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Saude preventiva e promocao da saude Final

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Saúde Preventiva e Promoção da Saúde
Elaboração
Luiz Henrique Horta Hargreaves
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção ................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5
introdução.................................................................................................................................... 7
unidAdE i
Saúde ................................................................................................................................................... 9
CAPítulo 1
Saúde Preventiva ................................................................................................................... 9
CAPítulo 2
Promoção da Saúde ......................................................................................................... 24
unidAdE ii
a Prevenção do CânCer e a Promoção da Saúde .................................................................... 36
CAPítulo 1
a Prevenção do CânCer e a Promoção da Saúde ....................................................... 36
PArA (não) FinAlizAr ..................................................................................................................... 49
rEFErênCiAS ................................................................................................................................. 50
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
introdução
A Prevenção e a Promoção de Saúde são temas fundamentais para a atuação na Saúde da Família.
Neste Caderno de Estudos, composto por uma Unidade Única, vocês terão a oportunidade de 
discutir e refletir sobre como são construídas as ações e as estratégias para Programas e Campanhas 
Preventivas, bem como o processo de definição de temas para promoção de saúde.
Um bom estudo para todos!
objetivos
 » Apresentar os conceitos de Saúde Preventiva e de Promoção da Saúde.
 » Contextualizar a importância do tema na Saúde da Família.
 » Explicar conceitos e instrumentos para a implementação de Programas e de 
Campanhas na área Preventiva e em Promoção da Saúde.
9
unidAdE iSAúdE
CAPítulo 1
Saúde preventiva
“Alguns gramas de prevenção são muito melhores do que quilos de cura”.
Henry de Bracton
Leia o texto a seguir.
Não é um texto científico nem acadêmico. É um texto que fala de prevenção e de qualidade de vida, 
para ser lido com o coração!
Foi escrito, em 1997, e publicado em uma coluna do jornal Chicago Tribune. Não são conselhos 
médicos, nem consensos científicos, mas valem a pena serem conhecidos.
Filtro Solar
Mary Schmich
“Nunca deixem de usar filtro solar!
Se eu pudesse dar uma só dica sobre o futuro, seria esta: usem filtro solar. Os 
benefícios em longo prazo do uso de filtro solar estão provados e comprovados pela 
Ciência.
Já o resto de meus conselhos não tem outra base confiável além de minha própria 
experiência errante.
Mas agora eu vou compartilhar esses conselhos com vocês.
Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude.
Ou, então, esquece... Você nunca vai entender mesmo o poder e a beleza da 
juventude até que tenham se apagado.
10
UNIDADE I │ SAúDE 
Mas, pode crer, daqui a vinte anos, você vai evocar as suas fotos e perceber de 
um jeito – que você nem desconfia hoje em dia quantas tantas alternativas se lhe 
escancaravam à sua frente, e como você realmente tava com tudo em cima.
Você não é tão gordo(a) quanto pensa!
Não se preocupe com o futuro.
Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que preocupação é tão eficaz quanto 
mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra.
As encrencas de verdade de sua vida tendem a vir de coisas que nunca passaram 
pela sua cabeça preocupada, e te pegam no ponto fraco às quatro da tarde de uma 
terça-feira modorrenta.
Todo dia enfrente pelo menos uma coisa que te meta medo de verdade.
Cante.
Não seja leviano com o coração dos outros.
Não ature gente de coração leviano.
Use fio dental.
Não perca tempo com inveja.
Às vezes se está por cima, às vezes por baixo.A peleja é longa e, no fim, é só você contra você mesmo.
Não esqueça os elogios que receber.
Esqueça as ofensas.
Se conseguir isso, me ensine.
Guarde as antigas cartas de amor.
Jogue fora os extratos bancários velhos.
Estique-se.
Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida.
As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam, aos vinte e dois, o que 
queriam fazer da vida.
Alguns dos quarentões mais interessantes que conheço ainda não sabem.
Tome bastante cálcio.
Seja cuidadoso com os joelhos.
Você vai sentir falta deles.
Talvez você case, talvez não.
Talvez tenha filhos, talvez não.
Talvez se divorcie aos quarenta, talvez dance ciranda em suas bodas de diamante.
11
Saúde │ UNIdade I
Faça o que fizer, não se autocongratule demais, nem seja severo demais com você.
As suas escolhas tem sempre metade das chances de dar certo.
É assim pra todo mundo.
Desfrute de seu corpo.
Use-o de toda maneira que puder. Mesmo.
Não tenha medo de seu corpo ou do que as outras pessoas possam achar dele.
É o mais incrível instrumento que você jamais vai possuir.
Dance.
Mesmo que não tenha aonde além de seu próprio quarto.
Leia as instruções, mesmo que não vá segui-las depois.
Não leia revistas de beleza. Elas só vão fazer você se achar feio.
Dedique-se a conhecer os seus pais.
É impossível prever quando eles terão ido embora, de vez.
Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu passado
e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro.
Entenda que amigos vão e vem, mas nunca abra mão de uns poucos e bons.
Esforce-se de verdade para diminuir as distâncias geográficas e de estilos de vida, 
porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que 
conheceu quando jovem.
More uma vez em Nova York, mas vá embora antes de endurecer.
More uma vez no Havaí, mas se mande antes de amolecer.
Viaje.
Aceite certas verdades inescapáveis:
Os preços vão subir. Os políticos vão saracotear.
Você, também, vai envelhecer.
E quando isso acontecer, você vai fantasiar que quando era jovem, os preços eram 
razoáveis, os políticos eram decentes, e as crianças, respeitavam os mais velhos.
Respeite os mais velhos.
E não espere que ninguém segure a sua barra.
Talvez você arrume uma boa aposentadoria privada.
Talvez case com um bom partido.
Mas não esqueça que um dos dois pode de repente acabar.
12
UNIDADE I │ SAúDE 
Não mexa demais nos cabelos senão quando você chegar aos quarenta vai aparentar 
oitenta e cinco.
Cuidado com os conselhos que comprar, mas seja paciente com aqueles que os 
oferecem.
Conselho é uma forma de nostalgia.
Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado do lixo, esfregá-lo, repintar 
as partes feias e reciclar tudo por mais do que vale.
Mas no filtro solar, acredite!”
Pesquise vídeos sobre o tema. Existe um vídeo traduzido de Mary Schmich narrado 
por Pedro Bial, que é muito interesante, há também em livro.
Agora podemos começar...
O Ministério da Saúde define Saúde da Família da seguinte forma:
A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do 
modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes 
multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Essas equipes são 
responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, 
localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de 
promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos 
mais frequentes e de manutenção da saúde desta comunidade.
Ou seja, a definição de Saúde da Família do Ministério da Saúde se confunde com o Programa 
implementado pelo mesmo órgão intitulado Programa de Saúde da Família – PSF. Pela 
definição, podemos entender que à luz do Ministério da Saúde, a Saúde da Família possui as 
seguintes características.
 » Uma estratégia de reorientação do modelo assistencial.
 » A operacionalização dá-se pela implantação de equipes multidisciplinares em 
unidades básicas de saúde.
 » As equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número determinado de 
famílias, dentro de um espaço físico delimitado.
 » A atuação das equipes é focada em ações de promoção da saúde, de prevenção, 
de recuperação, da reabilitação de doenças e do agravos mais frequentes, além da 
manutenção da saúde da comunidade.
Com essas características, podemos entender o seguinte.
13
Saúde │ UNIdade I
 » O PSF não é um atendimento ambulatorial nem emergencial nos moldes tradicionais.
 » O PSF é operacionalizado por profissionais de diversas áreas e, portanto, não é 
uma especialidade médica, embora a equipe deva ter médicos, preferencialmente, 
especialistas em Medicina da Família.
 » Há uma atuação direcionada para o atendimento de um grupo limitado de pessoas 
que passarão a receber assistência de forma contínua.
 » A delimitação da atuação das equipes dá-se pelo espaço geográfico e não pelo nível 
social da população atendida.
 » As ações compreendem desde a prevenção e a promoção de saúde, motivo de estudo 
desta disciplina, até a reabilitação e a manutenção da saúde da comunidade.
A Medicina de Família é uma especialidade médica e não se confunde com o entendimento de Saúde 
da Família, que é mais amplo e multidisciplinar.
A Medicina de Família é amplamente utilizada em países como Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, 
entre outros.
A Academia Americana de Medicina de Família assim conceitua esta especialidade:
“Medicina de Família é a especialidade médica que tem por objetivos promover o cuidado contínuo 
de saúde para o indivíduo e a família. É uma especialidade que integra a Biologia e as Ciências 
Clínicas e Comportamentais. O escopo da família engloba todas as idades, ambos os sexos, todos os 
órgãos e sistemas e as doenças associadas”. 
Percebe-se, portanto, que é uma especialidade com grande área de abrangência e que requer, do 
médico, atuação nas quatro áreas básicas da medicina: Pediatria, Clínica Médica, Ginecologia e 
Cirurgia Geral, embora não atue como especialista em cada uma dessas áreas de forma isolada.
A atenção do especialista em Medicina de Família, cuja especialidade, no Brasil, recebe o nome de 
Medicina de Família e Comunitária, é voltada principalmente para a atenção primária de saúde. O 
PSF assim como as ações de atenção primária de saúde, típicas do envolvimento do especialista de 
medicina de família, não são exclusivas desses profissionais. Conforme já explicamos, as ações são 
multiprofissionais e está aberto para médicos de outras áreas, que deverão, neste caso, conhecer e 
adquirir novas habilidades para atuação nesse importante campo da medicina.
Resultado alcançados em 2009 (físico e financeiro)
Equipes de Saúde da Família
Total de Equipes de Saúde da Família implantadas: 30.328
Total de Municípios: 5.251
14
UNIDADE I │ SAúDE 
Cobertura populacional: cobrindo 50,7% da população brasileira, o que corresponde 
a cerca de 96,1 milhões de pessoas.
Equipes de Saúde Bucal
Total de Equipes de Saúde Bucal implantadas: 18.982
Total de Municípios: 4.717l
Agentes Comunitários de Saúde
Total de Agentes Comunitários de Saúde: 234.767
Total de Municípios: 5.349
Cobertura populacional: 60,9% da população brasileira, o que corresponde a cerca 
de 115,4 milhões de pessoas.
*Investimento 2008 na estratégia Saúde da Família: R$ 5.698,00 milhões
http://dab.saude.gov.br/abnumeros.php
Podemos perceber pelos dados acima, que boa parte dos municípios brasileiros conta com a 
assistência de equipes de Saúde da Família, mas, é ainda grande o desafio, para atingir toda a 
população ou pelo menos quase toda.
O gráfico diagramado a seguir mostra a “Meta e Evolução do Número de Equipes de Saúde da Família 
Implantadas (BRASIL – 1994– AG-2011), em que podemos perceber que as ações realizadas estão 
bem próximas da meta projetada e ao mesmo tempo, o crescimento no número de equipes de Saúde 
da Família implantados.
Meta e evolução do número de equipes de saúde da família implantadas BRASIL – 1994 /Ag. 2011
Fonte: Sistema de informação da alteração Básica – SiaB
Figura 1. Sistema de Cadastro nacional de estabelecimento em Saúde – SCneS
15
Saúde │ UNIdade I
O gráfico, a seguir, mostra a evolução no número de municípios com Programas de Saúde da Família 
implantados.
Fonte: Sistema de informação da alteração Básica – SiaB
Figura 2. Sistema de Cadastro nacional de estabelecimento em Saúde – SCneS
O Ministério da Saúde, por meio de sua Política Nacional de Atenção Básica, assim define:
A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no 
âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da 
saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação 
e a manutenção da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de práticas 
gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho 
em equipe, dirigidas a populações de territórios bem-delimitados, pelas quais 
assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente 
no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada 
complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde 
de maior frequência e relevância em seu território. É o contato preferencial 
dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da 
universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e 
da continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da 
equidade e da participação social.
A partir dessa conceituação, podemos perceber como a Atenção Básica é importante, ampla e se 
impõe como desafio. Ao orientar-se pela universalidade e acessibilidade, mostra que a preocupação 
deve ser igual para todos, sem distinções de qualquer tipo.
Anteriormente apresentamos gráficos e números que mostram a evolução na implementação de 
Programas de Saúde da Família nos municípios brasileiros. O grande cuidado que devemos ter 
ao analisar tais números, diz respeito à própria definição de Atenção Básica, ao afirmar que esta 
deve ser o contato preferencial com os sistemas de saúde. Assim, o fato de se ter a implantação de 
16
UNIDADE I │ SAúDE 
equipes de Saúde da Família em um determinado município, não obrigatoriamente garante que 
toda a população daquele local está sendo atendida pelo Programa. Em grandes municípios como 
São Paulo, por exemplo, poderíamos ter centenas de equipes trabalhando, sem, no entanto, garantir 
a universalidade, a acessibilidade e o contato preferencial do usuário com os sistemas de saúde.
O sistema britânico de saúde da família, prevê equipes de saúde multidisciplinares em todas 
comunidades e, geralmente, é por meio destes profissionais que se dá o primeiro contato com o 
sistema de saúde, conhecido como National Health System – NHS. Pelo site <http://www.nhs.
uk/Pages/HomePage.aspx>, é possível aos usuários do sistema, ter acesso a orientações de saúde, 
medidas preventivas, como também encontrar o médico de família mais próximo (basta inserir 
o equivalente ao CEP de onde a pessoa reside). Naquele país, o sistema é universal e de fácil 
acesso e de fato, na grande maioria das vezes, dá-se por meio da saúde da família e do médico 
por lá denominado General Practioner – GP. Há mais de 10 anos, o NHS tem permitido aos seus 
profissionais (médicos, dentistas, enfermeiros) criar mecanismos e estratégias para promover a 
atenção básica de saúde em suas comunidades.
Sistema semelhante possui o Canadá. O sistema público de saúde é universal, de fácil acessibilidade, 
no entanto, varia conforme o estado em que o usuário vive. Durante muitos anos, o Canadá vem 
tentando, mediante suas associações médicas, manter a proporção de 50/50, na formação de 
médicos de família e especialistas, o que não tem sido fácil, pela tendência global na medicina, de 
formação cada vez maior de especialistas, com prejuízo à atenção de saúde primária.
O profissional envolvido em Saúde da Família, possui uma grande vantagem diante dos demais 
profissionais de saúde. A maioria dos agravos à saúde das pessoas é de alguma forma afetada pelo 
meio ambiente e as relações sociais em que o indivíduo está inserido. Se não determina o início da 
doença, certamente influencia no seu processo de resolução.
Quando um paciente entra em um consultório médico, em um ambulatório ou em um hospital, a 
relação estabelecida entre médico-paciente é feita a partir da empatia recíproca e da necessidade 
de o paciente expor o que o aflige. O médico por sua vez, faz o diagnóstico com base na história 
contada e nos achados semiológicos, não havendo, contudo, uma visão multidisciplinar, tampouco 
a possibilidade de se estudar o caso desde a sua origem e nem em que contexto este paciente 
desenvolve suas atividades diárias.
Um perito é normalmente designado para dar pareceres técnicos sobre determinado assunto de seu 
conhecimento. Para isso, com frequência, ele dirige-se ao local onde ocorreram os fatos ou onde 
está o objeto ou a pessoa a serem periciados, e busca o maior número possível de informações para 
elaborar o seu parecer.
No consultório, isto não é possível de ser feito, mas na Saúde da Família, os profissionais, de uma 
forma privilegiada, têm contato não apenas com o paciente, mas com a realidade e o contexto 
socioeconômico e familiar em que está inserido.
Imaginem um paciente, hipertenso e tabagista, que procure um atendimento médico ambulatorial. 
Ele possui 60 anos de idade, é do sexo masculino e informa que é hipertenso há alguns anos e faz 
uso regular de algumas medicações anti-hipertensivas. Ele refere que faz alguns meses que sua 
17
Saúde │ UNIdade I
pressão tem-se mantido instável e tem apresentado dificuldades para dormir, devido a uma cefaleia 
occipital.
O médico então poderá solicitar alguns exames como um eletrocardiograma e até mesmo um 
Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial – MAPA, embora não seja usual que esteja 
disponível no sistema público de saúde, e modificar a dosagem ou as medicações utilizadas.
Se esse médico, contudo, fizesse parte de uma equipe multidisciplinar e atuasse na Saúde da Família, 
perceberia que o paciente vive em condições socioeconômicas extremamente precárias, tendo de 
sustentar a mulher e três filhos, um dos quais havia sido preso na semana anterior por estar envolvido 
com narcotraficantes. Veria que o paciente não possui veículo próprio, o transporte coletivo não é de 
fácil acesso e mora em local relativamente distante do Centro de Saúde. Compreenderia também que 
os seus dois filhos fumam e que a casa é pouco ventilada e, ao conversar com a esposa, descobriria 
que ela gosta muito de temperar a comida com sal. Muitas outras informações poderiam ser obtidas 
apenas pela observação e um pouco de conversa com os familiares. Essa experiência seria rica e 
seria mais fácil identificar problemas que estão provocando um quadro de ansiedade no paciente, 
bem como razões de agravo à sua saúde.
No Programa de Saúde da Família do Ministério da Saúde, as equipes são formadas no mínimo por 
um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de 
saúde, podendo contar ainda com um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em 
higiene dental.
E o que falar então da Saúde Preventiva?
Conversamos até agora à respeito de Saúde da Família, sua importância, bem como da atenção 
primária de saúde. A Saúde Preventiva pode ser entendida como um conjunto de medidas e ações de 
saúde voltadas paraa prevenção de doenças e/ou seu agravamento. Estamos nesse entendimento 
compreendendo a doença, como sendo qualquer tipo de agravo à saúde, incluindo o trauma.
Como trabalharmos com saúde preventiva? Quais são as doenças que iremos evitar?
É importante, ao buscarmos respostas a estas perguntas, que tenhamos alguns dados para consulta.
Tal qual em um inventário de riscos, utilizado para prevenção de crises, precisamos saber quais são 
as principais ameaças presentes. Ou seja, quais são as doenças que mais matam e incapacitam na 
região. Estas devem ser as primeiras a serem prevenidas.
Para obter esta informação, acesse o DATASUS
<www.datasus.gov.br>
Se analisarmos as principais causas de mortalidade em todas regiões do Brasil, perceberemos que 
as Doenças Cardiovasculares foram as principais causas de morte em nosso país, com mais de 300 
18
UNIDADE I │ SAúDE 
mil mortes no ano, como também em cada Região Administrativa brasileira. Na Região Sudeste 
foi registrado o maior número absoluto de mortes por doenças cardiovasculares, com quase 176 
mil óbitos. É também a região mais densamente povoada em nosso país. Se fizermos uma análise 
percentual em relação ao número total de óbitos por região, perceberemos que, com exceção da 
Região Norte em que corresponde a cerca de 21% dos óbitos, o que ainda se constitui como principal 
causa de mortalidade na região, nas demais regiões está na faixa de 30% de todas as causas, o que 
representa um número muito alto.
Se formos agora buscar em que faixa etária as doenças cardiovasculares causam mais mortes, 
veremos que cerca de 96% ocorrem após os 40 anos de idade.
Bom, então é só promover a prevenção das doenças cardiovasculares após os 40 anos, certo? Não. 
Completamente errado. Essas doenças matam mais a partir dessa faixa etária, mas começam a 
surgir bem antes e a prevenção deve ser feita já com as crianças.
Já que sabemos qual doença é a principal causa de mortalidade e a partir de qual faixa etária ela 
causa mais mortes, o que fazer agora?
Identificar os fatores de risco. Como fazer isso? É importante que sejam sempre consultados 
trabalhos científicos e consensos que deem suporte técnico-científico adequados à prática clínica. 
Não tem sentido e são desprovidas de qualquer comprovação científica, as práticas clínicas baseadas 
unicamente em experiência pessoal ou em dados obtidos em publicações leigas ou trabalhos 
inconclusivos.
Na área de doenças cardiovasculares, por exemplo, segundo dados do Ministério da Saúde, os 
principais fatores de risco seriam:
 » História familiar de DAC prematura (familiar 1o grau sexo masculino <55 anos e 
sexo feminino <65 anos).
 » Homem >45 anos e mulher >55 anos.
 » Tabagismo.
 » Hipercolesterolemia (LDL-c elevado).
 » Hipertensão arterial sistêmica.
 » Diabete melito.
 » Obesidade (IMC > 30 kg/m²).
 » Gordura abdominal.
 » Sedentarismo.
 » Dieta pobre em frutas e vegetais.
 » Estresse psicossocial.
19
Saúde │ UNIdade I
Um dos mais importantes estudos de avaliação de risco em doença cardiovascular é conhecido como 
Framingham Heart Study. Em 1948, sob a direção do então National Heart Institute (Instituto 
Nacional do Coração), hoje conhecido como National Heart, Lung and Blood Institute – NHLBI 
(Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue), foi iniciado um ambicioso projeto, voltado para 
descobrir as principais causas de doenças cardiovasculares, uma vez que pouco se sabia sobre elas, 
mas ao mesmo tempo, passou a se constituir na principal causa de mortalidade não apenas nos 
Estados Unidos, mas em diversos outros países, incluindo o Brasil, como já vimos há pouco.
O Projeto desenvolvido contou com o apoio conjunto da Universidade de Boston.
Os pesquisadores analisaram 5.209 pessoas com idade entre 30 e 62 anos, residentes na cidade de 
Framingham, Massachusetts. Nesta primeira fase do Projeto, essas pessoas foram entrevistadas, 
examinadas e o estilo de vida de cada uma, analisado. Desde 1948, a cada 2 anos, essas pessoas têm 
retornado para novos exames, testes e entrevistas. Em 1971, teve início a análise da segunda geração, 
constituída por 5.124 pessoas, filhos e esposas dos primeiros participantes do estudo. Em 2002, 
teve início o estudo com a terceira geração, constituída pelos netos dos participantes do estudo 
original. A primeira fase deste estudo da terceira geração foi completada em 2005 e envolveu 4.095 
participantes.
Ao longo dos anos e após análise dos resultados decorrentes deste estudo, foram identificados os 
principais fatores de risco para doenças cardiovasculares: hipertensão arterial, hipercolesterolemia, 
tabagismo, obesidade e sedentarismo, além de fatores correlatos como hipertrigliceridemia, níveis 
de colesterol HDL, idade, sexo e fatores psicossociais.
Para saber mais sobre o estudo de 
Framingham, veja:
<http://www.framinghamheartstudy.org/> 
(em inglês).
Diante destas informações, fica evidente a necessidade de Programas de Saúde Preventiva para a 
população em geral, com foco em:
 » Diagnóstico, tratamento e acompanhamento da Hipertensão Arterial.
 » Avaliação do perfil lipídico, com especial atenção para o colesterol total, suas frações 
e o nível de triglicerídeos.
 » Combate ao tabagismo.
20
UNIDADE I │ SAúDE 
 » Avaliação da circunferência abdominal e índice de massa corporal da população 
assistida, bem como adoção de medidas que privilegiem uma alimentação saudável.
 » Prática de exercícios.
 » Diagnóstico e controle da diabetes mellitus.
Esses são fatores de risco considerados modificáveis, pois podem ser mudados. Há, no entanto, os 
que não podem ser modificados, como idade, sexo, fatores familiares. Estas pessoas devem, então, 
redobrar os cuidados, pois os fatores de risco são aditivos, ou seja, quanto mais fatores, maiores os 
riscos.
Por que Programa e não Campanha?
É comum as pessoas buscarem campanhas preventivas, quando na verdade querem programas. 
Qual a diferença?
Uma Campanha tem data de início e de fim. Possui um objetivo específico e geralmente envolve 
mutirões para sua condução. Exemplo: Campanha de Detecção Precoce do Câncer de Pele 
em uma comunidade. Durante alguns dias, uma equipe multidisciplinar, promove um evento 
em que geralmente é iniciado com uma apresentação falando dos fatores de risco e da gravidade 
do câncer de pele, sobretudo o melanoma. Apresenta alguns sinais que são considerados como de 
alerta, ou seja, quando presentes, devem ser examinados por um dermatologista e são ensinadas 
medidas preventivas. Esta é uma atividade de Promoção da Saúde e ao mesmo tempo, Prevenção de 
Doenças, certo? Nos dias que se seguem, são realizadas triagens de pacientes e os casos suspeitos, 
examinados por dermatologistas, que podem tranquilizar o paciente quando não houver suspeitas 
de malignidade, ou retirar o material para biópsia e encaminhar para análise. Se confirmada a 
malignidade, é realizada a cirurgia. Percebam que após a data de conclusão da campanha, não mais 
haverá dermatologistas naquele local, nem serão realizadas outras atividades específicas, a menos 
que se torne um Programa.
No Programa, as ações são continuadas. Não há prazo para encerramento das atividades. Há 
um cuidado com a Promoção de Saúde por meio de palestras, cartilhas, filmes, bem como com o 
diagnóstico precoce e o acompanhamento assistencial. Geralmente os Programas são mais voltados 
para as doenças mais prevalentes.
Acabamos de estudar que as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade em 
nosso país e que há uma série de fatores de risco associados. Deveríamos fazer campanhas ou 
programas para combater esses fatores de risco? O melhor seria que pudéssemos fazer programas 
e deixar as campanhas apenas para os casos em que não há viabilidade de implementaçãode um 
programa (falta de profissionais e recursos na região, por exemplo).
É por esta razão, que o Ministério da Saúde realiza Programas voltados para diferentes áreas e 
sempre com foco nas enfermidades mais prevalentes, que podem e devem ser diagnosticadas e 
acompanhadas. Visa a redução da morbidade e da mortalidade.
21
Saúde │ UNIdade I
Nas ações de atenção primária de saúde, esses temas também são trabalhados, visando desta forma, 
atingir o maior número possível de pessoas em uma população.
O Ministério da Saúde desenvolveu então publicações voltadas para temas a serem discutidos 
e avaliados na atenção primária de saúde, que podem ser acessados por qualquer pessoa e sem 
custo algum. É uma forma de padronização de condutas, ao mesmo tempo em que contribui para 
o aprimoramento profissional. O mesmo dá-se com relação aos médicos, de uma forma mais 
específica. Foram encaminhados para as residências de todos médicos do país, cartilhas e material 
voltados para diagnóstico e medidas de suporte na dengue, entre outras informações.
1) Quais são os Programas de Saúde existentes em sua comunidade?
2) Que Campanhas são realizadas onde você mora? Com que frequência?
3) Se você trabalha em uma empresa pública ou privada que não seja da Secretaria 
de Saúde, que tipo de ação, programa ou campanha você acha que deveria ser 
implementada? Por quê?
No Caderno de Atenção Básica do Ministério da Saúde, especificamente, são tratadas questões 
relacionadas à prevenção clínica de doença cardiovascular, cerebrovascular e renal crônica.
Figura 3
O conteúdo completo desse Caderno pode ser acessado em: <http://dtr2004.saude.gov.br/dab/
caderno_ab.php>.
Neste endereço vocês, também, encontrarão Cadernos com os seguinte temas:
 » Vigilância em Saúde.
 » Carências de Micronutrientes.
22
UNIDADE I │ SAúDE 
 » Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa.
 » HIV/AIDS, Hepatites e outras DSTs.
 » Saúde Bucal.
 » Diabetes Mellitus.
 » Hipertensão Arterial Sistêmica.
 » Controle dos cânceres de colo de útero e da mama.
 » Obesidade.
O Ministério da Saúde possui também uma publicação muito interessante, dirigida 
aos que atuam e tem interesse em Saúde da Família. É a Revista Brasileira de Saúde 
da Família pode ser consultada no endereço, a seguir, junto com outras publicaçãoes:
<http://dtr2004.saude.gov.br/dab/publicacoes.php>.
Figura 4
Um dos principais desafios da Saúde Preventiva, no entanto, é o devido acompanhamento e o 
registro dos dados obtidos, que permitirá futuros estudos, bem como o conhecimento dos níveis de 
penetração dos programas junto às comunidades.
Outro aspecto de quem está inserido em um determinado Programa, é o paciente sentir-se bem-
recebido e acompanhado. Se ele é portador de hipertensão arterial, deve possuir uma carteira onde 
serão anotadas as medições de pressão realizadas, com data, local e o nome de quem fez a medição. 
23
Saúde │ UNIdade I
Nos casos em que estiver muito alterada, o médico deve ser consultado. É importante, pois, que o 
paciente tenha acesso fácil às medidas necessárias ao seu controle. De nada adianta um Programa 
de acompanhamento de pacientes diabéticos, em que não haja reagentes e material disponível para 
a dosagem da glicemia.
Um dos importantes aspectos da Atenção Básica e da Saúde Preventiva está na avaliação 
multidisciplinar.
No Centro de Medicina do Idoso do Hospital Universitário de Brasília, referência no acompanhamento 
de pacientes portadores de Alzheimer, as consultas são todas multidisciplinares. O paciente é 
atendido não apenas pelo médico, mas pelo farmacêutico clínico, psicólogo, enfermeiro, odontólogo, 
terapeuta ocupacional que juntos podem estabelecer a melhor linha de acompanhamento do 
paciente, além de serem trabalhadas diferentes questões com os familiares.
Na síndrome metabólica, por exemplo, encontramos uma associação de diferentes fatores de risco 
para doença cardiovascular e diabetes. Se os programas de saúde preventiva não forem de alguma 
forma integrados, pacientes com vários fatores de risco serão acompanhados de forma isolada e um 
diagnóstico importante como esse deixa de ser feito.
Essa é mais uma responsabilidade para quem atua na Saúde da Família, ao identificar os diversos 
agravos, agindo sobre o paciente de tal forma a dificultar o seu tratamento.
24
CAPítulo 2
Promoção da saúde
Epitáfio
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração...
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegria
E a tristeza que vier...
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...
Autor: Sérgio Brito
Será que é possível promovermos a saúde de ou para alguém? Como fazer isso?
Promoção de Saúde anda de mãos-dadas com a qualidade de vida.
25
Saúde │ UNIdade I
A Promoção da Saúde é realizada por profissionais da área, com o objetivo de, por meio de diferentes 
ações, levar conhecimentos sobre prevenção de doenças e orientações que podem conduzir a uma 
vida mais saudável.
Nós que somos da área de saúde, sabemos que não há como conduzir um tratamento adequado 
sem que o paciente esteja disposto a se tratar. Nós podemos empregar os melhores medicamentos, 
terapia e tudo o que houver de bom para combater o tabagismo, mas se o paciente não quiser deixar 
de fumar, de nada servirão tais medidas.
A Promoção de Saúde, portanto, depende da utilização de sólidos conhecimentos técnico-científicos, 
aliado a boas práticas de saúde e a vontade das pessoas, o que inclui receptividade em não apenas 
receber estas informações, mas usá-las a seu favor.
Isso tem um nome: mudança!
Mudança de hábitos de vida!
Fácil? Não. Quem quer mudar de hábitos, muitas vezes, já incorporados há anos?
Normalmente mudamos quando percebemos que algo não vai bem. Infelizmente é aquela história 
de só fechar a porta depois que o ladrão entrou.
Vivemos em um mundo cheio de normas, regras e a chamada ditadura da beleza. Criou-se um 
padrão em que todos devem ser muito magros e os estereótipos dizem que os magros são saudáveis 
e cheios de vida, enquanto os gordos são doentes e preguiçosos.
Vocês certamente já viram muitos magros doentes e muitos gordos saudáveis. A obesidade deve ser 
tratada como doença, assim como um índice de massa corporal muito baixo.
Há diversos tipos de beleza e pena que comumente só olhemos para o que as pessoas refletem e não 
o que elas de fato são.
Não é à toa que, ao envelhecer, muitos se desesperam em busca de um elixir da juventude, que 
simplesmente não existe. É o medo de perder o atributo que julgam ter, a beleza exterior. Nada mais 
efêmero e passageiro, não?
Em 2009, uma britânica, apresentou-se em um famoso programa de televisão, com o objetivo de 
selecionar bons cantores. Ela não fazia parte nem de longe, do chamado padrão de beleza. Tinha 
idade bem acima da média de seus concorrentes. Nunca havia tido um namorado e teve dificuldades 
para aprendizado quando criança. Ao entrar no palco, foi motivo de risos e de ironia por parte 
dos jurados. Como alguém como ela poderia querer ser uma cantora de sucesso? No entanto, ao 
começar a cantar, Susan Boyle, conseguiu algo inédito. Todos se calaram e assistiram maravilhadosa apresentação dessa britânica. O vídeo foi postado na internet e em duas semanas foi visto por mais 
de 58 milhões de pessoas.
26
UNIDADE I │ SAúDE 
Se você ainda não viu, assista em: 
 <http://www.youtube.com/watch?v=9lp0IWv8QZY>.
A opinião das pessoas à respeito de Susan mudou radicalmente após ouvi-la. Por quê? Porque temos 
por hábito classificarmos ou julgarmos diversos aspectos de uma pessoa apenas olhando para ela. A 
roupa que veste. A forma como se comporta.
Será que não agimos também assim ao avaliarmos nossos pacientes? Ao encontrarmos um paciente 
tabagista que fuma diariamente e desde que era criança, percebemos que a postura dele não é de 
quem quer parar de fumar. Como agimos? Nos afastamos ou nos aproximamos ainda mais? Nos 
sentimos frustrados por não conseguirmos convencê-lo a parar de fumar e o agredimos (com ironias, 
com ameaças de morte dolorosa) ou tentamos compreendê-lo como alguém que precisa de ajuda, 
mas não percebeu isso ainda? Naturalmente que há situações críticas e dramáticas, em que vemos 
pessoas que poderiam ter um belo futuro se “afundando” em álcool e outros tipos de drogas. O que 
fazemos? Agimos como os que já se distanciaram e deixaram a vida seguir o seu curso? Se agimos 
assim, como agiremos diante de um suicida que quer se jogar de cima de um prédio?
A forma de viver das pessoas e os hábitos presentes são sinais que nem sempre conseguimos captar. 
O paciente que deixou de fazer coisas que lhe davam prazer ficou mais irritado, não necessariamente 
mostrando-se mais triste, podendo, sim, estar deprimido. Aquela senhora que procura remédios 
para dormir, pois não consegue “pregar os olhos antes das 3 da manhã”, pode ser a mesma que 
apresenta um quadro ansioso importante porque sabe que não terá como pagar o aluguel no final 
do mês. Fazê-la dormir a base de medicamentos, irá resolver o problema dela? Certamente que 
não. Nem se espera que você resolva os problemas que ela precisa enfrentar. Mas uma conversa um 
pouco mais aprofundada pode revelar que ela não terá dinheiro este mês, porque precisa comprar 
remédios para o marido que está doente. Será que os medicamentos que o marido dela está tomando, 
não possuem substitutos mais baratos? Quem está acompanhando ele?
É comum presenciar profissionais que prescrevem medicamentos e ao terminar perguntam ao 
paciente: Você tem dinheiro para comprar remédio? Para muitos, essa é uma pergunta triste e difícil 
de ser respondida, pois se a resposta for não, a interiorização desta resposta poderia ser: “sou tão 
miserável, que não tenho nem dinheiro para comprar um remédio para mim ou minha família” 
e com frequência dizem que tem, quando na verdade essa quantia irá faltar. Há contudo, em boa 
parte das vezes, medicamentos semelhantes que irão atuar de forma muito satisfatória. Ao invés de 
fazer esta pergunta, os médicos devem prestar atenção onde estão atuando. Que tipo de clientela 
ele atende? Onde vivem essas pessoas? O que elas fazem? Remédio caro não é sinônimo de remédio 
bom! E nem sempre há necessidade de emprego de medicamentos. Ocorre, no entanto, que muitos 
profissionais preferem perder pouco tempo fornecendo uma receita, ao invés de perder um pouco 
mais de tempo conversando com o paciente.
Esta não é uma crítica aos médicos. E sim, a todos que agem dessa forma em suas áreas de competência. 
É ao odontólogo que prefere “condenar” dentes bons, pois o tratamento é demorado e complexo. 
27
Saúde │ UNIdade I
É ao enfermeiro que não percebe que o paciente está irritado porque está doente etc. Todos nós, 
humanos, temos nossos dias ruins, mas devemos estar vigilantes para que não descontemos nossas 
amarguras em nossas ações de saúde.
A integração da equipe é fundamental. Cada um com sua especialização somando esforços para o 
melhor do paciente e da comunidade. Ninguém é melhor do que ninguém na equipe. São apenas 
funções diferenciadas que devem ser respeitadas por todos.
Como então promover a saúde?
Já vimos que há diversos fatores de risco conhecidos para muitas doenças. Citamos os das doenças 
cardiovasculares, mas poderíamos falar de tantas outras. Há também alguns fatores de risco que 
podem provocar não apenas uma doença, mas várias, como o tabagismo.
Quem sabe um tabagista não repense seu hábito, com base não em ameaças de morte dolorosa, 
mas em quanto seria bom se ele tivesse saúde para brincar com o neto que acabou de nascer. 
Toda mudança é dolorosa e difícil porque pressupõe que saiamos de uma situação em que nos 
encontramos e mal ou bem a conhecemos e passemos para uma outra desconhecida. Sair de uma 
situação “cômoda” para outra que irá gerar algum sacrifício inicial, mas que poderá resultar em 
grandes ganhos no futuro. Como será não fumar para quem fumou a vida toda? Por que ele fuma? 
É só por hábito? 
Ninguém passa a gostar de comer salada de um dia para o outro. Não adianta falar para quem gosta 
de chocolate, que, toda vez que ele tenha vontade, coma uma cenoura crua. Não vai funcionar. Não 
é o consumo esporádico de um chocolate que irá engordar ninguém, mas o consumo exagerado e 
frequente.
Ao promover a saúde, fale com entusiasmo. Mostre que você de fato acredita no que está falando e 
seja otimista. Procure a melhor forma de alcançar seu público.
Se você pretende dar uma palestra para a comunidade, vista-se de acordo com os costumes locais, 
sem parecer caricato. Se as pessoas são simples na forma de vestir, não vá de terno ou roupas 
extremamente formais. Não vá, contudo, de chinelo e bermudas. Saiba perceber a melhor forma de 
conversar com a população, sem parecer que está forçando uma situação de intimidade, pois soará 
falso.
Ao falar use a linguagem de acordo com o entendimento de sua plateia. Se está falando para 
profissionais de saúde, seja mais técnico, sem abusar contudo de siglas e terminologias extremamente 
especializadas, salvo se você tem certeza que todos entenderão o que está sendo apresentado.
Não use regionalismos se você não é da região. Não empregue palavras que possam ter duplo sentido 
e não faça piadas com pessoas da comunidade, sobretudo, de humor negro ou jocosas.
A escolha do tema a ser utilizado deve levar em conta o interesse geral das pessoas e ao mesmo 
tempo, o que ensejar mudanças de hábitos de vida e adoção de práticas saudáveis.
28
UNIDADE I │ SAúDE 
Dependendo da plateia, você poderá ter que usar datashow, enquanto em outros grupos, poderá 
utilizar-se de dramatização com pessoas da própria comunidade, ou ainda discussão em grupos ou 
mesmo aconselhamento individual.
Toda equipe de Saúde da Família e todo profissional de saúde deve aproveitar todo contato com 
seus pacientes para promover a saúde.
É interessante que é comum as pessoas associarem promoção de saúde com o combate ao 
sedentarismo, ao tabagismo, a promoção de alimentação saudável, a prevenção de doenças, mas 
poucas se lembram da prevenção de acidentes.
Mais de 100 mil pessoas perdem suas vidas anualmente no Brasil, em decorrência de acidentes, 
sobretudo, automobilísticos. É, portanto, importante que durante as ações de promoção da saúde, 
sejam incluídas medidas de prevenção de acidentes. Tem rio na região? Fale do risco de afogamento, 
de mergulhos em águas rasas, com grande risco de lesão da coluna. Os acidentes e as causas externas 
são a principal causa de mortalidade nos grupos mais jovens da população. Muitos acidentes são 
causados pelo hábito de beber e dirigir. Não há índices seguros de alcoolismo para quem quer dirigir.
O Conselho Federal de Medicina por intermédio do Projeto Diretrizes, em conjunto 
com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, traz as seguintes diretrizes que 
devem ser conhecidas por todos vocês:
Alcoolemia e Direção Veicular Segura: 
<http://74.53.141.119/Arquivos/Diretrizes/515d88513cf19caa7f5336616cf2a3b8.pdf>.
Diabete Mellitus e Risco na Direção Veicular:
<http://74.53.141.119/Arquivos/Diretrizes/3edd10659e718323ced37c584907261e.
pdf>.
Segurança no Transporte Veicular de Crianças – Parte I:
<http://74.53.141.119/Arquivos/Diretrizes/0b80b850b52d9051dd8ca81053f183c3.
pdf>.
Segurança no Transporte Veicular de Crianças – Parte II:
<http://74.53.141.119/Arquivos/Diretrizes/0b80b850b52d9051dd8ca81053f183c3.
pdf>.
Uso do Cinto de Segurança durante a Gravidez:
<http://74.53.141.119/Arquivos/Diretrizes/0b80b850b52d9051dd8ca81053f183c3.
pdf>.
Temos de ter cuidado com o preconceito, pois Saúde da Família não é saúde dos pobres. É voltada 
para a saúde de todos. É comum, no entanto, dirigirmos ações de promoção de saúde apenas para 
comunidades mais carentes de recursos econômicos. Naturalmente que essas comunidades devem 
receber assistência de qualidade em Saúde da Família, mas não podemos nos esquecer dos demais.
29
Saúde │ UNIdade I
O jovem pobre atropelado na estrada, enquanto espera a hora de poder atravessar para o outro lado, 
pode ter sido vítima do jovem rico que dirigia bêbado, em alta velocidade. 
Saúde Preventiva e Promoção de Saúde, incluindo prevenção de acidentes e primeiros socorros, 
deveriam fazer parte do currículo Escolar do Ensino Fundamental. Infelizmente não é ensinado nem 
no Ensino Médio e nem na Faculdade. Em qual curso de Pedagogia existe a disciplina de Suporte 
Básico de Vida? Pior. Nos Cursos de Saúde, poucos são os que oferecem tal disciplina. Geralmente, 
não fazem parte do currículo obrigatório das Faculdades de Saúde, incluindo Medicina. É comum 
o estudante de medicina querer aprender o suporte avançado de vida sem que tenha visto o básico. 
Ele acha que sabe porque é básico. Quantas coisas não deixamos de fazer porque são básicas e, no 
entanto, são elas que realmente importam? Não é possível partir para nada avançado, sem que o 
treinamento básico esteja consolidado. Ensinar Primeiros Socorros às comunidades é uma ação de 
Promoção de Saúde? Mais do que isso, trata-se de uma lição de cidadania.
o que dizer então de preparar as comunidades 
para enfrentamento a desastres naturais?
Cada vez mais teremos desastres no mundo, com um número crescente de vítimas e danos. Isto ocorre 
pela ocupação desordenada do solo, instalação de residências em áreas de alto risco, aumento da 
população de menor poder aquisitivo em grandes cidades, construindo casas menos seguras, dentre 
muitas outras razões. A melhor definição de desastres é aquela que entende esse conceito como 
sendo todo evento crítico cuja magnitude exceda a capacidade de resposta da sociedade. Melhor 
explicando. Um tornado passa em uma grande cidade, destrói algumas casas e faz dez vítimas. A 
cidade tem condições de socorrer as vítimas e reconstruir a cidade? Sim. Então não é desastre. Se 
pelo número de vítimas houve necessidade de utilização de recursos ou serviços adicionais podemos 
falar em incidente com múltiplas vítimas, mas não em desastre. Por outro lado o mesmo tornado 
passa em uma comunidade rural e acaba com quase todas as casas e faz o mesmo número de vítimas, 
mas o hospital mais próximo está a quilômetros de distância. Foi um desastre? Sim.
Como a população pode se preparar para os desastres? Por meio de utilização de boas práticas 
em seu dia a dia. Não destruir, nem ocupar encostas de morros, não jogar entulho nos rios, saber 
reconhecer quando há risco iminente de ocorrência de desastres naturais na região, buscar apoio da 
Defesa Civil para criação dos Conselhos e Núcleos de Defesa Civil onde não existirem, entre muitas 
outras informações. Os profissionais de Saúde da Família têm importante papel nesta prevenção. É 
muito comum, principalmente em comunidades mais desassistidas, que, enquanto o pai ou a mãe 
estão trabalhando, os filhos fiquem em casa, cuidados por irmãos mais velhos, pelos avós ou outros 
parentes. Essas pessoas devem saber o que fazer em situações de emergência e desastres.
Em 2009, houve um grande terremoto na Itália, atingindo principalmente a cidade de L’ Aquila e 
causando mais de 290 mortes. Mais de 40 mil pessoas perderam suas casas.
30
UNIDADE I │ SAúDE 
Figura 5. terremoto na itália – abril de 2009
Fonte: BBC
Figura 6. vamos falar um pouco do desastre que se abateu na região do vale do itajaí em Santa Catarina.
Fonte: revista veja. editora abril.
Por que desastre?
Porque trata-se de situação crítica com diversos mortos, feridos e desabrigados, com grave 
destruição de infraestrutura das cidades, onde a capacidade de resposta das comunidades foi inferior 
à magnitude do evento. Ou seja, as comunidades atingidas não possuiam condições de responder 
ao evento, sem a necessidade de recursos extras (municipais, estaduais e federais), independente 
do número de vítimas.
31
Saúde │ UNIdade I
Por que ocorreu?
Sob o ponto de vista meteorológico. Um anticiclone (zona de alta pressão, com movimento 
em sentido anti-horário) formou-se no mar, provocando ventos fortes em direção ao continente 
(conhecido na região como vento do leste) provocando chuva persistente, ainda que fraca. Essa 
chuva foi formando poças e sendo absorvida pela terra, morros, encostas. A água foi lentamente 
aumentando o nível da Bacia de Itajaí-Açu. Um sistema de baixa pressão (vórtice ciclônico localizado 
em altitude média da atmosfera, foi formado, com ventos em sentido horário). Este sistema formado, 
passou a receber os ventos fortes do mar, fazendo com que as chuvas começassem a se formar, 
de maneira contínua e cada vez mais fortes. Com as chuvas, a água, cada vez mais, foi absorvida 
pela terra dos morros, como se fosse uma esponja e dada a ocupação desordenada das encostas, os 
barrancos desabaram, além dos alagamentos.
Sob o ponto de vista ambiental. Com o desmatamento e a ocupação irregular e indevida dos 
morros, o que inclui escavações, a água passa a não encontrar dificuldades em avançar de forma 
rápida, pois com a vegetação, há uma barreira natural que impede ou dificulta um avanço tão intenso.
Sob o ponto de vista político e social. A omissão e a permissividade diante da ocupação ilegal 
e irregular de encostas de morro, faz com que centenas de famílias estejam em risco permamente 
de desastres. Obras de saneamento, voltadas para a redução de danos, custam caro e são pouco 
percebidas pela população. Ou seja, não são prioridade para muitos governos. Não apenas a 
ocupação é irregular, mas diante de construções em área não planejada, o acesso é precário, assim 
como a infraestrutura.
Sob o ponto de vista de Defesa Civil. Os alertas meteorológicos em nosso país não são 
divulgados de forma adequada. Embora estejam disponibilizados na Internet, e tanto a Secretaria 
Nacional de Defesa Civil quanto a Estadual e os órgãos municipais são avisados, mas não possuem 
postura pró-ativa de iniciarem a resposta de pré-impacto adequada. O que esses órgãos fizeram 
antes do “dilúvio”? Foram à televisão? Avisaram à população do risco em que se encontravam? 
O anticiclone e o posterior sistema de baixa pressão eram de conhecimento destas instituições. 
Uma vez ocorrido o desastre, foi estabelecido um sistema de comando de incidentes? Se foi, quem 
era o incident comander (coordenador da crise)? A arrecadação de donativos deve sempre ser 
feita com muito critério. Primeiro conseguem-se os meios de transporte. Verifica-se a capacidade 
de transportar. Depois verifica-se quais são as necessidades da região e de forma coordenada, 
estabelecem-se prioridades e métodos que permitam perceber o que não deve ser mais recebido 
nem arrecadado. Há comida suficiente? A comida doada chegará à tempo? Quando há coordenação 
adequada e eficiente, em um contexto nacional, os donativos não devem ser solicitados à população 
de forma aleatória. Assistimos diariamente,o pedido de doação de alimentos feito por oficiais do 
exército, depois da defesa civil regional, depois de políticos, cada um pedindo algo diferente. Outra 
questão com relação a donativos. Todo donativo deve ser transportado. Não foi pedido? Se sobrou, 
é porque a logística não foi pensada e nem está adequada. Pedir donativos para o desastre e depois 
distribuí-los em outras campanhas, não é ético e pode trazer problemas futuros, diante de novas 
solicitações à população. As doações devem ser acompanhadas pelo Ministério Público. Para onde 
estão indo as doações em dinheiro? Como está sendo feita a contabilização de gastos? Quem é o 
responsável, por arrecadação, armazenamento, transporte e distribuição de donativos? O povo 
32
UNIDADE I │ SAúDE 
brasileiro é muito solidário, mas não pode ser ludibriado. O que aconteceu com os donativos para 
o Tsunami da Indonésia? Segundo a imprensa, por dificuldades logísticas, toneladas de donativos 
nunca chegaram lá. Assisti um coordenador estadual de Defesa Civil afirmando que haviam 
arrecadado toneladas de donativos e que iriam agora buscar uma forma de transportá-los até Santa 
Catarina. Que absurdo! Diversos locais solicitaram voluntários para classificar e separar donativos e 
alegaram que não estavam conseguindo e, por isso, os donativos levaram muito tempo para estarem 
aptos a serem transportados. Não é uma situação de desastre? Que as Forças Armadas, então, sejam 
convocadas para ajudar também neste processo, bem como a Sociedade Civil organizada, órgãos 
públicos cedendo funcionários, entre outras.
Sob o ponto de vista de Gerenciamento de Crises. Durante o pré-impacto, pouco ou nada 
foi feito para se evitar a crise. As fases de alerta e alarme foram solenemente ignoradas. Não houve 
planejamento. Não tendo havido a atuação pré-crise, a mesma se estabeleceu. Não foi instalado 
Gabinete de Crise na forma padronizada, o que significaria ter um responsável pelo contato 
permanente com a imprensa. Um profissional daria as informações sobre o desastre. Número de 
vítimas, deficiências, necessidades. Só ele e o Incident Comander (Coordenador das Operações) 
poderiam falar e ainda assim, de forma coordenada. Pela falta de adoção de planejamento prévio, 
o socorro teve de agir sempre de forma crítica e heroica, o que representa grave risco. A fase de 
reconstrução tem início com o fim das operações de busca e salvamento. Faltou planejamento. 
Faltou logística.
Sob o ponto de vista cultural. Nós vivemos em um país fatalista onde a prevenção não é 
prioridade e quando o desastre ocorre, é porque era vontade de Deus. Novos desastres ocorrerão, 
pela mesma causa e, possivelmente, no mesmo local. Assim como teremos outros furacões, além 
do Catarina, atentados terroristas e toda a sorte de eventos críticos, sem, no entanto, haver 
planejamento e, sobretudo, crença que tais situações são iminentes. Nascemos com a ideia de que 
“Deus é brasileiro” e por isso somos imunes à tudo. Sob o ponto de vista de análise de ameaças, 
riscos e vulnerabilidade, estamos altamente vulneráveis e com diversas ameaças graves e iminentes. 
A população desabrigada, com o retorno da água aos níveis normais, volta para suas casas, que 
continuam em situação de risco. É sabido e conhecido que o verão em nosso país é caracterizado por 
fortes chuvas, alagamentos, inundações, enchentes e desabamentos.
Sob o ponto de vista da Saúde da Família. Aquela região é assistida por PSF? Se é, existe um 
cadastro que permita localizar e remover os pacientes crônicos e com dificuldade de locomoção 
diante de um desastre? A população foi treinada em como agir em casos de Emergência? Sabem 
prestar primeiros socorros? Existe um Plano de Desastres para a região que contemple as equipes 
de Saúde da Família? Está a cargo de quem?
O tempo passou, a chuva parou e a cidades atingidas começaram a voltar ao normal, exceto para 
todos que perderam seus parentes e seus pertences. Algo mudou? Algum planejamento para evitar 
novos desastres foi feito? E no restante do país?
Uma outra situação que merece a atuação de promoção de saúde das equipes de Saúde da Família 
diz respeito à epidemias.
33
Saúde │ UNIdade I
Com relação à dengue, leiam este trecho do artigo da Profa Dra. Isabela Benseñor, 
doutora pela USP e Pós-doutora em epidemiologia por Harvard.
A dengue é uma doença infecciosa viral que afeta mais de 100 países no mundo. 
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram mais de 50 milhões de 
indivíduos infectados por ano, com 500 mil casos de dengue hemorrágica e 20 mil 
mortos a cada ano.
Cada vez se ouve falar mais sobre dengue. Por que isso?
O motivo é que a dengue vem se espalhando por vários países, e há grande 
dificuldade para o controle da doença. E, se o aquecimento global for mesmo uma 
realidade como as evidências científicas mostram, o aumento da temperatura fará 
com que o mosquito que transmite a dengue, o Aedes aegypti, se espalhe por novas 
regiões, levando a doença a novas áreas no planeta.
Leiam mais sobre o tema no artigo acima, do Ministério da Saúde na página 
<http://portal.saude.gov.br/saude/area.cfm?id_area=920>, que apresenta diversas 
informações relativas à dengue e merece ser consultada.
Fêmea do mosquito Aedes aegypti no 
momento exato de uma picada
Figura 7
imagem cedida por: CdC “ nat. Cntr. For infectious diseases;
div. of vector-Borne infectious dieases; dengue Fever
Como é o vírus da dengue?
Há quatro tipos de vírus da dengue, numerados de DEN1 a DEN4. Eles pertencem 
à família Flaviridae e são vírus que só contêm RNA. Eles são da mesma família do 
vírus que causa a febre amarela, e tanto a dengue quanto a febre amarela são 
transmitidas pelo mesmo mosquito, o Aedes aegypti. A figura anterior mostra o 
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UNIDADE I │ SAúDE 
mosquito. A dengue é transmitida pela picada da fêmea desse mosquito, que tem 
hábitos diurnos. A infecção por um dos tipos de vírus dá proteção permanente para 
o mesmo sorotipo e imunidade parcial e temporária contra os outros três tipos de 
vírus.
Os vírus da dengue costumavam causar doença nas regiões mais quentes entre os 
trópicos de Câncer e Capricórnio. Com a disseminação do mosquito além dessas 
latitudes, o vírus está se espalhando e causando a doença em regiões mais perto 
dos polos. O aquecimento global, com o aumento da temperatura em regiões mais 
distantes do Equador, pode levar à disseminação do mosquito e da dengue para 
áreas mais perto dos polos.
A dengue, no Brasil, costumava ocorrer durante o verão, reduzindo-se quase a zero 
no inverno. Desde 2005, os níveis de infestação têm se elevado mesmo nos meses de 
inverno, agravando o risco de uma nova epidemia. Os invernos atípicos dos últimos 
anos, com temperaturas elevadas e umidade do ar acima da média, pelas chuvas 
frequentes nas regiões Sul e Sudeste, contribuem para um risco maior de epidemia 
nos próximos anos. A situação é agravada também pelo descaso das autoridades 
com a doença, que mudam a política de combate à dengue de acordo com interesses 
eleitorais. “A dengue é uma lição que o Brasil já deveria ter aprendido há muito tempo. 
Todos os anos em que há disputa eleitoral, a guerra contra a dengue perde. Os gestores 
desmobilizam programas, demitem servidores e fazem politicagem menor com algo 
tão grave”, afirmou o ministro da Saúde José Gomes Temporão.
Só nos três primeiros meses de 2008 foi registrado um aumento assustador no 
número de infectados em todo o país, principalmente no Rio de Janeiro que, até 
o dia 4 de abril teve cerca de 50 mil casos confirmados – em números absolutos, 
o Rio reúne praticamente o dobro de casos somados nos seis Estados onde houve 
aumento de casos de dengue: 
 » Amazonas – 992%
 » Rondônia – 484%
 » Sergipe – 617%
 » Bahia –241%
 » Rio Grande do Norte – 275%
 » Pará – 147%
 » Nacionalmente, o índice caiu 27%.
Isabela Benseñor. “HowStuffWorks – Como funciona a dengue”. Publicado em 9 de 
maio de 2007 (atualizado em 9 de maio de 2008) <http://saude.hsw.uol.com.br/
dengue2.htm> (24 de abril de 2009).
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Saúde │ UNIdade I
Leiam mais sobre o tema no artigo anterior, do Ministério da Saúde na página 
<http://portal.saude.gov.br/saude/area.cfm?id_area=920>, que apresenta diversas 
informações relativas à dengue e merece ser consultada.
E a qualidade de vida? Falamos tanto dela em nosso dia a dia. Todos dizem que o que mais querem 
é qualidade de vida. Mas o que isto significa?
Como o próprio nome sugere, é viver com qualidade. É buscar sentido em tudo que fazemos, nas 
coisas mais simples.
Dormir bem. Comer bem. Amar. Ser amado. Fazer da vida, uma diversão! Ser feliz! A felicidade 
é uma decisão interior nossa e não um lugar a se chegar ou um patamar a ser alcançado. Cliché? 
Talvez. O fato é que muitas pessoas sempre imaginam, que felizes são os outros. Motivos não nos 
faltam para ser felizes, pois viver já deveria ser uma celebração! Há problemas a serem resolvidos? 
Quem não os tem? Com saúde, tudo podemos, já diriam nossos avós.
Promover saúde, é promover o bem-estar. Com saúde, podemos buscar todo o resto.
Ao nos aproximarmos de quem sofre, devemos levar conforto e buscar, a todo custo, eliminar o 
sofrimento. Nem sempre conseguiremos curar a doença, mas podemos e devemos evitar ou aliviar 
a dor.
Talvez este seja um bom momento para refletirmos. Estamos colocando qualidade em nossas vidas? 
Temos um tempo para nós mesmos? Quando foi a última vez que você apreciou um pôr do sol, 
caminhou sem hora para chegar e sem destino, se permitiu passar algumas horas, simplesmente 
contemplando a beleza da vida?
Pense nisso e seja feliz! 
Levando em conta o município onde mora:
1) Quais são os problemas mais comuns que você acredita ser merecedores de ações 
de Promoção de Saúde?
2) Você já participou de atividades ou encontros com a comunidade para a prevenção 
de desastres naturais? Quais seriam os desastres mais prováveis na sua avaliação?
3) Como é feito o controle da dengue em seu município?
4) Quais temas você acharia apropriado para apresentar em uma palestra para as 
comunidades de seu município?
5) Como promover a saúde em seu município?
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unidAdE ii
A PrEvEnção 
do CânCEr E A 
Promoção dA 
SAúdE
CAPítulo 1
A Prevenção do Câncer e a promoção 
da saúde
O câncer apresenta-se como um dos mais prementes problemas de saúde pública 
no mundo inteiro? A Organização Mundial de Saúde estima que 27 milhões de 
novos casos de câncer surgirão em 2030, assim como haverá 17 milhões de mortes 
por este mal. 
Em nosso país, que está passando por uma transição epidemiológica, ou seja, o perfil de mortalidade 
vem mudando, as doenças neoplásicas junto com os problemas cardiovasculares se tornam a 
principal causa de morte, substituindo as doenças infecciosas e parasitárias. Essa mudança se dá 
por diversos fatores, uma delas é que a expectativa de vida está aumentando e a população ficando 
mais velha. Outro fator que pode ser considerado é o estilo de vida dominante, repleto de fatores 
de risco relacionados a estas enfermidades. Diante disso, vemos que a prevenção do câncer e a 
promoção de condições de vida mais livres de fatores causadores das neoplasias são essenciais para 
o controle deste mal.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer - INCA (2011), as estimativas sobre o câncer, para 
os anos de 2012 e 2013, no Brasil, apontam para o aparecimento anual de aproximadamente 518 
mil novos casos. Os tipos mais incidentes correspondem ao câncer de pele não melanoma (134 mil 
casos novos), próstata (60 mil casos novos), mama feminina (53 mil), cólon e reto (30 mil), pulmão 
(27 mil), estômago (20 mil), colo do útero (18 mil).
Numa análise dos dados por sexo, estima-se para o sexo masculino, o aparecimento de 
aproximadamente 250 mil novos casos, sendo os 5 tumores mais incidentes: pele não melanoma 
(63 mil), próstata (60 mil), pulmão (17 mil), cólon e reto (14 mil) e estômago (13 mil). Para o 
sexo feminino estima-se o surgimento de aproximadamente 260 mil casos novos, sendo os mais 
incidentes: pele não melanoma (71 mil casos novos), mama (53 mil), colo do útero (18 mil), cólon e 
reto (16 mil) e pulmão (10 mil).
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A Prevenção do CânCer e A Promoção dA SAúde │ UnIdAde II
Como vemos, as ações de prevenção e promoção são essenciais para o controle deste mal, o que situa 
a Atenção Básica como tendo um papel estratégico nesta tarefa.
No que se refere à prevenção de câncer podemos enumerar três tipos: primária, secundária e 
terciária. A prevenção primária busca impedir o surgimento da doença, a prevenção secundária 
visa ao diagnóstico e tratamento precoces e a prevenção terciária “consiste em medidas instituídas 
em pacientes que já tem uma neoplasia, visando evitar a deterioração clínica ou complicações 
especificas do tratamento. Assim, a prevenção terciária é essencialmente estabelecida em função de 
falha das medidas de prevenção primária e secundária” (KALIKS; DEL GIGLIO, 2008). 
Abordaremos com mais detalhe as ações de prevenção primária e secundária. E ainda no campo 
da prevenção, teceremos considerações a respeito do aconselhamento genético que é uma técnica 
aplicada a pessoas sob o risco de desenvolver câncer hereditário.
O enfrentamento do câncer engloba não somente ações de prevenção, mas também de promoção da 
saúde. Esse enfrentamento exige ações que incluam: 
educação em saúde em todos os níveis da sociedade; promoção e prevenção 
orientadas a indivíduos e grupos (não esquecendo da ênfase em ambientes de 
trabalho e nas escolas); geração de opinião pública; apoio e estímulo à formulação 
de leis que permitam monitorar a ocorrência de casos (INCA, 2011, p.27).
Também trataremos das ações do Estado Brasileiro para o tema em questão realizando um 
breve histórico sobre as políticas de enfrentamento e o papel da atenção básica no controle dessa 
enfermidade.
Prevenção Primária
A prevenção primária tem como objetivo a redução da exposição da população a fatores de risco, ou 
seja, aqueles fatores que facilitam a ocorrência da doença. Dentre esses fatores, o INCA enumera 
como os principais: a) o tabagismo; b) o alcoolismo; c) os hábitos alimentares (principalmente 
alimentos gordurosos, com nitritos, alcatrão e aflatoxina); d) as radiações (especialmente ionizantes 
e a solar ultravioleta); e) alguns medicamentos e supressores imunológicos; f) os hormônios e 
fatores reprodutivos; g) os agentes infecciosos e parasitários; h) as exposição ocupacional a agentes 
químicos físicos ou biológicos e i) a poluição do ambiente em geral (BRASIL, 2002; CESTARI, 2005).
Kaliks e Del Giglio (2008) esclarecem as associações existentes entre os fatores de risco mais 
preponderantes e a emergência de câncer, conforme podemos observar a seguir:
 » O tabagismo tem relação direta com a emergência não só de doenças neoplásicas, 
mas também de doença cardiovascular e pulmonar. No que se refere ao câncer, 
ele está diretamente relacionado ao câncer de pulmão, câncer de bexiga, câncer de 
cabeça e pescoço, câncer de mama, câncer de esôfago, câncer de rim e câncer de 
pâncreas (THUN et al., 2002). Parar de fumar interfere drasticamente na prevenção 
da morte por neoplasias e outras doenças relacionadas a este fator. É plenamente 
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UNIDADE II │ A PrEvENção Do CâNCEr E A Promoção DA SAúDE
verificado que quanto maior o número de cigarros e o tempo de tabagismo, 
maior é o risco de câncer. Por outro lado, o tempo de abstinência é inversamente 
proporcional ao risco. Importante destacar que o risco de câncer não se restringeaquele que fuma, mas também aquele indivíduo que inala a fumaça mesmo sem 
estar fumando, ou seja, o fumante passivo.
 » O etilismo está diretamente relacionado, em maior grau, com o câncer de esôfago, 
cabeça e pescoço e o carcinoma hepatocelular (consequente à cirrose). A associação 
do etilismo com o tabagismo potencializa o efeito carcinogênico, estando ambos, 
frequentemente, presente nos casos de câncer de cabeça e pescoço.
 » A obesidade pode estar associada ao aumento da incidência de câncer de cólon, 
próstata, endométrio e mama em populações ocidentais.
 » A exposição ao sol, mais especificamente aos raios ultravioleta, está diretamente 
relacionada ao câncer de pele não melanoma. Para o câncer de pele melanoma, 
além da exposição aos raios ultravioletas, acredita-se que há também a interferência 
de fatores genéticos na sua emergência. A proteção mais indicada contra o sol é a 
proteção por barreira, ou seja, pelas roupas, já que o grau de eficácia dos protetores 
solares ainda é tema controverso.
 » A reposição hormonal, ou seja, a utilização de estrógeno associado à progesterona 
para a reposição hormonal em mulheres na menopausa está diretamente relacionada 
com o aumento da incidência de câncer de mama (ROSSOUW et al. 2002).
 » As dietas ricas em gorduras estão relacionadas a câncer de cólon e de mama, sendo 
que aquele também está relacionado à ingestão de proteínas, álcool e calorias em 
excesso. 
 » As infecções estão relacionadas à incidência de câncer. É evidente a associação entre: 
Helicobacter pylori e câncer gástrico; papilomavírus humano e câncer de colo de útero; 
infecção por Epstein-Barr e o desenvolvimento de doença de Hodgkin e carcinoma de 
nasofaringe; infecção por herpesvírus-8 e o aparecimento de sarcoma de Kaposi.
Sobre as ações para a prevenção dos fatores de risco, o quadro a seguir mostra as ações de prevenção 
primária para a redução de alguns dos fatores evitáveis mencionados:
Quadro 1 – ações de prevenção primária de câncer para evitação de determinados fatores de risco.
Fatores de risco Ações de Prevenção
Tabaco » Difundir informações científicas entre os profissionais de saúde, professores, legisladores e 
autoridades sanitárias.
 » Promover ações de educação comunitária.
 » Proteger o não fumante pela proibição de fumar em ambientes fechados.
 » Estimular associações de combate ao fumo.
 » Aconselhar fumantes a parar de fumar e encorajar não fumantes a não começarem.
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A Prevenção do CânCer e A Promoção dA SAúde │ UnIdAde II
Fatores de risco Ações de Prevenção
Dieta » Estimular a ingestão diária de frutas, vegetais e cereais.
 » Evitar alimentos em conservas, salgados e defumados.
 » Reduzir a ingestão de alimentos gordurosos e carnes.
 » Aconselhar para a manutenção do peso ideal.
Exposição aos agentes 
carcinogênicos industriais
 » Proteger os indivíduos no ambiente de trabalho e no ambiente geral.
Medicamentos » Usar medicamentos somente com prescrição médica criteriosa e desestimular a 
automedicação.
Radiações » Evitar exposição à luz solar entre 10h e 16h.
 » Realizar exames radiológicos somente sob prescrição médica.
 » Adotar medidas de proteção individual e ambiental contra as radiações ionizantes.
Agentes infecciosos e parasitários » Prevenir e controlar doenças infecciosas e parasitárias.
 » Alertar mulheres e homens sobre as relações entre promiscuidade sexual e câncer.
 » Estimular o uso de contraceptivo de barreira.
Fonte: inCa/mS, 2002.
Prevenção Secundária
A prevenção secundária corresponde ao diagnóstico precoce das neoplasias, refere-se às ações de 
rastreamento por meio de exames e testes específicos e do tratamento adequado de condição pré-
maligna ou assintomática. A detecção precoce e o tratamento imediato conferem ao paciente maior 
possibilidade de cura e menos chances de ocorrer metástases.
Segundo Kaliks e Del Giglio (2008, p.190), embora as diretrizes variem em cada país e região, os 
exames de rastreamento recomendados são os seguintes:
 » Mamografia: anualmente a partir dos 50 anos (alguns grupos preferem 
que se inicie aos 40 anos), continuando até os 70 anos (para alguns, até os 
75 anos).
 » Exame das mamas por um médico: anualmente após os 40 anos (para 
alguns após os 50 anos).
 » Autoexame das mamas: mensalmente após os 20 anos (item 
controverso).
 » Sigmoidoscopia (em vários países, colonoscopia): início aos 50 anos e, 
na sequencia, de três a cinco anos.
 » Sangue oculto nas fezes: anualmente a partir dos 50 anos.
 » Exame da próstata (toque retal): anualmente após 40 anos (item 
controverso)
 » Dosagem de PSA: anualmente após 50 anos (item muito controverso)
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UNIDADE II │ A PrEvENção Do CâNCEr E A Promoção DA SAúDE
 » Papanicolau: de um a três anos a partir do início da vida sexual, ou após 
os 21 anos, até os 65 anos de idade.
Há também uma alternativa de prevenção que, apesar dos diversos estudos ainda não pode ser 
recomendada formalmente, mas que se vislumbra como uma possibilidade. Esta é a quimioprevenção. 
Corresponde ao uso de substâncias que possam evitar o processo que leva a neoplasia in situ tornar-
se uma doença invasiva e até mesmo evitar uma recidiva. A quimioprevenção utiliza-se de drogas 
anti-inflamatórias, antioxidantes e antagonistas hormonais.
Das informações reunidas até então sobre quimioprevenção podemos enumerar (KALIKS; DEL 
GIGLIO, 2008, p.190):
 » Não há quimioprevenção eficaz para câncer de pulmão.
 » Ingestão de betacaroteno, selênio e vitamina E está associada à diminuição 
da incidência de câncer gástrico em populações orientais.
 » Há dados convincentes para o uso de anti-inflamatórios não hormonais, 
especialmente inibidores de COX-2, na prevenção e no desenvolvimento de 
pólipos em pacientes com adenomatose polipoide familiar.
 » Dietas ricas em cálcio parecem estar associadas com diminuição do risco de 
câncer de colón.
 » Pacientes com adenomatose polipoide familiar podem diminuir a chance 
de desenvolver câncer colorretal por meio de colectomia profilática.
 » A vacinação contra hepatite B diminui a incidência de carcinoma 
hepatocelular em regiões de grande incidência.
 » Tamoxifeno diminui em aproxidamente 50% o risco de um novo câncer de 
mama em mulheres que já tiveram o primeiro tumor.
 » Mastectomia profilática em mulheres com mutação dos genes BRCA 1 e 
BRCA 2 diminui em 90% o risco de desenvolver câncer de mama.
 » Finasterida (um inibidor da 5-alfa-redutase, que converte testosterona 
em diidrotestosterona, mais potente) diminui em 25% o risco de 
desenvolvimento de câncer de próstata, mas naqueles em que o tumor se 
desenvolveu a doença parece ser mais agressiva. Essa quimioprofilaxia não 
pode ser advogada nos dias de hoje.
Atenção especial deve ser dada à vacina contra o câncer de colo de útero, vulva, pênis e ânus 
(neoplasias decorrentes da infecção pelo vírus HPV) que tem demonstrado uma alta taxa de eficácia, 
cerca de 90%. Os autores supracitados acreditam que esta vacina poderá vir a receber o título de 
maior descoberta na prevenção do câncer nas últimas décadas.
Aconselhamento genético
Todos nós sabemos que existem as chamadas doenças de família, ou seja, aquelas doenças que 
acometem diferentes membros das famílias em diferentes gerações. São as doenças hereditárias. 
No caso do câncer, a observação sistemática de famílias com essas características associada ao 
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A Prevenção do CânCer e A Promoção dA SAúde │ UnIdAde II
conhecimento da genética molecular trouxe o sucesso na identificação dos genes responsáveis por 
estas neoplasias. Esse acontecimento gerou um campo de atuação novo no que se refere à prevenção, 
o chamado aconselhamento genético. 
Os cânceres hereditários compreendem cerca de cinquenta síndromes 
diferentes e estima-se que aproximadamente

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