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PRÁTICA SIMULADA IV. CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. CASO CONCRETO. SEMANA 8. ESTÁCIO. FIC. 2018.

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PRÁTICA SIMULADA IV (CÍVEL). CASO CONCRETO SEMANA 8
EMBARGOS DE TERCEIRO
José Afonso, engenheiro, solteiro, adquiriu de Lúcia Maria, enfermeira, solteira, residente na Avenida dos Bandeirantes, 555, São Paulo/SP, pelo valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), uma casa para sua moradia, situada na cidade de Mucurici/ES, Rua Central, nº 123, bairro Funcionários. O instrumento particular de compromisso de compra e venda, sem cláusula de arrependimento, foi assinado pelas partes em 10/01/2015. O valor ajustado foi quitado por meio de depósito bancário em uma única parcela. Sete meses após a aquisição do imóvel onde passou a residir, ao fazer o levantamento de certidões necessárias à lavratura de escritura pública de compra e venda e respectivo registro, José Afonso toma ciência da existência de penhora sobre o imóvel, determinada pelo Juízo da 4ª Vara Cível de Itaperuna / RJ, nos autos da execução de título extrajudicial nº 6002/2015, ajuizada por Carlos Batista, contador, solteiro, residente à Rua Rio Branco, 600, Itaperuna/RJ, em face de Lúcia Maria, visando receber valor representado por cheque emitido e vencido três meses após a venda do imóvel. A determinação de penhora do imóvel ocorreu em razão de expresso requerimento formulado na inicial da execução por Carlos Batista, tendo o credor desprezado a existência de outros imóveis livres e desimpedidos de titularidade de Lúcia Maria, cidadã de posses na cidade onde reside. Elabore a peça processual prevista pela legislação processual, apta a afastar a constrição judicial invasiva sobre o imóvel adquirido por José Afonso.
AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO PERTENCENTE À 4ª VARA CÍVEL DE ITAPERUNA/RJ
Embargos de Terceiro por dependência ao processo nº. 6002/2015
JOSÉ AFONSO, (nacionalidade), solteiro, engenheiro, registrado no cadastro de pessoas físicas sob o nº.__ e no registro geral de nº.___, (endereço eletrônico), residente e domiciliado na Rua Central, nº 123, bairro Funcionários, na cidade de Mucurici/ES, CEP:__, vem por seu advogado, com endereço profissional na rua__, (bairro), (cidade), (Estado­), que indica para os fins do artigo 77, inciso V do Código de Processo Civil Pátrio (CPC), com fundamento no artigo 674 e seguintes do CPC, opor: EMBARGOS DE TERCEIRO, pelo rito especial, em face de CARLOS BATISTA, (nacionalidade), solteiro, contador, portador do RG nº_, inscrito no CPF nº._, (endereço eletrônico), domiciliado e residente à Rua Rio Branco, 600, Itaperuna/RJ, PELOS SEGUINTES FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS QUE SE PASSA A EXPOR:
I. DOS FATOS
O embargante comprou imóvel situado na cidade de Mucurici/ES da Senhora Lúcia Maria, enfermeira, pelo valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), tendo sido firmado instrumento particular de compromisso de compra e venda, sem cláusula de arrependimento, o qual fora assinado pelas partes em 10/01/2015. O valor ajustado fora quitado por meio de depósito bancário em uma única parcela. Cumpre informar que hoje o aludido imóvel atualmente é utilizado como moradia do embargante.
Sete meses após conclusão da avença e o devido pagamento da obrigação, o Sr. José Afonso, ao fazer o levantamento de certidões necessárias à lavratura de escritura pública de compra e venda e o respectivo registro, tomou ciência da existência de penhora sobre o imóvel, determinada pelo Juízo da 4ª Vara Cível de Itaperuna/RJ, nos autos da execução de título extrajudicial nº 6002/2015, ajuizada por Carlos Batista, ora embargado, em face de Lúcia Maria, visando receber valor representado por cheque emitido e vencido três meses após a venda da propriedade. 
A determinação de penhora do imóvel ocorreu em razão de expresso requerimento formulado na inicial da execução pelo embargado, tendo o credor desprezado a existência de outros imóveis livres e desimpedidos de titularidade de Lúcia Maria, cidadã de posses na cidade onde reside.
	Era o que se tinha a relatar de mais essencial, passa-se agora a exposição do mérito da demanda.
II. DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA
De modo oportuno, o embargante vem, desde logo, requerer, sob o arrimo do que expressa a lei nº 1.060 de 1950, e do artigo 98 e seguintes do CPC, e do artigo 5º, LXXIV da CF/88, o deferimento dos benefícios da justiça Gratuita, tendo em vista de que não pode arcar com as custas processuais sem o prejuízo do seu sustento próprio. 
III. DO DIREITO
3.1. DA LEGITIMIDADE ATIVA DO EMBARGANTE
O Autor é plenamente legítimo para requerer o desfazimento da constrição judicial sofrida sobre o bem que lhe pertence, e que fora adquirido ainda antes do vencimento do título executivo extrajudicial que sustenta a execução citada em alhures. Nesses termos:
Art. 674.  Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. (CPC)
Súmula 84 do STJ - É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro. (Súmula 84, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/06/1993, DJ 02/07/1993)
3.2. DA REGULARIDADE DA COMPRA DO IMÓVEL, DA IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA, E DO NECESSÁRIO REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO.
		Excelência, como se mostra de modo nítido, a compra do imóvel que atualmente é constrito em execução promovida pelo embargante, acontecera cinco meses antes do vencimento do título que dá azo à cobrança na ação principal exposta em alhures. Deste modo, percebe-se a regularidade da avença firmada, como bem se observa no instrumento particular elaborado entre as partes, podendo salientar que todo o negócio jurídico se deu antes da citação do devedor na ação executiva já mencionada.
		Nesse ínterim, não se pode falar em ocorrência de fraude contra credores, tão menos de fraude à execução, nesse sentido é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. ALIENAÇÃO DE IMÓVEL POR SÓCIO DA PESSOA JURÍDICA ANTES DO REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. FRAUDE À EXECUÇÃO NÃO CONFIGURADA.
1. Cinge-se a controvérsia em determinar se a venda de imóvel realizada por sócio de empresa executada, após a citação desta em ação de execução, mas antes da desconsideração da personalidade jurídica da empresa, configura fraude à execução.
2. A fraude à execução só poderá ser reconhecida se o ato de disposição do bem for posterior à citação válida do sócio devedor, quando redirecionada a execução que fora originariamente proposta em face da pessoa jurídica. 
3. Na hipótese dos autos, ao tempo da alienação do imóvel corria demanda executiva apenas contra a empresa da qual os alienantes eram sócios, tendo a desconsideração da personalidade jurídica ocorrido mais de três anos após a venda do bem. Inviável, portanto, o reconhecimento de fraude à execução.
4. Recurso especial não provido. (Relator(a)Ministra NANCY ANDRIGHI (1118). Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA. Data do Julgamento: 22/11/2016. Destaquei)
	Calha dizer, ainda, que o bem atualmente é morada do embargante, tendo assim inequívoca proteção como bem de família, e por isso impenhorável, conforme preleciona o artigo 1.712, 1.715, todos do código civil, e artigo 1º da Lei nº. 8.009 de 1990, e artigo 833, inciso I, do CPC. 
Portanto, Excelência, resta-se claro a premente necessidade do redirecionamento da execução exposta, bem como a regularidade da compra do imóvel e, por conseguinte, a sua constrição indevida.
IV. DOS PEDIDOS
	Por todo o exposto, com o devido respeito e acatamento, o Autor passa a requerer: 
	Que seja suspensa a medida constritiva que atinge o imóvel do Embargante, qual seja a penhora que incide sobre o bem, vez que constatado a forma regular em que se deu a sua compra, em tempo anterior ao vencimento do título executivo,
assim como do ajuizamento da ação;
	A Citação do embargado para contestar os embargos no prazo de 15 (quinze) dias.
	Julgar procedente o pedido para cancelar o ato de constrição judicial, determinando-se assim o cancelamento da penhora do imóvel, e reconhecendo o domínio definitivo do bem ao embargante.
	A Condenação do embargado aos ônus da sucumbência, nos termos do artigo 85 e seguintes do CPC;
	O reconhecimento da proteção do bem família do Embargante, assim como da necessidade do redirecionamento da execução exposta;
	Protestar em provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, notadamente oitiva de testemunhas e depoimento pessoal, nos termos do artigo 369 do CPC/15;
	Dar-se-á o valor da causa em R$ 300.000,00 (trezentos mil reais).
Nestes termos, pede e espera deferimento. 
Local e data.
Advogado
OAB/UF nº.

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