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Macroeconomia Introdução e contabilidade Nacional Introdução Macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinação e o comportamento de grandes agregados, como renda e produtos nacionais, nível geral de preços, desemprego e emprego, etc. Ela trata o mercado de bens e serviços como um todo, assim como o mercado de trabalho, e preocupa-se com aspectos conjunturais de curto prazo, a saber: desemprego e inflação Introdução Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a Macroeconomia não analisa em profundidade o comportamento das unidades econômicas individuais, tais como famílias e firmas, a fixação de preços nos mercados específicos, os efeitos de oligopólios em mercados individuais etc. Essas são preocupações da Microeconomia. Por exemplo, no mercado de bens e serviços, o conceito de Produto Nacional é um agregado de mercados agrícolas, industriais e de serviços; no mercado de trabalho, a Macroeconomia preocupa-se com a oferta e a demanda de mão de obra e com a determinação dos salários e nível de emprego, mas não considera diferenças em qualificação, sexo, idade origem da força de trabalho etc Breve Retrospecto - Keynes Por uma série de crenças, como “mão invisível”, flexibilidade de preços e salários, bem como a Lei de Say, pela qual “a oferta cria sua própria procura”, os economistas clássicos (assim rotulados por Keynes) acreditavam que o pleno emprego da economia estivesse garantido automaticamente. Era a filosofia do liberalismo econômico, que acreditava que o mercado sozinho, sem intervenção do Estado, levaria ao pleno emprego. A ausência de políticas econômicas levou à quebra da Bolsa de Nova York em 1929, e uma crise de desemprego atingiu todos os países do mundo ocidental nos anos seguintes. Houve, como que uma perplexidade dos economistas da época, que não dispunham de uma teoria que explicasse o fenômeno e propusesse soluções. Breve Retrospecto - Keynes Justamente nesse ambiente surge o livro de Keynes e as bases da moderna análise macroeconômica, que passam a incorporar uma atuação mais efetiva do Estado, na busca de soluções para os problemas de flutuações do nível de renda e emprego a curto prazo. Com a contribuição de Keynes, fincaram-se as bases da moderna Teoria Econômica, e da intervenção do Estado na economia de mercado, que nos passa qual o grau de intervenção do Estado na economia e em que medida ele deve ser produtor de bens e serviços. Teoria Macroeconômica A Teoria Macroeconômica propriamente dita preocupa-se mais com aspectos de curto prazo. Especificamente, preocupa-se com questões como desemprego, que aparece sempre que a economia está trabalhando abaixo de seu máximo de produção, e com as implicações sobre os vários mercados quando se alcança a estabilização do nível geral de preços. À parte da Teoria Econômica que estuda questões de longo prazo é denominada Teoria do Crescimento Econômico Teoria Macroeconômica Entretanto, embora exista um aparente contraste, não há um conflito entre a Micro e a Macroeconomia, uma vez que o conjunto da economia é a soma de seus mercados individuais. A diferença é primordialmente uma questão de ênfase, de enfoque. Ao estudar a determinação de preços numa indústria, na Microeconomia consideram-se constantes os preços das outras indústrias. Na macroeconomia estuda-se a nível geral de preços ignorando-se a mudança de preços relativa dos bens das diferentes indústrias. Teoria Macroeconômica A curva de Phillips, expressava simplesmente uma curva de oferta agregada positivamente inclinada. Phillips relacionava a taxa de crescimento dos preços (inflação ) com a taxa de desemprego. Caso a taxa de desemprego fosse mais elevada, isto indicaria um maior excesso de oferta, e conseqüentemente haveria uma pressão para que a taxa de crescimento dos salários nominais fosse mais baixa. Essa taxa menor corresponderia a uma taxa de inflação menor. Metas de política Macroeconômica São as seguintes as metas de política macroeconômica: a) alto nível de emprego; b) estabilidade de preços; c) distribuição de renda socialmente justa; d) crescimento econômico. As questões relativas ao emprego e à inflação são consideradas como conjunturais, de curto prazo, constituindo-se nas chamadas políticas de estabilização. Alto nível de emprego Desde a Revolução Industrial, em fins do século XVIII, até o início do século XX, o mundo econômico parece ter funcionado sobre o pensamento liberal, que acreditava que os mercados, sem interferência do Estado, conduziam a Economia ao pleno emprego de seus recursos, como se guiados por uma “mão invisível”, determinariam os preços e a produção de equilíbrio, e, desse modo, nenhum problema surgiria no mercado de trabalho. Entretanto, a evolução da economia mundial trouxe em seu bojo novas variáveis, como o surgimento de sindicatos de trabalhadores, os grupos econômicos e o desenvolvimento de mercado de capitais e do comércio internacional, de sorte a complicar e trazer incertezas sobre o funcionamento da economia Estabilidade de preços Define-se inflação como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços. Por que inflação é um problema? Primeiramente, porque a inflação acarreta distorções, principalmente sobre a distribuição de renda, sobre as expectativas dos agentes econômicos e sobre o balanço de pagamentos. É importante salientar que, enquanto nos países industrializados o problema central é o desemprego, nos países em via de desenvolvimento o foco mais importante de análise é o da inflação. Esse tema é de difícil abordagem, dado que as causas da inflação diferem entre países (deve-se levar em conta, por exemplo, o estágio de desenvolvimento e a estrutura dos mercados), e num dado país, diferem no tempo. Distribuição de renda socialmente justa A economia brasileira cresceu razoavelmente entre o fim dos anos 60 e a maior parte da década de 70. Apesar disso, verificou-se uma disparidade muito acentuada de nível de renda, tanto a nível pessoal coma a nível regional. Isso fere, evidentemente, o sentido de eqüidade ou justiça. No Brasil, os críticos do “milagre” argumentavam que haviam piorado a concentração de renda no país, nos anos 1967-1973, devido a uma política deliberada do governo baseada em crescer primeiro para depois distribuir (chamada Teoria do Bolo). Crescimento econômico Se existe desemprego e capacidade ociosa, pode-se aumentar o produto nacional através de políticas econômicas que estimulem a atividade produtiva. Mas, feito isso, há um limite à quantidade que se pode produzir com os recursos disponíveis. Aumentar o produto além desse limite exigirá: a) Um aumento nos recursos disponíveis; b) Ou um avanço tecnológico (melhoria tecnológica, novas maneiras de organizar a produção, qualificação da mão de obra). Quando falamos em crescimento econômico, estamos pensando no crescimento da renda nacional per capita, isto é, de que seja colocada à disposição da coletividade uma quantidade de mercadorias e serviços que supere o crescimento populacional. Dilemas da política econômica Os objetivos não são independentes uns dos outros, podendo inclusive ser conflitantes. Atingir uma meta pode ajudar a alcançar outras. Política de redução de desemprego pode ser obtida pelo aumento das compras, isso pode aumentar a inflação. políticas de estabilização da inflação podem levar ao aumento da taxa de desemprego, dado que tais políticas retraem a demanda de bens e serviços, podendo produzir queda da atividade econômica e, portanto, do emprego. Desse modo, o administrador público (policy-maker) tem que fazer uma escolha quanto à ênfase a ser dada a diferentes objetivos. Cada combinação afeta diferentes grupos na sociedade. Instrumentos de política macroeconômica A política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva (produção agregada) e despesas planejadas (demanda agregada), com o objetivo depermitir à economia operar a pleno emprego, com baixas taxas de inflação e distribuição justa de renda. Os principais instrumentos são: • política fiscal; • política monetária; • política cambial e comercial; • política de rendas (controle de preços e salários). Contabilidade Nacional e Agregados Macroeconômicos Contabilidade Nacional: um instrumento que permite mensurar a totalidade das atividades econômicas Foi preciso desenvolver essa técnica de mensuração para se analisar qualitativamente os agregados macroeconomicos. Os conceitos a serem trabalhados serão de produto, renda e dispêndio. Produto: definição e o que é? Para satisfazer suas necessidades, o homem envolve-se em um ato de produção. Produção é a atividade social que visa adaptar a natureza para a criação de bens e serviços que permitam a satisfação das necessidade humanas No ato de produção existe a combinação dos fatores de produção. Estes são os recursos utilizados na produção de bens e serviço. Recursos são separados em: terra, capital e trabalho Produto: definição e o que é? A produção é a principal atividade econômica a ser medida – reflete a capacidade de satisfação das necessidades dos membros da sociedade; O produto é o desempenho de um país – soma daquilo que foi produzido dentro de um país durante determinado período de tempo; À partir do produto, pode-se avaliar o crescimento econômico – aumento na produção de bens e serviços. Bens finais e bens intermediários Bem final: Aquele diretamente destinado à satisfação das necessidades humanas Ex: Na produção do carro, precisa-se de aço, metal, borracha e etc. Todos estes bens, neste processo são intermediários e o carro é o produto, Bem Final, destinado ao consumidor. Bem intermediário: Bem utilizado na produção de outro bem. Ex: Farinha e o Trigo são bens utilizados na produção do pão, portanto, são bens intermediários. Valor Adicionado É possível contabilizar o produto por meio de seu Valor Adicionado, ou seja, tudo aquilo que foi adicionado na etapa produtiva, ao valor dos bens intermediários. Ex: VBP: 45 A soma do valor dos bens finais ou a soma do valor adicionado em cada etapa será a mesma. Essa forma de medir produto é a chamada “ótica do produto” Valor do Produto Insumos Valor adicionado Trigo 10 0 10 Farinha 15 10 5 Pão 20 15 5 Dispêndio (óptica do dispêndio) O conceito de dispêndio refere-se aos possíveis destinos do produto, isto é, por quem e para que são adquiridos. Os principais destinos dos produtos são CONSUMO e INVESTIMENTO. Consumo: refere-se aos bens e serviços adquiridos pelos indivíduos para a satisfação de suas necessidades. Ex: Consumo Pessoal e Consumo Público. Investimento: Refere-se a aquisição de mercadorias para ampliar a produção futura. Ex: aumento de estoque de capital físico e a variação de estoque Dispêndio (óptica do dispêndio) A soma do consumo (público e privado) e o investimento dá o conceito de absorção interna. Entretanto, esta não necessariamente precisa ser igual ao produto, pois parte do produto é EXPORTADO e parte dos bens adquiridos é IMPORTADO. Dispêndio: possíveis destinos do produto: Consumo pessoal (C); Consumo público (G) absorção interna Investimento (I); Exportações (X); Importações (M); Y = C + G + I + X - M Renda (óptica da renda) Renda refere-se a remuneração dos fatores de produção envolvidos no processo produtivo. Os tipos de remuneração são: salários pagos, juros que remuneram o capital de empréstimos, aluguéis pagos aos proprietários dos bens de capital, lucros que remuneram o capital produtivo e impostos. Y = salários + lucros + juros + aluguéis Investimento Investimento: aquisição de bens de produção, bens de capital ou intermediários, que visam aumentar a oferta de produtos no período seguinte; Para realizar investimentos, é preciso a formação de poupança (S), que será repassada para as empresas realizarem investimentos – esse repasse é via sistema financeiro e reinvestimento dos lucros; Considerando a ausência do setor público, tem-se que a renda é distribuída entre Y = C + S Demanda agregada é “DA = C + I”. Logo, I = S. Governo O governo fornece os chamados bens públicos, aqueles que não podem ser providos por mecanismos de mercado – justiça, segurança nacional, etc; Para financiar tais bens o governo arrecada impostos (T): Impostos diretos (Td), que incidem direto sobre o agente que os recolhe: IR, IPTU, ITR, IPVA, etc; Impostos indiretos (Ti) que incidem sobre a mercadoria a ser vendida. Recolhidos pelas empresas, mas pagos pelo consumidor: ICMS e IPI. Governo Com a introdução do Governo, acrescenta-se mais um elemento à renda, impostos (T), e mais um elemento da demanda, gastos públicos (G); •O governo também realiza transferências para as famílias (R) (aposentadorias, bolsas, etc); •Alguns bens podem receber subsídios (Q), em que parte dos custos de produção são pagos pelo governo; Pode-se definir a renda líquida do setor público como: T = (Td – R) + (Ti – Q); Governo Pela ótica da renda, tem-se: Y = C + Sp + T. Sp é a poupança privada; •Pela ótica da demanda: DA = C + I + G •Se Y = DA, então I – Sp = (T-R) – G (poupança pública). I = Sp + Sg; •Se o investimento público é maior que a poupança pública, há um déficit público (Dg). Dg = Ig – Sg. •Se isso ocorre, Dg = Sp – Ip. Então, deve haver um excesso de poupança no setor privado para financiar o governo. Governo Pela ótica da renda, tem-se: Y = C + Sp + T. Sp é a poupança privada; •Pela ótica da demanda: DA = C + I + G •Se Y = DA, então I – Sp = (T-R) – G (poupança pública). I = Sp + Sg; •Se o investimento público é maior que a poupança pública, há um déficit público (Dg). Dg = Ig – Sg. •Se isso ocorre, Dg = Sp – Ip. Então, deve haver um excesso de poupança no setor privado para financiar o governo. Resto do Mundo Agentes de outros países transacionam com os residentes do Brasil; Os tipos de transações que ocorrem com o resto do mundo são: –Fluxo de bens e serviços (exportações e importações); –Fluxo de fatores de produção (trabalho e capital); –A renda líquida enviada ao exterior é a diferença entre aquilo que é pago por fatores de produção externos utilizados internamente e aquilo que é recebido do exterior por fatores de produção nacionais empregados em outros países. Resto do Mundo •PNB versus PIB; •Com a introdução do resto do mundo, tem-se a identidade final para o dispêndio: Y = C + I + G + X – M. •Há ainda a poupança externa, que faz parte da poupança total: I = Sp + Sg + Se; •Se = Renda Líquida Enviada ao Exterior – (Exportações – Importações). Exercício (anpec) Robinson Crusoe planta coqueiros e pesca. No ano passado, ele colheu 1000 cocos e pescou 500 peixes. Para ele um peixe vale dois cocos. Robinson deu para sexta-feira 200 cocos em troca da ajuda na colheita e 100 peixes para que ele recolhesse minhocas que seriam usadas de isca na pescaria. Robinson estocou 100 cocos em sua cabana para consumo futuro. Ele também usou 100 peixes como fertilizante para seus coqueiros, para que produzam bem. Sexta-feira consumiu todos os seus cocos e peixes. O PIB dessa economia em termos de peixe é 1000 A renda de robinson em termos de peixe é 700 O investimento da economia é 50 peixes O consumo de sexta-feira é 200 peixes