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Metodologia Científica - 01

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01/04/2019 Metodologia Científica
https://unp.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/metodologia_cientifica/ebook_html/unidade_1/index.html 1/40
METODOLOGIA
CIENTÍFICA
CAPÍTULO 1 - QUAL É A
CONTRIBUIÇÃO DA
METODOLOGIA CIENTÍFICA
PARA A CRIAÇÃO DO
CONHECIMENTO?
Antonio Marcos Feliciano/Ana Celeste da Cruz David
01/04/2019 Metodologia Científica
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INICIAR
Introdução
Houve um período da história humana em que o
conhecimento religioso era utilizado para explicar tudo o que
acontecia na sociedade. Assim, aqueles que apresentavam
conhecimentos novos, contestando os religiosos, sofriam
severas punições, incluindo a pena de morte. Por isso, por um
bom tempo, a sociedade acreditou que a Terra não era
redonda e que o horizonte era um grande abismo. 
Hoje em dia, as crianças aprendem nos primeiros anos
escolares que a Terra é, de fato, redonda, que gira em torno do
sol e que precisa ser preservada, pois é o ambiente de vida da
espécie humana e de tantos outros seres vivos. Isso se deu
graças aos esforços de inúmeros estudiosos, em que, aos
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poucos, os conhecimentos de senso comum, fortemente
fundamentados pelos conhecimentos religiosos, foram
desmistificados. Dessa forma, a ciência tomou as rédeas do
processo de criação do conhecimento, tendo como sua
principal fonte a Terra em todos os seus eventos, sejam
sociais, naturais, biológicos e econômicos, que foram
gradativamente sistematizados e amparados por modelos
metodológicos.
Contudo, há conhecimento fora da ciência? 
Essa pergunta possui uma resposta afirmativa, sendo que a
própria ciência reconhece outros tipos de conhecimentos. No
entanto, não devemos pensar esse reconhecimento como
sinônimo de conhecimento científico. Afinal, o conhecimento
científico, no sentido moderno do termo, surge no século XIX,
e como bem afirma Burke (2016, p. 17), “[...] aplicar o termo a
atividade de busca do conhecimento em períodos anteriores a
esse propicia o que há de mais odioso para um historiador, o
anacronismo”, ou seja, é inadequado a aplicação do termo em
um período histórico antecedente à sua formulação. 
O conhecimento, então, é científico quando sua criação ocorre
por meio da aplicação de métodos científicos. Mas quais são
os diferentes tipos de conhecimento? De que forma se
organiza o método científico?
Essas e outras perguntas serão respondidas ao longo deste
primeiro capítulo, em que veremos que há diferenças entre o
conhecimento popular e o conhecimento científico, assim
como também entenderemos que existem tipos de
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conhecimentos diferentes. Ainda observaremos que o
conhecimento científico é criado a partir da existência de um
problema, cabendo à metodologia científica e seu cabedal de
instrumentos sistematizar dados e informações, tornando-o,
de fato, um conhecimento científico, provável e apresentado
sob uma lógica do que o torna compreensível pelas pessoas.
Vamos em frente!
1.1 Conhecimento e método
científico
Você deve conhecer alguém metódico, certo? Mas saberia dizer
quais são os atributos ou características de uma pessoa
metódica? Ela pode ser identificada por seu modo de agir, cuja
cautela e sensatez são comuns em suas ações.
As pessoas precisam ser norteadas por regras, sejam elas
sociais, como a ética, que regula a conduta em sociedade;
econômicas, que parametrizam as relações no mercado; ou de
legislação trabalhista, que regulamenta o ofício profissional e
as relações de trabalho em empresas. Isso significa que as
regras são onipresentes, importantes instrumentos para
manter o equilíbrio das relações entre as pessoas na
sociedade.
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O mesmo ocorre na execução de trabalhos de caráter
científico, em que as regras estão presentes no método de
pesquisa. Nesse sentido, podemos afirmar que o método ou a
metodologia se configura como uma regra orientadora das
práticas investigativas da ciência. Por meio do método, o
pesquisador indica os caminhos trilhados para alcançar seus
resultados. Assim, além de possibilitar o reconhecimento
científico da sua pesquisa, é com o método que o pesquisador
conta a história do seu trabalho, as decisões tomadas, as
limitações, entre outros aspectos.
Dessa forma, também podemos afirmar que o conhecimento é
reconhecido como científico a partir da aplicação do método
científico, caracterizado como sendo objetivo, racional,
sistemático, geral e verificável. Devemos igualmente acentuar
que a ciência reconhece a existência de conhecimento fora
dela, isto é, conhecimentos criados sem o emprego de
abordagem metodológica tal e qual preconiza a ciência.
O conhecimento é o principal fator determinante no
desenvolvimento da sociedade, mas você sabe o que é
conhecimento? 
Segundo Magalhães (2005, p. 13, grifos do autor), “A palavra
‘conhecimento’ em nossa língua deriva do latim cognocere,
cuja etimologia significa ‘conhecer junto’ ou ‘procurar saber’ e
que, por sua vez, se relaciona com o grego gnosis,
habitualmente traduzido com o próprio sentido de
‘conhecimento’”. O autor ainda lembra que outra palavra que
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facilita o entendimento sobre o conhecimento é o termo grego
logos, que tem por significado “fala”, “razão” ou
“entendimento”.
Podemos pensar sobre o conhecimento para além da origem e
da evolução histórica do termo, ou seja, no contexto da sua
história social, posto que diferentes acontecimentos
influenciem o que é considerado conhecimento em épocas e
lugares distintos. Na perspectiva marxista, por exemplo, a
resposta para essa questão é determinada pela classe social.
No âmbito da sociologia do conhecimento, evidencia-se o
conhecimento como acontecimento localizado em
determinado tempo, lugar e comunidade (BURKE, 2016). Já no
âmbito da biologia do conhecimento, Matura e Varela (2011, p.
267) alertam que o conhecimento nos obriga a assumirmos
“[...] uma atitude de permanente vigília contra a tentação da
certeza”, desde que ele tanto revele quanto cumpra sua função
de ocultação. 
Atualmente, muitas são as fontes de disseminação de
informações e conhecimentos. Podemos citar como exemplos
os livros, as páginas da internet, os panfletos, os artigos, as
revistas, os CDs e os DVDs. No entanto, sem as conexões
cognitivas, as informações contidas nesses meios de
divulgação ficam sem sentido, uma vez que é o cérebro
humano que tem a capacidade de processar e fazer as
conexões, oferecendo sentido às informações e criando novos
conhecimentos, em um ciclo virtuoso, em que um
conhecimento gera outros.
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Para Maturana e Varela (2011), os fenômenos cognitivos
relacionam dois mundos singulares: a tradição biológica,
comum entre os homens e suas heranças linguísticas; e as
culturais, diversas e plurais.
Assim, vimos até aqui o que é considerado conhecimento e o
quanto isso pode variar com relação à local, época e grupo
social a ser estudado. Por exemplo, em sociedades ocidentais
modernas, o conhecimento das parteiras, antes valorizado em
suas práticas sociais tradicionais, passoupor um período
obscuro, fato que vem sendo revisado e retomado em suas
origens e valorização. Dessa forma, entendemos que o
conhecimento científico em movimento dinâmico vai
Figura 1 - No mundo contemporâneo, o sentido social do conhecimento é
poder. Fonte: woaiss, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
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continuamente estabelecendo rupturas na forma de conhecer,
construir tecnologias, elaborar métodos e se relacionar com
outros tipos de conhecimento.  
1.1.1 O que é ciência? O que é conhecimento
científico?
A ciência provê seu arcabouço de conceitos e definições a
partir do que acontece na sociedade, constituindo-a em uma
importante fonte para sua criação. No entanto, vale ressaltar
que nem tudo que acontece na sociedade é abordado pela
ciência. Apesar de relevantes, os conhecimentos sociais, de
senso comum ou popular, mantêm-se, mas, em muitos casos,
não são objetos de investigações científicas. 
VOCÊ SABIA?
Desde os avanços da cibernética, a ciência propôs a
descrição do funcionamento do sistema nervoso e do
raciocínio humano mediante um modelo de lógica
matemática, uma vez que muitos são os campos
dedicados ao estudo das ciências cognitivas. A
Neurociência, a Biologia do Conhecimento e a Inteligência
Artificial, por exemplo, utilizam-se do rigor da
metodologia científica para continuamente contribuir com
a criação do conhecimento.
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Dessa forma, definir a ciência consiste em uma tarefa
complexa, pois, já que a sociedade é mutável, muitos de seus
conceitos são efêmeros ou imprecisos. Demo (1995) reconhece
que na ciência nada é mais controverso do que sua definição.
Diante disso, o autor estabelece critérios possíveis para a
condição definidora do que se pode chamar de ciência: a
coerência entre argumentação, o corpo sistemático bem
conduzido até suas conclusões congruentes entre si e entre as
premissas iniciais, a consistência argumentativa e sua
atualidade, a originalidade criativa e a objetivação como
busca incessante da realidade (ainda que parcial e provisória).
Esses fatores, individualmente, mostram a complexidade de
definição do tema, e, quando se reúnem em um mesmo
estudo, possuem o poder de comprometer completamente
qualquer pesquisa.
Apesar de apresentar os fatores limitantes à definição de
ciência, é possível encontrar entre pesquisadores e estudiosos
um esforço autêntico no sentido de encontrar parâmetros
capazes de definirem esse termo. Assim, para Gil (2011, p. 02),
a ciência pode ser considerada “[...] uma forma de
conhecimento que tem por objetivo formular, mediante
linguagem rigorosa e apropriada — se possível, com auxílio da
linguagem matemática —, leis que regem os fenômenos”. 
A definição supracitada indica claramente que a realidade não
é ampla, profunda e integralmente explicada em uma
pesquisa, mas, sim, na sucessão de pesquisas, pois são os
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diferentes e descontínuos enfoques que oferecem uma visão
mais ampla de compreensão da sociedade, sendo amparados
por métodos que robustecem a ciência.
Ainda sob o prisma conceitual, a história do conhecimento
científico reconhece o pensamento científico em suas
diferentes e descontínuas formas, não como uma evolução
linear e um progresso sucessivo, mas “[...] como resultado de
diferentes maneiras de conhecer e construir os objetos
científicos, de elaborar métodos e inventar tecnologias”
(CHAUI, 2010, p. 223).
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Figura 2 - O desenvolvimento científico e o tecnológico transformam a
sociedade e a vida no planeta. Fonte: Wichy, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
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O fato é que podemos reiterar que a ciência evolui tal e qual a
sociedade por não haver sentido no afastamento da segunda
em relação à primeira, uma vez que a ciência influencia e é
simultaneamente influenciada pela economia, pela política,
pela moral e por tudo que acontece na sociedade. Assim, a
ciência busca elementos para a construção do conhecimento,
o que ocorre em todas as áreas, fazendo com que ele seja algo
amplo e complexo, mas fundamental para o desenvolvimento
da espécie humana.
O quadro a seguir apresenta alguns exemplos de tipos de
conhecimentos e suas aplicações.
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O quadro indica a íntima relação da ciência com a sociedade
para a criação do conhecimento científico, oferecendo claros
sinais da amplitude do conhecimento. Além disso, podemos
concluir que o conhecimento científico não é o único
existente, além de não ser o único que depende de
instrumentos metodológicos para ser aferido.
Quadro 1 - Tipos de conhecimentos e suas aplicações. Fonte: Elaborado
pelo autor, baseado em Feliciano, 2013, p. 44.
Deslize sobre a imagem para Zoom
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Magalhães (2005) considera que o Homem faz uso do
conhecimento para transformar o meio em que vive,
mantendo-se dominante na natureza. Isso decorre da sua
capacidade intelectual de fazer uso do conhecimento para o
desenvolvimento da espécie.
Para reforçar a ideia de que há amplas relações entre a
sociedade e a ciência — e que o conhecimento popular ou de
senso comum é relevante na constituição do conhecimento
científico —, Francelin (2004, p. 30) afirma que “[...] os
conceitos nascem do cotidiano, são apropriados pelo meio
científico e tornam-se científicos ao romperem com esse
cotidiano, com esse senso comum”. Dessa forma, vale destacar
que, na relação entre sociedade e ciência, considerando
situações coloniais, os conhecimentos dos colonizadores se
tornaram dominantes, ao passo que os conhecimentos dos
colonizados se tornaram subjugados, esquecidos ou
desprestigiados. 
A aventura cibernética Matrix, de Lana Wachowski e Lilly Wachowski, é um
clássico do cinema na abordagem de temas como conhecimento e ciência.
Matrix, nesse caso, representa um sistema inteligente e artificial (criatura) que
destrói a inteligência criadora (criador) e, assim, instaura a dúvida entre a
realidade e a ilusão de um mundo real.
VOCÊ QUER VER?
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Com isso, podemos afirmar que o conhecimento científico não
é definitivo, portanto, é provisório, podendo ligar um
conhecimento ao outro, evidentemente, a partir de novos
estudos. Para os atores do senso comum, seus conceitos e
conhecimentos são definitivos, sendo que as modificações são
difíceis de serem percebidas, justamente pela ausência de
aplicação de método que afere essas mudanças.
Em ciências, os movimentos e as transformações se dão
mediante a consistência das questões formuladas, da
curiosidade em conhecer, da incerteza diante dos fenômenos,
da lucidez em propor aos problemas naturais, físicos ou
sociais outras possibilidades de investigação. Dessa forma,
ciência e conhecimentocientífico se utilizam de processos
metodológicos para a expansão das fronteiras da ciência,
acolhendo todas as oportunidades para o avanço científico. 
1.2 Metodologia como
processo de pesquisa
Você já imaginou como é complexo estudar a cultura de
diferentes povos, o melhoramento genético de plantas e
animais ou o próprio comportamento humano? Será que é
possível desenvolver atividades sem registrá-las em detalhes? 
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Na verdade, não é possível para nós, seres humanos,
executarmos tarefas complexas sem entendermos sua lógica,
e isso é proporcionado ou facilitado pela aplicação de
métodos. O registro das atividades de pesquisa são requisitos
importantes em qualquer abordagem metodológica, mas,
antecipadamente, é comum não registrarmos tudo, e isso não
é feito de má fé, mas porque o ser humano possui uma grande
dificuldade de colocar no papel o que está pensando ou o que
testemunha, sendo este um fator limitador mitigado pelo
método científico. Entre seus objetivos, ele facilita a
estruturação, o planejamento, o desenvolvimento, a execução
e a análise em uma pesquisa. 
Antes de evoluirmos na discussão conceitual sobre o método,
é importante saber o que é pesquisa. Segundo Magalhães
(2005), pesquisar significa “buscar”, “inquirir”, consistindo em
uma atividade que necessita de trabalho manual e mental.
Assim, se por meio do método é criado o conhecimento
científico, este, por sua vez, é fundamentado por teorias, que,
na visão de Magalhães (2005, p. 34) significa “ver”, ou seja, “A
teoria é uma visão generalizada de fenômeno de qualquer
natureza, que possa ser comprovado de alguma forma [...]”.
Essa forma de comprovação das visões generalizadas ocorre
por meio do emprego do método.
Todo método requer registros que identifiquem o passo a
passo de uma pesquisa em suas diferentes etapas, por isso,
muitos autores definem método como o caminho trilhado em
uma pesquisa. Segundo o Houaiss (2004, p. 494), método
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significa “[...] procedimentos, técnica ou meio para atingir um
objetivo; processo organizado de ensino, pesquisa,
apresentação, etc.”.
VOCÊ SABIA?
O método é uma ordem que você deve dispor para que
tenha seu curso natural. Destaca-se que quando o
pesquisador tem segurança de que os objetivos
específicos atendem o objetivo geral, respondendo à
pergunta ou ao problema de pesquisa, há condições de se
iniciar a pesquisa. Dessa forma, uma pesquisa bem
elaborada pode contribuir e revolucionar a ciência (são
raras). Contudo, uma pesquisa em que os elementos
metodológicos não mantêm interação, tende a marcar a
vida do pesquisador como seu grande fracasso.
A aplicação do método nas pesquisas também objetiva
sistematizar dados e informações por meio de processos
cientificamente reconhecimentos, visando a criação de um
conhecimento novo, a partir do conhecimento existente. Não
estamos tratando de substituições de conhecimentos, mas de
agregação e contribuição da ciência à sociedade.
A meta de toda equipe esportiva é vencer, mas você sabe que
para reunir um time de vencedores é preciso criar condições
para que sejam reunidas competências que se
complementam, não é? Além disso, se faz necessário o
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planejamento, a estratégia, os planos e a tática. Ou seja, não é
suficiente jogar e ter sorte, uma vez que é preciso ser
metódico. Nesse sentido, Magalhães (2005, p. 19) afirma que o
conhecimento não surge do nada, “[...] mas sim, do legado
cultural que cada um de nós recebe na vida”. Por isso, é
possível afirmar que cada pessoa é dotada de conhecimentos,
mas, para torná-los cientificamente reconhecidos, é
necessário o domínio de instrumentos metodológicos e do
entendimento das técnicas de pesquisa, bem como da
pesquisa por si como um processo de criação do
conhecimento.
Sem dúvida alguma, mesmo considerando e reconhecendo a
existência de conhecimento fora do âmbito científico, deve-se
destacar dois aspectos: o primeiro diz respeito a necessidade
precípua da aplicação de um método para que o
conhecimento resultante de uma pesquisa tenha
reconhecimento científico; em segundo lugar, na academia,
produz-se conhecimento científico, portanto, há a necessidade
de conhecimento e aplicação de métodos para as pesquisas
nas diversas áreas.
Dessa forma, a metodologia científica aplicada exige dos
pesquisadores, mais do que conhecimentos sobre o método e
a área, temas ou assuntos pesquisados, muita disciplina para
não extrapolar os limites, não ser prolixo ou sintético nos
registros. Isto é, na pesquisa, o método facilita a compreensão
do pesquisador sobre o fenômeno ou o evento investigado.
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Gareth Morgan possui uma biografia interessante, cujas contribuições para as
reflexões sobre métodos de pesquisa são amplamente reconhecidas na
academia. Em sua obra “Imagens da Organização”, de 2002, o professor faz
uma abordagem pragmática da aplicação de diferentes escolas do método
científico, como o materialismo histórico, o positivismo e a fenomenologia.
Vale a pena conferir!
Sem o método, há dificuldades de compreensão ampla e
profunda dos fenômenos ou eventos que ocorrem na
sociedade, e isso acontece por vários motivos, desde a falta de
conhecimento de causas e efeitos, passando pela falta de
argumentos e chegando, por exemplo, à não percepção de
relações entre eventos ou fenômenos.
Nesse sentido, podemos afirmar que a aplicação de métodos
científicos amplia a capacidade de visão do pesquisador sobre
o objeto de pesquisa, facilita a compreensão e a análise dos
resultados da pesquisa, amplia a compreensão sobre o tema,
permite a descoberta de novos assuntos e campos de
pesquisa e amplia a visão de mundo dos pesquisadores e
leitores. O método científico, portanto, torna-se essencial para
o desenvolvimento de qualquer pesquisa, sendo fundamental
na criação do conhecimento.
VOCÊ O CONHECE?
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Podemos entender, então, que não importa se a pesquisa é de
caráter qualitativo ou quantitativo, se terá uso de bancos de
dados para o processamento, se os dados serão coletados por
meio de modernos instrumentos tecnológicos ou se em um
caderno ou prancheta. O importante mesmo é a escolha
correta do método, a aplicação adequada de seus
instrumentos e a postura ética do pesquisador, bem como a
congregação de aspectos que levam ao desenvolvimento
suave, natural e sem percalços de uma pesquisa. 
Atualmente, os conhecimentos retratam com maior fidelidade
a realidade da sociedade, que, por sua vez, consegue perceber
com mais clareza sua aplicabilidade para o seu próprio
Figura 3 - A disponibilidade de dados contribui para o avanço do
conhecimento científico. Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
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desenvolvimento. A pesquisa baseada em métodos fez evoluir
consideravelmente a ciência, afastando o empirismo
exacerbado de outros tempos. 
Inspirado em Magalhães (2005), consideramos que a ciência e
a pesquisa devem muito ao empírico, à observação dofato ou
evento em sua essência. No entanto, o perigo do empirismo
consiste em tornar uma verdade absoluta naquilo que se
experimenta pelos sentidos, que faz parte da percepção
individual: “Os sentidos são nossa interface com a realidade,
mas são também a origem dos enganos para nosso
conhecimento, e que não há tantas realidades quanto existem
diferentes olhares” (MAGALHÃES, 2005, p. 30). 
No atual momento, o rigor metodológico nas pesquisas afasta
esse perigo típico do empirismo, qual seja a verdade universal
a partir do olhar individual. Respeitados os elementos, a
pesquisa tende a gerar conhecimentos relevantes por meio de
resultados atraentes, permitindo o surgimento de novas
relações de conhecimentos e campos de atuação para a
pesquisa com o emprego do método.
A metodologia como processo científico é múltipla e
diversificada, a ponto de abranger todos os procedimentos
considerados úteis pelos cientistas. Exige, então, disciplina,
clareza, atenção e domínio do campo de investigação para a
escolha da metodologia mais adequada às condições da
pesquisa a ser realizada. Assim, desde o pesquisador iniciante
ao mais experiente, percorrer as etapas da pesquisa científica
se torna fundamental. 
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1.3 Etapas da pesquisa
científica: escolha do tema e
problema
Ver um filho entrar para uma universidade é o sonho da
maioria dos pais, certo? Os jovens fecundam essa ideia
durante o Ensino Médio, sendo que, após isso, surgem os
vestibulares, as tensões, as festas e as alegrias. Ou seja,
diversos sentimentos afloram quando esses indivíduos são
aprovados para entrarem no Ensino Superior, quando fazem a
matrícula na primeira fase de um curso de graduação.
Contudo, muitos estudantes não sabem sobre qual tema e
problema de pesquisa devem escrever em seus trabalhos de
conclusão de curso (TCC). Para falar a verdade, a maioria não
conhece a metodologia científica, mas os perseverantes que
chegarem ao final do curso terão que escrever um trabalho
baseado em uma pesquisa acadêmica, com aplicação de
método, orientação e defesa.
No mundo acadêmico, especialmente na graduação, o
professor orientador precisa ser paciente para compreender
que os estudantes não possuem o preparo suficiente para
entender teoricamente o método. Além disso, muitos
professores conhecem os procedimentos metodológicos, mas
poucos conhecem os métodos científicos, sendo que esse
aspecto é muito importante quando ocorre o processo de
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orientação de TCC, em que o professor precisa compreender o
tema e o problema propostos pelo estudante para identificar a
melhor abordagem metodológica para a pesquisa a ser feita.
A relação entre orientador e orientando durante o processo de pesquisa
precisa ser transparente, honesta e ética, ou seja, uma cumplicidade que
possui data de início e término no relacionamento. Sem dúvida, essa relação e
o próprio processo de orientação possui dificuldades. O texto “Dificuldades do
processo de orientação em trabalhos de conclusão de curso (TCC): um estudo
com os docentes do curso de Administração de uma instituição privada de
Ensino Superior” traz algumas das dificuldades que podem ser resolvidas
nesse processo. Você pode ler na íntegra em: <
(http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/viewFile/1011/1147)htt
p://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/viewFile/1011/1147
(http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/viewFile/1011/1147)>. 
O tema e o problema de pesquisa podem até parecer fáceis de
serem idealizados, mas a dificuldade está em escrevê-los e,
principalmente, descrevê-los. Por isso, quanto mais bem
preparado for o professor orientador, menos conturbada será
a passagem do estudante pela fase de pesquisa para o TCC.
Contudo, é lógico que o estudante orientando, apesar de
inúmeros autores afirmarem que precisam agir com
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independência, por atividade e maturidade na relação com os
orientadores, isso, na verdade pouco acontece. Por certo, há
uma saudável relação de dependência, e isso não ocorre
apenas em termos de conhecimentos. Isso significa que o
professor é possuidor de um espectro de conhecimento mais
robusto que o aluno.  
O filme Sociedade dos Poetas Mortos, de Peter Weir, lançado em 1989, exibe
uma crítica poética e bem ilustrada sobre a educação tradicional nos Estados
Unidos, na década de 1950; a educação centrada na autoridade do professor,
sendo repetitiva e mecânica; e uma visão de educação para a liberdade de
pensamento, para o estímulo à curiosidade investigativa. Vale a pena
conhecer melhor o enredo.
Com pouca experiência e sem grandes estímulos
institucionais, isso acaba por limitar a visão de mundo do
estudante, sendo aspectos determinantes para equívocos na
definição do tema e problema de pesquisa. A compreensão
mais ampla e profunda do método científico requer tempo de
maturação, esforço e dedicação aos estudos, condições
facilitadoras à árdua tarefa da pesquisa. Esses aspectos agem,
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por outro lado, como facilitadores para o robustecimento da
visão de mundo, que consiste em um importante fator nas
decisões a serem tomadas.
Jovens estudantes podem até implicitamente saber o querem
pesquisar, mas, para terem certeza, sobretudo da viabilidade
da pesquisa, no amplo sentido do termo, Magalhães (2005, p.
33) sugere que pensem em quatro perguntas: “O que vai ser
observado? Que técnicas serão usadas na observação? Como
será registrada a observação? Como evitar erros gerados pela
observação e interpretação da observação?”. Dessa forma, no
dizer de Tunes, Melo e Menezes (2000, p. 98), é “[...] necessário
que o pesquisador saiba escolher o problema de pesquisa, aja
com iniciativa e independência do orientador, tenha
imaginação criativa e outras qualidades semelhantes”.
Essas perguntas nos permitem afirmar que a boa escolha do
método tende a respondê-las com certa facilidade, mas, antes
do método, é fundamental o conhecimento amplo e
aprofundado sobre o tema da pesquisa, pois é dessa forma
que se define com clareza o problema.
A seguir, vejamos o relato de experiência do professor Macêdo
(2004) sobre os estudos apresentados em sua tese de
doutorado no Departamento de Ciências da Educação da
Universidade de Paris VIII.
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CASO
O objetivo principal da tese de Macêdo foi a
análise de dois programas de educação infantil
públicos, em instituições localizadas em bairros
periféricos de Salvador, na Bahia, sendo um de
concepção compensatória e outro de concepção
comunitária.
Mas como ele fez para chegar a esse objetivo?
O professor relata que após discutir em sua
dissertação de mestrado a temática da educação
infantil pública, cuja concepção supõe a educação
como forma de compensar possíveis deficiências
intelectuais, afetivas e culturais; foi instigado a
aprofundar o estudo acerca das pedagogias
compensatórias, refletindo sobre a natureza
dessa concepção em sua própria formação e
prática.
Esse aprofundamento de estudos o levou a
conhecer diferentes programas de educação pré-
escolar, oferecidos por organizações comunitárias
em bairros da periferia de Salvador. Assim,o
professor chegou à questão norteadora do estudo
do doutorado “[...] através da análise de
programas pré-escolares públicos concretos,
como emergem e se dinamizam as perspectivas
compensatória e comunitária em educação pré-
escolar pública” (MACÊDO, 2004, p. 236).
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Com isso, podemos entender que o problema precisa ser bem
definido e delimitado, necessitando de objetividade para ser
estruturado metodologicamente. O conhecimento profundo
do tema permite ao pesquisador navegar em águas calmas.
Contudo, um problema definido sem critérios tende a gerar
confusões conceituais e equívocos teóricos, limitações de
ordem para a pesquisa, levando, comumente, o pesquisador a
desistir do trabalho.
Bonin (2010, p. 06) considera que, no processo de construção
da problemática, 
[...] é preciso trabalhar o olhar para operar com
sensibilidade e abertura para o concreto investigado. O
olhar atento, aberto e reflexivo capacita a perceber que os
objetos concretos podem oferecer resistências, “restos”
que não se deixam enquadrar nas proposições explicativas
com as quais vamos operando.
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A escolha do problema de pesquisa não é neutra, nem
desinteressada, uma vez que se relaciona com condições
práticas de produção, fontes de financiamento e condições
institucionais. Isso porque muitas dessas pesquisas
respondem a demandas de empresas, órgãos governamentais,
institutos de pesquisa, centros de tecnologia ou instituições
educacionais. 
A formulação do problema de pesquisa é sempre um desafio
que se impõe ao pesquisador. É recomendado fazer a
formulação do problema na forma interrogativa, sendo que
Figura 4 - Etapas do processo de desenvolvimento do método científico.
Fonte: Andrea Danti, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
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essa estrutura poderá favorecer a finalização do trabalho no
momento de apresentação das conclusões, mediante a
resposta ao questionamento inicial. Contudo, outras formas
de enunciado do problema são encontradas na literatura
científica também. 
O problema de pesquisa em si deve ser viável e adequado a
investigação, dentro das condições práticas de sua execução,
como tempo, recursos materiais, humanos e financeiros.
Características relevantes são a clareza e a precisão com que
são empregados os termos na formulação do problema,
devendo guardar coerência e coesão dentro do campo de
conhecimento delimitado, além de informar os limites de sua
aplicabilidade. Os cuidados com os princípios éticos devem
ser observados na formulação da pesquisa científica em todas
as suas etapas.
Ter a real percepção de um problema é bem mais complexo do
que “achar” que sabe da existência dele. Para o pesquisador, o
problema precisa ser relevante cientificamente, socialmente,
economicamente ou ambientalmente, isto é, ter relevância
para a sociedade. Mas, também, dependendo do tipo de
conhecimento criado sobre o problema, o pesquisador poderá
optar em descrever aspectos relacionados e possíveis
soluções. Assim, a pesquisa poderá ampliar as discussões
sobre o problema, sem efetivamente resolvê-lo. Por isso,
lembre-se de que o conhecimento é construído e que, muitas
vezes, propor a resolução de um problema pode trazer
frustrações. Dessa forma, tema e problema assumem
importância no escopo de uma pesquisa, pois oferecem
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notoriedade à própria pesquisa e ao pesquisador, encontram
reconhecimento e relevância por parte da sociedade, possuem
escopo metodológico que os fundamentam e reúnem
elementos para a viabilidade de uma pesquisa. 
Na construção metodológica da pesquisa, a articulação entre
escolha do tema e a formulação do problema são o substrato
necessário às etapas seguintes de definição dos objetivos geral
e específicos.  
1.4 Etapas da pesquisa
científica: objetivos
Você já pensou sobre o motivo de definirmos objetivos em
uma pesquisa científica ou em um trabalho acadêmico? 
Ao definir os objetivos de um trabalho, você pode apresentar
uma abordagem histórica, ser descritivo ou trazer um
propósito para o objeto geral, que possui intimidade com o
problema e com o tema. Pense, também, que os objetivos
específicos são definidos para estabelecerem etapas e
nortearem procedimentos de pesquisa, a fim de alcançar o
objetivo geral.
Além disso, vale ressaltar que não se concebe projetos de
pesquisa científica ou acadêmica apenas para vermos seus
objetivos comprovados, mas, sim, para que demonstre a
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relevância do tema, a potencialidade do problema para novas
investigações e a possibilidade de novos conhecimentos que
podem ser criados.
VOCÊ SABIA?
Os métodos de verificação do conhecimento possuem
uma história ao longo do tempo. Além disso, os
instrumentos de validação do conhecimento sofreram e
sofrem mudanças em cada época. A posição ocupada pela
tradição oral na validação e na confiabilidade do
conhecimento foi substituída pela escrita, contudo, essa
transição foi lenta e gradual. Burke (2016, p. 101)
apresenta como exemplo uma disputa entre o rei
Henrique I e o arcebispo Canterbury, no século XII, em que
os defensores do rei se referem a uma carta enviada pelo
papa em apoio ao arcebispo como “[...] nada mais do que
um pergaminho de pele de ovelha marcado com tinta
preta”, indigno de comparação com as falas de três bispos.
Atualmente, escrita e tradição oral ocupam espaço como
instrumentos de validação e confiabilidade do
conhecimento.
Com isso, na pesquisa científica, é de fundamental
importância relacionar o objetivo ao problema e às hipóteses,
posto que, no final, o pesquisador constata que cada um
desses elementos responde o outro. Sobretudo, quando se
trata de pesquisadores com pouca experiência, convém ao
orientador o papel de efetivamente debater e atuar, visando a
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evitar um dos erros mais comuns nos trabalhos acadêmicos:
transcrever o problema no objetivo, fazendo o famoso jogo de
palavras por meio de sinônimos. Esse é um risco que, se não
for percebido, tende a colocar em cheque qualquer pesquisa.
Você deve ter claro, também, que a relação entre o problema e
o objetivo será mantida durante todo o processo de pesquisa,
por isso, são complementares. Essa complementariedade fica
evidente na dificuldade em formular os objetivos. Conforme
apresenta Minayo, Deslandes e Gomes (1994, p. 42), em uma
pesquisa científica, é possível a formulação de um objetivo
geral “[...] de dimensões amplas”, complementados por outros
objetivos específicos. 
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Ademais, vale dizer que o exercício de elaboração dos
objetivos é complexo, por isso, o pesquisador deve ter sempre
em mente o problema de pesquisa, caso contrário, tende a
cometer outro erro comum: dividir o objetivo geral entre os
objetivos específicos, enquanto que, conforme caracterizado,
os objetivos específicos são etapas para se alcançaro objetivo
geral. Aliás, não pense que esse tipo de erro é cometido
Figura 5 - Características dos tipos de objetivos geral e específicos aplicados
em pesquisa científica. Fonte: MINAYO, DESLANDES e GOMES, 1994, p. 42.
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apenas por pesquisadores inexperientes, uma vez que ocorre
com estudantes de graduação, especialização, mestrado e
doutorado.
Objetivos realistas não são definidos de forma displicente ou
apenas escritos para satisfazer uma etapa do projeto de
pesquisa, por isso, também é importante dimensionar a
contribuição do trabalho de pesquisa para a ciência. Isso
significa que, de forma geral, todas as pesquisas oferecem
contribuições, mas pouquíssimas revolucionam a ciência, pois
esse não é o objetivo máximo da pesquisa, mas, sim, o
primeiro, que é robustecer a ciência e criar conhecimento
novo.
Você pode aprender um pouco mais sobre a complexidade, os requisitos e a
importância do processo de elaboração de objetivos para uma pesquisa com a
leitura do texto “Como Elaborar Objetivos de Pesquisa”, de Sandra Mattos. Ele
está disponível em:
<http://unesav.com.br/ckfinder/userfiles/files/Como%20elaborar%20Objetivo
s%20de%20Pesquisa.pdf
(http://unesav.com.br/ckfinder/userfiles/files/Como%20elaborar%20Objetivo
s%20de%20Pesquisa.pdf)>.
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Como você sabe, os objetivos de uma pesquisa podem
oferecer possibilidades interessantes para a pesquisa, mas,
também, podem significar uma cilada, ou seja, tornar o
trabalho sem efeito e genérico, cujo desdobramento é
perceptível na vulnerabilidade das conclusões. Nesse
contexto, Larocca, Rosso e Souza (2005, p. 126-127)
apresentam categorias de objetivos de pesquisa, conforme
identificados no quadro a seguir. 
O objetivo de um projeto de pesquisa enfatiza a verdadeira
expressão do significado da pesquisa, contudo, ele não é
determinante para o êxito, mas, de forma isolada, pode
fragilizar significativamente uma pesquisa.
Quadro 2 - Classificação geral das categorias de objetivos de pesquisa.
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em LAROCCA, ROSSO e SOUZA, 2005.
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Sendo assim, a metodologia científica, desde sua criação
histórica e social, tem contribuído de forma significativa para a
criação do conhecimento de maneira sistemática, rigorosa e
racional, desenvolvendo e aplicando métodos e tecnologias
capazes de proporem soluções a problemas e questões
emergentes e contemporâneos. 
Síntese
Você concluiu os estudos sobre a contribuição da metodologia
científica para a criação do conhecimento. Com essa
discussão, esperamos que você se sinta competente para
definir um projeto de pesquisa, distinguir os diferentes tipos
de conhecimento, refletir sobre as etapas da pesquisa e
compreender a relação estabelecida entre tema, problema e
objetivos na pesquisa científica.  
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
entender os princípios da ciência e do conhecimento
científico;
analisar as relações do conhecimento científico com a
sociedade;
entender a metodologia científica como um processo de
pesquisa;
compreender o que são tema e problema de pesquisa;
compreender o que são os objetivos de uma pesquisa;
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identificar temas, problema e objetivos de pesquisa.
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