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Direito Constitucional II


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Livro base: Direito Constitucional Esquematizado – Pedro Lenza; 13 ed.; 2009; Editora Saraiva, São Paulo.
Controle de Constitucionalidade
Político: no Brasil o controle Político é Preventivo; é um controle que é realizado antes da entrada em vigor da lei; é realizado pelos legisladores através das CCJs da Câmara e do Senado; também é realizado pelo Presidente da República, que pode vetar ou sancionar a lei (art. 65, § 4º, CF); as Emendas Constitucionais não estão sujeitas ao veto ou sanção do Presidente, que apenas tem a obrigação de publicá-las (art. 60, § 3º, CF); exceção: Medida Provisória, que desde editada pelo Executivo já entra em vigor;
Jurídico: o Poder Judiciário é o responsável por verificar a potencial inconstitucionalidade de alguma lei ou emenda constitucional; é um Controle Repressivo, pois atua sobre normas em vigor;
Difuso: também conhecido como Controle Concreto ou Via de Exceção; pode ser exercido por qualquer Juiz ou Tribunal em qualquer ação que seja feito um pré-questionamento de violação de preceitos constitucionais; incide e tem resultado apenas nas relações inter partis; qualquer pessoa pode questionar a constitucionalidade de uma lei em qualquer tipo de ação, desde que se faça um pré-questionamento de violação da CF;
Concentrado: também conhecido como Controle Abstrato; possui efeito erga omnes; detalhado mais adiante...
Misto: para Pedro Lenza, tendo em um ordenamento jurídico o Controle Político e o Jurídico, configura-se o Controle Misto; para José Afonso da Silva no Controle Misto algumas leis são analisadas pelo Poder Político e outras são analisadas pelo Poder Judiciário, conforme modelo existente na Suécia (verificar: José Afonso da Silva – Curso de Direito Constitucional Positivo)
Elementos Essenciais do Controle de Constitucionalidade (Pedro Lenza, pags. 205...)
Elemento Conceitual: consiste na determinação da própria idéia de Constituição e na definição das premissas jurídicas, políticas e ideológicas que lhe dão consistência. Duas são as perspectivas doutrinárias encontradas:
Ampliativa: engloba não somente as normas formalmente constitucionais como, também, os princípios não escritos da “ordem constitucional global” e, inclusive, valores suprapositivos;
Restritiva: considera como parâmetro de verificação de constitucionalidade somente as normas e princípios expressos da constituição escrita e positivada;
Em relação à perspectiva ampliativa, o Ministro Celso de Mello vislumbra possam ser “... considerados não apenas os preceitos de índole positiva, expressamente proclamados em documento formal (que consubstancia o texto escrito da Constituição), mas, sobretudo, que sejam havidos, igualmente, por relevantes, em face de sua transcendência mesma, os valores de caráter suprapositivo, os princípios cujas raízes mergulham no direito natural e o próprio espírito que informa e dá sentido à Lei Fundamental do Estado”.
E completa: “não foi por outra razão que o Supremo Tribunal Federal, certa vez, e para além de uma perspectiva meramente reducionista, veio a proclamar – distanciando-se, então, das exigências inerentes ao positivismo jurídico – que a Constituição da República, muito mais do que o conjunto de normas e princípios nela formalmente positivados, há de ser também entendida em função do próprio espírito que a anima, afastando-se, desse modo, de uma concepção impregnada de evidente minimalismo conceitual”.
A tendência ampliativa parece-nos tímida na jurisprudência brasileira que adotou, do ponto de vista jurídico, a idéia de supremacia formal, apoiada no conceito de rigidez constitucional e na conseqüente obediência aos princípios e preceitos decorrentes da Constituição.
Elemento Temporal: [...] cuja configuração torna imprescindível constatar se o padrão de confronto, alegadamente desrespeitado, ainda vige, pois, sem a sua concomitante existência, descaracterizar-se-á o fator de contemporaneidade, necessário à verificação desse requisito.
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
h) a homologação das sentenças estrangeiras e a concessão do "exequatur" às cartas rogatórias, que podem ser conferidas pelo regimento interno a seu Presidente; (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
i) o "habeas-corpus", quando o coator ou o paciente for tribunal, autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999)
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluída pela Emenda Constitucionalnº 45, de 2004)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Parágrafo único. A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
§ 1.º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)
§ 2.º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo. (Incluído em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
§ 1º - O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.
§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
§ 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
Quanto aos efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade, conceitue e diferencie efeito Ex Tunc de efeito Ex Nunc.
O efeito Ex Tunc (que é a regra geral) em uma Declaração de Inconstitucionalidade torna nula uma Lei desde a data de sua publicação, retroagindo seus atos correlatos, enquanto que o efeito Ex Nunc torna nula uma Lei a partir de uma data determinada pelo STF, não retroagindo os atos correlatos à lei.
Ainda quanto aos efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade ou de Constitucionalidade, discorra sobre a modulação dos seus efeitos. Quais as razões desta modulação? Fundamente.
A Modulação dos efeitos da Declaração de (In)Constitucionalidade é a passagem do efeito Ex Tunc, que é a regra geral destas declarações, para o efeito Ex Nunc.
Esta modulação apenas pode ocorrer se existirem Motivos de Relevante Interesse Social (excepcional interesse público) ou de Segurança Jurídica que justifiquem a não retroação dos efeitos da declaração.
Para que ocorra a modulação, é necessário que 2/3 dos Ministros do STF votem favoravelmente, conforme art. 27, da lei 9968/1999;
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
Trechos do livro de Pedro Lenza (págs. 155/156):
 “Trata-se da denominada, pela doutrina, técnica de modulação dos efeitos da decisão e que, nesse contexto, permite uma melhor adequação da declaração de inconstitucionalidade, assegurando, por conseqüência, outros valores também constitucionalizados, como os da segurança jurídica, do interesse social e da boa-fé”. [...]
“A regra geral do art. 27 da Lei n. 9868/99, em casos particulares, também tem sido aplicada, por analogia, ao controle difuso”. [...]
“O STF, portanto, à luz do princípio da segurança jurídica, do princípio da confiança, da ética jurídica, da boa-fé, todos constitucionalizados, em verdadeira ponderação de valores, vem, casuisticamente mitigando os efeitos da decisão que reconhece a inconstitucionalidade das leis também no controle difuso, preservando-se situações pretéritas consolidadas com base na lei objeto do controle.
Sem dúvida, de maneira coerente, imprescindível esta tendência de mitigação do princípio da nulidade, tanto em sede de controle concentrado, como em sede de controle difuso.”
Quando é possível a atribuição dos efeitos Erga Omnes quando a Declaração de Inconstitucionalidade ou de Constitucionalidade tramita pelo sistema Difuso da Constitucionalidade? Em que hipóteses isto é possível?
São duas as hipóteses em que alguma decisão do Controle Difuso, que possui efeito inter partis, podem abstrair para o efeito erga omnes, característico do Controle Concentrado. A primeira hipótese ocorre quando o STF edita uma Sumula Vinculante relativa ao assunto, dada a repetição de ações de mesmo conteúdo. A segunda hipótese é de competência exclusiva do Senado Federal; pode ocorrer quando, a partir de uma decisão definitiva do Controle Difuso, o Senado usa da prerrogativa estabelecida no art. 52, X da CF para atribuir o efeito erga omnes desta decisão, suspendendo a execução do dispositivo legal.
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: [...]
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
É possível o ajuizamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF de uma Lei Municipal que fere a Constituição Federal?
Não. É possível a ADIN impetrada no TJ em caso de violação da CE, não no STF.
Lei Municipal que fere a CF somente pode ser questionada por ADPF.
Discorra sobre a abstrativização do Controle Difuso. Fundamente.
Abstrativização (Controle Abstrato ou Concentrado) do Controle Difuso é a atribuição de efeito Erga Omnes para decisões que originalmente possuem efeito inter partis. A Abstrativização também é chamada de Objetivização do Controle Difuso ou de Transcendência dos motivos determinantes da sentença no Controle Difuso. Tal fenômeno ocorre com a edição de Súmula Vinculante pelo STF ou pelo exercício da prerrogativa constante no art. 52, X, CF, de competência do SenadoFederal.
Pedro Lenza (pág. 187): Na doutrina, em importante estudo, Gilmar Mendes afirma ser “... possível, sem qualquer exagero, falar-se aqui de uma autêntica mutação constitucional em razão da completa reformulação do sistema jurídico e, por conseguinte, da nova compreensão que se conferiu à regra do art. 52, X, da Constituição de 1988. Valendo-nos dos subsídios da doutrina constitucional a propósito da mutação constitucional, poder-se-ia cogitar aqui de uma autêntica ‘reforma da Constituição sem expressa modificação do texto’”.
Pedro Lenza (pág. 188): o Ministro Gilmar Mendes “... reputou ser legítimo entender que, atualmente, a fórmula relativa à suspensão de execução da lei pelo Senado há de ter simples efeito de publicidade, ou seja, se o STF, em sede de controle incidental, declarar, definitivamente, que a lei é inconstitucional, essa decisão terá efeitos gerais, fazendo-se a comunicação àquela Casa legislativa para que publique a decisão no Diário do Congresso...”.
Pedro Lenza (pág. 207): Em diversas passagens, o STF vem atribuindo efeito vinculante não somente ao dispositivo da sentença, mas, também, aos fundamentos determinantes da decisão. Fala-se, então, em transcendência dos motivos determinantes”.
Trechos do livro de Pedro Lenza (págs. 160...):
Espécies de Inconstitucionalidade
Por Ação – positiva (por atuação): existência de normas inconstitucionais;
Vício Formal (nomodinâmica): vícios que ferem o Devido Processo Legislativo;
Vício Material (nomoestática): vícios que ferem normas constitucionais; incompatibilidade vertical;
* Vício de Decoro Parlamentar: vícios que ferem a representatividade popular exercida pelo Legislativo, levando-o a aprovar leis não necessariamente em representação da vontade do povo (ex.: mensalão para compra de votos de parlamentares, aprovando determinadas leis)
Por Omissão – negativa (silêncio legislativo): violação da lei constitucional pelo silêncio legislativo.
CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE
ADI ou ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) genérica
Prevista no art. 102, I, a, CF;
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
Conceito (Pedro Lenza, pag. 190...): o que se busca com a ADI genérica é o controle de constitucionalidade de ato normativo em tese, abstrato, marcado pela generalidade, impessoalidade e abstração. [...] no controle concentrado a representação de inconstitucionalidade, em virtude de ser em relação a um ato normativo em tese, tem por objeto principal a declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato normativo impugnado. O que se busca saber, portanto, é se a lei (lato sensu) é inconstitucional ou não, manifestando-se o Judiciário de forma específica sobre o aludido objeto. [...] Em regra, através do controle concentrado, almeja-se expurgar do sistema lei ou ato normativo viciado (material ou formalmente), buscando-se, por conseguinte, a invalidação da lei ou ato normativo.
Objeto:
É a Lei (todas as espécies normativas do art. 59, CF) ou Ato Normativo (qualquer ato revestido de indiscutível caráter normativo) que se mostrarem incompatíveis com o sistema;
Sumulas ou Sumulas Vinculantes, por não serem marcadas pela generalidade e abstração características das Leis, não estão sujeitas a ADI; porém, podem passar por revisão e cancelamento, conforme procedimento próprio;
Emenda Constitucional pode vir a ser objeto de ADI se ferir os pressupostos do art. 60 da CF, já que se trata de Poder Constituinte Derivado Reformador e deve obedecer aos preceitos e limites determinados pelo Poder Constituinte Originário;
* Posição do STF: Não se admite controle concentrado ou difuso de constitucionalidade de normas produzidas pelo poder constituinte originário. [...] Apesar dessa posição firme do STF, [...] acho interessante que se proponha uma releitura desse entendimento, especialmente diante dos grandes princípios do bem comum, do direito natural, da moral e da razão, afastando-se a perspectiva rígida de uma “onipotência do poder constituinte” e na linha de consagração do princípio da proibição do retrocesso em relação aos direitos fundamentais;
* Leis ou Atos Normativos anteriores à CF/1988 são Recepcionados ou Não Recepcionados pelo novo ordenamento jurídico. Portanto, não estão sujeitos ao controle de constitucionalidade.
* Leis ou Atos Normativos que foram revogados ou perderam a vigência: em princípio, o entendimento do STF é de que não estão mais sujeitos ao controle concentrado e apenas estariam sujeitos ao controle difuso. Porém, há controvérsia desta posição, evoluindo para o entendimento de que poderão ser objeto do controle concentrado.
Legitimidade Ativa: pode ser proposta pelo rol elencado no art. 103, I a IX, CF;
Legitimidade Passiva: será a Lei ou o Ato Normativo;
Competência para julgamento: STF em caso de violação da CF e TJ em caso de violação da CE;
Atores no Processo: é necessária a participação do AGU (Advogado Geral da União), que será o advogado da lei ou norma, defendendo-a, e do PGR (Procurador Geral da República – Ministério Público), que não tem a obrigação de defender a constitucionalidade ou inconstitucinalidade da lei, apenas emitirá o seu parecer (art. 103, § 1º e 3º, CF);
Efeitos: ADIN procedente exclui a lei do Ordenamento Jurídico.
ADIN Interventiva – art. 36, III, CF (a partir da EC 45/2004)
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: [...]
III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.
ADC ou ADECON (Ação Declaratória de Constitucionalidade) – art. 102, I, a, CF (EC 3/1993 e 45/2004): o objetivo deste tipo de ação é manter a lei ou ato normativo em vigor; quem impetra a ação é quem a defende, que é o PGR;
ADO (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão) – art. 103, § 2º, CF:
Conforme Pedro Lenza (pág. 159) trata-se da possibilidade de controle de constitucionalidade das omissões legislativas, seja de forma concentrada (ADI por omissão, nos termos do art. 103, § 2º), seja de modo incidental, pelo controle difuso (mandado de injunção, na dicção do art. 5º, LXXI);
ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) – art. 102, § 1º, CF (lei 9882/1999 regula a ADPF);
Preceitos fundamentais: para o STF, não estão restritos apenas ao rol contido no artigo 5º da CF, carecendo de análise de cada caso concreto;
Exs. de Preceitos Fundamentais: Título I, art. 1º ao 4º, art. 60, § 4º, art. 34, VII; Título II; art. 170, entre outros;
Leis anteriores à CF/1988: o instrumento utilizado para declarar a inconstitucionalidade (ou a não recepção) de alguma norma anterior ao início de vigência da CF/1988 é a ADPF;
Competência para julgamento: é originária do STF;
Objeto do questionamento: a ADPF é um instrumento do controle concentrado que pode questionar tanto leis federais quanto estaduais e municipais;
Requisitos da ação de ADPF: são os mesmos elencados no art. 282 do CPC;
Efeitos da ADPF: são erga omnes, obrigatoriamente, e ex tunc, como regra geral;
ADPF Preventiva: evita o descumprimento de algum preceito fundamental;
ADPF Repressiva: repreende o descumprimento de algum preceito fundamental;
Obs. 1: a ADPF pode ser convertida ou reconhecida como ADIN pelo STF;
Obs. 2: a CF/1988 marca a entrada da ADPF no ordenamento jurídico brasileiro.
Admite-se a intervenção de terceiros no processo de ADIN, quando este terceiro interveio no processo como amicus curiae?
Sim... ler mais no livro...
ANÁLISE DE ALGUNS DOS INSTRUMENTOS DO CONTROLE DIFUSO
* não são apenas estas as ações constitucionais, são as principais, as garantias constitucionais ou remédios constitucionais; desde que haja o pré-questionamento de ferimentoa algum princípio da CF, qualquer tipo de ação pode invocar o Controle Difuso;
Mandado de Segurança:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; (... o “E” apenas está relacionado às associações, as quais é exigido que estejam em funcionamento há pelo menos um ano...)
Previsto no art. 5º, LXIX e LXX, CF e regulado pela lei 12016/2009;
Mandado não pode ser confundido com Mandato, que significa outorga de poderes; Mandado está relacionado com Ordem (writ), como ex. Mandado de Busca e Apreensão;
É um instrumento criado com vistas no impedimento ao abuso de poder do estado, contra as ilegalidades, contra “direitos líquidos e certos”;
Foi criado no Brasil na CF de 1934;
O MS tem a tendência de sumir do ordenamento jurídico de governos totalitários;
Legitimidade ativa (impetrante): qualquer pessoa que tenha sofrido abuso ou ilegalidade, a partir de alguém com capacidade postulatória (advogado);
Legitimidade passiva (impetrado): autoridades, tanto de direito público como privado, desde que estas estejam exercendo atribuições do poder público (ex.: Rodovia das Cataratas);
MS não é lugar para Dilação Probatória (produção de provas), já que trata de Direito Líquido e Certo;
O MS ataca o ato da autoridade coatora (ex.: numa cobrança indevida de um tributo federal, será atacado o ato do Delegado da Receita Federal); a autoridade coatora será citada para que preste os esclarecimentos devidos;
Conforme a lei que regula o MS (12016/2009), o prazo para impetrá-lo é decadencial (perda do direito) de 120 dias a partir da ciência inequívoca do ato abusivo ou ilegal;
O MS é previsto nas formas Preventiva e Repressiva;
MS Preventivo: em certas situações não há necessidade de esperar o abuso de poder ou ilegalidade acontecer, podendo, neste caso, impetrar o MS para impedir que ocorra tal abuso ou ilegalidade;
MS Repressivo: MS que é impetrado após o abuso de poder ou ilegalidade;
MS Individual e Coletivo: o MS pode ser individual com vários autores (litisconsórcio ativo); o MS coletivo apenas pode ser ajuizado pelos autores previstos no art. 5º, LXX, CF;
Mandado de Injunção: 
Previsto no art. 5º, LXXI, CF;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
É utilizado em normas de Eficácia Limitada (artigos que necessitam de uma Lei Complementar para que tenham eficácia);
Requisitos: tratar de uma norma de Eficácia Limitada + tratar de prerrogativas inerentes à Nacionalidade, à Soberania e à Cidadania;
Legitimidade Ativa: qualquer pessoa que tenha direitos inerentes à Nacionalidade, à Soberania ou à Cidadania violados em razão da omissão legislativa; a pessoa que está sendo prejudicada pela falta de lei;
Legitimidade Passiva: será o órgão responsável pela omissão legislativa;
Competência de julgamento: STF (omissões do Legislativo e Executivo federais); TJ (omissões do Legislativo e Executivo estaduais); Vara Cível Comum (omissões do Legislativo municipal); prevista nos arts. 102, I, q; 102, II, a; 105, I, h; 121, § 4º, V; 125, § 1º; da CF;
Efeitos da decisão: são quatro os efeitos
Concretista
Geral: através de normatividade geral, o STF legisla no caso concreto, produzindo a decisão efeitos erga omnes até que sobrevenha norma integrativa pelo legislativo;
Individual
Direta: a decisão, implementando o direito, valerá somente para o autor do mandado de injunção, diretamente;
Intermediária: Adotada pelo STF; julgando procedente o mandado de injunção, o judiciário fixa ao legislativo prazo para elaborar a norma regulamentadora. Findo o prazo e permanecendo a inércia do legislativo, o autor passa a ter assegurado o seu direito;
Não Concretista: a decisão apenas decreta a mora do poder omisso, reconhecendo-se formalmente a sua inércia.
Mandado de Injunção Coletivo: são legitimados os mesmos da ADI;
Habeas Corpus: voltada a garantir o direito à liberdade de locomoção; foi criado no Código Criminal de 1823; com a CF de 1824, não foi consagrado tal instrumento; em 1891 veio a CF prevendo o HC; Rui Barbosa defendia o uso deste instrumento não apenas quando o indivíduo estava preso, mas também de forma preventiva;
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
A terminologia Habeas Corpus vem do Latim “Tome o corpo; apresente o corpo”; também conhecido por writ; é mandamental, serve para garantir um dos direitos mais fundamentais do indivíduo, a liberdade; criado em 1215, na Magna Carta Libertatum; era utilizado para libertação do indivíduo preso ilegalmente ou por abuso de autoridade; juntamente com o Princípio do Devido Processo Legal, busca limitar o abuso de poder por parte do governante; no momento posterior, em 1679, houve uma reafirmação do instituto do Habeas Corpus através do HC Act, que determinava que o rei também deveria cumprir tal ordem legal; a história do HC se confunde com a história da conquista dos Direitos Fundamentais do indivíduo; no Brasil, em 1832, houve a previsão do HC no Código Criminal, ainda não previsto na Constituição; em 1891, houve a elevação do HC ao nível Constitucional;
O HC é o instrumento utilizado quando o indivíduo está na iminência de ser preso ou está preso; está relacionado com a Liberdade de locomoção (ir, vir e permanecer);
Tecnicamente, seria recomendável que fossem utilizados os seguintes instrumentos judiciais antes do HC: Arbitramento de Fiança; Liberdade Provisória; Relaxamento de Flagrante; Revogação da Prisão Preventiva. Tendo sido utilizados todos estes instrumentos e o sujeito não tenha alcançado a liberdade, bem provavelmente o juiz passa a ser a autoridade coatora, cabendo aí, o HC.
Liberdade provisória: instituto utilizado quando o sujeito está em flagrante perfeito; princípio ancorado no princípio da presunção da inocência; se o sujeito não cumpre os requisitos do art. 312 do CPP, ele possui direito à liberdade provisória;
Relaxamento de flagrante: será utilizado em razão de algum vício no auto de prisão em flagrante;
Revogação da prisão preventiva: utilizado quando existe um mandado de prisão expedido para o sujeito; entra-se com o pedido de revogação para o juiz que o decretou;
São três as possibilidades de uso do HC:
HC Preventivo: utilizado quando o sujeito está na iminência de ser privado da liberdade; o resultado é a expedição de um salvo conduto pelo juiz, para evitar uma prisão ilegal ou abusiva;
HC Repressivo: é o HC mais utilizado; é utilizado quando o sujeito encontra-se privado de sua liberdade, sendo esta prisão ilegal ou com abuso de poder;
HC para trancamento da ação penal:
Legitimidade Ativa: qualquer pessoa (PF ou PJ; PJ somente pode para PF ou em nome próprio) em seu nome ou de outrem; o HC é regido pelo princípio da informalidade;
Paciente do HC: o beneficiário do HC;
Pólo Passivo: órgão que está privando a liberdade da pessoa de forma ilegal; geralmente é personalidade jurídica de direito público; é possível também impetrar HC em face de PJ de caráterprivado (ex.: hospital que não deixa paciente sair sem pagar a conta);
O HC é sempre impetrado na autoridade superior à autoridade coatora; ex.: se a autoridade coatora é o juiz, o HC é impetrado no TJ.
Habeas Data:
O Habeas Data é previsto na CF, no art 5º, inc LXXII; é regulado pela Lei 9507/97;
LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
É uma Ação Constitucional de caráter cível; trata-se de Direito Personalíssimo; possui três finalidades:
Acesso: a informações a seu próprio respeito de caráter público ou de entidades governamentais e que estejam disponíveis ao público; 10 dias de prazo a contar do recebimento da requisição administrativa;
Retificação: dos dados que não estiverem corretos sobre a sua pessoa; 15 dias de prazo;
Justificação: dos dados constantes de um órgão, por exemplo, uma explicação dos dados registrados; 15 dias de prazo;
Legitimidade Ativa: qualquer pessoa, porém com capacidade postulatória, sem custas;
Legitimidade Passiva: o detentor do banco de dados;
Requisição administrativa: Notificação prévia do Hábeas Data. Poderá ser extinto por falta de interesse de agir;
Competência: art 102, inc I, alínea d; art 102, inc II, alínea a; art 105, inc I, alínea b; art 108, inc I, alínea c; art 109, inc VIII; art 121, § 4o, inc V.
Ação Popular: 
Prevista no art. 5º, LXXIII;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Instrumento de soberania popular; reflete que o poder emana do povo e deve ser exercido em seu nome; é um instrumento pelo qual a população pode fiscalizar os atos do poder público;
Não é instrumento voltado para questões entre particulares;
Requisitos:
Deve haver lesividade ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural;
Legitimidade ativa: qualquer cidadão (cidadania tem relação com direitos políticos; o indivíduo deve estar em pleno gozo dos seus direitos políticos; entre 16 e 18 anos, se o indivíduo possui título de eleitor, pode ocupar o pólo ativo da Ação Popular); não é necessário que o domicílio eleitoral coincida com o local da lesão ao patrimônio público para que o cidadão proponha a ação; o pleno gozo dos direitos políticos é verificado apenas no momento de propor a ação; se o cidadão perdeu os poderes políticos no decorrer da ação, esta continua a tramitar;
Legitimidade passiva: de acordo com o art. 6, § 3º, da Lei 4.717/1965, o agente que praticou o ato, a entidade lesada e os beneficiários do ato ou contrato lesivo ao patrimônio público;
Natureza jurídica: desconstitutiva condenatória; possui a finalidade de desconstituir o ato lesivo ao patrimônio público e condenar os responsáveis a ressarcir o prejuízo causado;
Exceção da Litispendência: é possível voltar a propor a Ação Popular na hipótese de litispendência;
Competência: depende do ato; normalmente é competente o juízo de 1º grau;
Ação Civil Pública: 
2º BIMESTRE
Estudar por: José Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo
Direitos (direito em si, como ex.: direito à propriedade) e Garantias (instrumento para efetivar o direito, como ex.: mandado de segurança) Fundamentais
Não basta que os direitos sejam declarados, deve haver medidas assecuratórias da execução destes direitos;
Destinatários ou beneficiários dos direitos individuais: conforme entendimento do STF os Direitos e Garantias Individuais são estendidos a todas as pessoas que estejam dentro do território Brasileiro;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País (furo: a CF não considerou os estrangeiros em passagem pelo país) a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Abordagem histórica: a conquista de Direitos e Garantias Individuais confunde-se com a história do Constitucionalismo;
1215: Magna Carta Libertatum: marco inicial de um constitucionalismo, buscando a limitação do Poder Estatal; idealizada contra as arbitrariedades do reinado do Rei João Sem Terra;
1628: Petição de Direitos: parlamento Inglês, em nome dos súditos buscando a limitação do poder do governante;
1679: HC Act: reafirmação do instituto do HC, que não era obedecido pelo monarca; a reafirmação busca que o rei passe a obedecer este instituto;
1689: Revolução Gloriosa: Bill Off Rights, documento que reafirma o poder do parlamento e limita o poder do monarca; busca a supremacia do parlamento, que era representado pelos burgueses; começa a mudar a titularização do poder, que passa a ser mais limitado para o monarca e maior para o povo, representado pelo parlamento; marca o início da monarquia constitucional; o constitucionalismo surge inicialmente como um limitador de poder do monarca e, em segundo plano, para a instituição de direitos e garantias; tais revoluções não foram de grande brilho na sua época, demorou-se para surtir os efeitos de suas defesas;
1776: Revolução Americana: independência das colônias da Virgínia;
1787: Constituição dos EUA
1789: Revolução Francesa:
Da revolução surge a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão; valorização da racionalidade e em menor grau da participação divina no cotidiano;
Lema da Revolução Francesa:
Liberdade: Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão; limitação de poder;
Igualdade: Direitos Fundamentais de 2ª Dimensão; voltada a instituir Direitos Sociais; garantidor de direitos; em 1917, a Constituição do México foi a primeira a positivar Direitos Sociais;
Fraternidade: Direitos Fundamentais de 3ª Dimensão; direitos de solidariedade, meio ambiente equilibrado, qualidade de vida, para a geração atual e novas gerações;
Direitos Fundamentais de 4ª Dimensão: na evolução, conforme Paulo Bonavides: Democracia Participativa; conforme Pedro Lenza: bioética, genética, etc.;
Direitos Fundamentais de 5ª Dimensão: conforme Paulo Bonavides: Direito à Paz Social.
Classificação dos Direitos Fundamentais:
Direitos Individuais: art. 5º 
Direitos Coletivos: art. 5º 
Direitos Sociais: art. 6º, 7º, 193, 196, 205, 215; educação, saúde, trabalho;
Direitos à Nacionalidade: art. 12
Direitos Políticos: art. 14 a 17;
Princípios Constitucionais: Princípios são os alicerces do ordenamento jurídico, são os principais valores que envolvem o estudo do Direito. Os princípios são justiciáveis e a tendência é que cada vez mais o sejam; cada vez mais os princípios devem deixar de expressar apenas intenções e passar a ser justiciáveis. Os princípios podem ser explícitos ou implícitos na CF.
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: previsto no art. 1º, III, CF; princípio fundamental do Direito;
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
[...]
III - a dignidade da pessoa humana;
Princípio do Estado Democrático Social de Direito: previsto no art. 1º, caput, CF;
Princípio da Isonomia: previsto no art. 5º, caput, CF; também chamado de Princípio da Igualdade; é uma isonomia que visa tratar de forma igual os iguais e desiguais, na medida da sua desigualdade; visa planificar desigualdades muito acentuadas; deve existir um nexo de causalidade para se aplicar a discriminação positiva; Isonomia formal: prevista na legislação, visando a igualdade de oportunidades; Isonomia material: não desejada,aquela que visa a perfeita igualdade entre as pessoas, proveniente do ideário Marxista;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Princípio da Legalidade: previsto no art. 5º, II, CF; divisor de águas entre o Estado Absolutista (o rei concentra todas as decisões) e o Estado Constitucional; visa à imposição de limites à atuação do Estado, evitando o cometimento de abusos por parte das autoridades;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Princípio do Devido Processo Legal: previsto no art. 5º, LIV, CF; em conjunto ao Princípio da Legalidade visa à limitação da atuação do Estado, garantindo que a ação do Estado sobre as pessoas apenas ocorrerá a partir do Devido Processo Legal;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
Princípios que decorrem do Princípio do Devido Processo Legal:
Princípio da Ampla Defesa: direito de o acusado utilizar todos os meios possíveis e legais previstos no Direito para a sua defesa;
Princípio do Contraditório: direito de o acusado passar a sua versão relacionada ao caso;
Princípio do Livre Convencimento do Juiz: o juiz formará sua conclusão pela livre apreciação das provas contidas no processo judicial, não podendo condenar o réu fundamentando-se apenas nos dados provenientes do inquérito policial;
Princípio da Verdade Real: verdade Formal é a verdade concluída pelo processo judicial; cada parte buscará defender seus interesses, buscando que a Verdade Real seja alcançada;
Princípio da Presunção da Inocência: a pessoa não pode receber um tratamento de criminoso enquanto não houver sentença condenatória transitada em julgado; exceção da Presunção da Inocência: na Pronúncia nos casos de Tribunal do Júri, não havendo a completa certeza da materialidade e autoria do delito, aplica-se o princípio in dubio pro societa, levando a certeza a ser afirmada pela sociedade através dos componentes do Júri;
Princípio da Proporcionalidade: deve ser utilizado como uma norma secundária; havendo o conflito entre duas normas hierarquicamente iguais aplica-se o princípio da proporcionalidade para se definir o direito;
Princípio da Razoabilidade: aplicada ao caso concreto, analisando-se os dados do processo e aplicando a racionalidade, a razoabilidade para se fixar a sanção ao cometimento de ilícitos; previsto no art. 5º, LXXVIII, CF;
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Princípio do Juiz Natural: o acusado tem o direito de ter contato com o juiz da instrução e de ser julgado por este juiz; não gera nulidade o fato de o acusado ser julgado por juiz diferente do que instruiu o processo.
Liberdade de Consciência e Pensamento, Crença e Culto
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato (tem que se assumir a autoria do que se diz);
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; O Estado permite a prestação de assistência religiosa, mas não a executa.
VIII - ninguém será privado de direitos (perda ou suspensão de direitos políticos, conforme art. 15, IV, CF) por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; escusa de consciência é o que contém neste dispositivo; ex.: a pessoa é adepta da não beligerância, invocando convicção religiosa ou convicção filosófica ou política para não servir ao Exército; nesta condição, deverá cumprir prestação alternativa para livrar-se de sua obrigação de servir;
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: [...]
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
Hierarquia: Liberdade de Consciência e Pensamento >> Crença >> Culto
Nós somos senhores quase que absolutos da nossa consciência (Celso Ribeiro Bastos); permite o entendimento de que nem na nossa consciência temos o poder absoluto, já que somos influenciados por diferentes mídias;
Nossa consciência é o recanto mais íntimo que podemos ter; quando estamos dentro desta esfera, o Estado não vai interferir, “apesar de tentar” através de diferentes propagandas indutivas;
Na Liberdade de Pensamento o Estado não interfere;
Externar a Crença é Culto; em determinadas circunstâncias, há liberdade de crença mas não há liberdade de culto (ex.: CF de 1824 não permitia cultuar outras religiões que não a católica; a partir do decreto 119-A de 1890, o Brasil se tornou um Estado laico; Estado não laico é o mesmo que Estado Confessional; o Vaticano é um exemplo de Estado Confessional);
Relação que deve existir entre Estado e Religião em Estados laicos:
Deve ser regida pelo princípio de não opor obstáculos, considerando os limites naturais da sobrevivência social;
Incentivo à prática de cultos a partir da imunidade tributária, prevista no art. 150, VI, b, CF;
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...]
VI - instituir impostos sobre: [...]
b) templos de qualquer culto;
Princípio da neutralidade, em que o Estado nem vai prejudicar nem vai beneficiar a instituição religiosa, podendo, porém, existir o regime de cooperação entre Estado e Instituição Religiosa;
Posicionamento das escolas de ensino básico em Estados Laicos: art. 210, § 1º, CF; art. 33 da LDB; é obrigatório que as escolas públicas de ensino fundamental disponibilizem a cadeira de Ensino Religioso, porém, de natureza facultativa; é vedado o Proselitismo (tentativa de converter o próximo de se mudar de religião); teoricamente, o ensino religioso deve ser ecumênico, deve pregar o respeito entre as diferentes religiões e desenvolver o conhecimento das diferentes doutrinas religiosas;
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
Manifestação do Pensamento:
O Interesse Público é a palavra de ordem para avaliar se a informação deve ou não ser divulgada publicamente;
Quando se veda o anonimato busca-se a responsabilização de quem divulga a informação;
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
Art. 5º: [...]
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,quando necessário ao exercício profissional;
Direito à Intimidade, Vida Privada, Honra e Imagem
Intimidade: local de convivência familiar, trato íntimo, âmbito familiar;
Vida Privada: relação com colegas de trabalho, de faculdade, etc.;
Imagem Atributo: art. 5º, V; aquela que fere a honra subjetiva da pessoa; é aquilo que a pessoa tenta demonstrar socialmente que ela é; (ex.: tem gente que se for chamada de “viado” vai gostar disso e tem gente que não vai gostar); gera um direito de resposta que deve ser proporcional ao agravo; o direito de resposta não exclui o dano moral, que tem dois vieses: punir quem praticou o ato infrator e dar um conforto para a vítima do ato;
Imagem Retrato: art. 5º, X; relacionada com a veiculação de imagens da pessoa; o uso indevido da imagem é vedado pela CF; quem veicular a imagem deve buscar autorização para tal, estando sujeito a ressarcimento de danos à vítima caso não o faça;
Inviolabilidade de Domicílio
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo (garantia do direito à intimidade), ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro (autoriza-se quando não existirem outras pessoas no local capazes de prestar o socorro), ou, durante o dia, por determinação judicial;
Residente (local onde se vive com a família) e Domiciliado (onde se exerce o trabalho): residente está ligado à questão da Intimidade, de trato íntimo, e Domiciliado à Vida Privada; a inviolabilidade pode ser estendida ao local de trabalho;
* na hipótese, por exemplo, de um funcionário da prefeitura estar em fiscalização de focos do mosquito da dengue e o morador não consentir com a sua entrada na residência, é possível que este profissional consiga um mandado judicial por uma simples ligação telefônica, regendo este ato o Princípio da Informalidade.
* escuta telefônica ou ambiental autorizada judicialmente pode ser realizada em qualquer horário.
Inviolabilidade de Correspondência
XII - é inviolável o sigilo da correspondência (qualquer tipo de correspondência) e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
Interceptação (não existe possibilidade para a esfera cível); gravação (TRF tem entendido como prova lícita quando um dos interlocutores sabe do mecanismo de gravação);
Cartas: não existe previsão legal para a violação; existe uma jurisprudência do STF que permite a violação de cartas em presídios e manicômios.