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Avaliação do III Módulo - História Medieval

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA DE CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
ALUNO: ANDRÉ JUNIOR SOUZA FERREIRA
DISCIPLINA: HISTÓRIA MEDIEVAL
PROFESSORA: MARÍLIA DE AZAMBUJA RIBEIRO
Avaliação do III Módulo – A Baixa Idade Média
A Sociedade Urbana
 O desenvolvimento das características da sociedade medieval significou uma alteração relevante nas estruturas vigentes no período, aos olhos da historiografia, essa conjuntura trouxe à superfície, uma série de conflitos sociais e lutas políticas específicas. Em meio a um contexto político-jurídico complexo, o surgimento das cidades na Baixa Idade Média, indicou-nos uma série de mudanças sociais extremamente relevantes para a história. Os diversos estudos nos mostram que, a pluralidade condições existente nas sociedades urbanas da Europa, configuravam um novo quadro na disputa de poder e na formação de uma nova elite. Abordando inicialmente o conceito geográfico de cidade, que se apresenta variável, se configuram algumas das bases para entender o funcionamento da cidade Medieval entre o período dos séculos X ao XIV. 
 Os historiadores acreditam que nas cidades nesse período, os centros urbanos provem de uma estrutura anterior e se diferenciam do conceito da cidade romana, o conceito desenvolvido por Jérôme Baschet que reforça essa tese, é de que o desenvolvimento espontâneo das cidades está inserido dentro de um processo “mutacional”, a partir da proximidade das muralhas; com os “burgos”, locais de desenvolvimento de uma economia e que acabavam sendo incorporados à cidade sucessivamente, de acordo com a sua formação. É de se destacar o papel das muralhas, como observa Hoppenbrouwers e Blockmans em sua Obra “Introdução à Europa Medieval: 300 – 1500”: “As muralhas, trincheiras e portões delimitavam o espaço urbano e as periferias do país. A comunidade da cidade isolava-se do resto da região no sentido literal e metafórico. Suas muralhas a protegiam de ataques de invasores.”[pág. 348]
 A importância da posição geográfica das cidades medievais, se apresenta como um fator preponderante para o desenvolvimento urbano e a evolução dos comportamentos e práticas humanas dentro das cidades. Basicamente, as cidades que de certa forma se desenvolveram e que se caracterizavam como os mais importantes centros urbanos, apesar de não terem um projeto de crescimento planejado, conseguiram sobreviver e prosperar, muito por causa de sua localização geográfica, como indica-nos Hoppenbrouwers e Blockmans: “Muitas dessas cidades antigas constituíram o cerne da expansão medieval (...). A maioria das cidades medievais não era planejada e sua localização determinava-se, basicamente, por caminhos navegáveis.”[pág. 349]. As muralhas da cidade além de ter uma função de proteção, identificam-se como um importante fator que comprova a relevância da autonomia econômica do corpo urbano. As comunidades citadinas começaram a investir em obras públicas, tais como, pontes, estradas, monumentos, praças e etc. Outro aspecto importante foi à morfologia das cidades, a sua tendência “mutacional” perante a distribuição de suas funções específicas, nos mostra que as muralhas além de estarem relacionadas à guerra endêmica, tinham a essas características de assimilações dos burgos que cresciam na parte de fora da muralha.
 O crescimento progressivo das cidades está estreitamente ligado ao processo de mutação das construções citadinas, do desenvolvimento de novas tecnologias na área agrícola que proporcionavam um excedente na produção e a manutenção e ampliação do comércio em áreas extensas no mediterrâneo e no Oriente. O aumento do comércio no Mediterrâneo também deve ser destacado, ele faz parte do processo de expansão dos estados e cidades, na “recuperação” das terras pela Reconquista na Península Ibérica e das Cruzadas convocadas pela Igreja no Ocidente. Sobre a égide do crescimento urbano, o aspecto comercial e a diversificação da produção agrícola e artesanal, foram fatores que proporcionaram à cidade um desenvolvimento, o que Baschet nos mostra em sua obra “A civilização Feudal: Do ano mil à colonização da América”: “Os camponeses vendem grãos, gado, ovos, aves e diversos produtos de um artesanato rural emergente, tais como a cerâmica, trabalhos em fibra, fios e modestas peças têxteis (...).” [pág.143]. O desenvolvimento de técnicas de agricultura e invernos menos rigorosos proporcionaram um aumento populacional nas cidades. Em geral, nos leva a entender o papel do campo, que ao estabelecer no interior, não só de uma excedente de produção, mais um excedente populacional, propiciando um eixo de imigração das pessoas para a cidade.
 Os centros urbanos geravam uma grande demanda de produtos, que era atendida pelas atribuições de uma economia rural, essa demanda urbana estimulava a produção agrícola de uma maior diversificação dos produtos; esses aspectos são apontados por Hoppenbrouwers e Blockmans: “O poder de compra foi concentrado na cidade que comprava diversos alimentos, como carne e laticínios, assim como matérias-primas da região rural para abastecer a indústria – lã, couro, materiais de construção (...). As pessoas da cidade contribuíam para a diversificação da produção rural, ao comprar terras de um investimento seguro (...) a densidade populacional no interior era proporcionalmente elevada, porque só em uma área rural superpovoada poderia haver uma imigração para a cidade.”[págs. 346-347].
 O mundo medieval era um mundo artesanal, as necessidades diárias eram feitas com um trabalho intenso, e os produtos do cotidiano eram produzidos pelos artesãos. Os artesãos e o artesanato se configuravam como pilares essenciais da produção, como também esses indivíduos, constituíam uma “facção” ou “classe”, que adequada a essa concepção medieval, se segmentavam no âmbito econômico e político. O comércio também é uma prática que se adapta a vida social nas cidades da Baixa Idade Média, essa é a concepção econômica que é nos apresentada por Hoppenbrouwers e Blockmans: “Do ponto de vista econômico, todas as cidades tinham um mercado e um centro de produção para as indústrias e serviços (...). Os primeiros habitantes das cidades compunham-se primordialmente de comerciantes e artesãos.” [págs. 346; 349]. O papel do comércio e do artesanato foi muito importante, os comerciantes e artesãos foram o ponto inicial para o desenvolvimento urbano, na busca pela autonomia jurídica e econômica das cidades perante o poder senhorial, eles se apresentam como atores sociais que compunham esse corpo social plural e diversificado. Eles se movimentavam em busca pelo poder, fazendo parte das disputas políticas locais.
 É importante resaltar o papel das feiras e mercados, elas consistiam, além de um espaço de interação social, uma oportunidade de negociações, um espaço que tinha uma diversificação da oferta de produtos, e se caracterizava como um local de movimentação da economia das cidades. As cidades italianas tem um papel decisivo na autonomia comercial e no desenvolvimento do comércio com o Oriente, destaca-se o papel de Gênova e Veneza. Essas cidades criaram entrepostos comerciais no Oriente e mantinham o monopólio de matéria-prima, de certa forma impondo um controle sobre a atividade dos artesãos, que compunham outro segmento da sociedade que lutavam pela ascensão no poder. De fato, todos esses atores sociais começaram a se organizar em corporações e guildas, praticando uma espécie de protecionismo do ofício, onde, especialmente os artesãos, passavam, com o passar do tempo, a ensinar o manejo de suas técnicas na fabricação de produtos apenas para os seus descendentes. No âmbito comercial, se começa a ter uma formação de “clãs” e de famílias que controlam os contornos comerciais, elas obtiveram um monopólio comercial, conduzindo o início de uma competição na economia, o que apontam os autores Hoppenbrouwers e Blockmans: “Não obstantes, as famílias urbanas importantes continuaram a controlar e aterrorizar as cidades. Elas organizavam-se como clãs, comrígida hierarquia de descendência (...)” [pág. 357]. O protecionismo praticado pelas corporações, guildas e hansas se caracterizava dentro de um pano de fundo da formação de uma nova elite, as tensões demarcavam as lutas pelo poder na cidade.
 Todo esse avanço do comércio e artesanato não seria possível se não houvesse um gradual aumento dos centros urbanos, e principalmente, pelo apoio das pessoas que detinham o poder no antigo sistema feudo-senhorial, porém não foi um processo fácil. Segundo Hoppenbrouwers e Blockmans, o processo de reivindicação que essas novas camadas mais abastadas requeriam, iam de encontro com os interesses desses senhores aristocratas: “A maioria dos senhores feudais estabeleceu um preço para a concessão de autonomia, na forma de aluguéis vitalícios, impostos e em uma participação nos rendimentos crescentes das taxas e administração da lei. Os resultados dessas disputas tinham características diferentes segundo os lugares dependiam da proximidade do senhor da cidade (...)” [pág. 354]. O contraponto dessa análise se insere na concepção de “novas elites” da cidade medieval, proporcionando uma luta pela maior autonomia jurídica. A constituição da comunidade urbana estava funda no papel das corporações, que contribuem para a organização profissional, faz com que os “burgueses” adquiram um conselho administrativo, o que garante um espaço de atuação em oposição aos senhores, dentro dessa perspectiva de uma análise da estrutura política e econômica. 
 Esse conceito de que o ar da cidade era o “ar da liberdade” em um anacronismo com a situação dos habitantes rurais, “as comunas” das cidades que detinham a “liberdade” do poder senhorial, foi criticado na análise feita por Jérôme Baschet, além disso, ele alerta os historiadores, desenvolvendo suas críticas sobre a noção da “democracia” dessas “comunas”, sobre esses conceitos ele vem nos apontando: “Assim como em relação à anacrônica noção de liberdade, devemos duvidar da suposta “democracia” dos governos urbanos.A cidade, fortemente hierarquizada, está nas mãos dos mais ricos. As comunas do século XII são fruto de uma conivência entre a aristocracia cavalheiresca e a elite dos mestres de ofícios, ou seja, um punhado de homens.” [pág.148]. As cidades que notadamente tinham uma autonomia econômica almejavam nas franquias (forais na Península Ibérica) a “liberdade” nos termos jurídicos, que não ainda não tinham, que consistia em um documento que legitimavam a autonomia. As cidades que se “emancipavam” procuravam assegurar seus direitos mediante as cartas de franquia. Essas cartas davam autonomia aos comerciantes na gestão da cidade, a garantia da possibilidade de arrecadar impostos e usá-los em prol das cidades, com uma autonomia administrativa e judiciária, além de contribuir para as formações de “facções”, constituindo monopólios familiares e verdadeiras dinastias. A antigo pensamento da tradição historiográfica, indicava-nos que as “comunas” ou comunidades da Baixa Idade Média, conquistaram a autonomia dos senhores. Porém, a historiografia atual nos apresenta uma nova perspectiva, a de que havia um interesse das pessoas importantes das cortes (senhores locais), de que as cidades obtivessem maior autonomia, visando à criação de sociedades comerciais. Além do mais, dentro desse contexto, os príncipes feudais utilizavam os poderes das cidades, almejando a criação de uma relação direta com a realeza. A monarquia se torna, nesse período, a força que arbitra e rege as “circunscrições políticas”. 
 O debate central da historiografia medieval, sempre aparece o problema jurisdicional, a questão jurídica das cidades sempre ocasionou controvérsias, o poder dos tribunais e um acesso maior ao conhecimento do direito, propiciado juntamente com a ascensão das cidades, levou a uma disputa nesse contexto. O poder político, na Idade Média, se constituía dentro de especificidades, ele se distribuía em determinado território, na maior parte dos casos, dependendo da proteção de outros poderes, dentre os quais o poder militar oferecido pelas cortes principescas, porém, teoricamente nenhuma dessas cidades adquiriu uma completa soberania jurídica sobre os seus domínios. O domínio público da cidade foi “distribuído” as pessoas que tinham o prestígio social e financeiro, sobre forma de prerrogativas públicas. Nesse quadro heterogêneo, na Península Ibérica os forais tinham um teor levemente diferente do que nas outras regiões da Europa. Os reis concediam os forais visando a incentivar a vinda de pessoas para a povoação das terras recentemente reconquistadas na guerra contra os sarracenos. 
 Incluído dentro dessas concepções, os concelhos, que representavam a reunião das comunidades, mais especificamente, das pessoas que detinham alguma influência na cidade, que constituía na reunião de pequenos aglomerados urbanos. Os concelhos são autonomias que surgem nos espaços que antes pertenciam ao senhor, na Península Ibérica são instituídos com a finalidade de povoar e defender as terras recém conquistadas. Os forais são criados através de um documento régio, a carta de foral, que regulava a vida desses “conselhos” de pessoas importantes. É importante entender os concelhos, como espaços que geravam disputas entre famílias importantes, também compreendendo a pluralidade do patrimônio (facções sociais) que vão compor a elite que comandavam esses concelhos. O debate historiográfico nos leva a pensar a cidade medieval como parte de um sistema ainda sem personalidade definida, Baschet faz uma incursão nessa concepção medieval de cidade, ora apresentando-a como fruto de um sistema ainda composto por um quadro feudal, ora alertando-nos sobre a ideia dos antigos pensamentos gerados na historiografia, de que o modelo das cidades era uma “justaposição” de dois sistemas econômicos e culturais distintos. Sobre isso, Baschet nos fala: “Hoje, no entanto, a tendência é fazer prevalecer uma outra concepção, sublinhando que o desenvolvimento das trocas e das cidades é produzido pela dinâmica do próprio feudalismo e que nele se integra finalmente (...)” [pág. 154]
 Outro debate interessante suscitado por Baschet, se refere à concepção de “burguesia”, o que pode ser interpretado de uma forma errônea por quem não se debruça sobre o processo do surgimento das sociedades urbanas na Baixa Idade Média. Uma das coisas que a historiografia nos apresenta para o ofício de historiador, é que, não deve se perder em anacronismos, e nesse caso, o termo “burguesia” na Idade Média, não pode ser confundido com a acepção moderna de burguesia. Baschet sublinha muito bem esse conceito, nos apontando: “Mais a atitude as própria “burguesia” manifesta ainda mais claramente a sua subordinação. Com efeito, os mercadores, artesãos, banqueiros enriquecidos têm apenas um desejo: fixar-se na zona rural, adquirir feudos, se possível serem consagrados cavaleiros (...). Ora, um “ burguês”, cujo ideal é a renda fundiária e a integração à nobreza, não tem nada em comum com o que entendermos hoje pelo termo “burguesia”(que supõe que o ganho tirado da atividade econômica seja essencialmente destinado a ser reinvestido como capital).” [pág. 156]
 A cidade medieval e sua sociedade urbana fazem parte de um longo processo que tem em suas bases, um teor complexo e cheio de especificidades. Esse período se caracteriza por um novo e complexo sistema estratificação social, defini-se agora um novo panorama social, de lutas e disputas políticas. Ao lado da nobreza senhorial, que ainda tem seus privilégios, e dos ricos comerciantes, diversos grupos sociais coexistem no ambiente urbano. O surgimento das cidades e da sociedade urbana torna aparente a nova pirâmide social, o que a historiografia chama de “as três ordens e o imaginário do feudalismo”; “aqueles que oram” (oratores), “aqueles que combatem” (bellatores), e “aqueles que trabalham” (laboratores). Toda essa análise acerca dos conflitos sociais na composição do corpo urbano medieval torna clara a compreensão do fenômeno da cidade na Baixa Idade Média, resguardandoas suas características especificas, contribuindo para uma reflexão das relações políticas e de seus aspectos sociais. Estabelecendo as determinadas proporções, é importante compreender a cidade medieval, os seus conflitos nos trazem importantes informações para se entender os processos de interação social ao longo do tempo, como também a composição da evolução de períodos políticos e sistemas econômicos posteriores na história.
 
 
 
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