis de homens e mulheres. Já o mercado de trabalho é onde as pessoas vão buscar oportunidades de emprego, oferecendo sua capacidade de trabalhar, sua força de trabalho, logo este está incluído no mundo do trabalho. 28 processo de exclusão via desemprego e oferta de ocupações fora dos padrões de proteção legal vigente, sem carteira assinada, trabalho por conta própria. Mesmo nesse novo contexto, mais adverso, a participação das mulheres no mundo produtivo não diminuiu. Conduzido por mudanças no padrão cultural, ou simplesmente pela necessidade de obtenção de renda, o ingresso das mulheres no mercado de trabalho toma a forma de um processo definitivo. No Brasil, o ingresso acentuado de mulheres no mercado de trabalho permaneceu nos anos 90, apesar da conjuntura de crise vivida pela economia brasileira e seus reflexos no mercado de trabalho. A taxa de participação feminina cresceu ao longo da década chegando a 48,95% em 1999, conforme dados da PNAD-IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio). Esse processo de mudança do padrão de inserção feminina no mundo produtivo foi acompanhado de êxito, se considerada a atenção dada à condição das mulheres e o enorme conjunto de direitos que passaram a vigorar, pelo menos na lei. Exemplo disso é a constituição de 88 que incorporou uma pauta de direitos, reivindicada e discutida por um conjunto de mulheres brasileiras. Num movimento de busca de eqüidade entre homens e mulheres. Foram questionados estereótipos e conceitos, reivindicaram-se novos espaços e direitos. Num período de poucas décadas, as mulheres ultrapassaram os limites do mundo privado, em busca do direito ao trabalho remunerado e à cidadania. De fato, a inserção dos indivíduos no mercado de trabalho reproduz as desigualdades decorrentes da valoração socialmente atribuída a características ou atributos pessoais naturais - sexo, idade, cor, etnia, ou adquiridos, como é o caso da escolaridade. Mantendo e recriando desigualdades entre trabalhadores e trabalhadoras. Com formação qualificada e polivalência para os homens e formas de empregos atípicos para as mulheres. 29 A feminização e masculinização das tarefas e ocupações estão legitimadas nos esteriótipos de ser homem ou ser mulher, configurações sociais e culturalmente construída das identidades feminina e masculina. Na sociedade industrial, a base dessas configurações está na separação do público, esfera da produção social, da direção da sociedade de atribuições masculinas e do privado, o mundo doméstico, esfera feminina, da produção de valores de uso para o consumo da família. Utilizando o conceito de gênero como processo histórico de construção e interdependente das relações sociais de sexo, a existência de trabalho de homens e trabalho de mulheres, nada mais é do que uma das formas de expressão da assimetria nas relações sociais entre os sexos, onde se definem a submissão das mulheres aos homens. Assim a valorização diferenciada entre a mão - de - obra masculina e a feminina não levando em consideração os aspectos biológicos de capacidade e atributos naturais, ou então, atributos adquiridos que justifiquem diferença de tratamento. Continua, portanto, a se observar a concentração da mão-de-obra feminina em um conjunto mais restrito de atividades, fortemente feminizadas, às quais corresponde uma imagem de tarefas de menor qualificação e às quais são atribuídas remunerações menores. 30 CAPÍTULO 3 CONDIÇÕES DE TRABALHO: EXPECTATIVAS E A REALIDADE DA MULHER OPERÁRIA A luta pela sobrevivência e o desenvolvimento do capitalismo conduziu a participação direta da mulher na produção social através da indústria que acelerou o processo de ascensão social e independência econômica das operárias, criando novas condições de existência. A necessidade da entrada da mulher no mercado de trabalho, conseqüentemente sua contribuição econômica e a possibilidade de desenvolvimento cultural selaram a independência da mulher diante do quadro que se apresentava. As mulheres conquistaram muitos espaços e muitos direitos. Vemos mulheres bem sucedidas trabalhando fora e chefiando famílias, mulheres de liderança política, de opinião formada buscando igualdade de condições. O trabalho da mulher, fora de casa, sendo estimulado pela demanda do mercado e pelo crescimento de sua competência profissional, que decorre em grande parte da melhoria de condições educacionais, maior possibilidade de estudo e diversidade de cursos em diferentes áreas de conhecimento que abrem suas portas ao público feminino. As mulheres cada vez mais demonstram sua capacidade de conciliar os cuidados da casa com o serviço externo. As dificuldades para ingressar no mercado de trabalho não têm intimidado as mulheres (dupla jornada, subemprego). Há mulheres desempenhando tarefas fisicamente pesadas. E garantindo o sustento de muitos lares. O desempenho escolar das mulheres tem se revelado mais alto que dos homens. A capacidade intelectual e de liderança das mulheres, em atividades profissionais ou políticas, já estão mais do que comprovadas. 31 Considerando o mundo do trabalho, levando em conta os diferentes tipos de trabalho realizado, Santos ressalta que grande parte do trabalho realizado por mulheres não é contabilizado, como por exemplo, o trabalho doméstico e o trabalho informal. Destaca o processo de feminização de algumas profissões, o que ela julga uma desvalorização do trabalho feminino. Neste ponto acredito que não seja uma desvalorização do trabalho em si, mas um processo histórico que levou a este fato. Embora a equiparação entre salários de homens e mulheres de um mesmo nível educacional ainda seja lenta, vemos traços para que essa situação seja mudada. Isso vem sendo acelerado pela entrada de mulheres em profissões que anteriormente eram exclusivamente masculinas. Mesmos após décadas de luta pelos direitos da mulher, ainda ouvimos falar em mulheres que sofrem diferentes tipos de violência e nada fazem contra seus agressores. Muitos fatos mostram que se processa uma mudança e grande evolução no papel feminino principalmente no que diz respeito ao mercado de trabalho. A sociedade deve reconhecer que o mundo é ocupado por dois sexos e não apenas por um. Antes o homem era o único protagonista, a mulher estava confinada, onde o perfil dela não aparecesse hoje à mulher conquista seu espaço na sociedade. Com o desenvolvimento das indústrias e o avanço educacional, a participação das mulheres nas indústrias aumentou. Mais ao mesmo tempo as mulheres passaram a fazer uma dupla jornada de trabalho, pois continuaramfazendo os afazeres domésticos e cuidando dos filhos. No ano de 2001 o estaleiro Brasfels é aberto com uma perspectiva de retomar a indústria naval em Angra dos Reis. Assumindo as atividades do antigo estaleiro Verolme. Há dois anos ele abre suas portas às mulheres, ainda em caráter experimental, nos curso de solda, elétrica e instrumentista tubista. 32 3.1 O centro de treinamento – escola técnica A experiência de inserção de mulheres no quadro de funcionários, foi uma experiência que deu certo. Tanto que a partir daí já foram formadas novas turmas para os diferentes cursos. O centro de treinamento é a via de acesso das mulheres ao estaleiro, através dos cursos ministrados. Os requisitos para o ingresso nos cursos são o ensino fundamental (1º grau) para o curso de solda e o ensino médio (2º grau) para o curso de elétrica, instrumentação e demais cursos. A primeira turma de mulheres foi formada por indicação, mas devido a grande procura foi necessária a realização de um processo de seleção, com a realização de uma prova obedecendo aos níveis de escolaridade específicos de cada curso. Com provas de português e matemática. Lembrando que os homens também passaram por esse mesmo processo de seleção. Os cursos têm duração média de três meses na escola e depois os alunos e alunas vão para a prática na obra. Em aproximadamente um ano a aluna/aluno é qualificada como profissional da área, dependendo para isto da indicação do encarregado responsável por esta qualificação. Hoje há uma média de 300 mulheres em treinamento, distribuídas nos diferentes cursos. Elas são contratadas como ajudantes da área na qual fazem o curso. Entram às 7 horas e saem às 17:20. Recebem um salário de aproximadamente R$550,00 por mês, alimentação, plano de saúde e transporte. Tendo garantia de todos seus direitos trabalhista. As alunas e alunos promovem festas e encontros, possuem um grupo de teatro formado por 96% de mulheres. Estas atividades fazem parte da preocupação e incentivo da coordenação e estar buscando outras alternativas de aprendizado, através de atividades que visem formar não apenas para o trabalho, para a obra, mas também para a vida. Durante o DDS (discurso diário de segurança) aborda sobre temas ligados a qualidade de vida, família, meio 33 ambiente e principalmente sobre segurança no trabalho. Trazendo pessoas de fora do convívio da escola para ministrarem palestras. A parte de supervisão e coordenação da escola, dentro deste princípio de não formar apenas para o trabalho, acaba fazendo um trabalho de orientação psicológica e social, nos referindo aos problemas pessoais e de comportamento das alunas e alunos. No que se refere ao trabalho, deixam bem claro que não há diferença de tratamento entre homens e mulheres. Porém há uma preocupação da empresa quanto ao tratamento dado às mulheres e também aos homens, visto que a presença das mulheres despertou curiosidade e incomodo. 3.2 As meninas envolvidas Elas vêm de toda parte do município, são mães, esposas, noivas, namoradas. solteiras, casadas. jovens e adultas. Mulheres que deixaram suas casas, seus filhos, maridos e outras profissões em busca de outros espaços. Ex-secretárias, professoras, estudantes, universitárias e muitas outras que deixaram o preconceito de lado e foram em busca de novas oportunidades. A família é um importante ponto de referência na hora das decisões. E muitas vezes ela não concorda com o que é decidido. Por conta até das tradições culturais construídas ao longo da história de cada grupo. Quando crianças nossos pais sonham com o nosso futuro e um pai dificilmente imaginaria a sua garotinha, a sua bonequinha usando capacete, botina e trabalhando em uma oficina de construção de navios. O que piora ainda mais em se tratando da relação com o marido ou namorado. Reflexo da educação e dos esteriótipos criados para a mulher. Carregados de preconceitos e ideologias. 34 A vida profissional traz muitos frutos, mas ela também traz alguns espinhos. Esse novo movimento trouxe algumas mudanças na vida dessas mulheres. Para a mãe, para a estudante, para a que mora longe do trabalho. A mãe se sente culpada por deixar seus filhos em casa com parentes ou na creche quando possível. Tendo que dividir seu tempo de trabalho e sua atenção e preocupação com seus filhos, a casa e o marido, no caso das trabalhadoras casadas. A chegada das mulheres na fábrica incomodou a muita gente. Estar em uma atividade onde a masculinidade imperava causou muitos tipos de preconceitos e comentários sobre as mulheres. Principalmente em relação aos homens. Por conta de todo processo histórico, que vivemos, mais uma vez vemos a representação dos esteriótipos de mulher, recriados na fábrica. A estimativa é que no navio de uma população de quatro mil funcionários, cinqüenta eram mulheres. Uma proporção de diferença bem significativa. Para elas e para eles era necessária uma nova postura diante do trabalho e da convivência. Diferentes atitudes diante dos fatos, um novo vocabulário para eles, que se encaixassem a convivência com elas. E a elas uma postura mais discreta para que não fossem mal interpretadas com simpatia exagera. Fica evidente então a necessidade de se rever algumas atitudes e comportamentos dentro deste espaço da fábrica para acabar ou pelo menos diminuir o preconceito existente. Palestras e orientações foram necessárias, principalmente aos líderes de equipe, mestres e encarregados, na busca de uma conscientização e aceitação dessas novas personagens no contexto da fábrica. Para que as piadinhas sobre as mulheres, as gracinhas do tipo oh! Gostosa, ou então lugar de mulher é no fogão, o assédio e qualquer tipo de preconceito que viesse a acontecer, não se tornassem algo constrangedor. No mundo moderno há também a rivalidade, força de competição capitalista aumentando ainda mais a complexidade na relação homem/mulher. Elas passaram a ocupar um posto onde eles dominavam. Causando um certo 35 medo e dúvida quanto a manutenção da posição de liderança frente aos postos de trabalho. Devido à competição acirrada causada pela possibilidade de desemprego. O trabalho, desde a era primitiva, surgiu como uma reação às necessidades vitais, em relação direta com a natureza. É uma atividade a qual o homem faz para atender as suas necessidades, criando produtos e meios para consegui-las. Atuando sobre os meios de produção, utilizando sua capacidade física, intelectual, suas habilidades e experiências. No capitalismo o trabalhador vende sua força de trabalho em troca de um salário. O trabalho ultrapassa as dimensões do capital. E passa a se considerar todo tipo de atividade como trabalho. Porém a marca do capitalismo é mais forte quando se trata de relacionar a trabalho aos bens de consumo. Neste caso o trabalho vem como forma de suprir as necessidades do mercado consumidor. Com o trabalho são construídas práticas e experiências que serão úteis na formação de cada indivíduo e do coletivo do qual faz parte. Através do trabalho vão se abrir novos espaços de atuação. E para nossas operárias o sentimento não é diferente. A busca de remuneração, de crescimento e de reconhecimento. Como valorização de si mesma e de seu trabalho. “Antigamente ninguém pensava: vou lá na Verolme (Atualmente Brasfels) ver se tem um a vaga para mim. E se pensava era no escritório. É um avanço paraa mulher, porque o homem já tem o seu espaço praticamente todo dominado. Agora a gente esta invadindo o espaço deles, com tanta capacidade de fazer o que eles fazem. E com mais perfeição, porque a mulher é mais detalhista. É mais uma força de trabalho”. (Eletricista) 36 “Cada dia a gente aprende um pouco mais”. (Soldadora) “A intenção é estar sempre crescendo. Se agente está aprendendo e se eles estão nos pagando para depois mostrarmos o nosso trabalho. A gente quer fazer o melhor. E o nosso melhor é crescer”. (Eletricista) “É uma nova adaptação. Vai ser difícil. Vai continuar existindo preconceito. Mas com o tempo a gente consegue. Do mesmo modo que eles lideram uma equipe de eletricistas, de soldadores de instrumentistas ou que qualquer outra. A gente também tem capacidade para fazer”. (Eletricista) “Com determinação a gente vai tranqüila”. (Eletricista) Elas foram o ponta pé inicial neste contexto. Mostrando a sua condição de mulher enquanto profissional tão capaz quanto o homem nas atividades que realiza. Esse processo que levou as mulheres a estes cursos modificou a paisagem do estaleiro. O discurso faz com que as trabalhadoras e trabalhadores se envolvam com o seu trabalho e não percebam o que há por trás de todo aparato técnico apresentado. Que levam a acreditar que cada trabalhador ou aprendiz é remunerado para somente aprender, mas não percebem que estão vendendo as suas forças de trabalho a empresa. Que lucra com a contratação de ajudantes que fazem o serviço de um profissional qualificado, mas recebem como ajudante. Conformam as consciências que se mantêm a favor da condição que se apresenta. 37 CONCLUSÃO A entrada da mulher como sujeito maior na história, começa a transformar a estrutura da força de trabalho dos países, na prática bem como a administração do estado e do mercado econômico. Fazendo com que esta mulher tenha novos posicionamentos diante da nova situação que se apresenta. A saída da mulher do espaço da casa, do lar e sua entrada no mercado de trabalho. Com o desenvolvimento da sociedade capitalista e o surgimento da indústria, a família que possuía um caráter produtivo, privatizou-se. O local de trabalho se separa do espaço do lar. O que antes era constituído pelo espaço privado da casa, um mundo da mulher, de referencias femininas em oposto ao mundo público tido como espaço masculino, o qual a mulher não estava preparada para freqüentar. A elas ficaram destinadas as relações familiares atreladas as forças patriarcais. Porém os fatos históricos contam que anteriormente as mulheres se ocupavam dos trabalhos manuais e da educação dos filhos ou então ajudavam no trabalho no campo, ajudando nas tarefas e cuidando da casa. Isto vai se tornar um conflito para estas trabalhadoras quando se vê a necessidade da saída destas mulheres para o trabalho fora do lar. Na medida que há a necessidade de se conciliar a vida privada com a vida pública, dando conta das diferentes jornadas de trabalho a serem enfrentadas no dia - a - dia. Quando a tudo isto se junta a existência de filhos, ainda há a preocupação com a educação em virtude da falta de uma estrutura que possa fazer o atendimento social a estas mães trabalhadoras, como creches e escolas que atendam a toda demanda.Parece claro que a mulher trabalhadora necessita de proteções específicas contra a exploração capitalista. 38 A busca de igualdade entre mulheres e homens é uma luta constante, mas que implica na reflexão sobre de que forma poderá abrir brechas nessa equivocada igualdade, vendo até que ponto é possível a mulher abrir mão de algumas de suas jornadas, sejam elas o trabalho, a família, a maternidade e tantas outras. Uma verdadeira igualdade de direitos entra homens e mulheres só poderá ser verdadeira quando se tiver eliminado a exploração capitalista sobre ambos e o trabalho doméstico privado seja convertido em público. Compreendendo que o espaço do lar e as atividades desenvolvidas pela mulher são contabilizados como trabalho em seu sentido mais amplo de atividade de transformação da natureza e das pessoas que o realizam. E que é tão necessário quanto o trabalho realizado pelos homens fora do espaço do lar. Para tanto é necessário rever a organização desta sociedade existente possibilitando o encontro entre homens e mulheres como iguais. O mundo da mulher passou por uma grande transformação. Nos últimos 30 anos, as mulheres conquistaram muito mais liberdade do que ao longo de toda a sua história. A elevação do seu nível educacional e a redução do tamanho da família, além das necessidades econômicas de contribuir para o orçamento doméstico, fizeram da mulher um elemento essencial no desenvolvimento. Depois de passar por várias décadas de confrontação com o homem, a mulher entra numa fase de igualdade crescente. O talento profissional e a disciplina de trabalho estão transformando as mulheres em sérios concorrentes dos homens no mercado de trabalho. Isso traz benefícios para as mulheres e os homens. Ao exaltar a competição profissional, a força de trabalho como um todo avança na produtividade e na qualidade do trabalho realizado. Mas, se as conquistas foram de grande importância, há muito para se conseguir. Muitas das dificuldades. No Brasil, a informalidade, embora mais alta entre as mulheres, atinge em cheio a maior parte dos homens. A baixa qualidade do trabalho é um problema de grande maioria dos brasileiros. O 39 desemprego, embora mais alto entre as mulheres, atinge uma parcela dos homens chefes de família. A falta de uma estrutura de atendimento assistencial com creches e escolas de educação infantil, que possam atender os filhos das mães trabalhadoras. Ou seja, a resolução dos problemas pendentes dependerá, em grande escala, da melhoria das condições do mercado de trabalho como um todo. Mas, isso dependerá também da continuidade da transformação dos valores. Para os homens inconformados com essa grande guinada histórica só resta recomendar: homens de todo o mundo se unam! Preparem – se tanto quanto as mulheres. Trabalhem tanto quanto elas. Tenham zelo no trabalho. Compartilhe com as mulheres uma grande parte das responsabilidades que sempre foram suas também embora nunca tenha percebido. Em uma palavra: homens de todo o mundo: acordem! As mulheres venceram as barreiras que o processo histórico que vivemos impôs e passaram a ocupar os diferentes espaços no mercado de trabalho. 40 ANEXOS Índice de anexos Anexo 1 >> Questionário de entrevista 41 ANEXO 1 QUESTIONÁRIO 1- Nome: 2- Idade: 3- Filhos: 4- Estado civil: 5- Profissão: 6- Local de trabalho: 7- Escolaridade: 8- Tempo de trabalho: 9- Outras profissões que já trabalhou? 10- Como e por que escolheu este trabalho? 11- Descreva seu trabalho: 12- O que a sua função exige? Quais as suas expectativas em relação ao trabalho? 13- O que significa trabalho para você? 14- Como foi a sua relação com a família em relação aos estudos e ao trabalho? Houve algum tipo de imposição? 15- Como a sua vida profissional (o seu trabalho) afeta a sua vida fora do trabalho? 16- Há diferença no tratamento entre homens e mulheres? 17- Existe algum tipo de preconceito? 18- Como outras mulheres vêem o seu trabalho? 42 BIBLIOGRAFIA ARANHA,Maria Lúcia de arruda. Filosofia da educação. São Paulo: Editora moderna, 1996. CARNEIRO, Sueli. Identidade Feminina In: SAFFIOTI, Heleieth. MUÑOZ - VARGAS, Mônica.(orgs.). Mulher Brasileira é Assim. Rio de Janeiro. Rosa dos Tempos, NIPAS, Unicef, 1994. P187, 188. LOURO. Guacira Lopes. Mulheres na Sala de Aula In: DEL PRIORE, Marly (org.). História das Mulheres no Brasil. 5º ed. São Paulo. Contexto, 2001.p 443- 447, 449, 453, 454, 469,478. SOIHET, Rachel. Sutileza, Ironia e Zombaria: Instrumentos no Descrédito das Lutas das Mulheres pela Emancipação In: MURARO, Rose Marie. PUPPIN, Andréa Brandão.(orgs.). Mulher, Gênero e Sociedade. RJ. FAPERJ, 2001. p 100, 102, 103, 106. SANTOS, Andréa dos. Fala mulher: uma breve abordagem sobre a subordinação feminina, seus movimentos de resistência e estratégias de superação. Angra dos reis. Pedagogia – UFF, 1996. RAGO, Margareth. Do Cabaré ao Lar: a utopia da cidade disciplinar. Brasil 1890 – 1930. 3º ed. RJ. Paz e Terra, 1985. Coleção Estudos Brasileiros. 43 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I PANORAMA HISTORICO SOBRE AS MULHERES: A CONSTRUÇÃO DA CONDIÇÃO FEMININA 11 1.1 – As relações familiares 12 1.2 – Um pouco da historia das mulheres brasileiras 15 1.3 – Mexe e remexe: o movimento de mulheres no Brasil 17 CAPÍTULO 2 MULHER E EDUCAÇÃO: EXPANSÃO DAS OPORTUNIDADES AO LONGO DO SÉCULO 20 2.1 – A inserção da mulher no mercado de trabalho 26 CAPÍTULO 3 CONDIÇOES DE TRABALHO: EXPECTATIVAS E A REALIDADE DA MULHER OPERÁRIA 30 3.1 – O centro de treinamento – escola técnica 32 3.2 – As meninas envolvidas 33 CONCLUSÃO 37 ANEXOS 40 BIBLIOGRAFIA 42 ÍNDICE 43 AGRADECIMENTOS SUMÁRIO Anexo 1 >> Questionário de entrevista FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3
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