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NOTA DE AULA PARA AP1 IED

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NOTA DE AULA PARA AP1 
 
Disciplina: Introdução ao Estudo do Direito 
Professora: Emanuela Guimarães 
Livro de referências doutrinárias: REALE, Miguel. Lições Preliminares de 
Direito. 27ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 
Monitoras: Ana Laisa e Nicole. 
 
CAPÍTULO I - OBJETO E FINALIDADE DA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO 
DIREITO 
O Direito é lei e ordem, isto é, um conjunto de regras obrigatórias que 
garante a convivência social graças ao estabelecimento de limites à ação de 
cada um de seus membros. Assim sendo, quem age de conformidade com 
essas regras comporta-se direito, quem não faz, age torto. Podemos, pois, 
dizer, sem maiores indagações, que o direito corresponde à exigência 
essencial e indeclinável de uma convivência ordenada, pois nenhuma 
sociedade poderia subsistir sem um mínimo de ordem, de direção e 
solidariedade. 
O direito sempre envolve dois ou mais sujeitos, o que denominamos de 
relações intersubjetivas, o contrário também é verdadeiro, não há direito com 
um único indivíduo. O direito é um fato ou fenômeno social; não existe senão 
na sociedade e não pode ser concebido fora dela, onde está a sociedade está 
o direito. As formas rudimentares de vida social já implicam esboço de ordem 
jurídica, durante milênios o homem cumpriu o direito sem se propor o problema 
seu seu significado lógico ou moral, a conscientização do direito assinala um 
momento decisivo na história, podendo-se dizer que é a semente da ciência do 
direito. 
A correlação entre Direito como fato social e Direito como ciência serve, 
ao mesmo tempo, para designar a realidade jurídica e respectiva ordem de 
conhecimentos. Em cada comportamento humano, a presença, embora 
indireta, do fenômeno jurídico: o Direito está pelo menos pressuposto em cada 
ação do homem que se relacione com outro homem. 
Primeiramente, o Direito divide-se em dois grandes grupos: Público e 
Privado. As relações que se referem ao Estado e traduzem o predomínio do 
interesse coletivo são chamadas relações públicas, ou Direito Público. Ex: 
Direito constitucional e administrativo, etc. Já no campo do Direito Privado, 
prevalecem relações de interesses particulares, não é uma relação que 
interessa diretamente o estado. Ex: Direito civil e do Trabalho, etc. As 
disciplinas jurídicas se relacionam como um conjunto unitário, elas não existem 
desconectadas e independentemente das outras, cada uma complementa a 
outra. As disciplinas jurídicas são ramificações específicas de um todo unitário: 
O Direito Brasileiro. Ramificações: Penal, Civil, trabalhista, etc. 
A ciência jurídica obedece a uma unidade de tipo finalístico ou 
teleológico: não é físico nem orgânico, mas o próprio Direito, que possui uma 
linguagem própria, que corresponde a uma maneira própria de ser expressar 
acerca do conhecimento jurídico. “Competência” – competente é o juiz que, por 
forca de dispositivos legais de organização judiciária, tem poder para examinar 
determinados casos. Não diz respeito a valor, mérito ou demérito. 
A disciplina de introdução ao estudo do direito (IED) trata-se de uma 
ciência introdutória, portanto, é considerada um sistema de conhecimento, 
recebidos de múltiplas fontes de informação, destinado a oferecer os 
elementos essenciais ao estudo do direito, contendo termos de linguagem e 
método, com uma visão preliminar das partes que o compõem e de sua 
complementariedade, bem como de sua situação na história da cultura (noções 
básicas dos métodos jurídicos/elementos essenciais). 
 
CAPÍTULO II – O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS 
 
Filosofia do direito 
Filosofia é uma palavra de origem grega, de philos (amizade, amor) e sophia 
(ciência, sabedoria). Consiste numa dedicação desinteressada e constante ao 
bem e à verdade, dedicação ao conhecimento, de maneira permanente e não 
ocasional, sem visar intencionalmente qualquer escopo prático ou utilitário. 
Filosofia do direito: perquirição, permanente e desinteressada das condições 
morais, lógicas e históricas do fenômeno jurídico e da ciência do direito. Busca 
penetrar nas razões fundantes da experiência jurídica. A filosofia jurídica 
responde três ordens de pesquisas: Que é direito? Em que se funda ou se 
legitima o Direito? Qual o sentido da história do direito? 
1- O que é direito? Pode se referir ao conjunto de normas jurídicas 
obrigatórias que garantem a convivência social graças ao estabelecimento de 
limites a ação de cada um de seus membros. 
2- Em que se funda ou se legitima o direito? A verdadeira 
legitimidade é emanada pelo povo dado aos seus representantes com inteiro 
consentimento para garantir os anseios da sociedade (princípios 
fundamentados na constituição e na democracia). 
3- Qual o sentido da história do direito? Não é apenas a descrição 
dos fatos passados mais sobretudo, uma visão crítica das normas, códigos, 
leis, sentenças, para que se possa estabelecer uma conexão com o direito 
atual. 
Ciência do Direito 
 Tem por objetivo o fenômeno jurídico, é sempre uma ciência de um 
direito positivo, isto é, positivado no espaço e no tempo, como experiência 
efetiva, passada ou atual. Donde poder-se dizer que a ciência do direito é uma 
forma de conhecimento positivo da realidade social segundo normas ou regras 
objetivadas, ou sejam tornadas objetivas, no decurso do processo histórico. 
Teoria Geral do Direito 
 Representa a parte geral comum a todas as formas de conhecimento 
positivo do direito, aquela na qual se fixam os princípios ou diretrizes capazes 
de elucidar-nos sobre a estrutura das regras jurídicas, bem como sobre os 
motivos que governam os distintos campos da experiência jurídica. Esclarece 
as regras jurídicas e todas as formas do conhecimento do direito positivo. 
Direito e Sociologia 
A Sociologia tem por fim o estudo do fato social na sua estrutura e 
funcionalidade, para saber, em suma, como os grupos humanos se organizam 
e se desenvolvem, em função dos múltiplos fatores que atuam sobre as formas 
de convivência. A Sociologia Jurídica apresenta-se como uma ciência positiva 
que procura se valer de rigorosos dados estatísticos para compreender como 
as normas jurídicas se apresentam efetivamente, como experiência humana, 
com resultados que não raro se mostram bem diversos dos que eram 
esperados pelo legislador. A Sociologia Jurídica não visa à norma jurídica 
como tal, mas sim à sua eficácia ou efetividade, no plano do fato social. 
Direito e Economia 
 A razão da Economia é a produção e distribuição de bens 
indispensáveis ou úteis à vida coletiva. Materialismo histórico de Marx: o Direito 
não seria senão uma superestrutura de caráter ideológico, condicionada 
pela infraestrutura econômica. Ou seja, quem comanda as forças econômicas 
atrás dela contra o direito (Marx errou). Na verdade, há um vício lógico de 
conceber uma estrutura econômica anterior ao direito e independente dele, 
quando, na realidade, o direito está sempre presente, qualquer que seja a 
ordenação das forças econômicas. Há entre a Economia e o Direito uma 
interação constante, não se podendo afirmar que a primeira cause a segunda 
ou que o Direito seja mera “roupagem ideológica” de uma dada forma de 
produção. Há uma interação dialética entre o econômico e o jurídico não sendo 
possível reduzir essa relação a nexos casuais, nem tampouco a uma relação 
entre forma e conteúdo. 
 
CAPÍTULO III - NATUREZA E CULTURA 
Miguel Reale afirma que existem duas realidades: 
- Realidade Natural (ou físico-natural): Não requer participação da inteligência 
nem vontade humana. 
- Realidade Cultural: Adaptação da natureza às finalidades humanas por meio 
de vontade ou inteligência do homem. 
↓ 
Necessita da interferência humana,não apenas com avanços tecnológicos, 
mas também com costumes carregados ao longo do tempo. 
● Conceito de cultura: Cultura é o conjunto de tudo aquilo que nos planos 
material e espiritual o homem constrói sobre a base da natureza, quer para 
modificá-la, quer para modificar a si mesmo. 
- Engloba-se em cultura: as atividades espirituais e formas de comportamento 
que o homem veio formando e aperfeiçoando através da história, como 
patrimônio da espécie humana. 
● Juntamente com a cultura surge a ideia de VALOR: 
- Valor é optar por fazer ou não algo, considerado ”certo ou errado” em dada 
sociedade. 
- Viver é optar diariamente por dois ou mais valores. 
- A existência é uma constante tomada de posições segundo valores. 
- Sem ideia de valor perde-se a substância da própria existência humana. 
- A natureza está sempre na base de toda criação cultural humana. 
EX: A pedra bruta utilizada para produzir uma arma ou utensílio. 
● A ciência física e cultural: 
- A ciência física é uma ciência descritiva do real, visando atingir leis que sejam 
síntese no fato natural. A física é de certa maneira, como que o retrato do fato, 
na plenitude de seus aspectos. Muda com fatos ou descobertas novas. 
- Ciências culturais: São aquelas, que além de serem elementos da cultura tem 
por objeto um bem cultural. A sociedade humana não é só um fato natural, mas 
algo que já sofreu no tempo a interferência de gerações sucessivas. O homem 
herda através de linguagem, um acervo de espiritualidade que se integrou na 
convivência humana. Aristóteles afirmou que o homem é um animal político, ou 
seja, destinado em viver em sociedade. 
- A sociedade em que vivemos também é uma realidade cultural e não mero 
fato natural. 
- A convivência humana é algo que se modifica através do tempo, sofrendo 
inúmeras interferências no tempo e espaço. 
- Graças as ciências culturais é possível reconhecer que o homem ao longo de 
todo processo histórico veio adquirindo consciência da irrenunciabilidade de 
determinados valores considerados universais, como a dignidade da pessoa 
humana. 
- Uma das finalidades do Direito é preservar e garantir tais valores, sem isso 
não caberia falar em liberdade, igualdade e fraternidade. O que demonstra que 
a experiência jurídica é uma experiência ÉTICA. 
OBS: O fenômeno jurídico está inserido na realidade cultural e não natural, pois 
o Direito se aplica somente em sociedade e um dos pilares da sociedade é a 
cultura; para se fazer um fenômeno jurídico, além do extinto, é necessária a 
razão e conhecimentos trazidos por ela. 
 
CAPÍTULO IV - MUNDO ÉTICO 
- O que é Ética? 
É a Ciência normativa dos comportamentos humanos 
- Normas éticas: Toda norma ética enuncia algo que deve ser em virtude de ter 
sido reconhecido um valor, ganhou importância, como razão determinante de 
um comportamento declarado obrigatório. Ou seja: Toda norma possui um 
juízo de valor. 
EX: 1- Juízo de realidade: “A” é “B” 
2- Juízo de valor: “A” deve ser “B” 
 (É para ser, mas nem sempre são) 
EX: Falar palavrão é errado, mas as pessoas falam do mesmo jeito. A norma é 
para ser cumprida, mas também pode ser descumprida. 
- Toda norma ética expressa um juízo de valor ao qual se liga uma sanção. É 
uma forma de garantir-se a conduta que em função daquele juízo é declarada 
permitida, determinada ou proibida. 
- A norma ética é caracterizada pela possibilidade de violação pelo indivíduo, 
ele não sofrendo coerção legal, porém a sua violação pode acarretar 
reprovação popular. 
- A norma ética estabelece a exata medida de conduta considerada lícita ou 
ilícita. 
● Norma: Valor normalmente esperado em uma sociedade, comportamento 
considerado normal de seus membros. 
● Regra: Medida de conduta, delimitação do agir, até que ponto podemos ir 
dentro de que limites podemos situar a nossa pessoa e a nossa atividade.

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