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Direito Penal VI – Parte Especial 3

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Direito Penal VI – Parte Especial 3
Arts. 213 até 360
Prof. Ademair
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
Objeto jurídico tutelado: dignidade sexual (se revela na livre escolha do par; livre negação; não permissão; impossibilidade);
Lei que modificou os crimes contra a dignidade sexual: 12015, de 07/08/2009;
Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
Ação nuclear ou núcleo do tipo: constranger;
Elementares: violência ou grave ameaça;
Finalidade: satisfação da lascívia;
Consumação / Tentativa: tendo em vista que ato diverso da conjunção carnal equivale à consumação do delito, embora possível, a Tentativa é de difícil configuração; ex.: beijo lascivo já configura o crime;
Sujeito ativo / passivo: qualquer pessoa;
Classificação: crime comum; crime uninuclear (possui apenas um verbo);
Objeto material (objeto pelo qual recai a conduta do agente): a vítima;
Objeto jurídico: dignidade sexual e liberdade sexual (liberdade de escolha do parceiro sexual);
Elemento subjetivo: dolo;
* ex.: sujeito se esfrega sexualmente em alguém dentro de algum tipo de transporte coletivo não configura o crime de estupro, por lhe faltar elementares; configuraria importunação ofensiva ao pudor (Lei de Contravenções Penais – Decreto-lei 3688/1941, art. 61);
* ex.: voierismo (contemplação lasciva; observação de alguém com desejo sexual), se ausente a violência ou grave ameaça, configura contravenção penal (art. 61), mas se presente estas, haverá estupro; obs.: parte da doutrina compreende que a contemplação lasciva é constrangimento ilegal, pois ausente nesta hipótese o objeto material “corpo da vítima”;
* moléstias venéreas: no caso de estupro praticado por pessoa contaminada por doença venérea e não tendo este a intenção de transmiti-la, ficará o crime do art. 130, caput, absorvido pelo estupro. Entretanto, se o autor quer a transmissão da doença, há concurso formal de crimes. Obs.: à segunda hipótese aplica-se a regra do Concurso Formal Impróprio (desígnios autônomos), ou seja, somam-se as penas.
* Crítica ao primeiro posicionamento: por não haver desígnios autônomos, mas presentes os demais requisitos do Concurso Formal Próprio, é de se concluir por sua existência na ocasião em que o agente está infectado por doença venérea e pratica o estupro. Nestas circunstâncias, aumentam-se as penas.
* Aids não é doença venérea; é moléstia grave; portanto, não pode estar inserida no art. 130 e sim 131 do CP; a transmissão do vírus da Aids é defendida como lesão corporal de natureza grave ou tentativa de homicídio;
* situação em que o agente pratica o estupro com conjunção carnal e também com outro ato libidinoso: configura-se como crime continuado; o agente que pratica conjunção carnal e ato libidinoso contra a mesma vítima incide à figura do crime continuado; se for contra vítimas diferentes também cabe a hipótese de crime continuado;
* o crime de estupro praticado em ambiente familiar normalmente traz a figura do crime continuado;
* conjunção carnal com cadáver é enquadrado no art. 212 (Vilipêndio a cadáver) e não no 213 (Estupro);
* A Lei 12015/2009 inovou ao qualificar o crime de estupro quando a vítima é menor de 18 e maior de 14 anos. Se da violência resulta morte e o fato foi praticado antes de 07/08/2009, aplica-se a legislação anterior, pois mais benéfica (pena de 12 a 25 anos).
Ação Penal:
Direito Intertemporal: aos crimes praticados antes de 07/08/2009 a regra é que a ação penal seja privada, permanecendo o instituto aos fatos anteriormente praticados. A justificativa é decorrente do reflexo penal beneficiar o agente, em virtude das causas de extinção da punibilidade.
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.
Violação sexual mediante fraude
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
* toda forma de Estupro é considerado crime hediondo, de acordo com a Lei 8072/1990, art. 1º;
* o processo nos casos de crimes sexuais deve tramitar em segredo de justiça, conforme previsão do art. 234-B do CP;
* o principal motivador das modificações nos tipos penais dos crimes contra a dignidade sexual, quando se trata dos tipos previstos para vítimas menores de 14 anos, foi a tentativa do legislador de coibir a prostituição infantil;
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
§ 2o (VETADO)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
* a pretensão principal do art. 217-A é a eliminação das presunções nos crimes relacionados à dignidade sexual;
Sujeito passivo: menor de 14 anos;
* adolescente menor de 14 anos que mantém relação sexual com outro adolescente menor de 14 anos: haveria recíproca prática de ato infracional;
* adolescentes menores de 14 anos que mantenham relação sexual são sujeitos ativos reciprocamente;
* a tipificação neste artigo não exige a violência ou grave ameaça;
* situação em que se pratica ato sexual com adolescente empreendendo violência ou grave ameaça: há um aparente conflito de normas (art. 213 e 217-A), que é resolvido pela Especialização; a regra do art. 217-A prevalece no caso e é a que será aplicada;
* a incidência do tipo penal previsto no art. 217-A é indiferente ao uso ou não da violência, assim sendo, se a relação sexual for praticada mediante violência ou não e a pessoa é menor de 14 anos tem-se o estupro de vulnerável;
* se o sujeito ativo acredita, por engano, que a vítima tenha 14 anos ou mais: erro sobre um dos elementos do tipo constitutivo do crime, que exclui o dolo e, por conseqüência, a culpabilidade do agente;
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
* exige-se no tipo penal uma especial condição de agir, isto é, ao dolo acresce-se a satisfação da lascívia; para se enquadrar neste tipo penal há necessidade de saber que a pessoa é menor de 14 anos e também que o agente queira que tal menor presencie os atos sexuais;
* se o menor participa do ato sexual há enquadramento no tipo penal de estupro de vulnerável;
* não sendo menor de 14 anos e há pratica de ato sexual na sua presença há enquadramento no crime de ato obsceno;
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituiçãoou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
§ 2o Incorre nas mesmas penas:
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo.
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.
* o núcleo do tipo submeter consiste em manter a pessoa em prostituição; cuida-se de evidente exploração sexual do menor;
Ato obsceno
 Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
 Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Bem jurídico tutelado: o que se protege é o pudor e a moralidade pública;
Sujeito passivo: é a coletividade, podendo classificar o crime como Crime Vago, eis que o sujeito passivo é indeterminado, podendo ser vítima de tal crime qualquer pessoa. Parte da doutrina entende que sujeito passivo é qualquer pessoa que presencie o ato obsceno; 
* classificação do crime quando o sujeito passivo é a coletividade (sujeito passivo indeterminado): Crime Vago; ex.: prática de ato obsceno em via pública;
Consumação: no momento em que há a prática do ato obsceno nas circunstâncias do tipo penal;
Escrito ou objeto obsceno
 Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
 Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
 I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;
 II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
 III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
A norma prevista no art. 234 encontra-se em desuso pelos costumes atuais. O princípio que afasta a incidência da norma é o Princípio da Adequação Social.
Obs.: acaso o escrito, a peça teatral, a publicação fotográfica, envolva criança ou adolescente, a figura típica está nos arts. 240 e seguintes do ECA. Estes crimes previstos no ECA não estão em desuso.
Bigamia
 Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
 Pena - reclusão, de dois a seis anos.
 § 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
 § 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
Trata-se de norma penal de Concurso Eventual no caput e Concurso Necessário no § 1º, sendo figura privilegiada nesta hipótese.
A condição prévia para consumação deste delito é que o casamento antecedente seja válido.
O Princípio da Consunção é aplicável à espécie, uma vez que é antecedente lógico à prática da bigamia. Ex.: documentos falsos fornecidos no momento do segundo casamento.
* não fazer interpretação progressiva, uso da analogia, nem interpretação extensiva da norma.
O conceito de Família evoluiu de forma que esta entidade, nos termos atuais, não encontra a merecida proteção pelo Direito Penal na amplitude moderna de sua conceituação.
A CF e seu rol exemplificativo trás diversas formas de arranjos familiares. Assim, diante da colisão do Princípio da Legalidade e da Vedação da Analogia em Prejuízo do Réu, não permitem os princípios penais a extensão dos tipos de forma a abranger, por exemplo, a união estável
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
 Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
 Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Natureza jurídica deste parágrafo: condição de procedibilidade.
A ressalva contida no Tipo Penal decorre da vedação do Princípio do non bis in iden, eis que a figura típica de quem contrai casamento com outro que já é casado é o crime de Bigamia (art. 235).
Trata-se de norma penal em branco homogênea (norma a ser editada pela mesma casa legislativa), sendo complementada pelo art. 1.521 e seguintes do CC.
* norma penal em branco heterogênea: norma a ser editada por outra casa legislativa.
CC Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Ação Penal: ação personalíssima, podendo ser iniciada apenas pelo contraente enganado. A ação penal é dita personalíssima, tratando-se de condição de procedibilidade.
Conhecimento prévio de impedimento
 Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
 Pena - detenção, de três meses a um ano.
O art. 237 também é norma penal em branco homogênea, bastando a complementação pelo art. 1.521 do CC.
Simulação de autoridade para celebração de casamento
 Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento:
 Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Tentativa: não admite tentativa, já que é crime de mera conduta. A tentativa, objeto de discussão doutrinária, para a maioria, não é admissível, pois o crime é de mera conduta e o legislador “elevou” à categoria de crime, o que em tese seria ato preparatório.
Erro de tipo: é necessário que o agente saiba que não pode ser autoridade celebrante, pois a percepção falsa da realidade excluirá o dolo.
Trata-se de norma subsidiária (preceito secundário), de forma que o agente celebrante deve ter o dolo exclusivamente de simular o casamento, sendo diferente haverá eventual concurso de pessoas se existente outro crime.
A anulação posterior do casamento não extingue a punibilidade do agente.
Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido
 Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:
 Pena - reclusão, de dois a seis anos.
 Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza:
 Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
Parágrafo único: Causa de Extinção da Punibilidade
A hipótese de perdão judicial é muito comum nos casos em que há interesse previdenciário ou sucessório. O crime previsto deu origem à expressão “adoção à brasileira”. ex.: avô que registra o neto como filho, com interesse de que este venha a receber sua pensão previdenciária após sua morte.Dos Crimes Contra a Assistência Familiar
A atenção deve ser dada à classificação destes crimes quanto ao seu resultado ou conduta. De forma que, por encerrarem tipo omissivo, não admitem tentativa, o que também é aplicável aos de mera conduta, lembrando-se da especial condição de agir disposta sobretudo nas expressões “sem justa causa”.
É impossível a extensão dos tipos penais ao tutor, curador ou companheiro, se o código assim não dispuser.
Abandono material
 Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:
 Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País.
 Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.
* não confundir com a prisão civil da falta de pagamento de pensão alimentícia; esta cabe por no máximo 30 dias e é revogada tão logo o pagamento ocorra; em virtude das mesmas dívidas, o devedor não pode ser preso novamente; por outro lado, pode ser processado penalmente.
A prisão civil, cujo prazo máximo é de 30 dias, não pode ser repetida em virtude do mesmo débito e o pagamento deste afasta imediatamente a privação de liberdade.
Havendo sentença penal condenatória por abandono material o pagamento do débito não extingue a punibilidade do agente. O cumprimento da pena não extingue o crédito alimentar.
A prisão civil não será computada à condenação penal; não há detração.
Configura-se o crime em questão, segundo entendimento doutrinário, quando o tempo de não pagamento da pensão alimentícia seja juridicamente relevante.
Entrega de filho menor a pessoa inidônea
 Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo:
 Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
 § 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior.
 § 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de obter lucro.
Tempo para configuração do crime: não há um lapso temporal previamente definido, devendo este ser juridicamente relevante.
No art. 245 o tempo de que fala a doutrina é aquele juridicamente relevante. Não se fala em perda do poder familiar, eis que ausente a violência contra o descendente.
Abandono intelectual
 Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:
 Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Instrução primária: considera-se não apenas aquela governamental ou privada; se o pai dá a instrução ao filho em casa, não há enquadramento no delito.
Quando há inviabilidade da matrícula do filho por distância considerável em relação à escola, não se configura o crime.
Tempo para configuração do crime: não há um lapso temporal previamente definido, devendo este ser juridicamente relevante.
Momento consumativo: a consumação se dá após tempo juridicamente relevante.
Classificação: crime próprio (apenas os pais podem praticar); de ação livre; unisubjetivo (basta um agente a sua prática); formal.
A prova quanto ao sujeito passivo é feita pelo registro civil de nascimento.
Mendicância
Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância:
 I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida;
 II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual natureza;
 III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
 IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública:
 Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
A condição de fortuna do autor pobre, miserável ou não, não afasta a incidência do tipo penal, ressalvando-se a excludente do estado de necessidade.
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação de incapazes
 Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de dezoito anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame:
 Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Se o sujeito Induz e Confia, há concurso de crimes. Trata-se de tipo penal misto cumulativo, eis que os núcleos do tipo, separados por “;”, faz surdir o instituto do concurso de crimes (formal ou material).
Subtração de incapazes
 Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial:
 Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime.
 § 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda.
Norma penal não incriminadora, explicativa ou complementar, que admite a interpretação extensiva à mãe.
 § 2º - No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.
Perdão Judicial previsto no § 2º: esta hipótese traz um poder discricionário e não um poder-faculdade, de forma que, restituído o menor ou interdito sem maus tratos ou privações, o juiz deve deixar de aplicar a pena.
Obs.: falta arts. 250 a 266.
Epidemia
 Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:
 Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
 § 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
 § 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos.
No Brasil não há a figura típica do crime de terrorismo.
O crime previsto no art. 267 trata-se de norma penal em branco, definido como crime hediondo (Lei 8072, art. 1º, VII). É crime material.
O termo “Epidemia” é elemento normativo do tipo, cabendo explicação por corpo técnico do local.
Omissão de notificação de doença
 Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória:
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
É crime omissivo próprio (conduta negativa) e crime próprio (pode ser praticado apenas por médico). Trata-se de norma penal em branco, certamente a ser preenchida por alguma norma da ANS.
Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal
 Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo:
 Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
 § 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada.
 Modalidade culposa
 § 2º - Se o crime é culposo:
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Era crime hediondo e a Lei 8930 retirou tal crime do rol de crimes hediondos.
Falsificação,corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais
 Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais:
 Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.
 § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.
Falsificação: é a contrafação ou o referir-se com o verdadeiro;
Corrupção: nesta conduta o agente estraga ou infecta a substância;
Adulteração: é deturpar algo;
Alteração: é a modificação de algo;
 § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. [...]
Passou a ser classificado como crime hediondo após falsificações vultosas ocorridas no Brasil, por volta do ano 1996 (anticoncepcional microvilar);
Trata-se de crime hediondo, sendo classificado como:
Crime comum: não exige nenhuma qualidade ou condição especial do sujeito ativo;
Crime plurinuclear: o tipo possui vários verbos;
Tipo misto alternativo não cumulativo: há uma mistura de diversas ações que são consideradas criminosas; é alternativo não cumulativo porque se pode praticar qualquer das condutas descritas no tipo que se configurará o crime, não carecendo da soma de condutas para o enquadramento no crime; se mais de uma conduta for praticada, não se fala em concurso de crimes;
Crime formal: aqueles crimes em que o legislador antecipa a consumação, fazendo com que o resultado seja mero exaurimento;
Crime de perigo abstrato;
Substância destinada à falsificação
 Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou ceder substância destinada à falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais:
 Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Se o sujeito pratica o crime de falsificação, configura-se uma conduta; se pratica a exposição do produto à venda, configura-se outra conduta; uma conduta não absorve a outra; não se fala em consunção, já que a mera exposição do produto à venda já consuma o crime; a exposição à venda faz com que o crime seja permanente;
Crime permanente: são os crimes em que a conduta do agente se prolonga no tempo, perdurando ou persistindo o momento consumativo do delito, bem como a sua execução; isso permite o prolongamento do estado flagrancial;
Medicamento em desacordo com receita médica
 Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desacordo com receita médica:
 Pena - detenção, de um a três anos, ou multa.
 Modalidade culposa
 Parágrafo único - Se o crime é culposo:
 Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Trata-se de Crime Comum, não sendo possível presumir qualidade especial do sujeito ativo, ou seja, o farmacêutico; dispensa-se a nomenclatura medicamentosa, exigindo-se apenas o princípio ativo; admite tanto Dolo quanto Culpa;
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica
 Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
 Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Trata-se de crime comum na primeira parte e crime próprio na segunda parte;
Primeira parte: exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal;
Segunda parte: excedendo-lhe os limites; somente aquele que é médico, dentista ou farmacêutico podem praticá-lo;
Sendo profissão diversa de médico, dentista ou farmacêutico, a figura típica será a de contravenção penal do exercício ilegal da profissão (art. 47 da LCP);
Não se confunde o art. 282 com a prática do Curandeirismo;
O sujeito que pratica o curandeirismo não incide nas penas do art. 282 e sim nas do art. 284; a conduta do curandeiro, para que seja considerada criminosa, é aquela que promete curas infalíveis, cura para doenças incuráveis;
Dos crimes contra a paz pública
 Incitação ao crime
 Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
 Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
 Apologia de crime ou criminoso
 Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime:
 Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Bem jurídico protegido: paz pública;
São crimes de perigo abstrato; são unisubsistentes, mas podem admitir a modalidade plurisubsistente (por escrito);
Tentativa: impossível nos casos de unisubsistência; possível nos casos de plurisubsistência;
Os arts. 286 e 287 trazem o elemento normativo “publicamente”; segundo posicionamento doutrinário a publicidade para apenas uma pessoa poderia consumar estes crimes; o conhecimento de outras pessoas seria mero exaurimento;
Nos crimes contra a paz pública o elemento normativo “publicamente” (arts. 286 e 287) dispensa um número de pessoas presentes ao momento da incitação ou apologia. Parte da doutrina exige que se façam presentes um número indeterminável de pessoas.
A incitação à contravenção penal não permite a incidência no tipo penal previsto no art. 286. A incitação pública à prática de ato infracional também não permite a incidência deste tipo penal.
O art. 286 dispensa a menção a fato concreto, razão pela qual independe para a punição do sujeito ativo a prática ou não dos crimes incitados.
A prática do crime incitado não conduz o concurso de pessoas se ausente o liame subjetivo (ligação de vontades). A incitação aliada à consumação do crime incitado, sendo este fato determinado, traz o concurso material de crimes para o incitador.
O atual estágio do chamado Direito Penal Constitucional dispensa a condenação do fato a que foi feita a apologia. Se o agente faz apologia a autor de crime, dispensa-se a condenação deste, já que o tipo penal não exige que o autor do crime seja condenado.
 Quadrilha ou bando
 Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes:
 Pena - reclusão, de um a três anos. (Vide Lei 8.072, de 25.7.1990)
 Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.
Ações multitudinárias: possuem um duplo viés; se a ação é cometida por multidão, há ausência do concurso de pessoas, ausência da qualificadora dos agentes; a individualização da conduta de cada agente é o maior desafio do juiz; se a ação do agente foi motivada pela multidão, há uma circunstância atenuante; se é a multidão que age, configuram-se tantos crimes quanto a quantidade de pessoas participantes da conduta delituosa, afastando-se o concurso de pessoas, já que não há acordo de vontades estabelecido; se é a multidão que instiga uma pessoa ou um grupo, trata-se de um crime impelido por multidão, que é uma circunstância atenuante;
Aos crimes cometidos por um sem-número de pessoas chama-se crime multitudinário. Afasta-se nesta hipótese o concurso de pessoas. Se a instigação advém da multidão incide a circunstância atenuante do art. 65, III, e, do CP.
Organização criminosa:
Quantidade de pessoas: para se configurar organização criminosa deve haver, no mínimo, a composição mínima de uma quadrilha ou bando (4 ou mais pessoas);
A qualificação como organização criminosa está relacionada com a especialização dos seus agentes, que é maior do que na quadrilha ou bando;
Lei 9034/1995 trata sobre a Organização Criminosa, sem, no entanto, defini-la; trata-se de lei processual (sem reflexos penais) que traça meios de repressão à organização criminosa;
A definição de organização criminosa com uso de posição doutrinária causa ofensa ao Princípio da Legalidade; assim, todo conceito doutrináriode organização criminosa ofende ao Princípio da Legalidade;
Quadrilha ou bando:
Pressupõe uma associação permanente, duradoura;
Consumação: se dá com a associação com a vontade de permanecer associado, independentemente do número de crimes que serão praticados, independentemente do número de reuniões entre seus membros; a pura associação consuma o crime;
* reunião eventual de agentes configura concurso de pessoas e não formação de quadrilha;
É crime autônomo que se consuma no momento que ocorre a associação; ex.: se um grupo de 4 ou mais pessoas comete furto responderá pelo Furto Qualificado (art. 155, § 4º, IV: mediante concurso de duas ou mais pessoas) em concurso material com Formação de Quadrilha (art. 288); não se configura, neste caso, o bis in iden;
Formação de quadrilha com adulto e inimputável: o adulto responderá pelo crime de formação de quadrilha; o inimputável cometerá ato infracional; a doutrina mais recente não vem admitindo a existência de formação de quadrilha neste caso, já que o inimputável não comete crime, o que impossibilita a “associação para cometer crimes”;
Basta que um dos quadrilheiros esteja armado para que todos os demais respondam pela qualificadora, desde que tenham conhecimento da existência da arma; a arma deve ser mostrada ostensivamente para enquadramento na qualificadora;
Quadrilha armada que pratica roubo: enquadra-se na qualificadora do art. 288 e não incide a qualificadora do art. 157, § 2º; neste caso configuraria bis in iden se fossem aplicadas ambas as qualificadoras;
2º BIMESTRE
Crimes de Falso – arts. 289 a 311
Bem jurídico protegido: a fé pública;
Requisitos: capacidade de enganar;
Falso grosseiro: responde-se pelo crime de estelionato;
Tipos de Falso:
Mudança (mutatio veris): é a modificação de um documento já existente; cópia;
Imitação (immitatio veris): é a imitação da verdade; criação;
Todos os crimes de Falso são dolosos. Havendo lesividade ao patrimônio de alguém por meio de falsificação grosseira, a figura típica é o estelionato. Nesta hipótese, é possível a aplicação do Princípio da Insignificância. Ex. de Falso que não se exaure em estelionato: falsificação de carteira de identidade não apreendida. A Súmula 17 do STJ exige que o Falso morra no estelionato (exaurimento), não havendo a possibilidade de sua reutilização.
Súmula 17 do STJ
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Os crimes de Falso são de Perigo: Abstrato, Concreto, podendo ainda classificar-se como Formal, Material, de Mera Conduta e Outros, a depender das circunstâncias. Dependerá do tipo penal para identificar sua classificação. Algumas das figuras delitivas admitem ambas várias classificações.
Formas de Falso:
Material: ocorre no momento em que se altera a forma do documento, ou seja, existe modificação da verdade no que diz respeito aos seus aspectos exteriores; forma, aspecto externo;
Ex.: o sujeito altera a data de nascimento em seu documento de identidade: Falsidade Material;
Ideológica: versa sobre o conteúdo do documento;
Ex.: se o sujeito se dirige a uma repartição pública, subtrai um documento verdadeiro e nele faz inserir informação falsa: Falsidade Ideológica, art. 299;
Pessoal: ocorre nas hipóteses em que o agente se passa por outra pessoa ou desta assume qualidades;
Ex.: o sujeito se faz passar por pessoa que não é;
O Código Penal, nos artigos 291 e 294, elevou à categoria de crime consumado aquilo que, em tese, seria mero ato preparatório. Desta forma, as máquinas destinadas ao Falso tipificam crime autônomo consumado. Trata-se de crime subsidiário, ficando absorvido pela efetiva falsificação.
 Petrechos para falsificação de moeda
 Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
 Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
 Petrechos de falsificação
 Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
 Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 304: O porte e a posse de documento falso não é crime. Existe a figura delitiva ainda que o sujeito apresente o documento por exigência de autoridade.
Ex.: agente compra e usa carteira de identidade falsificada; neste caso, o simples fato de entregar o documento falso em uma abordagem policial configura o crime; pressupõe-se a apresentação espontânea do documento falso pelo agente;
* em relação à CNH, a jurisprudência mais atual tem considerado crime o simples fato de estar de posse do documento falso; a CNH é documento de porte obrigatório, sendo, desta forma, configurado o crime por simplesmente estar portando tal documento;
Haverá pós-fato impunível na hipótese em que o agente é o falsário e utiliza o documento. Nesta hipótese, o tipo penal é acessório, é chamado de crime remetido, ou, ainda, de tipo penal incongruente, incompleto ou imperfeito, isto é, o preceito secundário não traz pena definida.
 Uso de documento falso
 Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
 Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
O profissional que fornece atestado falso não sendo médico, pratica o crime descrito no art. 299. Indifere ao tipo penal do art. 302 ser o médico público ou particular.
 Falsidade de atestado médico
 Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:
 Pena - detenção, de um mês a um ano.
 Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
 Falsidade ideológica
 Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular.
 Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Adulteração de sinal identificador de veículo automotor
 Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento: 
 Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
 § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço.
 § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial.
Ex.: o fato de adulterar a placa do veículo, mesmo que grosseiramente, tem sido entendido pelos tribunais como a conduta delitiva do art. 311; a retirada da placa do veículo também é entendida como prática deste delito;
Se o sujeito furta, adultera sinal de identificação e falsifica o documento existirá concurso material de crimes.
A adulteração pressupõe qualquer modificação independentemente do fim, mesmo que grosseira.
O tipo penal é crime próprio na hipótese do § 2º.
Dos Crimes Contra a Administração Pública (a partir do art. 312)
Dentro do Título “Dos Crimes Contra a Administração Pública”, merece destaque os chamados Crimes Funcionais.
Os Crimes Funcionais podem ser:
Próprios: aqueles em que, retirada a qualidade de funcionário público, ou seja, retirada a elementar, conduz à atipicidade do fato; ex.: prevaricação – art. 319;
Impróprios: aqueles em que, se extraídaa qualidade de funcionário público, ou seja, retirada a elementar, há uma desclassificação do tipo penal, incidindo outra figura típica; ex.: peculato – art. 312;
Conceito de Funcionário Público: o art. 327 e seus parágrafos conceituou Funcionário Público em seu caput, trazendo à equiparação no § 1º;
 Funcionário público
 Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
 § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
 § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Funcionário Público: intraneus;
Particular: extraneus;
Quando um Particular e um Funcionário Público praticam a conduta prevista no tipo penal de Peculato, ambos responderão pelas penas cominadas a este delito.
Por se tratar de elementar do tipo, a qualidade de funcionário público se estende àquele que concorre para o crime.
 Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Se o particular não tinha conhecimento da qualidade de funcionário público de seu comparsa, não responderá pelo mesmo crime que o funcionário público.
 Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.
Diante da máxima do Direito Penal da Culpa, torna-se indispensável que o funcionário público tenha se aproveitado da facilidade ou condição que lhe proporciona o cargo para a prática dos crimes previstos. Exige-se, ainda, que o particular tenha conhecimento da função pública exercida pelo co-autor.
O art. 33, § 4º condiciona a progressão de regime à reparação do dano ou à devolução da coisa.
 § 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
A perda do cargo, emprego ou função pública depende de fundamentação judicial, se a pena for igual ou superior a 1 ano.
O Princípio da Insignificância não se aplica aos crimes praticados por funcionário público. O fundamento de tal posicionamento é de que os Princípios da Administração Pública são protegidos constitucionalmente.

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