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PROPRIEDADE FIDUCIARIA

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https://rickmlg.jusbrasil.com.br/artigos/235181838/consequencias-do-inadimplemento-na-aliencao-de-bens-moveis-dados-em-garantia-na-alienacao-fiduciaria
http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12564
Monteiro, Washington de Barros, Curso de Direito Civil, 39º Edição, Editora Saraiva, 2009.
Do inadimplemento
 		A hipótese de inadimplemento é cuidada pelo artigo 1.364 do Código Civil de 2002, que diz “Vencida a dívida, e não paga, fica o credor obrigado a vender, judicial ou extrajudicial, a coisa a terceiros, a aplicar o preço no pagamento de seu credito e das despesas de cobrança, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor”.
 		Ou seja, no caso de inadimplemento ou mora nas obrigações contratuais garantidas mediante alienação fiduciária, o proprietário fiduciário ou credor poderá vender a coisa a terceiros, independentemente de leilão, hasta pública, avaliação prévia ou qualquer outra medida judicial ou extrajudicial, salvo disposição expressa em contrário prevista no contrato, devendo aplicar o preço da venda no pagamento de seu crédito e das despesas decorrentes e entregar ao devedor o saldo apurado, se houver.
 		Assim, o inadimplemento contratual do possuidor fiduciante não permite ao fiduciário retomar o bem e permanecer com ele em seu poder, como forma de satisfação da dívida, mesmo que represente algum prejuízo. Fica o fiduciário obrigado a vender, judicial ou extrajudicialmente, o bem a terceiros, após avaliação, na forma estatuída nesse artigo.
 		A segunda hipótese é a de busca e apreensão do bem, a qual será concedida liminarmente, conforme prevê o artigo 3º do decreto lei nº 911/69:
 		O Proprietário Fiduciário ou credor, poderá requerer contra o devedor ou terceiro a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida liminarmente, desde que comprovada a mora ou o inadimplemento do devedor.
 		Nesse caso, após cinco dias da liminar, a propriedade será consolidada de forma plena e exclusiva em favor do credor, que poderá vender a coisa apreendida, judicialmente ou extrajudicialmente, cabendo as repartições competentes, expedir novo certificado de registro de propriedade em nome do credor ou de terceiros que este indicar.
 		Poderá também o credor, caso a ação de busca e apreensão não localize o bem objeto da alienação, solicitar a conversão de busca e apreensão para ação de deposito.
 		Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse do devedor, o credor poderá requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, nos mesmos autos, em ação de depósito, na forma prevista no Capítulo II, do Título I, do Livro IV, do Código de Processo Civil.
 		Por fim, o credor terá a possibilidade de ingressar com uma ação de execução autônoma que também pode ser utilizada nos casos em que, com a venda do objeto da alienação, o valor da dívida não fora alcançado. O credor fiduciário poderá optar por alguma dessas medidas acima descritas, mas, vale salientar, que a medida que torna mais eficaz o levantamento do valor da dívida é a ação de busca e apreensão.
 		Preceitua o artigo 1.368 do código civil que “o terceiro, interessado ou não, que pagar a dívida, se sub-rogará de pleno direito no crédito e na propriedade fiduciária.”
 		As demais espécies de propriedade fiduciária ou de titularidade fiduciária submetem-se a disciplina especifica das respectivas leis especiais, somente se aplicando as disposições desse artigo naquilo que não for incompatível com a legislação especial.
Do pacto comissório
	
 		Entende-se que pacto comissório é a possibilidade de o credor ficar com o bem dado em garantia, quando ocorre a inadimplência do devedor em relação à obrigação principal do contrato. O Código Civil/2002, repetindo a regra disposta no Código Civil/1916, proíbe a existência do pacto comissório nos contratos que envolvam garantia real, tal como o de Alienação Fiduciária de Coisas Móveis.
 		“A figura do pacto comissório traduz-se na proibição de celebração de negócio jurídico que autorize o credor a apropriar-se da coisa dada em garantia, em caso de inadimplência do devedor, sem antes proceder à execução judicial do débito garantido”
 		Essa cláusula, vedando a aplicação do pacto comissório, é encontrada no artigo 1.365, que diz: “É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não paga no vencimento. O devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual a coisa em pagamento da dívida, após o vencimento desta.” Proclama esse dispositivo legal a nulidade da cláusula que autorizar o fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia.
 		O fiduciante inadimplente, cumpre ao fiduciário promover as medidas judiciais cabíveis, não podendo ficar com a coisa alienada em garantia mesmo que seu credito seja maior, podendo o fiduciante, com a concordância do fiduciário, dar seu direito eventual do bem em pagamento, após vencida a dívida (artigo 1.365 § único).
 		Vale ressaltar que a nulidade prevista no caput do artigo 1.365 do novo código civil, não gera qualquer efeito no mundo do direito se, eventualmente, o fiduciário descumprir a determinação legal.

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