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Direito Civil V - Apostila

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DIREITO CIVIL V – Prof. Maurício Nogueira, Jr. - 2014
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (Arts. 593 a 609 do CC) – Constitui prestação de serviço toda espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, contratada mediante retribuição e não sujeita às leis trabalhistas (Art. 594 do CC).
Trata-se de contrato bilateral (ou sinalagmático) porque gera obrigações para ambos os contratantes. 
É também contrato oneroso, pois pressupõe benefícios ou vantagens para ambos os lados (um lado recebe o serviço prestado; o outro lado recebe a remuneração por esse serviço).
Para evitar prestações de serviço por tempo demasiado longo (o que caracterizaria verdadeira escravidão), o Código Civil (Art. 598) limita seu prazo máximo a 04 anos. Se as partes quiserem, poderão renová-lo por mais 04 anos e assim sucessivamente, mas sempre mediante novos contratos.
A obrigação de fazer assumida pelo prestador de serviço não pode ser transferida a terceiro sem a anuência da outra parte (Art. 605 do CC).
De igual maneira, o beneficiário do serviço não pode transferi-lo a terceiro, sem autorização do prestador (Art. 605 do CC).
CONTRATO DE EMPREITADA (Arts. 610 a 626 do CC) – É o contrato em que uma das partes (o empreiteiro), mediante remuneração a ser paga pelo outro contratante (o dono da obra), obriga-se a realizar determinada obra, pessoalmente ou por meio de terceiros (sob orientação do empreiteiro), sem relação de subordinação.
A EMPREITADA se distingue da PRESTAÇÃO DE SERVIÇO pelas seguintes peculiaridades:
O objeto do contrato de PRESTAÇÃO DE SERVIÇO é apenas a atividade do prestador, ao passo que o objeto da EMPREITADA não é essa atividade, mas a obra em si;
Na PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, a execução do trabalho é dirigida e fiscalizada por quem contratou o prestador, a quem este fica diretamente subordinado, ao passo que na EMPREITADA a direção compete ao próprio empreiteiro;
Na PRESTAÇÃO DE SERVIÇO o patrão assume os riscos do negócio, mas na EMPREITADA é o empreiteiro quem assume os riscos do empreendimento;
Na PRESTAÇÃO DE SERVIÇO o contrato se extingue pela morte de qualquer das partes (Art. 607), mas a EMPREITADA não (Art. 626).
O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com o seu trabalho (EMPREITADA DE MÃO DE OBRA ou DE LAVOR) ou com o seu trabalho e os materiais (EMPREITADA MISTA).
Na EMPREITADA DE MÃO DE OBRA todos os riscos correm por conta do dono, exceto se o empreiteiro agiu com dolo ou culpa (Art. 612 do CC).
Já na EMPREITADA MISTA, os riscos correm por conta do empreiteiro até o momento da entrega da obra. Mas se o dono estiver em mora de receber os riscos dividem-se entre as partes (Art. 611 do CC).
Além disto, na EMPREITADA MISTA, o empreiteiro responde durante cinco anos pela solidez e segurança da construção (Art. 618 do CC).
A EMPREITADA pode ser ajustada a preço fixo ou global (marché à forfait) ou por medida ou etapa (marché sur devis).
CONTRATO DE DEPÓSITO (Arts. 627 a 652 do CC) – É o contrato em que uma das partes (o depositário) recebe de outra (o depositante) uma coisa móvel para guardar, com a obrigação de restituí-la na ocasião ajustada ou quando lhe for reclamada.
A principal finalidade do DEPÓSITO é, pois, a guarda de coisa alheia.
O contrato de DEPÓSITO pode ser gratuito ou oneroso.
O depositário passa a ter a posse direta da coisa, ficando o depositante apenas com a posse indireta.
O exemplo mais comum de contrato de DEPÓSITO ocorre em relação aos BANCOS, onde o depositante confia seu dinheiro ao depositário (o BANCO), ficando este com a obrigação de restituí-lo quando o depositante o reclamar (pessoalmente ou mediante cheque etc).
Outro exemplo comum de DEPÓSITO é o estacionamento de veículos, nas grandes cidades.
O DEPOSITÁRIO tem o dever de guardar a coisa móvel alheia, de conservá-la e de restituí-la (ao final do prazo ou quando lhe for reclamada pelo DEPOSITANTE).
Assim estatui o Art. 640 do CC: “Sob pena de responder por perdas e danos, não poderá o depositário, sem licença expressa do depositante, servir-se da coisa depositada, nem a dar em depósito a outrem.”
E o Parágrafo Único do mesmo Art. 640 estabelece que: “Se o depositário, devidamente autorizado, confiar a coisa em depósito a terceiro, será responsável se agiu com culpa na escolha deste.”
De acordo com o Art. 649 do CC, os hoteleiros (ou hospedeiros) responderão como depositários, assim como pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas nos seus estabelecimentos.
Mesmo que o hóspede tenha assinado cláusula de não indenização em favor do hospedeiro, a mesma é nula, nos termos do Art. 51, I e IV, do CDC.
Equiparam-se às bagagens em hotéis, para fins de responsabilidade civil, os carros em estacionamentos, eletrodomésticos em oficinas, malas em aviões, estadias em hospitais etc.
Caso o depositário se recuse à restituição da coisa, cabe AÇÃO DE DEPÓSITO do depositante contra ele, exceto na hipótese de depósito judicial, quando basta simples petição neste sentido, nos próprios autos.
Embora a CF/88, no Art. 5º, LXVII, estabeleça dois tipos de prisão civil (a do devedor de pensão alimentícia e a do DEPOSITÁRIO INFIEL), esta última, contudo, não mais prevalece, eis que o STF entendeu estar a mesma vedada pela CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS (Pacto de São José da Costa Rica), da qual o Brasil é signatário.
CONTRATO DE MANDATO (Arts. 653 a 692 do CC) – Opera-se o mandato quando alguém (o outorgado) recebe de outrem (o outorgante) poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses.
A procuração é o instrumento do mandato.
Todas as pessoas capazes são aptas para outorgar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante (Art. 654).
Outorgante é quem emite a procuração. O outorgado é também chamado de mandatário ou procurador.
O instrumento particular deve conter a qualificação do outorgante e do outorgado, o objetivo e a extensão dos poderes conferidos, o local, a data e a assinatura do outorgante (Art. 654, § 1º).
O terceiro com quem o outorgado tratar pode exigir o reconhecimento da firma do outorgante na procuração particular (Art. 654, § 2º).
Mesmo se a procuração for pública, o substabelecimento pode ser por instrumento particular (Art. 655).
O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito (Art. 656).
Exemplo de mandato tácito e verbal: o advogado sem procuração comparece com o cliente em audiência e é autorizado verbalmente por este a praticar os atos da audiência.
Mas para praticar ato por escrito, o instrumento do mandato também tem que ser escrito (Art. 657).
Presume-se gratuito o mandato quando não houver sido estipulada retribuição, exceto quando o mandatário exerce tal atividade por profissão (Art. 658).
O mandato pode ser geral (para todos os negócios do mandante) ou especial (apenas para algum ou alguns negócios do mandante) – Art. 660.
A procuração depende de poderes expressos para alienar, hipotecar, transigir ou praticar quaisquer outros atos extraordinários (Art. 661, § 1º).
O mandatário tem o dever de não extrapolar os poderes que lhe foram conferidos.
O mandatário é obrigado a aplicar toda a sua diligência habitual na execução do mandato e a indenizar o mandante pelos prejuízos causados por culpa sua ou daquele a quem substabeleceu sem autorização do mandante.
Se constar da procuração a proibição de substabelecer, o mandatário será responsável pelos atos do substabelecido.
O mandatário é obrigado a prestar contas ao mandante. Se não o fizer, o mandante pode ingressar com AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS contra ele.
Sendo dois ou mais os mandatários nomeados na mesma procuração, qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados, a menos que conste no instrumento a exigência de exercício conjunto do mandato (Art. 672).
Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante, deve o mandatário concluir o negóciojá começado, se houver perigo na demora (Art. 674).
Por outro lado, o mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas pelo mandatário, nos limites do mandato, e adiantar o valor das despesas necessárias à execução do mesmo (Art. 675).
Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para o mesmo negócio, cada uma é solidariamente responsável ao mandatário por todos os compromissos e efeitos do mandato, mas cabe ação regressiva do mandante que pagar, contra os demais mandantes (Art. 680).
É ineficaz a revogação do mandato conferido com a cláusula “em causa própria”. Tal mandato também não se extingue pela morte de qualquer das partes e fica o mandatário isento de prestar contas (Art. 685).
Cessa o mandato pela revogação (pelo mandante), pela renúncia (pelo mandatário), pela morte ou interdição de uma das partes, pelo término do prazo do mandato, pela conclusão do negócio a que ele se destinava e pela mudança de estado das partes que os inabilitem para o mandato (Art. 682).
A revogação do mandato se faz por notificação ao mandatário e aos terceiros interessados (Art. 686).
Considerar-se-á revogado o mandato assim que o mandatário for comunicado da nomeação de outro, para o mesmo negócio (Art. 687).
DO MANDATO JUDICIAL (CPC) – “Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.”
“Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso.”
CONTRATO DE COMISSÃO (Arts. 693 a 709) – Pelo CONTRATO DE COMISSÃO, um dos contraentes, denominado COMISSÁRIO, obriga-se a realizar negócios em favor do outro, denominado COMITENTE, segundo instruções deste, porém em nome daquele.
O COMISSÁRIO se obriga, portanto, perante terceiros, em seu próprio nome, figurando no contrato como parte.
Tal contrato se diferencia do CONTRATO DE MANDATO, porque neste (no mandato) o mandatário age e firma contratos em nome do mandante, ao passo que no CONTRATO DE COMISSÃO o comissário age em seu próprio nome.
Como ressaltou o inigualável PONTES DE MIRANDA: “A comissão não é espécie de mandato, posto que se tenha desenvolvido, historicamente, do mandato (...). Definir-se a comissão como mandato deturpa-lhe a natureza. O comissário opera por conta do comitente, mas em nome próprio. Recebeu outorga de poder, porém nem toda outorga de poder é mandato.”
Feitas estas considerações indispensáveis, pode-se conceituar, portanto, CONTRATO DE COMISSÃO como sendo aquele pelo qual uma pessoa, denominada COMITENTE, encarrega outra, intitulada COMISSÁRIO, de adquirir ou vender bens móveis, mediante remuneração, agindo esta em nome próprio e obrigando-se para com terceiros com quem contrata, mas por conta daquela.
De acordo com o Art. 694: “O comissário fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem que estas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas...”
A comissão costuma ser convencionada pelas partes em porcentagem sobre os valores das vendas ou de outros negócios. Se não for estipulada, “será ela arbitrada segundo os usos correntes no lugar” (CC, art. 701).
Se morrer o COMISSÁRIO ou quando não puder concluir o negócio por motivo de força maior, “será devida pelo comitente uma remuneração proporcional aos trabalhos realizados” (CC, art. 702).
Dispensado por justa causa, terá o comissário o direito a ser “remunerado pelos serviços úteis prestados ao comitente, ressalvado a este o direito de exigir daquele os prejuízos sofridos” (CC, art. 703).
Dispensado sem justa causa, terá o comissário o direito a ser “remunerado pelos trabalhos prestados, bem como a ser ressarcido pelas perdas e danos resultantes da sua dispensa” (CC, Art. 705).
O comissário não é obrigado a declarar o nome do comitente.
Estipula o art. 695 que “o comissário é obrigado a agir de conformidade com as ordens e instruções do comitente, devendo, na falta destas, não podendo pedi-las a tempo, proceder segundo os usos em casos semelhantes”.
E o art. 696 dispõe que “no desempenho das suas incumbências o comissário é obrigado a agir com cuidado e diligência, não só para evitar qualquer prejuízo ao comitente, mas ainda para lhe proporcionar o lucro que razoavelmente se podia esperar do negócio”.
O contrato de COMISSÃO foi mais utilizado no período áureo do café, sendo que hoje quase não é mais utilizado, exceto em bancas de revistas e jornais, venda ambulante de cosméticos e de utilidades do lar etc.
Os arts. 697 e 698 asseguram que “o comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar, exceto em caso de culpa” ou “se do contrato constar a cláusula del credere”.
Segundo Rafael de Menezes, in http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Contratos/6/aula/9: 
Cláusula del credere (= da confiança): obrigação do comissário de responder solidariamente com o terceiro comprador perante o comitente (ex: o comissário vende soja do comitente e dá prazo ao terceiro para pagar, porém o terceiro não paga, devendo então o comissário pagar ao comitente e ir executar o terceiro). 
Inserindo-se esta cláusula del credere, fará o comissário jus a uma remuneração maior face o risco assumido (698; a regra geral é o comissário contratar em seu nome por conta e risco do comitente; 697, 693).  Se o terceiro paga a vista e é o comitente que não entrega o bem, o terceiro só poderá processar o comissário (694).
AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO – O legislador trata simultaneamente no capítulo XII de dois contratos: o de agência e o de distribuição, a saber:
I – AGÊNCIA: é também conhecido como contrato de representação comercial, regulado pelo CC e pela lei 4.886/65, sendo semelhante ao contrato de mandato e de comissão (pú do 710, 721). O contrato de agência é útil para o comerciante que quer expandir suas vendas em outras praças, como uma “longa mão” da empresa. II – DISTRIBUIÇÃO é o contrato de AGÊNCIA, quando a coisa a ser negociada estiver à disposição do agente (representante comercial), na distribuidora, a exemplo da concessionária de veículos (distribuidora) e seus promotores de vendas em determinadas zonas exclusivas (representantes comerciais).
Face à autonomia da vontade, a liberdade das partes é grande em misturar aspectos da compra e venda, comissão, do mandato, da agência e da distribuição, sempre com vistas ao lucro e ao aquecimento da economia. O que vai diferenciar a Agência da Comissão é porque na Agência a coisa vendida tem marca (711). Além disso, na Agência não se aplica a cláusula “del credere” e o agente tem sempre que divulgar o nome do proponente, o que pode não ocorrer na Comissão.
Conceito: contrato pelo qual o agente/representante comercial, sob remuneração mas sem vínculo trabalhista, se obriga em caráter duradouro a negociar em certo lugar por conta do proponente (1a parte do art. 710). Ao agente/representante comercial cabe fazer propaganda dos produtos do proponente, conhecer o mercado, captar clientela, intermediar os negócios, fiscalizar os concorrentes e encaminhar os pedidos, tudo sob orientação do proponente (712). O agente deve ter cuidado para não vender além da capacidade de produção do proponente (713, 715). 
O representante comercial precisa ser registrado no conselho da categoria, nos mesmos termos da OAB para os advogados,o CREA para os engenheiros e o CRM para os médicos.
O agente pode também promover a atividade do proponente, como o agente de futebol que indica jogadores para determinada agremiação esportiva. Também é agente o conhecido “promotor de eventos”, dedicado a promover shows, comícios, jogos e feiras. São muito comuns os agentes de seguros. 
O agente é autônomo e pode ter seus próprios empregados, sem vínculo com o proponente.  
O agente só pode atuar em área específica e com aquela marca, divulgando-a (Ex: na mata norte do estado de Pernambuco vendendo cerveja Brahma, 711). É contrato bilateral, oneroso, comutativo, personalíssimo, duradouro e informal (pode ser até verbal).   
Ao representado/comerciante cabe fornecer os produtos vendidos, pagar a comissão do representante e respeitar sua exclusividade na área, não podendo naquela região constituir outro representante. 
Constituto possessório, também conhecido cláusula constituti, trata-se de uma operação jurídica que altera a titularidade na posse, de maneira que aquele que possuía em nome próprio, passa a possuir em nome alheio. Ex.: vendo uma casa que possuía em nome próprio, e coloco no contrato de compra e venda uma cláusula que prevê minha permanência na casa na condição de locatário, ou seja, passo a possuir a casa em nome alheio. Essa cláusula é a constituti.
O inverso do constituto possessório ocorre quando a pessoa que possuí em nome alheio passa a possuir em nome próprio. Ex.: o locatário que possui a casa em nome alheio compra a casa passando a possuir em nome próprio, neste caso a cláusula será da traditio brevi manu.
CORRETAGEM – Contrato de CORRETAGEM é aquele pelo qual uma pessoa, não vinculada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços, de comissão ou de agência, obriga-se, mediante remuneração, a intermediar negócios para a outra pessoa, conforme as instruções desta (art. 722). Ex: corretor de imóveis, de automóveis, de seguros, de obras de arte, etc. 
Os corretores podem ser livres ou oficiais.
Corretores livres são aqueles que, sem nomeação oficial, exercem a atividade de intermediação de negócios, em caráter contínuo ou intermitente, com ou sem exclusividade.
Corretores oficiais, por outro lado, são aqueles cujos atos têm fé pública, uma vez que investidos em cargo público, e têm a sua profissão legalmente disciplinada, estando sujeitos a requisitos especiais para exercê-la.
A corretagem oficial somente pode ser exercida por aqueles corretores nomeados pelo Presidente da República, investidos de ofício público, com regulamentação em leis especiais. São os corretores de mercadorias, de navios (incumbidos da compra e venda de embarcações, fretamentos, carregamentos, seguros marítimos, entendimento entre os capitães e as autoridades aduaneiras, tradução de manifestos e outros documentos que devem ser apresentados às alfândegas etc.), de seguros, de operações de câmbio e fundos públicos (regulados originalmente pela Lei 5.601/70), etc.
 
A corretagem livre é exercida, conseqüentemente, por todos aqueles corretores sem designação oficial, que independem de autorização para praticar intermediação. São os corretores de espetáculos públicos, de automóveis, de móveis, etc.
 
Mas a corretagem livre pode também ser regulada por lei, como é o caso dos imóveis, cuja atividade do corretor é disciplinada pela Lei nº 6.530/78, regulamentada pelo Decreto nº 81.871/78.
A palavra deriva do latim cursitare = correr de um lado para outro. 
É profissão antiga e importante, hoje divulgada em anúncios, jornais e cartazes em edifícios. 
O corretor é um mediador/intermediário entre pessoas interessadas em fazer negócios. O desenvolvimento do comércio fez surgir intermediários para localizar interessados e aproximar as partes. 
Trata-se de contrato acessório que visa concluir outro negócio principal,  assemelhando-se aos contratos anteriores por intervir em negócio alheio, circulando riquezas, estimulando vendas, trocas e locações.  
Além de acessória, a corretagem é bilateral, onerosa, consensual (pode ser verbal) e aleatória (depende de haver conclusão do negócio principal). 
O corretor deve agir com zelo (ex: corretor de quadros 
deve entender de arte, 723) e só terá direito à remuneração/comissão se a corretagem tiver resultado útil e o negócio principal for concluído (725). 
Qual o valor da comissão? É aquele que foi convencionado pelas partes, ou segundo o determinar a lei, ou pelos costumes locais (art. 724). 
Em princípio, quem paga a comissão é quem procura os serviços do corretor, mas a praxe, nos contratos de venda, é a comissão ficar a cargo do vendedor.
Mas nada impede que as partes convencionem diferentemente.
O corretor faz jus à comissão ou corretagem a partir do momento em que se considere concluído o negócio, mediante o aperfeiçoamento da vontade das partes expressa no contrato.
Se as partes se arrependerem depois, mesmo assim a comissão é devida (art. 725). Mas o STJ já tem entendido diferente, eis que em alguns acórdãos decidiu que a desistência posterior torna indevida a comissão.
Admite-se corretor de casamentos para aproximar noivos? Não, pois casamento não é contrato, casamento é a proteção que a lei dá à família, e a família é a base da sociedade. Além disso, contrato é feito com fins de lucro e interesse patrimonial, já casamento deve ser feito por amor! 
Além do Código Civil, existem leis especiais regulando a corretagem (729), como a de imóveis (lei 6.530/78), e de seguros (lei 4.594/64).
 
TRANSPORTE – Conceito: contrato pelo qual uma pessoa, geralmente uma empresa, se obriga a transportar pessoas ou coisas, de um lugar para outro, mediante pagamento de um preço (730). 
Os primeiros contratos de transporte eram marítimos. Hoje em dia navios, aviões, trens e caminhões transportam coisas, animais e pessoas em todo o mundo, incrementando os negócios e o turismo (732). 
Transporte é serviço essencial realizado por particulares, mas fiscalizado pelo Estado.
O contrato de transporte se compõe de três elementos: o transportador, o passageiro e a transladação.
O passageiro pode ser quem adquiriu a passagem ou quem a recebeu deste.
A transladação é o ato de transferência ou remoção de pessoa ou coisa de um lugar para outro, ainda que não se percorra uma distância geográfica (ex.: transporte dentro da própria casa, dentro do próprio prédio, de um andar para o outro, do térreo para a cobertura, etc. Em todos estes casos houve transladação).
Para configurar o contrato de transporte não basta efetuar o deslocamento de pessoas e coisas de um lugar para outro, pois há outros contratos que implicam igualmente tal deslocamento (ex.: o fabricante vende mercadorias para serem entregues em outra praça). É necessário que o objeto do contrato seja o TRANSPORTE, em si.
O transporte é de pessoas e coisas e pode ser terrestre, aéreo, marítimo, fluvial ou lacustre.
Ocorre o transporte cumulativo quando vários transportadores efetuam, sucessivamente, o deslocamento contratado. Cada transportador responde pelos danos relativos apenas ao seu respectivo percurso (Art. 733).
TRANSPORTE DE PESSOAS - “Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade.”
O transporte da bagagem é acessório do contrato de transporte de pessoas.
É lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite da indenização (pú do art. 734).
“Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.”
“Art. 736. Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito gratuitamente, por amizade ou cortesia.”
“Art. 737. O transportador está sujeito aos horários e itinerários previstos, sob pena de responder por perdas e danos, salvo motivo de força maior.”
O art. 738 determinaque o passageiro é proibido de praticar quaisquer atos que causem incômodo ou prejuízo aos demais passageiros, ou que danifiquem o veículo, ou que dificultem ou impeçam a execução normal do serviço.
“Art. 739. O transportador não pode recusar passageiros, salvo os casos previstos nos regulamentos, ou se as condições de higiene ou de saúde do interessado o justificarem.”
De acordo com o art. 740, o passageiro tem direito a rescindir o contrato de transporte antes de iniciada a viagem, mediante a restituição do valor da passagem, desde que o faça a tempo de permitir ao transportador renegociar a passagem.
Mas não terá direito ao reembolso do valor da passagem o usuário que deixar de embarcar, exceto se provar que outra pessoa foi transportada em seu lugar (art. 740, § 2º).
Em todas as hipóteses, porém, do art. 740, o transportador tem o direito de reter até 5% do valor a ser restituído, a título de multa compensatória.
Se a viagem for interrompida por motivo alheio à vontade do transportador, fica ele obrigado a concluir o transporte em outro veículo da mesma categoria, ou por modalidade diferente (sob anuência do passageiro), arcando o transportador com as despesas de estada e alimentação do usuário durante a espera do novo transporte (Art. 741).
Uma vez executado o transporte, se o passageiro deixar de pagar, o transportador tem o direito de retenção da bagagem e outros objetos pessoais do passageiro inadimplente (art. 742).
TRANSPORTE DE COISAS – “Art. 743. A coisa, entregue ao transportador, deve estar caracterizada pela sua natureza, valor, peso e quantidade, e o mais que for necessário para que não se confunda com outras, devendo o destinatário ser indicado ao menos pelo nome e endereço.”
Ao receber a coisa, o transportador emitirá conhecimento com a menção dos dados que a identifiquem (Art. 744).
“Art. 746. O transportador pode recusar a coisa cuja embalagem seja inadequada, bem como a que possa pôr em risco a saúde das pessoas, ou danificar o veículo e outros bens.”
O transportador é obrigado a recusar a coisa cujo transporte ou comercialização sejam ilícitos, ou que venha desacompanhada dos documentos exigidos por lei ou regulamento (Art. 747).
“Art. 748. Até a entrega da coisa, pode o remetente desistir do transporte e pedi-la de volta, ou ordenar seja entregue a outro destinatário, pagando, em ambos os casos, os acréscimos de despesa decorrentes da contraordem, mais as perdas e danos que houver.”
De acordo com o Art. 750, a responsabilidade do transportador começa no momento em que ele (ou seus prepostos) recebe a coisa, e termina quando a mesma é entregue ao destinatário, ou depositada em juízo, se ele não for encontrado.
O destinatário da mercadoria deve conferi-la ao recebê-la, apresentando no mesmo ato as reclamações que tiver, sob pena de decadência (Art. 754). Mas se a avaria não for perceptível à primeira vista ou se a perda for parcial, o destinatário conserva sua ação contra o transportador, desde que o notifique no prazo de até 10 dias.
 
SEGURO – Contrato de SEGURO é aquele pelo qual o segurador, mediante o recebimento de um “prêmio”, assume perante o segurado a obrigação de pagamento de uma prestação, relativa a pessoa ou coisa, contra riscos predeterminados (Art. 757).
A APÓLICE é, em regra, o instrumento do contrato de seguro
O objeto do contrato de seguro é o risco.
A indenização não pode ultrapassar o valor do bem segurado no momento do sinistro, e nunca poderá ultrapassar o limite máximo fixado na apólice (Art. 781).
O que caracteriza o contrato de seguro é a transferência de riscos.
Ao pagar a indenização, a seguradora se sub-roga nos direitos e ações que competirem ao segurado contra o autor do dano, nos limites do valor pago (Art. 786).
Mas se o autor do dano foi o cônjuge do segurado, seus descendentes ou ascendentes, consanguíneos ou afins, não cabe tal sub-rogação, exceto em caso de dolo (§ 1º).
A seguradora não é obrigada a arcar a pagar a cobertura dos danos cujo sinistro tenha sido provocado por vício intrínseco da coisa segurada, não declarado pelo segurado (Art. 784). Vício intrínseco é o defeito da coisa segurada, que não se encontra normalmente em outras da mesma espécie.
É lícito o seguro de responsabilidade civil, no qual a seguradora garante o pagamento de perdas e danos devidos pelo segurado a terceiro (Art. 787).
Já o seguro de pessoa tem por fim beneficiar a vida e as faculdades humanas, não possuindo limitação de valor (como ocorre nos seguros em favor de coisas), pois o valor de tal cobertura depende da vontade do segurado e de suas condições financeiras.
No seguro de vida o estipulante pode escolher livremente os beneficiários, podendo inclusive indicar depois o nome do(s) beneficiário(s).
Se ele morrer antes de indicar o nome do(s) beneficiário(s), a lei estabelece que o seguro será “pago por metade ao cônjuge não separado judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da vocação hereditária” (Art. 792).
O segurado tem a obrigação de: pagar o prêmio; não agravar o risco; comunicar à seguradora todo incidente que possa agravar o risco coberto; comunicar imediatamente o sinistro à seguradora e tomar providências imediatas para minorar-lhe as consequências.
A principal obrigação da seguradora é pagar a cobertura, em caso de sinistro.
Se a seguradora se recusar injustamente a pagar a cobertura, o segurado pode ingressar com ação de cobrança de seguro, cujo prazo prescricional é de 01 ano (Art. 206, § 1º, II).
Já a prescrição do seguro obrigatório (DPVAT) é de 03 anos (Art. 206, § 3º, IX).
DA CONSTITUIÇÃO DE RENDA – contrato de constituição de renda é aquele pelo qual alguém transfere a outrem a propriedade de bens móveis e/ou imóveis, em troca do pagamento de uma renda periódica (mensal, trimestral, semestral etc), durante um certo tempo da vida, ou em período indeterminado.
O Art. 803 também prevê a possibilidade de alguém obrigar-se para com outra a uma prestação periódica, a título gratuito.
É um contrato solene, pois o Art. 807 exige que seja feito por escritura pública.
É contrato muito pouco utilizado no direito brasileiro.
DO JOGO E DA APOSTA – O JOGO e a APOSTA não são obrigações civis (nas quais o credor pode acionar judicialmente o devedor), mas sim obrigações naturais (o credor não pode acionar judicialmente o devedor), nos termos do Art. 814.
Mas o perdedor de dívida de JOGO ou APOSTA que pagar ao ganhador, não pode ingressar com Ação de Repetição de Indébito (Art. 882).
No JOGO o resultado decorre da participação dos contratantes (jogadores), onde o vencedor fará jus a uma certa soma, previamente estipulada.
Os jogos podem ser ilícitos (ou proibidos), onde o resultado depende exclusivamente da sorte (jogo do bicho, roleta, jogo de dados, bacará etc), ou lícitos, onde o resultado depende da habilidade, força ou inteligência de cada jogador (futebol, tênis, xadrez, bilhar, pôquer, truco, bridge etc).
Os jogos ilícitos são chamados JOGOS DE AZAR e são incriminados pela LCP e outras leis especiais.
Já a APOSTA é o contrato em que duas ou mais pessoas, cujos pontos de vista a respeito de determinado acontecimento incerto sejam divergentes, obrigam-se a pagar certa soma àquele cuja opinião for vencedora.
Assim, para os espectadores de uma luta de boxe, o contrato será de APOSTA, mas para os lutadores será de JOGO.
Mas o CÓDIGO CIVIL trata ambos os contratos da mesma maneira.
DA FIANÇA – Pelo contrato de FIANÇA, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra (Art. 818).
Existem várias espécies de CAUÇÕES (garantias de obrigações), algumas delas mediante a separação de um determinado bem móvel ou imóvel para garantir a obrigação, a que se dá o nome de GARANTIA REAL (penhor, hipoteca, anticrese etc), e outras mediante compromisso assumido por terceiro, para garantir a obrigação, a que se dá o nome de GARANTIAPESSOAL ou GARANTIA FIDEJUSSÓRIA (aval, fiança etc).
O AVAL também se constitui em GARANTIA PESSOAL (ou FIDEJUSSÓRIA), mas não se confunde com a FIANÇA, pois o AVAL só pode ser dado em títulos de crédito (cheque, nota promissória, duplicata, letra de câmbio etc) e gera responsabilidade sempre solidária do AVALISTA.
Já a FIANÇA pode ser dada em qualquer tipo de obrigação e gera responsabilidade solidária ou não do FIADOR.
A FIANÇA tem caráter acessório (porque depende do contrato principal) e subsidiário (porque tem sua execução subordinada ao não cumprimento da obrigação pelo devedor principal).
Ou seja, a FIANÇA é sempre uma modalidade contratual de natureza acessória, porque só existe como garantia da obrigação de outrem (sendo muito usual em locações, contratos bancários etc).
A FIANÇA é contrato unilateral, porque gera obrigações unicamente para o FIADOR.
A FIANÇA só existe de forma escrita (seja por instrumento público ou particular, seja no próprio corpo do contrato principal ou em separado).
Sendo contrato benéfico, a FIANÇA não admite interpretação extensiva (não se pode ampliar as obrigações do FIADOR).
A FIANÇA pode ser CONVENCIONAL (acordo de vontades), LEGAL (imposta pela lei, a ex. do Art. 1400) ou JUDICIAL (imposta pelo juiz (a ex. dos Arts. 925, 940 etc).
Um cônjuge não pode prestar fiança sem o consentimento do outro, exceto no regime da separação absoluta de bens, sob pena de tornar o ato ANULÁVEL (em ação a ser proposta unicamente pelo cônjuge que não autorizou a FIANÇA ou seus herdeiros, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal).
“A anulação de fiança prestada sem outorga uxória (sem autorização de um dos cônjuges) implica a ineficácia total da garantia”. (Súmula 332 do STJ).
Segundo SÍLVIO VENOSA, quando o outro cônjuge autoriza a FIANÇA, ele não se torna FIADOR, apenas o outro é o FIADOR (ou seja, somente os bens deste é que podem ser constrangidos).
Mas os dois cônjuges podem também ser FIADORES em conjunto, hipótese em que os bens de ambos podem ser constrangidos, caso o devedor principal não pague a dívida.
O FIADOR, ao conceder a FIANÇA, assume a obrigação de pagar a dívida do devedor, se este não o fizer no tempo e na forma devidos. Tal obrigação se transmite aos seus herdeiros.
Destaca-se, nas relações entre o CREDOR e o FIADOR, o BENEFÍCIO DE ORDEM (ou DE EXCUSSÃO), pois o fiador, quando demandado, pode até a fase da contestação indicar bens do devedor, livres e desembaraçados, para saldar o débito, a fim de evitar a excussão de seus próprios bens.
Mas o BENEFÍCIO DE ORDEM não pode ser invocado se o FIADOR renunciou a ele expressamente; se se obrigou como principal pagador ou devedor solidário; se o devedor for insolvente ou falido.
TRANSAÇÃO – Diferentemente da linguagem comum, onde transação designa todo e qualquer tipo de negócio (ex.: transação bancária, transação comercial etc), no sentido técnico-jurídico TRANSAÇÃO constitui um negócio jurídico bilateral, pelo qual as partes previnem um litígio ou põem fim a uma demanda, mediante concessões mútuas.
TRANSAÇÃO, portanto, é instituto de Direito material, ao contrário da CONCILIAÇÃO, que é instituto de Direito processual.
Quando a TRANSAÇÃO evita a instauração de um litígio, ela é chamada TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL e é realizada por Escritura Pública (se for relativa a imóveis) ou por instrumento particular (se for relativa a móveis). 
Quando ela põe fim a um litígio que já existe, chama-se TRANSAÇÃO JUDICIAL e é realizada ou por Escritura Pública (sejam bens imóveis ou móveis) ou por termo nos autos assinado pelas partes e homologado pelo juiz (sejam bens móveis ou imóveis).
A intervenção do MP é necessária sempre que envolver interesses de incapazes ou de idosos (Art. 82 do CPC), sob pena de nulidade.
A TRANSAÇÃO é indivisível, por isto se for nula qualquer uma de suas cláusulas, nula será toda a transação (Art. 848).
A TRANSAÇÃO é interpretada restritivamente (pois nela há renúncia de direitos), não comportando interpretação extensiva. Assim, na dúvida se o imóvel “X” fez parte ou não da TRANSAÇÃO, fica ele excluído da mesma.
Só cabe a TRANSAÇÃO no tocante a direitos patrimoniais de caráter privado (Art. 841). Assim, não há transação acerca dos direitos de personalidade (direito à vida, à honra, à liberdade, direito a alimentos etc), nas ações de estado (filiação, estado civil etc) e em outras assemelhadas.
E o Art. 846 esclarece que “a transação concernente a obrigações resultantes de delito não extingue a ação penal pública”. Ou seja, morre a ação cível, mas a penal pública continua a tramitar.
DO COMPROMISSO E DA ARBITRAGEM – Ao celebrarem qualquer contrato que tenha por objeto direitos patrimoniais disponíveis, podem as partes estipular, preventivamente, que eventual dúvida ou conflito de interesses que venha a surgir durante a sua execução, seja submetida à decisão do juízo arbitral.
Tal deliberação é denominada CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA e é simultânea à formação da obrigação (nasce junto com o contrato principal, do qual é parte acessória).
O art. 4º da LEI DA ARBITRAGEM (Lei 9.307/96) estabelece que “A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato”.
A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato, de maneira que a nulidade deste não implica a nulidade da cláusula compromissória (Art. 8º da Lei 9.307/96).
Mas, mesmo que as partes não tenham celebrado em contrato a cláusula compromissória, elas podem mesmo assim recorrer à arbitragem, na hipótese de litigarem ou estarem na iminência de fazê-lo.
Pelo compromisso arbitral os juízes togados são afastados, confiando-se a prestação jurisdicional a juízes particulares, escolhidos de comum acordo pelas próprias partes. Trata-se de uma espécie de privatização da justiça e apresenta a vantagem da rapidez, sendo muito utilizada na Europa, em países como França e Reino Unido.
Se as partes pactuaram compromisso arbitral e, ao depois, uma delas se recusa ao mesmo, a outra pode ingressar com ação judicial destinada a obriga-lo ao cumprimento do que foi combinado.
O Poder Judiciário pode ser acionado, também, para anular ou declarar a nulidade da sentença arbitral (art. 33, § 3º, da LA), ou para outras hipóteses que uma das partes entenda ser caso de apreciação do Judiciário.
Tudo isto em atenção ao princípio constitucional da INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO (Art. 5º, XXXV, da CF/88).
De qualquer forma, a sentença arbitral só pode ser executada perante o Poder Judiciário.
A qualquer tempo, durante a vigência de um contrato, podem as partes renunciar à justiça comum e atribuir a árbitros a solução, mesmo que já tenha sido ajuizada a ação.
Existindo cláusula compromissória e não havendo acordo sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte interessada notificará ou interpelará a outra por escrito (mediante comprovação de recebimento da correspondência) acerca da sua intenção de dar início à arbitragem, convocando-a para firmar o COMPROMISSO ARBITRAL (art. 6º da LA).
Se o outro lado não comparecer ou, comparecendo, recusar-se a firmar o COMPROMISSO ARBITRAL, a parte interpelante poderá propor a ação judicial destinada a obrigar o outro lado à arbitragem. O juiz tentará a conciliação, mas não obtendo-a decidirá o caso, valendo sua sentença como COMPROMISSO ARBITRAL, podendo inclusive o juiz nomear o árbitro para a solução do impasse.
O compromisso pode ser JUDICIAL (quando já existe ação judicial, sendo celebrado no próprio processo, por termo nos autos) ou EXTRAJUDICIAL (quando ainda não existe demanda judicial, podendo ser celebrado por escritura pública ou instrumento particular assinado pelas partes e por duas testemunhas). 
Os requisitos legais do COMPROMISSO ARBITRAL constam do art. 10 da LA.
Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz, que tenha a confiança das partes, desde que não seja analfabetae nem incapaz. É muito comum a nomeação de juízes aposentados como árbitros. As partes nomearão um ou mais árbitros (sempre em número ímpar).
A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes ou no prazo de até seis meses, contado da instituição da arbitragem. Produz entre as partes os mesmos efeitos da sentença judicial.
O art. 32 da LA elenca os casos de nulidade da sentença arbitral. Mas, exceto nas hipóteses de nulidade, a sentença arbitral não fica sujeita a recurso e nem à homologação do Poder Judiciário.
RESPONSABILIDADE CIVIL – Pode-se afirmar que responsabilidade exprime ideia de restauração de equilíbrio, de reparação de dano.
A Responsabilidade Civil não se confunde com a Responsabilidade Moral e a Religiosa, pois estas atuam no campo da consciência individual, ao passo que aquela atua no campo jurídico, sempre que alguém ocasiona prejuízo a outrem.
Os fundamentos legais da RESPONSABILIDADE CIVIL no Código Civil se assentam, sobretudo, nos seguintes artigos:
“Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
“Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
FATO JURÍDICO é todo acontecimento da vida que o ordenamento jurídico considera relevante no campo do Direito. Os que não têm repercussão no mundo jurídico são apenas FATOS e não interessam ao Direito.
Os FATOS JURÍDICOS podem ser NATURAIS (que se subdividem em ORDINÁRIOS, tais como o nascimento, morte, maioridade etc, e EXTRAORDINÁRIOS, tais como terremoto, raio, tempestade e outros casos fortuitos e de força maior) ou HUMANOS.
Os HUMANOS são chamados ATOS JURÍDICOS e podem ser LÍCITOS (praticados ao abrigo da lei) e ILÍCITOS (praticados com infração ao dever legal de não violar direito e não lesar a outrem).
O ATO ILÍCITO é, portanto, fonte de obrigação: a de indenizar ou ressarcir o prejuízo causado.
O Art. 928 estabelece que “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.” E o Parágrafo único acrescenta: “A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.” 
Na RESPONSABILIDADE CIVIL, ao contrário da RESPONSABILIDADE PENAL, mesmo a culpa levíssima já obriga a indenizar.
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL – Uma pessoa causa prejuízo à outra por descumprir uma obrigação contratual.
No CONTRATO DE TRANSPORTE, por exemplo, a transportadora assume a obrigação de conduzir o passageiro ao seu destino, são e salvo. Se no trajeto ocorre um acidente e o passageiro fica ferido, dá-se o inadimplemento contratual, acarretando a responsabilidade de indenizar as perdas e danos (Art. 389).
Ou no CONTRATO DE COMODATO, quando o comodatário não devolve a coisa emprestada porque, por sua culpa, ela pereceu.
Ou o ator que não comparece para dar o espetáculo contratado (CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS). Etc.
Para configurar esta responsabilidade basta o inadimplemento contratual.
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL – Uma pessoa causa prejuízo à outra por descumprir um dever legal. São as hipóteses dos Arts. 186 e 927, já acima transcritos.
Para configurar esta responsabilidade devem estar presentes:
O ATO ILÍCITO (por ação ou omissão do agente); 
O DANO (MORAL ou MATERIAL – este compreendendo os DANOS EMERGENTES ou IMEDIATOS e os LUCROS CESSANTES ou MEDIATOS); 
O DOLO (ciência do agente de estar praticando um ato ilícito) ou a CULPA (sempre que for previsível o dano decorrente da negligência, imprudência ou imperícia do agente);
O NEXO CAUSAL (a relação de causa e efeito entre o ato ilícito e o dano). 
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA – Diz-se SUBEJTIVA a responsabilidade quando a prova da culpa (ou dolo) do agente passa a ser imprescindível para se obter o direito à indenização. É o que ocorre na semi-totalidade dos casos de culpa extracontratual, ou seja, é a regra (Art. 186).
RESPONSABILIDADE OBJETIVA – É aquela que independe de culpa (ou dolo) do agente. Ela pode ou não existir, mas será sempre irrelevante para configurar o dever de indenizar. Basta que haja o nexo causal entre o ato e o dano.
Há previsão legal de RESPONSABILIDADE OBJETIVA na Lei de Acidentes de Trabalho; no Código Brasileiro de Aeronáutica; na Lei 6.453/77 (responsabilidade do operador de instalação nuclear); Decreto Legislativo 2.681/1912 (responsabilidade civil das estradas de ferro); Lei 6.938/1981 (danos ao meio ambiente); Lei 8.078/1990 (CDC); danos causados pela administração pública (Art. 37 da CF/88); etc.
DANO – Para AGOSTINHO ALVIM, o termo “dano, em sentido amplo, vem a ser a lesão de qualquer bem jurídico, e aí se inclui o dano moral”.
Enquanto o conceito clássico era o de que o DANO representava uma “diminuição do patrimônio”, o conceito moderno é bem mais abrangente, eis que a “lesão de qualquer bem jurídico” engloba o dano moral.
Para ENNECCERUS, dano é “toda desvantagem que experimentamos em nossos bens jurídicos (patrimônio, corpo, vida, saúde, honra, crédito, bem-estar, capacidade de aquisição etc.)” 
O DANO PATRIMONIAL envolve aquilo que efetivamente se perdeu (DANO EMERGENTE) e aquilo que razoavelmente se deixou de lucrar (LUCRO CESSANTE), nos termos do Art. 402.
As principais espécies de danos são o MATERIAL (patrimonial) e o MORAL (extrapatrimonial).
O DANO MATERIAL afeta somente o patrimônio do envolvido.
O DANO MORAL ofende apenas o ser humano, não lhe atingindo o patrimônio.
O direito de pleitear a indenização pelos danos sofridos compete em primeiro lugar à própria vítima. Mas, num acidente de automóvel, por exemplo, a vítima pode ter sido o proprietário, o comodatário, o arrendatário etc e o STF já decidiu que “Tem legítimo interesse para pleitear indenização a pessoa que detinha a posse do veículo sinistrado, independentemente de título de propriedade”.
Igual direito têm os herdeiros da vítima (Art. 943) e o cônjuge sobrevivente.
A pensão alimentícia devida à esposa e aos filhos incapazes do falecido em decorrência do dano, não se confunde com o benefício previdenciário por aqueles percebido. Ou seja, não pode o autor do dano pretender abater do valor da pensão pleiteada o valor do benefício previdenciário, pois se tratam de verbas de natureza jurídica totalmente distinta.
A jurisprudência tem admitido o abatimento (do valor da indenização) apenas dos valores recebidos a título de seguro obrigatório, desde que tenha constado da defesa pedido expresso neste sentido, tendo sido apreciado e acatado pelo juiz.
Os valores das indenizações fixados nas sentenças são corrigidos monetariamente pelo INPC, mais juros simples de 1% ao mês.
A doutrina e a jurisprudência são unânimes acerca do não cabimento da prisão civil do devedor de pensão alimentícia decorrente de dano, mas tão somente da pensão alimentícia decorrente do direito de família.
A Pessoa Jurídica pode sofrer dano moral (Súmula 227 do STJ), não aquele dano moral subjetivo, pois não possui capacidade afetiva, mas sim dano moral objetivo, tais como o seu conceito, seu bom nome, seu crédito, sua honestidade, sua reputação etc.
A Súmula 37 do STJ proclama que “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”.
O valor da indenização por danos materiais se restringe aos danos emergentes e lucros cessantes devidamente comprovados. Já o valor da indenização dos danos morais deve ser fixado por equidade pelo juiz, levando em consideração critérios tais como a capacidade econômica do ofensor, a situação econômica do ofendido, e as circunstâncias do caso concreto (repercussão do ato, intensidade do sofrimento imposto à vítima, etc).
A Súmula 490 do STF determina que “A pensão, correspondente à indenização oriunda da responsabilidade civil, deve ser calculada com base no salário mínimo vigenteao tempo da sentença e ajustar-se-á às variações ulteriores”, ou seja, o valor da pensão estará sempre atualizado monetariamente.
A liquidação das dívidas oriundas de responsabilidade civil norteia-se principalmente pelo critério do Art. 944: “A indenização mede-se pela extensão do dano”.
A regra é que a liquidação dos danos se dê por simples CÁLCULOS ARITMÉTICOS.
Mas casos há em que o juiz necessitará de nomear um perito (ou árbitro ou expert) com conhecimento técnico para fixar o valor da indenização. Diz-se, então, que a liquidação ocorreu, neste caso, POR ARBITRAMENTO (conforme previsto no CPC).
E, em outros casos, o juiz terá que determinar a liquidação POR ARTIGOS, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo para se chegar ao valor da condenação (Ex.: Na execução, no cível, de sentença penal condenatória do autor da morte do chefe de família, em que a esposa do de cujus terá que provar os ganhos mensais do falecido, para que o juiz fixe então o quantum da pensão mensal devida).
A pensão à viúva deverá ser paga enquanto ela não contrair nova união. E aos filhos menores, até atingirem a idade de 25 anos (exceto se casarem antes).
Na lesão corporal, o Art. 949 estipula que o ofensor indenizará o ofendido das despesas de tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença, além de outros eventuais prejuízos que a vítima possa ter sofrido.
E “Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.” (Art. 950).
EXCLUDENTES DE ILICITUDE – São situações em que o ato praticado deixa de ser ilícito (mas nem sempre liberam o agente do dever de indenizar).
A principal excludente de ilicitude é o ESTADO DE NECESSIDADE, prevista no Art. 188, II e Parágrafo Único, do CC, e que pode ser definido como um estado de fato em que seja absolutamente necessário deteriorar, lesionar ou destruir um bem juridicamente protegido, para salvar outro bem juridicamente protegido. 
O PLT dá o exemplo de um motorista que atira seu veículo contra um muro, derrubando-o, para não atropelar uma criança que inesperadamente surgiu-lhe à frente.
Embora o ato deixe de constituir ATO ILÍCITO, por configurar ESTADO DE NECESSIDADE, isto não isenta o agente do dever de indenizar (Art. 929), cabendo ação regressiva do agente contra o terceiro causador do dano (Art. 188, II).
Já quem pratica o ato danoso em LEGÍTIMA DEFESA (única forma de repelir uma agressão atual ou iminente, usando moderadamente dos meios de que dispõe) ou no EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO (ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL), não fica obrigado a reparar o dano. A exceção é no caso de aberratio ictus (quando terceiro é lesionado, por falha do exercente da legítima defesa ou do estrito cumprimento do dever legal), em que cabe ação indenizatória do lesionado contra o exercente e ação regressiva deste contra o agente.
Se o dano ocorreu por CULPA EXCLUSIVA DA PRÓPRIA VÍTIMA, desaparecerá a responsabilidade do agente.
E se houve CULPA CONCORRENTE (de ambos os lados), deverá ocorrer a partilha dos prejuízos, proporcionalmente à culpa de cada lado (Art. 945).
O CASO FORTUITO E DE FORÇA MAIOR (Art. 393), cuja principal característica é a inevitabilidade, tais como guerra, greve, motim, raio, terremoto, inundação etc, geralmente não obrigam à indenização dos danos, a exemplo de um raio que rompe um fio de energia elétrica e alguém é eletrocutado por tal fio. A empresa de energia elétrica não será responsabilizada, exceto se foi avisada e demorou em tomar providências.
Por derradeiro, a PRESCRIÇÃO e a DECADÊNCIA impedem a vítima de acionar judicialmente o agente, ficando este apenas com um dever moral de indenizar. 
DOS ATOS UNILATERAIS – Os atos unilaterais são também fontes das obrigações, tais como a PROMESSA DE RECOMPENSA; a GESTÃO DE NEGÓCIOS; o PAGAMENTO INDEVIDO; e o ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA.
Sobre a PROMESSA DE RECOMPENSA, assim dispõe o Art. 854: “Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido”.
São seus requisitos: a) publicidade; b) especificação da condição a ser preenchida ou o serviço a ser desempenhado; c) a indicação da recompensa ou gratificação. 
E, como todos os demais atos jurídicos, há que se obedecer aos requisitos obrigatórios de validade dos atos jurídicos (agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei).
Quem desempenhou o serviço ou preencheu a condição, pode exigir a recompensa (Art. 855).
Sobre a GESTÃO DE NEGÓCIOS, assim estatui o Art. 861: “Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar”.
São seus requisitos: a) tratar-se de negócio alheio; b) ausência de autorização do dono do negócio; c) atuação do gestor no interesse e vontade presumida do dono; d) limita-se a atos de natureza patrimonial, ou seja, negócios; e) intervenção motivada por necessidade ou utilidade.
O gestor do negócio deverá comunicar o mais rápido possível a gestão ao dono do negócio; agir com toda a sua diligência habitual, ressarcindo ao dono todo prejuízo decorrente de culpa na gestão; e não promover operações arriscadas (mesmo que o dono costumasse fazê-las) e nem preterir interesses do dono em proveito dos seus.
O dono do negócio, por sua vez, deve indenizar o gestor das despesas necessárias e dos prejuízos por ele sofridos, além de cumprir as obrigações contraídas em seu nome.
Sobre o PAGAMENTO INDEVIDO, vale a parêmia romana “Ninguém pode locupletar-se à custa alheia”. “Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir”.
Suas espécies são: a) o INDÉBITO OBJETIVO, quando o erro diz respeito à existência e extensão da obrigação, a exemplo de quando o solvens paga dívida inexistente, mas que supunha existir, ou débito que já existiu mas se encontra extinto, ou dívida pendente de condição suspensiva, ou paga mais do que realmente deve, ou entrega ao accipiens uma coisa no lugar de outra etc; e b) o INDÉBITO SUBJETIVO, quando a dívida realmente existe e o engano é relativo aos sujeitos da obrigação (quem paga sem ser o devedor, ou quem recebe sem ser o credor).
O Art. 880 estipula que “fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o como parte de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a pretensão ou abriu mão das garantias que asseguravam seu direito”. Ou seja, a pessoa pagou de boa-fé dívida verdadeira e depois descobre não ser ele o devedor, mas não poderá cobrar do verdadeiro devedor, pois destruiu o título ou deixou passar o prazo prescricional ou liberou as garantias de que dispunha.
O Art. 42 do CDC, Parágrafo Único, preceitua que “o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável”.
Sobre o ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA, o Art. 884 dispõe: “Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários”.
Na hipótese do pagamento indevido a ação judicial mais cabível em favor do lesado costuma ser a de REPETIÇÃO DE INDÉBITO, mas cabe também a ação de IN REM VERSO (provando: a) o enriquecimento do accipiens; b) o empobrecimento do solvens; c) o nexo de causalidade entre o enriquecimento de um e o empobrecimento de outro; d) a ausência de causa jurídica (contrato ou lei) que os justifique; e) inexistência de ação mais específica). 
Seu prazo prescricional é de 03 anos (Art. 206,§ 3º, IV).
Costuma ocorrer tal situação quando do pagamento indevido a homônimos, a gêmeos idênticos etc.

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