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AULA 01 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA IDADE MÉDIA - IDADE DAS TREVAS OU IDADE DOS HOMENS

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HISTÓRIA MEDIEVAL
AULA 01 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA IDADE MÉDIA: IDADE DAS TREVAS OU IDADE DOS HOMENS?
Idade Média: “Idade do meio”, “grande intervalo de mil anos” entre a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.) e a conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos (1453). Expressão construída no contexto europeu do Renascimento e do Humanismo, no século XVI. Do latim, Medium Aevum (Época Intermediária).
Visão preconceituosa sobre o período: Tido como um período de obscurantismo, de atraso para a humanidade, em que a barbárie imperou sobre as civilizações. Dentre os estereótipos propagados sobre o período, destacam-se: fanatismo religioso (Igreja Católica opressora e intolerante); misticismo e bruxaria; campo de intermináveis guerras entre os reis europeus - ambiciosos, defendidos por seus guerreiros, tidos como heróis. Esses estereótipos, no entanto, não representam a Idade Média. É necessário que o ensino de História desfaça esses estereótipos, tanto na educação básica quando no ensino universitário.
A Idade Média possui reflexos nas nossas sociedades atuais. Ela pode explicar conflitos de grande escala, que se verificam até hoje entre o mundo ocidental e o Islã; pode explicar grave problemas políticos que, desde o século XI, afastam a Igreja Católica das Igrejas Ortodoxas na Grécia e da Rússia. 
George Duby, ícone da historiografia francesa do século XX, afirmou que os medos nas sociedades cristãs medievais na virada do primeiro milênio ainda hoje assolam as sociedades ditas “civilizadas”: medo das epidemias, do outro, da violência, da insegurança espiritual, da miséria.
Diferença entre o homem atual e o homem da Idade Média: hoje, pela força do pensamento laico/cético, o homem, individualmente, tem mais condições de dominar o mundo em que vive; o homem medieval era temeroso e buscava a vida coletiva, possuía a vida regrada a partir da preocupação com o “pós-vida” e da sua relação de fidelidade ou infidelidade com “Deus; para ele, o mundo visível e o invisível tinham a mesma importância.
3 FASES DO CONCEITO HISTÓRICO DE “IDADE MÉDIA”
(1) No Humanismo e no Neoclassicismo (séculos XVI a XVIII)
Desvalorização dos mil anos do período. Abaixo, as motivações para tal e como essa desvalorização ocorreu:
Motivação cultural: os homens do Renascimento e do Humanismo (no séc. XVI) achavam que o latim, idioma clássico, havia sido vulgarizado pelos “bárbaros”. Consideravam a literatura em latim desse período de baixa qualidade linguística e intelectual. Para os humanistas, os intelectuais medievais não conseguiam entender as obras dos autores clássicos, como Platão e Aristóteles. 
Motivação religiosa: a Reforma Protestante cultivou um ideal de crítica à cultura católica. Líderes e seguidores dela (que acreditavam deter o poder da verdade) passaram a ver a I.M. (Idade Média) como exemplo de Cristianismo distorcido, falso.
Avanços econômicos entre os séculos XVII e XVIII: a economia comercial e as indústrias passaram a ser sinônimo de progresso das civilizações. A I.M. é, assim, considerada uma época economicamente atrasada, por depender exageradamente da terra e do trabalho camponês durante os séculos do feudalismo (na visão de Voltaire e Montesquieu, séc. XVIII). 
Apenas a Europa interessava para os filósofos do séc. XVIII: não mencionavam a história do Império Bizantino e do Império Árabe na I.M. Não mencionavam o forte comércio de Constantinopla. Não mencionavam a indústria urbana atuante.
Falta de reconhecimento dos avanços científicos: medicina medieval entre os séculos XI e XIII, com avanço comprovado através dos manuais de tratamento de doenças infecto-contagiosas e de estudos sobre doenças respiratórias causadas pela poluição urbana.
(2) No século XIX
Momento de “recuperação” da Idade Média. Ela deixa de ser entendida como decadente e de berço da barbárie para dar lugar à ideia de berço dos povos europeus, de seus idiomas, identidades e culturas. Neste ideal romântico, buscava na Idade Média as origens das nações europeias. 
Os sentimentos nacionalistas cultivados no século XIX levaram à escrita de uma I.M. heroica, de reis fortes e disciplinada pela religião. Há um tom de saudosismo e nostalgia. A historiografia da época desejava encontrar na sociedade medieval todas as certezas sociopolíticas necessárias para reconstruir seus Estados-Nações.
(3) No século XX
No início, os estudos medievais ainda estavam envolvidos pelo sentimento de idealização deixado pelo Romantismo do século XIX. Carlos Magno (768-814), Felipe IV, o Belo (1285-1314), foram idealizados como modelos para o Estado francês; Joana d’Arc, foi santificada pela Igreja Católica no séc. XX. Frederico II, imperador do Sacro Império Romano Germânico (1212-1250) é exaltado diversas vezes nos discursos de Hitler como forte fundador que teria fundado o Reich (do alemão, Império).
O séc. XX não se limitou a essa visão “heroica”. A historiografia produzida pela Escola de Annales colaborou de forma intensa para transformar os estudos medievais, através de novos métodos de utilização dos documentos.
Marc Bloch: recriação da escrita histórica, voltada para o estudo das mentalidades, dos comportamentos, das crenças sociais, mantendo diálogo com diversas áreas. 
Georges Duby, Jacques Le Goff e Jean Delumenau: sociedades medievais são estudadas a partir de novos temas e problemas. Ex.: a arte e a arquitetura, cultura popular, os marginais, relações familiares e amorosas, vestuário, alimentação, atitudes diante da morte, o “além” - essas temáticas perduram na historiografia do séc. XXI.
Inovações no uso dos documentos: pesquisas com imagens sacras, história da vida dos santos (hagiografias), túmulos, edificações (residências, mosteiros, castelos, etc.), correspondências eclesiásticas, tratados médico.

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