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GEOGRAFIA CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS TURMAS DE EXTENSIVO (2018.1) CURSINHO DO DCE/UFRN MÓDULO I FRENTE: GEOGRAFIA HUMANA Prezado (a) Estudante, O presente material foi escrito com base na matriz de referência utilizada atualmente no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A matriz de referência é um documento teórico específico a cada área do conhecimento, disponibilizado pelo Ministério da Educação, por meio do Intituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Bons estudos! CAPÍTULO 1 O ESPAÇO GEOGRÁFICO CONCEITOS GEOGRÁFICOS O Espaço Geográfico é o objeto de estudo da Geografia. Sua compreensão nos leva a associação com outros conceitos teóricos fundamentais da ciência geográfica, como é o caso dos conceitos de Paisagem, Lugar, Território e Região. O conhecimento geográfico permite o entendimento das mais diversas e intensas dinâmicas estabelecidas nas relações entre o homem e a natureza, e vice-versa. A produção e a reprodução do Espaço Geográfico são resultantes das relações entre os seres humanos e a natureza. O homem influencia a natureza, transformando-a, conforme o progresso técnico vigente ao longo da história, mas também é influenciado pela natureza através de sua intensa dinâmica. A Paisagem pode ser considerada tudo que é imediatamente perceptível dos elementos físicos e culturais integrantes do Espaço Geográfico; permite a compreensão da organização do espaço em um dado período histórico e exprime o passado e o presente das relações socioespaciais (homem/natureza). O Lugar pode ser concebido como o espaço criado pelas relações sociais, faz parte da vida cotidiana do indivíduo e pode proporcionar a sensação de identidade, pertencimento e até afetividade. O Território é o espaço que pode ser definido e determinado por relações de poder, as fronteiras são alguns dos seus maiores símbolos. No entanto, também é possível compreendê-lo como um domínio que os animais e as plantas têm sobre porções da superfície terrestre (conceito relacionado com as ciências naturais). Na geopolítica, o território é o espaço nacional ou a área controlada por um Estado-Nacional. De forma geral, é uma porção do espaço delimitado e usado por um grupo social ou indivíduo. A Região, de maneira geral, pode ser concebida com a fragmentação do espaço, originando subdivisões do mesmo. Assim, permitindo inter-relações entre si e dinâmicas singulares a cada porção estrita da superfície terrestre. OS MEIOS DE PRODUÇÃO DO ESPAÇO (1) O Meio Natural, de modo geral, é constituído pela Litosfera, pela Hidrosfera, Biosfera e pela Atmosfera. É ritmado pelo tempo da natureza e sua principal marca é a condição primitiva do homem, isso até a Revolução Industrial (Sec. XVIII), quando esse sujeito inicia o processo de transformação do espaço geográfico, criando técnicas mais sofisticadas e mecanizando-o. (2) O Meio Técnico pode ser caracterizado pelo surgimento e predomínio da indústria, a partir do século XVIII. É marcado pela presença dos meios de deslocamento, como as redes de transportes hidroviário, ferroviário, rodoviário e aeroviário. O tempo Natural é substituído pelo Social; o trabalho torna-se assalariado; a ciência é incorporada ao desenvolvimento da técnica e surge a tecnologia; os problemas ambientais se intensificam. A vida do homem se transforma através do uso e a aplicação da inteligência humana. (3) O Meio Técnico científico e Informacional caracteriza-se pelas inovações tecnológicas da indústria à agricultura após 1950, influenciando setores como o financeiro, da administração pública e privada, a indústria cultural, saúde e educação. Presença muito marcante das finanças, da transferência de capitais e informações através de redes de comunicação em âmbito global. Aqui, existe integração econômica, informativa, cultural, disseminação da pobreza e da miséria. A globalização é a cara geográfica do Meio Técnico científico e Informacional. EXERCÍCIOS. 01. (ENEM). No dia 1º de julho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se a primeira do mundo a receber o título da UNESCO de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural. A candidatura, apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi aprovada durante a 36ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial. O presidente do Iphan explicou que “a paisagem carioca é a imagem mais explícita do que podemos chamar de civilização brasileira, com sua originalidade, desafios, contradições e possibilidades”. A partir de agora, os locais da cidade valorizados com o título da UNESCO serão alvo de ações integradas visando a preservação da sua paisagem cultural. Disponível em: www.cultura.gov.br. Acesso em: 7 mar. 2013 (adaptado). O reconhecimento da paisagem em questão como patrimônio mundial deriva da: A) presença do corpo artístico local. B) imagem internacional da metrópole. C) herança de prédios da ex-capital do país. D) diversidade de culturas presente na cidade. E) relação sociedade-natureza de caráter singular. 02. (ENEM). De todas as transformações impostas pelo Meio Técnico Científico e Informacional à logística de transportes, interessa-nos mais de perto a intermodalidade. E por uma razão muito simples: o potencial que tal “ferramenta logística” ostenta permite que haja, de fato, um sistema de transportes condizentes com a escala geográfica do Brasil. A necessidade de modais de transporte interligados, no território brasileiro, justifica-se pela(s): A) Variações climáticas no território, associadas à interiorização da produção. B) Grandes distâncias e a busca da redução dos custos de transporte. C) Formação geológica do país, que impede o uso de um único modal. D) Proximidade entre a área de produção agrícola intensiva e os portos. E) Diminuição dos fluxos materiais em detrimento de fluxos imateriais. 03. (ENEM) Dubai é uma cidade-estado planejada para estarrecer os visitantes. São tamanhos e formatos grandiosos, em hotéis e centros comerciais reluzentes, numa colagem de estilos e atrações que parece testar diariamente os limites da arquitetura voltada para o lazer. O maior shopping do tórrido Oriente Médio abriga uma pista de esqui, a orla do Golfo Pérsico ganha milionárias ilhas artificiais, o centro financeiro anuncia para breve a torre mais alta do mundo (a Burj Dubai) e tem ainda o projeto de um campo de golfe coberto! Coberto e refrigerado, para usar com sol e chuva, inverno e verão. Disponível em: http://viagem.uol.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado). No texto, são descritas algumas características da paisagem de uma cidade do Oriente Médio. Essas características descritas são resultado do(a) A) criação de territórios políticos estratégicos. B) preocupação ambiental pautada em decisões governamentais. C) utilização de tecnologia para transformação do espaço. D) demanda advinda da extração local de combustíveis fósseis. E) emprego de recursos públicos na redução de desigualdades sociais. 04. (ENEM) Confidência do itabirano De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil; este São Benedito do velho santeiro Alfredo Durval; este couro de anta, estendido no sofá de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa. Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói. ANDRADE, C. D. Sentimento do mundo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012 (fragmento). O poeta pensa a região como lugar, pleno de afetos. A longa história da ocupação de Minas Gerais, iniciada com a mineração, deixou marcas que se atualizam em Itabira, pequena cidade onde nasceu o poeta. Nesse sentido a evocaçãopoética indica o(a) A) pujança da natureza resistindo à ação humana. B) sentido de continuidade do progresso. C) cidade como imagem positiva da identidade mineira. D) percepção da cidade como paisagem da memória. E) valorização do processo de ocupação da região. CAPÍTULO 2 O CAPITALISMO E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL O CAPITALISMO O Capitalismo é um sistema econômico e social que emerge a partir do declínio do Feudalismo. Expande-se no mundo ocidental a partir do século XVI. Caracteriza-se pelo grande dinamismo, demonstrado através de suas quatro fases (Comercial, Industrial, Financeira ou Monopolista e Informacional). FASES DO SISTEMA CAPITALISTA 1ª FASE: O CAPITALISMO COMERCIAL OU MERCANTIL (SÉCULO XV – XVIII) Iniciou-se com a expansão marítima das potências da Europa Ocidental (Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Países Baixos), onde esses países buscavam novas rotas comerciais, principalmente para as Índias. Foi nesse período que aconteceu a “descoberta” da América e deu início a escravização e o genocídio dos negros africanos e indígenas. O Comércio era uma importante atividade econômica, principalmente com a ascensão da burguesia, enquanto classe social. O acúmulo de capitais ocorria principalmente através do comércio. A economia se desenvolvia por meio da Doutrina Mercantilista (intervenção do estado na economia). A riqueza e o poder eram expressos através da quantidade de metais preciosos possuídos (Metalismo), e a acumulação de capitais nas mãos da burguesia era resultado do comércio lucrativo e da intensa exploração colonial. A burguesia apoiou e financiou o Absolutismo, ou seja, o poder centralizado nas mãos dos reis, que integravam o território através de estradas, por meio da criação de uma unidade monetária (tudo o que a burguesia precisava). Surgiu, assim, Estado – Nação ou Estado Nacional. 2ª FASE: O CAPITALISMO INDUSTRIAL - A 1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1750 – 1870) Essa fase do capitalismo caracterizou-se pelo grande potencial de transformação da natureza, a partir da utilização de máquinas movidas pela queima de carvão mineral, assim, contribuiu para o aumento da produção e do lucro de diversos países. Entre os Séculos XVIII e XIX ocorre a expansão das redes de transporte terrestre (trem a vapor) e marítimo (barco a vapor), isso se traduz na facilidade da circulação de pessoas, de matéria prima e mercadorias. O comércio deu lugar a produção de mercadorias e a escravidão entrou em decadência, em detrimento da necessidade de se ter um mercado consumidor, quando surgiu o trabalho assalariado. A 1ª Revolução Industrial introduziu uma forma mais eficiente de se produzir mercadorias: maior quantidade em menor tempo e com menores custos. Isso foi possível devido ao agrupamento dos trabalhadores em fábricas (jornadas de trabalho acima de 16 horas por dia). A máquina a vapor foi utilizada a partir da energia proveniente da queima do carvão mineral, contrbuiu para a revolução dos transportes. Esse processo estimulou os primeiros surtos de urbanização na Europa Ocidental. Ao longo desse eríodo surgiu a divisão social do trabalho (distribuição de tarefas entre indivíduos ou agrupamentos sociais, de acordo com a posição que cada um deles ocupava na estrutura social e nas relações de propriedade). Assim, também surgiu a chamada 1ª Divisão Internacional do Trabalho (DIT), ou seja, a relação entre Países industriais que produziam e exportavam manufaturas com os Países ou Regiões fornecedoras de produtos agrícolas e minerais (que produziam e exportavam matérias-primas e alimentos). Havia ainda a relação entre metrópole e colônia. Surgiu o liberalismo econômico (idealizada pelo filósofo Adam Smith). A busca por novas fontes de matéria-prima e energia resultou na colonização africana (Neocolonialismo – Imperialismo Ocidental). Os liberais consideraram nociva a intervenção do Estado na distribuição das riquezas e defenderam a livre concorrência entre as empresas e os países. 3ª FASE: O CAPITALISMO FINANCEIRO OU MONOPOLISTA E A 2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1870 – 1945) Essa fase do Capitalismo ocorreu entre o Século XIX e a Primeira Metade do Século XX, caracterizou-se pela concentração e centralização de capitais. Esses fatos permitiram a elevação da concorrência e do crescimento acelerado de muitas empresas: indústrias, bancos, corretoras. Assim sendo, esse período foi marcado pela ocorrência de fusões, monopólios (exclusividade de um no controle da oferta) e oligopólios (grupo que controla a oferta); se introduziu novas tecnologias e fontes de energia no processo produtivo; avançou a siderurgia, a indústria mecânica; desenvolveu-se a indústria química e o setor Petroquímico; a eletricidade (contexto da Segunda Revolução Industrial) e o motor a combustão. Ocorreu a expansão europeia na África e na Ásia pela busca por matérias primas e mercados consumidores. A doutrina econômica que predominou foi o Keynesianismo (intervenção do estado na economia). A hidroeletricidade e o petróleo ampliaram a capacidade de geração de energia. As construções de grandes infraestruturas impulsionaram a distribuição de mercadorias, os transportes criaram novas possibilidades em relação à localização geográfica de alguns setores industriais. Além desses fatos, também ocorreu a concentração das atividades produtivas por um pequeno grupo de empresas. Muitas dessas empresas se estruturaram em trustes ou Cartéis. Um Truste pode ser considerado um grupo que tende a controlar todas as etapas do processo produtivo. Um Cartel é um acordo entre empresas de um mesmo segmento econômico para eliminar/diminuir a concorrência e evitar a queda dos preços no mercado. No século XIX surgiram outras nações neoimperialistas industrializadas (Alemanha, Itália, França, Japão e EUA) que disputaram mercados com a Inglaterra. TECNOLOGIAS DO PROCESSO PRODUTIVO – TAYLORISMO E FORDISMO O Taylorismo foi considerado um paradígma ideológico que não conseguiu colocar em prática suas intenções, porém, permitiu a sustentação produtiva do Fordismo. Assim, destaca-se a difusão de um novo paradigma técnico-econômico, centrado na produção em massa de bens industriais padronizados (bens de consumo e de produção: eletrodomésticos, carros, navios, equipamentos de transporte, borracha, aço, produtos petroquímicos, etc.). Desta forma, o Fordismo passou a difundir a ideia de que a produção de massa significava consumo de massa, um novo sistema de reprodução da força de trabalho, uma nova política de controle e gerência do trabalho, um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada, modernista e populista. Em 1929 explodiu a chamada grande Crise do Capitalismo, ocasinada pela quebra da bolsa de valores dos Estados Unidos em virtude da superprodução fordista. Esses fatos contribuíram para a intervenção do Estado na economia, a fim de superar a crise. Entre os anos de 1945 e 1973 vigorou plenamente o regime de acumulação fordista com base no modelo. Nos anos de 1945 a 1973, noos países desenvolvidos se destaca: - Crescimento econômico estável; - Melhoria do padrão de vida; - Crises contidas; - Implantação do Estado Keynesiano; - Expansão do capitalismo às nações descolonizadas; - Emergência de grandes conflitos sociais (movimento de direitos civis, feminismo, racial contracultura). FATORES QUE DERAM SUSTENTAÇÃO AO MODELO FORDISTA: 1. Força de trabalho: demanda em rápida ascensão; 2. Reconstrução de economias do pós-guerra pelo Estado; 3. Expansão do sistema de transportes e comunicações; 4. Urbanização: aumento do consumo de bens industrializados; 5. Economias avançadas: absorvia matérias-primas dos países subdesenvolvidos e vendia produtosindustrializados aos mesmos; 6. Proliferação das multinacionais. O TRABALHO - Organizou-se em grandes sindicatos; - Acordos no sentido de colaborar com a administração para o aumento de produtividade em troca de ganhos salariais; - Trabalho fragmentado, repetitivo e especializado; - Separação entre elaboração e execução. A EMPRESA - Administração científica de todas as facetas da atividade corporativa: maior racionalidade; - Combate ao desperdício na produção: aumento do ritmo de trabalho; - Produção em escala; - Constituição de grandes empresas. O ESTADO Assume várias funções: - Faz investimentos públicos vitais para crescimento da produção e consumo em massa (transportes, equipamentos públicos, etc.). Garantia de pleno emprego. - Proporciona salários indiretos: seguridade social, assistência médica, educação, habitação, etc. - Exerce influência sobre os acordos salariais e os direitos dos trabalhadores na produção. FORDISMO PERIFÉRICO – PÓS 1930 Modelo de industrialização dos países subdesenvolvidos. Nesse sentido, o estado de bem estar não se implantou totalmente: consumo restrito às camadas médias urbanas (classe média). No contexto da Geopolítica mundial (pós-segunda guerra) os Estados Unidos emergem como grande potência. 4ª FASE: O CAPITALISMO INFORMACIONAL E A 3ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL OU REVOLUÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA INFORMACIONAL (PÓS – 1945) Essa fase do Sistema Capitalista iniciou-se no contexto da Terceira Revolução Industrial, a “Era da Informação” é sua principal marca (Pós – 2ª Guerra Mundial, principalmente a partir de 1970). O capital é movido e acumulado pela força da informação e da modernidade. Desde 1945 disseminaram-se empresas, instituições e tecnologias (androides, robôs, computadores, satélites, aviões ultramodernos, cabos de fibras óticas, tabletes e celulares digitais, a internet!). Esses fatos contribuíram ao aumento da produtividade econômica, acelerou os fluxos de informações, capitais, pessoas e mercadorias. O Conhecimento é a base para o progresso técnico e científico vivenciado na atualidade. A Globalização é a marca desta fase do capitalismo, e o Neoliberalismo dita as regras desse acirrado espaço geográfico globalizado. Num primeiro momento (décadas de 1950 e 1960), o sistema de produção em massa (Fordismo), disseminado a partir da indústria automobilística, permanece como padrão em todo o mundo. Ao mesmo tempo, contudo, o processo de produção japonês - a chamada produção enxuta ou Toyotismo - ganha cada vez mais espaço. Com o objetivo de evitar os altos custos da produção em série e a inflexibilidade da produção em massa, os japoneses reuniram equipes de operários com várias habilidades para trabalharem ao lado de máquinas automatizadas e produziram enormes quantidades de bens, mas com variedade de escolha (Regime de Acumulação Flexível). O sistema de hierarquia gerencial e as chamadas linhas de produção são substituídos por equipes multiqualificadas que trabalham em conjunto, o que diminui significativamente o esforço humano e os custos. A tecnologia se refina, aprimora antigas invenções e cria novas ou estabelece conexões inusitadas entre os diferentes ramos da ciência. A informática passou a produzir computadores e softwares; surgiu a microeletrônica, os chips, transistores e inúmeros produtos eletrônicos, a robótica! As telecomunicações passaram utilizar os satélites artificiais, viabilizar transmissões de rádio e televisão em tempo real. A telefonia - fixa e móvel - conjugada à Internet transformou a comunicação em um processo instantâneo. A indústria aeroespacial fabricou satélites e levou homens e robôs a novas fronteiras no espaço. Medicamentos, plantas e animais passaram a ser transformados pela biotecnologia. Essas inovações foram introduzidas no processo produtivo, criaram-se máquinas capazes de realizar não apenas o serviço pesado, mas tarefas sutis e que exigiam cálculos complexos e de grande precisão. Computadores e robôs, unidos, passaram a extrair matérias-primas, manufaturam, distribuir o produto final e realizar serviços gerais. As novas tecnologias eliminaram, gradativamente, a necessidade de antigos materiais (como o papel, por exemplo), aceleraram a transmissão de informações e estimularam, em graus nunca antes vistos, o fluxo de atividades em cada nível da sociedade. A compressão do tempo passou e ainda continua a exigir respostas e decisões mais rápidas. O tempo e o conhecimento tornaram-se mercadorias. As empresas passaram a substituir a mão de obra humana por máquinas e computadores. Postos de trabalho são eliminados e, em diferentes ramos da economia, o trabalhador tradicional desapareceu. A GLOBALIZAÇÃO, AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E O MERCADO DE TRABALHO Os avanços tecnológicos recentes têm trazido fortes implicações no espaço geográfico. É possível atuar em diversos lugares sem estar presente fisicamente em nenhum deles: ou seja, o espaço, em certo sentido e em determinadas situações, também se transformou em uma categoria virtual. O desenvolvimento e o rápido progresso tecnológico têm ocasionado a diminuição do número de trabalhadores, isso devido a automação e a robotização, principalmente das indústrias. Gerou-se também uma nova gama de profissões ligadas ao processamento de informações, como é o caso das telecomunicações e da informática. Nesse contexto, fortaleceram-se outras atividades, como é o caso dos transportes e do comércio (circulação de mercadorias), do turismo, do setor financeiro etc. As correntes transformações tecnológicas têm características extremamente excludentes, pois marginalizam uma parte importante de população (mão-de- obra) e tornam o mercado de trabalho cada vez mais seletivo e competitivo. Neste novo quadro a indústria e a agricultura deixa de serem os principais setores da economia em diversos países do mundo. REGIME DE ACUMULAÇÃO FLEXIVEL Nesse contexto histórico da crise do regime de acumulação fordista (1965-1973) surge o chamado regime de Acumulação Flexível, também conhecido como Pós Fordismo ou Toyotismo. Dentre alguns dos fatores que fizeram emergir o Regime de acumulação flexível, destacam-se: rigidez dos investimentos, da produção em larga escala e de longo prazo em sistema de produção em massa, que dificultava e impedia a flexibilidade de planejamento; rigidez nos contratos de trabalho e dos compromissos de Estado. As atribuições do Estado se acumulavam paralelamente a diminuição da arrecadação fiscal para o gasto público. O Regime de Acumulação Flexível se apoia na flexibilização dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. O TRABALHO A flexibilidade/mobilidade permitiu aos empregadores maiores possibilidades de controle sobre a força de trabalho, cada vez mais enfraquecida. A acumulação flexível implicou: - Altos níveis de desemprego estrutural; - Destruição e reconstrução de habilidades – generalista; - Ganhos modestos de salários reais; - Retrocesso do poder sindical; - Regime e contrato de trabalho mais flexível; - Redução do emprego regular e crescente uso do trabalho de tempo parcial, temporário ou subcontratado; - Precarização das relações de trabalho e do emprego. A EMPRESA - Economia de escala é substituída pela de escala/escopo (variedade de bens/pequenos lotes); - Grande competitividade: busca pela inovação; - Novos processos produtivos: Círculo de Controle de Qualidade (CCQ) – Diminuição de defeitos; - Desenvolvimento da robótica – substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto; - ”Just in time”: melhor aproveitamento possível do tempo de produção; - “Kanban”: reposição mínima dos estoques; - Gestão participativa; - Processo concomitante:aumento das pequenas empresas (subcontratação) e das fusões, acentuando o tamanho das empresas. O CONSUMO - O tempo de vida do produto foi diminuído; - Efemeridade dos produtos; - Indução de novas necessidades (Exemplo: produção cultural, turismo ganha destaque). O ESTADO - Neoliberalismo: estado mínimo; - Regulador; - Guardião da macroeconomia; - Privatização; - Países subdesenvolvidos – diminuição da soberania. A NOVA DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO – A NOVA DIT A partir de 1970 alguns países subdesenvolvidos passaram a apresentar parques industriais relativamente diversificados e ampliaram as exportações de bens fabricados em suas indústrias; O que levou as grandes multinacionais a se instalarem no mundo subdesenvolvido? Doação de terrenos e incentivos fiscais, além da mão-de-obra barata, da legislação trabalhista mais favorável, um mercado consumidor em expansão, de leis ambientais menos rigorosas etc. A guerra dos lugares Países centrais concentram o capital financeiro, a produção de mercadorias industriais de alta tecnologia (informática e telecomunicações) e as sedes das multinacionais. OS SETORES ECONÔMICOS Setor Primário: relaciona-se com a produção através da exploração de recursos naturais. Destacam-se como exemplos de atividades econômicas do setor primário: agricultura, mineração, pesca, pecuária, extrativismo vegetal, caça etc. O setor primário é o que fornece a matéria-prima para a indústria de transformação. Este setor da economia é muito vulnerável, pois depende muito dos fenômenos da natureza como, por exemplo, do clima. A produção e exportação de matérias-primas não geram muita riqueza para os países com economias baseadas neste setor, pois estes produtos não possuem valor agregado como ocorre, por exemplo, com os produtos industrializados. Setor Secundário: transforma as matérias-primas (produzidas pelo setor primário) em produtos industrializados (roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados, eletrônicos, casas, etc). Como há conhecimentos tecnológicos agregados aos produtos do setor secundário, o lucro obtido na comercialização é significativo. Países com bom grau de desenvolvimento tecnológico possuem significativa base econômica concentrada no setor secundário. A exportação destes produtos também gera riquezas consideráveis para as indústrias destes países. Setor Terciário: relaciona-se aos serviços. São produtos não meteriais em que pessoas ou empresas prestam a terceiros para satisfazer determinadas necessidades. Como atividades econômicas deste setor, destacam-se: comércio, educação, saúde, telecomunicações, serviços de informática, seguros, transporte, serviços de limpeza, serviços de alimentação, turismo, serviços bancários e administrativos, transportes, etc. O Setor Terciário é marcante nos países de alto grau de desenvolvimento econômico. Quanto mais rica é uma região, maior é a presença de atividades do setor terciário. Com o processo de globalização, iniciado no século XX, o terciário foi o setor da economia que mais se desenvolveu no mundo. Ganham força os serviços e o comércio (somente a atividade turística gera cerca de 6% do PIB mundial). Nos países subdesenvolvidos ainda há uma parcela significativa de trabalhadores no setor primário. Nos países emergentes (como Brasil, México, Argentina e outros), a participação do terciário é decisiva. O PAPEL DO ESTADO: FUNÇÕES DO ESTADO CONTEMPORÂNEO - Funções Políticas: promove a paz social, gere a administração pública e aplica os recursos na satisfação das necessidades coletivas; - Funções Sociais: promove a melhoria das condições de vida e de bem-estar da população, desenvolvimento social; - Funções Econômicas: estabiliza a economia e garante o seu bom funcionamento; promove o crescimento e desenvolvimento econômico. Após a segunda 2ª Guerra Mundial, em alguns países desenvolvidos foi estabelecido um modelo de Estado, que entre outras atribuições, passou a ter a função de garantir saúde, educação, emprego e moradia aos cidadãos. Estado de Bem estar Social (Welfare State) É um tipo de organização política e econômica que coloca o Estado como agente da promoção (protetor e defensor) social e organizador da economia. Entre os seus objetivos dois são essenciais: a garantia do bom funcionamento do mercado, segundo o pensamento de Adam Smith, e a defesa dos direitos dos cidadãos na saúde, educação e alimentação. Uma das idéias fundamentais deste pensamento é a igualdade de oportunidades. INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO GEOGRÁFICO O que é uma indústria? Atividade econômica que surge na Inglaterra ao longo da 1ª Revolução Industrial, fins do século XVIII e início do XIX. Entre suas finalidades se destacam a transformação de matérias-primas em produtos comercializáveis. TIPOS DE INDÚSTRIA Indústrias extrativas: extração de recursos naturais de origens diversas, principalmente minerais. Indústrias de Transformação e Produção de bens a partir da transformação de matérias-primas; de acordo com o destino desse bem. Sendo assim, podem ser divididas em: Indústria de Base ou de Bens de Produção: produzem matérias-primas para outras indústrias, como alumínio (metalúrgica), aço (siderúrgica), derivados do petróleo (petroquímica). Indústrias de Bens de Capital: Produzem máquinas, peças e equipamentos para outras indústrias. Indústrias de Bens de Consumo: produzem mercadorias diretamente para o consumidor; podem ser duráveis e não duráveis. Indústrias da Construção Civil: construção de infraestruturas - edifícios, pontes, usinas para produção de energia etc. Indústrias da Construção Naval: construção de navios; Indústrias Aeronáuticas: construção de aviões. Indústria Bélica: construção de armas, tanques, navios e aviões de guerra. EXERCÍCIOS. 01. (ENEM). A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos- fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais a escravização do homem que seu poder. DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado). Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as características das cidades industriais da nova sociedade capitalista? A) A facilidade em se estabelecer relações lucrativas transformava as cidades em espaços privilegiados para a livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista. B) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do trabalho industrial. C) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das periferias até as fábricas. D) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do período, transformando as cidades em locais de experimentação estética e artística. E) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde e higiene. 02. (ENEM). Leia os textos abaixo para responder a questão. TEXTO I A Europa entrou em estado de exceção, personificado por obscuras forças econômicas sem rosto ou localização física conhecida que não prestam contas a ninguém e se espalham pelo globo por meio de milhões de transações diárias no ciberespaço. ROSSI, C. Nem fim do mundo nem mundo novo. Folha de São Paulo, 11 dez. 2011 (adaptado). TEXTO II Estamos imersos numa crise financeira como nuncatínhamos visto desde a Grande Depressão iniciada em 1929 nos Estados Unidos. Entrevista de George Soros. Disponível em: www.nybooks.com. Acesso em: 17 ago. 2011 (adaptado). A comparação entre os significados da atual crise econômica e do crash de 1929 oculta a principal diferença entre essas duas crises, pois: A) o crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento dos EUA na I Guerra Mundial e a atual crise é o resultado dos gastos militares desse país nas guerras do Afeganistão e Iraque. B) a crise de 1929 ocorreu devido a um quadro de superprodução industrial nos EUA e a atual crise resultou da especulação financeira e da expansão desmedida do crédito bancário. C) a crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos países europeus reconstruídos após a I Guerra e a atual crise se associa à emergência dos BRICS como novos concorrentes econômicos. D) o crash da bolsa de 1929 resultou do excesso de proteções ao setor produtivo estadunidense e a atual crise tem origem na internacionalização das empresas e no avanço da política de livre mercado. E) a crise de 1929 decorreu da política intervencionista norte-americana sobre o sistema de comércio mundial e a atual crise resultou do excesso de regulação do governo desse país sobre o sistema monetário. 03. (UFRN – Adaptada). Ao longo do tempo, a atividade industrial, para melhor cumprir sua finalidade de gerar lucros no âmbito do sistema capitalista, desenvolveu diferentes modos de organização do trabalho e da produção. No que se refere às formas de organização do trabalho implementadas no século XX, é correto afirmar: A) O fordismo tem uma estrutura de desenvolvimento de atividades que favorece a especialização do operário, beneficiado pela flexibilização dos contratos de trabalho e pelos investimentos na qualificação profissional. B) No taylorismo, há uma flexibilização do tempo dedicado a cada fase do trabalho, e o operário é estimulado a desenvolver habilidades criativas no processo de produção e de divisão das tarefas. C) O toyotismo apresenta um modelo flexível de produção, em que o operário é qualificado permanentemente, visando- se ao desempenho de funções diversificadas no processo de desenvolvimento do trabalho. D) No pós-fordismo, ocorre uma acentuada divisão do trabalho, o que propicia o desenvolvimento de tarefas especializadas e repetitivas, separando-se as atribuições dos dirigentes daquelas executadas pelos operários. E) Nenhuma. 04. (ENEM) Falava-se, antes, de autonomia da produção para significar que uma empresa, ao assegurar uma produção, buscava também manipular a opinião pela via da publicidade. Nesse caso, o fato gerador do consumo seria a produção. Mas, atualmente, as empresas hegemônicas produzem o consumidor antes mesmo de produzirem os produtos. Um dado essencial do entendimento do consumo é que a produção do consumidor, hoje, precede a produção dos bens e dos serviços. SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000 (adaptado). O tipo de relação entre produção e consumo discutido no texto pressupõe o(a) A) aumento do poder aquisitivo. B) estímulo à livre concorrência. C) criação de novas necessidades. D) formação de grandes estoques. E) implantação de linhas de montagem. 05. (ENEM) Estamos testemunhando o reverso da tendência histórica da assalariação do trabalho e socialização da produção, que foi característica predominante na era industrial. A nova organização social e econômica baseada nas tecnologias da informação visa à administração descentralizadora, ao trabalho individualizante e aos mercados personalizados. As novas tecnologias da informação possibilitam, ao mesmo tempo, a descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede interativa de comunicação em tempo real, seja entre continentes, seja entre os andares de um mesmo edifício. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006 (adaptado). No contexto descrito, as sociedades vivenciam mudanças constantes nas ferramentas de comunicação que afetam os processos produtivos nas empresas. Na esfera do trabalho, tais mudanças têm provocado: A) o aprofundamento dos vínculos dos operários com as linhas de montagem sob influência dos modelos orientais de gestão. B) o aumento das formas de teletrabalho como solução de larga escala para o problema do desemprego crônico. C) o avanço do trabalho flexível e da terceirização como respostas às demandas por inovação e com vistas à mobilidade dos investimentos. D) a autonomização crescente das máquinas e computadores em substituição ao trabalho dos especialistas técnicos e gestores. E) o fortalecimento do diálogo entre operários, gerentes, executivos e clientes com a garantia de harmonização das relações de trabalho. CAPÍTULO 3 – FORMAÇÃO ECONÔMICA E TERRITORIAL DO BRASIL O Tratado de Tordesilhas foi o 1° acordo firmado entre Portugal e Espanha, abrangia cerca de 2.800.000 Km² do trecho oriental da América do Sul. O Brasil atual, herdeiro da América Portuguesa, ocupa 8.514.876,5 Km², que corresponde a 47,3% da América do Sul (nesse continente, apenas o Chile e o Equador não fazem fronteiras com o Brasil). Nos primeiros anos da colonização, a expansão ocorreu basicamente nas terras litorâneas (comparação dos Portugueses a Caranguejos por só se locomover de lado). A economia era voltada ao mercado externo, com a produção de cana de açúcar e no interior a presença europeia se limitava à vila de São Paulo e foi dela que partiram os primeiros bandeirantes, que desde o século XVII deixaram para trás a linha de Tordesilhas. Nos Séculos XVII e XVIII várias expedições militares portuguesas instalaram fortificações no alto curso do Rio Amazonas. Os primeiros grupos de bandeirantes procuravam capturar índios e encontrar metais preciosos; os grupos de bandeirantes que surgiram posteriormente partiam para o interior em busca de “drogas do sertão” (especiarias tropicais que alcançavam altos preços na Europa: Cacau, Guaraná, Baunilha, Canela, Cravo, Castanha etc.). As fortificações erguidas pela Coroa Portuguesa tiveram um grande valor estratégico durante as negociações com a Espanha, que levou, em 1750, a assinatura do Tratado de Madri. A fundação da vila de São Vicente, no litoral paulista (1532), deu início a colonização por meio do Sistema de Sesmarias. Esse sistema obrigava os proprietários a cultivar as terras ou cedê-las para usufruto dos camponeses. No território colonial, os sesmeiros eram homens da pequena nobreza, militares ou navegantes que possuíam capitais e deviam tornar a terra produtiva. Entre 1534 e 1536 foi instalado o sistema político e administrativo das Capitanias hereditárias, o território foi dividido em lotes (capitanias), a quem tivesse capitais para colonizá-los. (Capitães-donatários). Com a independência do Brasil (1822), as capitanias se transformaram em províncias. Desde a proclamação da República (1889), as províncias foram transformadas em estados. A Constituição da República de 1891 organizou o país em um Estado Federal. A “corrida da borracha” provocou o avanço do povoamento na região norte, chegando até as terras bolivianas por seringueiros brasileiros. O Tratado de Petrópolis (1903) proporcionou um acordo na anexação do Acre, porém, o Brasil precisava pagar uma soma de dinheiro a Bolívia e construir a Ferrovia Madeira- Mamoré. Esses fatos fizeram do Brasil o 5° Maior país do mundo em dimensões territoriais. Os estados se tornaram unidades da Federação autônomas, e atualmente o Brasil é denominado de “República Federativa do Brasil” (formado por 26 estados e 1 Distrito Federal) e (em 2013 existiam 5.570 municípios). Mesmo após todasessas mudanças territoriais, o Brasil continua com projetos de criação de estados, municípios e territórios federais que se aprovados, irão mudar mais uma vez o contorno territorial do Brasil. FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL A ECONOMIA AGROEXPORTADORA E A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO O Pau-brasil foi a primeira atividade econômica do Brasil Colonial (Tintura vermelha para tingimento de tecidos). Nos séculos XVI e XVII se iniciou os grandes empreendimentos agrícolas: os latifúndios de Plantations de monocultura. A primeira monocultura introduzida no Brasil foi a Cana de Açúcar, para produção de açúcar nos engenhos, caracterizando um Modelo Agroexportador. Outras atividades econômicas também surgiram nesse período, como são os casos da criação de gado, das lavouras de algodão e de fumo no sertão e das culturas de subsistência. Destaca-se nesse período (Séc. XVII) a aliança entre os portugueses e os holandeses, principalmente para obtenção de capitais e tecnologia para produção e comercialização do açúcar. Além das atividades já mencionadas, também é importante destacar-se com muita ênfase a Mineração (Século XVIII, nas regiões das Minas Gerais e de Goiás). O Cultivo de Café surge em meados do Século XIX, no sudeste do território brasileiro. No final do século XVII os bandeirantes descobriram as primeiras jazidas de Ouro em Minas Gerais e isso ocasionou a corrida pelo ouro. Muitos brasileiros e portugueses foram atraídos para a região, resultando na fundação de novos povoados e vilas (Diamantina; Ouro Preto; São João Del Rei; Vila Rica). Essa atividade entrou em declínio na segunda metade do século XVIII, porém, foi muito importante para o povoamento e a ocupação do interior do território brasileiro (o trabalho escravo era a base dessa atividade econômica). O cultivo do café já existia desde o século XVIII e passou a ser cultivado em grandes quantidades no Vale do Paraíba (região entre São Paulo e Minas Gerais). Esses fatos contribuíram para o deslocamento da economia, do nordeste para o sudeste. As principais condições favoráveis no sudeste eram: Clima e relevo adequados para o cultivo do café, mão de obra escravizada, vias de transportes e portos implantados (cultivo principalmente em latifúndios). Na segunda metade do Século XIX o café já era cultivado nas Terras Roxas (solo fértil de origem vulcânica), do oeste paulista ao norte do Paraná. Uma das principais mudanças que ocorreram nesse momento foi a inserção da Mão de Obra de imigrantes (Italianos, Alemães, Portugueses...). O capital proveniente da atividade cafeeira ajudou a financiar as primeiras indústrias alimentícia e têxtil e o desenvolvimento da cafeicultura também foi responsável por investimentos em equipamentos urbanos, tais como: iluminação, ferrovias, portos, usinas hidrelétricas e outros. A expansão do café provocou o desmatamento de extensas áreas recobertas pela Mata Atlântica. EXERCÍCIOS. 01. (ENEM). O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa pelos árabes no século VIII, durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado do Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a ser um produto de luxo, extremamente caro, chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras. CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681- 1716). São Paulo: Atual, 1996. Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o produto escolhido por Portugal para dar início à colonização brasileira, em virtude de: A) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso. B) os árabes serem aliados históricos dos portugueses. C) a mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente. D) as feitorias africanas facilitarem a comercialização desse produto. E) os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo semelhante. 02. (ENEM). As terras brasileiras foram divididas por meio de tratados entre Portugal e Espanha. De acordo com esses tratados, identificados no mapa, conclui-se que: A) Portugal, pelo Tratado de Tordesilhas, detinha o controle da foz do rio Amazonas. B) O Tratado de Tordesilhas utilizava os rios como limite físico da América portuguesa. C) O Tratado de Madri reconheceu a expansão portuguesa além da linha de Tordesilhas. D) Portugal, pelo Tratado de San Ildefonso, perdia territórios na América em relação ao de Tordesilhas. E) o Tratado de Madri criou a divisão administrativa da América Portuguesa em Vice-Reinos Oriental e Ocidental. CAPÍTULO 4 - O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRO E SEU CENÁRIO ECONÔMICO ATUAL Os primeiros vestígios da industrialização brasileira iniciam-se em meados do final do século XIX. Capitais e infraestrutura advindos da cafeicultura ajudaram na implantação do nascente parque industrial brasileiro. Imigrantes europeus também trouxeram novos hábitos de consumo e algumas experiências com as máquinas. A CRISE DE 1929 E O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL BRASILEIRO A crise de 1929 abalou profundamente o mundo capitalista. De 1929 a 1932 houve uma redução de aproximadamente 50% na produção industrial dos Estados Unidos. Multiplicou-se o desemprego e a retração do consumo. A produção agrícola brasileira não encontrava compradores. Empresas e bancos faliram, o mercado de capitais (compra e venda de ações) entrou em colapso. No Brasil, os efeitos da crise foram devastadores, uma vez que o país construiu sua economia baseada na exportação de café (70% das exportações). A crise econômica agravou a insatisfação política, e com o apoio dos militares e parte da população Getúlio Vargas deu um golpe e assumiu o poder em 1930. A exportação de café caiu em mais de 80%. Getúlio Vargas protegeu a lavoura: desvalorizou a moeda e comprou o excedente do café para depois queimá-lo. O violento corte nas importações de bens de consumo criou uma conjuntura favorável aos investimentos na produção nacional. Ao longo das décadas de 1940 e 1950 foram criadas empresas públicas, principalmente no setor infraestrutural, fundamentais ao desenvolvimento industrial, como: a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Companhia Nacional de Álcalis, Fábrica Nacional de Motores e a Petrobrás (1953). SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES COM INTERNACIONALIZAÇÃO DO MERCADOR INTERNO. O ano de 1956 abriu uma nova etapa do desenvolvimento industrial brasileiro, no governo do presidente Juscelino Kubitschek (JK). O novo modelo de desenvolvimento (50 anos em 5), a chamada “política desenvolvimentista”, tentou diminuir a distância tecnológica e infraestrutural do Brasil em relação aos países mais industrializados. O modelo de substituição de importações permaneceu, porém sua lógica foi direcionada às indústrias que impulsionaram o processo de industrialização nessa época: as multinacionais. Para atrair capitais estrangeiros, o Estado criou condições favoráveis: construiu infraestrutura de transportes (rodoviário e portuário), mais energia elétrica (construiu hidrelétricas), indústrias de base (metalurgia e siderurgia). As indústrias nacionais competiam nos setores mais tradicionais, de bens de consumo não duráveis e de autopeças. Já as multinacionais investiam em bens de consumo duráveis: automóveis, eletrodomésticos, artigos eletrônicos etc. Os anos do “Milagre Econômico” (1968-1974) Durante vários anos o Brasil não recebia investimentos estrangeiros, por causa da instabilidade econômica, da inflação, resultados políticos do Governo de Jânio Quadros, e do tumultuado governo esquerdista de João Goulart (1961-1964). Os recursos estrangeiros chegaram aoBrasil em volume muito grande, com isso, tanto empresas privadas quanto estatais foram beneficiadas, além das multinacionais, onde tais recursos foram usados no seguimento industrial. As empresas multinacionais que se instalaram no brasil ao longo das décadas de 1950, 1960 e 1970 tiveram benefícios em matérias-primas, mão-de-obra barata, já que o governo mantinha os salários sempre baixos, e quaisquer manifestação em busca de melhoria salarial era respondida de forma violenta por parte do governo. Nesse período o Brasil, de forma concreta, entrou no processo de industrialização, de certo modo foi um processo sem planejamento social e que agravou mais ainda as desigualdades. As privatizações Privatização é a dinâmica de transferência de empresas públicas (estatais) para a rede privada, ou seja, empresas do estado são vendidas para o capital privado. O processo de globalização, no âmbito do sistema capitalista, tende a intensificar essa dinâmica por meio da doutrina neoliberal. No Brasil, a abertura do mercado ocorreu para viabilizar a entrada de mercadorias importadas e o fim do monopólio estatal (privatização). Desse modo, o país se integrou ao processo de globalização por meio da privatização, especialmente nos setores ligados à infraestrutura (eletricidade, telecomunicação, mineração entre outros). A indústria de base, o setor de distribuição de energia, a telefonia entre outros setores eram controlados plenamente pelo Estado até o início dos anos de 1990. Os capitalistas neoliberais afirmavam que a atuação do Estado no controle da economia era coisa extremamente nociva. Para se tomar empréstimos no exterior, o país tinha que seguir as recomendações do FMI e do Banco Mundial (instituições controladas pelas grandes potências hegemônicas). O governo, ao longo da década de 1990, justificou as privatizações com o argumento de que as estatais davam prejuízo, eram ineficientes e pouco competitivas. A venda dessas empresas, além de diminuir os gastos do governo, traria uma receita extra que poderia ser aplicada na diminuição da dívida interna. Além disso, a presença de outras empresas forçaria a diminuição de preços (competição). O valor total obtido com as privatizações entre 1991 e 2002 foi de 105,3 bilhões de dólares. No ano de 2010, só a empresa Vale do Rio Doce (CVRD), sozinha, tinha o valor agregado de aproximadamente 470 bilhões de dólares. O processo de privatização teve duas vertentes, de um lado o fator negativo, que favoreceu a continuidade da dependência econômica e tecnológica em relação aos países centrais; por outro lado, a partir da venda das estatais o poder público deixou de destinar recursos para investimentos e passou a contar com os tributos gerados pelas empresas, o que para o governo é um fator positivo. Dentre as principais privatizações em diferentes governos - Governo Collor: Usiminas e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Governo FHC: no decorrer de seus dois mandatos (1994-2002), o presidente Fernando Henrique Cardoso arrecadou 22,23 bilhões de dólares na privatização de empresas do setor elétrico e 29,81 bilhões de dólares das telecomunicações. Governos Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Roussef (2011 – 2015): ao longo dos anos dos governos de Lula e Dilma não ocorreu a privatização de empresas públicas. No entanto, as privatizações foram associadas a concessões administrativas e financeiras de grandes infraestruturas, como por exemplo: as rodovias, pelo menos 2.600 km de estradas federais passaram para a administração do capital privado; aeroportos, portos, estádios de futebol e usinas hidrelétricas também são alguns exemplos de Parcerias Públicas Privadas (PPP). DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL A “Desconcentração industrial” (também conhecida como desmetropolização) é o termo atribuído ao processo que se caracteriza pela diminuição do ritmo de crescimento das indústrias nos grandes centros urbano (grandes metrópoles nacionais – São Paulo e Rio de Janeiro, especialmente) e pelo aumento do número de empresas que preferem transferir suas atividades e instalam novas unidades de produção em cidades menores, geralmente localizadas no interior. A concentração de empresas (capital) nas enormes manchas urbanas ocasionou uma forte elevação no preço dos imóveis, o congestionamento das redes de transporte e comunicações, esgotamento de reservas de matérias primas e energia e a elevação do custo de mão de obra (essas caracerísticas negativas podem ser chamadas de Macrocefalia Urbana ocasionada pela metropolização). Esses fatores fizeram com que houvesse uma reorganização na distribuição geográfica das indústrias, onde essas passaram a buscar cidades, geralmente médias ou pequenas, que oferecessem melhores condições produtivas: infraestrutura urbana, com área disponível para a expansão de suas atividades e onde os governos municipais concedessem incentivos fiscais. Uma característica marcante do atual processo de industrialização é sua intensa concentração no espaço geográfico, e que geralmente assume três formas: os complexos industriais, os parques industriais e os distritos industriais. OS PRINCIPAIS CENTROS INDUSTRIAIS Entre 1970 e 2000 a região Sul foi a que mais aumentou sua participação no conjunto da produção industrial do país. Entretanto, a região Sudeste ainda é a região mais produtiva. A região Nordeste aumentou sua participação, mas não de maneira tão expressiva. A região Norte e Centro Oeste possuem as menores participações na produção nacional, mas outras atividades tem dinamizado a economia dessas duas regiões. A região Sudeste é a mais industrializada do país, sua importância está em seu grande e volumoso parque industrial e econômico. O desenvolvimento industrial na região ocorreu principalmente a partir do século XX, após o declínio do café (1930). O café ocupou durante muito tempo lugar de destaque nas exportações e essa dinâmica “mantinha” a economia brasileira associada a orígem agroexportadora. Na região sudeste os maiores estados produtores de café eram, principalmente: São Paulo, Rio de Janeiro e o Espírito Santo. O declínio do ciclo do café, no final da década de 1920, foi provocado pela crise de 1929, por não oferecer grandes lucros e grande parcela de fazendeiros vendeu suas propriedades. Com o recurso adquirido na venda das fazendas, investiram, entre outras coisas, na indústria. As primeiras indústrias se limitaram ao setor têxtil, alimentação, sabão e velas (bens de consumo não duráveis e semiduráveis). O surgimento das indústrias na região sudeste esteve vinculado à produção cafeeira decorrente da: - Grande quantidade de trabalhadores que a produção de café conseguiu atrair para a região. - Rede de transportes, uma vez que as infraestruturas eram usadas para escoar a produção de café das fazendas para os portos. A introdução das indústrias nesses mesmos trajetos servia para transportar matérias-primas e mercadorias. - Do grande número de mão-de-obra imigrante presente no Brasil, esses já tinham experiências industriais, pois a maioria era de origem europeia e nesse período a Europa já havia passado pelo processo de industrialização. Na região Sul está inserido diferentes tipos de indústrias. No entanto, as indústrias predominantes estão associadas à produção têxtil e alimentícia, as quais utilizam como matéria-prima a produção agropecuária desenvolvida na região. A região Nordeste tem atraído recentemente elevados investimentos para sua economia. Além disso, a atividade industrial na região está em ascensão, isso acontece em decorrência das melhorias ocorridas nas indústrias nativas, e da chegada de inúmeras empresas oriundas de outras partes do Brasil, especialmente do Sudeste. Dentreas principais indústrias, estão as do ramo alimentício, calçadista e vestuário, com destaque para os estados da Bahia, Pernambuco e Ceará. A atividade industrial na região Centro-Oeste do Brasil é pouco nítida. Existem poucas indústrias, mas as que existem são recentes e foram atraídas pela enorme quantidade de energia fornecida na região. O estado mais industrializado da região Centro-Oeste é Goiás. Nele, se encontra o DAIA (Distrito Agroindustrial de Anápolis), que é uma região industrial da cidade de Anápolis, onde recentemente recebeu diversos tipos de indústrias (de medicamentos, montadoras de automóveis e etc.). Além do DAIA, o município de Catalão é um importante polo minero- químico e metal-mecânico do estado. Rio Verde, Itumbiara, Jataí, Mineiros e Mozarlândia possuem importantes indústrias alimentícias. Uruaçu, Minaçu e Niquelândia, possuem importantes indústrias de extração de minérios. Jaraguá, um polo da indústria do vestuário e Senador Canedo, com a indústria calçadista Essas cidades fecham a lista de importantes centros produtivos da região Centro- Oeste. Na região Norte, dentre todas as regiões do Brasil é a menos desenvolvida industrialmente. Há várias décadas a região tem suas atividades econômicas vinculadas aos setores com pouca aplicação tecnológica e que atuam nos ramos agroindustriais que produzem alimentos, tecidos, couro, borracha, etc. Na década de 1980 se destaca a criação da Zona Franca de Manaus. O processo industrial assemelha-se ao da região Nordeste em alguns aspectos: - Impulso fabril a partir de órgão estatal de planejamento (SUFRAMA – Superintendência para a Zona Franca de Manaus, 1967): área livre de impostos sobre importações e exportações de manufaturados. - Capitais externos à região (nacionais e transnacionais): a Zona Franca de Manaus trata-se de uma Zona de Processamento de Exportação - ZPE (ou “maquiladora”), com montagem, embalagem e reexportação. EXERCÍCIOS. 01. (ENEM). No dia 28 de fevereiro de 1985, era inaugurada a Estrada de Ferro Carajás, pertencente e diretamente operada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na região Norte do país, ligando o interior ao principal porto da região, em São Luís. Por seus, aproximadamente, 900 quilômetros de linha, passam, hoje, 5353 vagões e 100 locomotivas. Disponível em: http://www.transportes.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado). A ferrovia em questão é de extrema importância para a logística do setor primário da economia brasileira, em especial para porções dos estados do Pará e Maranhão. Um argumento que destaca a importância estratégica dessa porção do território é a: A) produção de energia para as principais áreas industriais do país. B) produção sustentável de recursos minerais não metálicos. C) capacidade de produção de minerais metálicos. D) logística de importação de matérias-primas industriais. E) produção de recursos minerais energéticos. 02. (ENEM). A urbanização brasileira, no início da segunda metade do século XX, promoveu uma radical alteração nas cidades. Ruas foram alargadas, túneis e viadutos foram construídos. O bonde foi a primeira vítima fatal. O destino do sistema ferroviário não foi muito diferente. O transporte coletivo saiu definitivamente dos trilhos. JANOT, F. A caminho de Guaratiba. Disponível em www.iab.org.br. Acesso em 9 jan 2014 (adaptado). A relação entre transportes e urbanização é explicada, no texto, pela: A) retirada dos investimentos estatais aplicados em transporte de massa. B) demanda por transporte individual ocasionada pela expansão da mancha urbana. C) presença hegemônica do transporte alternativo localizado nas periferias das cidades. D) aglomeração do espaço urbano metropolitano impedindo a constrição do transporte metroviário. E) predominância do transporte rodoviário associado à penetração das multinacionais automobilísticos. 03. (ENEM) O processo de concentração urbana no Brasil em determinados locais teve momentos de maior intensidade e, ao que tudo indica, atualmente passa por uma desaceleração no ritmo de crescimento populacional nos grandes centros urbanos. BAENINGER, R. Cidades e metrópoles: a desaceleração no crescimento populacional e novos arranjos regionais. Disponível em: www.sbsociologia.com.br. Acesso em: 12 dez. 2012 (adaptado). Uma causa para o processo socioespacial mencionado no texto é o(a) A) carência de matérias-primas. B) degradação da rede rodoviária. C) aumento do crescimento vegetativo. D) centralização do poder político. E) realocação da atividade industrial. 04. (ENEM) O Centro-Oeste apresentou-se como extremamente receptivo aos novos fenômenos da urbanização, já que era praticamente virgem, não possuindo infraestrutura de monta, nem outros investimentos fixos vindos do passado. Pôde, assim, receber uma infraestrutura nova, totalmente a serviço de uma economia moderna. SANTOS, M. A Urbanização Brasileira. São Paulo: EdUSP, 2005 (adaptado) O texto trata da ocupação de uma parcela do território brasileiro. O processo econômico diretamente associado a essa ocupação foi o avanço da A) industrialização voltada para o setor de base. B) economia da borracha no sul da Amazônia. C) fronteira agropecuária que degradou parte do cerrado. D) exploração mineral na Chapada dos Guimarães. E) extrativismo na região pantaneira. CAPÍTULO 5 - POPULAÇÃO GERAL E DO BRASIL CONCEITOS BÁSICOS DE POPULAÇÃO E DEMOGRAFIA População: conjunto de pessoas que residem em uma área, ou seja, um bairro, município, estado, país e até mesmo o planeta. Hoje, aproximadamente 75% da população mundial vivem em países subdesenvolvidos. Povo: parcela da população do Estado Nacional considerada sob o aspecto jurídico. Grupo humano integrado numa ordem estatal determinada. É o conjunto de indivíduos submetidos às mesmas leis. Povo é, portanto, um elemento constitutivo necessário a existência do Estado. Demografia: ciência que estuda as características da população humana através de dados estatísticos. População Absoluta: corresponde ao total de habitantes de um espaço (território quaisquer). População Relativa ou Densidade Demográfica: média de habitantes por KM². Populoso: país que possui grande população absoluta. (China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e Brasil) Povoado: país que possui alta densidade demográfica – ou população relativa. Taxa de Mortalidade: número de óbitos registrados em um ano por 1000 habitantes. Fórmula: número de óbitos/População Absoluta x 1000 Taxa de Mortalidade Infantil: trata-se da relação do número de crianças, de até 1 (um) ano de idade, que morrem para cada grupo de mil nascidas vivas, em um ano. Taxa de Fecundidade: número médio de filhos por mulher em idade fértil. Expectativa de Vida: quantidade de anos que vive, em média, a população. Crescimento Vegetativo: diferença entre as taxas de mortalidade e natalidade. Desta forma é possível saber o comportamento do crescimento populacional. Migração: deslocamento do indivíduo. O sentido da migração está em trocar de região, país, estado ou até mesmo domicílio. A migração pode ser permanente, temporária e pendular (diária). Os motivos estão associados a causas: religiosas, psicológicas, sociais, econômicas, políticas e/ou ambientais. Imigração: movimento ou fluxo de entrada populacional em um determinado país ou região. Emigração: movimento ou fluxo de saída populacional em um determinado país ou região. Observação! Na possibilidade da imigração ser maior que a emigração, diz-se, então, que o saldo migratório foi positivo (pois saíram menos indivíduos de um determinado país ou região do que entraram). Pirâmide etária: é uma ilustração gráfica que mostra a distribuição de diferentes grupos etários edeuma população. CONCEITOS POPULACIONAIS LIGADOS AO EMPREGO PEA (População Economicamente Ativa): voltada ao mercado de trabalho. Taxa de Desemprego: refere-se à porcentagem da PEA que está desempregada. Índice de Desemprego: razão entre a população economicamente à procura de emprego e a população economicamente ativa. Exemplo: índice em 10% significa que 90% da PEA está efetivamente empregada. Desemprego Estrutural: decorre da crescente automação da produção (avanço técnico e tecnológico), que substitui a mão de obra humana. A globalização derrubou as fronteiras nacionais para a atuação de empresas, fato que contribuiu ao aumento do desemprego estrutural. Desemprego Conjuntural: provocado por eventos temporários. Exemplo: crises econômicas. Trabalho Informal: realização de atividades produtivas alheias ao cumprimento da legislação trabalhista vigente, não sofre quaisquer espécie de tributação. É reflexo do desemprego estrutural e da intensa migração rural. A revolução industrial provocou uma distinção muito maior entre as categorias profissionais. TEORIAS POPULACIONAIS E DEMOGRÁFICAS TEORIA MALTHUSIANA A teoria demográfica formulada pelo economista inglês Thomas Robert Malthus (1776 - 1834) foi publicada em 1798, no livro “Ensaio sobre o princípio da população”. Segundo Malthus, sem a existência de guerras, epidemias e desastres naturais para o homem, a população tenderia a duplicar a cada 25 anos. Desta forma, a população mundial cresceria em um ritmo muito acelerado, comparado por ele a uma progressão geométrica (1, 2, 4, 8, 16, 32, 64...), e a produção de alimentos cresceria em um ritmo lento, comparado a uma progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5, 6...). Assim, segundo a visão de Malthus, ao final de um período de apenas dois séculos, o crescimento da população teria sido 28 vezes maior do que o crescimento da produção de alimentos. Dessa forma, a partir de determinado momento, não existiriam alimentos para todos os habitantes da Terra, produzindo-se, portanto, uma situação catastrófica, em que a humanidade morreria de “inanição”. Na realidade, ocorre grande concentração de alimentos nos países ricos e, consequentemente, má distribuição nos países pobres. Porém, em nenhum momento a população cresceu conforme o cálculo de Malthus. TEORIA NEOMALTHUSIANA O neomalthusianismo somente se firmou entre os estudiosos da demografia após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em função da explosão demográfica ocorrida nos países subdesenvolvidos ao longo desse período. Esse fenômeno foi provocado pela disseminação, nos países subdesenvolvidos, das melhorias ligadas ao desenvolvimento da medicina, o que diminuiu a mortalidade sem, no entanto, que a natalidade declinasse. Para os neomalthusianos, a causa da pobreza dos países subdesenvolvidos estaria na forma como esses países foram colonizados. Uma numerosa população jovem necessitaria de grandes investimentos sociais em educação e saúde, e para os neomalthusiano isso justificaria o atraso no desenvolvimento econômico dos países de terceiro mundo. TEORIA REFORMISTA (OU MARXISTA) As ideias básicas desta teoria são todas contrárias às de Malthus: sua principal afirmação nega o princípio malthusiano, segundo o qual a superpopulação é a causa da pobreza. Para os reformistas, estudiosos que partem dos princípios teóricos do filósofo Karl Marx, é a pobreza que gera a superpopulação, e não o contrário! De acordo com a teoria reformista, se não houvesse pobreza as pessoas teriam acesso a educação, saúde, higiene, etc., o que regularia, naturalmente, o crescimento populacional. É exatamente a falta dessas condições o que acarreta o crescimento desenfreado da população. Uma população jovem e numerosa não é a causa, e sim uma consequência do subdesenvolvimento. Portanto, para a Teoria Reformista ou Marxista, a causa da pobreza, da miséria e da fome não está no crescimento populacional, e sim na desigualdade social existente, na má distribuição dos alimentos e dos recursos públicos e na falta de investimento em setores sociais. TEORIA DA TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA No geral, caracteriza-se como um processo de diminuição das taxas de mortalidade e natalidade, sendo que a primeira diminui mais rápido que a segunda, causando um período de aumento do crescimento vegetativo e, portanto, de grande acréscimo populacional. A partir da estabilização das taxas, na 3ª fase, a população total tende a diminuir. ESQUEMA DA TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA Fonte: El Atlas de Le Monde Diplomatique. Buenos Aires: Espacio, 2003. p. 32 DADOS ATUAIS DE POPULAÇÃO A distribuição da população mundial ocorre de forma desigual, havendo grande diferença no contingente populacional dos continentes. Veja a população referente a cada um deles: - África: 1,031 bilhão de habitantes; - América: 934,3 milhões de habitantes; - Antártica: quatro mil habitantes (no verão) e 900 habitantes (no inverno); - Ásia: 4,160 bilhões de habitantes; - Europa: 749,6 milhões de habitantes; - Oceania: 37,1 milhões de habitantes. O POVO BRASILEIRO O povo brasileiro surgiu através do processo de miscigenação ocorrido entre três matrizes étnicas básicas: Povos Indígenas: nativos das terras brasileiras; Europeus: principalmente portugueses; Povos Africanos: trazidos através do mercado de escravos. O IBGE utiliza as denominações preta, branca, amarela, indígena e parda para classificar as pessoas de acordo com a cor da pele. Os pardos (mestiços) são formados pela miscigenação entre os seguintes grupos étnicos: Mulatos: mistura de Europeu e Africano - grupo mais numeroso. Caboclos ou Mamelucos mistura de Europeu e Indígena. Cafuzos: mistura de Africano e Indígena. Em relação aos povos europeus presentes no Brasil, além dos portugueses, que desde a entravam livremente e regularmente no Brasil, vieram vários outros povos (imigrantes), ampliando e diversificando ainda mais a formação étnica da população brasileira. Os principais grupos de imigrantes que entraram no Brasil após a independência (1822) foram os seguintes: atlanto - mediterrâneos (italianos e espanhóis), germanos (alemães), eslavos (poloneses e ucranianos) e asiáticos (japoneses). A elevada miscigenação ocorrida no período colonial, principalmente entre brancos (portugueses) e negros (africanos), explica o rápido crescimento do contingente de mulatos em relação ao contingente de negros. Excluídos do processo de desenvolvimento econômico e social do país, os negros formam atualmente, ao lado de grande parte de outras camadas não brancas (mulatos, índios etc.) um enorme contingente de brasileiros marginalizados. Os dados estatísticos fornecidos pelos recenseamentos gerais são relativamente precários e, até mesmo, omissos. No censo demográfico de 1970, por exemplo, no auge de regime militar, não há nada relativo aos negros e aos índios. Por quê? Manobra estratégica do governo para impedir a conscientização ou atuação de grupos étnicos minoritários? Os números oficiais, principalmente os que se referem a brancos e negros, são passíveis de questionamento. O primeiro recenseamento oficial no Brasil só foi realizado em 1872, ou seja, 372 anos após a chegada dos portugueses e cinquenta anos após a Independência do Brasil. Existem muitas controvérsias em relação ao número de negros que entraram no Brasil, o mesmo ocorrendo com relação à população indígena que habitava o país na época da chegada dos colonizadores. A ideologia do branqueamento, imposta pelo europeu, apregoando a superioridade do branco ("quanto mais branco, melhor") fez com que muitos indivíduos de ascendência negra passassem por brancos nos recenseamentos, a fimde obter maior aceitação social. A ideologia do branqueamento nada mais é que um modelo discriminatório, de natureza racista, criado pelas elites dominantes para marginalizar os negros, impedindo-os de obter ascensão social, econômica e cultural. O branqueamento teve importância decisiva no processo de descaracterização (enquanto raça) e no esvaziamento da consciência étnica dos negros. O mulato, produto da miscigenação entre brancos e negros, constitui importante exemplo do poder de influência da ideologia do branqueamento. Por mais "claro" e mais bem-aceito socialmente que o negro, o mulato passou a se considerar superior ao negro, assimilando, com isso, a ideologia do branqueamento. Nos gráficos abaixo podemos perceber a distribuição da população por cor: Em relação a concentração da população brasileira, como podemos visualizar no mapa abaixo a maior parte da população está concentrada na região sudeste e no litoral nordestino. EXERCÍCIOS. 01. (ENEM). Qual dos slogans a seguir poderia ser utilizado para defender o ponto de vista dos reformistas? A) “Controle populacional já, ou o país não resistirá”. B) “Com saúde e educação, o planejamento familiar virá por opção!”. C) “População controlada, país rico!”. D) “Basta mais gente, que o país vai pra frente!”. E) “População menor, educação melhor!”. 02. (ENEM). Analise o gráfico a seguir: Considerando os indicadores apresentados no gráfico e as atuais mudanças no processo de envelhecimento da população brasileira, é CORRETO afirmar que: A) a expectativa de vida no Brasil vem aumentando muito célere, consequentemente apresentando taxas de longevidade acima da de países com índice de desenvolvimento humano elevado em aspectos, como saúde, escolarização e nutrição. B) de acordo com os indicadores demográficos, o Brasil se encontra no início do estágio de transição de país jovem para país maduro. O percentual de idosos é semelhante ao de países, como Suécia, Itália e Serra Leoa. C) apesar das mudanças ocorridas na estrutura etária da população brasileira, entre as décadas de 1960 e 2010, o país continua demograficamente jovem, com elevadas taxas de natalidade e de mortalidade e com uma baixa expectativa de vida para a população em geral. D) a taxa de fecundidade no Brasil vem declinando, e a proporção de idosos vem crescendo mais rapidamente que a proporção de crianças. Contudo, esse processo de envelhecimento populacional não ocorre de maneira uniforme, em todas as regiões brasileiras. E) o envelhecimento da população brasileira é oriundo do intenso processo de urbanização em todas as suas regiões. Por isso, o aspecto triangular da pirâmide etária vem apresentando, nas últimas décadas, um aumento percentual do bônus demográfico de homens e mulheres. 03. (ENEM). O professor Paulo Saldiva pedala 6 km em 22 minutos de casa para o trabalho, todos os dias. Nunca foi atingido por um carro. Mesmo assim, é vítima diária do trânsito de São Paulo: a cada minuto sobre a bicicleta, seus pulmões são envenenados com 3,3 microgramas de poluição particulada — poeira, fumaça, fuligem, partículas de metal em suspensão, sulfatos, nitratos, carbono, compostos orgânicos e outras substâncias nocivas. ESCOBAR, H. Sem Ar. O Estado de São Paulo. Ago. 2008. A população de uma metrópole brasileira que vive nas mesmas condições socioambientais das do professor citado no texto apresentará uma tendência de: A) ampliação da taxa de fecundidade. B) diminuição da expectativa de vida. C) elevação do crescimento vegetativo. D) aumento na participação relativa de idosos. E) redução na proporção de jovens na sociedade. 04. (ENEM). Taxa de fecundidade total do Brasil - 1940 a 2010: O processo registrado no gráfico gerou a seguinte consequência demográfica: A) Decréscimo da população absoluta. B) Redução do crescimento vegetativo. C) Diminuição da proporção de adultos. D) Expansão das políticas de controle de natalidade. E) Aumento da renovação da população economicamente ativa. 05. (ENEM). SOBRADINHO O homem chega, já desfaz a natureza Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar O São Francisco lá pra cima da Bahia Diz que dia menos dia vai subir bem devagar E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o Sertão ia alagar. SÁ E GUARABYRA. Disco Pirão de peixe com pimenta. Som Livre, 1977 (adaptado). O trecho da música faz referência a uma importante obra na região do rio São Francisco. Uma consequência socioespacial dessa construção foi: A) a migração forçada da população ribeirinha. B) o rebaixamento do nível do lençol freático local. C) a preservação da memória histórica da região. D) a ampliação das áreas de clima árido. E) a redução das áreas de agricultura irrigada. 06. (ENEM). As migrações transnacionais, intensificadas e generalizadas nas últimas décadas do século XX, expressam aspectos particularmente importantes da problemática racial, visto como dilema também mundial. Deslocam-se indivíduos, famílias e coletividades para lugares próximos e distantes, envolvendo mudanças mais ou menos drásticas nas condições de vida e trabalho, em padrões e valores socioculturais. Deslocam-se para sociedades semelhantes ou radicalmente distintas, algumas vezes compreendendo culturas ou mesmo civilizações totalmente diversas. IANNI, O. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. A mobilidade populacional da segunda metade do século XX teve um papel importante na formação social e econômica de diversos estados nacionais. Uma razão para os movimentos migratórios nas últimas décadas e uma política migratória atual dos países desenvolvidos são: A) a busca de oportunidades de trabalho e o aumento de barreiras contra a imigração. B) a necessidade de qualificação profissional e a abertura das fronteiras para os imigrantes. C) o desenvolvimento de projetos de pesquisa e o acautelamento dos bens dos imigrantes. D) a expansão da fronteira agrícola e a expulsão dos imigrantes qualificados. E) a fuga decorrente de conflitos políticos e o fortalecimento de políticas sociais. 07. (ENEM). O jovem espanhol Daniel se sente perdido. Seu diploma de desenhista industrial e seu alto conhecimento de inglês devem ajudá-lo a tomar um rumo. Mas a taxa de desemprego, que supera 52% entre os que têm menos de 25 anos, o desnorteia. Ele está convencido de que seu futuro profissional não está na Espanha, como o de, pelo menos, 120 mil conterrâneos que emigraram nos últimos dois anos. O irmão dele, que é engenheiro-agrônomo, conseguiu emprego no Chile. Atualmente, Daniel participa de uma “oficina de procura de emprego” em países como Brasil, Alemanha e China. A oficina é oferecida por uma universidade espanhola. GUILAYN, P. Na Espanha, universidade ensina a emigrar. O Globo, 17 fev. 2013 (adaptado) A situação ilustra uma crise econômica que implica A) valorização do trabalho fabril. B) expansão dos recursos tecnológicos. C) exportação de mão de obra qualificada. D) diversificação dos mercados produtivos. E) intensificação dos intercâmbios estudantis. CAPÍTULO 6 - O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL As primeiras cidades surgiram na Mesopotâmia (atual Iraque), depois vieram às cidades do Vale do Nilo, do Indo, da região mediterrânea e da Europa e, finalmente, as cidades da China e do Novo Mundo. Embora as primeiras cidades tenham surgido há mais de 3.500 anos A.C., o processo de urbanização moderno teve início no século XVIII, em conseqüência da Revolução Industrial, desencadeada primeiramente na Europa e, a seguir, nas demais áreas de desenvolvimento do mundo atual.
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