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Lit. Brasileira IV_Portfólio 02_Atividade 01_ Rosimelre Viana

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
 LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS
 DISCIPLINA: LITERATURA BRASILEIRA IV
 PROFESSOR: ÉRICK TEODÓSIO DO NASCIMENTO
LITERATURA BRASILEIRA IV_ AULA 02_ ATIVIDADE 01
Rosimelre Viana Souza
Maranguape, 18 de fevereiro de 2015
Atividade de portfólio
Você vai ler o conto "A mensagem" (clique aqui) e o ensaio "A fantástica verdade de Clarice" (Clique aqui) e pensar , e escrever sobre essa "verdade" que a literatura veicula, essa "mensagem" que o texto literário nos traz. Ao fazer isso, você estará refletindo sobre a própria condição da literatura e, por extensão, da arte contemporânea, em relação às verdades que deve, pode, tenta, recusa trazer. Vamos pensar, minha gente! Depois de tanto pensar, escreva um texto de pelo menos vinte linhas fazendo seu comentário, dando sua opinião sobre essa arte contemporânea.
Clarice tem um estilo ímpar, desenvolvendo seu trabalho no meio interno de cada indivíduo, centrando-se nas suas mais íntimas aflições, ou seja, trabalha o inconsciente e reproduz o pensamento de seus personagens, sendo muitas vezes onisciente quando convém como narradora, demonstrando saber muito mais sobre os pensamentos e sentimentos deles mais do que eles próprios.
É o que acontece no conto “A mensagem” que também fala sobre a cumplicidade e o distanciamento entre dois jovens de sexo oposto que são amigos. O que os une é o sentimento de angústia, algo comum entre eles e a maioria dos seres humanos, e que se torna um elo de ligação entre ambos.
Os personagens traziam consigo a sensação de serem iguais, pois se sentiam diferentes das outras pessoas devido ao simples fato de serem angustiados. Porém, essa sensação era conflitante porque, na realidade, eles não tinham escolhido um modo pessoal de ser, não sabiam o que queriam. Essa relação de igualdade, o sentimento de que um completa o outro, era algo grave, pois o rapaz e a moça viviam um conflito diante de sua própria existência, o desejo de ser sem saber o quê.
Outro ponto do conto é a oposição entre eu e o outro, homem e mulher. Os papéis sexuais que foram estabelecidos pela sociedade não permitem que sexos opostos compartilhem o mundo de forma igualitária. Também não aceita que o homem seja fraco ao perder o controle sob suas emoções. Fragilidade e emotividade são comportamentos estritamente femininos.
O distanciamento entre os dois passou a acontecer quando a moça se sentiu incomodada por ter sempre sua opinião levada em consideração porque era vista como um homem, já que, era assim que o rapaz a considerava. E, não aceitando dividir seus sentimentos de angústia com uma mulher, mascarou-a como um homem.
A narrativa e o ensaio revela a diferença que impede a igualdade, o processo de mutação que ocorre com o crescimento dos dois. Em um instante de epifania diante da casa, eles descobrem-se agora homem e mulher, diferentes um do outro, um momento do qual haviam fugido. Eles podiam ou não aceitar essa revelação diante da casa que poderia ser normal ou aterrorizadora, dependendo da visão de cada um. Sendo assim, podemos perceber a relação de gênero exposta pela escritora, não como referência sexual, mas como uma relação cultural e social imposta pela sociedade. 
A mensagem ou “verdade” presente no conto e no ensaio é exatamente essa diferença de gênero que esteve escondida durante muito tempo e na qual eles recusavam-se a aceitar. É o momento de revelação deles diante da casa, que representa o mundo adulto, os velhos e falsos valores que eram inaceitáveis, mas que agora ilumina suas vidas e lhes dão um novo rumo fazendo-os retornarem à realidade.
Vale ressaltar que, a “verdade” ou a mensagem produzida em um texto literário é praticamente impossível de ser um aspecto marcante do senso comum, já que, escritoras como Clarice não se preocupa em deixar essa marca clara e evidente. Cabe ao leitor, encontrá-la espontaneamente, levando em conta não só o texto, mas todo o contexto sócio cultural no qual está inserido e que vai influenciar na concepção de mensagem que cada um terá a respeito da mesma.
A princípio, fica claro o que Lispector quer passar. No entanto, não é de exclusividade da autora o que ela quer transmitir, pois o leitor com todo o seu conhecimento de mundo exercerá influência no resultado final. E a verdade ou mensagem vai depender do que cada um pensa e espera de si próprio.
Referências
A FANTÁSTICA VERDADE DE CLARICE (In: PERRONE-MOISÉS, Leyla. Flores da escrivaninha.São Paulo: Companhia das Letras, 1990.)
http://esteticaliteraria.blogspot.com.br
www.tirodeletra.com.br/academia_autores/ClariceLispector.htm

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