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7 HISTÓRIA Açúcar e escravidão no Brasil colônia CAPÍTULO 20 Açúcar e escravidão no Brasil Colônia Explorando Ser escravo no Brasil Kátia Mattoso, Editora Brasiliense. O livro mostra uma visão de conjunto que abrange características locais e regionais do escravismo. Objetivos específicos: • compreender a importância da economia açucareira no Brasil Colônia; • identificar como era formada a socieda- de açucareira; • identificar a escravização africana como mão de obra na produção açucareira; • analisar os principais aspectos da es- cravização africana no Brasil; • identificar as formas de resistência à escravidão. No Período Colonial, a economia brasileira desenvolveu-se atrelada aos interesses mercantilistas que vigoravam na Europa, no início dos tempos modernos. De acordo com a doutrina mercantilista, a colônia deveria satisfazer os interesses da metrópole, empregando o excedente de mão de obra e consumindo artigos produzidos por esta. Havia ainda, entre ambas, subordinação política e, no caso do Brasil, o chamado Pacto Colonial, por meio do qual a Coroa detinha o monopólio comercial. Com a queda da produção de pau-brasil, que aconteceu em de- corrência da exploração predatória, foi necessário desenvolver uma ati- vidade econômica que desse lucro e atraísse colonizadores lusitanos. O produto escolhido pelos portugueses foi o açúcar, largamente con- sumido na Europa, naquela época. Frans Post. Engenho, 1661. Óleo sobre madeira, 45,7 × 71,3 cm. A cana-de-açúcar foi escolhida pelos portugueses para ser cultivada em terras brasileiras. Com isso, cenas como a dessa imagem se tornaram comuns, principalmente no Nordeste, onde se formaram os grandes engenhos para a produção de açúcar. In st itu to R ic ar do B re nn an d, R ec ife 321 pah7_321_336_cap20_u4.indd 321 11/7/13 9:52 AM A solução açucareira No século XV, o açúcar deixou de ser especiaria para se tornar um produto de consumo cada vez mais requisitado. Diante disso, os portu- gueses começaram o cultivo de cana-de-açúcar na América Portuguesa pela Vila de São Vicente, no atual estado de São Paulo. Em seguida, as plantações espalharam-se pelo litoral nordestino, multiplicando-se os engenhos, que em 1610 já eram 400. A decisão de cultivar cana-de-açúcar tinha várias razões, entre elas: V o solo fértil e o clima quente e úmido eram ideais; V havia mercado certo na Europa; V os portugueses já tinham experiência no cultivo; V o preço elevado compensava os altos custos do frete marítimo; V eram boas as condições de atrair recursos para o investimento inicial; V havia a possibilidade de aumentar o mercado consumidor. Com grande mercado externo era preciso garantir o máximo de produção, motivo pelo qual no Brasil se plantava quase exclusivamente a cana, em regime de monocultura, que ocupava grandes extensões de terra. A mão de obra para a produção foi inicialmente de indígenas escravizados e, a partir de meados do século XVI, passou a ser de escra- vos trazidos da África. Além dos escravos, que trabalhavam em quase todos os setores da produção, havia alguns trabalhadores livres, como o mestre de açúcar, especialista na produção, e o feitor-mor, encarregado geralmente de cuidar da escravaria. A unidade de produção açucareira era o engenho. Ele englobava não só o maquinário e as ferramentas necessárias para a produção mas também todo o complexo da fazenda de cana: as terras, a plantação (canavial) e as construções (casa-grande, senzala e casa do engenho). As despesas para instalar toda essa estrutura eram muito altas, e, por isso, poucos colonos tinham um engenho completo. Alguns ape- nas plantavam a cana e levavam sua colheita para ser transformada em açúcar em fazendas maiores. Além dos gastos com instala- ção e manutenção, havia o custo da mão de obra, ou seja, a compra de escravos africanos para plantar e colher a cana e produzir o açúcar. Palavra-chave Monocultura: cultura de um só produto. Jean-Baptiste Debret. Engenho manual que faz caldo de cana, c. 1822. Aquarela, 17,6 × 24,5 cm. In : V ia ge m p ito re sc a e hi st ór ic a ao B ra si l.C ol eç ão p ar tic ul ar 322 pah7_321_336_cap20_u4.indd 322 11/7/13 9:52 AM A sociedade no nordeste açucareiro No alto da pirâmide social estava o senhor de engenho, e na base, a massa de escravizados e indígenas. Os grandes proprietários de engenho, de escravos e de fazendas de gado formavam uma aristocracia rural, detentora do poder econômico e político. Nessa sociedade patriarcal, o senhor de engenho era a auto- ridade maior sobre sua família, seus empregados e agregados. Abaixo dele, nas classes intermediárias, estavam os colonos – me- nos abastados –, os mercadores e os trabalhadores assalariados, e por último os libertos. No engenho, havia os trabalhadores livres e assalariados. Em geral eram os especialistas na produção de açúcar e executavam as funções de mestres de açúcar, purgadores e caldeireiros; cada um deles ficava responsável por uma das etapas do processo. Havia também pedreiros, carpinteiros, ferreiros etc., que recebiam por dia de trabalho ou tarefa realizada. Outra função exercida por assalariado livre era a de feitor-mor. Su- bordinado ao senhor, esse profissional era praticamente o administra- dor do engenho, responsável por comandar os outros trabalhadores. No entorno havia os agricultores que cultivavam cana em pequenas propriedades, mas que também acabavam dependentes dos grandes senhores de engenho, já que levavam sua colheita para ser moída nos engenhos, pois não tinham maquinário, deixando como pagamento parte do açúcar obtido nesse processo. Havia ainda os proprietários apenas de escravos, que geralmente ar- rendavam pedaços de terra dos senhores e nela cultivavam suas lavouras de cana. Como pagamento, deixavam boa parte da safra, contribuindo para aumentar a produção de açúcar nos engenhos sem ônus para os grandes senhores. Entretanto, essa sociedade ia além das fronteiras do engenho. Havia os criadores de gado, os re- ligiosos, os funcionários públicos e principalmente os comercian- tes de mantimentos, roupas, bois, mulas, escravos e outros tantos artigos. Como trabalhadores livres, muitas vezes conseguiam se tor- nar proprietários de terra, graças a seus ganhos no comércio. As mulheres, exceto as espo- sas dos senhores de engenho, exerciam as mais diversas profis- sões. De modo geral, a situação Johann Moritz Rugendas. Família de fazendeiros, c.1822-1825. Aquarela, 19 × 26 cm. Palavras-chave Senhor de engenho: dono de engenho. Ele desfrutava de poder econômico e político em sua região. Também tinha autoridade sobre todas as pessoas que viviam em seu entorno: escravos, trabalhadores livres do engenho, familiares (esposa, filhos, genros, noras etc.) e agregados (afilhados, por exemplo). Libertos: escravos alforriados. In :V ia ge m p ito re sc a ao B ra si l.C ol eç ão p ar tic ul ar 323 pah7_321_336_cap20_u4.indd 323 11/7/13 9:52 AM DIVERSIFICANDO LINGUAGENS TEXTO 1 No centro de sua família, o senhor de engenho devia irradiar autoridade, respeito e ação. Sob seu comando dobravam-se filhos, parentes pobres, irmãos, bastardos, afilhados, agre- gados e escravos. Uma esposa, às vezes bem mais jovem, movia-se em sua sombra. Ela vivia para gerar filhos, desenvolvendo, entretempo, uma atividade doméstica – costura, doçaria, bordados – alternada com práticas de devoção piedosa. Na sua ausência, contudo, assumia as responsabilidades de trabalho com vigor igual ao do marido. Sua família era a formulação exterior de uma sociedade, mas não odomínio do prazer sexual. A possibilidade de se servirem de escravas criou no mundo dos senhores uma divisão racial do sexo. A es- posa branca era a dona de casa, a mãe dos filhos. A indígena, e depois a negra e a mulata, o território do prazer. Mary Del Priore e Renato Pinto Venâncio. O livro de ouro da história do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. p. 63. TEXTO 2 [...] A sociedade açucareira arrastava consigo uma legião de marginalizados, de ex- cluídos, que compunham o pano de fundo do ‘paraíso do açúcar’: prostitutas, ladrões, mendigos, feiticeiros, biscateiros. Em Salvador, no século XVIII, a prostituição era praticada por mulatas livres e mesmo por mulheres brancas, oriundas das camadas mais pobres [...]. O mulato e a mulata eram os mais estigmatizados nessa sociedade. Criados à sombra da casa-grande e à margem da senzala, não se enquadravam no mundo dos brancos nem dos negros [...]. Muitos desses pobres livres viviam à sombra do engenho, onde obtinham comida e prote- ção, em troca de pequenos serviços. Formavam a legião de agregados da casa-grande [...]. Outros excluídos da riqueza do açúcar viviam na cidade, exercendo profissões humildes: barbeiros, sapateiros, ferreiros, pobres alfaiates, vendedores de cestos, quituteiras a oferecer em tabuleiros seus doces e guloseimas [...]. Vera Lúcia do Amaral Ferlini. A civilização do açúcar (séculos XVI a XVIII). São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 94-95. 1. O que significa dizer que o senhor de engenho irradiava autoridade? 2. Em filmes, novelas e minisséries que retratam o universo dos engenhos, os senhores são represen- tados como no texto? Explique. 3. Quem eram os excluídos da sociedade açucareira? 4. Por que podemos classificá-los como excluídos? 5. No Brasil de hoje, existem grupos sociais marginalizados ou considerados excluídos? Explique. As respostas desta seção encontram-se no Guia Didático. feminina era de subordinação. Mas, ainda assim, algumas mulheres livres ou ex-escravas traba- lhavam para sustentar a casa. Na estrutura social havia certo grau de mobilidade. Libertos podiam se tornar artesãos, co- merciantes e lavradores. Mercadores e artesãos especializados tinham chances inclusive de virar senhores de engenho. 324 pah7_321_336_cap20_u4.indd 324 11/7/13 9:52 AM Os trabalhadores escravos No início do processo de colonização, a mão de obra indígena foi fundamental. Existentes em grande quantidade, os nativos eram suficientes para atender à demanda, o que fez deles uma solução relativamente barata. Depois, os escravos trazidos da África passaram a ser a mão de obra, uma experiência que Portugal já tinha. Tanto por portugueses como por outros povos, a utilização da mão de obra escrava nas colônias americanas encaixa-se no contexto e nas práticas mercantilistas da época, conforme explicado no texto a seguir. [...] O tráfico, o comércio intercontinental de escravos, foi uma atividade extremamente lucra- tiva para as coroas europeias durante a época moderna, e é pela ótica das práticas mercantilistas que ele deve ser entendido. O escravo era uma das mais valiosas mercadorias que a metrópole vendia para a colônia, enriquecendo os traficantes portugueses e facilitando a exploração do im- pério português. A captura do índio nativo não proporcionava lucro algum para a metrópole, no máximo gerava um comércio interno e um contato maior entre as diversas regiões da colônia, o que nem sempre era interessante para Portugal, uma vez que tal contato geraria o aquecimento de um mercado interno do qual a metrópole não participava, não recebia tributos e, portanto, não lucrava [...]. A relação entre escravidão e comércio fica mais evidente quando se percebe que, embora iniciado pelos portugueses, o tráfico de escravos foi praticado por todas as potências mercantilistas da época moderna, como Holanda, França e Inglaterra. Mauro Bertoni e Jurandir Malerba. Nossa gente brasileira: textos e atividades para o Ensino Fundamental. Campinas: Papirus, 2001. p. 50. Outras questões também contribuíram para a escolha da mão de obra africana. Os indígenas não tinham resistência às doenças contagiosas trazidas da Europa e assim havia grande morta- lidade. Além disso, os nativos fugiam das fazendas com muita facilidade, já que eram profundos conhecedores das matas e dos caminhos do território brasileiro. Dessa forma, adquirir mão de obra africana trazia uma série de consequências vantajosas: lucrati- vidade do tráfico; aproveitamento da experiência dessa população em agricultura e metalurgia; me- nos fugas, por não conhecerem o território; e menos perdas, por serem mais resistentes às doenças. Por volta de 1570, alguns. milhares de africanos já realizavam as atividades produtivas no Brasil. Eram a força de trabalho não só nos engenhos mas em vários setores da economia: nas minas de ouro, em outros cultivos agrícolas (arroz, tabaco, algodão), na criação de animais, no transporte de mercadorias, no comércio e nos diversos serviços domésticos. Cabia também aos escravos as tarefas de limpar as ruas e carregar os dejetos e o lixo para serem jogados nos rios. Em lugares como o atual estado de Santa Catarina, os escravos também foram usados na pesca de baleias, das quais se extraía o óleo necessário principalmente para iluminação. Mulheres escravas No início, o tráfico de escravos da África ocorria numa proporção de quatro ou cinco homens para cada mulher. A justificativa era a demanda maior de escravos do sexo masculino. Essa situa- ção, porém, causou um problema nas senzalas: era impedida a formação de casais. Isso não era vantajoso para os senhores, pois com menos filhos de escravos gerados, tendo em vista que eles 325 pah7_321_336_cap20_u4.indd 325 11/7/13 9:52 AM nasciam já nessa condição, aumentava o custo de compra da escra- varia. Essa situação, segundo estudiosos, durou muito tempo, até o fim do tráfico, em 1850. Por isso, os senhores forçavam as relações entre uma mulher e vários homens. O papel desempenhado pelas mulheres durante o período es- cravocrata no Brasil foi de extrema importância. Nas sociedades agrícolas da África, as mulheres eram responsáveis por cultivar a terra – portanto, pela subsistência de seu grupo – e pelos cuidados maternos. No Brasil, além de realizarem os mesmos serviços dos homens em diversos setores, elas eram usadas como mucamas, cozinheiras, babás e amas de leite dos filhos de seus senhores, ou seja, cuidavam dessas crianças e muitas vezes as amamentavam. As mulheres escravas no Brasil se destacaram como ganhadei- ras, ou escravas de ganho. Essa função consistia na venda de pro- dutos, principalmente nos centros urbanos, e para isso as mulheres eram as mais utilizadas. Nesse trabalho, geralmente, uma pequena parte da renda do comércio ambulante realizado pelos escravos ficava para eles e o restante para seus senhores. Foi um dos meios que os escravos tiveram de juntar algum dinheiro e comprar sua liberdade. De acordo com estudiosos, entre as contribuições das escravas es- tavam a manutenção e a transmissão da cultura africana, bem como o ativismo político. Palavra-chave Mucama: escrava que auxiliava nos serviços caseiros e servia de acompanhante da patroa. Ajudava sua senhora em todas as tarefas cotidianas, incluindo o banho, a troca de roupas e os cuidados com os cabelos. O fator mais negativo para a cidadania foi a escravidão [...]. Toda pessoa com algum recurso possuía um ou mais escravos. O Estado, os funcionários públicos, as ordens religiosas, os padres, todos eram proprietários de escravos. Era tão grande a força da escravidão que os próprios libertos, uma vez livres, adquiriam escravos. A escravidão penetrava em todas as classes [...]. A sociedade colonial era escravista de alto a baixo. José Murilode Carvalho. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 20. Séculos se passaram desde a escravidão na sociedade colonial brasi- leira, comentada no texto acima pelo historiador José Murilo de Carvalho. Ainda assim, nos dias atuais é possível perceber algumas práticas que se originaram naquele período. Em grupo, converse com os colegas sobre a permanência do racismo no Brasil do século XXI. Juntos, levantem situações cotidianas em que essa prática é possível ser percebida e, em seguida, busquem na Constituição Brasileira de 1988 o texto que condena o racismo no Brasil. CONEXÕES Babá com menino Eugen Keller. Pernambuco, 1874. Fotografia de Alberto Henschel. Respostas pessoais. Professor, se possível, organize um debate em sala de aula com base nessas respostas. O objetivo é levantar situações cotidianas de racismo e preconceito que muitas vezes são ignoradas, como determinadas frases, piadas etc. C ol eç ão G eo rg e E rm ak of f 326 pah7_321_336_cap20_u4.indd 326 11/7/13 9:52 AM O tráfico de escravos Como já vimos, havia escravidão na África, e os europeus, aproveitando-se dessa realidade, iniciaram o comércio de africanos para além das fronteiras do continente. Os portugueses foram os primeiros a realizar o “comércio de gente” além do Oceano Atlântico, seguidos de outras po- tências europeias do período, como França, Inglaterra e Holanda. Os traficantes de escravos europeus instalaram-se em algumas regiões da África, onde fun- daram feitorias ao longo dos séculos XV e XVI, e lá negociavam a aquisição dos escravos, que era facilitada por reinos escravistas, como os de Mali, Benin e Congo. O tráfico de escravos originou um comércio triangular, que envolvia a América, a Europa e a África. Os navios deixavam os países europeus levando produtos manufaturados até os portos africanos, seguiam depois para as colônias na América a fim de deixar os escravos e ali carrega- vam produtos da colônia, partindo novamente para a Europa. OCEANO ATLÂNTICO ÁFRICA NOVA INGLATERRA INGLATERRA ANTILHAS manufa turados açú car m el aç o escravos rum Equador Trópico de Câncer p es ca do e ce re ai s 90˚O M er id ia no d e Gr ee nw ic h Fonte: AQUINO, Rubim Santos Leão de et. al. História das sociedades americanas. Rio de Janeiro: Record, 2008. p. 134. OCEANO PACÍFICO N 0 2 548 km 1 cm – 2 548 km No caso da colônia portuguesa, por exemplo, havia ainda outra rota: abarrotados de vinhos e manufaturas, os navios saíam de Portugal e dirigiam-se ao Brasil. Daqui seguiam para a África levando aguardente e fumo. Depois voltavam ao Brasil cheios de escravos e partiam para Lisboa carregados de açúcar. Depois de aprisionados, os escravos eram embarcados em navios que ficaram conhecidos como “negreiros” ou “tumbeiros”. A travessia da África para a América era difícil e penosa para os africanos. Uma viagem para o Brasil podia durar de 35 a 60 dias. © D A E /S tu di o C ap ar ro z Fonte: Rubim Santos Leão de Aquino et al. História das sociedades americanas. Rio de Janeiro: Record, 2008. p. 134. Comércio triangular 327 pah7_321_336_cap20_u4.indd 327 11/7/13 9:52 AM Devido às condições de higiene e alimentação a bordo, a mortalida- de na viagem era muito grande. Amontoados nos porões e mal alimen- tados, muitos escravos não resistiam, e os que sobreviviam chegavam magros e debilitados. Entre as causas das mortes estavam desidratação, disenteria, escor- buto e banzo. Os que resistiam eram vendidos por valores dez vezes maiores que todas as despesas de aquisição, perdas e transporte – por- tanto, um negócio extremamente lucrativo. A taxa de mortalidade chegou, em alguns casos, a mais de 50%. No século XVII era de 20%, mas, com o passar do tempo, foram sendo feitas adaptações que, no início do século XIX, reduziram essas perdas para 9%. Essas medidas não demonstram caráter humanitário, ou seja, preo- cupação com a morte dos africanos nos navios, mas era uma forma de diminuir as mortes para garantir maior lucro com o tráfico. Após o desembarque em portos brasileiros, os africanos recebiam cuidados para se restabelecerem (o que significava engordar a fim de melhorar a aparência), para então serem vendidos. A ida- de, a boa saúde, a aparência, a procedência e o vigor físico eram fundamentais para obter um bom preço, que variava de acordo com as qualida- des do cativo, da distância de onde se originou, da concor- rência, da especulação e da conjuntura econômica. Os leilões públicos e as vendas particulares foram os dois sistemas mais praticados no Brasil enquanto vigorou a escravidão. Augustus Earle. Portão e mercado de escravos em Pernambuco, 1824. Óleo sobre tela, 45 × 68 cm. Palavra-chave Banzo: tipo de depressão profunda que levava a pessoa a não comer nem beber. C ol eç ão p ar tic ul ar Chachá de Ajudá: um mercador de escravos No fim do século XVIII, desembarcou no Golfo de Benin o baiano Fran- cisco Félix de Souza – filho de um português com uma africana escravizada –, que foi o maior mercador de escravos de sua época. Depois de muitas aventuras no continente afri- cano, Francisco Félix tornou-se aliado do rei do Daomé, o que fez a fortuna do escravagista brasileiro, que se transformou no homem mais poderoso de Ajudá e o mais rico do Daomé. Casado com várias mulheres, ele vestia-se à brasileira e exigia que seus filhos e filhas aprendes- sem o português e fossem católicos. Chachá (apelido que depois virou título) fornecia ao príncipe daomea no mercadorias e armas de fogo. Recebeu título de nobreza e obteve o monopólio do comér- cio de escravos local. Faleceu em 1849, aos 94 anos. 328 pah7_321_336_cap20_u4.indd 328 11/7/13 9:52 AM DOCUMENTOS EM ANÁLISE TEXTO 1 No transporte de negros de Angola para o estado do Brasil os carregadores e capitães dos navios têm a prática escandalosa de colocá-los a bordo tão juntos uns dos outros que não só lhes falta a necessária facilidade de movimento indispensável à vida […] mas devido à condição de superlotação em que viajam muitos morrem, e aqueles que sobrevivem chegam em estado deplorável. Decreto real, Lisboa, 1684. In: Edgar Robert Conrad. Os tumbeiros: o tráfico de escravos para o Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 52-53. TEXTO 2 As respostas desta seção encontram-se no Guia Didático. 1 Como eram transportados os africanos na vinda para o Brasil? 2 Quais eram as condições impostas a eles e quais foram as consequências disso? 3 A imagem comprova o descrito no texto? Justifique. Autoria desconhecida. Um navio negreiro. Litogravura da obra Notícias do Brasil em 1828-1829, de Robert Walsh, publicada em 1830. C ol eç ão p ar tic ul ar 329 pah7_321_336_cap20_u4.indd 329 11/7/13 9:52 AM A diversidade cultural dos africanos Os africanos que foram trazidos para o território brasileiro no início da colonização vinham da região da Guiné. A partir de 1600 começaram a ser trazidos de Angola e do Congo. Como já estudamos, a África é um continente de grande diversidade étnica e cultural. Por- tanto, apesar de serem chamados genericamente de africanos, os homens, as mulheres e as crianças provinham de diferentes grupos linguísticos e culturais. De acordo com estudiosos do período, vieram para o Brasil africanos dos grupos descritos a seguir. Culturas sudanesas: representadas principalmente pelos iorubás, da Nigéria – introduzidos no Brasil em fins do século XVIII, estavam divididos em vários grupos (nagôs, eubá, ketu etc.); povos daomeanos (jeje, fon etc.); fânti, axânti e diversos outros povos da região. Culturas guineano-sudanesasislamizadas: que adotavam a religião islâmica, como os per- tencentes aos grupos fula, mandinga, hauçá etc. Culturas bantus (ou bantos): como cabindas, benguelas, angolas, congos. Ao chegarem à colônia portuguesa na América, os escravos eram classificados em dois grupos, sem considerar sua origem, etnia, cultura: V os boçais, recém-chegados que não tinham conhecimento da língua nem da cultura portuguesa; V os ladinos, africanos que já conheciam a lín- gua portuguesa. Havia ainda a denominação de crioulos para os descendentes de africanos nascidos na colônia. Cotidiano dos escravos O tratamento dispensado aos escravos, a forma de viver e a maneira como resistiam à situação variaram no tempo e no espaço. Os dados são aqui apresentados de forma pa- norâmica e não específica. É preciso considerar que houve variações ao longo do tempo e de grupo para grupo, de acor- do com o tipo de trabalho e a localidade no Brasil. De forma geral, nas diferen- tes frentes de trabalho em que foi usada a mão de obra dos Johann Moritz Rugendas. Benguela, Angola, Congo e Monjolo, c. 1822-1825. Aquarela, 30 × 25,5 cm. Johann Moritz Rugendas. Punições públicas, c. 1822-1825. Aquarela, 21 × 28 cm. In : V ia ge m p ito re sc a ao B ra si l. C ol eç ão p ar tic ul ar In : V ia ge m p ito re sc a ao B ra si l. C ol eç ão p ar tic ul ar 330 pah7_321_336_cap20_u4.indd 330 11/7/13 9:52 AM DOCUMENTOS EM ANÁLISE ’Quais seriam, portanto, no escravismo, as ideias que, passando pelos dois polos da relação de produção, lhe dariam condição de existência, assegurando-lhes continuidade, sendo percebidos como ‘naturais’, comuns a todos os membros da sociedade? Quais se- riam, em outras palavras, os mecanismos encarregados de manter os escravos na sua con- dição de trabalhadores submissos, de fazê-los trabalhar e produzir para seu senhor?’ [...] No final do século XVII, um jesuíta italiano residente na Bahia pregou aos senhores um lon- go sermão sobre as ‘Obrigações dos senhores para com os escravos’. Modificado, o texto foi publicado em 1705 com o título Economia Cristã dos Senhores no Governo dos Escravos. Neste livro, explicava aos senhores, com bases teológicas e filosóficas, as regras, normas e modelos que deviam seguir na relação com seus cativos. Para esse autor, a relação senhor- -escravo era um complexo de obrigações recíprocas. O escravo devia sujeitar-se a trabalhar para seu senhor. O que os senhores deviam dar aos escravos resumia-se na seguinte fór- mula: ‘panis, et disciplina, et opus servo’, isto é, pão, disciplina e trabalho para o servo. Pão (sustento, vestuário, cuidado nas enfermidades e obrigações de ensinar a doutrina cristã) para que não sucumbissem; castigo, para que não errassem, e trabalho, para que mereces- sem o sustento e não se fizessem insolentes contra os próprios senhores e contra Deus. Na parte do livro que trata especificamente do castigo, Jorge Benci inicia sua exposição afir- mando que ‘para trazer bem domados e disciplinados os escravos é necessário que o senhor lhes não falte com o castigo, quando eles se desmandam e fazem por onde o merecem’. Silvia Hunold Lara. Campos da violência: escravos e senhores na capitania do Rio de Janeiro (1750-1808). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p. 44-45. 1 Segundo o jesuíta Jorge Benci, como os senhores deveriam proceder para manter seus escravos nessa condição? 2 Qual era o papel do castigo nessa relação? 3 O que significa dizer que escravos e senhores tinham obrigações recíprocas? As respostas desta seção encontram-se no Guia Didático. escravos, o tratamento era rígido e cruel, com jornadas de trabalho de até 18 horas diárias e castigos dos mais diversos tipos. Os escravos sofriam castigos caso não cumprissem as ordens do dono ou tomassem qual- quer atitude que o contrariasse. De acordo com a mentalidade da época, os castigos eram necessários para manter a ordem e a hierarquia e, ainda, faziam parte dos direitos do dono sobre seus escravos. Essas punições ocorriam geralmente em público para servir de exemplo aos outros. A partir do século XVII, algumas medidas foram tomadas para diminuir a violência dos casti- gos. Entre elas, o escravo podia entrar com ação judicial contra seu dono e até pedir a troca de senhor caso estivesse sendo muito maltratado. 331 pah7_321_336_cap20_u4.indd 331 11/7/13 9:52 AM A resistência à escravidão Durante todo o período escravista no Brasil foram registrados diversos atos de resistência e rebeldia, demonstrando que os africanos e seus descendentes não ficaram passivos diante da situação de exploração que viviam. Essas formas de resistência incluíam diversos tipos de ações, como fugas, boicotes, sabo- tagens, revoltas, assassinato de senhores, violência contra si mesmos (abortos, suicídios) e até mesmo formas negociadas. De todas, as fugas eram talvez a forma mais comum de resistência. Com o aumento de sua frequência, surgiu um profissional especializado nas capturas dos escravos fugidos, o capitão do mato. Muitos desses capitães do mato eram pardos ou ex-escravos. As fugas eram geralmente anunciadas nos jornais para facilitar a captura dos fujões. Os escravos recuperados sofriam ainda mais castigos e até mesmo marcas na pele para registrar sua ação. Com o aumento do número de fugas, muitos senhores, ao perceberem que isso poderia ocorrer, recorriam a negociações com os escravos para evitar maiores prejuí- zos. Davam-lhes alguns benefícios em troca de não fugirem. Nem sempre as fugas ocorriam em gru- pos. Nas fugas individuais, os cativos fugi- tivos buscavam abrigo em casa de libertos ou de conhecidos livres, escondiam-se na periferia das cidades ou eram ajudados por irmandades contrárias à escravidão. Nas fugas coletivas, os escravos se es- condiam nas serras e nas matas, buscando a sobrevivência e principalmente evitando ser encontrados. Muitos dos que fugiam for- maram esconderijos na mata que ficaram conhecidos como quilombos, onde se reu- niam centenas de pessoas – os quilombolas. Os quilombos tinham organização social própria e uma rede de alianças com diver- sos grupos da sociedade. Houve quilombos espalhados por quase todo o Brasil. Só na Capitania de Minas Gerais existiram mais de cem durante o século XVIII. No Rio Grande do Sul, destacaram-se os quilombos do Ca- mizão, do Sertão Geral, da Ilha Barba Negra, da Preta Vitória. No Mato Grosso, durante os séculos XVIII e XIX, distinguiram-se o de Quariterê, de Sepotuba e do Rio Manso. O quilombo é uma das formas mais visíveis e conhecidas de resistência. Entre os diversos quilombos surgidos por todo o Brasil, o mais famoso foi o de Palmares, lo- calizado na Serra da Barriga, no atual estado de Alagoas – na época Capitania de Pernambuco. Ao que se sabe, os palmaristas viviam coletivamente e sempre com um líder, dos quais se des- tacam Ganga Zumba e Zumbi. Leia no texto a seguir a descrição desse quilombo. In : V ia ge m p ito re sc a ao B ra si l. C ol eç ão p ar tic ul ar Johann Moritz Rugendas. Capitão do mato, c. 1822-1825. Aquarela, 27,4 × 20,8 cm. O capitão do mato era contratado para capturar escravos fugidos. No século XIX, esses profissionais anunciavam seus serviços nos jornais. 332 pah7_321_336_cap20_u4.indd 332 11/7/13 9:52 AM Revoltas, boicotes e sabotagens As revoltas, os boicotes e os atos de sabotagem envolviam planeja- mento, sempre com uma liderança. Unidos, os escravizados promoviam vários tipos de atos de rebeldia, desde lutas contra seus senhores até a quebra de equipamentos para paralisar os trabalhos. Nos canaviais, entre as sabotagens mais usadas estavaa queima da cana-de-açúcar. Os escravos jogavam nas plantações um pedaço de ma- deira acesa, que as destruía. Boicotes como trabalhar mais lentamente ou até paralisar o trabalho também aconteciam. Já as revoltas e rebeliões eram sempre as mais temi- das, pois nelas era grande a violência de ambas as partes. Na década que antecedeu a abolição, as revoltas passaram a ter o apoio dos grupos abolicionistas, o que fortaleceu as ações dos escravos. Muitas vezes, abolicionistas, com a ajuda de escravos fugidos, conseguiam se infiltrar nas fazendas e organizar as rebeliões, cada vez mais frequentes. Liberdade negociada As negociações entre senhores e escravos também fizeram parte da resistência à escravidão. Nesse rígido sistema de dominação, os escra- vizados buscaram minimizar sua condição de exploração por meio de atos negociados, como trocar mais eficiência no trabalho por melhores condições de sobrevivência. Havia também acordos que visavam ga- rantir a expressão de sua cultura, tão combatida pelos senhores. Explorando Os africanos e seus descendentes no Brasil: a resistência quilombola Alfredo Boulos Júnior, Editora FTD. Nessa obra, os quilombos são compreendidos como um local abrangente, em que os africanos têm a possibilidade de expressar sua resistência à escravidão e um modo de manter suas tradições. [...] desde meados do século XVII, Palmares tinha milhares de habitantes, embora alguns cro- nistas da época, com certo exagero, citem 30 mil. Para além de um território de refúgio, formaram- -se inúmeras comunidades, reinventando culturas e identidades, de africanos, de indígenas e de seus descendentes. Palmares estava dividido em inúmeros mocambos, e os mais importantes, em geral, recebiam os nomes de seus chefes ou comandantes. O quilombo principal, um centro político e administrativo que funcionava como se fosse a capital de Palmares, chamava-se Macaco. Também era o mais povoado, com milhares de casas, dentre elas, a de Ganga-Zumba, um de seus mais destacados líderes antes de Zumbi. Os ‘palmaristas’, nome adotado pela documentação colonial, tinham complexa organização econô- mica, política e militar, capaz de resistir às tropas enviadas tantas vezes, ora por portugueses, ora por holandeses. [...] Palmares foi considerado destruído depois do assassinato de seu líder Zumbi, em novembro de 1695, com ataques de canhões, e da contratação de bandeirantes para derrubar as paliçadas. O que pouca gente sabe é que as batalhas contra Palmares continuaram. [...] A ocupação paulatina das serras per- nambucanas foi empurrando os ‘palmaristas’ para outras regiões, e em 1730 comenta-se que o qui- lombo do Cumbe, na capitania da Paraíba, teria sido formado por remanescentes de Palmares. [...] Flávio Gomes e Rômulo Xavier. Além de Zumbi. Nossa História, São Paulo: Vera Cruz, ano 3, n. 25, p. 67, nov. 2005. 333 pah7_321_336_cap20_u4.indd 333 11/7/13 9:52 AM Nessas negociações, houve até quem conseguira comprar ou ga- nhar sua liberdade. Os trechos a seguir são parte de um tratado proposto por um grupo de escravos a seu senhor num engenho de Santana de Ilhéus, na Bahia, por volta de 1789. Isolados ou integrados, dados à predação ou à produção, o objetivo da maioria dos qui- lombolas não era demolir a escravidão, mas sobreviver em suas fronteiras, e se possível viver bem. [...] Abolicionistas e outros homens livres estiveram envolvidos na mobilização e organi- zação desses quilombos, o que confirma uma história de aliança entre quilombolas e outros grupos que vinha de longe. Não procede, exceto talvez em poucos casos, a ideia de que os quilombolas fugiam para recriar a África no interior do Brasil, com o projeto de construir uma sociedade alternativa à escravocrata. Claro que os quilombos formados por africanos natos aproveitaram tradições e instituições originárias da África. Mas este não era um movimento privativo dos quilombos. Apesar da vigilância senhorial, o mesmo acontecia nas senzalas. [...] alguns historiadores com razão sugerem que a existência de quilombos pode ter funcio- nado como uma válvula de escape para tensões escravistas que, de outra forma, explodiriam nas senzalas. Pode-se ver a questão sob um outro ângulo, porém. Talvez o temor de que seus escravos fugissem para os quilombos fizesse com que muitos senhores os tratassem melhor. Neste sentido, além de refúgio de escravizados, os quilombos tiveram um papel importante na melhoria de vida daqueles que permaneceram nas senzalas. João José Reis. Ameaça negra. Revista de História.com.br, Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 14 jun. 2008. Disponível em: <www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/ameaca-negra>. Acesso em: nov. 2013. 1. Qual foi a importância da rede de solidariedade para os quilombolas? 2. Os quilombos eram recriações da África no Brasil? Explique. 3. Por que a organização em quilombos resultava na melhoria de vida das senzalas? DIVERSIFICANDO LINGUAGENS Palavra-chave Tarrafa: pequena rede de pescar de forma circular, de malha estreita, que se lança com as mãos. Meu Senhor, nós queremos paz e não queremos guerra; se meu senhor também quiser nossa paz há de ser nessa conformidade, se quiser estar pelo que nós quisermos a saber. Em cada semana nos há de dar os dias de sexta-feira e de sábado para trabalharmos para nós não tirando um destes dias por causa de dia santo. Para podermos viver nos há de dar rede, tarrafa e canoas. [...] Os atuais feitores não os queremos, faça eleição de outros com a nossa aprovação. [...] Poderemos plantar nosso arroz onde quisermos, e em qualquer brejo, sem que para isso peça- mos licença, e poderemos cada um tirar jacarandás ou qualquer pau sem darmos parte para isso. A estar por todos os artigos acima, e conceder-nos estar sempre de posse da ferramenta, esta- mos prontos para o servirmos como dantes, porque não queremos seguir os maus costumes dos mais Engenhos. Poderemos brincar, folgar, e cantar em todos os tempos que quisermos sem que nos empeça e nem seja preciso licença. João José Reis e Eduardo Silva. Negociações e conflitos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 123-124. As respostas desta seção encontram-se no Guia Didático. 334 pah7_321_336_cap20_u4.indd 334 11/7/13 9:52 AM AGORA É COM VOCÊ 1 Complete o quadro com informações referentes à economia açucareira no Período Colonial brasileiro. a) Definição de Pacto Colonial Monopólio comercial da metrópole sobre a colônia. b) Primeiro produto cultivado no Brasil cana-de-açúcar c) Estrutura da produção Monocultura, latifúndio e mão de obra escrava. d) Definição de engenho Unidade de produção açucareira; englobava maquinário e as ferramentas necessárias para a produção, e todo o complexo da fazenda de cana. 2 Com relação à estrutura social no nordeste açucareiro colonial, assinale apenas as al- ternativas corretas. a) ( ) Não havia trabalhadores livres. b) ( X ) O senhor de engenho estava no topo da pirâmide social. c) ( X ) Entre os trabalhadores livres estavam os especialistas na produção de açúcar. d) ( ) As mulheres ocupavam altos cargos de mando. e) ( X ) A base da pirâmide social era formada por escravos e indígenas. 3 Assinale C para as afirmativas corretas e I para as afirmativas incorretas. a) ( C ) A escravização africana e o tráfico de escravizados foram atividades bastante lucrativas para a Coroa portuguesa. b) ( I ) O número de escravizados africanos trazidos para o Brasil foi muito menor do que para outras regiões da América. c) ( C ) Os escravizados africanos foram mão de obra nos engenhos, nas minas de ouro, em atividades agrícolas, na criação de animais, no transporte de mercadorias, no comércio e em serviços domésticos. d) ( C) As mulheres escravizadas desempenharam diversas funções, como mucamas, amas de leite e vendedoras nas ruas. e) ( I ) Os africanos foram trazidos para o Brasil em navios confortáveis, o que garantia que chegassem bem nutridos e prontos para o trabalho. 335335 pah7_321_336_cap20_u4.indd 335 11/7/13 9:52 AM 4 Complete as frases corretamente. a) Os escravos sofriam com castigos físicos , que eram entendidos pelos senhores como necessários para manter a ordem. b) Entre as formas de resistência, as fugas eram as mais usuais. c) Para evitar fugas, em muitos ca sos os senhores preferiam negociar com os escravos. d) Nas fugas coletivas, os escravos formaram esconderijos na mata que ficaram conhe- cidos como quilombos . SUPERANDO DESAFIOS 1 (PUC-RJ) Sobre as características da sociedade escravista colonial da América portuguesa estão corretas as afirmações abaixo, À EXCEÇÃO de uma. Indique-a. a) O início do processo de colonização na América portuguesa foi marcado pela utilização dos índios – denominados “negros da terra” – como mão de obra. b) Na América portuguesa, ocorreu o predomínio da utilização da mão de obra es- crava africana seja em áreas ligadas à agroexportação, como o nordeste açuca- reiro a partir do final do século XVI, seja na região mineradora a partir do século XVIII. c) A partir do século XVI, com a introdução da mão de obra escrava africana, a escravidão indígena acabou por completo em todas as regiões da América por- tuguesa. d) Em algumas regiões da América portuguesa, os senhores permitiram que al- guns de seus escravos pudessem realizar uma lavoura de subsistência dentro dos latifúndios agroexportadores, o que os historiadores denominam de “brecha camponesa”. e) Nas cidades coloniais da América portuguesa, escravos e escravas trabalharam vendendo mercadorias como doces, legumes e frutas, sendo conhecidos como “escravos de ganho”. Alternativa c. 2 (Fuvest-SP) Segundo as pesquisas mais recentes, pode-se afirmar, em relação aos quilombos coloniais brasileiros, que os mesmos: a) distinguiam-se pelo isolamento, pela marginalização, sem nenhum vínculo com os arredores que os cercavam. b) eram de caráter predominantemente agrícola, sobrevivendo do que plantavam e do que teciam. c) eram habitados exclusivamente por escravos fugidos, constituindo-se em ver- dadeiros Estados teocráticos. d) dedicavam-se, alguns, à agricultura, outros, à mineração, outros, ainda, ao pas- toreio, articulando-se com os núcleos vizinhos através do comércio. e) existiram apenas durante o século XVII, tendo Palmares como eixo central. Alternativa d. 336336 pah7_321_336_cap20_u4.indd 336 11/7/13 9:52 AM
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