Buscar

Resenha: História da Vida Privada no Brasil Vol. I - Texto 6

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Disciplina: Interpretes do Brasil Colônia 
Resenha
Texto: Ritos da Vida Privada
Texto da autora: Mary Del Priore 
Aluno: Antônio Wellington Lemos da Silva
Sobre a Autora:
Mary Del Priore, nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1952, formou-se em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo USP, Pós-doutorado pela Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sociales em Paris no ano de 1996. Tem 37 livros de História publicados, colabora para jornais e revistas, cientificas e não cientificas, nacionais e estrangeiras. É sócia titular do instituto brasileiro do PEN Club do Brasil. Atualmente leciona Pós-Graduação em História na Universidade Salgado de Oliveira.
 
Ideias Centrais do Texto:
De início, a autora nos mostra de como a diversidade de fontes nos ajudam a entender melhor, de como a privacidade se dá a partir dos ritos e costumes que ocorrem entre a rua e a casa, expondo a privacidade que acontece no seio da família, e que de certa forma, norteando determinados aspectos que regem os comportamentos sociais e seus costumes dentro de uma sociedade, que a autora nos posiciona temporalmente entre os séculos XVII e XVIII. Del Priore, observa que a ordem privada, diferentemente de como ocorria na Europa, aqui se dava sob a forma de rígidas leis. “... aqui como diz Emanuel Araújo, “a ordem pública portuguesa se estruturou-se ao arrepio do povo que a estruturava, tudo controlando e tudo provendo por meio de um cipoal de leis. ” Por aqui o rígido controle social foi uma característica que permeou a sociedade da época, como vemos. Outro aspecto que se destaca no texto, é o ponto de partida que a autora utiliza como basilar para nortear de início sua pesquisa. Partindo da definição de privacidade, a autora parte para uma investigação, e nos convida a verificar se realmente o conceito de privado ocorria, tal e qual, dentro do seio familiar como nos esclarecia o dicionário jesuíta de Raphael Bluteau: “Privado: uma pessoa que trata só de sua família e de seus interesses domésticos”. É nesse momento do texto, que a autora nos apresenta o personagem Castelo Branco, donde a vida privada, sua de sua família e também de seus negócios, é posta a exposição, através da leitura de suas correspondências, trocada entre membros de sua família, tanto aqui quanto no exterior. E quem era Castelo Branco? Assim nos define Castelo Branco a autora: “senhor de decadentes engenhos, cavaleiro da ordem de cristo, do Santo Oficio da Inquisição, fidalgo da Casa Real, secretário da Academia Brasílica dos Renascidos, fluente em língua francesa, luta desesperadamente para sustentar o decadente lustro da família. ” Este é o personagem que vai servir de mote para que a autora discorra sobre o tema, e sobre o mesmo, a autora nos relata o motivo que levou Castelo Branco e sua família a mergulharem nessa angustiante decadência. O motivo foi: “desavenças paternas com o vice-rei, André de Melo e Castro, sediado na Bahia desde de 1735. ” São nas cartas pessoais e anotações financeiras que nosso personagem, sobre seu borrador, nos irá relatar sobre sua vida privada. São esses escritos de Castelo Branco que denunciam e faz jus a definição inicial do conceito de privado como vimos. O conteúdo desses documentos é, em sua maioria, quase sempre de pedidos de socorro, endereçado principalmente a familiares, “Em velho papel amarelado desfilam os angustiados pedidos de empréstimos aos parentes ricos, seu pânico diante dos cobradores, as misérias do cotidiano de um membro da elite colonial. ” A crise do açúcar, pela qual passava a capitania, veio a colaborar para o agravamento da situação financeira de Castelo Branco, já que o mesmo tinha seu engenho e era grade produtor de açúcar. Aos parentes na corte, usa de varia táticas para obter benefícios utiliza-se de sua situação e da família para estes fins, como mostra a autora nesse trecho: “...a cobrança da relação de sangue para resolver seus problemas financeiros: “A tempos não tenho a consolação de ver letra de V.M. e menos de minhas tias, e suponho que estão mal com meu pai e com toda nossa casa, para cumulo da infelicidade que temos tido em nossos pleitos. ” Castelo Branco utilizava-se desses pleitos para obter a solução de seus problemas. Temos de observa a relação entre Castelo Branco e seu pai, pois esta relação, tem uma ligação direta com os problemas enfrentados por ele, e que também nos ajuda a compreender melhor de como Castelo Branco chegou a tamanha situação de crise. De princípio, o pai abandona Castelo Branco e a família fugindo de dividas e foge para o sertão, porém, como se não bastasse, de onde se encontra continua a mandar, a ditar ordens, a impor respeito, tornando literal a ideia de pater famílias, tornando cada vez mais complicada a situação de Castelo Branco. Por outro lado, tinha-se de manter as aparências numa tentativa de não deixar transparecer a realidade, e para isso, a maneira de se vestir, de conversar em público com alguém importante, os títulos adquiridos, o convite, tanto para sua casa quanto para casa de alguém muito importante, para um almoço ou jantar, tudo isso era primordial para que se mantivesse o respeito e o status diante da sociedade da época. Tudo isso demarca um lugar social como diz a autora: “a privacidade se forjava, em grande parte, por causa das relações existentes na esfera pública ou daquilo que se traduzisse externamente em prestigio [...] enfim, que servissem para identificar um especifico lugar social. ” A corrupção já se mostrava evidente também naquele período, quando Castelo Branco expõe essa corrupção que acontece no judiciário, quando a evidencia em carta enviada ao pai: “Falo em ministros para que V.M. não se descuide de me mandar alguma coisa com que os presentear e mimar para os ter propina. Pois quem não dá, não vence demandas; e não é mal negócio despender com ministros anualmente 100 mil-réis”, era como se a justiça fosse privada. Com tudo, para alcançar as suas demandas, Castelo Branco utilizava-se até mesmo do expediente de se constranger os próprios parentes, os mais ricos, como o irmão por exemplo: “Nesse reino não tenho outro amparo mais que o seu. Hoje me acho carregado de anos e de achaques [...] e se um parente como V.M. não me ajudar com a concorrência de seu empenho, mal poderei ver logrados os meus suspiros”. Dos escravos o nosso personagem tratou de ocultar a questão da promiscuidade, porém, tratando apenas das questões com as doenças, a alimentação e as fugas. A importância privada dos escravos tornava-se relevante no seguinte aspecto: “Escravos eram acessórios presos a laços de dependência e submissão, mas imersos em uma complexa rede de relações que variava de senhor para senhor”. É de observar que a privacidade ocorre de duas formas de vista de Castelo, quando ocorre dentro da família, como com o pai, com os irmãos. Outro ponto de vista de castelo com relação ao privado, era os acontecimentos fora doseio da família, os acontecimentos da rua, da cidade, que giram em torno do mesmo, mas que apenas os relata através de vozes de terceiro. Através de suas correspondências e de outros escritos, podemos observar que Castelo Branco nos permite ver como a privacidade da família desse período acontecia tanto no seu interior quanto no exterior. 
PRIORE, Mary del. História da Vida Privada no Brasil: Ritos da Vida Privada. 
12. ed. São Paulo - SP: Companhia das Letras, 2012. 1 v.

Continue navegando