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1 CAPACITAÇÃO GESTÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO: com ênfase nos procedimentos contábeis de avaliação, reavaliação, redução ao valor recuperável, depreciação, amortização e exaustão de bens moveis e imóveis Instrutor: José Fernando Domiciano – Auditor de Controle Externo do TCERO Mestre em contabilidade governamental Carga horária: 20 horas Porto Velho, 2019 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 3 2 CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................................................... 5 3 MENSURAÇÃO E RECONHECIMENTO DO ATIVO IMOBILIZADO ......................... 8 3.1 Reconhecimento, Desreconhecimento e Desfazimento do Ativo .................................. 10 3.1.1 Reconhecimento ......................................................................................................... 10 3.1.2 Desreconhecimento .................................................................................................... 13 3.1.3 Desfazimento .............................................................................................................. 13 3.1.3.1 Como pode ocorrer a movimentação, alienação e outras formas de desfazimento de bens públicos ....................................................................................... 14 3.1.3.2 Como considerar um bem permanente para desfazimento ............................ 14 3.2 Diferenciação entre material permanente e material de consumo ............................... 15 3.3 Intangível ........................................................................................................................... 15 4 PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS DE AVALIAÇÃO, REAVALIAÇÃO, REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL, DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO ..... 16 4.1 Procedimento inicial ......................................................................................................... 16 4.2 Baixa e Reclassificações .................................................................................................... 16 4.3 Inventário na Administração Pública ............................................................................. 17 4.3.1 Princípios básicos do Inventário............................................................................... 18 4.3.2 Fases do Inventário .................................................................................................... 19 4.3.3 Tipos de Inventário .................................................................................................... 19 4.3.4 Avaliação dos Bens no processo de inventário ........................................................ 20 4.3.5 Comissões de Inventários .......................................................................................... 20 4.3.6 Tombamento dos Bens Públicos ............................................................................... 22 4.3.6.1 Marcação Física .................................................................................................. 22 4.3.6.2 Fixação de Plaqueta ............................................................................................ 22 4.4 Reavaliação dos Bens Públicos ........................................................................................ 24 4.5 Redução ao valor recuperável ......................................................................................... 25 4.6 Depreciação, amortização e exaustão ............................................................................. 28 4.6.1 Depreciação ................................................................................................................ 29 4.6.1.1 Método de Depreciação ...................................................................................... 31 4.6.2 Amortização ............................................................................................................... 31 4.6.2.1 Método de Amortização ..................................................................................... 33 4.6.3 Exaustão...................................................................................................................... 34 5 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ................................................................................................ 35 6 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 43 3 1 INTRODUÇÃO O patrimônio é o objeto administrado que serve para propiciar às entidades a obtenção de seus fins. Para que um patrimônio seja considerado como tal, este deve atender a dois requisitos: a) O elemento ser componente de um conjunto que possua conteúdo econômico avaliável em moeda; e b) exista interdependência dos elementos componentes do patrimônio e vinculação do conjunto a uma entidade que vise alcançar determinados fins. Sob a perspectiva econômica, o patrimônio é considerado uma riqueza ou um bem suscetível de cumprir uma necessidade coletiva, sendo este observado sob o aspecto qualitativo, enquanto que sob o enfoque contábil observa-se o aspecto quantitativo (Ativo = Passivo + Situação Líquida). Exceção a alguns casos, quando se utiliza o termo “substância patrimonial” é que, nesse caso, a contabilidade também visualiza o patrimônio de forma qualitativa. Nesse contexto, o objeto de estudo desta capacitação é a parcela do patrimônio público denominado “ativo permanente”, envolvendo os aspectos relacionados aos procedimentos contábeis de avaliação, reavaliação, redução ao valor recuperável, depreciação, amortização e exaustão. No setor público, a principal razão de se manterem ativos imobilizados e outros ativos é voltada para o potencial de serviços desses ativos e, não, necessariamente, para a sua capacidade de gerar fluxos de caixa (NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL). A gestão dos bens patrimoniais tem como principais objetivos manter e controlar adequadamente o acervo de bens patrimoniais, estabelecer responsabilidades pelo seu uso, conservação, movimentação e guarda. Além disso, a gestão dos bens patrimoniais permite o reconhecimento tempestivo e fidedigno pela contabilidade dos fatos que provoquem alteração da situação patrimonial da entidade/órgão. Nesse sentido, a gestão patrimonial no setor público envolve os procedimentos de aquisição, recebimento e alienação de bens conforme previsto na lei n. 8.666/93, concomitante com a observação à Lei n. 4.320/64, que versa sobre a contabilização e obrigatoriedade da prática de inventário anual, e ainda a observação a Lei Complementar n. 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que regula a gestão fiscal e patrimonial dos recursos públicos e que visa buscar o equilíbrio e eficiência da gestão pública. Desse modo, o gestor público responsável pelo patrimônio tem o grande desafio de operacionalizar a legislação em vigor com atividades de normatização interna dos procedimentos de controle de tombamento e recebimento dos bens móveis e imóveis adquiridos por aquisição, doação ou outra forma; desenvolvimento de metodologias para realização do inventário e constante busca no aprimoramento do controle e das informações gerenciais. OBJETIVO: ao final desta capacitação o participante deverá ter uma visão panorâmica da gestão patrimonial e estar apto para compreender e aplicar os procedimentos contábeis de avaliação, reavaliação, redução ao valor recuperável, depreciação, amortização e exaustão de bens móveis e imóveis. 4 Nesse sentido, o art. 23 da Constituição Federal de 1988, estabelece que é de competência comum da União, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público.A Gestão Patrimonial no âmbito da Administração Pública tem merecido destaque e vem sendo reformulada em diversos aspectos, principalmente em decorrência de orientações das Novas Normas Contábeis. Com as transformações ocorridas no âmbito da Contabilidade Pública Brasileira o patrimônio passou a ser visto como objeto de estudo da disciplina enquanto ciência, o que até bem pouco tempo, era privilégio apenas do orçamento. O enfoque no patrimônio visa à instituição de práticas que gerem informações mais confiáveis e transparentes e, ainda, uma maior harmonização com os padrões internacionais. Neste contexto, a importância do controle patrimonial nas instituições, tanto públicas quanto privadas, diz respeito principalmente à grande imobilização financeira alocada para aquisição de bens patrimoniais e da massa de custos adicionais decorrentes do emprego e conservação desses bens, exigindo permanente monitoramento no sentido de assegurar a salvaguarda patrimonial. O controle patrimonial é composto, basicamente, das atividades de tombamento, baixa, transferência e movimentação do acervo. Envolve, também, a implementação de procedimentos, a revisão da contabilidade relativa ao patrimônio (reconhecimento inicial e registros decorrentes), a identificação de todos os bens (placas, etiquetas) e o inventário; este último representa uma comparação dos registros com o levantamento físico dos bens feito anteriormente e um completo saneamento contábil, visando a conciliar a realidade fática com os registros contábeis. Nesta direção, é relevante mencionar, ainda, que o patrimônio público, em linhas gerais, é o conjunto de bens, direitos e obrigações suscetíveis de apreciação econômica, obtida por meio de compra, doação ou outra forma de aquisição, devidamente identificado e registrado administrativa e contabilmente. Assim, constitui-se em múnus público a gestão, eficiente e eficaz, dos bens patrimoniais afetos a determinada entidade/órgão, pois o dever de administrar eficientemente os bens públicos é do ente público aos quais os mesmos pertencem e/ou estejam vinculados. Neste sentido, o sistema contábil e de controle exercem papel relevante, pois a contabilidade é um sistema receptor de dados referentes a operações governamentais cujo produto final é a informação de natureza econômico-financeira, materializada nas demonstrações contábeis. Por meio da contabilidade se controla o patrimônio econômico-financeiro de uma entidade, assim denominado porque constitui o conjunto de bens, direitos e obrigações passíveis de avaliação monetária, utilizado para a realização das atividades financeiras e econômicas de uma organização. Nesta senda, é preciso considerar que a contabilidade tem como resultado uma série de informações a respeito do patrimônio econômico-financeiro, das atividades executadas e do resultado obtido pela entidade, ao final de determinado período. É a informação contábil por excelência, um sistema de informações voltadas ao controle patrimonial e ao processo decisório. É perceptível que o controle da gestão patrimonial utiliza outros instrumentos, como o orçamento e a auditoria. Porém, é a contabilidade a principal fonte de informações para o controle. Daí a importância de “checar”, periodicamente, por meio de auditorias, por exemplo, se os instrumentos administrativos auxiliares que subsidiam os registros contábeis, como os 5 inventários físico-financeiros anuais, estão coerentes com a existência física dos bens e conciliam com as informações reportadas nas demonstrações contábeis. Neste contexto, objetivando atender exigências legais, sobretudo os comandos dos artigos 94, 95, 96 e 106, todos da Lei Federal n. 4.320/64, além do regramento estabelecido no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, expedido pela Secretaria do Tesouro Nacional - STN, e das exigências das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – NBCT 16, da Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TSP - Estrutura Conceitual, de 23 de setembro de 2016, é necessário manter registros que permitam identificar os bens do imobilizado, o valor original e os posteriores acréscimos ao custo, reavaliações, depreciação e baixas, dentre outros. Para isto, o controle patrimonial e os inventários físico-financeiros periódicos, são instrumentos administrativos que auxiliam na preservação e na gestão patrimonial. Quanto à sua natureza, os bens públicos podem ser: (a) móveis — os que podem ser transportados de um lugar para outro, por movimento próprio (semoventes) ou não. Os animais, por exemplo, são bens móveis; as máquinas, móveis de escritório, equipamentos etc., também são bens móveis; (b) imóveis — aqueles bens que não podem ser transportados de um lugar para outro sem que sofram alteração de substância, como as edificações em geral. Desta maneira, é relevante mencionar que os bens permanentes são aqueles que, em razão de seu uso corrente, não perdem a sua identidade física, e/ou tem uma durabilidade superior a dois anos. Por outro lado, conforme preconiza o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) – 7ª Edição1 -, embora um bem tenha sido adquirido como permanente, o seu controle patrimonial deverá ser feito baseado na relação custo-benefício desse controle. De mais a mais, a Constituição Federal prevê o princípio da economicidade (art. 70), que se traduz na relação custo-benefício. Assim, os controles devem ser simplificados quando se apresentam como meramente formais ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco. Assim, para fins de reconhecimento e evidenciação contábil, se deve sempre avaliar, dentre outros aspectos técnicos, a relação custo benefício do procedimento. Porém, isto não isenta a Administração de executar os controles administrativos sobre todo e qualquer bem público. 2 CONCEITOS BÁSICOS Ajustes de Exercícios Anteriores: são considerados os decorrentes de omissões e erros de registros ocorridos em anos anteriores ou de mudanças de critérios contábeis, devendo ser reconhecido à conta do patrimônio líquido e evidenciado em notas explicativas. Alienação: é o procedimento de transferência da posse e propriedade de um bem através da venda, doação ou permuta. Amortização: é a redução do valor aplicado na aquisição de direitos de propriedade e quaisquer outros, inclusive ativos intangíveis, com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado. Ativo: é um recurso controlado no presente pela entidade como resultado de evento passado. 1 Aprovado pela Portaria Conjunta STN/SOF nº 02, de 22 de dezembro de 2016 e pela Portaria STN nº 840, de 21 de dezembro de 2016. 6 Avaliação: é a atribuição de um valor monetário a itens do ativo ou passivo cuja obtenção decorreu de julgamento fundado em consenso entre as partes e que traduza, com razoabilidade, o processo de evidenciação dos atos e fatos da administração. Baixa patrimonial: é o procedimento de exclusão de bens do acervo do órgão. Bem fungível: é aquele que pode ser substituído por outro de mesmo gênero/espécie, quantidade e qualidade, sendo tal classificação típica de bens móveis, podendo-se citar os seguintes exemplos: computador, veículo, etc. Cessão de uso: é ato de colaboração entre repartições públicas em que aquela que tem bens desnecessários aos seus serviços cede o uso à outra que o está precisando. Custo de reposição ou substituição: é o custo mais econômico exigido para a entidade substituir o potencial de serviços de ativo (inclusive o montante que a entidade recebe a partir de sua alienação ao final da sua vida útil) na data do relatório (NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL). Custo histórico: é a importância fornecida para se adquirir ou desenvolver um ativo, o qual corresponde ao caixa ou equivalentesde caixa ou o valor de outra importância fornecida à época de sua aquisição ou desenvolvimento (NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL). Depreciação: é a redução do valor dos bens pelo desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. Desfazimento: consiste no processo de exclusão de um bem do acervo patrimonial da entidade/órgão, de acordo com a legislação vigente e expressamente autorizada pelo dirigente da unidade gestora. Exaustão: é a redução do valor, decorrente da exploração, dos recursos minerais, florestais e outros recursos naturais esgotáveis. Incorporação: é o registro de bens móveis ou imóveis ao patrimônio do órgão, sendo somente efetivada após o recebimento físico do bem e à vista da documentação correspondente. Intangíveis: são os recursos não monetários identificáveis e sem essência física, controlados e geradores de benefícios econômicos futuros ou serviços potenciais. Exemplos: softwares, patentes, direitos autorais, direitos sobre filmes cinematográficos, etc. Inventário: é o levantamento e identificação de bens e instalações, visando comprovação de existência física, integridade das informações contábeis e responsabilidade dos usuários detentores dos bens. Material de Consumo: é aquele que, em razão de seu uso corrente perde normalmente sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada a dois anos. Material Permanente: é aquele que, em razão de seu uso corrente, não perde a sua identidade física, e/ou tem uma durabilidade superior a dois anos. Mensuração: é o ato de constatação de valor monetário para itens do ativo ou passivo, expresso no processo de evidenciação dos atos e fatos da administração, revelado mediante a aplicação de procedimentos técnicos suportados em análises tanto qualitativas quanto quantitativas. Assim, o objetivo da mensuração é selecionar bases que reflitam de modo mais adequado o custo dos serviços, a capacidade operacional e a capacidade financeira da entidade de forma que seja útil para a prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão (NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL). 7 Patrimônio Público: é o conjunto de bens e direitos, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações. Permissão de uso: é o ato negociável, com ou sem condições, gratuito ou remunerado, por tempo certo, sempre modificável e revogável, unilateral, discricionário e precário, através do qual a Administração faculta ao particular a utilização individual de determinado bem, desde que, também de interesse da coletividade. Reavaliação: é a adoção do valor de mercado ou do valor de consenso entre as partes para os bens do ativo, quando estes forem superiores ao valor líquido contábil. Na impossibilidade de se estabelecer o valor de mercado, o valor do ativo permanente pode ser definido com base em parâmetros de referência, que considerem características, circunstâncias e localizações assemelhadas. Recurso: é um item com potencial de serviços ou com a capacidade de gerar benefícios econômicos. Redução a valor recuperável (impairment): é o ajuste ao valor de mercado ou de consenso entre as partes para bens do ativo, quando esse for inferior ao valor líquido contábil. É o reconhecimento de uma perda dos benefícios econômicos futuros ou potenciais de serviço de um ativo, adicional e acima do reconhecimento sistemático das perdas de benefícios econômicos futuros ou potenciais de serviço que se efetua normalmente. Unidade Contábil: é a entidade organizacional que possui patrimônio próprio. Valor bruto contábil: é o valor do bem registrado na contabilidade, em uma determinada data, sem a dedução da correspondente depreciação, amortização ou exaustão acumulada. Valor da reavaliação ou da redução do ativo a valor recuperável: é a diferença entre o valor líquido contábil do bem e o valor de mercado ou de consenso, com base em laudo técnico. Valor de aquisição: é a soma do preço de compra de um bem com os gastos suportados direta ou indiretamente para colocá-lo em condição de uso. Valor de mercado ou valor justo: é o valor pelo qual pode ser intercambiado um ativo ou cancelado um passivo, entre partes conhecidas ou interessadas, que atuam em condições independentes e isentas ou conhecedoras do mercado. Valor depreciável, amortizável e exaurível: é o valor original de um ativo deduzido do seu valor residual, quando possível ou necessária a sua determinação. Valor depreciável, amortizável e exaurível: é o valor original de um ativo deduzido do seu valor residual. Valor líquido contábil: é o valor do bem registrado na contabilidade, em uma determinada data, deduzido da correspondente depreciação, amortização ou exaustão acumulada. Valor recuperável: é o valor de venda de um ativo menos o custo para a sua alienação (preço líquido de venda), ou o valor que a entidade do setor público espera recuperar pelo uso futuro desse ativo nas suas operações, estimado com base nos fluxos de caixa futuros trazidos a valor presente por meio de taxa de desconto (valor em uso), o que for maior. 8 Valor residual: é o montante líquido que a entidade espera, com razoável segurança, obter por um ativo no fim de sua vida útil econômica, deduzidos os gastos esperados para sua alienação. Variações Patrimoniais: são as transações que resultam em alterações nos elementos patrimoniais (ativo, passivo e patrimônio líquido) da entidade do setor público, mesmo em caráter compensatório, afetando, ou não, o seu resultado. Vida útil econômica: é o período de tempo definido ou estimado tecnicamente, durante o qual se espera obter fluxos de benefícios futuros de um ativo. Vida útil: é o período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo ou o número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do ativo. Tombamento: consiste em identificar cada material permanente com um número único de registro patrimonial, denominado Número de Tombamento, Número de Patrimônio ou Registro Geral de Patrimônio. Carga patrimonial: instrumento administrativo de atribuição de responsabilidade pela guarda, conservação e uso dos bens permanentes ao seu consignatário. Detentor de carga patrimonial: ocupante de cargo de direção e chefia de unidade administrativa, ou servidor designado em Unidade de Localização, responsável pelo uso, guarda e conservação dos bens. Sempre que possível a carga patrimonial deve ser individualizada, atribuindo-se a responsabilidade ao usuário final do bem. 3 MENSURAÇÃO E RECONHECIMENTO DO ATIVO IMOBILIZADO Mensuração é a constatação de valor monetário para itens do ativo e do passivo decorrente da aplicação de procedimentos técnicos suportados em análises qualitativas e quantitativas. A globalização trouxe transformações irreversíveis, redesenhando os contornos econômicos e políticos entre as organizações, que, em virtude disso, tiveram que se adaptar para acompanharem as novas tendências do mercado mundial, pois, com o desfazimento das barreiras internacionais, o novo cenário econômico tornou-se mais competitivo e dinâmico. A convergência às normas internacionais aplicadas ao setor público delineou novos padrões às entidades públicas quanto aos procedimentos e práticas atinentes a gestão, assim como na elaboração e divulgação das demonstrações contábeis. Para se adequarem às transformações, as entidades e organizações, empresariais ou governamentais, tiveram de imprimir uma mudança de mentalidade e atitude, rompendo, dessa forma, paradigmas e por que não dizer dogmas institucionais e corporativos.Isso traz reflexos para a linguagem contábil, uma vez que investidores e credores queiram um melhor acompanhamento das empresas, independentemente de localização e legislação vigente, não importando onde elas estejam localizadas, nem que legislação elas sigam, devendo dispor das informações financeiras e patrimoniais adequadas a uma mesma linguagem, padronizada e capaz de superar as diferenças culturais existentes entre as nações, seus governos e suas empresas. Ou seja, de modo simplificado, busca-se uma única forma de produzir e compreender a informação contábil numa espécie de linguagem universal. 9 O Brasil buscou acompanhar este processo de padronização da Contabilidade juntamente com outros países, sempre no sentido de adotar os padrões internacionais. A convite da IFAC, o Conselho Federal de Contabilidade participou de reunião com outros países integrantes do bloco econômico-tecnológico emergente, conhecido por BRIC (Brasil, Rússia, índia e China), a fim de se inteirar do processo de implementação das Normas de Auditoria à Contabilidade. Na busca pela unificação dos padrões na contabilidade aplicada ao setor público, a IFAC possui um conselho encarregado de implementar as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (International Public Sector Accounting Standard - IPSAS) em todo o mundo. E o Brasil é um dos países que assumiu o compromisso de adotar as IPSAS. Posteriormente, abandonando a premissa de simples convergência, o Brasil passou a adotar as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (International Public Sector Accounting Standard - IPSAS). As cinco primeiras normas começaram a valer a partir de 1° de janeiro de 2017. O prazo para a convergência aos padrões internacionais segue o Plano de Implantação da Portaria STN n° 548/2015, que estabelece a adoção de forma gradual até 2024, na União, nos estados, no Distrito Federal e em todos os municípios. Seguindo as orientações do Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público - MCASP, o patrimônio, o orçamento, a execução orçamentária e financeira e os atos administrativos que provoquem efeitos de caráter econômico e financeiro no patrimônio das entidades públicas, devem ser mensurados ou avaliados monetariamente e registrados pela contabilidade. Nesse sentido, a mensuração e reconhecimento do ativo imobilizado no âmbito da Administração Pública passaram a ter uma nova dinâmica. Assim, a contabilidade governamental abandona, de certa forma, o viés orçamentário e passa a adotar a sistemática patrimonial em seus registros e evidenciações. O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – MCASP – 7ª ed. - prescreve que o ativo imobilizado é reconhecido inicialmente com base no valor de aquisição, produção ou construção. Quando os elementos do ativo imobilizado tiverem vida útil econômica limitada, ficam sujeitos a depreciação, amortização ou exaustão sistemática durante esse período, sem prejuízo das exceções expressamente consignadas. Quando se tratar de ativos do imobilizado obtidos a título gratuito, devem ser registrados pelo valor justo na data de sua aquisição, sendo que deverá ser considerado o valor resultante da avaliação obtida com base em procedimento técnico ou valor patrimonial definido nos termos da doação. Deve ser evidenciado em notas explicativas o critério de mensuração ou avaliação dos ativos do imobilizado obtidos a título gratuito, bem como a eventual impossibilidade de sua valoração, devidamente justificada. Após o reconhecimento inicial, a entidade detentora do ativo deve optar entre valorá-lo pelo modelo do custo ou da reavaliação. O modelo do custo consiste no valor de aquisição, produção ou construção menos a depreciação acumulada e as perdas acumuladas por imparidade. O modelo da reavaliação consiste no valor justo sujeito à reavaliação periódica menos a depreciação acumulada e as perdas acumuladas por imparidade. Os gastos posteriores à aquisição ou ao registro de elemento do ativo imobilizado devem ser incorporados ao valor desse ativo quando houver possibilidade de geração de benefícios 10 econômicos futuros ou potenciais de serviços. Qualquer outro gasto que não gere benefícios futuros deve ser reconhecido como despesa do período em que seja incorrido. No caso de transferências de ativos, o valor a atribuir deve ser o valor contábil líquido constante nos registros da entidade de origem. Em caso de divergência deste critério com o fixado no instrumento de autorização da transferência, este deve ser evidenciado em notas explicativas. Desse modo, segundo o MCASP, os itens do ativo imobilizado estão sujeitos à depreciação, amortização ou exaustão, cuja apuração deve ser feita mensalmente, quando o item do ativo estiver em condições de uso. Ao final de cada exercício financeiro a entidade deve realizar a revisão da vida útil e do valor residual do item do ativo. Ao fim da depreciação, da amortização e da exaustão o valor líquido contábil deve ser igual ao valor residual. 3.1 Reconhecimento, Desreconhecimento e Desfazimento do Ativo Conforme estabelece o MCASP, são os procedimentos contábeis de mensuração e registros que incorporam nas demonstrações contábeis os elementos patrimoniais (no caso do reconhecimento) ou retiram das demonstrações contábeis tais elementos, no caso de desreconhecimento. A entidade deverá aplicar o princípio geral de reconhecimento para todos os ativos imobilizados no momento em que os custos são incorridos, incluindo os custos iniciais e os subsequentes. Antes de efetuar a avaliação ou mensuração de ativos, faz-se necessário o reconhecimento do bem como ativo. O ativo imobilizado, incluindo os gastos adicionais ou complementares, é reconhecido inicialmente com base no valor de aquisição, produção ou construção. O custo de um item do imobilizado deve ser reconhecido como ativo sempre que for provável que benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços associados ao item fluirão para a entidade; e se o custo ou valor justo do item puder ser mensurado com segurança. Partindo dessa premissa, o item do imobilizado deve ter uma base monetária confiável. Partes sobressalentes principais e equipamentos em espera se qualificam como ativo imobilizado quando a entidade espera usá-los durante mais de um período. Também são reconhecidos como ativo imobilizado as peças sobressalentes e equipamentos para manutenção usados somente em conexão com um item do imobilizado. 3.1.1 Reconhecimento Reconhecimento é o processo que consiste em incorporar na demonstração contábil um item que atenda a definição de ativo, passivo, receita ou despesa e satisfaz os seguintes critérios: (a) for provável que algum benefício econômico futuro referente ao item flua para ou da entidade; e (b) tiver um custo ou valor que possa ser medido em bases confiáveis. Segundo o MCASP – 7º ed., um ativo deve ser reconhecido quando: a. Satisfizer a definição de ativo; e b. Puder ser mensurado de maneira que observe as características qualitativas, levando em consideração as restrições sobre a informação contábil. Também são reconhecidos no ativo os depósitos caracterizados como entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro. São exemplos destes depósitos as cauções em dinheiro para garantia de contratos, consignações a pagar, retenção de obrigações de terceiros a recolher e outros depósitos com finalidades especiais, como os para garantia de recursos. 11 Desse modo, um ativo deve ser reconhecido no patrimônio quando prováveis benefícios dele provenientes fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder ser determinado em bases confiáveis. Os ativos são devidamente reconhecidos inicialmente com base no valor de aquisição, produção ou construção. A entidade deverá aplicar o princípio geral de reconhecimento para todos os ativos imobilizados no momento em queos custos são incorridos. O custo de um item do ativo imobilizado compreende: a) seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos; b) quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e condição necessárias para o mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração; c) a estimativa inicial dos custos de desmontagem e remoção do item e de restauração do local (sítio) no qual este está localizado. Tais custos representam a obrigação em que a entidade incorre quando o item é adquirido ou como consequência de usá-lo durante determinado período para finalidades diferentes da produção de estoque durante esse período. Exemplos de custos diretamente atribuíveis são: - custos de preparação do local; - custos de frete e de manuseio (para recebimento e instalação); - custos de instalação e montagem; - custos com testes para verificar se o ativo está funcionando corretamente, após dedução das receitas líquidas provenientes da venda de qualquer item produzido enquanto se coloca o ativo nesse local e condição (tais como amostras produzidas quando se testa o equipamento); e. - honorários profissionais. Exemplos que não são custos de um item do ativo imobilizado são: - custos de abertura de nova instalação; - custos incorridos na introdução de novo produto ou serviço (incluindo propaganda e atividades promocionais); - custos da transferência das atividades para novo local ou para nova categoria de clientes (incluindo custos de treinamento); e. - custos administrativos e outros custos indiretos. O reconhecimento dos custos no valor contábil de um item do ativo imobilizado cessa quando o item está no local e nas condições operacionais pretendidas pela administração. O valor justo de um ativo para o qual não existem transações comparáveis só pode ser mensurado com segurança: - se a variabilidade da faixa de estimativas de valor justo razoável não for significativa; ou. - se as probabilidades de várias estimativas, dentro dessa faixa, puderem ser razoavelmente avaliadas e utilizadas na mensuração do valor justo. Caso a entidade seja capaz de mensurar com segurança tanto o valor justo do ativo recebido como do ativo cedido, então o valor justo do segundo é usado para determinar o custo do ativo recebido, a não ser que o valor justo do primeiro seja mais evidente. Se não houver evidências do valor justo baseadas no mercado devido à natureza especializada do item do ativo imobilizado e se o item for raramente vendido, exceto como parte de um negócio, a 12 entidade pode precisar estimar o valor justo usando uma abordagem de receitas ou de custo de reposição depreciado. Quando um ativo é adquirido por meio de uma transação sem contraprestação, ex: doações, seu custo deve ser mensurado pelo seu valor justo na data de aquisição. Assim, o reconhecimento de valores de um ativo imobilizado pode ocorrer de algumas formas, e varia de acordo com o tipo de bem e a forma como o mesmo ingressou na instituição. Os métodos mais tradicionais são: a) Reconhecido com base no valor de aquisição, produção ou construção, isto é, o bem é registrado pelo valor apresentado na nota fiscal ou qualquer outro documento que apresente seu custo de aquisição, produção ou construção. b) Quando se tratar de ativos do imobilizado obtidos a título gratuito, por meio de doação ou transferência, caso não conste no documento o valor de tais bens, deverá ser formada uma comissão com no mínimo três servidores, que devem identificar seu valor justo ou de mercado, bem como sua vida útil residual, para viabilizar seu registro no patrimônio do órgão/entidade. c) Os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos ou ativos intangíveis destinados à manutenção da atividade pública ou exercidos com essa finalidade são mensurados ou avaliados com base no valor de aquisição ou de produção. Já um ativo intangível deve ser reconhecido somente quando: a) for provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da entidade; e b) o custo do ativo possa ser mensurado com segurança. Os gastos posteriores à aquisição ou ao registro de elemento do ativo intangível devem ser incorporados ao valor desse ativo quando houver possibilidade de geração de benefícios econômicos futuros ou potenciais de serviços. Qualquer outro gasto deve ser reconhecido como despesa do período em que tenha incorrido. O ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente não deve ser reconhecido como ativo. O critério de mensuração ou avaliação dos ativos imobilizados ou intangíveis obtidos a título gratuito e a eventual impossibilidade de sua valoração devem ser evidenciados em notas explicativas. Após o reconhecimento inicial, a entidade detentora do ativo deve optar entre valorá-lo pelo modelo do custo ou da reavaliação. O modelo do custo consiste no valor de aquisição, produção ou construção menos a depreciação acumulada e as perdas acumuladas por imparidade. O modelo da reavaliação consiste no valor justo sujeito à reavaliação periódica menos a depreciação acumulada e as perdas acumuladas por imparidade. Os gastos posteriores à aquisição ou ao registro de elemento do ativo imobilizado devem ser incorporados ao valor desse ativo quando houver possibilidade de geração de benefícios econômicos futuros ou potenciais de serviços. Qualquer outro gasto que não gere benefícios futuros deve ser reconhecido como despesa do período em que seja incorrido. 13 No caso de transferências de ativos, o valor a atribuir deve ser o valor contábil líquido constante nos registros da entidade de origem. Em caso de divergência deste critério com o fixado no instrumento de autorização da transferência, este deve ser evidenciado em notas explicativas. 3.1.2 Desreconhecimento O desreconhecimento é o processo de avaliar se ocorreram mudanças, desde a data do relatório anterior, que justifiquem a remoção de elemento que tenha sido previamente reconhecido nas demonstrações contábeis, bem como remover esse item se tais mudanças ocorrerem. Assim, um ativo não é reconhecido no balanço patrimonial quando desembolsos tiverem sido incorridos ou comprometidos, dos quais seja improvável a geração de benefícios econômicos para a entidade após o período contábil corrente. O reconhecimento do ativo envolve a avaliação da incerteza relacionada à existência e à mensuração do elemento. As condições que dão origem à incerteza, se existirem, podem mudar. Portanto, é importante que a incerteza seja avaliada em cada data da demonstração contábil. Por exemplo, sob certas circunstâncias, o montante dos créditos tributários a receber cuja expectativa de geração de benefícios econômicos seja considerada remota (baixíssima probabilidade) devem ser desreconhecidos das demonstrações contábeis por não atenderem a definição de ativo. Entretanto, os bens desreconhecidos continuam sendo objeto de controle contábil em contas apropriadas (Classes/grupos 7 e 8 do PCASP), assegurando-se a devida transparência. 3.1.3 Desfazimento Consiste no processo de exclusão de um bem do acervo patrimonial da instituição, de acordo com a legislação vigente e expressamente autorizada pelo dirigente da unidade gestora. A administração pública deve instituir uma política de desfazimento de bens, pois todo bem tem um ciclo de vida útil. É necessário normatizar os procedimentos, levando em conta o interesse público e os demais princípios que regem a administração pública. Em geral, o processo de desfazimento deverá ser composto por: a) Portaria de designação da comissão de desfazimento; b) Relação dos bens para desfazimento; c) Laudo de avaliação; d) Justificativa do desfazimento; e) Contrato, conforme a modalidade de desfazimento;f) Relação de bens baixados no processo. Passos para se fazer um trabalho de desfazimento de bens públicos: • Inventário descritivo dos bens. • Levantamento dos bens: identificar, agrupar, mensurar (resulta na contagem das unidades componentes da massa patrimonial). • Arrolamento: colocar os bens em lista. Avaliação: atribuir valor e mérito ao objeto a ser avaliado. • Distribuição do material em lotes, facilitando sua classificação descritiva no inventario. 14 3.1.3.1 Como pode ocorrer a movimentação, alienação e outras formas de desfazimento de bens públicos Depois de realizado o inventário por comissão específica, esta poderá detectar que alguns bens não estão sendo utilizados pela unidade, podendo vir a ter um melhor destino e aproveitamento, que será realizado de acordo com o interesse público e se processará da seguinte forma: - Por transferência – modalidade de movimentação de material de acervo, com troca de responsabilidade, de uma unidade para outra, dentro do mesmo órgão ou entidade. - Por cessão – modalidade de transferência de acervo, com transferência gratuita de posse e troca de responsabilidade. - Por alienação – operação de transferência do direito de propriedade do material, mediante venda, permuta ou doação, quando da ocorrência de obsoletismo, inadequação ou imprestabilidade do bem (observar os preceitos da lei n. 8.666/93). - Por doação: permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência socioeconômica relativamente à escolha de outra forma de alienação, não devendo acarretar quaisquer ônus para os cofres públicos. - Por permuta: permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública. - Por venda: Os bens inservíveis classificados como irrecuperáveis ou antieconômicos poderão ser vendidos mediante concorrência, leilão ou convite. - Inutilidade ou abandono: Verificada a impossibilidade ou inconveniência da alienação de material classificado como irrecuperável, a autoridade competente determinará sua descarga patrimonial e sua inutilização ou abandono, após a retirada das partes economicamente aproveitáveis, porventura existentes, que serão incorporadas ao Patrimônio. A inutilização consiste na distribuição total ou parcial de material que ofereça ameaça vital para pessoas, risco de prejuízo ecológico, ou inconveniente de qualquer natureza, para a Administração Pública Federal. - Os desfazimentos por inutilização e abandono: deverão ser documentados mediante termos de inutilização ou de justificativa de abandono, os quais integração o respectivo Processo de Desfazimento. 3.1.3.2 Como considerar um bem permanente para desfazimento O material considerado genericamente inservível para a repartição, órgão ou entidade que detém sua posse ou propriedade, observando o seguinte quanto à destinação do material: a) Ocioso – quando, embora em perfeitas condições de uso, não estiver sendo aproveitado; b) Recuperável – quando sua recuperação for possível e orçar, no âmbito, a cinquenta por cento de seu valor de mercado; c) Antieconômico – quando sua manutenção for onerosa, ou seu rendimento precário, em virtude de uso prolongado, desgaste prematuro ou obsoletismo; d) Irrecuperável – quando não mais puder ser utilizado para o fim a que se destina, devido à perda de suas características ou em razão da inviabilidade econômica de sua recuperação. 15 3.2 Diferenciação entre material permanente e material de consumo Um aspecto relevante na gestão patrimonial da área pública é a diferenciação entre material permanente e material de consumo, pois é necessário considerar alguns parâmetros. Caso alguns dos parâmetros apresentados abaixo sejam verdadeiros, então o material é de consumo: a) Durabilidade – Se em uso normal perde ou tem reduzidas as suas condições de funcionamento, no prazo máximo de dois anos. Ex.: Lápis, borracha, papel. b) Fragilidade – Se sua estrutura for quebradiça, deformável ou danificável, caracterizando sua irrecuperabilidade e perda de sua identidade ou funcionalidade. Ex.: Jarras de louça/porcelana. c) Perecibilidade – Se está sujeito a modificações (químicas ou físicas) ou se deteriore ou perca sua característica pelo uso normal. Ex.: Gêneros alimentícios. d) Incorporabilidade – Se está destinado à incorporação a outro bem, e não pode ser retirado sem prejuízo das características físicas e funcionais do principal. Pode ser utilizado para a constituição de novos bens, melhoria ou adições complementares de bens em utilização, ou para a reposição de peças para manutenção do seu uso normal que contenham a mesma configuração. Ex.: Peças de veículos. e) Transformabilidade – Se foi adquirido para fim de transformação Ex.: Aço como matéria-prima para fabricação de armários ou madeira como matéria-prima para fabricação de prateleiras. Assim, o bem deve ser registrado na unidade como ativo quando ela o utiliza na produção ou fornecimento de bens ou serviços, ou para fins administrativos, inclusive os decorrentes de operações que transfiram para a entidade os benefícios, riscos e controle desses bens. 3.3 Intangível O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – MCASP – 7ª ed. Estabelece que os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da atividade pública ou exercidos com essa finalidade são mensurados ou avaliados com base no valor de aquisição ou de produção, deduzido do saldo da respectiva conta de amortização acumulada e do montante acumulado de quaisquer perdas do valor que hajam sofrido ao longo de sua vida útil por redução ao valor recuperável (impairment). Um ativo intangível deve ser reconhecido somente quando: a) For provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da entidade; e b) O custo do ativo possa ser mensurado com segurança. 16 4 PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS DE AVALIAÇÃO, REAVALIAÇÃO, REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL, DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO 4.1 Procedimento inicial O órgão ou a entidade inicialmente devem realizar ajustes para que as demonstrações contábeis reflitam a realidade dos seus elementos patrimoniais. Dessa forma, por exemplo, imobilizados e intangíveis devem ser mensurados inicialmente pelo custo ou valor justo, adotando-se, posteriormente, procedimentos de mensuração após o reconhecimento (como a depreciação para o caso do ativo imobilizado). O órgão ou a entidade deve registrar como Ajuste de Exercícios Anteriores os efeitos dos procedimentos de adoção inicial das normas. Após o reconhecimento, deve-se adotar as disposições sobre mensuração descritas MCASP. A entidade deverá aplicar o princípio geral de reconhecimento para todos os ativos imobilizados no momento em que os custos são incorridos, incluindo os custos iniciais e os subsequentes. Antes de efetuar a avaliação ou mensuração de ativos, faz-se necessário o reconhecimento do bem como ativo. O ativo imobilizado, incluindo os gastos adicionais ou complementares, é reconhecido inicialmente com base no valor de aquisição, produção ou construção. O custo de um item do imobilizado deve ser reconhecido como ativo sempre que for provável que benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços associados ao item fluirão para a entidade; e se o custo ou valor justo do item puder ser mensurado com segurança. Partindo dessa premissa, o item do imobilizado deve ter uma base monetária confiável. Partes sobressalentes principais e equipamentos em espera se qualificam como ativo imobilizado quando a entidade espera usá-los durante mais de um período. Também são reconhecidos como ativo imobilizado as peças sobressalentes e equipamentos para manutenção usados somente em conexão com um item do imobilizado. 4.2 Baixa e Reclassificações Antes da adoção dos procedimentos contábeis de avaliação, reavaliação, reduçãoao valor recuperável, depreciação, amortização e exaustão de bens moveis e imóveis, é necessário que a entidade/órgão faça ajuste nas contas contábeis, após análise detalhada de sua composição, para proceder com as devidas baixas e possíveis reclassificações de bens, seguindo, a título de exemplo, as seguintes etapas: a) Realizar a baixa de bens ociosos ou inservíveis, através de processo de desfazimento de bens feito por comissão específica, seguindo as diretrizes de governança da entidade/órgão; b) Efetuar a reclassificação dos bens alocados indevidamente em determinada conta contábil. Observar se há bens registrados como “permanente” e que a legislação atual os define como material de consumo; e, em seguida, proceder à sua desincorporação ou baixa; c) Proceder também à baixa dos bens cujos valores são irrisórios e seu controle demanda um custo superior ao mesmo (aplicação da Convenção Contábil da Materialidade), desta forma evitando trabalho desnecessário e improdutivo de reavaliação de bens que não são considerados permanentes. 17 Vencida esta etapa de ordenação das contas contábeis, efetivamente se entra na questão dos procedimentos contábeis de avaliação, reavaliação, redução ao valor recuperável, depreciação, amortização e exaustão. 4.3 Inventário na Administração Pública Inventário é a discriminação organizada e analítica de todos os bens (permanentes ou de consumo) e valores de um patrimônio, num determinado momento, visando atender uma finalidade específica. É um instrumento de controle para verificação dos saldos de estoques nos almoxarifados e depósitos, e da existência física dos bens em uso no órgão ou entidade, informando seu estado de conservação, e mantendo atualizados e conciliados os registros do sistema de administração patrimonial e os contábeis, constantes do sistema financeiro. Além disso, o inventário também pode ser utilizado para subsidiar as tomadas de contas indicando saldos existentes, detectar irregularidades e providenciar as medidas cabíveis. Através do inventário pode-se confirmar a localização e atribuição da carga de cada material permanente, permitindo a atualização dos registros dos bens permanentes bem como o levantamento da situação dos equipamentos e materiais em uso, apurando a ocorrência de dano, extravio ou qualquer outra irregularidade. O inventário físico-financeiro é o instrumento de controle para a verificação dos saldos de estoques nos almoxarifados e dos equipamentos e materiais permanentes em uso no órgão ou entidade. Assim, o Inventário Físico-Financeiro Anual da Entidade/Órgão é o procedimento administrativo que consiste no levantamento de todos os bens móveis, e imóveis de cada um dos locais determinados ou unidades descentralizadas da Administração Pública. A sua finalidade básica é a perfeita conciliação entre os registros contábeis e a existência física dos bens, refletindo a real situação patrimonial da Entidade/Órgão. Este procedimento técnico permite: (a) o ajuste dos dados escriturais de saldos e movimentações dos estoques com o saldo físico real nas instalações de armazenagem; (b) a análise do desempenho das atividades do encarregado do controle, por meio dos resultados obtidos no levantamento físico; (c) o levantamento da situação dos materiais de consumo estocados no tocante ao saneamento dos estoques; (d) o levantamento da situação dos equipamentos e materiais permanentes em uso e das suas necessidades de manutenção e reparos; (e) a constatação de que o bem móvel não é necessário naquela unidade, se for o caso, permitindo redistribuição para que não haja ociosidade e tampouco subutilização, assegurando racionalidade, efetividade e economicidade no uso dos bens patrimoniais públicos. Desta forma, o processo de inventário diz respeito a todos os bens tangíveis que integram o patrimônio, ou seja, aqueles que efetivamente são utilizados pela Administração nas suas atividades-fim e meio. Ele, o inventário físico-financeiro, deve ser expresso em quantitativos físicos e monetários. Para ser mais completo, indicará também as entradas, as saídas e os saldos, além de indicar o estado de conservação do bem e os aspectos relacionados à sua utilização. O inventário é fundamental para a Administração Pública, pois compreende a verificação in loco da existência física dos bens tangíveis. É obrigatório, vez que a legislação o estabelece pelo menos uma vez por ano (art. 96 da Lei Federal n° 4.320, de 17 de março de1964). Sendo aconselhada sua realização sempre que ocorrerem mudanças dos responsáveis pela gestão da entidade/órgão. 18 Os bens serão inventariados pelos respectivos valores históricos ou de aquisição, quando conhecidos, ou pelos valores constantes dos inventários anteriores, depreciados e ajustados por reavaliações, quando tecnicamente indicado, com indicação da data de aquisição e breve referência ao seu estado de conservação. Assim, a fim de manter atualizados os registros dos bens patrimoniais, bem como a responsabilidade dos setores onde se localizam tais bens, a Administração Pública deve proceder ao inventário mediante verificações físicas pelo menos uma vez por ano. Para fins de atualização física e monetária e de controle, a época da inventariação será, pelo menos: a) anual para todos os bens móveis e imóveis sob responsabilidade da setor de bens patrimoniais em 31 de dezembro (confirmação dos dados apresentados no Balanço Geral); e b) no início e término da gestão, isto é, na substituição dos respectivos responsáveis. É evidente que a entidade/órgão pode estabelecer critérios e períodos diferenciados para realização dos inventários físico-financeiros, visando ampliar os controles patrimoniais. Os bens serão inventariados pelos respectivos valores históricos ou de aquisição, quando conhecidos, ou pelos valores constantes de inventários já existentes, com indicação da data de aquisição. Durante a realização de qualquer tipo de inventário, fica vedada toda e qualquer movimentação física de bens localizados nos endereços individuais abrangidos pelos trabalhos, exceto mediante autorização específica das unidades de controle patrimonial, ou do dirigente do órgão, com subsequente comunicação formal a Comissão de Inventário de Bens. 4.3.1 Princípios básicos do Inventário São princípios que devem ser observados quando da execução do inventário: a) princípio da instantaneidade: determina o momento (dia e hora) para realizar o levantamento do inventário; b) princípio da oportunidade: estabelece que o tempo de execução do trabalho de levantamento deve ser o mínimo possível. A exatidão dos dados está intimamente ligada à proximidade da realização do trabalho; c) princípio da especificação: define a forma pela qual os elementos devem ser classificados, individualizados e agrupados dentro da mesma espécie; d) princípio da homogeneidade: elege um denominador comum para expressar uma ideia valorativa de todos os elementos, em geral a moeda corrente; e) princípio da integridade: determina que, uma vez fixados os limites do inventário, todos os elementos patrimoniais compreendidos deverão ser objeto do levantamento; e f) princípio da uniformidade: determina o estabelecimento das mesmas normas, estruturação e critérios gerais para a confecção de todos os inventários, ano após ano, de forma a permitir comparações entre eles. 19 4.3.2 Fases do Inventário Dois pontos devem ser destacados sobre as fases do inventário: a) o levantamento pode ser físico e/ou contábil. Levantamento físico, material ou de fato é o levantamento efetuado diretamente pela identificação e contagem ou medida dos componentes patrimoniais. Levantamento contábil é o levantamento pelo apanhado de elementos registrados nos livros e fichas de escrituração; e b) o simples arrolamento não interessa para a contabilidade se não for completado pela avaliação. Sem aexpressão econômica, o arrolamento serve apenas para controle da existência dos componentes patrimoniais. O inventário é dividido em três fases, a saber: a) Levantamento: compreende a coleta de dados sobre todos os elementos ativos e passivos do patrimônio e é subdividido nas seguintes partes: (i) identificação, que consiste na verificação das características dos bens, direitos e obrigações. Na identificação, procura-se separar os bens, direitos e obrigações por classes segundo a analogia de seus caracteres; (ii) agrupamento que é a reunião dos elementos que possuem as mesmas características (móveis, imóveis etc.); e (iii) mensuração que resulta da contagem das unidades componentes da massa patrimonial (peso, comprimento, número absoluto etc.); b) Arrolamento: é o registro das características e quantidades obtidas no levantamento. O arrolamento pode apresentar os componentes patrimoniais de forma resumida e recebe a denominação “sintético”. Quando tais componentes são relacionados individualmente, o arrolamento é analítico; e c) Avaliação: é nesta fase que é atribuída uma unidade de valor ao elemento patrimonial. Os critérios de avaliação dos componentes patrimoniais devem ter sempre por base o custo. A atribuição do valor aos componentes patrimoniais obedece a critérios que se ajustam a sua natureza, função na massa patrimonial e a sua finalidade. 4.3.3 Tipos de Inventário Os tipos de inventário geralmente são: a) de criação (ou inicial): quando criada uma nova unidade gestora, com o objetivo de relacionar os bens que ficarão sob a responsabilidade de seus administradores; b) de verificação: realizado a qualquer tempo, com o objetivo de verificar qualquer bem ou conjunto de bens, por iniciativa do Setor de Patrimônio, das unidades de controle patrimonial ou a pedido de qualquer detentor de carga ou responsável. Também pode ser realizado com o intuito de apurar indícios de prejuízos ao órgão, decorrentes de desaparecimentos, mau uso, ou outros fatos danosos, como, por exemplo, os causados por negligência etc.; c) de transferência: realizado quando ocorrer mudança definitiva de titular do órgão ou do detentor de carga patrimonial; d) de extinção ou transformação: realizado quando determinado órgão for extinto ou transformado em outro. No caso de extinção, esse inventário provocará o armazenamento dos 20 bens patrimoniais em local específico a fim de poder ser utilizado, através de distribuição, por outros órgãos; e e) anual: realizado ao final de cada exercício financeiro (que coincide com o ano civil) por comissão de servidores (designada pelo ordenador de despesa do órgão) especialmente para esse fim, e visa comprovar a exatidão dos registros de controle de todo o patrimônio do órgão, demonstrando o acervo de cada detentor de carga de cada unidade gestora, o valor total do ano anterior e as variações patrimoniais ocorridas no exercício, elaborado de acordo com o Plano de Contas da Administração Pública. Serve também para conciliar as informações contábeis expressas nas demonstrações financeiras. Por fim, dependendo do órgão, poderão ser adotados os inventários permanente, periódico e ainda serem utilizados os critérios de contagem por amostragem, que é o mais comum, porém mais sujeito a erros. 4.3.4 Avaliação dos Bens no processo de inventário Avaliação patrimonial é a atribuição de valor monetário a itens do ativo e do passivo decorrentes de julgamento fundamentado em consenso entre as partes e que traduza, com razoabilidade, a evidenciação dos atos e dos fatos administrativos. Um bem pode ser considerado, sem prejuízo de outras classificações e avaliações que a entidade/órgão julgue conveniente: a) reversível: é o bem móvel ou imóvel que integra o acervo patrimonial do órgão, o qual é indispensável à prestação do serviço público; b) alienável: é o bem móvel ou imóvel inservível ao ente público; c) inservível: é o bem considerado ocioso, cuja recuperação é antieconômica ou impossível, não sendo, portanto, mais viável sua utilização em qualquer atividade relacionada ao serviço prestado; d) alienável ocioso: é o bem que se encontra em perfeitas condições de uso, mas não está sendo utilizado; e) alienável de recuperação antieconômico: é o bem que apresenta desgaste prematuro ou obsolescência e possui rendimento precário, cuja recuperação seria onerosa, salvo aquele de valor histórico que poderá ser aproveitado pelo ente público; e f) irrecuperável: é o bem que não pode mais ser utilizado para o fim a que se destina devido à perda de suas características. 4.3.5 Comissões de Inventários A realização do inventário anual fica a cargo da Comissão de Inventário de Bens Permanentes, que será constituída por, no mínimo, 3 (três) servidores efetivos conhecedores de bens patrimoniais, entre outros da unidade administrativa de localização do bem que poderão acompanhar o levantamento. Entre os membros, um servidor poderá ser indicado pelo Presidente da Comissão com experiência na área de controle patrimonial. 21 A Comissão de Inventário é formalmente designada pelo dirigente do órgão, antes do término do primeiro semestre de cada ano, o que lhe dará tempo hábil para a execução dos levantamentos nos endereços individuais do órgão. Não é aconselhável a designação de comissão inventariante permanente. Para auxiliar a Comissão podem ser convocados estagiários e funcionários de empresas prestadoras de serviços, que desenvolverão tarefas administrativas. Além disso, pode ser designadas subcomissões, porém atuando sob supervisão do Presidente da Comissão Principal. É importante que dessa Comissão faça parte pelo menos um funcionário efetivo lotado nas unidades de controle patrimonial. No desempenho de suas funções, a Comissão de Inventário é competente para: a) cientificar o dirigente do órgão sobre todos os endereços individuais envolvidos, bem como os diversos centros de responsabilidade, com antecedência mínima de 72 horas da data marcada para o início dos trabalhos, a fim de viabilizar o acesso aos locais em inventário; b) solicitar ao detentor de carga patrimonial elementos de controle interno e outros documentos necessários aos levantamentos; c) requisitar servidores, máquinas, equipamentos, transporte, materiais e tudo mais que for necessário ao cumprimento das tarefas da Comissão; d) identificar a situação patrimonial e o estado de conservação dos bens inventariados, discriminando em relatório os suscetíveis de desfazimento, para ciência do dirigente do órgão; e) propor ao chefe da unidade gestora a apuração de irregularidades constatadas; f) relacionar e identificar, com numeração própria, os bens que se encontram sem o número de patrimônio ou sem o devido registro patrimonial, para as providências cabíveis; e g) solicitar o livre acesso em qualquer recinto para efetuar levantamento e vistoria de bens. A Comissão de Inventário de Bens Permanentes (uso e consumo) deve apresentar às unidades de controle do patrimônio um relatório do Inventário Anual, que o levará ao conhecimento da chefia responsável pela unidade gestora, relatando as inconsistências identificadas e as medidas saneadoras sugeridas. Esse relatório deve registrar, de forma circunstanciada, todas as irregularidades e demais aspectos observados nos trabalhos. Dele também devem constar as informações analíticas de bens levantados por detentor de carga patrimonial e resumo do fechamento contábil do exercício (valores). O inventário, depois de realizado, estará sujeito às análises e, consequentemente, aos ajustamentos necessários para a apresentação do balanço dentro do prazo estabelecido. As divergências que, porventura, surgirem por diferença de preços ou de avaliação serão ajustadas. Entretanto, se surgirem diferenças sem a devida explicação, a contabilidade poderá solicitar revisão ou apuração para que estas sejam cabalmenteesclarecidas. 22 Toda documentação pertinente a inventários deve ser arquivada pelas unidades de controle patrimonial, podendo ser colocada à disposição do Tribunal de Contas do Estado, ou de autoridades competentes, para efeito de controle interno e externo. Esses registros devem ser conferidos pelas unidades de controle patrimonial, de modo a caracterizar a espécie do bem e o responsável por ele. Deverão estar evidenciados o controle físico dos bens, as depreciações e as atualizações monetárias, as valorizações que sofrem e as baixas por alienação, perda, obsolescência etc. 4.3.6 Tombamento dos Bens Públicos O recebimento dos bens móveis pelos órgãos geralmente inicia-se pela conferência física dos bens pelo Almoxarifado. Após registro de entrada do bem no sistema de gerenciamento de material no Almoxarifado, o responsável por este encaminhará uma comunicação ao Setor de Patrimônio (com cópia da nota de empenho, documentos fiscais e outros que se fizerem necessários), informando o destino (centros de responsabilidades) dos bens. Se eles permanecerem em estoque, o Setor de Patrimônio deverá aguardar comunicação de saída deste, através de uma Guia de Baixa de Materiais emitida pelo Almoxarifado. Caso o bem seja entregue diretamente ao destino final, o Almoxarifado encaminhará a Guia de Saída ao Patrimônio (ou outro documento similar), juntamente com os demais documentos do processo de empenho. O tombamento consiste na formalização da inclusão física de um bem patrimonial no acervo do órgão, com a atribuição de um único número por registro patrimonial, ou agrupando-se uma sequência de registros patrimoniais quando for por lote, que é denominado “número de tombamento”. Pelo tombamento aplica-se uma conta patrimonial do Plano de Contas do ente/órgão a cada material, de acordo com a finalidade para a qual foi adquirido. O valor do bem a ser registrado é o valor constante do respectivo documento de incorporação (valor de aquisição). 4.3.6.1 Marcação Física Caracteriza-se pela aplicação, no bem, de plaqueta de identificação, por colagem ou rebitamento, a qual conterá o número de registro patrimonial. 4.3.6.2 Fixação de Plaqueta Na colocação da plaqueta deverão ser observados, no mínimo, os seguintes aspectos: a) local de fácil visualização para efeito de identificação, sempre que possível, por meio de leitor óptico, preferencialmente, na parte frontal do bem; b) evitar áreas que possam curvar ou dobrar a plaqueta ou que possam acarretar sua deterioração; e 23 c) evitar fixar a plaqueta em partes que não ofereçam boa aderência, por apenas uma das extremidades ou sobre alguma indicação importante do bem. Os bens patrimoniais recebidos devem sofrer marcação física antes de serem distribuídos aos diversos centros de responsabilidade do órgão. Os bens patrimoniais cujas características físicas ou a sua própria natureza impossibilitem a aplicação de plaqueta também terão número de tombamento, mas serão marcados e controlados em separado. Caso o local padrão para a colagem da plaqueta seja de difícil acesso, como, por exemplo, nos arquivos ou estantes encostadas na parede, que não possam ser movimentados devido ao peso excessivo, a plaqueta deverá ser colada no lugar mais próximo ao local padrão. Em caso de perda, descolagem ou deterioração da plaqueta, o responsável pelo setor onde o bem está localizado deverá comunicar, impreterivelmente, o fato ao Setor de Patrimônio, que adotará as providências cabíveis. A seguir, são apresentadas algumas sugestões para fixação de plaquetas (ou adesivos): a) estantes, armários, arquivos e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na parte frontal superior direita, no caso de arquivos de aço, e na parte lateral superior direita, no caso de armários, estantes e bens semelhantes, sempre com relação a quem olha o móvel; b) mesas e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na parte frontal central, contrária à posição de quem usa o bem, com exceção das estações de trabalho e/ou àqueles móveis que foram projetados para ficarem encostados em paredes, nos quais as plaquetas serão fixadas em parte de fácil visualização; c) motores: a plaqueta deve ser fixada na parte fixa inferior do motor; d) máquinas e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fixada no lado externo direito, em relação a quem opera a máquina; e) cadeiras, poltronas e bens semelhantes: neste caso a plaqueta nunca deve ser colocada em partes revestidas por courvin, couro ou tecido, pois estes revestimentos não oferecem segurança e nem estabilidade para fixação da plaqueta. Neste caso, o ideal é que a plaqueta seja fixada na base, nos pés ou na parte mais sólida; f) aparelhos de ar condicionado e bens semelhantes: em aparelhos de ar condicionado, o local indicado é sempre na parte mais fixa e permanente do aparelho, nunca no painel removível ou na carcaça; g) automóveis e bens semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na parte lateral direita do painel de direção, em relação ao motorista, na parte mais sólida e não removível, nunca em acessórios; h) quadros e obras de arte: a colocação da plaqueta, neste caso, deve ser feita de tal forma que não lhes tire a estética, nem diminua seu valor comercial; i) esculturas: nas esculturas a plaqueta deve ser fixada na base. Nos quadros ela deve ser colocada na parte de trás, na lateral direita; 24 j) quadros magnéticos: nos quadros magnéticos a plaqueta deverá ser colocada na parte frontal inferior direita. Caso não seja possível a colagem neste local, colar nesta mesma posição na parte posterior do quadro; e k) fixação de plaquetas em outros bens: entende-se como outros bens aqueles materiais que não podem ser classificados claramente como aparelhos, máquinas, motores, etc. Em tais bens, a plaqueta deve ser fixada na base, na parte onde são manuseados. 4.4 Reavaliação dos Bens Públicos A Lei Federal n° 4.320, de 17 de março de 1964, ao tratar de Ativo Permanente, permite que se proceda à reavaliação dos Bens Móveis e Imóveis, procedimento este que, utilizado adequadamente, torna mais real o valor do patrimônio público. Vejamos como esse diploma legal disciplina a matéria, in verbis: (...) Art. 106. A avaliação dos elementos patrimoniais obedecerá as normas seguintes: I - Os débitos e créditos, bem como os títulos de renda, pelo seu valor nominal, feita a conversão, quando em moeda estrangeira, à taxa de câmbio vigente na data do balanço; II - os bens móveis e imóveis, pelo valor de aquisição ou pelo custo de produção ou de construção; III - os bens de almoxarifado, pelo preço médio ponderado das compras. § 1° Os valores em espécie, assim como os débitos e créditos, quando em moeda estrangeira, deverão figurar ao lado das correspondentes importâncias em moeda nacional. § 2º As variações resultantes da conversão dos débitos, créditos e valores em espécie serão levadas à conta patrimonial. § 3º Poderão ser feitas reavaliações dos bens móveis e imóveis. (Grifamos). (...) Durante a elaboração dos inventários, uma das providências será a avaliação dos elementos constituintes do patrimônio, que se dá pelo valor de aquisição, de construção ou de produção para os bens móveis e imóveis ou de produtos industriais. Entende-se como reavaliação a técnica de atualização dos valores dos bens de uma instituição, por meio do preço de mercado, fundamentada em pareceres técnicos, no qual a diferença entre o valor originalmente consignado e o valor reavaliado deve ser registrada no patrimônio. Ocorre, assim, a superveniência ativa (situação em que o valor registrado na contabilidade, por qualquer motivo, sofre acréscimo independente de movimentação financeira). Existem duas situações principais, a saber: a) o sistema de patrimônio possui memória sobre o valor original de aquisição do bem, ou seja, seu valor histórico; e b) o sistema registra apenasum valor contábil, resultante das sucessivas conversões monetárias. Na primeira situação, deverá ser feita uma reavaliação que deverá levar em conta dois fatores: o estado de conservação do bem e seu preço de mercado. Na segunda situação, basta atualizar o valor do bem, por um indexador escolhido (exemplo: IGP- M), reavaliando-o automaticamente. 25 Assim, é importante que a entidade/órgão, antes de iniciar os procedimentos de depreciação, amortização e exaustão, deve reavaliar os seus bens, como uma das formas de identificar as perdas e ganhos patrimoniais (variações patrimoniais). A partir daí, os ativos devem ser depreciado mensalmente e, atendidos os pressupostos técnicos, submetidos periodicamente à análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível. 4.5 Redução ao valor recuperável Redução ao valor recuperável (impairment) é o reconhecimento de uma perda dos benefícios econômicos futuros ou potenciais de serviço de um ativo, adicional e acima do reconhecimento sistemático das perdas de benefícios econômicos futuros ou potenciais de serviço que se efetua normalmente. Nesse sentido, o valor da reavaliação ou da redução do ativo a valor recuperável é a diferença entre o valor líquido contábil do bem e o valor de mercado ou de consenso, com base em laudo técnico. Valor de mercado ou valor justo é o valor pelo qual pode ser intercambiado um ativo ou cancelado um passivo, entre partes conhecidas ou interessadas, que atuam em condições independentes e isentas. Custo de aquisição de um bem é a soma do respectivo preço de compra com os gastos suportados direta ou indiretamente para colocar o bem em condição de uso. A entidade deve avaliar ao fim de cada período de reporte, se há alguma indicação de que um ativo possa ter sofrido desvalorização. Se houver alguma indicação, a entidade deve estimar o valor recuperável do ativo. Independentemente de existir, ou não, qualquer indicação de redução ao valor recuperável, a entidade deve: (a) testar, no mínimo anualmente, a redução ao valor recuperável de um ativo intangível com vida útil indefinida ou de um ativo intangível ainda não disponível para uso, comparando o seu valor contábil com seu valor recuperável. Esse teste de redução ao valor recuperável pode ser executado a qualquer momento no período de um ano, desde que seja executado, todo ano, no mesmo período. Ativos intangíveis diferentes podem ter o valor recuperável testado em períodos diferentes. Entretanto, se tais ativos intangíveis foram inicialmente reconhecidos durante o ano corrente, devem ter a redução ao valor recuperável testada antes do fim do ano corrente; e A capacidade de um ativo intangível gerar benefícios econômicos futuros suficientes para recuperar seu valor contábil é usualmente sujeita a maior incerteza na fase em que o ativo ainda não está disponível para uso do que na fase em que ele já se encontra disponível para uso. Ao avaliar se há alguma indicação de que um ativo possa ter sofrido desvalorização, a entidade deve considerar, no mínimo, as seguintes indicações: Fontes externas de informação (a) durante o período, o valor de mercado do ativo diminuiu significativamente, mais do que seria de se esperar como resultado da passagem do tempo ou do uso normal; (b) mudanças significativas com efeito adverso sobre a entidade ocorreram durante o período, ou ocorrerão em futuro próximo, no ambiente tecnológico, de mercado, econômico ou legal, no qual a entidade opera ou no mercado para o qual o ativo é utilizado; (c) as taxas de juros de mercado ou outras taxas de mercado de retorno sobre investimentos 26 aumentaram durante o período, e esses aumentos provavelmente afetarão a taxa de desconto utilizada no cálculo do valor em uso de um ativo e diminuirão materialmente o valor recuperável do ativo; (d) o valor contábil do patrimônio líquido da entidade é maior do que o valor de suas ações no mercado. Resumo da Indicação de que um ativo está desvalorizado: Indicação externa: a) O valor do mercado do ativo diminuiu significativamente; b) Mudanças significativas com efeito adversos sobre a entidade ocorreram; c) As taxas de juros aumentaram; e d) O valor contábil do patrimônio líquido é maior que o valor de suas ações no mercado Fontes internas de informação: a) evidência disponível de obsolescência ou de dano físico de um ativo; b) mudanças significativas, com efeito adverso sobre a entidade, ocorreram durante o período, ou devem ocorrer em futuro próximo, na extensão pela qual, ou na maneira na qual, um ativo é ou será utilizado. Essas mudanças incluem o ativo que se torna inativo ou ocioso, planos para descontinuidade ou reestruturação da operação à qual um ativo pertence, planos para baixa de ativo antes da data anteriormente esperada e reavaliação da vida útil de ativo como finita ao invés de indefinida; c) evidência disponível, proveniente de relatório interno, que indique que o desempenho econômico de um ativo é ou será pior que o esperado; Indicações internas de informação: a) Evidência de obsolescência ou dano físico; b) Mudanças significativas com efeito adverso ocorreram na maneira que um ativo é ou será utilizado; c) Evidência disponível (relatório interno) que indique que o desempenho econômico de um ativo será pior que o esperado. Se houver indicação de que um ativo possa ter sofrido desvalorização, isso pode indicar que a vida útil remanescente, o método de depreciação, amortização e exaustão ou o valor residual para o ativo necessitem ser revisados e ajustados em consonância com os Pronunciamentos Técnicos aplicáveis ao ativo, mesmo que nenhuma perda por desvalorização seja reconhecida para o ativo. Mensuração do valor recuperável Valor recuperável = MAIOR valor entre: Valor líquido de vendas Valor de uso Valor justo líquido de despesa de venda: A melhor evidência do valor justo líquido de despesas de venda de um ativo é o preço de contrato de venda firme em transação em bases comutativas, entre partes conhecedoras e interessadas, ajustado por despesas adicionais que seriam diretamente atribuíveis à venda do 27 ativo. Se não houver contrato de venda firme, mas se o ativo for negociado em mercado ativo, o valor justo líquido de despesas de venda é o preço de mercado do ativo menos as despesas com a baixa. Se não houver contrato de venda firme ou mercado ativo para um ativo, o valor justo líquido de despesas de venda deve ser baseado na melhor informação disponível para refletir o valor que a entidade pode obter. Ao determinar esse valor, a entidade deve considerar o resultado de transações recentes para ativos semelhantes, dentro do mesmo setor industrial. Resumindo: 1) Valor justo líquido de despesas de venda Valor contratado (-) despesas de vendas; 2) Inexistindo Valor Contratado Valor negociado no mercado ativo (-) despesas de vendas; 3) Inexistindo Mercado Ativo Última transação realizada para ativos semelhantes. VALOR DE USO Valor em uso é o valor presente de fluxos de caixa futuros esperados que devem advir de um ativo ou de unidade geradora de caixa. A estimativa do valor em uso de um ativo envolve os seguintes passos: (a) estimar futuras entradas e saídas de caixa decorrentes de uso contínuo do ativo e de sua baixa final; e (b) aplicar taxa de desconto adequada a esses fluxos de caixa futuros. Valor em uso elementos a serem considerados: Os seguintes elementos devem ser refletidos no cálculo do valor em uso do ativo: (a) estimativa dos fluxos de caixa futuros que a entidade espera obter com esse ativo; (b) expectativas acerca de possíveis variações no montante ou no período de ocorrência desses fluxos de caixa futuros; (c) valor do dinheiro no tempo, representado pela atual taxa de juros livre de risco; (d) preço pela assunção da incerteza inerente ao ativo (prêmio); e (e) outros fatores,
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