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Direito Romano -1° Período Unidade 1 – Introdução: 1. Conceito de Direito Romano 2. Importância e utilidade do Direito Romano 3. Disciplinas Auxiliares 4. Divisões do Direito Romano 5. Fontes do Direito Romano Unidade 2 – Jus Personarum 1. Noções Fundamentais 2. Cidadania Romana 3. Libertos e escravos 4. Família Romana 5. Parentesco 6. Matrimônio 7. Dote 8. Adoção e Ad-Rogação 9. Legitimação 10. Tutela e Curatela Unidade 3 – Jus Rerum: (direito das coisas) 1. Noções Fundamentais 2. Posse 3. Propriedade 4. Direitos reais sobre a coisa alheia Unidade 4 – Jus Obligationum 1. Noções Fundamentais 2. Fontes das Obrigações 3. Transmissões das obrigações 4. Extinção das Obrigações 5. Contratos Reais 6. Contratos Verbais 7. Contratos Inominados 8. Contratos Consensuais Unidade 5 – Jus Successionum: 1. Noções Fundamentais 2. Sucessão Testamentária 3. Sucessão Ab Intestato (sem testamento) 4. Aquisição da Renúncia 5. Legado Unidade 6 – Jus Actionum: (parte processual) Apenas se houver tempo Prova: Na maior parte discursiva, bastante conceitual. Unidade 1 – Introdução: 1. Conceito de Direito Romano • Conjunto de normas que regeram o povo romano nas diversas épocas da sua historia, desde as origens de Roma (753 A.C.), até a morte de Justiniano, Imperador do Oriente, em 565 da Era Cristã. o Matos Peixoto: § 565: Data delimitadora no tempo do Direito Romano • Acontecimento: o Morte de Justiniano, responsável pela unificação do Direito Romano. § Compilou leis imperais (leges) e obras dos Jurisconsultos (Jura) – Corpus, Júris Civilis Para examinar instituições do Direito Romano é necessária a introdução histórica. Estudando as instituições políticas, as fontes de cognição do direito as Jurisprudências Romanas. Obs: Direito objetivo: não há faculdade quanto a seguir ou não uma norma Direito subjetivo: há faculdade quanto ao cumprimento da norma. • A norma é o que torna a vida em sociedade amena e possível, ou pretende tornar. • A jurisprudência é a interpretação de um juiz sobre um caso e se torna uma forma, uma fonte informal do direito. • A divisão em períodos se encontra bem aplicada na apostila do titular da cadeira. Períodos: • Historia Externa o Estuda as Instituições Políticas e sua atuação como fontes produtoras do Direito. § Realeza (Da fundação de Roma (753/754 a.C) até o inicio da Republica (510 a.C) § Republica (510 a.C. a 27 a.C) § Império • Principado (27 a.C. a 285 d.C.) • Dominato (285 d.C. a 565 d.C.) • Historia Interna o Visa conhecer as instituições de Direito Privado e sua formação. § Período das Origens • Fundação de Roma até 510 a.C § Período do Antigo Direito • De 510 a.C. até a segunda metade do século a.C (aproximadamente 130 a.C.) § Período Clássico • De aproximadamente 130 a.C. até 305 d.C. § Período Pos-Clássico: • De 305 d.C até a mote de Justiniano, em 565 d.C. Obs: Na época do Principado, o Imperador seguia as leis, apesar de ser o “maior dos homens”, já no Dominato ele era “o ser supremo”, o “dono do mundo” e não precisava seguir as leis. 2. Importância e utilidade do Direito Romano: • Cultura Geral: presença do Direito Romano na formação da civilização Ocidental. • Cultural Jurídica: Grande parte do Artigo do Código Civil é produto da cultura Romana. o No Código Civil de 1916, 4/5 dos 1807 artigos vieram do Direito Romano. 3. Disciplinas Auxiliares: • Quatro disciplinas devem ser consideradas de Primeiro Plano: o Latim: A língua latina por sua clareza, vigor e concisão, tornou-se o instrumento ideal para juristas e magistrados expressarem suas concepções e normas jurídicas. o “Historia de Roma”: O direito romano foi durante mais de um milênio um direito vivo, atuante e, por isso mesmo, profundamente influenciado por acontecimentos políticos, sociais, econômicos e religiosos. o Epigrafia: é a ciência das inscrições, escritas sobre matérias duráveis, como pedra. • Epigrafia Jurídica: Tem por objetivo o estudo das inscrições cujo conteúdo interessa ao direito. Este conteúdo diz respeito a estrutura política, a atos públicos (leis) e a atos privados. o Papirologia: é a ciência que estuda as inscrições contidas nos papiros. • Papirologia Jurídica: Estuda os papiros cujo conteúdo interessa ao jurista ou ao historiador do direito (testamentos, etc.). 4. Divisões do Direito Romano: • Jus Scriptum e Jus Nom Scriptum (Direito escrito ou direito não-escrito): o Distinção não dependia da circunstância de que as normas estavam ou não redigidas por escrito, mas da forma como as mesmas apareciam ou se formavam (dependendo da fonte, da formação). Normas emanadas do poder público: Jus Scriptum Normas surgidas dos costumes: Jus Non Scriptum • Jus Civile: “é o direito que cada povo constitui para si mesmo,esse lhe é próprio e se chama direito civil, direito por assim dizer, próprio da cidade” – Gaio. o Via de regra o jus civile aplica-se exclusivamente aos cidadãos romanos. Os não cidadãos a que se concedia o commercium (capacidade para celebrar determinados negócios próprios do jus civile) ou o conubium (capacidade para celebrar um matrimônio válido, de acordo com o jus civile) constituíam a exceção à regra. • Jus Praetorium (Jus Honorarium): feito para casos concretos. o “Direito pretoriano é o que os pretores introduziam com o propósito de corroborar, suprir ou corrigir o direito civil, tendo em vista a utilidade pública” – Papiniano. o O pretor podia prescindir das normas do Jus Civile (supre lacunas) quando a aplicação destas levava a conseqüências que se consideravam injustas ou que não correspondiam às condições sociais mais avançadas. • Jus Gentium o Direito positivo do Estado Romano, aplicável aos estrangeiros e aos cidadãos romanos em suas relações com os estrangeiros (peregrini). • Após a Constituição Antonina (212 DC) sobre a extensão da cidadania romana aos habitantes livres do Império, perde importância a distinção entre jus civile e jus gentium. Noções Elementares: • O vocábulo latino “jus” corresponde ao que chamamos de Direito. o É empregado nos textos com dois sentidos: § Sentido objetivo: norma agendi. • Ex: Jus Civile § Sentido subjetivo: facultas agendi • Ex: Jus utendi et fruendi (Direito de uso e gozo; o direito de usufrutuário). • Importante: o No período pos-clássico o vocábulo “jus” é empregado em oposição a “legis” para indicar o direito objetivo que nos se constituía pelas constituições imperiais. § Jus é então, o direito criado pelas Antigas jurisconsultas – completado, revisto e interpretado pelo Imperador. § Legis - constituições imperiais. • Jus Publicum: o Seu objeto = organização estatal o Seu funcionamento = organização da republica romana • Jus Privatum: o Conjunto de normas e vínculos estabelecidos pelos particulares; diz respeito aos interesses particulares. • Jus x Fas o Jus: o que a cidade permite que se faça= é do domínio dos homens, é a ordem no mundo dos homens. o Fas: o que é permitido pela religião = é do reinado de Deus. Ordena as relações humanas com os deuses. Significa principalmente, o que a religião considera lícita, opondo-se, por exemplo, ao casamento incestuoso, ao uso profano do lugar sagrado. Matos Peixoto ensina: “ O Fas impregnava, sobretudo, o direto público e o direito criminal. Ex: Certos delitos eram considerados uma ofensa à divindade e a pena era uma expiação religiosa. “O direito privado era menos acessível à influência religiosa e as suas regras tinham caráter profano, salvo o que dizia respeito à família”: Ex: Questões patrimoniais nada tinham em comum, em regra, com a religião. • Jurisprudentia (Jurisprudência): o Em geral, é o conjunto das soluções dadas pelos tribunais às questões de Direito. o “Relativo a um caso particular, denomina-se jurisprudência a decisão constante e uniforme sobre determinado ponto do Direito” – Carlos Maximiliano. • Jus o Direito segundo Gelsus = Jus est ars beni et aequi § Matos Peixoto assim explica: “O direito é a realização prática (ars) do bem comum (bonum) e da distribuiçãoigual da justiça”. § “Direito é a arte do bom e do justo” – Celso • Aequitas (equidade): o “Noção matemática tirada das obras de Aristóteles; inspira-se na proporção ou igualdade de relações”. § Razoes da equidade – frequentemente invocados pelo pretor. • Ex: Em nome da Aequitas, o pretor chama os cognados à sucessão ab intestato (sem testamento). o Para os juristas clássicos, Aequitas é o que modernamente se denomina justiça. No período pos-clássico, Aequitas adquiria o sentido da benignidade, benevolência. 5. Fontes do Direito Romano através da historia • Fontes na linguagem da historia o Meios que nos levam ao conhecimento do passado da humanidade. o = Fontes de cognição § “Todas aquelas notícias e elementos, de qualquer espécie ou gênero, que nos permitem reconstruir o Estado do Direito nas diversas épocas históricas” – Biondi • Fontes de cognição jurídicas: o São aquelas que, no passado, constituíram normas jurídicas. § Ex: Lei das XII Tabuas. • Fontes de cognição extra-jurídicas: o São os documentos de toda a natureza que, na época, não constituíam normas jurídicas, mas que nos prestam informações sobre o Direito Romano.. § Ex: páginas dos oradores. • Fontes na linguagem do Direito o Possuem um sentido peculiar: “Indicar tanto a nascente donde promana o direito objetivo*, como as formas como se recobre o preceito**. Estamos aqui diante das Fontes de produção, pois se dividem em: § *Fontes de produção em sentido restrito: • São os órgãos que, segundo o ordenamento jurídico do tempo, tem a função de criar a norma jurídica. o Ex: comícios romanos. § **Fontes de produção em sentido amplo: • São os modos, as diversas maneiras pelas quais se declara ou se manifesta a regra jurídica. o Ex: Edito dos Magistrados. Breves comentários: Fontes de produção – sentido amplo de acordo com os períodos estabelecidos por Giffard (ver a divisão da historia interna) § Origens: Costumes e Leis Régias § Antigo Direito: Leis das XII Tabuas e Legislação Posterior. § Período Clássico: Leis, Costume, Edito dos magistrados, Responsa prudentium, Senatusconsultos, Constituições imperiais. § Período do Baixo-Império ou Bizantino: Constituições imperiais antes de Justiniano, A jurisprudência e as compilações de Justiniano. • Origens: o Costume: Normas consuetudinárias transmitidas de geração em geração. o Leis Régias: São atribuídas principalmente a Rômulo, o fundador, e à Numa, o rei legislador. § Conteúdo: Diziam respeito ao ritual dos sacrifícios, a matéria de direito privado e de direito penal. § Sanções: Em geral, religiosas. • Antigo Direito o Lei das XII Tábuas: § A mais importante das leis republicanas, foi considerada por Tito Livio a “fonte de todo o direito publico e privado”. • Segundo historiadores gregos e romanos, “A Lei das XII Tabuas teria sido redigida com a finalidade de codificar o Direito costumeiro”. • Segundo reza a tradição, “Em 462 AC, por intermédio da Tribuna da Plebe Terentilus Arsa, foi pleiteada pelos plebeus a nomeação de uma comissão para efetuar a tão almejada codificação. Em 451, a Assembléia Centuriata teria designado uma Comissão de 10 membros incumbidos de redigir a norma. Antse da eleição dos Decênviros (dez varões) teria sido enviada uma missão à Grécia para estudar as Leis Helênicas, especialmente as de Sólon. Em 450 e 451, teriam sido redigidas as dez tábuas da lei. A codificação foi completada no ano seguinte por uma nova comissão, com a redação de mais duas tábuas formando assim, a lei das XI Tábuas”. • Seu conteúdo: O texto tradicional inclui algumas medidas de direito público e numerosas regras de direito privado, de Direito Penal e de Processo. o Assuntos relativos à agricultura mereceram dos Decênviros especial atenção e talvez por isso Giffard tenha caracterizado a Lei das XII Tábuas como um código de agricultores. o “A igualdade civil, a tutela da liberdade, e o respeito à autonomia individual são suas grandes características”. o Legislação Posterior à lei das XII tábuas: § Lex Camuleia § Lex Hortênsia § Lex Ovinia • Período Clássico: o Leis: Qualquer deliberação que possui conteúdo normativo. § Gaio: “Lei é o que o povo manda e constitui”. § Justiniano: “A lei é o que o povo romano, por proposta de um magistrado, constituía”. § Os romanos distinguiam duas espécies de leis públicas (de caráter geral): • Leis Datas = emanam dos magistrados que atuam em virtude de uma delegação do povo ou do Senado. • Leis Rogatas = são as leis votadas pelos cidadãos nos comícios. § Um texto de Ulpiano distingue: • Leis perfeitas = São aquelas que impunham a nulidade ao ato praticado contra o dispositivo legal. • Leis imperfeitas = São aquelas não sancionadas nem por uma nulidade, nem por uma pena. • Leis menos que perfeitas = não estabelecem a nulidade do ato contrário à norma, mas impõe uma pena ao transgressor. o Costume: continua como parte do Direito no período clássico o Edito dos magistrados: Constituem uma nova e original fonte do Direito. § Foram criando um direito novo que, em oposição do Direito Civil, recebeu o nome de Jus Pretorium ou Jus Honoraruim. § O Edito comporta promessas de ações. Ao prometer uma ação o pretor cria um direito, pois reconhece que uma determinada situação merece ser juridicamente protegida. o Responsa Prudentium: Eram as respostas dos jurisconsultos, que desfrutavam em Roma de elevado conceito social, moral e jurídico. § A atividade científica dos jurisconsultos abrangia o ensino do Direto e a publicação de obras jurídicas. § A atividade política pode ser resumida em três palavras: • Agere = conduzir um processo • Cavere = dar conselhos a clientes em sua vida de negócios • Respondere = dar resposta a consultas de ordem jurídica quer no domicílio, quer no próprio fórum. o Senatusconsultos: § Gaio –“É o que o senado ordena e constitui” § Ulpiano – “Não se duvida de que o Senado pode criar o direito” § Os senatusconsultos tornaram-se uma fonte de Direito quando o Senado, no século II, “se arrogou, sem rebuços, poder de criar e revogar o Direito Civil, sub-rogando-se no poder legislativo dos Comícios”. o Constituições Imperiais: Eram resoluções com força de lei promulgados pelo Imperador. § Gaio enumera três espécies de constituições: • Editos: Regulamentos de ordem geral feitos pelo Imperador, visando o bem-estar público. • Decretos: Sentenças que no exercício de sua função judiciária, o Imperador prolatava (proferia) em seu tribunal, com o auxílio de seus conselheiros ou assessores. • Rescritos: Respostas dados por escrito pelo Imperador à consulta de um particular ou de um magistrado sobre determinada matéria jurídica. § Podemos ainda acrescentar: • O mandato e instruções de caráter administrativo expedidas pelo Imperador a seus funcionários, especialmente aos governadores provinciais. • Período do Baixo Império: Período em que o Imperador é ao mesmo tempo legislador e intérprete da lei. o Legis antes de Justiniano § Primeira coleção oficial de Legis = condux theodosianus • Dividido em 16 livros, sua principal característica é a prevalência do Direito público sobre o Direito privado. o As constituições imperiais: § Duas compilações: Codux gregorianus e codux hermogenianus o Jurisprudência: Quando houver um caso de divergência entre os cinco jurisconsultos, ou entre estes e o que eles citavam, o juiz devia decidir de acordo com a maioria. o Compilações de Justiniano: Justiniano tinha como ideal a unidade romana e crista na universalidade do império e igreja. Portanto, decidiu empreender a unificação e a atualização do Direito mediante a compilação da massa enorme e confusa de leges e de jura = Corpus júris civilis § Composto por dois códigos, o digesto, as institutas e as novelas. • 1° Código: Publicado em 529 com o nome de Codex Justinianus, com a compilação de Leges (Const. Imperiais). • O Digesto: publicado em 553, fruto de uma compilação do Direito contido dos antigos jurisconsultos (jura).• As Intititutas: Publicada em 553, apresentam noções gerais, definições e classificações que tornam o estudo do Direito fácil e atraente. • O Segundo Código: Publicado em 554, é uma segunda edição do Primeiro Código. • Novelas: A atividade de Justiniano prosseguiu até sua morte. As constituições promulgadas a partir da vigência do segundo código chamam-se novelas. • Interpretatio (Interpretação): o Celso – “Saber a lei não é aprender suas palavras, mas seu espírito e alcance”. o A principio a interpretação dos Pontífices e dos primeiros juristas leigos diferia da interpretação moderna § Por meio da mesma se aplicava uma norma jurídica existente para atingir fim diverso daquele, terminando por criar uma lei. • Ex: Lei das XII Tabuas x Pátria • Potestas x Emancipação o Quando os juristas romanos interpretavam a norma jurídica, valiam-se de métodos ainda hoje utilizados. § “A previsão do legislador é finita e a realidade oferece uma multiplicidade de situação”. § “Impõe-se, pois, um trabalho intelectual destinado a fixar o conteúdo e o alcance das normas jurídicas. É missão do intérprete descobrir o conteúdo real da norma jurídica a mens legis (espírito da lei)”. o Interpretação - Classificação: § Quanto à fonte de que emana, a interpretação pode ser: • Autêntica: Obra do próprio legislador • Judicial: Emana dos juízes • Doutrinal: Exprime-se em pareceres dos juristas § Quanto ao método empregado, a interpretação pode ser: • Gramatical: baseia-se na letra da lei • Lógica: procura alcançar o sentido da lei através dos processos fornecidos pela lógica geral. • Sistemática: Consiste em comparecer o dispositivo sujeito à exegese (interpretação profunda de um texto bíblico, jurídico ou literário) com outros do mesmo repositório legal ou de leis diversas, mas referentes ao mesmo objeto. • Histórica: Enfoca a lei como realidade cultural que se situa na progressão do tempo. o A circunstância particular de momento histórico que determinou o preceito não pode ser ignorada pelo intérprete Unidade 2 – Jus Personarum (Direito das pessoas): • Pessoas: No sentido técnico-jurídico é todo indivíduo suscetível de direito e obrigações. o Desde o Direito Romano a classificação é feita em dois grupos: § Pessoa física (natural): Ser humano. § Pessoa jurídica (moral): Seres abstratos os quais a ordem jurídica considera sujeito de Direitos. o Pessoa física (in natura) § Artigo 1° do Código Civil: Toda pessoa é capaz de Direitos e obrigações na ordem civil § Início: Com base nos textos, os romanistas ensinam que a pessoa natural no Direito Romano se caracterizava pelos seguintes requisitos: • Nascimento • Vida extra-uterina • Forma humana • Maturidade fetal • Deve haver viabilidade (até 6 meses de gestação) o Artigo 2° do Código Civil: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. § Teorias conflitantes: concepcionista e natalista. § Nascituro: “Ao nascituro reconhecia-se uma expectativa de Direito em face do Spes Nascendi”. • “E levando-se em consideração que o nascituro é uma pessoa que está formando – revelam-se aqueles direitos que lhe corresponderão ao nascer”. o Paulus (jurisconsulto): “Protege-se o que se encontra no útero como se já estivesse entre os homens, sempre que se trate de seus interesses”. § É principalmente no direito sucessório que encontramos a preocupação de proteger os interesses do nascituro. • Nosso ordenamento: teorias e sujeito da ação. o Extinção: A pessoa física extingue-se com a morte. § Nosso Direito: • Artigo 6° do Código Civil: Morte real ou morte presumida (ausência) • Artigo 7° do Código Civil: Casos em que não há necessidade de decretar a ausência para se declarar a morte presumida. o Personalidade Jurídica: Aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. o Capacidade Jurídica: é o limite dessa aptidão (legitimidade) § Ex: A capacidade do liberto sofria restrições do ponto de vista do Direito público e do Direito privado. o Capacidade de fato: é aptidão para praticar, por si só, atos que produziam efeitos jurídicos. § A incapacidade de fato ocorria em virtude de vários fatores. • Idade • Sexo • Doenças mentais • Debilidade • Prodigalidade (acaba com seu patrimônio sem ter noção dos atos). § Podia ser: • Incapacidade Absoluta: Pessoa não pode praticar atos da vida civil, que é exercida pelo seu representante. • Incapacidade Relativa: Pessoa pode praticar atos da vida civil; desde que assistida pelo pater familias, tutor ou curador. § Em nosso atual ordenamento jurídico, os Artigos 3° e 4° tratam da incapacidade relativa e absoluta. § Obs.: No Direito Romano, os loucos eram absolutamente incapazes, mas eram aceitos os momentos de lucidez. • Justiniano: “Os loucos eram absolutamente incapazes de fato, salvo nos momentos de lucidez.” • Para Justiniano, o testamento de um louco seria valido, desde que feito em um momento de lucidez. • Em nosso Direito Civil, estes momentos de lucidez citados não são considerados, por uma questão de segurança jurídica. o Comoriência: § “È o fato de duas ou mais pessoas que morrem em virtude de um sinistro e não é possível determinar quem morreu primeiro ou depois, considera-se que todos morreram ao mesmo tempo” – Paulo Cesar de Moura § Com base em alguns textos do período clássico, a jurisprudência pos-clássica construiu presunções fundadas na diversidade da resistência física. o Casos de Premoriência: § Morte de pais e filhos “ao mesmo tempo” • Caso o filho fosse impúbere (mulher até os 12 anos/ homem até 14 anos), consideravam que este havia morrido antes do pai. • Caso o filho fosse púbere (mulher a partir de 12 anos / homem a partir de 14 anos), consideravam a morte deste sendo posterior à do pai. § Quando em virtude de um naufrágio, juntos morriam mãe e filho, e não sendo possível dizer quem morreu primeiro: • Se o filho fosse púbere, teria o mesmo sobrevivido à mãe o A comoriência reveste interesse jurídico quando os comorientes se encontram ligados por um vínculo de sucessão. § Nosso Direito adota a comoriência sem exceção, apenas com discussões no caso do Direito de representação – Artigo 8° do Código Civil. João e Maria: 1. João falece primeiro, seguido de Maria. a. Esta recebe os bens que lhe dizem respeito após a morte de João, que com sua morte subseqüente, ficam para seus herdeiros. 2. Maria falece primeiro, seguido de João a. Neste caso, os bens de João são legalmente pertencentes aos seus herdeiros. 3. Não foi possível identificar o premoriente a. Na comoriência não há sucessão recíproca, ou seja, os bens não se transferem entre os comorientes. Exceção à regra da comoriência se dá quando há morte de avô com e um de seus dois filhos (pai dos netos). Neste caso, 100% dos bens deveriam pertencer ao filho vivo, não restando nada aos netos. Porém, muitas vezes faz-se um acordo, dividindo 50/50 entre o filho e os netos. Cidadania Romana • Adquiria-se por nascimento ou por outras causas posteriores ao nascimento o Ex: Alforria • Perdia-se a cidadania romana pela: o Perda da liberdade o Condenação ao desterro o Castigo em virtude de falta grave • Status e Capitus Deminutio: o Status = situação jurídica do homem em face da liberdade, da cidadania e da família. o A liberdade, a cidadania e a família representavam 3 situações traduzidas pelas expressões: § Status libertatis § Status civitatis § Status familiae • Em relação ao Estado Romano, o ser humano devia ser livre e cidadão, além de membro de uma família. • A mudança em uma dessas situações era denominada capitus deminutio. o Segundo Gaio: “É uma mudança da situação anterior” • A capitus deminutio podia ser: o Capitus Deminutio Máxima: Perda da liberdade, acarretando a perda da cidadania e da família. o Capitus Deminutio Média: Perda da cidadania acarretando a perda da família. o Capitus Deminutio Mínima: Alteração na situação em relação à família. Escravos eLibertos • Sociedade Romana o Homens Livres § Ingênuos • Nunca haviam sido escravos ou se o foram recuperaram retroativamente a liberdade em virtude do: o Postliminium: Situação jurídica do cidadão romano ficava suspensa, desde o momento em que ele se tornava prisioneiro. Caso retornasse do campo inimigo, continuaria cidadão, como se não houvesse sido aprisionado” – Ulpiano. § Libertos • Cidadão incompleto • Já havia sido escravo e obteve a alforria • Condição jurídica: o Nome = Prenome + Nome do seu antigo patrão + Indicação de sua qualidade de liberto + Seu nome de escravo § Ex: Marcus Tulius Marci (liberto) Hermodorus • Capacidade do liberto o Restrita do ponto de vista do: § Direito público: Eram eleitores, mas não podiam ser eleitos. § Direito privado: Estava vinculado ao antigo dono o Escravos § Juridicamente = Res. Não possuíam liberdade, cidadania nem família. Interpretação: (Demos quanto à fonte, quanto ao método, faltando quanto aos efeitos) • Quanto aos efeitos: o Declaratória: Esclarece as leis ambíguas, obscuras, imprecisas ou verifica o sentido da lei sem nada reduzir ou estender em sua aplicação. o Restritiva: “O intérprete da lei, a quem compete fixar a mens legis (espírito da lei), subtrai a aplicação da lei a casos que parecendo compreendido na generalidade do texto, contrastam evidentemente seu espírito”. o Extensiva: O intérprete amplia a significado aplicando a lei a casos que pareciam excluídos. § Ex: Bigamia (Igual aplicação a quem se casa com mais de duas mulheres simultaneamente) Família Romana: “Uma das mais belas, mais importantes e decisivas instituições de Roma foi a família” – Mario Curtis Giordan. A família romana em sentido próprio (Iure Próprio) compreende: • Paterfamilias: Pai de família, chefe da casa. É pessoa sui juris: não está, dentro da família, sujeito a ninguém. • Materfamilias: Mãe de família, a mulher casada cum manu (deixa de ser alieni juris em relação o seu pai para ser-lo em relação ao marido). • Descendente do Paterfamilias: Quer sejam filhos/filhas, netos/netas, bisnetos Obs: Fim da matéria da primeira prova Patria Potestas: • Poderes do Paterfamilias: o Possuía o poder na sociedade doméstica. o Desde a época das XVII Tábuas podemos distinguir os seguintes poderes: § Pátria Potestas: poder sobre os filhos § A manus: Poder sobre a mulher § Dominica Potestas: Poder sobre os escravos. § Mancilium: Poder sobre pessoas livres alieni juris que passaram de um paterfamilias a outro. • Fontes da Pátria Potestas: o “A pátria potestas é uma instituição do Antigo Direito Civil Romano, que só podia ser exercida por uma pessoa do sexo masculino que fosse cidadão Romano” – Amaral o Pessoas submetidas à pátria potestas: § Filhos nascidos de casamento legítimo § Filhos adotivos • Além do casamento legítimo e da adoção, existiu no Baixo Império a legitimação o Justae Nuptiae: casamento legítimo de acordo com as normas do Jus Civile. o Adoptio: Instituição do Direito Civil, cujo efeito era o de estabelecer, entre duas pessoas, relações análogas àquelas criadas pela Justae Nuptiae entre o filho e paterfamilias. o Legitimatio: Consistia em certas medidas através das quais os imperadores procuravam regularizar a situação de filhos nascidos do concubinato, possibilitando ao pai adquirir a Pátria Potestas sobre esses filhos. • Direitos e deveres ligados à Pátria Potestas: o “Com relação dos Direitos sobre pessoas, o paterfamilias exercia, primitivamente, uma verdadeira magistratura doméstica entre os membros da família”. o Lei das XII Tábuas: Vestígios encontrados desse poder absoluto; como por exemplo, a permissão ao paterfamilias de matar, logo após o parto, por motivo de seleção humana, o descendente disforme em demasia. o Deveres do paterfamilias: Officium o Pietatis: Dever de afeição • Evolução e extinção da Patria Potestas: o O direito de vida e morte foi caindo em desuso e se transformando em simples direito de correção. o Ulpiano assinala essa reação contra a autoridade absoluta do chefe de família. o O jurisconsulto Marciano acentua que a Patria Potestas deve consistir na piedade e não na atrocidade. o Com o fim da república, o direito do pai de deserdar o filho sofre restrições. o O officium pietatis obriga-o a deixar uma parte do que tem para o filho. o A patria potestas era em princípio vitalícia § As causas de extinção, raras nos primeiros tempos, tornaram-se mais tarde numerosas e freqüentes. • Além de outros casos de extinção, podemos citar a entrega em adoção e a emancipação, por meio do qual o paterfamilias excluía um filho de sua potestas, tornando-o sui juris. Pessoas Sui Juris e pessoas Alieni Juris • Sui Juris: É a pessoa que não se encontrar sob o poder de outrem. o Ex: Paterfamilias • Alieni Juris: Pessoas que se encontram sob o poder de outrem. o Ex: Casos da patria potestas. Parentesco: É a relação que vincula entre si as pessoas que descendem do mesmo tronco ancestral. Agnatio e Cognatio: • Os Romanos distinguiam entre o parentesco de sangue, chamado Cognatio, e o parentesco civil que vincula pelo paterno os membros da mesma família (Agnatio). o O fundamento da Agnatio é a autoridade paterna (Patria Potestas) ou autoridade marital (manu) • Ex: Quando o paterfamilias tinha um filho e uma filha, as filhas do filho seriam seus agnados, enquanto que os filhos da filha permaneceriam sob a autoridade do marido desta e fariam parte da família do mesmo. A agnação se interrompe na descendência feminina. o Chefe de família Filho + esposa Filha + esposo Netos (Agnados) Netos (Interrompe agnação) O parentesco criado pela natureza chama-se cognação (cognatio) ou consangüinidade. • O parentesco é contado por linhas e graus. o Linha: é a série de pessoas descendentes de um antepassado comum. § Linha reta: Pessoa que descende uma da outra § João (pessoa) Ascendente Descendente José (pai) Mané (avô) Lelé (bisavô) § Linha Colateral: Pessoas que descendiam de um ancestral comum. • João Lé Cré Relação colateral do 4° grau Guilherme Zé Gustavo Primos • Graus: Distância entre gerações. Contam-se os parentescos pelo grau. Matrimônio: • Justae Nuptiae ou Justum Matrimonium: Casamento legítimo de acordo com as normas do Direito Civil Romano. o “A união do homem e da mulher, o consórcio de toda vida, a comunhão do Direito Divino e humano” – Modestino •Duas espécies: • Casamento cum manu: A mulher passa da dependência do chefe de sua família para a dependência de seu marido e do pai deste. Tal transferência supõe um ato chamado conventio em manu ou aquisição d a manu, isto é, de um poder do marido sobre a mulher. o Supõe a aquisição da manus – segundo Gaio, esta pode dar-se de três maneiras: § Pela Confarreatio: “Casamento celebrado com grande solenidade e presidido pelo sumo pontífice, na presença de 10 testemunhas. § Pela Coemptio: “Constituía a maneira correta, na época clássica, de criar a manus” • A mulher era fictamente vendida pelo seu paterfamilias ao pater da família do marido. Se o futuro marido fosse sui juris, a venda seria feita diretamente a ele. § Pelo Usus: A vida em comum durante 1 ano faz com que o homem adquira o podr sobre a mulher que ele desposou sem a coemptio ou a confarreatio. Caso a mulher abandonasse o domicilio conjugal por 3 noites em cada ano, impediria a criação da manus. o A mulher, através do casamento cum manu, entra para a família do marido. § Sendo este sui juris, a condição da mulher é igual à de uma filha sob a patria potestas. § Sendo este marido alieni juris, a mulher fica na situação de neta. • Casamento sine manu: A mulher continua em sua família de origem sob o poder de seu paterfamilias. Enquanto que no casamento cum manu o pai deixa de ter poder sobre a filha do marido, no casamento sine manu, a filha, mesmo casada, continua sob o poder de seu paterfamilias. o Ato de direito privado no qual não interferem magistrados. Mas é um casamento perfeitamente legitimoe não uma mera união de fato. o A mulher desposada nessas condições usufruía da mesma situação social do marido, e os filhos dessa união eram considerados tão legítimos quanto os nascidos do casamento cum manu. Dissolução do Matrimônio: • Causas da dissolução do matrimônio em Roma o Principalmente a morte, a perda do conumbium e o divórcio § Morte: Morrendo a esposa, marido podia casar-se nova e imediatamente. Já a viúva, só após 12 meses da morte do seu cônjuge, regra fundamentada em: • Motivos religiosos • Razões de ordem biológica (visando impedir incertezas quanto à paternidade do filho) § Perda do conumbium: A perda da cidadania e a perda da liberdade dissolviam o casamento. § Divórcio: O matrimônio romano nunca foi indissolúvel. • No casamento cum manu, só o marido poderia dissolver os laços conjugais, pois a faculdade de repudiar a mulher fazia parte do poder que o marido exercia sobre a esposa. o Até o século II A.C.; o repúdio só era permitido quando a mulher incorria em falta grave, sendo assim condenada em conselho organizado pela família do marido. • No casamento sine manu: Na época clássica, este tipo de casamento era praticamente o único existente, no qual era permitido o divórcio por consentimento mútuo dos cônjuges, pelo repúdio do marido por parte da mulher e vice-versa. Dote: • “É o conjunto de bens oferecidos pela mulher ao marido por ocasião do casamento, com o fim de amenizar os exageros da nova situação”. o Os bens podem constituir-se em dinheiro ou não e podem ser provenientes: § Da própria mulher, se ela for sui juris § De um terceiro, sendo ela sui juris ao alieni juris § Do paterfamilias, se ela for alieni juris • Tipos de dote: o Dos Profecticia: Constituído pelo paterfamilias em favor da filha alieni juris. o Dos Adventícia: Constituído pela mulher sui juris ou por terceiro que não seja sem pai e nem sem pai e nem sem ascendente. § Considerado nos vários períodos do Direito Romano, o dote apresentou diversas características, dentre as quais se destaca o da sua restituição ou não pelo marido, em caso de dissolução do casamento. • Nesse particular, o dote: o Ou nunca é restituído, pois o bem dotal é perpétuo e sempre permanece com o marido. o Ou é restituído, no caso de novas núpcias, pois é do interesse da República, que se resguardem os dotes das mulheres para quem possam casar-se outra vez. § No último período do Direito Romano o dote sempre era devolvido, em qualquer hipótese. • Justiniano chegou a estabelecer norma, no ano de 530, concedendo à mulher uma hipoteca geral, sobre todos os bens do marido a partir da data do casamento, facilitando assim a sua restituição. o Em 531, a hipoteca qual passou a ser privilegiada, facultando a mulher preferência total e exclusiva, passando à frente de todos os credores, mesmo dos que já o eram antes do casamento. Adoção e Ad-rogação: • Adoção: Ato pelo qual o “alieni juris”, homem ou mulher, sai da família de origem para colocar-se sob outra patria potestas, a da família do adotante. o Fazia passar uma pessoa alieni juris de uma família para a outra na qual continuava alieni juris. • Ad-rogação: Outro tipo de adoção. “Ato pelo qual o paterfamilias faz entrar para sua família outro paterfamilias, na qualidade de filius. Aplica-se, pois, apenas aos homens”. o Era a adoção de um chefe de família sui juris por outro chefe de família, situação em que um ficava dependente do outro. • Com relação à adoção propriamente dita, podemos afirmar que tem grande importância entre os romanos, servindo, entre outras coisas, para dar herdeiro a quem não o tem, por motivos de família (continuação da mesma) ou políticos (assegurar sucessor ao príncipe, como no caso de Justiniano, adotado por Justino), para transformar plebeus em patrícios, etc. • Como em Roma não se admitia dispor da patria potestas, imaginou-se um processo engenhoso por via indireta e que compreende duas fases: o 1° fase: Extingue-se a patria potestas daquele que entrega o filho em adoção a outro. o 2° fase: Faz-se nascer a patria potestas para o adotante. Legitimatio (Legitimação): • Ato pelo qual os filhos naturais, isto é, filhos do concubinato (união estável entre o homem e a mulher, fora da Justae Nuptiae) adquiriam a condição de filhos legítimos. o A legitimação só foi admitida no direito pós-clássico por influência do Cristianismo. • Os filhos podiam ser: o Legítimos: Concebidos na constância do casamento o Ilegítimos: (não estavam sobre a patria potestas) § Naturais: Provenientes de relação concubinária § Espúrios Adulterinos: Não poderiam ser legitimados • Os filhos naturais podiam ser legitimados de três modos: o Per Subsequens Matrimonium: Por matrimônio subseqüente § Filhos naturais possuíam relação de igualdade com os filhos legítimos. o Per Rescriptum Principis: Por rescrito (resolução por escrito) do Imperador § Adotada quando não era possível a legitimatio por subsequens matrimonium. • Ex: Caso de morte, desaparecimento § Podia ser pedida pelo pai através de testamento • Para sua caracterização: o Pai precisava requerer a legitimação o Imperador deveria responder consulta deferindo pedido. • Alguns requisitos: o Anuência do legitimatio o Casamento possível no momento de concepção do filho o Per Oblationem Curiae: Oferecimento a cúria § O pai legitimava o filho inscrevendo-o entre os membros das cúrias municipais, como decuriões (cobradores de impostos) Tutela e Curatela: • Tutela: Instituto do Direito Civil Romano, que tem por objetivo a proteção da pessoa e, principalmente, dos bens dos impúberes dos dois sexos e das mulheres púberes sui juris. o Tutela em razão da idade: (meninos de até 14 anos e meninas de até 12 anos) § Os incapazes alieni juris não necessitam de tutor ou curador, pois se encontram sob o pátrio poder do paterfamilias § Quando falece o paterfamilias e deixa filhos impúberes, estes se tornam sui juris • Estes filhos sui juris possuem bens que devem ser administrados por um tutor e a tutela em razão da idade o Tutela em razão do sexo: § Ao atingir a idade de 12 anos, a mulher sui juris está sujeita à tutela em razão do sexo • Só estavam isentas da mesma as vestais (virgens que cuidavam do fogo da deusa) § A tutela em razão do sexo podia ser testamentária, legítima ou honorária, e a designação do tutor se dava por uma destas. • Tutela Testamentária: O paterfamilias designa o tutor em testamento • Tutela Legítima: São chamados à tutela os que têm direito à sucessão do incapaz. • Tutela Honorária ou Dativa: Na falta de tutor testamentário ou legítimo, o magistrado nomeia o tutor. § Em relação ao tutor, na época clássica havia dois processos para administrar os bens. • Negotiorum Gestio: Tutor atua em nome próprio como gestor de negócios. Os efeitos dos atos praticados incidem/se produzem sobre sua própria pessoa, e no final da tutela ocorre o acerto de contas. • Auctoritas Tutoris: Pupilo atua e tutor adere ao ato praticado. Este processo só pode ser usado quando o pupilo já tem condições de manifestar sua vontade. o Obs: Na tutela em razão do sexo, o tutor só atua através da autoritas tutoris. Curatela • É o instituto do Direito Civil Romano que tem por objetivo a proteção e assistência de loucos, pródigos e menores de 25 anos. • Curatela de Loucos: o Atribuição dada pela Lei das XII Tábuas aos agnados § No período clássico aparece a curatela dativa ou honorária, na qual na falta de agnados idôneo o curador era nomeado pelo magistrado § O curador administra o patrimônio do louco através da negotiorum gestio • Curatela dos Pródigos: o Apenas se caracterizava mediante interdição pronunciada pelo magistrado, após a constatação da prodigalidade. o Tal curatela cessa com a morte ou com a recuperação dos costumes sadios. • Curatela dos menores de 25 anos: o Para evitar que os mesmos tivessem prejuízos devido à inexperiência negocial. § Caso em que o curador não administra os bens § Representa apenas uma garantiareal. Unidade IV: Direito das Obrigações • Noção atual de obrigação: o “Relação jurídica pela qual uma pessoa (o devedor) esta adstrita a uma determinada prestação para com outra (o credor) que tem direito de exigir, obrigando a primeira a satisfazê-la” – Ruggielo • Elementos essenciais: o São três: § Sujeito ativo ou passivo § Vinculo Jurídico (Vinculum Juris): Liga o devedor ao credor, constrangendo o devedor a pagar a dívida ao credor § Objeto: é a prestação • O objeto de obrigação é a prestação, cujo conteúdo é expresso nos textos pelas palavras: o Dare = obrigação do devedor de transferir ao credor alguma coisa o Facere = Fazer ou não fazer alguma coisa o Praestare = Prestação – Entendimento no sentido genérico. Qualquer objeto da obrigação = Dare ou Facere Requisitos para a validade da prestação: I – Ser possível física e juridicamente II – Ser lícita III – Ser determinada (ao se formar a obrigação já devemos saber qual será a prestação) ou determinável (é necessário estabelecer uma circunstância que irá posteriormente determinar a prestação) IV – Representar interesse economico para o credor; ser avaliável em dinheiro As institutas de Justiniano distinguem as obrigações “segundo nascem de um contrato ou de um quase-contrato, ou de um delito ou de um quase-delito” Contrato: No Direito Moderno, é um acordo de vontade de duas ou mais pessoas, que visa constituir, regular ou extinguir uma relação jurídica. Note-se que os juristas romanos não tiveram um conceito geral de contratos. Alguns exemplos de contratos: Com base no seguinte texto de Gaio: A obrigação contrai-se ou pela coisa ou pelas palavras, ou pela escrita ou pelo consentimento, os Romanistas distinguem os seguintes contratos: Reais, verbais, literais e consensuais. • Contratos Reais: Se perfazem pela entrega da coisa; nas institutas são consignados quatro contratos reais: mútuo, comodato, depósito e penhor • Contratos Verbais: São os contratos que se constituem por meio de palavras solenes • Contratos Literais: São aqueles em que as obrigações resultam da escrita • Contratos Consensuais: são aqueles que para se constituírem, dependem tão somente das partes contratantes. o Ex: Compra e venda; sociedade; mandato, etc. • Quase-contrato: Ato lícito e voluntário que torna seu autor credor de outra pessoa, sem que tenha havido prévio acordo de vontade entre ambos. o Ex: Pagamento indevido = Alguém paga, por engano, o que não deve. Quem receber um pagamento indevido é obrigado a restituir o indevido. • Delito: o Delito público: Violação de norma jurídica que o Estado considera de relevante importância social (tais delitos eram punidos com poena publica, morte, castigo, etc.) o Delito privado: Ofensa feita à pessoa ou aos bens do indivíduo. A vítima pode intentar uma ação para obter do ofensor um pagamento de determinada quantia • Quase-delitos = As institutas enumeram alguns o Os cometidos no curso de processo judicial o A violação de sepultura o Extinção das obrigações § Dois grupos: • Modos de extinção reconhecidos pelo Jus Civile: o Ex: § Solutio = pagamento § Novatio = Extingue-se uma obrigação mediante a Constituição de uma obrigação nova • Modos de extinção em virtude de uma exceção pretoriana o Ex: § Compensatio = balanço de débito e crédito = Pessoas são ao mesmo tempo, devedoras e credores entre si § Pactum de non petendo = Pacto de não acionar, pacto de não exigir a prestação ou de não exigi-la dentro de certo prazo. Jus Rerum (direito das coisas): 1. Noções fundamentais • Em sentido jurídico, “coisa” é aquilo que pode ser objeto de Direito subjetivo patrimonial • Classificação: i. Coisas móveis: são as que podem ser deslocadas de um lugar para outro sem alteração na substancia ou na forma ii. Coisas imóveis: são as coisas que não podem ser deslocadas pois sofrerão alteração em sua forma. iii. Coisas semoventes: são as que se movem por força orgânica própria. Ex: animais, escravos • Classificação fundamental das coisas no Direito Romano durante muitos séculos: i. Res Mancipi: se transferem pelo processo da mancipaçao (modo solene da transmissão da propriedade). Ex: imóvel ii. Res Nec Mancipi: se transferem sem formalismo com a simples entrega. Ex: galinhas • Coisas fungíveis: são as que podem ser substituídas por outras da mesma espécie, qualidade e quantidade. • Coisas infungíveis: são aquelas em que se leva em consideração sua própria individualidade, não podendo, portanto, ser substituída por outras. • Coisas divisíveis: são divisíveis economicamente as coisas que podem ser divididas em partes distintas e homogêneas, conservando cada uma valor mais ou menos proporcional • Coisas indivisíveis: são as coisas cuja participação acarreta a sua destruição • Coisa principal: é aquilo a que outra está unida em relocaçao de dependência • Coisa acenória: é a coisa assim correlacionada com a principal, ou seja, sua existência supõe a da principal. • Coisas consumíveis: são as que se destroem com o uso normal – temos aqui a consumilidade física. iii. São também consideradas consumíveis as coisas que se destinam a alienação (venda)– consumilidade jurídica iv. Coisas inconsumíveis: são as coisas cujo uso normal não consiste um destrui- las v. Direitos reais: 1. Noção: é o que tem por objetivo a coisa direta e imediatamente seguindo à em poder de quem quer que a detenha. É o Jus in Re (direito sobre a coisa) Continuação de Direitos Reais • Jus In Re Propia (Direito real sobre a coisa própria) o Juristas romanos = distinção clara entre posse e propriedade o Digesto: “A propriedade nada tem em comum com a posse” § Posse: Poder de fato sobre uma coisa § Propriedade: Poder de direito o No período pos-clássico, surge a idéia de que a posse seria um direito o Aparecem então em alguns textos as expressões: § Jus Possessionis: Para a posse § Jus Domninii: Para a propriedade • Propriedade: Não foi definida pelos juristas romanos. O que distinguia o direito de propriedade de outros direitos reais era a circunstância de ser ele o direito real de conteúdo mais amplo • Modos de aquisição de propriedade: o Adquirida a titulo originário (usucapião) ou derivado (transferida por proprietário anterior) o Esta classificação não é propriamente Romana, mas encontra certo apoio nos textos • Título originário: Quem adquire não tem relação com qualquer proprietário precedente • Título Derivado: Direito de propriedade é transferido pelo proprietário anterior • Exemplos de modo originário: o Ocupação: Apreensão de uma coisa sem dono com a intenção de fazê-la própria o Obs.: Coisa sem dono § Res Nullum: Coisas de ninguém § Res Derelictae: Coisas abandonadas o Acessão: é a união de coisas. Pode ser: o União de imóvel a imóvel § Ex: Aluvião (parte imperceptível de imóveis passa de um para a outro, como nas propriedades ribeirinhas afetadas por uma enchente de rio, dando-lhe eventualmente um acréscimo significativo de propriedade) • Não confundir com avulsão, que é um processo mais drástico, acréscimo é considerável de cara o União de móvel a imóvel § Ex: Plantatio o Ex: União de móvel a móvel § Ex: Scriptura (Utilização de pergaminho de outrem para uma escritura; utilização de tela de outro para fazer uma pintura) • Modos de aquisição a título derivado o Mancipatio = modo de adquirir a propriedade da Res mancipi: Ato solene em que figuravam testemunhas, etc. o In jure cessio: modo de adquirir a propriedade das Res mancipi e também da Res Nec Mancipi (sem formalismo) o Traditio: Entrega da coisa • Jura in re aliena (Direitos reais sobre a coisa alheia) o No Direito clássico, os direitos reais sobre a coisa alheia se subdividem em: § Direitos reais de gozo • Servitutes (servidão): A servidão predial se estabelece para beneficiar objetivamente um imóvel e não uma pessoa. Acarreta limitação no uso de um imóvel (serviente) em favor de outro (dominante) • Ususfructus (Usufruto): Direito de usar e desfrutar coisa alheia semalterar a substancia • Usus (uso): Semelhante ao usufruto. Diferença é quantitativa, pois o uso admite apenas o gozo da coisa para satisfação imediata da necessidade atual § Direitos reais de garantia • Penhor: “Contrato pelo qual o devedor entrega a posse da coisa que lhe pertence ao credor, como garantia de pagamento” • Hipoteca: “Convenção pela qual o credor obtém do devedor o direito de entrar na posse da coisa, dada em garantia da dívida a fim de beneficiar-se com a venda da coisa, no caso de não pagamento na época fixada” • Enfiteuse: “Convenção pela qual o proprietário concede a outra pessoa o direito de cultivar certa porção de terra e de extrair-lhe toda a utilidade por muito tempo ou para sempre, mediante o pagamento de um tributo anual – o “foro” ou “cânone” • Superfície: Direito reconhecido a uma pessoa de utilizar, mediante retribuição, as construções e plantações feitas sobre terreno alheio, alugado por longo prazo. Jus Sucessionum (Direito das Sucessões) • Noção de sucessão o Sucessão é a substituição de uma pessoa por outra em determinada relação jurídica. Pode ser: § Sucessão Inter Vivos: Ato jurídico entre pessoas vivas. Ex: Doação § Sucessão Mortis Causa: Ocorre a sucessão pela morte • Sucessão Universal: Se dá com a relação a uma universitas iuris. Assim, o patrimônio da pessoa falecida ou uma cota desse patrimônio é transferido (Herança) • Sucessão Singular: Quando se transmite objeto singularmente considerado (Legado) o A sucessão universal mortis causa tem por objeto a herança § Duas figuras em questão: • O falecido (De cujos) • O herdeiro (Heres) o A sucessão singular mortis causa tem por objeto o legado § Há duas espécies de sucessão: • Legítima • Testamentária • Sucessão Legitus: o Se não houver testamento, ou se este for ineficaz ou nulo, abre-se a sucessão legitima (também chamada ab intestato), caso em que a herança é deferida as pessoas designadas por lei. o Herdeiros legítimos: agrupam-se da seguinte forma: 1. Descendentes 2. Ascendentes e colaterais privilegiados – irmãos e irmãs germanos (bilaterais) e seus filhos 3. Irmãos e irmãs de sangue ou uterino e seus filhos 4. Colateral mais próximo 5. Cônjuge sobrevivente • Sucessão Testamentária o Ocorre quando a herança é deferida por meio de testamento § No direito romano testamento é o ato solene de última vontade que contem a instituição de herdeiro § Há varias formas de testamento: • Ex: Testamento diante dos comícios, testamento dos soldados • Em principio é permitido testamento a todos os cidadãos sui juris • Estrangeiros que possui o jus comercii Em princípio, podiam ser instituídos herdeiros no testamento • Pessoa física • Nascituro • Pessoa jurídica • A divindade (templos, etc.) Notas: • O testador pode instituir herdeiro único ou vários herdeiros • Não existe testamento sem a instituição de herdeiro • O herdeiro deve ser instituído para receber toda a herança, vale aqui o principio de que “ninguém pode falecer em parte testatus e em parte intestatus”, ou seja, nenhum cidadão romano podia fazer testamento pela metade. Ou o testamento incluía todos os bens ou nenhum. Esse princípio não era valido para o testamento feito pelos militares (testamentos do militares)
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