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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO AULA 4 Profª Leila Lucia Arruda 2 CONVERSA INICIAL Olá! Os procedimentos contábeis aplicáveis ao setor público são atualmente resultantes da convergência das normas internacionais da contabilidade. Seu estudo é de suma importância para a elaboração das demonstrações contábeis e para as tomadas de decisão no setor. Dessa forma, pretende-se que você, aluno, leia com atenção esta rota, bem como as leituras recomendadas. Por isso, vamos tentar compreender melhor esse assunto! CONTEXTUALIZANDO Diante do fato que esta disciplina tem por foco o estudo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, essencialmente na aula de hoje você verá os itens e procedimentos necessários para correta mensuração e reconhecimento de alguns elementos patrimoniais, que deverão, à luz da teoria contábil, balizar os registros contábeis e assim evidenciar, se for o caso, os prováveis casos de incerteza. Veremos também o plano de contas específico do setor. Dessa forma, sugerimos que você faça uma leitura como aquecimento para a aula de hoje com o artigo disponibilizado em <http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/arquivos_artigos/artigos/1124/2017081515022 4.pdf>. Após essa leitura, você deverá expressar também sua opinião no fórum desta aula. Bom estudo! TEMA 1 – REAVALIAÇÃO DE ATIVOS E REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL Depois de reconhecer o ativo imobilizado e intangível, deve a entidade pública mediar as classes que os compõem, a partir do método de custo pelo qual um item do ativo é evidenciado, seja pelo custo menos qualquer depreciação e redução ao valor recuperável acumuladas ou pelo Método de Reavaliação (em que o item do ativo, cujo valor justo possa ser mensurado com confiança, e seu valor devem ser apresentados pelo valor reavaliado). Esse valor é equivalente ao seu valor justo à data da reavaliação, decrescido da depreciação e redução ao valor recuperável acumuladas subsequentes. Pondera-se que a política escolhida para reavaliação deve ser utilizada para toda uma classe de ativos imobilizados ou intangíveis, e a frequência com que serão efetuadas vai depender dos valores justos dos itens do ativo que serão 3 reavaliados. Entretanto, se os itens do ativo sofrerem ajustes consideráveis no valor justo, eles deverão ser reavaliados todo ano. Caso contrário, poderão ser reavaliados de quatro em quatro anos. No caso de reavaliação do ativo imobilizado, a depreciação acumulada na data da reavaliação deve ser eliminada contra o valor contábil bruto do ativo, e dessa forma seu valor é ajustado do valor líquido pelo valor reavaliado. Assim, este ajuste proveniente da atualização ou da eliminação da depreciação acumulada será integrante do aumento ou da diminuição no valor contábil registrado. Destaque para o fato de que se um item do ativo imobilizado for reavaliado, toda a classe de contas do ativo imobilizado deverá ser reavaliada. O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – MCASP (Brasil, 2017) conceitua como contas do ativo imobilizado um agrupamento de ativos de natureza e uso semelhantes nas operações da entidade. E, por conseguinte, são exemplos de classes de contas: terrenos; edifícios operacionais; estradas; maquinário; redes de transmissão de energia elétrica; navios; aeronaves; equipamentos militares especiais; veículos a motor; móveis e utensílios; equipamentos de escritório; plataformas de petróleo. Cabe salientar que esses itens da classe de contas do ativo imobilizado devem ser reavaliados simultaneamente para que sejam evitadas a reavaliação seletiva de ativos e a divulgação de montantes nas demonstrações contábeis que por ventura sejam uma combinação de valores em datas diferentes. 4 1.1 E como fazer a reavaliação? Ela pode ser feita mediante a elaboração de um laudo técnico por perito ou entidade especializada, ou ainda por meio de relatório de avaliação realizado por uma comissão de servidores. Esse laudo técnico ou relatório de avaliação, de acordo com o MCASP (Brasil, 2017), conterá ao menos as seguintes informações: a documentação com a descrição detalhada referente a cada bem que esteja sendo avaliado; a identificação contábil do bem; quais foram os critérios utilizados para avaliação do bem e sua respectiva fundamentação; a vida útil remanescente do bem, para que sejam estabelecidos os critérios de depreciação, a amortização ou a exaustão; a data de avaliação; a identificação do responsável pela reavaliação. 1.2 E no caso da Reavaliação do Ativo Intangível? Uma vez reconhecido, um ativo intangível pode ser evidenciado pelo seu valor reavaliado, correspondente ao seu valor justo à data da reavaliação diminuído de qualquer amortização acumulada. Seu valor justo deve ser levantado em relação a um mercado ativo. No entanto, o método de reavaliação, de acordo com MCASP (Brasil, 2017), não permite: A reavaliação de ativos intangíveis que não tenham sido previamente reconhecidos como ativos. O reconhecimento inicial de ativos intangíveis a valores diferentes do custo. Salienta-se que caso um ativo intangível seja reavaliado, essa amortização acumulada por ocasião da data da reavaliação deverá ser eliminada contra o valor contábil bruto do ativo, atualizando-se o valor líquido pelo seu valor reavaliado. E, ainda, se um item de uma classe de ativo intangível não puder ser reavaliado, visto que não há existência de mercado ativo para ele, esse item deverá ser mensurado pelo custo menos a amortização acumulada e a perda por irrecuperabilidade. 5 1.3 Como fazer o Registro Contábil da Reavaliação de Ativos? Diante do fato de que já foi aplicado o método da reavaliação, ele não poderá ser realizado de forma seletiva. Portanto, deve-se considerar, por ocasião das demonstrações contábeis, se há necessidade de se proceder à reavaliação de todos os itens da mesma classe. Entretanto, a contabilização dos aumentos referentes à reavaliação de ativos está relacionada à dependência do nível de controle que cada entidade tem acerca de seu patrimônio. Dessa forma, se o valor contábil de uma classe do ativo aumentar em virtude de reavaliação, esse aumento deve: ser creditado diretamente à conta de reserva de reavaliação. No entanto, o aumento deve ser reconhecido no resultado do período quando se tratar da reversão de decréscimo por reavaliação do mesmo ativo anteriormente reconhecido no resultado, ou ser creditado diretamente à conta de resultado do período. Todavia, se esse valor contábil decrescer em virtude de reavaliação, essa diminuição deve ser reconhecida no resultado do período. Porém, se houver saldo de reserva de reavaliação, a diminuição do ativo deve ser debitada diretamente à reserva de reavaliação até o limite de qualquer saldo existente na reserva de reavaliação referente àquela classe de ativo, como regula o MACSP (Brasil, 2017). 1.4 E o chamado impairment? Na linha dos conceitos, vale ressaltar que há o impairment, ou a Redução ao Valor Recuperável, que se refere à diminuição dos benefícios econômicos futuros ou da potencialidade de serviços de determinado ativo, que, por conta disto, tem sua utilidade reduzida, além do reconhecimento sistemático por meio da depreciação (Brasil, 2017). Cabe destacar que a entidade deve avaliar se há alguma possibilidade de que um ativo imobilizado ou intangível possa ter sofrido perda por irrecuperabilidade. Se for ocaso de o valor contábil de um ativo imobilizado ou intangível evidenciar valor acrescido da quantia que será recuperada para o meio do uso 6 ou da venda desse ativo, é possível afirmar que esse ativo está em imparidade (impairment). Assim, a execução de um teste de imparidade deve ponderar inicialmente a utilidade do ativo, posto que a maioria dos ativos do setor público é mantida sempre para fornecer serviços ou bens públicos, sendo o seu valor em uso provavelmente maior do que seu valor justo menos os custos de alienação. A Redução ao Valor Recuperável não deve ser confundida com a depreciação. Assim, ela é compreendida como o declínio gradual do potencial de geração de serviços por ativos de longa duração, e o impairment é a desvalorização de um ativo quando seu valor contábil excede seu valor recuperável. A Redução ao Valor Recuperável é compreendida como uma perda dos futuros benefícios econômicos ou do potencial de serviços de um ativo, que vai além do valor depreciado. Pondera-se que se este valor recuperável for menor que o valor líquido contábil, ele terá que ser ajustado. Observe-se que a redução ao valor recuperável é um mecanismo de utilização para ajuste e adequação do valor contábil dos ativos à sua real capacidade de retorno econômico. Dessa forma, ele irá refletir um declínio na utilidade de um ativo para a entidade que o controla. Todavia, se o valor contábil for maior do que o valor recuperável, ocorrerá uma perda por redução ao valor recuperável do ativo que reflete, portanto, um declínio na utilidade de um ativo para a entidade que o controla, conforme mencionado (Brasil, 2017). Cabe salientar que a diminuição ao valor recuperável pode ser aplicada para ativo gerador de caixa, assim como o ativo não gerador de caixa (aquele mantido com o objetivo principal de prestar serviços). Ainda mais, na sua maioria os ativos mantidos por entidades do setor público são ativos não geradores de caixa. TEMA 2 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO Convém iniciar este tema 2 da aula com conceitos que vão balizar os demais itens do conhecimento da contabilidade aplicada ao setor público. Assim, entende-se por depreciação a diminuição dos valores dos bens tangíveis decorrentes do uso, do desgaste, seja pela ação da natureza ou pela 7 limitação da vida útil. Tem-se que ponderar a respeito do valor depreciável, e por este entende-se que é o custo de um ativo, ou outra base que represente o custo, diminuído do seu valor residual, como por exemplo os veículos. Por exaustação entende-se a diminuição do valor proveniente da exploração dos recursos minerais, ou de outros recursos naturais que são esgotáveis, como as jazidas minerais. Amortização é a diminuição do valor utilizado na aquisição de direitos de propriedade e quaisquer outros, seja para os ativos intangíveis, com duração limitada, ou ainda aqueles que têm por objeto bens de utilização por prazo legal ou por força de contrato limitado, como no caso dos softwares. Em síntese, a partir do momento que um ativo imobilizado tem sua vida econômica restringida em função do tempo ou da utilização ele é passível de ter seu valor diminuído, seja por depreciação, amortização ou exaustão metodológica referente ao período, posto que todas as três categorias têm por essência o decréscimo do valor do bem. Cabe ressaltar que a baixa do valor contábil de um ativo imobilizado deve ocorrer por sua alienação ou ainda quando já não há mais possibilidade de se obter benefícios econômicos futuros. Depois que esse item é contabilmente baixado, os ganhos ou perdas que são provenientes da baixa devem ser reconhecidos no resultado patrimonial. Considere-se que esses ganhos ou perdas devem ser definidos mediante a diferença entre o valor líquido da alienação, se houver, e o valor contábil do item. E a evidenciação, como será realizada?? De acordo com o MCASP (Brasil, 2017) tem-se por recomendação que os grupos de ativo imobilizado sejam reconhecidos nas demonstrações contábeis mediante: critérios de mensuração utilizados para determinar o valor contábil bruto; métodos de depreciação utilizados; vidas úteis ou taxas de depreciação utilizadas; valor contábil bruto e depreciação acumulada (mais as perdas por redução ao valor recuperável acumuladas) no início e no final do período; conciliação do valor contábil no início e no final do período demonstrando as adições, baixas, aquisições por meio de combinações de negócios, aumentos ou reduções decorrentes de reavaliações e perda por redução ao valor recuperável de ativos reconhecida ou revertida diretamente no 8 patrimônio líquido, perdas por desvalorização de ativos (reconhecidas no resultado), reversão das perdas por desvalorização de ativos (reconhecidas no resultado), e depreciações. Importante destacar que metodologia de depreciação e a estimativa da vida útil dos ativos são passíveis de julgamento. Diante disso, dar publicidade aos métodos e taxas utilizados para depreciação e às estimativas das vidas úteis proporciona informações aos usuários das demonstrações contábeis, o que permitirá rever as políticas da administração, e simplificar as comparações com outras entidades. Nesse sentido, deve-se divulgar, de acordo com o MCASP (Brasil, 2017): a depreciação, quer seja reconhecida no resultado, quer como parte do custo de outros ativos, durante o período; a depreciação acumulada no final do período. O indicado é que a entidade faça a veiculação considerando a natureza e o efeito de uma alteração de estimativa contábil, o que pode ter impacto no ano corrente ou em outros períodos seguintes. Para o caso de ativos imobilizados, a revelação pode ser proveniente de alterações de estimativas de: valores residuais; custos estimados de desmontagem, remoção ou restauração de itens do ativo imobilizado; vidas úteis; métodos de depreciação. No caso de ativos imobilizados ajustados e contabilizados por meio de reavaliação, é conveniente, de acordo com o MCASP (Brasil, 2017), que constem a data efetiva da reavaliação; do responsável ou dos responsáveis ; dos métodos e premissas significativos aplicados à estimativa do valor justo dos itens; e ainda se o valor justo dos itens foi determinado diretamente a partir de preços observáveis em mercado ativo ou baseado em transações de mercado recentes realizadas sem favorecimento entre as partes ou se foi estimado usando outras técnicas de avaliação. E como depreciar os ativos? Inicialmente salienta-se que é importante ter uma base monetária confiável e que o registro represente e espelhe o valor justo do bem. Ela deve ocorrer mês a mês quando o item do ativo se tornar 9 disponível para uso, ou seja, quando está no local e em condição de funcionamento na forma pretendida pela administração. Entretanto, se por ventura a depreciação for decorrente de unidades produzidas e não ocorrer a produção, a variação positiva diminutiva pode ser zero. Destaca-se que a depreciação se encerra quando acaba a vida útil e o item é baixado. Nesse momento, o valor contábil do ativo será igual ao seu valor residual ou, na falta deste, igual a zero. E ainda, se o ativo estiver ocioso ou fora de uso, não significa que a depreciação cessará. Alguns ativos não são depreciados, como os terrenos e os bens de natureza cultural. Para poder prever a vida útil econômica do item do ativo é necessário considerar alguns itens, como: desgaste físico, pelo uso ou não; geração de benefícios futuros; limites legais e contratuais sobre o uso ou a exploraçãodo ativo; obsolescência tecnológica. Cabe salientar que são os entes que determinam e estabelecem as tabelas de depreciação com o tempo de vida útil e os valores residuais a serem utilizados, a partir de sua gestão. Também podem ocorrer depreciações diferenciadas em função das peculiaridades existentes, no entanto, estas devem constar em notas explicativas. Este assunto não se esgota aqui: você pode e deve continuar os estudos da depreciação no setor público vendo o exemplo no vídeo desta aula e lendo o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público de 2017. E a amortização ? No caso da amortização, cabe destacar que são necessários alguns parâmetros que possibilitam estimar a vida útil de um ativo intangível de acordo com o MCASP (Brasil, 2017). São eles: Utilização prevista de um ativo pela entidade e se o ativo pode ser gerenciado eficientemente por outra equipe da administração. Os ciclos de vida típicos dos produtos do ativo e as informações públicas sobre estimativas de vida útil de ativos semelhantes, utilizados de maneira semelhante. Obsolescência técnica, tecnológica, comercial ou de outro tipo. 10 Estabilidade do setor em que o ativo opera e as mudanças na demanda de mercado para produtos ou serviços gerados pelo ativo. Nível dos gastos de manutenção requeridos para obter os benefícios econômicos futuros ou serviços potenciais do ativo e a capacidade de intenção da entidade para atingir tal nível. Período de controle sobre o ativo e os limites legais ou contratuais para a sua utilização, tais como datas de vencimento dos arrendamentos/locações relacionados. Se a vida útil do ativo depende da vida útil de outros ativos da entidade. Deve a entidade considerar só a manutenção futura exigida para manter o bem no nível de desempenho avaliado no momento da estimativa da sua vida útil e capacidade de intenção da entidade para atingir tal nível. Considera-se também que os softwares e outros ativos intangíveis são passíveis de obsolescência tecnológica. Portanto, deve a entidade manter e considerar o histórico de alterações tecnológicas. No tocante aos métodos de amortização, estes devem espelhar a referência dos benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços do ativo que são previstos para consumo pela entidade. Dentre os métodos utilizados tem-se o método linear (ou cotas constantes), o da soma dos dígitos e o de unidades produzidas. O valor amortizável de ativo com vida útil definida é determinado após a dedução de seu valor residual. Um valor residual diferente de zero implica que a entidade espera a alienação do ativo intangível antes do final de sua vida econômica. E a exaustação? Os bens do ativo imobilizado que são passíveis de exaustão são provenientes de exploração ou extração mineral ou florestal, como por exemplo, uma floresta mantida com fins de comercialização de madeira. Assim, a exaustão possibilitará ao ente que o custo do ativo seja distribuído durante o período de extração ou de aproveitamento. É óbvio que, caso seja necessário, poderão ocorrer análises técnicas de capacidade de exploração. Isso pode ser visualizado no exemplo do MCASP (Brasil, 2017) descrito a seguir. Considere: Jazida com capacidade de produção de 500.000 toneladas, registrada contabilmente pelo ente em 1.000.000,00. Extração realizada no mês de 40.000 toneladas. 11 O cálculo da exaustão da jazida nesse período será: 40.000 t / 500.000 t = 8% Exaustão 8% de 1.000.000,00 = 80.000,00 Como nos demais casos, a exaustão também deve estar documentada para poder dar suporte ao registro contábil e assim proporcionar aos gestores públicos condições de tomada de decisão. TEMA 3 – TRANSAÇÕES COM E SEM CONTRAPRESTAÇÃO Este tema 3 da aula deve iniciar com os conceitos básicos para que você, aluno, tenha condições de seguir com a leitura, posto que são itens exclusivos da contabilidade aplicada ao setor público. No tocante à normalização do tema, cabe ressaltar que as normas estão previstas nas NBC TSP 1 e NBC TSP 2, respectivamente Receita De Transação Sem Contraprestação e Receita De Transação Com Contraprestação. Vale informar também que que essas normas advieram da International Public Sector Accounting Standards (IPSAS) 9 - Revenue from Exchange Transactions, editada pelo International Public Sector Accounting Standards Board (IPSASB). Neste cenário as entidades podem ter receitas ou recebimento de recursos sem nada entregar ou entregar valor irrisório em troca. Por conta disto, tem-se as transações sem contraprestação e com contraprestação. Compreende-se por transação sem contraprestação situações quando a entidade recebe ativos ou serviços e em contrapartida não tem valor em troca ou tem valores irrisórios. Ou ainda quando existe algum fornecimento de compensação de recursos recebidos, no entanto esse valor não está próximo do valor justo. Por sua vez, entende-se por transação com contraprestação a transação em que a entidade irá auferir ativos ou serviços, ainda possui passivos extintos, e vai entregar mais ou menos o mesmo valor em troca, preferencialmente em dinheiro, bens, serviços ou uso de ativos. Por tributo são classificados os benefícios econômicos ou potencial de serviços pagos ou a pagar às entidades do setor público. Esses benefícios são fontes de arrecadação do governo e estão dispostos no art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN): “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato 12 ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. 3.1 Transações sem contraprestação Diferentemente do que acontece nas organizações da iniciativa privada, no setor público a maioria das variações patrimoniais aumentativas (VPA) das entidades do setor público é proveniente de transações sem contraprestação, essencialmente as advindas de arrecadação de tributos, transferências e multas. Os tributos, que exemplificam a transação sem contraprestação, são assim caracterizados uma vez que: são instituídos mediante lei; têm compulsoriedade de pagamento. O reconhecimento dessa transação sem contraprestação com entrada de recursos para o governo em geral gera VPA para o ente ou órgão recebedor e tem por contrapartida, na entrada de recursos, a contabilização de um ativo. Entretanto, podem existir custos, o que terá, por conseguinte, um registro contábil de uma variação patrimonial diminutiva (VPD). Como exemplifica o MCASP (Brasil, 2017), é o caso da remuneração da rede bancária pela prestação de serviço de recebimento dos pagamentos de tributos pelos contribuintes. Destaca-se que quando há o ingresso bruto dos benefícios econômicos, a VPA que se configura em receita sem contraprestação vai configurar para a entidade um aumento na situação patrimonial líquida. Se ocorrer de a entidade pública não arrecadar diretamente os seus recursos, os valores arrecadados não devem ser registrados como aumento da situação patrimonial líquida ou da receita de tais agentes arrecadadores, posto que não existe o controle do uso dos recursos ou a possibilidade de se beneficiar dos ativos arrecadados. Assim, a receita é do ente público. Cabe salientar que se houver gasto no recebimento dos recursos sem contraprestação, eles deverão ser registrados contabilmente vinculados à receita e reconhecidos como custos de transação ou variação patrimonial diminutiva (VPD). No tocante ao reconhecimento dos ativos originários de transações sem contraprestação, a partirdo momento que têm o controle dos recursos, que se caracterizem como ativo, que atendam aos parâmetros contidos no MCASP (Brasil, 2017) e que o ativo tenha como base de mensuração o valor justo, 13 é provável que benefícios econômicos futuros e potencial de serviços associados com o ativo fluam para a entidade; o valor justo do ativo pode ser mensurado em conformidade com as características qualitativas e com observância das restrições da informação contábil. Importante destacar que nem sempre a receita de transação sem contraprestação está definida desde o início. Assim, é essencial determinar se uma especificação é uma condição ou uma restrição, e se for o caso, considere- se a essência dos termos da especificação e não meramente sua forma. 3.2 Transações com contraprestação Consideram-se as VPA aquelas decorrentes de transações onde ocorre a contraprestação. Nesse caso consideram-se somente os valores brutos de benefícios econômicos, ou, claro, do potencial de serviços recebidos ou que venham a ser recebidos pela entidade proveniente de suas atividades. Note que aqueles valores recebidos, mas em nome de terceiros, não proporcionam benefícios econômicos ou potencial de serviços para a entidade justamente por não apresentarem aumentos de ativos ou redução de passivos. Nesse caso tem-se como exemplo tarifas de telefonia e eletricidade que podem ser pagas nos Correios, mas estão em nome das prestadoras desses serviços. Cabe destacar também que empréstimos e financiamentos não se classificam como transações com contraprestação, visto que também não têm impacto na situação patrimonial líquida pois geram variações entre iguais entre ativos e passivos. O essencial no caso da contabilização das VPAs advindas de transações com contraprestação reside no fato de saber em que momento deve ocorrer o reconhecimento. Assim, a VPA será reconhecida quando, provavelmente (Brasil 2017), os benefícios econômicos futuros e potencial de serviços fluírem para a entidade; os benefícios possam ser mensurados em conformidade com as características qualitativas e com observância das restrições da informação. 14 Destaque para o fato de que os parâmetros de reconhecimento são aplicados em parceria a duas ou mais transações, desde que estejam ligadas de tal maneira que seu efeito não possa ser compreendido sem estar relacionado às transações como um todo. No caso de reconhecimento para prestação de serviços, a VPA proveniente da transação, de acordo com o MCASP (Brasil, 2017), será reconhecida tendo por base a proporcionalidade dos serviços prestados até a data de apresentação das demonstrações contábeis. E ainda, o resultado de uma transação será estimado se todas as condições forem atendidas: 1. O montante da VPA puder ser mensurado confiavelmente; 2. For provável que os benefícios econômicos ou potencial de serviços decorrentes da transação fluirão para a entidade; 3. A proporção dos serviços já executados à data de apresentação das demonstrações contábeis puder ser mensurada confiavelmente; 4. Os custos incorridos na transação e os custos para concluir a transação puderem ser mensurados confiavelmente. Caso existam condições de incerteza quanto ao valor a ser considerado como VPA, a parcela não recebida ou o recebimento deixa de ser provável e será reconhecido como uma Variação Patrimonial Diminutiva. Um exemplo de contabilização, o reconhecimento da venda à vista: Natureza da informação: patrimonial D 1.1.1.1.1xx.xx Caixa ou Equivalente de Caixa C 4.3.3.1.1.xx.xx Exploração de Bens, Direitos e Prestação de Serviço Ou, no caso da Venda de Bens, não levando em conta os impostos próprios da operação, o registro contábil é o reconhecimento da venda à vista: Natureza da informação: patrimonial D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa ou Equivalente de Caixa C 4.3.1.1.1.xx.xx Venda Bruta No caso de venda de bens, o reconhecimento será feito mediante o atendimento dos seguintes critérios: 1. Entidade tiver transferido ao comprador todos os riscos e benefícios significativos inerentes à propriedade dos bens; 15 2. A entidade não mantiver envolvimento continuado na gestão dos bens vendidos, nem em grau normalmente associado a sua propriedade nem relacionado ao efetivo controle de tais bens; 3. O valor da VPA puder ser mensurado confiavelmente; 4. For provável que os benefícios econômicos ou potencial de serviços provenientes da transação fluirão para a entidade; 5. Os custos incorridos na transação e os custos para concluir a transação puderem ser mensurados confiavelmente. Pondera-se também que a maioria das vendas transferem os riscos e benefícios da propriedade para outra titularidade de forma legal. Se houverem riscos significativos na transferência da posse do ativo ao comprador, não será uma venda, e a variação patrimonial aumentativa também não será reconhecida. TEMA 4 – PROVISÕES, PASSIVOS CONTINGENTES E ATIVOS CONTINGENTES 4.1 Provisões No tocante à disposição normativa, tem-se que os itens de provisões, passivos contingentes e ativos contingentes estão dispostos Norma Brasileira de Contabilidade (NBC TSP) 03 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, do Conselho Federal de Contabilidade, observando também a International Public Sector Accounting Standards (IPSAS) 19 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes do International Public Sector Accounting Standards Board (IPSASB) e a legislação pertinente. A partir disto pode-se conceituar como provisão todos os passivos com prazos ou valores incertos, provenientes de eventos passados, e cujos pagamentos possam resultar saídas de recursos para a entidade, as quais são capazes de gerar benefícios econômicos ou potencial de serviços. No Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), último tema desta aula, são evidenciados alguns tipos de provisões. Quanto aos riscos trabalhistas, tais como riscos fiscais; riscos cíveis; repartição de créditos tributários; 16 riscos decorrentes de contratos de Parcerias Público-Privadas (PPP), cabe ressaltar que não são passivos, posto que existe um cenário de incerteza, seja de prazo ou de valor. Além disso, as provisões são sempre divulgadas em separado. No que tange ao reconhecimento da provisão, é necessário que alguns critérios de existência sejam atendidos: uma obrigação presente e que seja fruto de eventos passados; uma provável saída de recursos que incorporam benefícios econômicos ou potencial de serviços para a extinção da obrigação; a possibilidade de fazer uma estimativa com confiança do valor da obrigação. Pode-se exemplificar o caso no setor público, de acordo com MCASP (Brasil, 2017), quando a entidade deve reconhecer uma provisão para pagamento de multas ou custos de reparação decorrentes de estragos ambientais, conforme imposto pela legislação, na medida em que estiver obrigada a restaurar os danos já causados. Importante salientar que se a saída de recursos for eminentemente provável, será maior a probabilidade de ocorrência do que a de não ocorrência. Se for pequena ou remota essa possibilidade de ocorrência, ela estará evidenciada em passivo contingente ou não será necessário divulgá-la, respectivamente. Pode-se exemplificar a contabilização do registro da provisão: Natureza da informação: patrimonial D 3.9.7.x.x.xx.xx VPD de Constituição de Provisões C 2.x.7.x.x.xx.xx Provisões É essencial relatar que o melhor é usar a estimativa que busque a extinção da obrigação por ocasiãodas demonstrações contábeis. 4.2 Passivo contingente O MACSP (Brasil, 2017) conceitua como passivo contingente o passivo que tem alguns critérios observados, posto que são obrigações. São eles: ser possível e resultante de eventos passados, cuja existência será confirmada se acontecerem ou não eventos futuros incertos e que não estão sob o controle da entidade; 17 ser presente e fruto de eventos passados, mas não é reconhecido, visto que ou é improvável a saída de recursos ou não se pode fazer uma estimativa com confiança do valor. Diante disso, os passivos contingentes não podem ser reconhecidos em contas patrimoniais. Todavia, precisam ser registrados em contas específicas de controle do PCASP e estar evidenciados nas notas explicativas. Se a probabilidade de não ocorrência for remota, a divulgação será dispensada. Destaque para o fato de que há que se rever os passivos contingentes periodicamente e determinar se haverá uma saída provável de recursos que incorpora benefícios econômicos ou potencial de serviços. Se a saída se tornar provável, então uma provisão deverá ser reconhecida nas demonstrações contábeis do período em que ocorreu a mudança na probabilidade. O exemplo do MCASP (Brasil, 2017) clarifica a contabilização: uma entidade do governo pode ter desobedecido a uma lei ambiental, mas não está claro se algum dano foi causado ao meio ambiente. Quando, subsequentemente, tornar-se claro que o dano foi causado e que a reparação será exigida, a entidade deverá constituir uma provisão. 4.2.1 Contabilização do registro de passivos contingentes Natureza de informação: típica de controle D 7.4.1.x.x.xx.xx Controle de Passivos Contingentes C 8.4.1.x.x.xx.xx Execução de Passivos Contingentes Ressalta-se que para cada tipo/classe de passivo contingente, deve existir uma evidência nas notas explicativas, constituída da descrição da natureza do passivo contingente e, se for o caso, a estimativa de seu efeito financeiro; a indicação das incertezas em relação à quantia ou a periodicidade da saída; a possibilidade de algum reembolso. 4.3 Ativo contingente O ativo contingente é definido como aquele ativo que é possível e resultante de eventos passados, cuja existência será comprovada pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos, mas cujo controle não 18 é, na sua totalidade, da entidade. O ativo contingente possibilita a entrada de recursos na forma de benefícios econômicos ou potencial de serviços. Nesse sentido, ele não pode ser reconhecido em contas patrimoniais, diante do fato de que não resulta em entrada de recursos ou receitas. Todavia, se for provável a entrada de recursos, estes deverão ser registrados em contas de controle do PCASP e evidenciados em notas explicativas. Como exemplo, o MCASP (Brasil, 2017) apresenta como registros contábeis: 4.3.1 Registro de ativos contingentes D 7.1.1.x.x.xx.xx Atos Potenciais Ativos C 8.1.1.x.x.xx.xx Execução de Atos Potenciais Ativos Assim como nos outros casos, os ativos contingentes deverão ser reavaliados periodicamente para garantir que os retratos da sua evolução estejam devidamente evidenciados nas demonstrações contábeis. Considere também que devem ocorrer as descrições nas notas explicativas da descrição da natureza do ativo contingente e, se for o caso, da estimativa de seu efeito financeiro, mensurada em conformidade com os critérios utilizados para a mensuração das provisões. Considerando a importância e a relevância do item ativos contingentes, é pertinente perceber como se pode racionalizar a contabilização, bem como a evidenciação em notas explicativas. Quadro 1 – Ativos contingentes Quando, em consequência de eventos passados, possa existir um ativo possível, cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos que não estão totalmente sob o controle da entidade: Probabilidade de ingressos de recursos sob a forma de benefícios econômicos ou potencial prestação de serviços Classificação Forma de evidenciação Certeza Ativo Balanço Patrimonial e Notas Explicativas Provável Ativo Contingente Notas Explicativas Pouco provável Ativo Contingente Não é divulgado Fonte: Elaborado com base em MCASP (Brasil, 2017). Como este tema, assim como os demais, não se esgota por aqui, recomenda-se que você faça a leitura complementar indicada. 19 Saiba mais Leia com atenção as Normas disponíveis em <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-tsp-do-setor- publico/>. TEMA 5 – PLANO DE CONTAS APLICADO AO SETOR PÚBLICO – PCASP Inicialmente, há que se conceituar o que é plano de contas: trata-se de uma ferramenta essencial para o registro dos eventos que ocorrem no setor público. Assim, o plano de contas é uma sistematização essencial na escrituração contábil, e sua composição é realizada mediante a padronização das contas contábeis, o que possibilita o registro contábil dos atos e fatos praticados pela entidade. Essa estrutura permite também a emissão de relatórios gerenciais e demonstrações contábeis. Conhecido como Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), esse instrumento consolida as informações que serão extraídas dos demonstrativos e tem por objetivos, de acordo com o MCASP (Brasil, 2017): padronizar os registros contábeis das entidades do setor público; distinguir os registros de natureza patrimonial, orçamentária e de controle; atender à administração direta e à administração indireta das três esferas de governo, inclusive quanto às peculiaridades das empresas estatais dependentes e dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS); permitir o detalhamento das contas contábeis, a partir do nível mínimo estabelecido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), de modo que possa ser adequado às peculiaridades de cada ente; permitir a consolidação nacional das contas públicas; permitir a elaboração das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) e dos demonstrativos do Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) e do Relatório de Gestão Fiscal (RGF); permitir a adequada prestação de contas, o levantamento das estatísticas de finanças públicas, a elaboração de relatórios nos padrões adotados por organismos internacionais – a exemplo do Government Finance Statistics Manual (GFSM) do Fundo Monetário Internacional (FMI) –, bem como o levantamento de outros relatórios úteis à gestão; 20 contribuir para a adequada tomada de decisão e racionalização de custos no setor público; e contribuir para a transparência da gestão fiscal e para o controle social. O plano de contas só pode ser alterado, editado ou detalhado pelo STN, conforme disposto no Decreto n. 6.976/2009, e sua utilização não é facultativa, mas sim obrigatória aos órgãos e entidades da administração direta e da administração indireta, bem como aos entes da Federação, aos fundos, autarquias, fundações, e empresas estatais dependentes. Nos demais casos, é facultada sua utilização. Cabe ressaltar que desde 2015 já existe a utilização consolidada do plano de contas por todos os entes e entidades. Esse mecanismo é disponibilizado em meio digital e é anualmente atualizado. As contas no PCASP estão separadas segundo as características dos fatos ocorridos. Desta forma, possibilita-se a análise das informações a partir de sua natureza, que pode ser: orçamentária: são registrados atos e fatos que se identifiquem com planejamento e orçamento; patrimonial: fatos financeiros e não financeiros demonstrados, que sevinculam ao patrimônio público e suas variações qualitativas e quantitativas; controle: evidenciam os atos de gestão que poderão trazer alterações no patrimônio da entidade do setor público, bem como aqueles com funções específicas de controle. Quadro 2 – Plano de Contas Aplicado ao Setor Público Fonte: Elaborado com base em MCASP (2017) PCASP Natureza da informação Classes Patrimonial 1. Ativo 2. Passivo 3. Variações Patrimoniais Diminutivas 4. Variações Patrimoniais Aumentativas Orçamentária 5. Controles da Aprovação do Planejamento e Orçamento 6. Controles da Execução do Planejamento e Orçamento Controle 7. Controles Devedores 8. Controles Credores 21 A partir dessas colocações, tem-se que o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público está estruturado em 8 classes em que estão distribuídas as contas a partir de sua natureza a ser evidenciada: Quadro 3 – Classes de PCASP Fonte: Elaborado com base em MCASP, 2017. Além dessa estrutura, cabe salientar que as contas são identificadas por códigos em sete níveis de desdobramento, que estão dispostos por nove dígitos: Figura 1 – Identificação de contas Fonte: Elaborado com base em MCASP (Brasil, 2017). 1 – Ativo 2 – Passivo e Patrimônio Líquido 1.1 Ativo Circulante 2.1 Passivo Circulante 1.2 Ativo Não Circulante 2.2 Passivo Não Circulante 2.3 Patrimônio Líquido 3 – Variação Patrimonial Diminutiva 4 – Variação Patrimonial Aumentativa 3.1 Pessoal e Encargos 4.1 Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria 3.2 Benefícios Previdenciários e Assistenciais 4.2 Contribuições 3.3 Uso De Bens, Serviços e Consumo de Capital Fixo 4.3 Exploração e venda de bens, serviços e direitos 3.4 Variações Patrimoniais Diminutivas Financeiras 4.4 Variações Patrimoniais Aumentativas Financeiras 3.5 Transferências e Delegações Concedidas 4.5 Transferências e Delegações Recebidas 3.6 Desvalorização e Perda De Ativos e Incorporação de Passivos 4.6 Valorização e Ganhos Com Ativos e Desincorporações de Passivos 3.7 Tributárias 4.9 Outras Variações Patrimoniais Aumentativas 3.8 Custo das Mercadorias Vendidas, dos Produtos vendidos e dos Serviços Prestados 3.9 Outras Variações Patrimoniais Diminutivas 5 – Controles da Aprovação do Planejamento e Orçamento 6 – Controles da Execução do Planejamento e Orçamento 5.1 Planejamento Aprovado 6.1 Execução do Planejamento 5.2 Orçamento Aprovado 6.2 Execução do Orçamento 5.3 Inscrição de Restos a Pagar Planejamento Aprovado 6.3 Execução de Restos a Pagar 7 – Controles Devedores 8 – Controles Credores 7.1 Atos Potenciais 8.1 Execução dos Atos Potenciais 7.2 Administração Financeira 8.2 Execução da Administração Financeira 7.3 Dívida Ativa 8.3 Execução da Dívida Ativa 7.4 Riscos Fiscais 8.4 Execução dos Riscos Fiscais 7.5 Consórcios Públicos 8.5 Execução dos Consórcios Públicos 7.8 Custos 8.8 Apuração de Custos 7.9 Outros Controles 8.9 Outros Controles PCASP 1º Nível – Classe (1 dígito) 2º Nível – Grupo (1 dígito) 3º Nível – Subgrupo (1 dígito) 4º Nível – Título (1 dígito 5º Nível – Subtítulo (1 dígito) 6º Nível – Item (2 dígitos) 7º Nível – Subitem (2 dígitos) X . X . X . X . X . XX . XX 22 Ainda com relação ao detalhamento do plano de contas, cabe salientar que os entes da Federação só poderão detalhar a conta contábil nos níveis posteriores ao nível apresentado na relação de contas do PCASP. Ainda, o detalhamento deverá contar com pelo menos 7 níveis. No tocante à forma de contabilização, a seguir apresentam-se alguns exemplos a partir do MCASP (Brasil, 2017): 1. Transferência de bem imóvel pela Secretaria de Fazenda à Assembleia Legislativa do mesmo Estado: Trata-se de uma operação entre entidades pertencentes ao mesmo Orçamento Fiscal e Seguridade Social (OFSS). O bem deve ser baixado pela Secretaria de Fazenda e incorporado pela Assembleia Legislativa. As contas de bens sempre apresentarão o dígito 1 (Consolidação) no 5º nível, pois não impactam a consolidação. As VPA e VPD serão excluídas no âmbito da consolidação do ente e não terão impacto na consolidação nacional. Lançamento na Secretaria de Fazenda: Natureza da informação: patrimonial D 3.5.1.2.2.xx.xx Transferências Concedidas Independentes de Execução Orçamentária – Intra OFSS C 1.2.3.2.1.xx.xx Bens Imóveis – Consolidação Lançamento na Assembleia Legislativa: Natureza da informação: patrimonial D 1.2.3.2.1.xx.xx Bens Imóveis – Consolidação C 4.5.1.2.2.xx.xx Transferências Recebidas Independentes de Execução Orçamentária – Intra OFSS 2. Contribuição patronal da Prefeitura para o Regime Geral de Previdência Social (RGPS): Trata-se de uma operação entre entidades pertencentes a OFSS distintos. O ativo, o passivo, a VPA e a VPD deverão ser incluídos na consolidação do ente e excluídos na consolidação nacional. Lançamento na Prefeitura: Natureza da informação: patrimonial D 3.1.2.2.3.xx.xx Encargos Patronais – RGPS – Inter OFSS – União C 2.1.1.4.3.xx.xx Encargos Sociais a Pagar – Inter OFSS – União Lançamento no RGPS: Reconhecimento do direito Natureza da informação: patrimonial 23 D 1.1.3.6.5.xx.xx Créditos Previdenciários a Receber a Curto Prazo– Inter OFSS – Município C 4.2.1.2.5.xx.xx Contribuições Sociais – RGPS – Inter OFSS – Município 3. Transferência de valores do Fundo de Participação dos Estados (FPE) pela União ao estado: Trata-se de uma operação entre entidades pertencentes a OFSS distintos. O ativo, o passivo, a VPA e a VPD deverão ser incluídos na consolidação do ente e excluídos na consolidação nacional. Lançamento na União: Natureza da informação: patrimonial D 3.5.2.1.4.xx.xx Distribuição Constitucional ou Legal de Receitas – Inter OFSS – Estado C 2.1.5.0.4.xx.xx Obrigações de Repartição a Outros Entes – Inter OFSS – Estado Lançamento no Estado: Natureza da informação: patrimonial D 1.1.2.3.3.xx.xx Créditos de Transferências a Receber – Inter OFSS – União C 4.5.2.1.3.xx.xx Transferências Constitucionais e Legais de Receitas – Inter OFSS – União Neste sentido e a partir dessas exemplificações, recomenda-se que você, caro aluno, faça as leituras complementares de forma a auxiliar e complementar seus estudos sobre a contabilidade aplicada ao setor público. Saiba mais Confira mais informações sobre o PCASP acessando o site da Secretaria do Tesouro Nacional: <https://www.tesouro.fazenda.gov.br/pcasp>. Para conhecer a Instrução de Procedimentos Contábeis – IPC 00 – Plano de Transição para Implantação da Nova Contabilidade, Anexo III, acesse: <https://www.tesouro.fazenda.gov.br/publicacoes-e- orientacoes#instrucoesdeprocedimentoscontabeis> e <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/545938/S%C3%8DNTE SE+DE+ALTERA%C3%87%C3%95ES+- +PCASP+FEDERA%C3%87%C3%83O+-+Consolidado.pdf/6a709445-a07d- 4199-aaa2-7e0c446e1568>. 24 TROCANDO IDEIAS Diante da leitura inicial indicada do artigo “Processo de Implantação do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP): Análise sobre a percepção de contadores públicos sobre o Sistema de Planejamento e Gestão Fiscal de Santa Catarina (SIGEF)”1, você deve elencar as dificuldades de implantação de um plano de contas no setor público e refletir sobre elas. NA PRÁTICA 1. (Questão de concurso – Assembleia Legislativa (BA) – 2014 – Banca: FGV) As entidades do setor público que estão sujeitas a depreciação são: a. os bensmóveis de natureza cultural como antiguidades. b. os bens de uso comum, que absorveram recursos públicos, considerados de vida útil indeterminada. c. os animais destinados à exposição. d. os prédios onde funcionam as sedes oficiais de entidades públicas. e. os terrenos rurais. 2. (Questão de concurso – TRT 11ª Região (AM e RR) – 2017 – Banca: FCC) No Plano de Contas Aplicado ao Setor Público, são contas do Ativo: a. Variações Monetárias e Cambiais; Bens Imóveis. b. Variações Patrimoniais Diminutivas Pagas Antecipadamente; Softwares. c. Provisões de Curto Prazo; Depreciação Acumulada − Bens Imóveis. d. Propriedades para Investimentos; Resultados de Exercícios Anteriores. e. Participações Permanentes; Descontos Financeiros Obtidos. 3. (Questão de concurso – IBGE – 2017 – Banca: FGV) Ao contrário do que ocorre no setor privado, no setor público o reconhecimento de receitas e despesas usualmente pode decorrer de transações sem contraprestação. Assim, considerando as disposições do MCASP para identificação e reconhecimento de transações sem contraprestação, é correto afirmar que: a. Ativos obtidos por meio de uma transação sem contraprestação deverão ser inicialmente mensurados pelo custo. 1 Disponível em: <http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/arquivos_artigos/artigos/1124/20170815150224.pdf>. 25 b. Ativos obtidos por meio de uma transação sem contraprestação não estão sujeitos a ajustes de perdas de créditos. c. a obtenção de controle de recursos é um requisito necessário para registrar ativos obtidos por meio de uma transação sem contraprestação. d. impostos não satisfazem a definição de transação sem contraprestação, uma vez que o ente público presta uma série de serviços públicos. e. variações no valor justo de ativos obtidos por meio de uma transação sem contraprestação são reconhecidas diretamente no patrimônio líquido. 4. (Questão de concurso – TJ-RO – 2015 – Banca: FGV) A Parte II – Procedimentos Contábeis Patrimoniais do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – MCASP trata da definição e requisitos de mensuração e reconhecimento de Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. Assim, um dos elementos que caracteriza uma provisão é: a. a obrigação decorrente de apropriações por competência. b. obrigação possível resultante de eventos passados. c. obrigação presente, com provável saída de recursos. d. obrigação que será confirmada pela ocorrência de um ou mais eventos futuros incertos. e. inexistência de incerteza sobre o prazo da obrigação. 5. (Questão de concurso – TRT 8ª Região (PA e AP) – 2016 – Banca: Cespe) Acerca dos procedimentos de reavaliação, redução ao valor recuperável (impairment) e depreciação, assinale a opção correta, de acordo com o MCASP. a. A perda por irrecuperabilidade do ativo deve ser reconhecida em conta de ajustes de exercícios anteriores, no patrimônio líquido. b. No setor público, o procedimento de redução a valor recuperável é aplicado exclusivamente para os ativos não geradores de caixa. c. O procedimento contábil da depreciação não deve ser aplicado quando o ativo se tornar ocioso ou for retirado de uso. d. Caso a entidade faça a opção pelo procedimento da reavaliação, esta deverá ser efetuada anualmente, mesmo que os itens do ativo não venham a sofrer mudanças significativas no valor justo. e. A depreciação acumulada deve ser eliminada contra o valor contábil bruto no item do ativo a ser reavaliado. 26 Respostas 1. Resposta: d Comentário: Conforme entendimento da NBC T 16.9 (2008): 12. Não estão sujeitos ao regime de depreciação: a) bens móveis de natureza cultural, tais como obras de artes, antiguidades, documentos, bens com interesse histórico, bens integrados em coleções, entre outros; b) bens de uso comum que absorveram ou absorvem recursos públicos, considerados tecnicamente, de vida útil indeterminada; c) animais que se destinam à exposição e à preservação; d) terrenos rurais e urbanos. 2. Resposta: b Comentário: Vide MCASP 7. ed. e PCASP 2017. 3. Resposta: c Comentário: Os ativos obtidos por meio de uma transação sem contraprestação deverão inicialmente ser mensurados. Conforme estabelece o MCASP (Brasil, 2017) no item 8.3.2: A entidade deve reconhecer o ativo oriundo de uma transação sem contraprestação quando obtiver o controle de recursos que se enquadrem na definição de um ativo e satisfaçam os critérios de reconhecimento a seguir: a. Seja provável que benefícios econômicos futuros e potencial de serviços associados com o ativo fluam para a entidade; e b. O valor justo do ativo possa ser mensurado em conformidade com as características qualitativas e com observância das restrições da informação contábil. O ativo obtido por meio de uma transação sem contraprestação deverá ser inicialmente mensurado pelo seu valor justo na data de aquisição (alternativa A). Caso o ente receba numa transação sem contraprestação um item que possua características essenciais de ativo, mas que não satisfaçam os critérios para o reconhecimento, essa situação pode justificar sua evidenciação em notas explicativas como ativo contingente. Nesses casos, deve-se observar a parte II, capítulo 9, [do] Manual para realizar os devidos procedimentos contábeis. 4. Resposta: c Comentário: Provisões são obrigações presentes, derivadas de eventos passados, de cujos pagamentos se espera que resultem em saídas de recursos para a entidade capazes de gerar benefícios econômicos ou potencial de serviços, e que possuem prazo ou valor incerto. 5. Resposta: e Comentário: A frequência com que as reavaliações são realizadas depende das mudanças dos valores justos dos itens do ativo que serão reavaliados. Quando um item do ativo imobilizado é reavaliado, a depreciação acumulada na data da reavaliação deve ser eliminada contra o valor contábil bruto do ativo, atualizando- se o seu valor líquido pelo valor reavaliado (Brasil, 2017). 27 FINALIZANDO Considerando todo esse contexto de conceitos e procedimentos contábeis, faz-se relevante poder elaborar as demonstrações contábeis aplicáveis ao setor mediante a ocorrência dos eventos passados, considerando as certezas de valores de e de prazo, bem como elaborando-as de acordo com as normas e legislações vigentes. Figura 2 – Demonstrações contábeis Assim, pode-se proporcionar ao setor público a oportunidade de usar os demonstrativos não só para fins fiscais e de prestação de contas, mas sem sombra de dúvida para a tomada de decisão. Eventos Normas Contas 28 REFERÊNCIAS ASSUMPÇÃO, M. Contabilidade pública. Curitiba: InterSaberes, 2012. BERNADONI, D. L. Planejamento e Orçamento na Administração Pública. Curitiba: InterSaberes, 2013. BEZERRA FILHO, J. E. Contabilidade Pública: teoria, técnica de elaboração de balanços e questões. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. BRASIL. Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 mar. 1964. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. _____. Lei n. 10.180, de 6 de fevereiro de 2001. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 fev. 2001. _____. Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 nov. 2011. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. 6. ed. Brasília, 2014. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/456785/MCASP+7%C2 %AA%20edi%C3%A7%C3%A3o+Vers%C3%A3o+Final.pdf/6e874adb-44d7-490c-8967-b0acd3923f6d>. Acesso em: 28 set. 2017. _____. Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP). Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/mcasp>. Acesso em: 28 set. 2017. BRASIL. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Manual Técnico de Orçamento 2017 – 1ª Versão. Brasília, 2016. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/assuntos/orcamento-1/informacoes- orcamentarias/arquivos/MTOs/mto_2017-1a-edicao-versao-de-06-07- 16.pdf/view>. Acesso em: 28 set. 2017. CORBARI, E. C.; MACEDO, J. de J. Controle interno e externo na administração pública. Curitiba: InterSaberes, 2012. DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 21 ed. São Paulo: Atlas, 2008. PALUDO, A. V. Orçamento público, administração financeira e orçamentária e LRF7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. 29 PROCESSO de Implantação do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP): Análise sobre a percepção de contadores públicos sobre o Sistema de Planejamento e Gestão Fiscal de Santa Catarina (SIGEF). In: CONGRESSO UFSC DE CONTROLADORIA E FINANÇAS, 7., 2017, Florianópolis. Anais..., Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2017. Disponível em: <http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/arquivos_artigos/artigos/1124/2017081515022 4.pdf>. Acesso em: 28 set. 2017. SILVA, L. M. da. Contabilidade Governamental: Um enfoque administrativo. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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