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Projeto Gleyce Kelly

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Faculdade Kennedy de Minas Gerais
Gleyce Kelly de Castro Gomes
A POSSIBILIDADE JURÍDICA DE REVOGAÇÃO DA ADOÇÃO
Belo Horizonte
2018
Gleyce Kelly de Castro Gomes 
A POSSIBILIDADE JURÍDICA DE REVOGAÇÃO DA ADOÇÃO.
Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso de Direito da Faculdade Kennedy de Minas Gerais.
 Professor Orientador: Fulano de Tal
Belo Horizonte
2018
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SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	3
2	JUSTIFICATIVA	5
3	OBJETIVOS	6
3.1	OBJETIVO GERAL	6
3.2	OBJETIVOS ESPECÍFICOS	6
4	REFERENCIAL TEÓRICO	7
5	METODOLOGIA	10
6	CRONOGRAMA	11
7	REFERÊNCIAS	12
	
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1 INTRODUÇÃO 
“Atualmente, no Brasil, há inúmeras crianças e adolescentes vivendo em entidades de acolhimento, sob o manto da máquina pública, a espera de um lar�, posto que necessitam de atenção e segurança, afastando-os do abandono.
O objetivo da adoção é exclusivamente garantir às crianças e adolescentes o direito de uma convivência familiar, atendendo o comando constitucional. “Adotar não representa ato de caridade ou abnegação; adotar é ter um filho�”, colocando-o em um ambiente saudável no qual ele possa ter amor, carinho e educação.
A adoção é regulamentada pela Lei n° 8.069 de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. A referida lei atribui sobre as características do adotante e adotado, suas garantias, requisitos e direitos no curso do processo de adoção.
Toda adoção será precedida pelo ato processual denominado “estágio de convivência”, pelo prazo máximo de 90 dias que poderá ser prorrogada por igual período. A importância desse ato é justamente proporcionar ao(s) adotante(s) à aprender(em) mais sobre o adotado, isto é, inteirar-se sobre sua personalidade, seus hábitos alimentares, sua saúde, seus desejos e anseios, bem como o adotado pretende adaptar-se ao novo ambiente buscando construir vínculos familiares.
Conforme prevê o art. 39 §1° do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), a adoção é irrevogável, e caso o(s) adotante(s) venha(m) a ter filhos naturais, o adotado será equiparado a estes, com os mesmos direitos, inclusive os sucessórios.
No entanto, em virtude dos princípios do melhor interesse e da dignidade da pessoa humana, o magistrado, excepcionalmente, revogaria a adoção?
Assim, diante das ponderações acima apresentadas, o presente projeto de pesquisa tem como intuito discutir os aspectos da adoção com fulcro no Direito Civil e no Estatuto da Criança e do Adolescente e a possibilidade jurídica de revogação da mesma. De forma mais pontual, o presente projeto visa prestigiar os valores humanitários das crianças e adolescentes em detrimento da literalidade dogmática, tendo em vista a aplicabilidade de decisão contra legem em casos complexos e excepcionais.
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2	JUSTIFICATIVA
A presente pesquisa faz-se necessária no que diz respeito à adoção atual no Estatuto da Criança e do Adolescente e a não observância dos princípios do melhor interesse e da dignidade da pessoa humana em casos complexos e a possibilidade de revogação da adoção fundada em decisão contra legem.
Salienta-se que, “a fim de evitar uma instabilidade familiar, de fato, os efeitos da decisão judicial que defere a adoção devem ser irrevogáveis e irretratáveis. Todavia, nenhuma norma-regra pode impedir eventuais exceções, isto é, situações em que a força dos fatos ganhe uma normatividade” (ROSENVALD, 2017, p. 989). Sendo assim, em casos justificáveis, a irrevogabilidade da adoção não deverá prevalecer em respeito aos princípios fundamentais do ordenamento jurídico, em especial, a dignidade humana do próprio adotado.
Em virtude do princípio do melhor interesse, assegurado pela Constituição Federal, as crianças e adolescentes passaram a ser titulares de direitos absolutos e específicos em razão da fragilidade e vulnerabilidade. Inclusive, a Carta Magna assegura proteção integral infanto-juvenil, garantindo as crianças e aos adolescentes o direito à vida, à saúde, à dignidade e à convivência familiar, para que não sofram nenhum tipo de discriminação e/ou negligência.
Necessária se faz enfatizar a presente pesquisa pelas suas contribuições jurídicas, sociais e acadêmicas. Juridicamente, pois os operadores devem estar cientes de tal possibilidade, haja vista ser o instrumento de trabalho dos futuros profissionais da área do Direito. Socialmente, uma vez que o fenômeno da adoção está intrinsecamente ligado aos direitos fundamentais da criança e do adolescente sendo, portanto, o interesse de toda uma nação. E por fim, academicamente, pois o estudo do presente tema contribui para abertura de novos pensamentos e possibilidades jurídicas ao discente.
Contudo, conclui-se que, o presente projeto de pesquisa ratifica o que, há muito, parece nortear ideias e sugestões acadêmicas, de maneira geral.
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3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Analisar a possibilidade jurídica de revogação da adoção em virtude dos princípios do melhor interesse e da dignidade humana.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar a possibilidade de decisão contra legem em detrimento da irrevogabilidade da adoção;
Esclarecer as possíveis divergências nas doutrinas especializadas;
Pesquisar dados jurisprudenciais atuais concernentes à questão.
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4 REFERENCIAL TEÓRICO
	
Na discussão sobre a possibilidade jurídica de revogação da adoção é louvável situar na pesquisa a abordagem teórica do instituto adotivo, por evidenciar exacerbação nas dificuldades existentes quanto à concretização do mesmo.
Ora, “o instituto da adoção é um dos mais antigos de que se tem notícia” (DIAS, 2015, p.480). Atualmente, a adoção é regulamentada pela Lei 8.069 de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Recentemente o referido estatuto foi alterado pela Lei 13.509 de 22 de novembro de 2017, com intuito de acelerar o processo de adoção.
 Em suma, conforme art. 39 §1° do ECA, a adoção é medida excepcional e irrevogável. O chamado “estágio de convivência” é o ato processual que antecede a adoção definitiva. O objetivo do estágio de convivência é “comprovar a compatibilidade entre as partes e a probabilidade de sucesso na adoção. Daí determinar a lei a sua dispensa (ou não), quando o adotando já estiver na companhia do adotante durante tempo suficiente para avaliar a convivência da constituição do vinculo�”.
Em uma visão constitucional da adoção, ROSENVALD (2016, p.964) aduz que: 
O filho adotivo não é um filho de segunda categoria e não pode sofrer discriminação em relação aos demais filhos. Com o Texto Magno, o adotado passou a ser sujeito de direitos, inclusive, de todos os direitos reconhecidos ao filho biológico. A relação jurídica filiatória determinada pela adoção tem as mesmas qualificações e direitos reconhecidos aos filhos decorrentes do elo biológico.
A possibilidade de revogação da adoção é assunto extremamente complexo, por ser ato irrevogável. “De fato, os efeitos decorrentes da decisão judicial que defere a adoção têm de ser irrevogáveis e irretratáveis, evitando uma instabilidade familiar ou até mesmo uma fraude sucessória�”. Não obstante, toda regra legal merece ter sua exceção em casos excepcionais; e como já mencionado, o adotado é sujeito de direitos e em situações anômalas as decisões contra legem devem ser observadas em virtude dos princípios norteados pelo Texto Magno.
Cumpre destacar que, há doutrinadores que ratifica a irrevogabilidade definitiva da adoção. Guilherme da Gama� expõe que:
A adoção [...], é revestida de definitividade. Assim, o genitor que consuma a adoção, com sentença transitada em julgado, não pode alegar eventualmente o seu arrependimento. [...] a adoção mantém o vínculo entre adotante e adotado, sendo irrevogável.
Segundo ele, aadoção é imutável e inquestionável, pois antes que a sentença seja transitada em julgado, o adotante(s) e o adotado passam pelo estágio de convivência e encontrando-se qualquer dificuldade ou mesmo empecilhos entre as partes, posteriormente podem demostrar arrependimento.
Ainda, sobre a irrevogabilidade, com a ruptura do instituto adotivo, ferir-se-á a própria dignidade humana do adotado e, com a devolução, resulta em “uma desvalorização da criança e do adolescente, que passa a ser visto como um problema, e não mais uma vítima, levando essas crianças realmente a terem falta de autoestima, a acreditarem que realmente são indignas diante do novo abandono, comprometendo consequentemente seu futuro�”.
Porém, a doutrina majoritária defende que, em casos excepcionais, a revogação da adoção seria plausível, com intuito de resguardar o interesse da criança e do adolescente. Sendo assim, aduz Nelson Rosenvald (2016, p.991):
Em casos pontuais e especiais (excepcionalíssimos) será possível o cancelamento da adoção e o restabelecimento do poder familiar com a intenção de resguardar os interesses existenciais (jamais para fins patrimoniais) e a dignidade do adotado.
De fato, é evidente que o renomado doutrinador defende a teoria da derrotabilidade das normas-regras (ROSENVALD, 2016, p.991), isto por que em casos realmente justificáveis deveria afastar-se a regra geral do sistema, pois “nenhuma norma-regra pode impedir eventuais exceções, (...) sendo possível o cancelamento da adoção e o restabelecimento do poder familiar com a intenção de resguardar os interesses existenciais e a dignidade humana�”.
Maria Berenice Dias salienta ainda que “de qualquer forma, como pode ocorrer a destituição do poder familiar do adotante (CC 1.638) acaba sendo aceita a devolução, até por uma questão de praticidade. A criança pode ser imediatamente adotada por outrem. Talvez esta seja a solução que melhor atende aos seus interesses, pois pode vir a ser adotada por quem de fato a queira�”
Cenário difícil quando se trata de devolução do adotado, pois o abalo psicológico em ser devolvido pelo(s) adotante(s) deve ser levado em conta, ao passo que a prole espera por muito tempo para ter a tão sonhada família e com o passar dos anos ocorrer à devolução pelo(s) adotante(s). No entanto, como dito pela autora Maria Berenice, em casos excepcionais, essa deveria ser a solução, a fim de ser, eventualmente, adotado por quem realmente as queira.
Por fim, mas não menos importante, Washington de Barros Monteiro (2012, p.490), traz uma situação muito interessante que corrobora com os pensamentos dos autores supracitados de que a irrevogabilidade deve ser revista em casos excepcionais, qual seja: 
Imagina-se assim a seguinte situação: uma criança, adotada pelo marido da mãe, sendo o pai desconhecido e que, depois, venha ser maltratada pelo adotante, descobrindo, a seguir, seu pai biológico, com quem passa a manter vinculo de afeto; aí está mais uma situação em que o princípios da irrevogabilidade da adoção deve ser mitigado, para que seja possibilitado o reconhecimento da relação de paternidade biológica.
Pelo exposto, conclui-se que, o intuito da presente discussão foi justamente apontar que a irrevogabilidade da adoção, em um primeiro momento, deve prevalecer a fim de evitar uma instabilidade no direito de família, porém reexaminada em casos excepcionalíssimos a fim de proteger os elevados interesses do adotado.
5 METODOLOGIA
Metodologia, segundo Cleber Prodanov (2013, p. 14) é a parte do projeto responsável por dizer ao leitor quais métodos de pesquisa serão utilizados para atingir os objetivos propostos
A fim de delinear a tipologia da pesquisa em apreço, necessária se faz definir algumas categorias, quais sejam: quanto à abordagem do tema, uma vez que a pesquisa será qualitativa ou quantitativa; quanto à natureza, que, por conseguinte, a pesquisa poderá ser básica e/ou aplicada; quanto aos objetivos da pesquisa, que contemplará a pesquisa como sendo exploratória e/ou descritiva; e por fim, mas não menos importante, quanto aos procedimentos da pesquisa, que abordará pesquisas bibliográficas e/ou documentais, estudo de campo e/ou estudo de caso.
Quanto à abordagem do tema, adotar-se-á a pesquisa qualitativa, vez que essa abordagem terá como enfoque principal o aprofundamento das particularidades da possibilidade de revogação da adoção. 
Ora, quanto à natureza, a mesma será classificada como pesquisa aplicada, pois faz-se necessário a produção de conhecimentos locais, com o propósito de contribuir, para fins práticos, na possível solução do problema detectado no meio jurídico.
Como o objetivo deste estudo é proporcionar maior familiaridade com o problema a fim de aprimorar ideias e posteriormente construir hipóteses através de pesquisa bibliográfica e/ou jurisprudencial, a presente pesquisa aqui proposta pertence à vertente jurídico-exploratória. 
Por fim, quanto aos procedimentos que serão utilizados no decorrer desse projeto, destacam-se: pesquisas bibliográficas, através de consultas em livros, artigos, jurisprudências e legislações; e pesquisas documentais, pois serão utilizadas outras fontes sem tratamento prévio.
6 CRONOGRAMA
	ETAPAS
	 JUL./2018
	 AGO./2018
	 SET./2018
	 OUT./2018
	 NOV./2018
	 DEZ./2018
	Levantamento bibliográfico
	
X
	
X
	
	
	
	
	Fichamento de textos
	
	
X
	
X
	
	
	
	Coleta de fontes ...
(documentos / jurisprudência etc.)
	
	
X
	
X
	
X
	
X
	
	Análise das fontes
	
	
	
X
	
X
	
	
	Organização artigo
	
	
X
	
X
	
X
	
X
	
	Redação do trabalho
	
	
X
	
X
	
X
	
X
	
	Revisão / entrega / defesa
	
	
	
X
	
X
	
X
	
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7 REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da república federativa do brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. Câmara dos deputados, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. DOU de 16/07/1990-ECA. Brasília, DF.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 10. ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Volume 5: direito de família. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
FARIAS, Cristiano Chaves, Nelson Rosenvald. Curso de direito civil: famílias. 9. ed. rev. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.
GAMA, Guilherme Calmon Nogueira. A nova filiação: O biodireito e as relações parentais de acordo com o novo Código Civil. — Rio de Janeiro/São Paulo: Renovar, 2003, p. 579.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Volume 6: direito e família. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2010.
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PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Princípios fundamentais norteados do direito de família. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
PROVANOV, Cleber Cristiano; DE FREITAS, Ernani César. Metodologia do Trabalho Científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.
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