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AULAS DE PRATICA Penal e proc pensl

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AULAS	PENAL	E	PROCESSO	PENAL	
	
	Lei	de	Abuso	de	Autoridade	Lei	4898/65	
Quem	é	autoridade	para	efeitos	da	lei?	
Considera-se	autoridade,	para	os	efeitos	desta	lei,	quem	exerce	cargo,	emprego	ou	função	
pública,	de	natureza	civil,	ou	militar,	ainda	que	transitoriamente	e	sem	remuneração.	
Ação	penal	no	crime	de	abuso	de	autoridade:	
Art.	1o	O	direito	de	representação	e	o	processo	de	responsabilidade	administrativa	civil	e	
penal,	contra	as	autorida-	
des	que,	no	exercício	de	suas	funções,	cometerem	abusos,	são	regulados	pela	presente	lei.	Art.	
2o	O	direito	de	representação	será	exercido	por	meio	de	petição:	
a)	dirigida	à	autoridade	superior	que	tiver	competência	legal	para	aplicar,	à	autoridade	civil	ou	
militar	culpada,	a	respectiva	sanção;	
b)	dirigida	ao	órgão	do	Ministério	Público	que	tiver	competência	para	iniciar	processo-crime	
contra	a	autoridade	culpada.	
Parágrafo	único.	A	representação	será	feita	em	duas	vias	e	conterá	a	exposição	do	fato	
constitutivo	do	abuso	de	autoridade,	com	todas	as	suas	circunstâncias,	a	qualificação	do	
acusado	e	o	rol	de	testemunhas,	no	máximo	de	três,	se	as	houver.	
Art.	12.	A	ação	penal	será	iniciada,	independentemente	de	inquérito	policial	ou	justificação	por	
denúncia	do	Minis-	tério	Público,	instruída	com	a	representação	da	vítima	do	abuso.	
A	representação	destes	artigos	não	possui	natureza	jurídica	de	condição	de	procedibilidade.	
A	ação	penal	é	pública	incondicionada!	Lei	5249/67:	
Art.	1o	A	falta	de	representação	do	ofendido,	nos	casos	de	abusos	previstos	na	Lei	no	4.898,	de	
9	de	dezembro	de	1965,	na	obsta	a	iniciativa	ou	o	curso	de	ação	pública.	
Crimes	de	abuso	de	autoridade:	
-	Crimes	de	atentado	no	artigo	3o.	
-	Crimes	que	admitem	tentativa	no	artigo	4o.	
Art.	3o.	Constitui	abuso	de	autoridade	qualquer	atentado:	
a)	à	liberdade	de	locomoção;	
b)	à	inviolabilidade	do	domicílio;	
c)	ao	sigilo	da	correspondência;	
d)	à	liberdade	de	consciência	e	de	crença;	
e)	ao	livre	exercício	do	culto	religioso;	
f)	à	liberdade	de	associação;	
g)	aos	direitos	e	garantias	legais	assegurados	ao	exercício	do	voto;	
h)	ao	direito	de	reunião;	
i)	à	incolumidade	física	do	indivíduo;	
j)	aos	direitos	e	garantias	legais	assegurados	ao	exercício	profissional.	
Art.	4o	Constitui	também	abuso	de	autoridade:	
				
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	a)	ordenar	ou	executar	medida	privativa	da	liberdade	individual,	sem	as	formalidades	legais	
ou	com	abuso	de	poder;	b)	submeter	pessoa	sob	sua	guarda	ou	custódia	a	vexame	ou	a	
constrangimento	não	autorizado	em	lei;	
c)	deixar	de	comunicar,	imediatamente,	ao	juiz	competente	a	prisão	ou	detenção	de	qualquer	
pessoa;	
d)	deixar	o	Juiz	de	ordenar	o	relaxamento	de	prisão	ou	detenção	ilegal	que	lhe	seja	
comunicada;	
e)	levar	à	prisão	e	nela	deter	quem	quer	que	se	proponha	a	prestar	fiança,	permitida	em	lei;	
f)	cobrar	o	carcereiro	ou	agente	de	autoridade	policial	carceragem,	custas,	emolumentos	ou	
qualquer	outra	despesa,	desde	que	a	cobrança	não	tenha	apoio	em	lei,	quer	quanto	à	espécie	
quer	quanto	ao	seu	valor;	
g)	recusar	o	carcereiro	ou	agente	de	autoridade	policial	recibo	de	importância	recebida	a	título	
de	carceragem,	custas,	emolumentos	ou	de	qualquer	outra	despesa;	
h)	o	ato	lesivo	da	honra	ou	do	patrimônio	de	pessoa	natural	ou	jurídica,	quando	praticado	com	
abuso	ou	desvio	de	poder	ou	sem	competência	legal;	
i)	prolongar	a	execução	de	prisão	temporária,	de	pena	ou	de	medida	de	segurança,	deixando	
de	expedir	em	tempo	oportuno	ou	de	cumprir	imediatamente	ordem	de	liberdade.	
Art.	6o	O	abuso	de	autoridade	sujeitará	o	seu	autor	à	sanção	administrativa	civil	e	penal.	
§	1o	A	sanção	administrativa	será	aplicada	de	acordo	com	a	gravidade	do	abuso	cometido	e	
consistirá	em:	
a)	advertência;	
b)	repreensão;	
c)	suspensão	do	cargo,	função	ou	posto	por	prazo	de	cinco	a	cento	e	oitenta	dias,	com	perda	
de	vencimentos	e	vantagens;	
d)	destituição	de	função;	
e)	demissão;	
f)	demissão,	a	bem	do	serviço	público.	
§	2o	A	sanção	civil,	caso	não	seja	possível	fixar	o	valor	do	dano,	consistirá	no	pagamento	de	
uma	indenização	de	quinhentos	a	dez	mil	cruzeiros.	
§	3o	A	sanção	penal	será	aplicada	de	acordo	com	as	regras	dos	artigos	42	a	56	do	Código	Penal	
e	consistirá	em:	
a)	multa	de	cem	a	cinco	mil	cruzeiros;	
b)	detenção	por	dez	dias	a	seis	meses;	
c)	perda	do	cargo	e	a	inabilitação	para	o	exercício	de	qualquer	outra	função	pública	por	prazo	
até	três	anos.	
§	4o	As	penas	previstas	no	parágrafo	anterior	poderão	ser	aplicadas	autônoma	ou	
cumulativamente.	
§	5o	Quando	o	abuso	for	cometido	por	agente	de	autoridade	policial,	civil	ou	militar,	de	
qualquer	categoria,	poderá	ser	cominada	a	pena	autônoma	ou	acessória,	de	não	poder	o	
acusado	exercer	funções	de	natureza	policial	ou	militar	no	município	da	culpa,	por	prazo	de	
um	a	cinco	anos.	
				
	
	
		Concurso	material	
Art.	69	-	Quando	o	agente,	mediante	mais	de	uma	ação	ou	omissão,	pratica	dois	ou	mais	
crimes,	idênticos	ou	não,	aplicam-se	cumulativamente	as	penas	privativas	de	liberdade	em	que	
haja	incorrido.	No	caso	de	aplicação	cumu-	lativa	de	penas	de	reclusão	e	de	detenção,	executa-
se	primeiro	aquela.	
Concurso	formal	
Art.	70	-	Quando	o	agente,	mediante	uma	só	ação	ou	omissão,	pratica	dois	ou	mais	crimes,	
idênticos	ou	não,	apli-	ca-se-lhe	a	mais	grave	das	penas	cabíveis	ou,	se	iguais,	somente	uma	
delas,	mas	aumentada,	em	qualquer	caso,	de	um	sexto	até	metade.	
As	penas	aplicam-se,	entretanto,	cumulativamente,	se	a	ação	ou	omissão	é	dolosa	e	os	crimes	
concorrentes	re-	sultam	de	desígnios	autônomos,	consoante	o	disposto	no	artigo	anterior.	
Parágrafo	único	-	Não	poderá	a	pena	exceder	a	que	seria	cabível	pela	regra	do	art.	69	deste	
Código.	
Crime	continuado	
Art.	71	-	Quando	o	agente,	mediante	mais	de	uma	ação	ou	omissão,	pratica	dois	ou	mais	
crimes	da	mesma	espé-	cie	e,	pelas	condições	de	tempo,	lugar,	maneira	de	execução	e	outras	
semelhantes,	devem	os	subseqüentes	ser	havidos	como	continuação	do	primeiro,	aplica-se-lhe	
a	pena	de	um	só	dos	crimes,	se	idênticas,	ou	a	mais	grave,	se	diversas,	aumentada,	em	
qualquer	caso,	de	um	sexto	a	dois	terços.	
Parágrafo	único	-	Nos	crimes	dolosos,	contra	vítimas	diferentes,	cometidos	com	violência	ou	
grave	ameaça	à	pes-	soa,	poderá	o	juiz,	considerando	a	culpabilidade,	os	antecedentes,	a	
conduta	social	e	a	personalidade	do	agente,	bem	como	os	motivos	e	as	circunstâncias,	
aumentar	a	pena	de	um	só	dos	crimes,	se	idênticas,	ou	a	mais	grave,	se	diversas,	até	o	triplo,	
observadas	as	regras	do	parágrafo	único	do	art.	70	e	do	art.	75	deste	Código.	
Multas	no	concurso	de	crimes	
Art.	72	-	No	concurso	de	crimes,	as	penas	de	multa	são	aplicadas	distinta	e	integralmente.	
Na	regra	da	exasperação,	o	critério	de	aumento	deve	ser	baseado	no	número	de	infrações	
penais	praticadas.	
Desta	forma,	não	é	razoável	que	frente	a	dois	crimes	em	continuidade	delitiva,	o	juiz	aumente	
a	pena	de	2/3,	pois	deveria	aumentar	do	mínima,	já	que	foram	apenas	dois	crimes.	
Súmula	243,	STJ	
O	benefício	da	suspensão	do	processo	não	é	aplicável	em	relação	às	infrações	penais	
cometidas	em	concurso	material,	concurso	formal	ou	continuidade	delitiva,	quando	a	pena	
mínima	cominada,	seja	pelo	somatório,	seja	pela	incidência	da	majorante,	ultrapassar	o	limite	
de	um	(01)	ano.	
				
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	Súmulas,	STF	
Súmula	723	
Não	se	admite	a	suspensão	condicional	do	processo	por	crime	continuado,	se	a	soma	da	pena	
mínima	da	infração	mais	grave	com	o	aumento	mínimo	de	um	sexto	for	superior	a	um	ano.	
SÚMULA	711	
A	lei	penal	mais	grave	aplica-se	ao	crime	continuado	ou	ao	crime	permanente,	se	a	sua	
vigência	é	anterior	à	ces-	sação	da	continuidade	ou	da	permanência.	
SÚMULA	497	
Quando	se	tratar	de	crime	continuado,	a	prescrição	regula-se	pela	pena	imposta	na	sentença,	
não	se	computando	o	acréscimo	decorrente	da	continuação.	
				
	
	
2	
	
	CONCURSO	DE	PESSOAS	
Como	diferenciar	coautor	de	partícipe?	
Atualmente,	nossos	Tribunais	adotam	majoritariamente	a	teoria	do	domínio	final	do	fato,	
segundo	a	qual	coautor	ou	autor	é	aquele	que	tem	o	poder	de	consumação	e	de	desistência.	
Ou	seja,	pode	determinar	”se”e	”como”ocri-	me	vai	ocorrer.	
REQUISITOS	DO	CONCURSO	DE	PESSOAS:	
-	Pluralidade	de	agentes	e	de	condutas	
-	Relevância	causal	de	cada	conduta	
-	Liame	subjetivo/vínculo	psicológico	
-	Unidade	de	infração	penal	
É	por	ausência	de	liame	subjetivo	que	não	há	concurso	de	pessoas	em	caso	de	autoria	
colateral.	
Na	autoria	colateral	cada	agente	direciona	sua	conduta	para	o	resultado,	sem	concorrer	com	a	
outra	pessoa,	até	por	não	ter	conhecimento	da	conduta	alheia.	
Com	isso,	cada	qual	responde	pelo	seu	crime.	
Hipótese	1	–	A	e	B	atiram	em	direção	a	C,	com	dolo	de	matar.	C	morre.	A	perícia	comprova	que	
o	tiro	fatal	saiu	da	arma	de	A.	A	responde	por	homicídio	e	B	por	tentativa.	
Hipótese	2	–	A	e	B	atiram	em	direção	a	C,	com	dolo	de	matar.	C	morre.	A	perícia	comprova	que	
o	tiro	fatal	saiu	da	arma	de	A,	só	que	quando	o	tiro	de	B	atinge	C,	ele	já	estava	morto.	A	
responde	por	homicídio	e	B	não	poderá	responder	por	tentativa,	pois	trata-se	de	crime	
impossível.	
						
3	
	
	Hipótese	3	–	A	e	B	atiram	em	direção	a	C,	com	dolo	de	matar.	C	morre.	A	perícia	não	
comprova	de	qual	arma	saiu	o	tiro	fatal.	A	e	B	respondem	apenas	por	tentativa.	
Neste	última	hipótese,	tem-se	a	autoria	colateral	incerta.	
Art.	29	-	Quem,	de	qualquer	modo,	concorre	para	o	crime	incide	nas	penas	a	este	cominadas,	
na	medida	de	sua	culpabilidade.	
TEORIA	MONISTA	–	Regra	pelo	Código	Penal	
§	1o	-	Se	a	participação	for	de	menor	importância,	a	pena	pode	ser	diminuída	de	um	sexto	a	
um	terço.	
PARTICIPAÇÃO	DE	MENOR	IMPORTÂNCIA	–	Causa	de	diminuição	que	somente	pode	ser	
aplicada	aos	partíci-	pes	
§	2o	-	Se	algum	dos	concorrentes	quis	participar	de	crime	menos	grave,	ser-lhe-á	aplicada	a	
pena	deste;	essa	pena	será	aumentada	até	metade,	na	hipótese	de	ter	sido	previsível	o	
resultado	mais	grave.	
DESVIO	SUBJETIVO	DE	CONDUTA	
Circunstâncias	incomunicáveis	
Art.	30	-	Não	se	comunicam	as	circunstâncias	e	as	condições	de	caráter	pessoal,	salvo	quando	
elementares	do	crime.	
Casos	de	impunibilidade	
Art.	31	-	O	ajuste,	a	determinação	ou	instigação	e	o	auxílio,	salvo	disposição	expressa	em	
contrário,	não	são	puní-	veis,	se	o	crime	não	chega,	pelo	menos,	a	ser	tentado.	
XI	Exame	
(QUESTÃO	1)	Raimundo,	já	de	posse	de	veículo	automotor	furtado	de	concessionária,	percebe	
que	não	tem	onde	guardá-lo	antes	de	vendê-lo	para	a	pessoa	que	o	encomendara.	Assim,	
resolve	ligar	para	um	grande	amigo	seu,	Henrique,	e	após	contar	toda	sua	empreitada,	pede-
lhe	que	ceda	a	garagem	de	sua	casa	para	que	possa	guardar	o	veículo,	ao	menos	por	aquela	
noite.	Como	Henrique	aceita	ajudá-lo,	Raimundo	estaciona	o	carro	na	casa	do	amigo.	Ao	raiar	
do	dia,	Raimundo	parte	com	o	veículo,	que	seria	levado	para	o	comprador.Considerando	as	
infor-	mações	contidas	no	texto	responda,	justificadamente,	aos	itens	a	seguir.	
A)	Raimundo	e	Henrique	agiram	em	concurso	de	agentes?	(Valor:	0,75)	B)	Qual	o	delito	
praticado	por	Henrique?	(Valor:	0,50)	
Respostas	
A)	–	não	se	verifica	no	caso	a	figura	do	concurso	de	agentes,	o	que	há	de	fato	são	dois	crimes,	
cada	um	imputável	ao	seu	autor,	ou	seja,	um	praticado	pelo	Raimundo	que	foi	o	furto	artigo	
155	do	CPP,	onde	depois	de	já	tê-lo	con-	sumado,	recebeu	ajuda	do	seu	amigo	Henrique,	este	
que	por	sua	vez	praticou	o	crime	favorecimento	real	do	arti-	go	349	do	CP.	
B)	justamente	por	não	ter	havido	coparticipação	nem	crime	de	receptação,	e	por	ter	ficado	
claro	que	o	dolo	de	Henrique,	depois	de	conhecer	a	prática	do	crime	de	furto,	era	de	ajudar	
seu	amigo	de	forma	a	garantir	a	impuni-	dade	do	crime.	Nota-se	na	conduta	do	mesmo,	
enquadramento	perfeito	na	conduta	típica	do	artigo	349	do	CP,	que	refere-se	justamente	ao	
crime	de	favorecimento	real.	
O	verbo	ocultar	pode	trazer	responsabilidade	penal	em	três	hipóteses	distintas:	
1)	Se	o	agente	combina	ocultar	antes	que	a	coisa	seja	subtraída,	ele	responderá	pelo	furto	em	
concurso	de	agen-	tes	
2)	Caso	o	agente,	após	a	coisa	ter	sido	subtraída,	combine	ocultá-la,	com	o	fim	de	ajudar	o	
autor	do	crime	antece-	dente,	haverá	favorecimento	real	(artigo	349)	
3	–	caso	o	agente,	após	a	coisa	ter	sido	subtraída,	combine	ocultá-la	em	proveito	próprio	ou	de	
terceira	pessoa,	haverá	receptação.	
				
4	
	
						
	
	
					
	
	
	
LEI	DE	CONTRAVENÇÕES	PENAIS	
DL	3688/41	
O	legislador	brasileiro	adotou	o	sistema	dicotômico:	crimes	(ou	delitos)	e	contravenções	
penais	(e	não	o	tricotômico:	crimes,	delitos	e	contravenções	penais),	não	estabelecendo	
diferença	na	essência	(ontológica)	entre	crimes	e	con-	travenções	penais.	A	distinção	se	faz	
somente	nas	sanções	(de	grau	ou	quantidade).	
Artigo	1o,	da	Lei	de	Introdução	ao	Código	Penal:	
Considera-se	crime	a	infração	penal	a	que	a	lei	comina	pena	de	reclusão	ou	de	detenção,	quer	
isoladamente,	que	alternativa	ou	cumulativamente	com	a	pena	de	multa;	contravenção,	a	
infração	penal	a	que	a	lei	comina,	isolada-	mente,	pena	de	prisão	simples	ou	de	multa,	ou	
ambas,	alternativa	ou	cumulativamente.	
Artigo	1o.	Aplicam-se	às	contravenções	as	regras	gerais	do	Código	Penal,	sempre	que	a	
presente	Lei	não	disponha	de	modo	diverso.	
-	Princípio	da	legalidade	-	Contagem	do	prazo	
Artigo	4o.	Não	é	punível	a	tentativa	de	contravenção.	
Com	relação	à	territorialidade,	ao	contrário	do	critério	utilizado	no	Código	Penal,	a	lei	
brasileira	só	é	aplicável	à	contravenção	praticada	no	território	nacional	(artigo	2o,	LCP),	uma	
vez	que	as	contravenções	só	provocam	reper-	cussão	local.	Não	é	admissível,	assim,	a	
extraterritorialidade	(artigo	7o).	
Artigo	5o.	As	penas	principais	são:	I	–	prisão	simples;	
II	–	multa.	
Artigo	7o.	Verifica-se	a	reincidência	quando	o	agente	pratica	uma	contravenção	depois	de	
passar	em	julgado	a	sentença	que	o	tenha	condenado,	no	Brasil	ou	no	estrangeiro,	por	
qualquer	crime,	ou,	no	Brasil,	por	motivo	de	contravenção.	
				
4	
	
	Conclui-se	que:	
a)	o	agente	condenado	definitivamente	por	um	crime	pratica	outro	crime,	é	reincidente	(artigo	
63,	CP);	
b)	o	agente	condenado	definitivamente	por	um	crime	pratica	contravenção,	é	reincidente	
(artigo	7o,	LCP);	
c)	o	agente	condenado	definitivamente	por	uma	contravenção	pratica	outra	contravenção,	é	
reincidente	(artigo	7o,	LCP);	
d)	o	agente	condenado	definitivamente	por	uma	contravenção	pratica	um	crime,	não	é	
reincidente	por	falta	de	pre-	visão	legal.	
Artigo	8o.	No	caso	de	ignorância	ou	errada	compreensão	da	lei,	quando	escusáveis,	a	pena	
pode	deixar	de	ser	aplicada	
Artigo	9o.	A	multa	converte-se	em	prisão	simples,	de	acordo	com	o	que	dispõe	o	Código	Penal	
sobre	a	conversão	de	multa	em	detenção.	
O	referido	artigo	de	lei	foi	revogado	pelo	artigo	3o,	da	Lei	no	9.268/96,	que	alterou	o	artigo	51,	
do	Código	Penal.	Transitada	em	julgado	a	sentença	condenatória,	a	multa	será	considerada	
dívida	de	valor,	aplicando-se-lhe	as	nor-	mas	da	legislação	relativa	à	dívida	ativa	da	Fazenda	
Pública,	inclusive	no	que	concerne	às	causas	interruptivas	e	suspensivas	da	prescrição.	
Artigo	13.	Aplicam-se,	por	motivo	de	contravenção,	as	medidas	de	segurança	estabelecidas	no	
Código	Penal,	à	exceção	do	exílio	local.	
Esta	última	–	exílio	local	–	foi	excluída	pela	Lei	no	7.209/84.	
Duas	são	as	espécies	de	medidas	de	segurança,	conforme	disposto	no	artigo	96,	do	Código	
Penal:	
a)	Detentiva,	que	é	a	internação	em	hospital	de	custódia	e	tratamento	psiquiátrico;	b)	
Restritiva,	que	consiste	na	sujeição	a	tratamento	ambulatorial.	
As	medidas	de	segurança,	após	a	entrada	em	vigor	da	Lei	no	7.209/84,	somente	são	aplicáveis	
aos	inimputáveis	ou	semi-imputáveis,	proibindo-se	a	aplicação	aos	imputáveis.	Diante	disso,	
revogados	os	artigos	14/16,	da	Lei	das	Contravenções	Penais.	
Artigo	17.	A	ação	penal	é	pública,	devendo	a	autoridade	proceder	de	ofício.	As	Contravenções	
Penais	e	a	Lei	9099/95	
A	partir	da	entrada	em	vigor	da	Lei	no	9099/95	(Juizados	Especiais	Criminais),	as	contravenções	
penais	passaram	a	ser	consideradas	como	infrações	penais	de	menor	potencial	ofensivo,	
passíveis	de	transação	penal	(artigo	61).	STJ	–	Sexta	Turma	–	2014	-	RHC	47253	/	MS	
1.	O	artigo	88	da	Lei	n.o	9.099/95,	que	tornou	condicionada	à	representaçãoa	ação	penal	por	
lesões	corporais	leves	e	lesões	culposas,	não	se	estende	à	persecução	das	contravenções	
penais.	A	contravenção	penal	de	vias	de	fato,	insculpida	no	artigo	21	da	Lei	de	Contravenções	
Penais	(Decreto	Lei	n.o	3.688/41),	ainda	que	de	menor	potencial	ofensivo	em	relação	ao	crime	
de	lesão	corporal,	não	foi	incluída	nas	hipóteses	do	artigo	88	da	Lei	n.o	9.099-95.	
2.	A	Lei	de	Contravenções	Penais	(Decreto	Lei	n.o	3.688/41)	continua	em	pleno	vigor	e	nela	há	
expressa	previsão	legal	de	que	a	ação	penal	é	pública	incondicionada,	conforme	disciplina	o	
seu	artigo	17.	
3.	Recurso	ordinário	desprovido.	
Informativo	539	–	STJ	
A	transação	penal	não	é	aplicável	na	hipótese	de	contravenção	penal	praticada	com	violência	
doméstica	e	familiar	contra	a	mulher.	De	fato,	a	interpretação	literal	do	art.	41	da	Lei	Maria	da	
Penha	("Aos	crimes	praticados	com	violência	doméstica	e	familiar	contra	a	mulher,	
independentemente	da	pena	prevista,	não	se	aplica	a	Lei	9.099,	de	
				
5	
	
	26	de	setembro	de	1995.")	viabilizaria,	em	apressado	olhar,	a	conclusão	de	que	os	institutos	
despenalizadores	da	Lei	9.099/1995,	entre	eles	a	transação	penal,	seriam	aplicáveis	às	
contravenções	penais	praticadas	com	violência	doméstica	e	familiar	contra	a	mulher.	
Entretanto,	o	legislador,	ao	editar	a	Lei	11.340/2006,	conferiu	concretude	ao	texto	
constitucional	(art.	226,	§	8°,	da	CF)	e	aos	tratados	e	as	convenções	internacionais	de	
erradicação	de	todas	as	formas	de	violência	contra	a	mulher,	a	fim	de	mitigar,	tanto	quanto	
possível,	qualquer	tipo	de	violência	doméstica	e	familiar	contra	a	mulher,	abrangendo	não	só	a	
violência	física,	mas,	também,	a	psicológica,	a	sexual,	a	patrimonial,	a	social	e	a	moral.	Desse	
modo,	à	luz	da	finalidade	última	da	norma	(Lei	11.340/2006)	e	do	enfoque	da	ordem	jurídico-
constitucional,	considerando,	ainda,	os	fins	sociais	a	que	a	lei	se	destina,	a	aplicação	da	Lei	
9.099/1995	é	afastada	pelo	art.	41	da	Lei	11.340/2006,	tanto	em	relação	aos	crimes	quanto	às	
contravenções	penais	praticados	contra	mulheres	no	âmbito	doméstico	e	familiar.	
Ademais,	o	STJ	e	o	STF	já	se	posicionaram	no	sentido	de	que	os	institutos	despenalizadores	da	
Lei	9.099/1995,	entre	eles	a	transação	penal,	não	se	aplicam	a	nenhuma	prática	delituosa	
contra	a	mulher	no	âmbito	doméstico	e	familiar,	ainda	que	configure	contravenção	penal.	
Precedente	citado	do	STJ:	HC	196.253-MS,	Sexta	Turma,	DJe	31/5/2013.	Precedente	citado	do	
STF:	HC	106.212-MS,	Tribunal	Pleno,	DJe	13/6/2011.	HC	280.788-RS,	Rel.	Min.	Rogerio	Schietti	
Cruz,	julgado	em	3/4/2014.	
Súmula	588	do	STJ:	A	prática	de	crime	ou	contravenção	penal	contra	a	mulher	com	violência	
ou	grave	ameaça	no	ambiente	doméstico	impossibilita	a	substituição	de	pena	privativa	de	
liberdade	por	restritiva	de	direitos.	
Súmula	589	do	STJ:	É	inaplicável	o	princípio	da	insignificância	nos	crimes	ou	contravenções	
penais	praticados	contra	a	mulher	no	âmbito	das	relações	domésticas.	
Competência:	
A	competência	para	julgar	uma	contravenção	é	da	Justiça	Estadual	Comum.	Nunca	será	da	
Justiça	Federal.	Mesmo	se	afetar	um	interesse,	um	bem	ou	qualquer	ente	federal	–	súmula	38:	
a	competência	será	sempre	da	justiça	Estadual	(JECRIM’s).	
Embora,	via	de	regra,	as	contravenções	penais	estejam	no	DL	3688/41,	nada	impede	que	haja	
tipificação	fora	dela.	
Ex.:	L	5553/68	-	Dispõe	sobre	a	apresentação	e	uso	de	documentos	de	identificação	pessoal.	DL	
6259/44	–	Trata	da	Contravenção	Penal	de	Jogo	do	Bicho	
Art.	1o	A	nenhuma	pessoa	física,	bem	como	a	nenhuma	pessoa	jurídica,	de	direito	público	ou	
de	direito	privado,	é	lícito	reter	qualquer	documento	de	identificação	pessoal,	ainda	que	
apresentado	por	fotocópia	autenticada	ou	pú-	blica-forma,	inclusive	comprovante	de	quitação	
com	o	serviço	militar,	título	de	eleitor,	carteira	profissional,	certidão	de	registro	de	
nascimento,	certidão	de	casamento,	comprovante	de	naturalização	e	carteira	de	identidade	de	
es-	trangeiro.	
Art.	2o	Quando,	para	a	realização	de	determinado	ato,	for	exigida	a	apresentação	de	
documento	de	identificação,	a	pessoa	que	fizer	a	exigência	fará	extrair,	no	prazo	de	até	5	
(cinco)	dias,	os	dados	que	interessarem	devolvendo	em	seguida	o	documento	ao	seu	exibidor.	
§	1o	-	Além	do	prazo	previsto	neste	artigo,	somente	por	ordem	judicial	poderá	ser	retirado	
qualquer	documento	de	identificação	pessoal.	
§	2o	-	Quando	o	documento	de	identidade	for	indispensável	para	a	entrada	de	pessoa	em	
órgãos	públicos	ou	parti-	culares,	serão	seus	dados	anotados	no	ato	e	devolvido	o	documento	
imediatamente	ao	interessado.	
Art.	3o	Constitui	contravenção	penal,	punível	com	pena	de	prisão	simples	de	1	(um)	a	3	(três)	
meses	ou	multa	de	NCR$	0,50	(cinqüenta	centavos)	a	NCR$	3,00	(três	cruzeiros	novos),	a	
retenção	de	qualquer	documento	a	que	se	refere	esta	Lei.	
Parágrafo	único.	Quando	a	infração	for	praticada	por	preposto	ou	agente	de	pessoa	jurídica,	
considerar-se-á	res-	ponsável	quem	houver	ordenado	o	ato	que	ensejou	a	retenção,	a	menos	
que	haja	,	pelo	executante,	desobediência	ou	inobservância	de	ordens	ou	instruções	
expressas,	quando,	então,	será	este	o	infrator.	
				
6	
	
	CONTRAVENÇÕES	REFERENTES	À	PESSOA	-	busca	proteger	bens	jurídicos	como	a	vida,	a	
integridade	física.	Arma	:	Os	art.	18	e	19	Porte	de	arma	e	fabricação	ilegal	de	arma	-	foram	
tacitamente	revogados	pelo	Estatuto	do	Desarmamento,	no	que	tange	a	arma	de	fogo.	A	lei	
fala	genericamente,	ou	seja,	qualquer	arma.	
A	Lei	10.826/03	derrogou	o	art.	19	e	fulminou	o	art.	18	–	passou	a	ter	tratamento	jurídico	no	
estatuto.	
No	ECA,	art.	242	–	diz	respeito	a	armas	brancas	–	toda	a	vez	que	se	entrega	arma	a	criança	ou	
adolescente,	continua	sendo	aplicado	em	relação	a	armas	brancas.	
CONTRAVENÇÕES	REFERENTES	À	INCOLUMIDADE	PÚBLICA	
Por	diversos	anos	foi	o	que	mais	ocupava	o	Judiciário	antes	do	advento	da	lei	9.099/95	e	do	
Estatuto	do	desarma-	mento.	
Art.	31.	Disparo	de	arma	de	fogo	–	hoje	é	crime	previsto	no	art.	15	do	estat.	do	
desarmamento.	
DAS	CONTRAVENÇÕES	REFERENTES	À	PAZ	PÚBLICA	
Associação	Secreta	–	art.	39	–	grupo	composto	por	+	de	5	pessoas	que	intencionalmente	e	
regularmente	se	reúne	e	busca	ocultar	a	sua	existência	e/ou	finalidade.	Inconstitucional	frente	
à	liberdade	de	associação.	
DAS	CONTRAVENÇÕES	REFERENTES	À	FÉ	PÚBLICA	Art.	45	–	simulação	da	qualidade	de	
funcionário	público	
É	uma	conduta	estritamente	subsidiária.	Falsa	identidade	
Art.	307	-	Atribuir-se	ou	atribuir	a	terceiro	falsa	identidade	para	obter	vantagem,	em	proveito	
próprio	ou	alheio,	ou	para	causar	dano	a	outrem:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	ou	multa,	se	o	fato	não	constitui	elemento	de	crime	
mais	grave.	Usurpação	de	função	pública	
Art.	328	-	Usurpar	o	exercício	de	função	pública:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	dois	anos,	e	multa.	
Parágrafo	único	-	Se	do	fato	o	agente	aufere	vantagem:	Pena	-	reclusão,	de	dois	a	cinco	anos,	e	
multa.	
Se	tiver	como	finalidade	obter	alguma	vantagem	ou	causar	algum	prejuízo,	induzindo	alguém	
em	erro,	caracteriza	o	de	falsa	identidade.	
Se	tiver	a	finalidade	de	obter	alguma	vantagem	patrimonial	caracteriza	o	crime	de	estelionato	
e	não	seria	mais	uma	contravenção.	
Se	efetivamente	essa	pessoa	executa	a	função	pública	aí	teremos	o	crime	de	usurpação	da	
função	pública.	
DAS	CONTRAVENÇÕES	RELATIVAS	À	ORGANIZAÇÃO	DO	TRABALHO	Art.	47	–	exercício	ilegal	de	
profissão	ou	atividade	
Exercício	ilegal	da	medicina,	arte	dentária	ou	farmacêutica	
				
7	
	
	Art.	282	-	Exercer,	ainda	que	a	título	gratuito,	a	profissão	de	médico,	dentista	ou	
farmacêutico,	sem	autorização	legal	ou	excedendo-lhe	os	limites:	
Pena	-	detenção,	de	seis	meses	a	dois	anos.	
Parágrafo	único	-	Se	o	crime	é	praticado	com	o	fim	de	lucro,	aplica-se	também	multa.	
DAS	CONTRAVENÇÕES	RELATIVAS	À	POLÍCIA	DE	COSTUMES	
Art.	50	–	Jogos	de	azar	–	ocorre	quando	o	ganho	ou	aperda	dependem	exclusiva	ou	
principalmente	da	sorte.	
Art.	58.	Jogo	do	Bicho	
DL	6.259/44	–	toda	a	matéria	referente	a	jogos	de	azar	foi	tacitamente	revogada,	com	exceção	
do	art.	50.	
Súmula	51	do	STJ	–	para	puniçãodo	intermediário	não	é	necessário	a	identificação	do	
banqueiro.	
Art.	61	–	importunação	ofensiva	ao	pudor.	
Importunar	alguém,	em	lugar	público	ou	acessível	ao	público.	São	as	famosas	apalpadelas.	
Não	confundir:	
Crime	de	importunação	ofensiva	ao	pudor	–	temos	uma	vítima	certa,	determinada;	
Ofensa	ao	pudor	público	–	número	indeterminado	de	pessoas	.	Exibir	órgão	genital	em	público.	
(ato	obsceno,	sinal	obsceno)	
Art.	65	–	perturbação	da	tranquilidade	–	local	privado,	pessoa	certa	–	vizinho	que	perturba	
fazendo	barulho.	Molestar	alguém	por	ato	reprovável.	Exemplo:	trote	pelo	telefone.	
Art.	65.	Molestar	alguem	ou	perturbar-lhe	a	tranquilidade,	por	acinte	ou	por	motivo	
reprovavel:	Não	se	confunde	com:	
Art.	42.	Perturbar	alguém	o	trabalho	ou	o	sossego	alheios:	
						
	
2	
	
	CRIMES	COMPLEMENTARES	CONTRA	A	ADMINISTRAÇÃO	PÚBLICA	CRIMES	CONTRA	A	
ADMINISTRAÇÃO	PÚBLICA	
-	Crimes	praticados	por	funcionário	público	-	Crimes	praticados	por	particular	
CONCEITO	DE	FUNCIONÁRIO	PÚBLICO	
Art.	327	-	Considera-se	funcionário	público,	para	os	efeitos	penais,	quem,	embora	
transitoriamente	ou	sem	remu-	
neração,	exerce	cargo,	emprego	ou	função	pública.	
§	1o	-	Equipara-se	a	funcionário	público	quem	exerce	cargo,	emprego	ou	função	em	entidade	
paraestatal,	e	quem	trabalha	para	empresa	prestadora	de	serviço	contratada	ou	conveniada	
para	a	execução	de	atividade	típica	da	Administração	Pública.	
§	2o	-	A	pena	será	aumentada	da	terça	parte	quando	os	autores	dos	crimes	previstos	neste	
Capítulo	forem	ocupantes	de	cargos	em	comissão	ou	de	função	de	direção	ou	assessoramento	
de	órgão	da	administração	direta,	sociedade	de	economia	mista,	empresa	pública	ou	fundação	
instituída	pelo	poder	público.	
Os	crimes	praticados	por	funcionário	público	estão	tipificados	a	partir	do	artigo	312.	Já	os	
crimes	praticados	por	particular	estão	previstos	a	partir	do	artigo	328	do	Código	Penal.	
Emprego	irregular	de	verbas	ou	rendas	públicas	
Art.	315	-	Dar	às	verbas	ou	rendas	públicas	aplicação	diversa	da	estabelecida	em	lei:	
Pena	-	detenção,	de	um	a	três	meses,	ou	multa.	
A	diferença	entre	o	crime	do	artigo	315	e	o	peculato	desvio	é	que	no	artigo	315,	a	verba	ou	
renda	continua	dentro	da	Administração	pública,	embora	empregada	em	finalidade	diversa.	
Pratica	artigo	315	aquele	que,	por	exemplo,	utiliza	verba	destinada	para	construção	de	escola	
na	construção	de	uma	praça.	Já	no	artigo	312,	o	valor	sai	da	administração	pública.	
Concussão	
Art.	316	-	Exigir,	para	si	ou	para	outrem,	direta	ou	indiretamente,	ainda	que	fora	da	função	ou	
antes	de	assumi-la,	
mas	em	razão	dela,	vantagem	indevida:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	oito	anos,	e	multa.	Excesso	de	exação	
§	1o	-	Se	o	funcionário	exige	tributo	ou	contribuição	social	que	sabe	ou	deveria	saber	indevido,	
ou,	quando	devido,	emprega	na	cobrança	meio	vexatório	ou	gravoso,	que	a	lei	não	autoriza:	
Pena	-	reclusão,	de	3	(três)	a	8	(oito)	anos,	e	multa.	
§	2o	-	Se	o	funcionário	desvia,	em	proveito	próprio	ou	de	outrem,	o	que	recebeu	
indevidamente	para	recolher	aos	cofres	públicos:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	doze	anos,	e	multa.	
Atenção:	
Exação	significa	cobrança	de	tributo.	Desta	forma,	excesso	de	exação	significa	excesso	na	
cobrança	de	tributo.	O	excesso	pode	se	dar,	nos	termos	do	parágrafo	1o	do	artigo	316,	pelo	
fato	de	o	funcionário	cobrar	tributo	indevido	ou	por	cobrar	tributo	devido,	embora	de	forma	
indevida	(o	funcionário	que	utiliza	meio	vexatório	ou	gravoso	na	co-	brança.	
				
3	
	
	Não	se	pode	confundir	o	artigo	316,	parágrafo	1o	com	o	crime	contra	a	Ordem	Tributária	
previsto	no	artigo	3o,	II	da	Lei	8137/90.	Nesta	lei,	o	funcionário	almeja	vantagem	para	deixar	
de	cobrar	ou	lançar	tributo,	enquanto	no	crime	de	excesso	de	exação,	ao	contrário,	há	
cobrança	indevida	de	tributo.	
Corrupção	passiva	
Art.	317	-	Solicitar	ou	receber,	para	si	ou	para	outrem,	direta	ou	indiretamente,	ainda	que	fora	
da	função	ou	antes	
de	assumi-la,	mas	em	razão	dela,	vantagem	indevida,	ou	aceitar	promessa	de	tal	vantagem:	
Pena	–	reclusão,	de	2	(dois)	a	12	(doze)	anos,	e	multa.	
§	1o	-	A	pena	é	aumentada	de	um	terço,	se,	em	consequência	da	vantagem	ou	promessa,	o	
funcionário	retarda	ou	deixa	de	praticar	qualquer	ato	de	ofício	ou	o	pratica	infringindo	dever	
funcional.	
§	2o	-	Se	o	funcionário	pratica,	deixa	de	praticar	ou	retarda	ato	de	ofício,	com	infração	de	
dever	funcional,	cedendo	a	pedido	ou	influência	de	outrem:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	ou	multa.	Prevaricação	
Art.	319	-	Retardar	ou	deixar	de	praticar,	indevidamente,	ato	de	ofício,	ou	praticá-lo	contra	
disposição	expressa	de	lei,	para	satisfazer	interesse	ou	sentimento	pessoal:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	e	multa.	
A	distinção	entre	a	corrupção	passiva	privilegiada	prevista	no	artigo	317,	parágrafo	2o	e	o	
crime	de	prevaricação	do	artigo	319	está	na	motivação	do	agente	e	não	na	conduta.	Na	
prevaricação,	o	funcionário	público	está	motivado	por	interesse	ou	sentimento	pessoal,	
enquanto	no	artigo	317,	parágrafo	2o,	ele	age	para	atender	pedido	ou	influência	de	outrem.	
					
4	
	
		A	concussão	e	a	corrupção	passiva	são	crimes	praticados	pelo	funcionário	público.	Já	a	
corrupção	ativa,	prevista	no	artigo	333,	é	crime	praticado	por	particular.	
A	diferença	entre	os	crimes	de	concussão	e	de	corrupção	passiva	está	no	verbo	núcleo	do	tipo.	
Na	concussão,	o	verbo	é	“exigir”,	enquanto	na	corrupção	passiva,	o	verbo	é	“solicita”,	
“receber”	ou	“aceitar	promessa”	de	vantagem	indevida.	
Não	há	bilateralidade	necessária	entre	os	crimes	de	corrupção	passiva	e	ativa.	Para	que	haja	
corrupção	ativa	(artigo	333),	o	particular	precisa	oferecer	ou	prometer	a	vantagem.	Ou	seja,	a	
conduta	precisa	partir	do	particular.	Caso	o	particular	concorde	com	a	solicitação	feita	pelo	
funcionário	e	apenas	dê	a	vantagem	que	lhe	foi	solicitada,	não	haverá	crime.	
Atenção	com	os	crimes	contra	a	Ordem	Tributária,	previstos	na	Lei	8137/90:	
Art.	3°	Constitui	crime	funcional	contra	a	ordem	tributária,	além	dos	previstos	no	Decreto-Lei	
n°	2.848,	de	7	de	
dezembro	de	1940	-	Código	Penal	(Título	XI,	Capítulo	I):	
I	-	extraviar	livro	oficial,	processo	fiscal	ou	qualquer	documento,	de	que	tenha	a	guarda	em	
razão	da	função;	sonegá-	lo,	ou	inutilizá-lo,	total	ou	parcialmente,	acarretando	pagamento	
indevido	ou	inexato	de	tributo	ou	contribuição	social;	II	-	exigir,	solicitar	ou	receber,	para	si	ou	
para	outrem,	direta	ou	indiretamente,	ainda	que	fora	da	função	ou	antes	de	iniciar	seu	
exercício,	mas	em	razão	dela,	vantagem	indevida;	ou	aceitar	promessa	de	tal	vantagem,	para	
deixar	de	lançar	ou	cobrar	tributo	ou	contribuição	social,	ou	cobrá-los	parcialmente.	Pena	-	
reclusão,	de	3	(três)	a	8	(oito)	anos,	e	multa.	
III	-	patrocinar,	direta	ou	indiretamente,	interesse	privado	perante	a	administração	fazendária,	
valendo-se	da	quali-	dade	de	funcionário	público.	Pena	-	reclusão,	de	1	(um)	a	4	(quatro)	anos,	
e	multa.	
Crimes	praticados	por	particular	contra	a	Administração	Pública	Usurpação	de	função	pública	
Art.	328	-	Usurpar	o	exercício	de	função	pública:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	dois	anos,	e	multa.	
Parágrafo	único	-	Se	do	fato	o	agente	aufere	vantagem:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	cinco	anos,	e	multa.	
No	crime	do	artigo	328,	usurpar	significa	”tomar	o	lugar	de”.	Desta	forma,	o	crime	estará	
consumado	quando	o	sujeito	ativo	pratica	pelo	menos	um	ato	de	ofício	de	funcionário	público.	
Não	basta	fingir	ser	funcionário	público.	
				
5	
	
	Aquele	que	apenas	finge	ser	funcionário	público,	sem	pretensão	de	obter	vantagem,	poderá	
praticar	apenas	mera	contravenção	penal.	
Caso	o	funcionário	público	pratique	vários	atos	de	ofício,	dentro	de	um	mesmo	contexto,	
haverá	crime	único	do	artigo	328.	Não	haverá,	neste	caso,	concurso	de	crimes.	
LCP	–	DL	3688/41	
Art.	45.	Fingir-se	funcionário	público:	
Pena	–	prisão	simples,	de	um	a	três	meses,	ou	multa,	de	quinhentos	mil	réis	a	três	contos	de	
réis.	Resistência	
Art.	329	-	Opor-se	à	execução	de	ato	legal,	mediante	violência	ou	ameaça	a	funcionário	
competente	para	executá-	lo	ou	a	quem	lheesteja	prestando	auxílio:	
Pena	-	detenção,	de	dois	meses	a	dois	anos.	
§	1o	-	Se	o	ato,	em	razão	da	resistência,	não	se	executa:	
Pena	-	reclusão,	de	um	a	três	anos.	
§	2o	-	As	penas	deste	artigo	são	aplicáveis	sem	prejuízo	das	correspondentes	à	violência.	
Desobediência	
Art.	330	-	Desobedecer	a	ordem	legal	de	funcionário	público:	
Pena	-	detenção,	de	quinze	dias	a	seis	meses,	e	multa.	
A	diferença	essencial	entre	os	crimes	de	desobediência	e	resistência	está	no	fato	de	que	a	
resistência	exige	a	utilização	de	violência	ou	de	ameaça.	Não	há	crime	de	resistência	de	forma	
passiva.	Caso	o	agente	se	oponha	passivamente	à	prática	do	ato,	apenas	negando-se	a	pratica-
lo	ou	agindo	sem	violência	ou	ameaça,	o	crime	será	apenas	de	desobediência	(artigo	330).	
Desacato	
Art.	331	-	Desacatar	funcionário	público	no	exercício	da	função	ou	em	razão	dela:	
Pena	-	detenção,	de	seis	meses	a	dois	anos,	ou	multa.	
O	desacato	somente	pode	ser	praticado	na	presença	do	funcionário	público.	
Não	se	exige	que	a	ofensa	seja	no	exercício	da	função,	desde	que	se	dê	em	razão	dela.	Logo,	
pratica	desacato	aquele	que	encontra	um	funcionário	público	no	fim	de	semana,	em	uma	
praça	e	o	chama	de	funcionário	corrupto.	No	entanto,	se	a	ofensa	se	der	sem	a	presença	do	
funcionário,	seja	por	carta,	recado	ou	redes	sociais,	o	crime	não	será	de	desacato,	já	que	este	
somente	pode	ser	praticado	na	presença	dele.	Com	isso,	caracterizado	estará	mero	crime	
contra	a	honra,	como	por	exemplo	a	injúria,	que	poderá	ter	a	pena	aumentada	de	acordo	com	
o	artigo	141,	II	se	a	ofensa	se	der	em	razão	da	função.	
O	crime	contra	a	honra	de	funcionário	público	em	razão	de	sua	função	é	objeto	de	
legitimidade	concorrente	no	que	tange	à	ação	penal.	Vejamos	o	disposto	no	enunciado	714	da	
súmula	do	STF:	
É	concorrente	a	legitimidade	do	ofendido,	mediante	queixa,	e	do	ministério	público,	
condicionada	à	representação	do	ofendido,	para	a	ação	penal	por	crime	contra	a	honra	de	
servidor	público	em	razão	do	exercício	de	suas	funções.	
Crimes	de	destaque	contra	a	Administração	da	Justiça:	Denunciação	caluniosa	
				
6	
	
	Art.	339.	Dar	causa	à	instauração	de	investigação	policial,	de	processo	judicial,	instauração	de	
investigação	admi-	nistrativa,	inquérito	civil	ou	ação	de	improbidade	administrativa	contra	
alguém,	imputando-lhe	crime	de	que	o	sabe	inocente:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	oito	anos,	e	multa.	
§	1o	-	A	pena	é	aumentada	de	sexta	parte,	se	o	agente	se	serve	de	anonimato	ou	de	nome	
suposto.	
§	2o	-	A	pena	é	diminuída	de	metade,	se	a	imputação	é	de	prática	de	contravenção.	
Comunicação	falsa	de	crime	ou	de	contravenção	
Art.	340	-	Provocar	a	ação	de	autoridade,	comunicando-lhe	a	ocorrência	de	crime	ou	de	
contravenção	que	sabe	não	se	ter	verificado:	
Pena	-	detenção,	de	um	a	seis	meses,	ou	multa.	
A	distinção	essencial	entre	o	artigo	339	e	o	artigo	340	é	que	no	primeiro,	o	agente	imputa	o	
crime	ou	contravenção	a	alguém,	colocando	em	risco	a	liberdade	desta	pessoa,	o	que	justifica	
que	o	artigo	339	seja	muito	mais	grave	que	o	artigo	340.	
Na	denunciação	caluniosa,	o	crime	ou	contravenção	que	é	imputado	a	alguém	pode	não	ter	
ocorrido	ou	até	pode	ter	ocorrido	e	ter	sido	praticado	por	outra	pessoa.	O	importante	é	que	o	
agente	o	impute	a	quem	ele	sabe	que	é	inocente.	Logo,	se	o	agente	imputa	acreditando	que	a	
pessoa	de	fato	cometeu	o	crime,	não	haverá	denunciação	caluniosa.	
Favorecimento	pessoal	
Art.	348	-	Auxiliar	a	subtrair-se	à	ação	de	autoridade	pública	autor	de	crime	a	que	é	cominada	
pena	de	reclusão:	Pena	-	detenção,	de	um	a	seis	meses,	e	multa.	
§	1o	-	Se	ao	crime	não	é	cominada	pena	de	reclusão:	
Pena	-	detenção,	de	quinze	dias	a	três	meses,	e	multa.	
§	2o	-	Se	quem	presta	o	auxílio	é	ascendente,	descendente,	cônjuge	ou	irmão	do	criminoso,	
fica	isento	de	pena.	
O	crime	de	favorecimento	pessoal	não	se	confunde	com	o	favorecimento	real.	No	
favorecimento	pessoal,	o	agente	esconde	o	criminoso,	enquanto	no	favorecimento	real,	ele	
esconde	a	coisa,	torna	seguro	o	proveito	do	crime.	Apenas	no	artigo	348	será	possível	a	
incidência	de	escusa	absolutória.	
O	artigo	348	prevê	a	escusa	absolutória	no	parágrafo	2o,	prevendo	a	isenção	de	pena.	Cabe	
destacar	que	o	crime	fica	preservado.	Se	a	mãe	esconde	o	filho	criminoso,	ela	comete	crime	de	
favorecimento	pessoal.	Desta	forma,	o	fato	é	típico,	ilícito	e	culpável,	mas	não	será	punível.	
Por	tratar-se	de	escusa	absolutória,	a	punibilidade	sequer	chega	a	nascer.	
A	escusa	absolutória	caracteriza-se	pelo	fato	de	que	a	punibilidade	não	chega	a	nascer.	Não	se	
trata	de	excluir	o	crime,	mas	sim	a	normal	consequência	dele.	Neste	caso,	não	surgirá	para	o	
Estado	o	direito	de	punir,	
Favorecimento	real	
Art.	349	-	Prestar	a	criminoso,	fora	dos	casos	de	coautoria	ou	de	receptação,	auxílio	destinado	
a	tornar	seguro	o	
proveito	do	crime:	
Pena	-	detenção,	de	um	a	seis	meses,	e	multa.	
ATENÇÃO	
Ocultar	coisa	que	saber	ser	produto	de	crime	pode	resultar	em	diferentes	tipificações.	
				
7	
	
	Vejamos:	
1)	Caso	a	ocultação	se	dê	em	virtude	de	combinação	prévia,	que	se	deu	antes	do	crime	ser	
praticado,	haverá	concurso	de	pessoas.	Imagine	que	Caio	e	Tício	combinaram	e	dividira,	
tarefas.	Caio	ficaria	responsável	pela	sub-	tração	e	Tício	ocultaria	a	coisa.	Neste	caso,	ambos	
responderão	pelo	furto.	A	ocultação	foi	combinada	antes	da	subtração	se	efetivar.	
2)	Caso	a	ocultação	seja	combinada	apenas	após	a	prática	do	crime	antecedente	e	caso	vise	
apenas	favorecer	o	autor	do	primeiro	crime,	haverá	favorecimento	real	(artigo	349).	Exemplo:	
Caio	telefona	para	Tício,	informa	que	subtraiu	um	veículo	e	que	não	tem	onde	ocultar.	Tício	
concorda	em	ocultar	o	veículo	para	Caio	por	uma	semana.	Neste	caso,	Tício	pratica	artigo	349.	
3)	Caso	a	ocultação	seja	combinada	apenas	após	a	prática	do	crime	antecedente	e	caso	vise	
proveito	de	quem	está	ocultando	ou	de	terceira	pessoa	(que	não	é	o	autor	do	crime	anterior),	
haverá	receptação	(artigo	180).	Exemplo:	Caio	telefona	para	Tício,	informa	que	subtraiu	um	
veículo	e	que	não	tem	onde	ocultar.	
Tício	concorda	em	ocultar	o	veículo	para	Caio	por	uma	semana	para	que	seu	irmão	possa	
comprá-lo.	Neste	caso,	Tício	pratica	artigo	180.	
				
8	
	
						
9	
	
I	–	com	gritaria	ou	algazarra;	
II	–	exercendo	profissão	incômoda	ou	ruidosa,	em	desacordo	com	as	prescrições	legais;	
III	–	abusando	de	instrumentos	sonoros	ou	sinais	acústicos;	
IV	–	provocando	ou	não	procurando	impedir	barulho	produzido	por	animal	de	que	tem	a	
guarda:	
				
8	
	
						
	
	
					
	
	CRIMES	COMPLEMENTARES	CONTRA	A	ADMINISTRAÇÃO	PÚBLICA	CRIMES	CONTRA	A	
ADMINISTRAÇÃO	PÚBLICA	
-	Crimes	praticados	por	funcionário	público	-	Crimes	praticados	por	particular	
CONCEITO	DE	FUNCIONÁRIO	PÚBLICO	
Art.	327	-	Considera-se	funcionário	público,	para	os	efeitos	penais,	quem,	embora	
transitoriamente	ou	sem	remu-	
neração,	exerce	cargo,	emprego	ou	função	pública.	
§	1o	-	Equipara-se	a	funcionário	público	quem	exerce	cargo,	emprego	ou	função	em	entidade	
paraestatal,	e	quem	trabalha	para	empresa	prestadora	de	serviço	contratada	ou	conveniada	
para	a	execução	de	atividade	típica	da	Administração	Pública.	
§	2o	-	A	pena	será	aumentada	da	terça	parte	quando	os	autores	dos	crimes	previstos	neste	
Capítulo	forem	ocupantes	de	cargos	em	comissão	ou	de	função	de	direção	ou	assessoramento	
de	órgão	da	administração	direta,	sociedade	de	economia	mista,	empresa	pública	ou	fundação	
instituída	pelo	poder	público.	
Os	crimes	praticados	por	funcionário	público	estão	tipificados	a	partir	do	artigo	312.	Já	os	
crimes	praticados	por	particular	estão	previstos	a	partir	do	artigo	328	do	Código	Penal.	
Emprego	irregular	de	verbas	ou	rendas	públicas	
Art.	315	-	Dar	às	verbas	ou	rendas	públicas	aplicação	diversa	da	estabelecida	em	lei:	
Pena	-	detenção,	de	um	a	três	meses,	ou	multa.	
A	diferença	entre	o	crime	do	artigo	315	e	o	peculato	desvio	é	que	no	artigo	315,	a	verba	ou	
renda	continua	dentro	da	Administração	pública,	embora	empregada	em	finalidade	diversa.	
Pratica	artigo	315	aquele	que,	por	exemplo,	utiliza	verba	destinada	para	construçãode	escola	
na	construção	de	uma	praça.	Já	no	artigo	312,	o	valor	sai	da	administração	pública.	
Concussão	
Art.	316	-	Exigir,	para	si	ou	para	outrem,	direta	ou	indiretamente,	ainda	que	fora	da	função	ou	
antes	de	assumi-la,	
mas	em	razão	dela,	vantagem	indevida:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	oito	anos,	e	multa.	Excesso	de	exação	
§	1o	-	Se	o	funcionário	exige	tributo	ou	contribuição	social	que	sabe	ou	deveria	saber	indevido,	
ou,	quando	devido,	emprega	na	cobrança	meio	vexatório	ou	gravoso,	que	a	lei	não	autoriza:	
Pena	-	reclusão,	de	3	(três)	a	8	(oito)	anos,	e	multa.	
§	2o	-	Se	o	funcionário	desvia,	em	proveito	próprio	ou	de	outrem,	o	que	recebeu	
indevidamente	para	recolher	aos	cofres	públicos:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	doze	anos,	e	multa.	
Atenção:	
Exação	significa	cobrança	de	tributo.	Desta	forma,	excesso	de	exação	significa	excesso	na	
cobrança	de	tributo.	O	excesso	pode	se	dar,	nos	termos	do	parágrafo	1o	do	artigo	316,	pelo	
fato	de	o	funcionário	cobrar	tributo	indevido	ou	por	cobrar	tributo	devido,	embora	de	forma	
indevida	(o	funcionário	que	utiliza	meio	vexatório	ou	gravoso	na	co-	brança.	
				
3	
	
	Não	se	pode	confundir	o	artigo	316,	parágrafo	1o	com	o	crime	contra	a	Ordem	Tributária	
previsto	no	artigo	3o,	II	da	Lei	8137/90.	Nesta	lei,	o	funcionário	almeja	vantagem	para	deixar	
de	cobrar	ou	lançar	tributo,	enquanto	no	crime	de	excesso	de	exação,	ao	contrário,	há	
cobrança	indevida	de	tributo.	
Corrupção	passiva	
Art.	317	-	Solicitar	ou	receber,	para	si	ou	para	outrem,	direta	ou	indiretamente,	ainda	que	fora	
da	função	ou	antes	
de	assumi-la,	mas	em	razão	dela,	vantagem	indevida,	ou	aceitar	promessa	de	tal	vantagem:	
Pena	–	reclusão,	de	2	(dois)	a	12	(doze)	anos,	e	multa.	
§	1o	-	A	pena	é	aumentada	de	um	terço,	se,	em	consequência	da	vantagem	ou	promessa,	o	
funcionário	retarda	ou	deixa	de	praticar	qualquer	ato	de	ofício	ou	o	pratica	infringindo	dever	
funcional.	
§	2o	-	Se	o	funcionário	pratica,	deixa	de	praticar	ou	retarda	ato	de	ofício,	com	infração	de	
dever	funcional,	cedendo	a	pedido	ou	influência	de	outrem:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	ou	multa.	Prevaricação	
Art.	319	-	Retardar	ou	deixar	de	praticar,	indevidamente,	ato	de	ofício,	ou	praticá-lo	contra	
disposição	expressa	de	lei,	para	satisfazer	interesse	ou	sentimento	pessoal:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	e	multa.	
A	distinção	entre	a	corrupção	passiva	privilegiada	prevista	no	artigo	317,	parágrafo	2o	e	o	
crime	de	prevaricação	do	artigo	319	está	na	motivação	do	agente	e	não	na	conduta.	Na	
prevaricação,	o	funcionário	público	está	motivado	por	interesse	ou	sentimento	pessoal,	
enquanto	no	artigo	317,	parágrafo	2o,	ele	age	para	atender	pedido	ou	influência	de	outrem.	
					
4	
	
		A	concussão	e	a	corrupção	passiva	são	crimes	praticados	pelo	funcionário	público.	Já	a	
corrupção	ativa,	prevista	no	artigo	333,	é	crime	praticado	por	particular.	
A	diferença	entre	os	crimes	de	concussão	e	de	corrupção	passiva	está	no	verbo	núcleo	do	tipo.	
Na	concussão,	o	verbo	é	“exigir”,	enquanto	na	corrupção	passiva,	o	verbo	é	“solicita”,	
“receber”	ou	“aceitar	promessa”	de	vantagem	indevida.	
Não	há	bilateralidade	necessária	entre	os	crimes	de	corrupção	passiva	e	ativa.	Para	que	haja	
corrupção	ativa	(artigo	333),	o	particular	precisa	oferecer	ou	prometer	a	vantagem.	Ou	seja,	a	
conduta	precisa	partir	do	particular.	Caso	o	particular	concorde	com	a	solicitação	feita	pelo	
funcionário	e	apenas	dê	a	vantagem	que	lhe	foi	solicitada,	não	haverá	crime.	
Atenção	com	os	crimes	contra	a	Ordem	Tributária,	previstos	na	Lei	8137/90:	
Art.	3°	Constitui	crime	funcional	contra	a	ordem	tributária,	além	dos	previstos	no	Decreto-Lei	
n°	2.848,	de	7	de	
dezembro	de	1940	-	Código	Penal	(Título	XI,	Capítulo	I):	
I	-	extraviar	livro	oficial,	processo	fiscal	ou	qualquer	documento,	de	que	tenha	a	guarda	em	
razão	da	função;	sonegá-	lo,	ou	inutilizá-lo,	total	ou	parcialmente,	acarretando	pagamento	
indevido	ou	inexato	de	tributo	ou	contribuição	social;	II	-	exigir,	solicitar	ou	receber,	para	si	ou	
para	outrem,	direta	ou	indiretamente,	ainda	que	fora	da	função	ou	antes	de	iniciar	seu	
exercício,	mas	em	razão	dela,	vantagem	indevida;	ou	aceitar	promessa	de	tal	vantagem,	para	
deixar	de	lançar	ou	cobrar	tributo	ou	contribuição	social,	ou	cobrá-los	parcialmente.	Pena	-	
reclusão,	de	3	(três)	a	8	(oito)	anos,	e	multa.	
III	-	patrocinar,	direta	ou	indiretamente,	interesse	privado	perante	a	administração	fazendária,	
valendo-se	da	quali-	dade	de	funcionário	público.	Pena	-	reclusão,	de	1	(um)	a	4	(quatro)	anos,	
e	multa.	
Crimes	praticados	por	particular	contra	a	Administração	Pública	Usurpação	de	função	pública	
Art.	328	-	Usurpar	o	exercício	de	função	pública:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	dois	anos,	e	multa.	
Parágrafo	único	-	Se	do	fato	o	agente	aufere	vantagem:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	cinco	anos,	e	multa.	
No	crime	do	artigo	328,	usurpar	significa	”tomar	o	lugar	de”.	Desta	forma,	o	crime	estará	
consumado	quando	o	sujeito	ativo	pratica	pelo	menos	um	ato	de	ofício	de	funcionário	público.	
Não	basta	fingir	ser	funcionário	público.	
				
5	
	
	Aquele	que	apenas	finge	ser	funcionário	público,	sem	pretensão	de	obter	vantagem,	poderá	
praticar	apenas	mera	contravenção	penal.	
Caso	o	funcionário	público	pratique	vários	atos	de	ofício,	dentro	de	um	mesmo	contexto,	
haverá	crime	único	do	artigo	328.	Não	haverá,	neste	caso,	concurso	de	crimes.	
LCP	–	DL	3688/41	
Art.	45.	Fingir-se	funcionário	público:	
Pena	–	prisão	simples,	de	um	a	três	meses,	ou	multa,	de	quinhentos	mil	réis	a	três	contos	de	
réis.	Resistência	
Art.	329	-	Opor-se	à	execução	de	ato	legal,	mediante	violência	ou	ameaça	a	funcionário	
competente	para	executá-	lo	ou	a	quem	lhe	esteja	prestando	auxílio:	
Pena	-	detenção,	de	dois	meses	a	dois	anos.	
§	1o	-	Se	o	ato,	em	razão	da	resistência,	não	se	executa:	
Pena	-	reclusão,	de	um	a	três	anos.	
§	2o	-	As	penas	deste	artigo	são	aplicáveis	sem	prejuízo	das	correspondentes	à	violência.	
Desobediência	
Art.	330	-	Desobedecer	a	ordem	legal	de	funcionário	público:	
Pena	-	detenção,	de	quinze	dias	a	seis	meses,	e	multa.	
A	diferença	essencial	entre	os	crimes	de	desobediência	e	resistência	está	no	fato	de	que	a	
resistência	exige	a	utilização	de	violência	ou	de	ameaça.	Não	há	crime	de	resistência	de	forma	
passiva.	Caso	o	agente	se	oponha	passivamente	à	prática	do	ato,	apenas	negando-se	a	pratica-
lo	ou	agindo	sem	violência	ou	ameaça,	o	crime	será	apenas	de	desobediência	(artigo	330).	
Desacato	
Art.	331	-	Desacatar	funcionário	público	no	exercício	da	função	ou	em	razão	dela:	
Pena	-	detenção,	de	seis	meses	a	dois	anos,	ou	multa.	
O	desacato	somente	pode	ser	praticado	na	presença	do	funcionário	público.	
Não	se	exige	que	a	ofensa	seja	no	exercício	da	função,	desde	que	se	dê	em	razão	dela.	Logo,	
pratica	desacato	aquele	que	encontra	um	funcionário	público	no	fim	de	semana,	em	uma	
praça	e	o	chama	de	funcionário	corrupto.	No	entanto,	se	a	ofensa	se	der	sem	a	presença	do	
funcionário,	seja	por	carta,	recado	ou	redes	sociais,	o	crime	não	será	de	desacato,	já	que	este	
somente	pode	ser	praticado	na	presença	dele.	Com	isso,	caracterizado	estará	mero	crime	
contra	a	honra,	como	por	exemplo	a	injúria,	que	poderá	ter	a	pena	aumentada	de	acordo	com	
o	artigo	141,	II	se	a	ofensa	se	der	em	razão	da	função.	
O	crime	contra	a	honra	de	funcionário	público	em	razão	de	sua	função	é	objeto	de	
legitimidade	concorrente	no	que	tange	à	ação	penal.	Vejamos	o	disposto	no	enunciado	714	da	
súmula	do	STF:	
É	concorrente	a	legitimidade	do	ofendido,	mediante	queixa,	e	do	ministério	público,	
condicionada	à	representação	do	ofendido,	para	a	ação	penal	por	crime	contra	a	honra	de	
servidor	público	em	razão	do	exercício	de	suas	funções.	
Crimes	de	destaque	contra	a	Administração	da	Justiça:	Denunciação	caluniosa	
				
6	
	
	Art.	339.	Dar	causa	à	instauração	de	investigação	policial,	de	processo	judicial,	instauração	de	
investigação	admi-	nistrativa,	inquérito	civil	ou	ação	de	improbidade	administrativa	contra	
alguém,	imputando-lhe	crime	de	que	o	sabe	inocente:Pena	-	reclusão,	de	dois	a	oito	anos,	e	multa.	
§	1o	-	A	pena	é	aumentada	de	sexta	parte,	se	o	agente	se	serve	de	anonimato	ou	de	nome	
suposto.	
§	2o	-	A	pena	é	diminuída	de	metade,	se	a	imputação	é	de	prática	de	contravenção.	
Comunicação	falsa	de	crime	ou	de	contravenção	
Art.	340	-	Provocar	a	ação	de	autoridade,	comunicando-lhe	a	ocorrência	de	crime	ou	de	
contravenção	que	sabe	não	se	ter	verificado:	
Pena	-	detenção,	de	um	a	seis	meses,	ou	multa.	
A	distinção	essencial	entre	o	artigo	339	e	o	artigo	340	é	que	no	primeiro,	o	agente	imputa	o	
crime	ou	contravenção	a	alguém,	colocando	em	risco	a	liberdade	desta	pessoa,	o	que	justifica	
que	o	artigo	339	seja	muito	mais	grave	que	o	artigo	340.	
Na	denunciação	caluniosa,	o	crime	ou	contravenção	que	é	imputado	a	alguém	pode	não	ter	
ocorrido	ou	até	pode	ter	ocorrido	e	ter	sido	praticado	por	outra	pessoa.	O	importante	é	que	o	
agente	o	impute	a	quem	ele	sabe	que	é	inocente.	Logo,	se	o	agente	imputa	acreditando	que	a	
pessoa	de	fato	cometeu	o	crime,	não	haverá	denunciação	caluniosa.	
Favorecimento	pessoal	
Art.	348	-	Auxiliar	a	subtrair-se	à	ação	de	autoridade	pública	autor	de	crime	a	que	é	cominada	
pena	de	reclusão:	Pena	-	detenção,	de	um	a	seis	meses,	e	multa.	
§	1o	-	Se	ao	crime	não	é	cominada	pena	de	reclusão:	
Pena	-	detenção,	de	quinze	dias	a	três	meses,	e	multa.	
§	2o	-	Se	quem	presta	o	auxílio	é	ascendente,	descendente,	cônjuge	ou	irmão	do	criminoso,	
fica	isento	de	pena.	
O	crime	de	favorecimento	pessoal	não	se	confunde	com	o	favorecimento	real.	No	
favorecimento	pessoal,	o	agente	esconde	o	criminoso,	enquanto	no	favorecimento	real,	ele	
esconde	a	coisa,	torna	seguro	o	proveito	do	crime.	Apenas	no	artigo	348	será	possível	a	
incidência	de	escusa	absolutória.	
O	artigo	348	prevê	a	escusa	absolutória	no	parágrafo	2o,	prevendo	a	isenção	de	pena.	Cabe	
destacar	que	o	crime	fica	preservado.	Se	a	mãe	esconde	o	filho	criminoso,	ela	comete	crime	de	
favorecimento	pessoal.	Desta	forma,	o	fato	é	típico,	ilícito	e	culpável,	mas	não	será	punível.	
Por	tratar-se	de	escusa	absolutória,	a	punibilidade	sequer	chega	a	nascer.	
A	escusa	absolutória	caracteriza-se	pelo	fato	de	que	a	punibilidade	não	chega	a	nascer.	Não	se	
trata	de	excluir	o	crime,	mas	sim	a	normal	consequência	dele.	Neste	caso,	não	surgirá	para	o	
Estado	o	direito	de	punir,	
Favorecimento	real	
Art.	349	-	Prestar	a	criminoso,	fora	dos	casos	de	coautoria	ou	de	receptação,	auxílio	destinado	
a	tornar	seguro	o	
proveito	do	crime:	
Pena	-	detenção,	de	um	a	seis	meses,	e	multa.	
ATENÇÃO	
Ocultar	coisa	que	saber	ser	produto	de	crime	pode	resultar	em	diferentes	tipificações.	
				
7	
	
	Vejamos:	
1)	Caso	a	ocultação	se	dê	em	virtude	de	combinação	prévia,	que	se	deu	antes	do	crime	ser	
praticado,	haverá	concurso	de	pessoas.	Imagine	que	Caio	e	Tício	combinaram	e	dividira,	
tarefas.	Caio	ficaria	responsável	pela	sub-	tração	e	Tício	ocultaria	a	coisa.	Neste	caso,	ambos	
responderão	pelo	furto.	A	ocultação	foi	combinada	antes	da	subtração	se	efetivar.	
2)	Caso	a	ocultação	seja	combinada	apenas	após	a	prática	do	crime	antecedente	e	caso	vise	
apenas	favorecer	o	autor	do	primeiro	crime,	haverá	favorecimento	real	(artigo	349).	Exemplo:	
Caio	telefona	para	Tício,	informa	que	subtraiu	um	veículo	e	que	não	tem	onde	ocultar.	Tício	
concorda	em	ocultar	o	veículo	para	Caio	por	uma	semana.	Neste	caso,	Tício	pratica	artigo	349.	
3)	Caso	a	ocultação	seja	combinada	apenas	após	a	prática	do	crime	antecedente	e	caso	vise	
proveito	de	quem	está	ocultando	ou	de	terceira	pessoa	(que	não	é	o	autor	do	crime	anterior),	
haverá	receptação	(artigo	180).	Exemplo:	Caio	telefona	para	Tício,	informa	que	subtraiu	um	
veículo	e	que	não	tem	onde	ocultar.	
Tício	concorda	em	ocultar	o	veículo	para	Caio	por	uma	semana	para	que	seu	irmão	possa	
comprá-lo.	Neste	caso,	Tício	pratica	artigo	180.	
				
8	
	
						
9	
						
1	
	
	
2	
	
	CRIMES	COMPLEMENTARES	CONTRA	A	ADMINISTRAÇÃO	PÚBLICA	CRIMES	CONTRA	A	
ADMINISTRAÇÃO	PÚBLICA	
-	Crimes	praticados	por	funcionário	público	-	Crimes	praticados	por	particular	
CONCEITO	DE	FUNCIONÁRIO	PÚBLICO	
Art.	327	-	Considera-se	funcionário	público,	para	os	efeitos	penais,	quem,	embora	
transitoriamente	ou	sem	remu-	
neração,	exerce	cargo,	emprego	ou	função	pública.	
§	1o	-	Equipara-se	a	funcionário	público	quem	exerce	cargo,	emprego	ou	função	em	entidade	
paraestatal,	e	quem	trabalha	para	empresa	prestadora	de	serviço	contratada	ou	conveniada	
para	a	execução	de	atividade	típica	da	Administração	Pública.	
§	2o	-	A	pena	será	aumentada	da	terça	parte	quando	os	autores	dos	crimes	previstos	neste	
Capítulo	forem	ocupantes	de	cargos	em	comissão	ou	de	função	de	direção	ou	assessoramento	
de	órgão	da	administração	direta,	sociedade	de	economia	mista,	empresa	pública	ou	fundação	
instituída	pelo	poder	público.	
Os	crimes	praticados	por	funcionário	público	estão	tipificados	a	partir	do	artigo	312.	Já	os	
crimes	praticados	por	particular	estão	previstos	a	partir	do	artigo	328	do	Código	Penal.	
Emprego	irregular	de	verbas	ou	rendas	públicas	
Art.	315	-	Dar	às	verbas	ou	rendas	públicas	aplicação	diversa	da	estabelecida	em	lei:	
Pena	-	detenção,	de	um	a	três	meses,	ou	multa.	
A	diferença	entre	o	crime	do	artigo	315	e	o	peculato	desvio	é	que	no	artigo	315,	a	verba	ou	
renda	continua	dentro	da	Administração	pública,	embora	empregada	em	finalidade	diversa.	
Pratica	artigo	315	aquele	que,	por	exemplo,	utiliza	verba	destinada	para	construção	de	escola	
na	construção	de	uma	praça.	Já	no	artigo	312,	o	valor	sai	da	administração	pública.	
Concussão	
Art.	316	-	Exigir,	para	si	ou	para	outrem,	direta	ou	indiretamente,	ainda	que	fora	da	função	ou	
antes	de	assumi-la,	
mas	em	razão	dela,	vantagem	indevida:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	oito	anos,	e	multa.	Excesso	de	exação	
§	1o	-	Se	o	funcionário	exige	tributo	ou	contribuição	social	que	sabe	ou	deveria	saber	indevido,	
ou,	quando	devido,	emprega	na	cobrança	meio	vexatório	ou	gravoso,	que	a	lei	não	autoriza:	
Pena	-	reclusão,	de	3	(três)	a	8	(oito)	anos,	e	multa.	
§	2o	-	Se	o	funcionário	desvia,	em	proveito	próprio	ou	de	outrem,	o	que	recebeu	
indevidamente	para	recolher	aos	cofres	públicos:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	doze	anos,	e	multa.	
Atenção:	
Exação	significa	cobrança	de	tributo.	Desta	forma,	excesso	de	exação	significa	excesso	na	
cobrança	de	tributo.	O	excesso	pode	se	dar,	nos	termos	do	parágrafo	1o	do	artigo	316,	pelo	
fato	de	o	funcionário	cobrar	tributo	indevido	ou	por	cobrar	tributo	devido,	embora	de	forma	
indevida	(o	funcionário	que	utiliza	meio	vexatório	ou	gravoso	na	co-	brança.	
				
3	
	
	Não	se	pode	confundir	o	artigo	316,	parágrafo	1o	com	o	crime	contra	a	Ordem	Tributária	
previsto	no	artigo	3o,	II	da	Lei	8137/90.	Nesta	lei,	o	funcionário	almeja	vantagem	para	deixar	
de	cobrar	ou	lançar	tributo,	enquanto	no	crime	de	excesso	de	exação,	ao	contrário,	há	
cobrança	indevida	de	tributo.	
Corrupção	passiva	
Art.	317	-	Solicitar	ou	receber,	para	si	ou	para	outrem,	direta	ou	indiretamente,	ainda	que	fora	
da	função	ou	antes	
de	assumi-la,	mas	em	razão	dela,	vantagem	indevida,	ou	aceitar	promessa	de	tal	vantagem:	
Pena	–	reclusão,	de	2	(dois)	a	12	(doze)	anos,	e	multa.	
§	1o	-	A	pena	é	aumentada	de	um	terço,	se,	em	consequência	da	vantagem	ou	promessa,	o	
funcionário	retarda	ou	deixa	de	praticar	qualquer	ato	de	ofício	ou	o	pratica	infringindo	dever	
funcional.	
§	2o	-	Se	o	funcionário	pratica,	deixa	de	praticar	ou	retarda	ato	de	ofício,	com	infração	de	
dever	funcional,	cedendo	a	pedido	ou	influência	de	outrem:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	ou	multa.	Prevaricação	
Art.	319	-	Retardar	ou	deixar	de	praticar,	indevidamente,	ato	de	ofício,	ou	praticá-lo	contra	
disposição	expressa	de	lei,	para	satisfazer	interesse	ou	sentimento	pessoal:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	e	multa.	
A	distinção	entre	a	corrupção	passiva	privilegiada	prevista	no	artigo	317,	parágrafo	2o	e	o	
crime	de	prevaricação	do	artigo	319	está	na	motivação	do	agente	e	não	na	conduta.	Na	
prevaricação,	o	funcionário	público	está	motivado	por	interesse	ou	sentimento	pessoal,	
enquantono	artigo	317,	parágrafo	2o,	ele	age	para	atender	pedido	ou	influência	de	outrem.	
					
4	
	
		A	concussão	e	a	corrupção	passiva	são	crimes	praticados	pelo	funcionário	público.	Já	a	
corrupção	ativa,	prevista	no	artigo	333,	é	crime	praticado	por	particular.	
A	diferença	entre	os	crimes	de	concussão	e	de	corrupção	passiva	está	no	verbo	núcleo	do	tipo.	
Na	concussão,	o	verbo	é	“exigir”,	enquanto	na	corrupção	passiva,	o	verbo	é	“solicita”,	
“receber”	ou	“aceitar	promessa”	de	vantagem	indevida.	
Não	há	bilateralidade	necessária	entre	os	crimes	de	corrupção	passiva	e	ativa.	Para	que	haja	
corrupção	ativa	(artigo	333),	o	particular	precisa	oferecer	ou	prometer	a	vantagem.	Ou	seja,	a	
conduta	precisa	partir	do	particular.	Caso	o	particular	concorde	com	a	solicitação	feita	pelo	
funcionário	e	apenas	dê	a	vantagem	que	lhe	foi	solicitada,	não	haverá	crime.	
Atenção	com	os	crimes	contra	a	Ordem	Tributária,	previstos	na	Lei	8137/90:	
Art.	3°	Constitui	crime	funcional	contra	a	ordem	tributária,	além	dos	previstos	no	Decreto-Lei	
n°	2.848,	de	7	de	
dezembro	de	1940	-	Código	Penal	(Título	XI,	Capítulo	I):	
I	-	extraviar	livro	oficial,	processo	fiscal	ou	qualquer	documento,	de	que	tenha	a	guarda	em	
razão	da	função;	sonegá-	lo,	ou	inutilizá-lo,	total	ou	parcialmente,	acarretando	pagamento	
indevido	ou	inexato	de	tributo	ou	contribuição	social;	II	-	exigir,	solicitar	ou	receber,	para	si	ou	
para	outrem,	direta	ou	indiretamente,	ainda	que	fora	da	função	ou	antes	de	iniciar	seu	
exercício,	mas	em	razão	dela,	vantagem	indevida;	ou	aceitar	promessa	de	tal	vantagem,	para	
deixar	de	lançar	ou	cobrar	tributo	ou	contribuição	social,	ou	cobrá-los	parcialmente.	Pena	-	
reclusão,	de	3	(três)	a	8	(oito)	anos,	e	multa.	
III	-	patrocinar,	direta	ou	indiretamente,	interesse	privado	perante	a	administração	fazendária,	
valendo-se	da	quali-	dade	de	funcionário	público.	Pena	-	reclusão,	de	1	(um)	a	4	(quatro)	anos,	
e	multa.	
Crimes	praticados	por	particular	contra	a	Administração	Pública	Usurpação	de	função	pública	
Art.	328	-	Usurpar	o	exercício	de	função	pública:	
Pena	-	detenção,	de	três	meses	a	dois	anos,	e	multa.	
Parágrafo	único	-	Se	do	fato	o	agente	aufere	vantagem:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	cinco	anos,	e	multa.	
No	crime	do	artigo	328,	usurpar	significa	”tomar	o	lugar	de”.	Desta	forma,	o	crime	estará	
consumado	quando	o	sujeito	ativo	pratica	pelo	menos	um	ato	de	ofício	de	funcionário	público.	
Não	basta	fingir	ser	funcionário	público.	
				
5	
	
	Aquele	que	apenas	finge	ser	funcionário	público,	sem	pretensão	de	obter	vantagem,	poderá	
praticar	apenas	mera	contravenção	penal.	
Caso	o	funcionário	público	pratique	vários	atos	de	ofício,	dentro	de	um	mesmo	contexto,	
haverá	crime	único	do	artigo	328.	Não	haverá,	neste	caso,	concurso	de	crimes.	
LCP	–	DL	3688/41	
Art.	45.	Fingir-se	funcionário	público:	
Pena	–	prisão	simples,	de	um	a	três	meses,	ou	multa,	de	quinhentos	mil	réis	a	três	contos	de	
réis.	Resistência	
Art.	329	-	Opor-se	à	execução	de	ato	legal,	mediante	violência	ou	ameaça	a	funcionário	
competente	para	executá-	lo	ou	a	quem	lhe	esteja	prestando	auxílio:	
Pena	-	detenção,	de	dois	meses	a	dois	anos.	
§	1o	-	Se	o	ato,	em	razão	da	resistência,	não	se	executa:	
Pena	-	reclusão,	de	um	a	três	anos.	
§	2o	-	As	penas	deste	artigo	são	aplicáveis	sem	prejuízo	das	correspondentes	à	violência.	
Desobediência	
Art.	330	-	Desobedecer	a	ordem	legal	de	funcionário	público:	
Pena	-	detenção,	de	quinze	dias	a	seis	meses,	e	multa.	
A	diferença	essencial	entre	os	crimes	de	desobediência	e	resistência	está	no	fato	de	que	a	
resistência	exige	a	utilização	de	violência	ou	de	ameaça.	Não	há	crime	de	resistência	de	forma	
passiva.	Caso	o	agente	se	oponha	passivamente	à	prática	do	ato,	apenas	negando-se	a	pratica-
lo	ou	agindo	sem	violência	ou	ameaça,	o	crime	será	apenas	de	desobediência	(artigo	330).	
Desacato	
Art.	331	-	Desacatar	funcionário	público	no	exercício	da	função	ou	em	razão	dela:	
Pena	-	detenção,	de	seis	meses	a	dois	anos,	ou	multa.	
O	desacato	somente	pode	ser	praticado	na	presença	do	funcionário	público.	
Não	se	exige	que	a	ofensa	seja	no	exercício	da	função,	desde	que	se	dê	em	razão	dela.	Logo,	
pratica	desacato	aquele	que	encontra	um	funcionário	público	no	fim	de	semana,	em	uma	
praça	e	o	chama	de	funcionário	corrupto.	No	entanto,	se	a	ofensa	se	der	sem	a	presença	do	
funcionário,	seja	por	carta,	recado	ou	redes	sociais,	o	crime	não	será	de	desacato,	já	que	este	
somente	pode	ser	praticado	na	presença	dele.	Com	isso,	caracterizado	estará	mero	crime	
contra	a	honra,	como	por	exemplo	a	injúria,	que	poderá	ter	a	pena	aumentada	de	acordo	com	
o	artigo	141,	II	se	a	ofensa	se	der	em	razão	da	função.	
O	crime	contra	a	honra	de	funcionário	público	em	razão	de	sua	função	é	objeto	de	
legitimidade	concorrente	no	que	tange	à	ação	penal.	Vejamos	o	disposto	no	enunciado	714	da	
súmula	do	STF:	
É	concorrente	a	legitimidade	do	ofendido,	mediante	queixa,	e	do	ministério	público,	
condicionada	à	representação	do	ofendido,	para	a	ação	penal	por	crime	contra	a	honra	de	
servidor	público	em	razão	do	exercício	de	suas	funções.	
Crimes	de	destaque	contra	a	Administração	da	Justiça:	Denunciação	caluniosa	
				
6	
	
	Art.	339.	Dar	causa	à	instauração	de	investigação	policial,	de	processo	judicial,	instauração	de	
investigação	admi-	nistrativa,	inquérito	civil	ou	ação	de	improbidade	administrativa	contra	
alguém,	imputando-lhe	crime	de	que	o	sabe	inocente:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	oito	anos,	e	multa.	
§	1o	-	A	pena	é	aumentada	de	sexta	parte,	se	o	agente	se	serve	de	anonimato	ou	de	nome	
suposto.	
§	2o	-	A	pena	é	diminuída	de	metade,	se	a	imputação	é	de	prática	de	contravenção.	
Comunicação	falsa	de	crime	ou	de	contravenção	
Art.	340	-	Provocar	a	ação	de	autoridade,	comunicando-lhe	a	ocorrência	de	crime	ou	de	
contravenção	que	sabe	não	se	ter	verificado:	
Pena	-	detenção,	de	um	a	seis	meses,	ou	multa.	
A	distinção	essencial	entre	o	artigo	339	e	o	artigo	340	é	que	no	primeiro,	o	agente	imputa	o	
crime	ou	contravenção	a	alguém,	colocando	em	risco	a	liberdade	desta	pessoa,	o	que	justifica	
que	o	artigo	339	seja	muito	mais	grave	que	o	artigo	340.	
Na	denunciação	caluniosa,	o	crime	ou	contravenção	que	é	imputado	a	alguém	pode	não	ter	
ocorrido	ou	até	pode	ter	ocorrido	e	ter	sido	praticado	por	outra	pessoa.	O	importante	é	que	o	
agente	o	impute	a	quem	ele	sabe	que	é	inocente.	Logo,	se	o	agente	imputa	acreditando	que	a	
pessoa	de	fato	cometeu	o	crime,	não	haverá	denunciação	caluniosa.	
Favorecimento	pessoal	
Art.	348	-	Auxiliar	a	subtrair-se	à	ação	de	autoridade	pública	autor	de	crime	a	que	é	cominada	
pena	de	reclusão:	Pena	-	detenção,	de	um	a	seis	meses,	e	multa.	
§	1o	-	Se	ao	crime	não	é	cominada	pena	de	reclusão:	
Pena	-	detenção,	de	quinze	dias	a	três	meses,	e	multa.	
§	2o	-	Se	quem	presta	o	auxílio	é	ascendente,	descendente,	cônjuge	ou	irmão	do	criminoso,	
fica	isento	de	pena.	
O	crime	de	favorecimento	pessoal	não	se	confunde	com	o	favorecimento	real.	No	
favorecimento	pessoal,	o	agente	esconde	o	criminoso,	enquanto	no	favorecimento	real,	ele	
esconde	a	coisa,	torna	seguro	o	proveito	do	crime.	Apenas	no	artigo	348	será	possível	a	
incidência	de	escusa	absolutória.	
O	artigo	348	prevê	a	escusa	absolutória	no	parágrafo	2o,	prevendo	a	isenção	de	pena.	Cabe	
destacar	que	o	crime	fica	preservado.	Se	a	mãe	esconde	o	filho	criminoso,	ela	comete	crime	de	
favorecimento	pessoal.	Desta	forma,	o	fato	é	típico,	ilícito	e	culpável,	mas	não	será	punível.	
Por	tratar-se	de	escusa	absolutória,	a	punibilidade	sequer	chega	a	nascer.	
A	escusa	absolutória	caracteriza-se	pelo	fato	de	que	a	punibilidade	não	chega	a	nascer.	Não	se	
trata	de	excluir	o	crime,	mas	sim	a	normal	consequência	dele.	Neste	caso,	não	surgirá	para	o	
Estado	o	direito	de	punir,	
Favorecimento	real	
Art.	349	-	Prestar	a	criminoso,	fora	dos	casos	de	coautoria	ou	de	receptação,	auxílio	destinado	
a	tornar	seguro	o	
proveito	do	crime:	
Pena	-	detenção,	de	um	a	seis	meses,	e	multa.	
ATENÇÃO	
Ocultar	coisa	que	saber	ser	produto	de	crime	pode	resultar	em	diferentes	tipificações.	
				
7Vejamos:	
1)	Caso	a	ocultação	se	dê	em	virtude	de	combinação	prévia,	que	se	deu	antes	do	crime	ser	
praticado,	haverá	concurso	de	pessoas.	Imagine	que	Caio	e	Tício	combinaram	e	dividira,	
tarefas.	Caio	ficaria	responsável	pela	sub-	tração	e	Tício	ocultaria	a	coisa.	Neste	caso,	ambos	
responderão	pelo	furto.	A	ocultação	foi	combinada	antes	da	subtração	se	efetivar.	
2)	Caso	a	ocultação	seja	combinada	apenas	após	a	prática	do	crime	antecedente	e	caso	vise	
apenas	favorecer	o	autor	do	primeiro	crime,	haverá	favorecimento	real	(artigo	349).	Exemplo:	
Caio	telefona	para	Tício,	informa	que	subtraiu	um	veículo	e	que	não	tem	onde	ocultar.	Tício	
concorda	em	ocultar	o	veículo	para	Caio	por	uma	semana.	Neste	caso,	Tício	pratica	artigo	349.	
3)	Caso	a	ocultação	seja	combinada	apenas	após	a	prática	do	crime	antecedente	e	caso	vise	
proveito	de	quem	está	ocultando	ou	de	terceira	pessoa	(que	não	é	o	autor	do	crime	anterior),	
haverá	receptação	(artigo	180).	Exemplo:	Caio	telefona	para	Tício,	informa	que	subtraiu	um	
veículo	e	que	não	tem	onde	ocultar.	
Tício	concorda	em	ocultar	o	veículo	para	Caio	por	uma	semana	para	que	seu	irmão	possa	
comprá-lo.	Neste	caso,	Tício	pratica	artigo	180.	
				
8	
	
				
CRIMES	CONTRA	A	DIGNIDADE	SEXUAL	COMPLEMENTARES	
Abrange:	
	
	
-	Crimes	contra	a	liberdade	sexual	
-	Crimes	sexuais	contra	vulnerável	
-	Disposições	gerais	
-	Lenocínio	
-	Ultraje	público	ao	pudor	
-	Disposições	gerais	
	
	
PONTOS	DE	IMPORTÂNCIA	PARA	A	PROVA:	
-	Modalidades	de	estupro	
-	Distinção	entre	estupro	e	violação	sexual	mediante	fraude	
-	Estupro	de	vulnerável	e	experiência	sexual	anterior	da	vítima	
-	Tráfico	de	pessoas	
-	Ação	penal	
	
	
	
	
	
Modalidades	de	estupro:	
Art.	213.	Constranger	alguém,	mediante	violência	ou	grave	ameaça,	a	ter	conjunção	carnal	ou	
a	praticar	ou	per-	mitir	que	com	ele	se	pratique	outro	ato	libidinoso:	
Pena	-	reclusão,	de	6	(seis)	a	10	(dez)	anos.	
§	1o	Se	da	conduta	resulta	lesão	corporal	de	natureza	grave	ou	se	a	vítima	é	menor	de	18	
(dezoito)	ou	maior	de	14	(catorze)	anos:	
Pena	-	reclusão,	de	8	(oito)	a	12	(doze)	anos.	
§	2o	Se	da	conduta	resulta	morte:	
Pena	-	reclusão,	de	12	(doze)	a	30	(trinta)	anos	
O	crime	de	estupro,	em	qualquer	de	suas	modalidades,	é	dotado	de	substancial	gravidade.	
Sendo	assim,	é	preci-	so	atentar	para	outras	infrações	menos	gravosas,	como	a	contravenção	
penal	de	importunação	ofensiva	ao	pudor.	
Lei	de	Contravenções	Penais	
Art.	61.	Importunar	alguém,	em	lugar	público	ou	acessível	ao	público,	de	modo	ofensivo	ao	
pudor:	Pena	–	multa,	de	duzentos	mil	réis	a	dois	contos	de	réis.	
E	qual	será	o	crime	daquele	que	pratica	algum	ato	obsceno	em	local	público?	
Ato	obsceno	
Art.	233	-	Praticar	ato	obsceno	em	lugar	público,	ou	aberto	ou	exposto	ao	público:	Pena	-	
detenção,	de	três	meses	a	um	ano,	ou	multa.	
Estupro	de	vulnerável	
Art.	217-A.	Ter	conjunção	carnal	ou	praticar	outro	ato	libidinoso	com	menor	de	14	(catorze)	
anos:	
Pena	-	reclusão,	de	8	(oito)	a	15	(quinze)	anos.	
§	1o	Incorre	na	mesma	pena	quem	pratica	as	ações	descritas	no	caput	com	alguém	que,	por	
enfermidade	ou	deficiência	mental,	não	tem	o	necessário	discernimento	para	a	prática	do	ato,	
ou	que,	por	qualquer	outra	causa,	não	pode	oferecer	resistência.	
O	que	diferencia	o	estupro	(artigo	213)	do	estupro	de	vulnerável	(artigo	217	A)?	
A	condição	de	vulnerabilidade	da	vítima.	Se	a	vítima	é	vulnerável	o	agente	tem	ciência	disso,	
não	importa	como	o	ato	libidinoso	foi	praticado	(com	consentimento,	violência,	grave	ameaça	
ou	fraude),	o	crime	será	sempre	de	estu-	pro	de	vulnerável.	
Consoante	nossos	Tribunais,	a	experiência	sexual	anterior	da	vítima	não	afasta	a	
vulnerabilidade.	Haverá	o	crime.	
				
	
	
	
	
	
	
	
	
	
3	
	Violação	sexual	mediante	fraude	
Art.	215.	Ter	conjunção	carnal	ou	praticar	outro	ato	libidinoso	com	alguém,	mediante	fraude	
ou	outro	meio	que	impeça	ou	dificulte	a	livre	manifestação	de	vontade	da	vítima:	
Pena	-	reclusão,	de	2	(dois)	a	6	(seis)	anos.	
Parágrafo	único.	Se	o	crime	é	cometido	com	o	fim	de	obter	vantagem	econômica,	aplica-se	
também	multa.	
Qual	é	o	critério	que	diferencia	a	violação	sexual	mediante	fraude	do	crime	de	estupro	(artigo	
213)?	
O	meio	empregado	para	a	prática	do	ato	libidinoso.	Caso	o	agente	empregue	a	fraude,	o	crime	
será	do	artigo	215.	Caso	o	agente	empregue	violência	ou	grave	ameaça,	o	crime	será	do	artigo	
213.	
Cabe	destacar	que	se	a	vítima	for	vulnerável	e	o	agente	tiver	conhecimento	disso,	não	importa	
o	meio	empregado,	pois	o	crime	será	sempre	o	do	artigo	217	A	(estupro	de	vulnerável).	
ATENÇÃO:	
Já	no	crime	de	assédio	sexual,	não	há	emprego	de	violência	ou	de	grave	ameaça.	No	máximo,	
em	havendo	ame-	aça,	ela	não	será	grave.	Exemplo:	Ameaçar	de	não	dar	a	promoção	que	é	
devida.	
Assédio	sexual	
Art.	216-A.	Constranger	alguém	com	o	intuito	de	obter	vantagem	ou	favorecimento	sexual,	
prevalecendo-se	o	agente	da	sua	condição	de	superior	hierárquico	ou	ascendência	inerentes	
ao	exercício	de	emprego,	cargo	ou	fun-	ção.	
Pena	–	detenção,	de	1	(um)	a	2	(dois)	anos.	
Parágrafo	único.	
§	2o	A	pena	é	aumentada	em	até	um	terço	se	a	vítima	é	menor	de	18	(dezoito)	anos.	
A	prática	de	ato	libidinoso	com	menor	de	18	anos	e	maior	de	14	anos	configura	crime?	
Somente	se	o	menor	de	18	anos	e	maior	de	14	estiver	em	situação	de	prostituição	ou	
exploração	sexual.	
Favorecimento	da	prostituição	ou	de	outra	forma	de	exploração	sexual	de	criança	ou	
adolescente	ou	de	vulnerá-	vel.	
Art.	218-B.	Submeter,	induzir	ou	atrair	à	prostituição	ou	outra	forma	de	exploração	sexual	
alguém	menor	de	18	(dezoito)	anos	ou	que,	por	enfermidade	ou	deficiência	mental,	não	tem	o	
necessário	discernimento	para	a	prática	do	ato,	facilitá-la,	impedir	ou	dificultar	que	a	
abandone:	
Pena	-	reclusão,	de	4	(quatro)	a	10	(dez)	anos.	
§	1o	Se	o	crime	é	praticado	com	o	fim	de	obter	vantagem	econômica,	aplica-se	também	multa.	
§	2o	Incorre	nas	mesmas	penas:	
I	-	quem	pratica	conjunção	carnal	ou	outro	ato	libidinoso	com	alguém	menor	de	18	(dezoito)	e	
maior	de	14	(cator-	ze)	anos	na	situação	descrita	no	caput	deste	artigo;	
II	-	o	proprietário,	o	gerente	ou	o	responsável	pelo	local	em	que	se	verifiquem	as	práticas	
referidas	no	caput	deste	artigo.	
§	3o	Na	hipótese	do	inciso	II	do	§	2o,	constitui	efeito	obrigatório	da	condenação	a	cassação	da	
licença	de	locali-	zação	e	de	funcionamento	do	estabelecimento.	
O	artigo	218	B	passou	a	integrar	o	rol	de	crimes	hediondos	a	partir	da	vigência	da	Lei	
12978/14,	o	que	se	deu	no	dia	22	de	maio	de	2014.	
Cabe	destacar	que	o	artigo	218B	caracteriza-se	como	crime	sexual	contra	vulnerável.	Caso	a	
vítima	não	seja	pes-	soa	vulnerável,	o	favorecimento	da	prostituição	será	tipificado	no	artigo	
228	do	CP.	
Art.	228.	Induzir	ou	atrair	alguém	à	prostituição	ou	outra	forma	de	exploração	sexual,	facilitá-
la,	impedir	ou	dificul-	tar	que	alguém	a	abandone:	
				
4	
	
	Pena	-	reclusão,	de	2	(dois)	a	5	(cinco)	anos,	e	multa.	
§	1o	Se	o	agente	é	ascendente,	padrasto,	madrasta,	irmão,	enteado,	cônjuge,	companheiro,	
tutor	ou	curador,	preceptor	ou	empregador	da	vítima,	ou	se	assumiu,	por	lei	ou	outra	forma,	
obrigação	de	cuidado,	proteção	ou	vigilância:	
Pena	-	reclusão,	de	3	(três)	a	8	(oito)	anos.	
§	2o	-	Se	o	crime,	é	cometido	com	emprego	de	violência,	grave	ameaça	ou	fraude:	Pena	-	
reclusão,	de	quatro	a	dez	anos,	além	da	pena	correspondente	à	violência.	
§	3o	-	Se	o	crime	é	cometido	com	o	fim	de	lucro,	aplica-se	também	multa.	
Atenção:	A	prostituição,	em	si,	não	é	crime.	O	Código	Penal	não	prevê	como	crime	a	conduta	
da	prostituta	que	se	prostitui,	mas	sim	daquele	que	explora	a	prostituição	alheia,	seja	
favorecendo-a	(art.	228),	mantendo	o	local	em	que	a	prostituição	ou	exploração	sexual	ocorre	
(art.	229)	ou	ainda	tirando	proveito	da	prostituição	alheia	(art.	230)	
O	tráfico	de	pessoas	para	fins	sexuais	é	crime	contra	a	dignidade	sexual?	
A	lei	13.344/16	revogou	os	artigos	231	e	231	A	do	Código	Penal.	O	crime	passou	a	estar	
previsto	no	artigo	149	A,	incluindo	também	outras	motivações	para	o	tráfico.	Passou	a	se	
caracterizar	como	crime	contraa	liberdade	pes-	soal.	
Tráfico	de	Pessoas	
Art.	149-A.	Agenciar,	aliciar,	recrutar,	transportar,	transferir,	comprar,	alojar	ou	acolher	
pessoa,	mediante	grave	ameaça,	violência,	coação,	fraude	ou	abuso,	com	a	finalidade	de:	
I	-	remover-lhe	órgãos,	tecidos	ou	partes	do	corpo;	
II	-	submetê-la	a	trabalho	em	condições	análogas	à	de	escravo;	
III	-	submetê-la	a	qualquer	tipo	de	servidão;	IV	-	adoção	ilegal;	ou	
V	-	exploração	sexual.	
Pena	-	reclusão,	de	4	(quatro)	a	8	(oito)	anos,	e	multa.	
§	1o	A	pena	é	aumentada	de	um	terço	até	a	metade	se:	
I	-	o	crime	for	cometido	por	funcionário	público	no	exercício	de	suas	funções	ou	a	pretexto	de	
exercê-las;	
II	-	o	crime	for	cometido	contra	criança,	adolescente	ou	pessoa	idosa	ou	com	deficiência;	
III	-	o	agente	se	prevalecer	de	relações	de	parentesco,	domésticas,	de	coabitação,	de	
hospitalidade,	de	depen-	dência	econômica,	de	autoridade	ou	de	superioridade	hierárquica	
inerente	ao	exercício	de	emprego,	cargo	ou	função;	ou	
IV	-	a	vítima	do	tráfico	de	pessoas	for	retirada	do	território	nacional.	
§	2o	A	pena	é	reduzida	de	um	a	dois	terços	se	o	agente	for	primário	e	não	integrar	organização	
criminosa.	
A	Lei	13.344	entrou	em	vigor	no	dia	21	de	novembro	de	2016.	
Ação	penal	
Art.	225.	Nos	crimes	definidos	nos	Capítulos	I	e	II	deste	Título,	procede-se	mediante	ação	penal	
pública	condicio-	nada	à	representação.	
Parágrafo	único.	Procede-se,	entretanto,	mediante	ação	penal	pública	incondicionada	se	a	
vítima	é	menor	de	18	(dezoito)	anos	ou	pessoa	vulnerável.	
Conclusão	da	leitura	do	artigo	225:	
A	maioria	dos	crimes	contra	a	dignidade	sexual	é	de	ação	penal	pública	incondicionada.	
A	exceção	(ação	penal	pública	condicionada	à	representação)	aplica-se	apenas	aos	crimes	
previstos	no	Capítulo	I	(arts.	213,	215	e	216A).	Os	crimes	contra	vulnerável	são	de	ação	penal	
pública	incondicionada.	
Após	a	vigência	da	Lei	12015/09,	o	título	dos	crimes	contra	a	dignidade	sexual	passou	a	contar	
com	duas	previ-	sões	de	causas	de	aumento	de	pena.	
					
5	
	
	Vejamos:	
Art.	226.	A	pena	é	aumentada:	
I	–	de	quarta	parte,	se	o	crime	é	cometido	com	o	concurso	de	2	(duas)	ou	mais	pessoas;	
II	–	de	metade,	se	o	agente	é	ascendente,	padrasto	ou	madrasta,	tio,	irmão,	cônjuge,	
companheiro,	tutor,	curador,	preceptor	ou	empregador	da	vítima	ou	por	qualquer	outro	título	
tem	autoridade	sobre	ela;	
Art.	234-A.	Nos	crimes	previstos	neste	Título	a	pena	é	aumentada:	
III	-	de	metade,	se	do	crime	resultar	gravidez;	e	
IV	-	de	um	sexto	até	a	metade,	se	o	agente	transmite	à	vitima	doença	sexualmente	
transmissível	de	que	sabe	ou	deveria	saber	ser	portador.	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
CRIMES	CONTRA	A	FÉ	PÚBLICA	
Falsificação	de	documento	público	
Art.	297	-	Falsificar,	no	todo	ou	em	parte,	documento	público,	ou	alterar	documento	público	
verdadeiro:	Pena	-	reclusão,	de	dois	a	seis	anos,	e	multa.	
§	1o	-	Se	o	agente	é	funcionário	público,	e	comete	o	crime	prevalecendo-se	do	cargo,	
aumenta-se	a	pena	de	sexta	parte.	
§	2o	-	Para	os	efeitos	penais,	equiparam-se	a	documento	público	o	emanado	de	entidade	
paraestatal,	o	título	ao	portador	ou	transmissível	por	endosso,	as	ações	de	sociedade	
comercial,	os	livros	mercantis	e	o	testamento	parti-	cular.	
§	3o	Nas	mesmas	penas	incorre	quem	insere	ou	faz	inserir:	
I	–	na	folha	de	pagamento	ou	em	documento	de	informações	que	seja	destinado	a	fazer	prova	
perante	a	previdência	social,	pessoa	que	não	possua	a	qualidade	de	segurado	obrigatório;	
II	–	na	Carteira	de	Trabalho	e	Previdência	Social	do	empregado	ou	em	documento	que	deva	
produzir	efeito	perante	a	previdência	social,	declaração	falsa	ou	diversa	da	que	deveria	ter	sido	
escrita;	
III	–	em	documento	contábil	ou	em	qualquer	outro	documento	relacionado	com	as	obrigações	
da	empresa	perante	a	previdência	social,	declaração	falsa	ou	diversa	da	que	deveria	ter	
constado.	
§	4o	Nas	mesmas	penas	incorre	quem	omite,	nos	documentos	mencionados	no	§	3o,	nome	do	
segurado	e	seus	dados	pessoais,	a	remuneração,	a	vigência	do	contrato	de	trabalho	ou	de	
prestação	de	serviços.	
Falsificação	de	documento	particular	
Art.	298	-	Falsificar,	no	todo	ou	em	parte,	documento	particular	ou	alterar	documento	
particular	verdadeiro:	
Pena	-	reclusão,	de	um	a	cinco	anos,	e	multa.	Falsificação	de	cartão	
Parágrafo	único.	Para	fins	do	disposto	no	caput,	equipara-se	a	documento	particular	o	cartão	
de	crédito	ou	débito.	
Falsidade	ideológica	
Art.	299	-	Omitir,	em	documento	público	ou	particular,	declaração	que	dele	devia	constar,	ou	
nele	inserir	ou	fazer	inserir	declaração	falsa	ou	diversa	da	que	devia	ser	escrita,	com	o	fim	de	
prejudicar	direito,	criar	obrigação	ou	alterar	a	verdade	sobre	fato	juridicamente	relevante:	
					
3	
	Pena	-	reclusão,	de	um	a	cinco	anos,	e	multa,	se	o	documento	é	público,	e	reclusão	de	um	a	
três	anos,	e	multa,	se	o	documento	é	particular.	
Parágrafo	único	-	Se	o	agente	é	funcionário	público,	e	comete	o	crime	prevalecendo-se	do	
cargo,	ou	se	a	falsifica-	ção	ou	alteração	é	de	assentamento	de	registro	civil,	aumenta-se	a	
pena	de	sexta	parte.	
A	melhor	forma	de	diferenciar	a	falsidade	material	da	falsidade	ideológica	é	analisar	o	sujeito	
ativo	da	conduta.	
Na	falsidade	ideológica	(artigo	299),	quem	presta	as	informações	falsas	é	quem	deveria	
prestar,	mas	as	omite	ou	as	presta	de	maneira	falsa.	
Já	nos	crimes	dos	artigos	297	e	298	(modalidades	de	falsidade	material),	ainda	que	haja	
inserção	de	conteúdo	falso	em	documento	verdadeiro,	a	conduta	não	é	praticada	por	aquele	
que	é	o	responsável	pelas	informações.	
Desta	forma,	aquele	que	pega	um	espelho	de	identificação	oficial	e	nele	preenche	dados	
falsos,	responderá	pelo	crime	do	artigo	297	caso	não	seja	o	responsável	por	prestar	
informações.	No	entanto,	caso	seja	o	responsável	por	prestá-las,	seu	crime	será	o	do	artigo	
289.	
No	entanto,	os	parágrafos	3o	e	4o	do	artigo	297,	que	foram	incluídos	no	ano	de	2000,	se	
diferenciam	da	característica	essencial	do	crime	de	falsidade	material.	Justamente	por	isso,	
alguns	criticam	a	inclusão	da	conduta	dentro	do	artigo	297,	sustentando	que	as	condutas	
deveriam	ter	sido	incluídas	no	crime	de	falsidade	ideológica.	
O	crime	de	falsidade	ideológica,	tipificado	no	artigo	299	é	bastante	genérico.	Há	modalidades	
de	falsidade	ideológica	mais	específicas	tipificadas	ao	longo	do	Código	Penal,	como	é	o	caso	do	
crime	de	falsidade	de	atestado	médico,	que	prepondera	sobre	o	artigo	299,	frente	ao	princípio	
da	especialidade.	
Falsidade	de	atestado	médico	
Art.	302	-	Dar	o	médico,	no	exercício	da	sua	profissão,	atestado	falso:	
Pena	-	detenção,	de	um	mês	a	um	ano.	
Parágrafo	único	-	Se	o	crime	é	cometido	com	o	fim	de	lucro,	aplica-se	também	multa.	Trecho	
de	Cleber	Masson:	
“O	crime	é	próprio	ou	especial,	pois	somente	pode	ser	cometido	pelo	médico.	Sua	área	de	
especialização	é	irrele-	vante.	Admite-se	o	concurso	de	pessoas	(coautoria	e	participação).	
Excluem-se	os	dentistas,	psicólogos	e	fisiotera-	peutas,	entre	outros.	E,	nesse	ponto,	o	
legislador	criou	uma	situação	contraditória,	pois	o	fornecimento	de	atestados	falsos	por	tais	
profissionais	configura	o	delito	de	falsidade	ideológica	(art.	299	do	CP),	cuja	pena	é	
sensivelmente	mais	grave.	E,	além	de	ser	profissional	da	medicina,	o	agente	deve	dar	o	falso	
atestado	“no	exercício	da	sua	profis-	são”,	isto	é,	a	afirmação	há	de	relacionar-se	com	o	estado	
de	saúde	do	solicitante.	O	beneficiário	do	atestado	médico	falso	que	o	utiliza,	ciente	da	sua	
origem,	comete	o	crime	de	uso	de	documento	falso	(art.	304	do	CP).”	
Uso	de	documento	falso	
Art.	304	-	Fazer	uso	de	qualquer	dos	papéis	falsificados	ou	alterados,	a	que	se	referem	os	arts.	
297	a	302:	
Pena	-	a	cominada	à	falsificação	ou	à	alteração.	
Para	praticar	o	crime	de	uso	de	documento	falso,	não	basta	que	o	agente	porte	ou	traga	
consigo	o	documento.	É	necessário	o	efetivo	uso.	
Não	se	pode	confundir	o	crime	do	artigo	304	com	o	crime	de	falsa	identidade.	Vejamos:	
Art.	307	-	Atribuir-se	ou	atribuir	a	terceiro	falsa	identidade

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