Prévia do material em texto
Vitor Marinho da Costa 1 Vitor Marinho da Costa Terça-feira 07/08/2018 1. FELIPRESSINA: • Análogo sintético da vasopressina (hormônio que promove a contração da parede das arteríolas e vênulas) • Estimulante direto da musculatura lisa vascular. • Ações mais acentuados na microcirculação venenosa que arteriolar. • Não interage com a transmissão adrenérgica. • Casos em que os vasoconstrictores adrenérgicos são contraindicados. • Contraindicados para gestantes (estrutura semelhante a do hormônio ocitocina). • Esse vasoconstritor é o único representante do grupo dos não adrenérgicos, sendo vendido associado com a Prilocaína, além de ser um análogo sintético do hormônio vasopressina (hormônio que promove a contração das arteríolas e das vênulas), dessa forma atuando de maneira semelhante a esse hormônio. • A principal diferença entre a FELIPRESSINA e os VC ADRENÉRGICOS, é que esse ultimo grupo causa efeito sistêmico através da ligação aos receptores adrenérgicos (alfa e beta), já o primeiro não se liga a receptores adrenérgicos não causando efeito sistêmico, agindo então na musculatura lisa do vaso causando vasoconstrição da parede do vaso. Costuma se dizer que a Felipressina possui um efeito mais localizado quando comparado com o efeito dos VC adrenérgicos. Vitor Marinho da Costa 2 Vitor Marinho da Costa • O fato da Felipressina atuar na parede dos vasos gera um problema. Esse VC tem uma ação muito maior a nível de vênula do que a nível arteriolar. • COMPARANDO CONTROLE DE SANGRAMENTO DA ADRENALINA E DA VASOPRESSINA – O controle de sangramento realizado pela adrenalina é mais potente que o realizado pela Felipressina, visto que esse ultimo age mais a nível de vênula, o que resulta em menor hemostasia. • Quando usar a Felipressina? A Felipressina será utilizada quando o uso de VC adrenérgicos forem contraindicados. • OBSERVAÇÃO – Talvez você esteja imaginando que o fato da Felipressina não interagir com os receptores adrenérgicos a torne mais segura, visto que ela não agiria coma PA, com a FR e com outros efeitos causados pela ligação aos receptores adrenérgicos. No entanto, ela não atinge a potência de vasoconstrição como a atingida pela epinefrina, assim dificilmente anestesias realizadas com Felipressina nos darão a mesma intensidade de anestesia, além de termos um controle de hemostasia menor. ANTIOXIDANTE E CONSERVANTE 2. ANTIOXIDANTE: • Bissulfito de sódio. • Impedimento da degradação do VC adrenérgico pelo oxigênio. • Bissulfito de sódio – OXIDAÇÃO – Bissulfato de sódio (pH mais ácido e ardência na injeção). • É importante saber que nem todo tubete anestésico apresenta antioxidante. Quando presente, na maioria das vezes esse antioxidante é o bissulfito de sódio. • O bissulfito de sódio está presente como antioxidante em todas as vezes que o VC usado for adrenérgico. É possível que o oxigênio entre em contato com o interior do tubete, visto que o diafragma é uma membrana semipermeável. A entrada do oxigênio no interior do tubete causando a oxidação do sal anestésico, toda a solução anestésica. • Quais as duas consequências clínicas da adição de bissulfito de sódio nos tubetes anestésicos? 1) Quando o bissulfito é oxidado acontece a formação de BISSULFATO DE SÓDIO, que apresenta um pH mais ácido causando um pouco de ardência significativa, no paciente, no momento de aplicação do anestésico. É importante sempre alertar o paciente sobre a possível ardência e injetar o anestésico de Vitor Marinho da Costa 3 Vitor Marinho da Costa maneira devagar, para amenizar a ardência. 2) Outra implicação clínica é que existem muitas pessoas que possuem alergia a sulfito (usado como conservante em vários produtos). • OBSERVAÇÃO – Solução em gotas de paracetamol apresenta bissulfito de sódio em sua conservação. Pacientes podem relatar essa informação, o que nos leva a duas opções de anestésicos que poderiam ser usados: Mepivacaína 3% sem VC ou pricolaína com Felipressina. Assim, nesses pacientes não devemos usar VC adrenérgicos. • OBSERVAÇÃO – Pacientes asmáticos (principalmente aqueles que são dependentes de corticoide na crise) possuem elevada chance de serem alérgicos a sulfito. 3. CONSERVANTE: • Metilparabeno. • Propriedades bacteriostáticas – evita contaminação. • EUA – Remoção do metilparabeno das soluções anestésicas. • Tubetes anestésicos não podem ser reutilizados. • Exposição frequente aos parabenos aumentou os relatos de reações alérgicas. • Brasil – Início de conscientização. • Quando um tubete anestésico apresenta conservante normalmente se trata do METILPARABENO, pois apresenta propriedades fungistáticas e bacteriostáticas, sendo adicionado assim para evitar a contaminação da solução. • Qual a necessidade de um conservante se o diafragma é rompido e após o uso o tubete é descartado no lixo? Isso é um tema polêmico visto que a funcionalidade do conservante está relacionada apenas com a capacidade microbiostática. O metilparabeno apresenta em sua composição u radical PABA, sendo então comum casos de reações alérgicas a esse conservante. • OBSERVAÇÃO – Tubete anestésico é de uso ÚNICO, não podendo ser reaproveitado. Vitor Marinho da Costa 4 Vitor Marinho da Costa CLORETO DE SÓDIO E ÁGUA DESTILADA 4. CLORETO DE SÓDIO: • Tornar a solução isotônica em relação aos tecidos do organismo. 5. ÁGUA DESTILADA: • Diluente. • Aumentar o volume da solução. 6. DURAÇÃO DA ANESTESIA: • Resposta individual à droga: • Hiporreativos - Duração mais curta da anestesia – 15 %. • Normorreativos – Resposta previsível à ação da droga – 70%. • Hiper-reativos - Duração mais longa da anestesia – 15%. • Resposta individual à droga – Curva em forma de sino. • Existem alguns fatores que influenciam na duração da anestesia, o primeiro deles é a RESPOSTA INDIVIDUAL à droga. • A resposta individual a droga pode ser representada em um gráfico de Sino ou curva de Gauss, pois apresenta distribuição normal, isto é, a maioria encontra se no meio e a minoria encontram-se nas extremidades. Chamamos de NORMORREATIVOS aqueles que respondem aos fármacos de uma maneira mais previsível, representando 70% da maioria da população. Aos indivíduos que apresentam efeito anestésico mais curto que o normal, os chamados HIPORREATIVOS representam 15 % da população. Existem ainda os HIPERRREATIVOS, que são aqueles que apresentam efeito de anestesia mais duradoura, representando 15% da população. • Pacientes Hiporreativos representam um problema durante os procedimentos odontológicos e merecem maior atenção. 7. DURAÇÃO DA ANESTESIA: • Precisão na administração da droga. • Condição dos tecidos: • Inflamação, infecção ou dor – Redução da profundidade e duração da anestesia. Vitor Marinho da Costa 5 Vitor Marinho da Costa • Aumento da vascularização – maior absorção. • A PRECISÃO NA ADMINISTRAÇÃO DA DROGA compreende outro fator que influencia na duração da anestesia, ou seja, injetar o anestésico mais próximo o possível do nervo. Em algumas situações o nervo estará recoberto por muitas camadas de tecido, favorecendo uma maior facilidade para que a agulha desvie do seu trajeto, influenciando na resposta final da anestesia. • A CONDIÇÃO DO TECIDO também é um dos fatores que influenciam na duração da anestesia, ou seja, o pH do tecido, se o tecido se encontra saudável ou não e etc. 8. DURAÇÃO DA ANESTESIA: • Variaçãoanatômica: • Técnicas anestésicas desenvolvidas com base na normalidade (Normorreativos). • Exemplo: Osso maxilar denso = duração mais curta das injeções supraperiostais. • Tipo de injeção administrada: • Bloqueio nervoso X injeção supraperiostal. • Volumes menores diminuem a duração da ação. • Volumes maiores não aumentam a duração da ação. • As técnicas anestésicas foram desenvolvidas levando em conta a normalidade, no entanto podem existir pacientes com densidades ósseas diferentes. • O TIPO DE INJEÇÃO administrada também influencia na duração da anestesia. Chamamos de injeção supraperiostal (ou infiltração) é aquela em que o anestésico é injetado na terminação nervosa (um ramo final de uma terminação), causando a inervação de uma pequena área. Já a injeção de bloqueio nervoso consiste na deposição do anestésico no tronco nervoso principal, causando bloqueio de todas as terminações nervosas daquele tronco principal. Teoricamente as técnicas de bloqueio duram mais tempo que as infiltrativas. • O volume das injeções também influencia na duração da anestesia. Volumes menores de anestésicos diminuem a duração do anestésico. Volumes maiores de anestésico não aumentam a duração da ação visto que o anestésico se liga a receptores e a saturação desses anestésicos influencia na ação. Caso os receptores estejam saturados não adianta injetar mais anestésico na tentativa de aumentar a ação. Vitor Marinho da Costa 6 Vitor Marinho da Costa 9. DOSES MÁXIMAS: • Dose máxima do anestésico local – representada em mg/kg. AL (com ou sem VC) DMR (mg/kg) Max absoluto (mg) Máximo absoluto (tubetes) Lidocaína 2% 4,4 300 8,3 Lidocaína 3% 4,4 300 5,5 Mepivacaína 2% 4,4 300 8,3 Mepivacaína 3% 4,4 300 5,5 Articaina 4% 7 500 6,9 Prilocaína 3% 6 400 7,4 Bupivacaína 0,5% 1,3 90 10 • Pacientes saudável: • Fator limitante da dose máxima = sal anestésico. • EXCETO: Solução com epinefrina 1:50.000 (aproximadamente 5 tubetes). Ou solução com fenilefrina 1:2.500 (aproximadamente 5 tubetes). • Fator limitante da dose máxima = vasoconstritor. • Paciente com alterações sistêmicas: • Avaliar o tipo de alteração + contato com o médico. • Ex: Alterações cardiovasculares controlados. • Fator limitante da dose máxima – vasoconstritor. • Antes de entender o cálculo de dose máxima para os anestésicos, é importante relembrar que no interior de um tubete existem dois princípios ativos (o VC e o sal anestésico). Sendo assim, quem limita a dose máxima? O SAL ou o VC? A resposta para essa pergunta depende de dois fatores, se seu paciente é saudável ou se ele apresenta comprometimento sistêmico. • REGRA GERAL – Para pacientes saudáveis, quem limita a dose máxima é o sal anestésico. • Em pacientes com alterações sistêmicas é necessário avaliar o tipo de comprometimento sistêmico para se saber quem será o fator limitante da dose máxima. • OBSERVAÇÃO – EXCESSÃO A REGRA GERAL: Quando utilizamos epinefrina (1:50.000) e fenilefrina (1:2.500) em pacientes SAUDÁVEIS quem limita a dose máxima é o VC. A dose máxima nesses casos não deve ultrapassar 5 TUBETES. Vitor Marinho da Costa 7 Vitor Marinho da Costa 10. DOSE MÁXIMA: • Representadas em mg/kg de peso corporal. AL (com ou sem VC) DMR (mg/kg) Máximo diário (mg) Articaina 4% 7 300 Bupivacaína 0,5% 1,3 90 Lidocaína 2 e 3% 4,4 300 Mepivacaína 2 e 3% 4,4 300 Prilocaína 3% 6 400 CALCULO DE DOSE MÁXIMA DE ANESTÉSICO Para solucionar esse tipo de problema tenha em mente três perguntas: a) Quantos mL de anestésico o paciente pode receber? b) Quantos mg de anestésico existe em um tubete? c) Quantos túbetes podem ser administrados? EXEMPLO 01) Considere uma anestesia local realizada com mepivacaína 3% sem VC em um paciente saudável com 54kg de massa corporal. Qual o número máximo de tubetes? Qual a dose máxima? I) Quanto de anestésico o paciente pode receber? 4,4 mg de mepivacaína ------------------------------- a cada 1 kg de massa X ------------------------------------------------------ 54 kg de massa X = 237, 6 mg de mepivacaína. Resposta: Um paciente de 54 kg pode receber um total de 237,6 mg de mepivacaína. OBSERVAÇÃO: Após esse calculo devemos observar na tabela se o valor encontrado ultrapassa a dose máxima diária. Em caso de ultrapassar, usamos o valor da tabela para os próximos passos, deixando de lado o resultado dessa primeira regra de três. II) Quantos mg de anestésico local existe em um tubete anestésico? *3g de mepivacaína ---- 100 ml de solução 3000 mg de mepivacaína -----100 ml de solução Y ----- 1,8 mL de solução (Volume padrão de 1 tubete) Y = 54 mg de mepivacaína em 1 tubete anestésico. Vitor Marinho da Costa 8 Vitor Marinho da Costa • O valor em gramas foi convertido em mg. III) Quantos tubetes podem ser administrados? 1 tubete ------- 54 mg de mepivacaína W ------------- 237,6 mg de mepivacaína W = 4,4 tubetes (4 tubetes) OBSERVAÇÃO: Valores decimais sempre serão arredondados para menos. EXEMPLO 02) Considere uma anestesia local realizada com articaina 4% com VC em um paciente com 95 kg. I) Quanto de anestésico o paciente pode receber? 7 mg de articaina ------------------- 1 kg de massa X --------------------------------------- 95 kg de massa. X = 665 OBSERVAÇÃO: Nesse caso, a dose ultrapassa a dose máxima diária permitida, logo devemos considerar o valor da tabela. II) Quantos mg de anestésico local existe em um tubete? 4 g de articaina ----------------------------- 100 mL de solução 4000 mg --------------------------------------- 100 ml de solução Y ----------------------------------------------- 1,8 mL de solução Y = 72 mg de articaina em 1 tubete III) Quantos tubetes podem ser administrados? 1 tubete ------------------------------------ 72 mg de articaina W ------------------------------------------- 500 mg de articaina W = 6,94 (6 tubetes) DICA: Essa é a quantidade de anestésico que existe em cada tubete 0,5 % (9 mg), 2% (36 mg), 3% (54 mg) e 4% (72 mg). Você pode decorar esses valores e otimizar o tempo em seus cálculos. Vitor Marinho da Costa 9 Vitor Marinho da Costa OBSERVAÇÃO: O passo I e II podem ser substituídos pela multiplicação da DMR pelo peso do paciente e em seguida dividindo o resultado pela dose máxima diária. Veja um exemplo com articaina 4% e um paciente de 95 kg. 95 X 7/72 = 660 (DESCARTAR ESSE VLAOR E USAR O MÁXIMO DA TABELA, QUE É 500) 500/72 = 6 tubetes