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Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 1 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Aula 14 – pós-edital Contabilidade Pública para Auditor do TCE/SC Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães 2021 Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 2 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Sumário ATIVO ....................................................................................................................................................... 3 CONCEITO ............................................................................................................................................................. 3 RECONHECIMENTO E DESRECONHECIMENTO DE ATIVOS ................................................................................................ 5 BASES DE MENSURAÇÃO ......................................................................................................................... 6 DEFINIÇÕES CORRELATAS À AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO .............................................................................................. 9 DISPONIBILIDADES, APLICAÇÕES FINANCEIRAS DE LIQUIDEZ IMEDIATA E CRÉDITOS ........................... 11 DISPONIBILIDADES ............................................................................................................................................... 11 APLICAÇÕES FINANCEIRAS DE LIQUIDEZ IMEDIATA ...................................................................................................... 12 DIREITOS, TÍTULOS DE CRÉDITOS E AS OBRIGAÇÕES .................................................................................................. 12 ESTOQUES ............................................................................................................................................. 13 AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO .................................................................................................................................. 14 CUSTO DOS ESTOQUES ......................................................................................................................................... 15 AJUSTE DE PERDAS DE ESTOQUES .......................................................................................................................... 17 RECONHECIMENTO NO RESULTADO ........................................................................................................................ 17 INVESTIMENTOS PERMANENTES ........................................................................................................... 19 MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL............................................................................................................... 19 MÉTODO DO CUSTO ............................................................................................................................................. 20 ATIVO IMOBILIZADO ............................................................................................................................... 21 RECONHECIMENTO ............................................................................................................................................... 22 CRITÉRIO DO VALOR DO CONJUNTO ........................................................................................................................ 23 ATIVOS IMOBILIZADOS OBTIDOS A TÍTULO GRATUITO ................................................................................................ 23 BENS DE USO COMUM DO POVO ............................................................................................................................. 23 CUSTOS SUBSEQUENTES ....................................................................................................................................... 26 TRANSFERÊNCIAS DE ATIVOS ................................................................................................................................. 27 MENSURAÇÃO ..................................................................................................................................................... 27 EVIDENCIAÇÃO .................................................................................................................................................... 30 ATIVO INTANGÍVEL ................................................................................................................................. 32 RECONHECIMENTO ............................................................................................................................................... 33 PERMUTA DE ATIVOS ............................................................................................................................................ 38 PATRIMÔNIO CULTURAL INTANGÍVEL ...................................................................................................................... 38 MENSURAÇÃO ..................................................................................................................................................... 39 DESRECONHECIMENTO/BAIXA DO VALOR CONTÁBIL DE UM ITEM DO ATIVO INTANGÍVEL ................................................... 39 EVIDENCIAÇÃO .................................................................................................................................................... 39 DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO ......................................................................................... 40 DEFINIÇÕES ......................................................................................................................................................... 40 DEPRECIAÇÃO ..................................................................................................................................................... 41 EXAUSTÃO .......................................................................................................................................................... 48 AMORTIZAÇÃO .................................................................................................................................................... 50 REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL ...................................................................................................... 52 REAVALIAÇÃO ........................................................................................................................................ 56 QUESTÕES COMENTADAS ...................................................................................................................... 59 LISTA DE QUESTÕES............................................................................................................................. 112 GABARITO ............................................................................................................................................ 133 REFLEXÃO ............................................................................................................................................ 133 RESUMO DIRECIONADO ....................................................................................................................... 134 Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 3 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Aula 14 – Avaliação dos componentes patrimoniais: ativos E aí, gente! Tranquilo e de vento em popa? Nesta aula, veremos os tipos de ativos existentes, bem como métodos de mensuração desses. Os conceitos abordados aqui encontram-se no MCASP e em algumas Normas Técnicas (NBC TSP 04, 07, 08, 09 e 10), as quais sempre citaremos, quando for o caso. A título informativo, estudaremos os capítulos 3 a 7 da Parte II do MCASP, 8ª ed. Este assunto é bem mais conceitual que os demais já vistos, mas nos dará uma compreensão melhor da ContabilidadePública como um todo. Vamos lá! Ativo Pessoal, para deixar a aula bem completa, vamos começar revendo conceitos referentes ao ativo, e depois passaremos aos conceitos inéditos. Conceito Pessoal, antes de conceituarmos ativo, vamos relembrar a definição de patrimônio público vista na Aula 01: Patrimônio público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações. Ou seja, o patrimônio público contém uma parte “positiva” (bens e direitos) e uma parte “negativa” (obrigações). O ATIVO é entendido como a parte positiva desse patrimônio, os bens e direitos. Veremos que eles podem ser de diferentes tipos: tangíveis ou intangíveis, onerados ou não. Além disso, podem ser adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados. Vamos ver agora a definição de ativo segundo a NBC TSP – Estrutura Conceitual: Ativo é um RECURSO controlado pela entidade como resultado de eventos passados. Atenção! Ser “controlado” não quer dizer que a entidade tem a “propriedade” do recurso. Fiquem espertos! Controle do recurso, quer dizer que a entidade possui a capacidade de utilizar o recurso, diretamente ou por meio de terceiros controlados, de forma a auferir potencial de serviços ou benefícios econômicos para o cumprimento dos objetivos da entidade. Todavia, é claro que se a entidade tem a propriedade do recurso, então ela o controla. De fato, esse é um dos indicadores de controle elencados pela Estrutura Conceitual, para avaliar se a entidade controla o recurso no presente. Vejamos: Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 4 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública a) propriedade legal; b) acesso ao recurso ou a capacidade de negar ou restringir o acesso a esses; c) meios que assegurem que o recurso seja utilizado para alcançar os seus objetivos; ou d) a existência de direito legítimo ao potencial de serviços ou à capacidade para gerar os benefícios econômicos advindos do recurso. No entanto, a Estrutura Conceitual ressalta que, embora esses indicadores não sejam determinantes ou conclusivos acerca da existência do controle, sua identificação e análise podem nos auxiliar a decidir se são, de fato, recursos. Sobre ser resultado de um evento do passado, basta termos em mente que o ativo surge quando o poder for exercido e os direitos de receber recursos existirem, podendo surgir como resultado de uma transação ou outro evento passado, tal como compra de ativos por meio de uma transação comercial (com contraprestação) ou lançamento de tributos em desfavor de contribuintes (sem contraprestação). Ok, mas agora você diria: “macacos me mordam, professor! Que raio é esse negócio de “recurso” que está na definição de ativo?!?!” Calma, gafanhoto! Para nossa sorte, a NBC TSP – Estrutura Conceitual também essa definição: RECURSO é um item com potencial de serviços ou com a capacidade de gerar benefícios econômicos controlado pela entidade como resultado de eventos passados. Sobre as características do recurso, a Estrutura Conceitual acrescenta que: A forma física NÃO é uma condição necessária para um recurso. O potencial de serviços ou a capacidade de gerar benefícios econômicos podem surgir diretamente do próprio recurso ou dos direitos de sua utilização. Por via de consequência, isso também se aplica para o ativo. Além disso, a Estrutura Conceitual elenca que alguns recursos incluem os direitos da entidade a uma série de benefícios, por exemplo, o direito a: a) Utilizar o recurso para a prestação de serviços (inclusive bens); b) Utilizar os recursos de terceiros para prestar serviços como, por exemplo, arrendamento mercantil; c) Converter o recurso em caixa por meio da sua alienação; d) Beneficiar-se da valorização do recurso; e) Receber fluxos de caixa. Agora vamos voltar ao conceito de ativo. Como já sabemos o que é um recurso, podemos dizer então que o ativo precisa atender, simultaneamente, os seguintes requisitos: Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 5 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Por sua vez, potencial de serviços é definido pela Estrutura Conceitual como sendo a capacidade de prestar serviços, para consumo coletivo ou individual, que contribuam para alcançar os objetivos da entidade sem, necessariamente, gerar entrada líquida de caixa. Exemplos de ativos que ensejam potencial de serviços são os ativos de recreação, do patrimônio cultural (por exemplo, centros históricos), comunitários, de defesa nacional (por exemplo, baterias antiaéreas) e outros que sejam mantidos pelos governos e outras entidades do setor público e que sejam utilizados para a prestação de serviços a terceiros. Já os benefícios econômicos correspondem a entradas de caixa ou a reduções das saídas de caixa, as quais podem derivar, por exemplo: a) da utilização do ativo na produção e na venda de serviços; ou b) da troca direta do ativo por caixa ou por outros recursos. Reconhecimento e desreconhecimento de ativos Sobre o reconhecimento de ativos, segundo o MCASP, o ativo deve ser reconhecido quando atender a AMBOS os requisitos a seguir: a) Satisfizer a definição de ativo, isto é, quando se demonstrar que o ativo é: 1) controlado pela entidade; 2) é resultado de eventos passados; e 3) tem potencial de serviços ou capacidade de gerar benefícios econômicos. b) Puder ser mensurado, observando as características qualitativas, e considerando as restrições sobre a informação contábil. ATENÇÃO!!! O MCASP ressalta que também são reconhecidos no ativo os depósitos caracterizados como entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro. São exemplos destes depósitos as cauções em dinheiro para garantia de contratos, consignações a pagar, retenção de obrigações de terceiros a recolher e outros depósitos com finalidades especiais, como os para garantia de recursos. O processo de reconhecimento de um ativo envolve a análise da incerteza relacionada à existência e à mensuração do item que se pretende reconhecer. Uma vez que essas condições podem mudar, faz-se necessário que a incerteza seja avaliada em cada data da demonstração contábil, o que pode ensejar, inclusive, o desreconhecimento do ativo. Dito isso, vamos adiante! Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 6 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Bases de Mensuração Agora sim, adentramos os conceitos relativos ao núcleo desta aula. Veremos os diferentes elementos do ativo, quais sejam, disponibilidades, aplicações financeiras de liquidez imediata, créditos, estoques, investimentos permanentes, imobilizado e intangível, bem como métodos de mensuração do seu valor, além de conceitos como depreciação, amortização, exaustão, redução ao valor recuperável e reavaliação. Essa é uma parte muito relevante da contabilidade, pois para que as informações contábeis evidenciadas sejam fidedignas, é necessária a adequada determinação do valor monetário aos elementos patrimoniais. Inicialmente, vejamos o conceito de mensuração trazido pelo MCASP (8ª ed., pg. 157): Mensuração é o processo que consiste em determinar os valores pelos quais os elementos das demonstrações contábeis devem ser reconhecidos e apresentados nas demonstrações contábeis. Mas fica a pergunta: “por que é importante mensurar os elementos patrimoniais”? O próprio MCASP responde isso ao dispor que o objetivo da mensuração é: Selecionar bases que reflitam de modo mais adequado o custo dos serviços, a capacidade operacional e a capacidade financeira da entidade de forma queseja útil para a prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão. Ou seja, a ideia é sempre focada em subsidiar a accountability e a tomada de decisão! Essa seleção de bases, prossegue o MCASP, para a mensuração de ativos e passivos contribui para satisfazer os objetivos da elaboração e divulgação da informação contábil pelas entidades do setor público ao fornecer informação que possibilita os usuários avaliarem: a) O custo dos serviços prestados no período em termos históricos ou atuais; b) A capacidade operacional – a capacidade da entidade em dar suporte à prestação de serviços no futuro por meio de recursos físicos e outros; e c) A capacidade financeira – a capacidade da entidade em financiar as suas próprias atividades. As bases de mensuração são definidas considerando a satisfação de características qualitativas dos ativos e dos passivos e fornecem informações sobre os conceitos acima relacionados. Seguinte, pessoal: resumidamente, existem “métodos” para determinar o valor dos ativos e dos passivos nas demonstrações contábeis cuja utilização depende das características desses ativos e passivos. Seria difícil ou inviável, por exemplo, determinar o custo de reposição de um ativo insubstituível, certo? Igualmente, seria difícil Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 7 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública definir o custo histórico de um ativo desenvolvido há muito tempo. Vejamos agora as bases de mensuração dos ativos: Base de mensuração Descrição Entrada ou saída Observável ou não no mercado Específica ou não à entidade Custo histórico Valor para se adquirir ou desenvolver um ativo, o qual corresponde ao caixa ou equivalentes de caixa ou o valor de outra importância fornecida à época de sua aquisição ou desenvolvimento. Entrada Geralmente observável Específica para a entidade Valor de mercado (quando o mercado é aberto, ativo e organizado) Montante pelo qual um ativo pode ser trocado entre partes cientes e dispostas, em transação sob condições normais de mercado. Entrada e saída Observável Não específica para a unidade Valor de mercado (em mercado inativo) Saída Depende da técnica de atribuição de valor Depende da técnica de atribuição de valor Custo de reposição ou substituição Custo mais econômico exigido para a entidade substituir o potencial de serviços de ativo (inclusive o montante que a entidade recebe a partir de sua alienação ao final da sua vida útil) na data do relatório. Entrada Observável Específica para a entidade Preço líquido de venda Montante que a entidade pode obter com a venda do ativo após deduzir os gastos para a venda. Saída Observável Específica para a entidade Valor em uso Valor presente, para a entidade, do potencial de serviços ou da capacidade de gerar benefícios econômicos remanescentes do ativo, caso este continue a ser utilizado, e do valor líquido que a entidade receberá pela sua alienação ao final da sua vida útil. Saída Não observável Específica para a entidade Atenção!! Pense na tabela acima como uma espécie de glossário desta aula. Assim, sempre que você tiver alguma dúvida sobre o método que está sendo utilizado para mensurar o valor de um tipo de ativo, ou mesmo o porquê de ele estar sendo utilizado, peço para que recorra a ela, ok? Além disso, no início de cada tipo de ativo, serão apresentados os conceitos mais relevantes relativos ao seu processo de mensuração. Esquematicamente: Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 8 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública O MCASP ressalta que as bases de mensuração podem fornecer valores de entrada e valores de saída. Para o ativo, os valores de entrada refletem o custo da compra. O custo histórico e o custo de reposição são valores de entrada. Os valores de saída refletem os benefícios econômicos da venda e também o montante que será obtido com a utilização do ativo. Em economia diversificada, os valores de entrada e saída diferem à medida que as entidades, normalmente: a) Adquirem ativos concebidos para suas particularidades operacionais para as quais outros participantes do mercado não estariam dispostos a pagar valor semelhante; b) Incorrem em custos de transação na aquisição. Também segundo o MCASP, determinadas medidas podem ser classificadas como sendo ou não observáveis em mercado aberto, ativo e organizado. As medidas observáveis em mercado são, provavelmente, mais fáceis de serem compreendidas e verificadas do que as medidas não observáveis. Elas também podem representar mais fielmente os fenômenos que estejam mensurando. As medidas podem ser também classificadas conforme o fato de serem ou não específicas para a entidade. As bases de mensuração que são específicas para a entidade refletem as restrições de cunho econômico ou político presentes que afetam as utilizações possíveis de ativo e a extinção de passivo. As medidas específicas para a entidade podem refletir as oportunidades econômicas que não estão disponíveis para outras entidades e os riscos que não são vivenciados por estas. As medidas não específicas para a entidade refletem as oportunidades e os riscos gerais de mercado. A decisão de se utilizar ou não uma medida específica para a entidade é tomada com base no objetivo da mensuração e nas características qualitativas. O MCASP estabelece ainda que o patrimônio, o orçamento, a execução orçamentária e financeira e os atos administrativos das entidades do setor público que provocam efeitos de caráter econômico e financeiro no patrimônio da entidade devem ser mensurados ou avaliados monetariamente e registrados pela contabilidade. Nesse sentido, o MCASP enfatiza o princípio da essência sobre a forma, que deve prevalecer no caso de conflito entre as relações jurídicas, econômicas e patrimoniais, as quais devem ser consideradas na realização dos registros contábeis das transações das entidades do setor público. Por fim, o MCASP informa que a entidade do setor público deve aplicar métodos de mensuração ou avaliação dos ativos e dos passivos que possibilitem o reconhecimento dos ganhos e das perdas patrimoniais. Assim, o Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 9 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública reconhecimento de ajustes decorrentes de omissões e erros de registros ocorridos em anos anteriores ou de mudanças de critérios contábeis deve ser realizado à conta do patrimônio líquido e evidenciado em notas explicativas. Definições correlatas à avaliação e mensuração Antes de seguir e estudar os critérios de mensuração para cada elemento do ativo, faz-se necessário vermos algumas definições e terminologias úteis acerca da avaliação e mensuração de ativos e passivos do setor público trazidas no MCASP: Avaliação Patrimonial Avaliação patrimonial é a atribuição de valor monetário a itens do ativo e do passivo decorrentes de julgamento fundamentado em consenso entre as partes e que traduza, com razoabilidade, a evidenciação dos atos e dos fatos administrativos. Influência Significativa Influência significativa é o poder de uma entidade do setor público participar nas decisões de políticas financeiras e operacionais de outra entidade que dela receba recursos financeiros a qualquer título ou que represente participação acionária, sem controlar de forma individual ou conjunta essas políticas. Mensuração Mensuração é a constatação de valor monetário para itens do ativo e do passivo decorrente da aplicação de procedimentos técnicos suportados em análises qualitativas e quantitativas. Reavaliação Reavaliação é a adoção do valor de mercado ou de consenso entre as partes para bens do ativo. Redução ao Valor Recuperável Redução ao valor recuperávelé a perda de benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços de ativo superior ao reconhecimento sistemático da redução dos benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços do ativo devido à depreciação. A redução ao valor recuperável reflete, portanto, o declínio na utilidade do ativo para a entidade que o controla. Há um método próprio para isso o qual veremos num tópico específico desta aula. Valor de Aquisição Valor de aquisição é a soma do preço de compra de um bem com os gastos suportados direta ou indiretamente para colocá-lo em condição de uso. Valor Justo Valor justo (fair value) é o valor pelo qual um ativo pode ser intercambiado ou um passivo pode ser liquidado entre partes interessadas que atuam em condições independentes e isentas ou conhecedoras do mercado. No entanto, cumpre mencionar que a NBC TSP – Estrutura Conceitual não propôs o valor justo (fair value) como uma das bases de mensuração para ativos e passivos. Em substituição, propôs o valor de mercado, o qual foi definido do mesmo modo que o valor justo, ou seja, o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo extinto, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em transação sem favorecimentos. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 10 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Ressalta-se, porém, que a base de mensuração sob o valor justo ainda deverá permanecer em algumas normas editadas mesmo após a estrutura conceitual e em algumas NBCs TSP. Isso será gradualmente revisto de modo a excluir o valor justo. Valor Bruto Contábil Valor bruto contábil é o valor do bem registrado na contabilidade, em uma determinada data, sem a dedução da correspondente depreciação, amortização ou exaustão acumulada. Os conceitos de depreciação, amortização ou exaustão acumulada, bem como sua forma de cálculo serão vistos em tópico específico desta aula. Valor Líquido Contábil Valor líquido contábil é o valor do bem registrado na contabilidade, em determinada data, deduzido da correspondente depreciação, amortização ou exaustão acumulada, bem como das perdas acumuladas por redução ao valor recuperável. Valor Realizável Líquido Valor realizável líquido é a quantia que a entidade do setor público espera obter com a alienação ou a utilização de itens de inventário quando deduzidos os gastos estimados para seu acabamento, alienação ou utilização. Custo Histórico A quantia fornecida para se adquirir ou desenvolver um ativo, o qual corresponde ao caixa ou equivalentes de caixa ou o valor de outra quantia fornecida à época de sua aquisição ou desenvolvimento. O termo “custo histórico” também pode ser apresentado como “modelo de custo” ou, genericamente, como “mensuração baseada em custos”. Custo Corrente de Reposição É o custo que a entidade incorreria para adquirir o mesmo ativo na data da demonstração contábil. Valor Recuperável É o maior montante entre o valor justo líquido de despesas de venda do ativo ou da unidade geradora de caixa e o seu valor em uso. Vejamos como esse assunto foi exigido em prova: Questão para fixar (IF/MS – IF/MS – 2019) A NBC TSP – Estrutura Conceitual não propõe uma única base de mensuração (ou a combinação de bases de mensuração) para todas as transações, eventos e condições. Ao invés disso, apresenta bases de mensuração para ativos e passivos que fornecem informações sobre o custo de serviços prestados, a capacidade operacional e a capacidade financeira da entidade, além da extensão na qual fornecem informação que satisfaça as características qualitativas. Dentre as bases de mensuração propostas pela NBC TSP – Estrutura Conceitual para Ativos, estão: Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 11 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública A) Custo de reposição ou substituição e custo de liberação. B) Custo de liberação e preço líquido de venda. C) Custo de cumprimento da obrigação e custo de liberação. D) Custo de reposição ou substituição e preço líquido de venda. E) Custo de cumprimento da obrigação e preço líquido de venda. RESOLUÇÃO: Pessoal, mesmo que não tenhamos visto ainda a NBC TSP – Estrutura Conceitual, vimos justamente as bases de mensuração nesta aula, pois é um assunto que também está inserido no MCASP. Para responder a essa questão basta lembrar do nosso resumo esquemático: Assim, note que a única alternativa que contém duas bases de mensuração segundo o esquema acima é a letra D). Gabarito: LETRA D Nos tópicos seguintes, veremos como é realizada a mensuração dos diversos elementos do ativo, quais sejam: disponibilidades, aplicações financeiras de liquidez imediata, créditos, estoques, investimentos permanentes, imobilizado e intangível. Disponibilidades, aplicações financeiras de liquidez imediata e créditos Disponibilidades As disponibilidades podem ser entendidas, em geral, como Caixa e Equivalentes de Caixa, ou seja, recursos financeiros disponíveis em caixas e bancos, bem como aqueles que prontamente conversíveis em valores conhecidos de caixa e que estão sujeitos a um risco insignificantes de mudança de valor (poupança, por exemplo). Como era de se esperar, as disponibilidades são mensuradas ou avaliadas pelo valor original (valor inicialmente registrado), feita a conversão, quando em moeda estrangeira, segundo taxa de câmbio vigente na data das demonstrações contábeis. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 12 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Atenção!! Note que a data de referência para conversão de disponibilidades em moeda estrangeira para moeda nacional é a data das demonstrações contábeis e não a data da operação! Aplicações financeiras de liquidez imediata Já as aplicações financeiras de liquidez imediata são mensuradas ou avaliadas pelo valor justo (valor de mercado), atualizadas até a data das demonstrações contábeis. Tais atualizações são contabilizadas em contas de resultado, ou seja, como VPA ou VPD. Exemplo Suponha uma aplicação de R$ 1.000.000,00 em poupança em janeiro de 2019. Em fevereiro, esse ativo estará valendo (valor de mercado) exatamente R$ 1.003.715,00, sendo que os R$ 3.715,00 de ganho devem ser registrados como VPA, na conta 4.4.5.2.1.00.00 – Remuneração de Aplicações Financeiras Não se preocupe em decorar a conta contábil utilizada! A título de curiosidade, pode parecer muito ao ver o resultado do cálculo, mas o rendimento da poupança é baixíssimo frente a outros investimentos de risco similar! Direitos, Títulos de Créditos e as Obrigações Os direitos, os títulos de créditos e as obrigações são mensurados ou avaliados de acordo com as bases de mensuração dos ativos e dos passivos descritas anteriormente, feita a conversão, quando em moeda estrangeira, à taxa de câmbio vigente na data das demonstrações contábeis, salvo se houver orientação diversa específica no MCASP. Os riscos de recebimento de direitos são reconhecidos em conta de ajuste, a qual será reduzida ou anulada quando deixarem de existir os motivos que a originaram. Os direitos, os títulos de crédito e as obrigações prefixadas (ou seja, aqueles cuja taxa de atualização é estabelecida previamente) são ajustados a valor presente. Os direitos, os títulos de crédito e as obrigações pós-fixadas são ajustados considerando-se todos os encargos incorridos até a data de encerramento das demonstrações contábeis. O valor reconhecido como provisão deve corresponder à melhor estimativa de desembolso necessário para liquidar (ou extinguir) a obrigação presente na data das demonstrações contábeis. Mas não se preocupe com isso neste momento. As atualizações e os ajustes apurados são contabilizados em contas de resultado (VPA e VPD). Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 1413 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Exemplo Suponha que uma entidade aplique, em janeiro de 2019, R$ 1.000.000,00 em um fundo pré-fixado com rendimento de 1% a.m. (vamos supor os juros incida de forma simples) e sem taxa de administração. Passados quatro meses, o valor presente desse ativo é R$ 1.040.000,00 (basicamente, foram aplicados os 4% de juros aferidos no período sem descontar a inflação). Os R$ 40.000,00 de ganho constituem VPA. Caso o fundo fosse pós-fixado (digamos IPCA + 6% a.a.), com uma taxa de administração de 0,1% a.m., os mesmos R$ 1.000.000,00 aplicados em janeiro teriam que ser ajustados, passados os mesmos quatro meses, em R$ 4.000,00 a título de taxa de administração, constituindo VPD. Agora vejamos como esse assunto é exigido em provas de concurso. Questão para fixar (Cespe – SEFAZ/RS – 2018) Se determinado órgão público adquirir título de renda expresso em moeda estrangeira, a sua avaliação contábil será feita em moeda nacional e a conversão considerará a taxa de câmbio: A) na data da aquisição do título. B) média entre a taxa na data de aquisição e a taxa na data de alienação. C) na data da alienação do título. D) média entre a taxa na data de aquisição e a taxa na data do balanço patrimonial. E) na data do balanço patrimonial. RESOLUÇÃO: Conforme dispõe o MCASP (8ª ed., pg. 162) eventuais disponibilidades, direitos, títulos de créditos e as obrigações em moeda estrangeira devem ser convertidas à taxa de câmbio vigente na data das demonstrações contábeis. Dessa forma, está certa a alternativa E). Gabarito: LETRA E Estoques Além do MCASP, a NBC TSP 04 disciplina a os procedimentos contábeis relativos aos estoques. Estoques são definidos como sendo os ativos: a) Na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos no processo de produção; b) Na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou empregados na prestação de serviços; c) Mantidos para venda, incluindo, por exemplo mercadorias compradas por varejista para revenda ou terrenos e outros imóveis para revenda; ou d) Mantidos para distribuição no curso normal das operações ou no processo de produção, incluindo, por exemplo, livros didáticos para doação a escolas. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 14 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública O MCASP enfatiza que alguns estoques do setor público podem incluir: a) Munição; b) Estoque de material de consumo; c) Material de manutenção e expediente; d) Peças de reposição para instalações industriais e equipamentos, exceto aquelas tratadas pelas normas de ativos imobilizados; e) Estoques estratégicos (por exemplo, reservas de energia); f) Estoques de moeda não emitida; g) Materiais de serviço postal mantidos para venda (por exemplo, selos); h) Serviços em andamento; i) Materiais educacionais (didáticos) ou para treinamento; j) Serviços a clientes (por exemplo, serviços de consultoria e informática) que são vendidos sob valores normais de mercado em transação sem favorecimentos; e k) Terrenos e propriedades mantidos para a venda. Não obstante ser interessante se familiarizar com o rol acima, em geral, as questões de concurso informam quando se trata de estoques. Avaliação e Mensuração Segundo o MCASP, os estoques devem ser mensurados: Pelo valor de custo histórico ou pelo valor realizável líquido, dos dois o menor, exceto: a) Os estoques adquiridos por meio de transação sem contraprestação, que devem ser mensurados pelo seu valor justo (valor de mercado) na data da aquisição. Exemplo: bem doado à entidade; b) Os bens de almoxarifado, que devem ser mensurados pelo preço médio ponderado das compras, em conformidade com o inciso III do art. 106 da Lei 4.320/1964. Exemplo: cartuchos de tinta de impressora. Também, devem ser mensurados pelo custo histórico ou pelo custo corrente de reposição, dos dois o menor, os estoques mantidos para: a) Distribuição gratuita ou por valor irrisório. Exemplo: produtos a serem distribuídos por meio de cesta básica; b) Consumo no processo de produção de mercadorias a serem distribuídas gratuitamente ou por valor irrisório. Exemplo: estoque para merenda escolar (quando a entidade possui merendeira que prepara a comida). Lembre-se de que: Valor Realizável Líquido Valor realizável líquido é a quantia que a entidade do setor público espera obter com a alienação ou a utilização de itens de inventário quando deduzidos os gastos estimados para seu acabamento, alienação ou utilização. Custo Histórico A quantia fornecida para se adquirir ou desenvolver um ativo, o qual corresponde ao caixa ou equivalentes de caixa ou o valor de outra quantia fornecida à época de sua aquisição ou desenvolvimento. Custo Corrente de Reposição É o custo que a entidade incorreria para adquirir o mesmo ativo na data da demonstração contábil. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 15 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Esquematicamente: As regras vistas neste tópico se aplicam a todos os estoques com exceção dos seguintes: a) Produção em andamento proveniente de contratos de construção, incluindo contratos de serviços diretamente relacionados; b) Instrumentos financeiros; c) Ativos biológicos relacionados com a atividade agrícola e o produto agrícola no ponto da colheita; d) Serviços em andamento proporcionados sem custos ou por valor irrisório diretamente cobrado do beneficiário; e) Estoques mantidos por produtores de produtos agrícolas e florestais, produtos agrícolas após o ponto da colheita, minerais e produtos minerais, na medida em que eles sejam mensurados pelo valor realizável líquido; e f) Estoques mantidos por operadores de commodities que mensurem seus estoques pelo valor justo deduzido dos custos de venda. Tais estoques, esclarece o MCASP, envolvem questões específicas do setor público que exigem considerações adicionais e, por isso, foram excluídos. Custo dos Estoques Por óbvio que há uma metodologia para determinar o custo dos estoques. Isso é necessário para definir o que entra e o que não entra no cômputo desse valor, o que não é tão simples assim... Exemplo: você incluiria os gastos com o frete para entrega dos itens de estoque no seu custo? Pois é, eles integram o custo dos estoques, enquanto que, como veremos, os gastos com armazenagem, em geral, não são incluídos! Confundiu?! Calma, porque vamos ver todas essas regrinhas agora. Segundo o MCASP, o valor de custo dos estoques deve incluir TODOS os custos de aquisição e de transformação, bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização atuais. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 16 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública O custo de aquisição compreende: a) O preço de compra; b) Os impostos de importação e outros tributos não recuperáveis; c) Frete (transporte); d) Seguro; e) Manuseio; e f) Outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e suprimentos. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição. Já o custo de transformação inclui aqueles relacionados com as unidades produzidas ou com as linhas de produção, tais como: a) Mão-de-obra direta; b) Alocação sistemática de custos indiretos de produção, variáveis e fixos, que sejam incorridos para transformar os materiais em produtos acabados. Esquematicamente: Por sua vez, os custos indiretos de produção são classificados em variáveis ou fixos, se variam ou não diretamente com o volume de produção. Por exemplo, pode ser apropriado incluir, no custo dos estoques, gastos gerais que não sejam da produção ou custos do projeto de produtos para clientes específicos. Por outro lado, NÃO devem serincluídos no custo dos estoques, devendo ser reconhecidos como VPD do período em que são incorridos, os seguintes gastos: a) valor anormal de desperdício de materiais, mão de obra ou outros insumos de produção; b) gastos de armazenamento, a menos que sejam necessários ao processo produtivo, como entre uma ou outra fase de produção; c) despesas administrativas que não contribuem para trazer os estoques ao seu local e condição atuais; d) despesas de comercialização. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 17 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Ainda segundo o MCASP, o ente deve usar o critério de valoração de custo uniforme para todos os estoques que possuam natureza e uso semelhantes. Sempre que possível, deve ser atribuído pelo uso da identificação específica dos seus custos individuais. Quando não for possível a identificação específica, o ente pode utilizar o critério primeiro a entrar, primeiro a sair (PEPS) ou o critério do custo médio ponderado. Custo Médio Ponderado: por meio desse critério, o custo de cada item é determinado a partir da média ponderada do custo de itens semelhantes no começo do período e do custo dos mesmos itens comprados ou produzidos durante o período. A média pode ser determinada em base periódica ou à medida que cada lote seja recebido, dependendo das circunstâncias da entidade; PEPS – Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair: esse critério pressupõe que os itens de estoque que foram comprados ou produzidos primeiro sejam vendidos em primeiro lugar e, consequentemente, os itens que permanecerem em estoque no fim do período sejam os mais recentemente comprados ou produzidos. Por fim, o lançamento inicial típico para a contabilização de estoques adquiridos é o seguinte: Natureza da informação: patrimonial D 1.1.5.x.x.xx.xx Estoques (P) C 2.1.3.x.x.xx.xx Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo (P) Ajuste de Perdas de Estoques Em caso de dano aos estoques, obsolescência, no caso de seus preços de venda terem diminuído ou, ainda, se seus custos estimados de acabamento ou a serem incorridos para realizar a venda terem aumentado, o custo dos estoques pode não ser recuperável. Desse modo, há que se fazer o registro de eventuais perdas de valor nos estoques, ajustando o valor de custo dos estoques para o valor realizável líquido, o que é consistente com a visão de que os ativos não devem ser escriturados por quantias superiores àquelas que se espera que sejam realizadas com a sua venda, troca, distribuição ou uso. O lançamento para contabilização do ajuste de perdas de estoques para adequar ao valor realizável líquido é o seguinte: Natureza da informação: patrimonial D 3.6.1.8.x.xx.xx VPD com Ajuste de Perdas de Estoques C 1.1.5.9.x.xx.xx (-) Ajuste de Perdas de Estoques Algumas dessas perdas são oriundas de depreciação, conceito que veremos mais adiantes nesta aula. Reconhecimento no Resultado Por ocasião da venda, troca ou distribuição de estoques, o valor contábil desses itens deve ser reconhecido como VPD do período em que a respectiva VPA é reconhecida, se for o caso. Se não houver reconhecimento de VPA, a VPD é reconhecida quando os ativos são distribuídos ou o serviço é prestado. A quantia de qualquer redução dos estoques para o valor realizável líquido e todas as perdas de estoques deve ser reconhecida como VPD do período em que a redução ou perda ocorrer. Entretanto, alguns itens de estoques podem ser transferidos para outras contas do ativo, como, por exemplo, estoques usados como componentes de ativos imobilizados de construção própria. Os estoques alocados a outro ativo compõem o custo desses ativos e são reconhecidos como VPD durante a sua vida útil. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 18 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Um exemplo de lançamento contábil para baixa de materiais de distribuição gratuita e reconhecimento no resultado é o seguinte: Natureza da informação: patrimonial D 3.3.1.2.x.xx.xx VPD com Distribuição de Material Gratuito C 1.1.5.x.x.xx.xx (-) Estoques Vamos ver como esse assunto é exigido em prova? Questão para fixar (Comperve – UFRN – 2018) O custo dos estoques pode não ser recuperável se esses estoques estiverem danificados, se se tornarem total ou parcialmente obsoletos ou se os seus preços de venda tiverem diminuído. O lançamento para contabilização do ajuste de perdas de estoques para adequar ao valor realizável líquido é: A) D – VPA com Ajuste de Perdas de Estoques. C – Estoques Irrecuperáveis. B) D – VPD com Ajuste de Perdas de Estoques C – Estoques Irrecuperáveis. C) D – VPA com Ajuste de Perdas de Estoques. C – (-) Ajuste de Perdas de Estoques. D) D – VPD com Ajuste de Perdas de Estoques. C – (-) Ajuste de Perdas de Estoques. RESOLUÇÃO: Para responder a essa questão poderíamos lembrar exatamente do lançamento contábil apropriado para ajuste de perdas de estoques, ou poderíamos raciocinar sobre a situação considerando as alternativas. Veja que houve uma perda no valor dos estoques em razão de um dano, obsolescência ou diminuição dos valores de venda. Essa perda de valor implica uma diminuição do patrimônio líquido, logo, enseja uma VPD, certo? Com isso podemos descartar as alternativas A) e C), pois elas mencionam VPA e não VPD. Outro ponto, é que o valor dos estoques foi reduzido. Isso nos ajuda a pensar que só o que precisamos fazer é fazer um ajuste de perda de estoques. Além disso, não existe uma conta chamada “estoques irrecuperáveis”, o que torna as alternativas A) e B) erradas. Assim, a alternativa certa é a letra D). Também poderíamos simplesmente lembrar que o lançamento correto para essa situação é o seguinte: Natureza da informação: patrimonial D 3.6.1.8.x.xx.xx VPD com Ajuste de Perdas de Estoques C 1.1.5.9.1.00.00 (-) Ajuste de Perdas de Estoques Gabarito: LETRA D Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 19 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Investimentos Permanentes As participações em empresas sobre cuja administração se tenha influência significativa devem ser mensuradas ou avaliadas pelo Método da Equivalência Patrimonial (MEP). Vejamos o conceito de influência significativa: Influência Significativa É o poder de participar das decisões sobre políticas financeiras e operacionais de uma investida, mas sem que haja o controle individual ou conjunto dessas políticas. As demais participações podem ser mensuradas ou avaliadas de acordo com o custo de aquisição. Método da Equivalência Patrimonial O Método da Equivalência Patrimonial será utilizado para os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum. Vamos lembrar os conceitos de sociedades coligadas e controladas: Sociedade Controlada É uma entidade na qual a controladora, diretamente ou por intermédio de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. Por óbvio, existe influência significativa. Sociedade Coligada É uma entidade, incluindo entidades sem personalidade jurídica própria, tais como parcerias, na qual o investidor exerce influência significativa e que não é nem uma controlada nem uma participação em uma joint venture (aqui nos importa que o conceito de coligada pressupõe a influência significativa). Atenção!! O controle pode ocorrer de forma direta ou indireta. Na forma direta, o Poder Público detém a participação na empresa controlada X. Simples assim. Na forma indireta, o Poder Público detém participação na empresa controlada Y que, por sua vez, detém participação na empresa controlada X. Pelo Método da EquivalênciaPatrimonial, o investimento é inicialmente registrado a preço de custo e o valor contábil é aumentado ou reduzido conforme o Patrimônio Líquido da investida aumente ou diminua em contrapartida a VPA e VPD respectivamente (contas de resultado). O valor do investimento permanente avaliado pelo Método da Equivalência Patrimonial será obtido mediante o seguinte cálculo: a) Aplicação do percentual de participação no capital social sobre o resultado da subtração do patrimônio líquido da investida do valor do adiantamento para aumento de capital concedido a essa; b) Subtração, do montante referido na alínea “a”, dos lucros não realizados nas operações intercompanhias, líquidos dos efeitos fiscais. Calma! O cálculo é mais fácil que a sua descrição. Vejamos um exemplo: Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 20 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Exemplos Suponha uma empresa controlada X pela União, tal que: - A União possui uma participação de 25% da empresa X; - Inicialmente, digamos em 2018, o Patrimônio Líquido da empresa X era de R$ 200.000,00, sendo que a União integralizou 25% desse valor, à época, a título de investimento inicial; - Após um ano, apurou-se que o Patrimônio Líquido da empresa X era de R$ 300.00,00; - Assuma que não houve aportes de capital posteriores à constituição da empresa. Agora, utilizando o Método de Equivalência Patrimonial, vamos mensurar o valor da variação patrimonial cabível à União após um ano de constituição da empresa: Variação patrimonial cabível à União = 25% x (300.000,00 – 200.000,00) = 25% x 100.000,00 = 25.000,00 Assim, tem-se que a variação que deve ser contabilizada para a União, a título de equivalência patrimonial positiva oriunda da empresa X, é de R$ 25.000,00. Eventualmente, teríamos ainda que subtrair os lucros não realizados nas operações intercompanhias, líquidos dos efeitos fiscais. Entretanto, vale dizer que essa não é a praxe das questões que versam sobre esse assunto. Igualmente, se tomássemos o lucro da empresa X no período, ou seja, R$ 100.000,00 e aplicássemos o percentual de participação da União na empresa X, chegaríamos aos mesmos R$ 25.000,00, que serão contabilizados como VPA. Método do Custo Já pelo método do custo, o investimento é registrado no ativo permanente a preço de custo. A entidade investidora somente reconhece o rendimento na medida em que receber as distribuições de lucros do item investido. As distribuições provenientes de rendimentos sobre investimentos do ativo permanente são reconhecidas como receita patrimonial. Os ajustes apurados são contabilizados em contas de resultado, ou seja, eles consistem em VPA ou VPD. Também são considerados investimentos permanentes os ativos denominados propriedades para investimento, como terrenos ou edifícios, mantidos com fins de renda e/ou ganho de capital, desde que não usados: a) Na produção ou suprimento de bens e serviços ou para propósitos administrativos; ou b) Como venda no curso ordinário das operações. Esquematicamente: Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 21 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Ativo Imobilizado Além do MCASP, a NBC TSP 07 disciplina a os procedimentos contábeis relativos aos ativos imobilizados. Vejamos algumas definições relevantes para este tópico: Ativo Imobilizado É o item tangível (ou seja, que se pode tocar) que é mantido para o uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, ou para fins administrativos, inclusive os decorrentes de operações que transfiram para a entidade os benefícios, riscos e controle desses bens, cuja utilização se dará por mais de um período (exercício). Esquematicamente: Bens Móveis Compreende os bens que têm existência material e que podem ser transportados por movimento próprio ou removidos por força alheia sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Exemplos: bens de informática, materiais culturais, veículos, etc. Bens imóveis Compreende os bens vinculados ao terreno (solo) que não podem ser retirados sem destruição ou danos. São exemplos deste tipo de bem os imóveis residenciais, comerciais, edifícios, terrenos, aeroportos, pontes, viadutos, obras em andamento, hospitais, dentre outros. Dividem-se em: a) Bens de uso comum do povo ou bens do domínio público: são aqueles de uso indistinto do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; b) Bens de uso especial: são os de propriedade do Estado, destinando principalmente à prestação de serviços públicos, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; c) Bens dominiais ou bens dominicais ou bens do patrimônio Fiscal ou bens de patrimônio disponível: são os que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, integrando o Estado como objeto de direito pessoal ou real, ou seja, sobre esses bens a Administração exerce poderes de proprietário, tais como apartamentos, armazéns, terrenos, etc; d) Bens imóveis em andamento: compreendem valores de bens imóveis em andamento, ainda não concluídos, tais como obras em andamento, benfeitoria em propriedade de terceiros, dentre outros. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 22 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Valor Líquido Contábil É o valor do bem registrado na Contabilidade, em determinada data, deduzido da correspondente depreciação, amortização ou exaustão acumulada, bem como das perdas acumuladas por redução ao valor recuperável. Custo do Ativo É o montante gasto ou o valor necessário para adquirir um ativo na data da sua aquisição ou construção. Valor Justo É o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração. Obs.: Outras definições relevantes serão apresentadas oportunamente no decorrer deste tópico. Conforme o MCASP, os procedimentos de mensuração deste tópico aplicam-se ao ativo imobilizado com exceção dos ativos biológicos, produtos agrícolas, direitos minerais e reservas minerais tais como petróleo, gás natural e recursos não regenerativos semelhantes. Entretanto, essa exceção não abrange os ativos imobilizados utilizados para desenvolver ou manter esses ativos, os quais deverão observar os procedimentos aqui descritos. Reconhecimento De acordo com o MCASP, a entidade deverá aplicar o princípio geral de reconhecimento para todos os ativos imobilizados no momento em que os custos são incorridos, incluindo os custos iniciais e os subsequentes. Desse modo, é necessário reconhecer o bem como ativo antes de efetuar a avaliação ou mensuração de ativos. Também segundo o MCASP, o ativo imobilizado, incluindo os gastos adicionais ou complementares, é reconhecido inicialmente com base no valor de aquisição, produção ou construção. Esquematicamente: Lembre-se que um ativo deve ser reconhecido quando: a) Satisfizer a definição de ativo, isto é, quando se demonstrar que o ativo é: 1) controlado pela entidade; 2) é resultado de eventos passados; e 3) tem potencial de serviços ou capacidade de gerar benefícios econômicos. b) Puder ser mensurado, observando as características qualitativas, e considerando as restrições sobre a informação contábil. Partindo dessa premissa, o item do imobilizado deve ter uma base monetária confiável. Destaque-se que, segundo MCASP, itens como peças de reposição, equipamentos sobressalentes e equipamentos de manutenção devem ser reconhecidos como ativo imobilizado, quando atenderem à definição. Caso não atendam a definição de ativo imobilizado, devem ser classificados como estoques. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel GuimarãesAula 14 23 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Por fim, equipamentos militares especializados geralmente se enquadram na definição de ativo imobilizado, devendo, portanto, ser reconhecidos como ativo. Critério do Valor do Conjunto Em uma entidade, após considerar eventuais circunstâncias específicas, pode ser apropriado aplicar o critério do valor do conjunto, que consiste em agregar itens individualmente insignificantes, tais como livros de biblioteca, periféricos de computadores e pequenos itens de equipamentos. Atenção!! Esse “pode ser apropriado” decorre de julgamento para aplicar os critérios de reconhecimento às circunstâncias da entidade. Isso porque não há no MCASP ou em norma técnica correlata algo que estabeleça qual é a unidade para esse reconhecimento. Segundo o MCASP, por meio da aplicação desse critério, a entidade avalia todos os seus custos de ativos imobilizados no momento em que eles são incorridos. Esses custos incluem custos incorridos inicialmente para adquirir ou construir um item do ativo imobilizado e os custos incorridos posteriormente para renová-los e substituir suas partes. Ativos Imobilizados Obtidos a Título Gratuito Quando se tratar de ativos imobilizados obtidos a título gratuito, estes devem ser registrados pelo valor justo (valor de mercad0) na data de sua aquisição, sendo que deverá ser considerado o valor resultante da avaliação obtida com base em procedimentos técnicos ou o valor patrimonial definido nos termos da doação. Deve ser evidenciado em notas explicativas o critério de mensuração ou avaliação dos ativos do imobilizado obtidos a título gratuito, bem como a eventual impossibilidade de sua valoração, devidamente justificada. Bens de Uso comum do Povo Vocês devem se lembrar que os bens de uso comum do povo ou bens de domínio público, que são aqueles de uso indistinto do povo, tais como rodovias, mares, ruas, sistemas de esgoto etc. Eles se dividem em duas classes de ativos: ativos de infraestrutura e bens do patrimônio cultural. Comecemos com os Ativos de Infraestrutura: Os Ativos de Infraestrutura deverão ser partes de um sistema ou de uma rede, especializados por natureza e não possuírem usos alternativos. Exemplos: redes rodoviárias, sistemas de esgoto, sistemas de abastecimento de água e energia, rede de comunicação, pontes, calçadas, calçadões, dentre outros. Seu reconhecimento e mensuração seguem a mesma base utilizada para os demais ativos imobilizados. Para os casos de reconhecimento inicial (ou seja, quando o ativo é reconhecido e, então, tem seu valor mensurado pela primeira vez) e para ajustes ou reclassificações em atendimento às novas práticas contábeis, não havendo evidência disponível para determinar o valor de mercado devido a sua natureza especializada, o valor justo pode ser estimado usando-se o custo de reposição depreciado. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 24 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Muita calma! A ideia aqui é que para mensurar pela primeira vez um ativo de infraestrutura (uma rede de esgotos, por exemplo) tomaremos, em geral, o valor de aquisição, produção ou construção do ativo como critério, tal qual fazemos com os demais ativos imobilizados. Já no caso dos ajustes ou reclassificações, devemos tomar o valor de mercado do ativo. Mas digamos que isso não seja possível (o que é bastante provável porque devem ter poucas pessoas por aí comprando redes de esgotos). Assim, o que precisamos fazer para determinar o seu valor justo é utilizar o custo de reposição depreciado. E aí vocês perguntariam: “e o que $%&#% vem a ser isso, professor?” Já sabemos o que vem a ser custo de reposição, certo? Basicamente, é o custo mais econômico para a entidade substituir o potencial de serviços do ativo, o que pode acontecer por meio da reprodução do ativo existente ou por meio da reposição do potencial de serviço bruto (o quanto custaria um novo em folha que atendesse a finalidade que se pretende ou o conserto para que ele prestasse o serviço como se novo fosse). Mas calma lá! Não podemos atribuir o mesmo valor para uma rede de esgotos com 50 anos e uma novinha, certo? Por isso temos que depreciar esse valor. Veremos esse conceito com mais cautela daqui a pouco nesta mesma aula, mas, por hora, entenda como uma espécie de redução do valor dos bens por conta do desgaste, ação da natureza ou obsolescência. Desse modo, esse custo de reposição depreciado é mensurado como a reprodução ou o custo de reposição do ativo, o que for mais baixo, menos a depreciação acumulada calculada com base neste custo para refletir o potencial de serviço já consumido ou esgotado do ativo. Ou seja, tomamos o ativo como se fosse novo e reduzimos o seu valor para “envelhecê-lo”. Por mais difícil que isso possa parecer na prática, o MCASP dá alguns caminhos de como proceder: Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 25 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública a) Em diversos casos, esse custo de reposição depreciado pode ser estabelecido com referência ao preço de compra dos componentes usados para produzir um ativo similar, com semelhante potencial de serviços remanescentes (ou seja, tão “envelhecido” quanto”). b) Para se determinar o valor desses ativos, deve-se determinar a condição e estado físico desses bens, para que se possa aplicar um percentual como fator de depreciação de períodos anteriores a fim de se refletir seu valor justo. c) Em relação à depreciação dos ativos de infraestrutura, recomenda-se que cada componente de um item com custo significativo em relação ao custo total do item seja depreciado separadamente. Por exemplo, pode ser necessário que se deprecie separadamente a pavimentação, estruturas, meios-fios e canais, calçadas, pontes e iluminação de um sistema de rodovias. d) Deve-se analisar ainda se um componente considerado significativo tem a vida útil e o método de depreciação que sejam os mesmos de outros componentes significativos do mesmo item, pois nesse caso, esses componentes podem ser agrupados no cálculo da depreciação. Passemos agora aos Ativos do Patrimônio Cultural: Os Ativos do Patrimônio Cultural são conceituados pela Constituição Federal como sendo os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Ativos descritos como bens do patrimônio cultural são assim chamados devido a sua significância histórica, cultural ou ambiental. Exemplos incluem monumentos e prédios históricos, sítios arqueológicos, áreas de conservação e reservas naturais. Esses ativos são raramente mantidos para gerar entradas de caixa e pode haver obstáculos legais ou sociais para usá-los em tais propósitos. O MCASP elenca certas características que são geralmente apresentadas por bens do patrimônio cultural (apesar de não serem exclusivas de tais ativos): a) O seu valor cultural, ambiental, educacional e histórico provavelmente não é refletido totalmente no valor financeiro puramente baseado no preço de mercado; b) As obrigações legais ou estatutárias podem impor proibições ou restrições severas na alienação por venda; c) São geralmente insubstituíveis e seus valores podem aumentar ao longo do tempo mesmo se sua condição física se deteriorar.; d) Pode ser difícil estimar sua vida útil, a qual em alguns casos pode ser centenas de anos. Atenção!! O reconhecimento e a mensuração desses ativos são facultativos. Porém, caso sejam registrados pelo ente, devem ser evidenciados conforme as normas apresentadas no MCASP. Atenção!! Um prédio histórico utilizado como escritório, pode possuir benefício econômico ou potencial de serviços além de seu valor cultural, neste caso, o ativo deve ser reconhecido e mensuradona mesma base de outros ativos imobilizados. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 26 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública O MCASP ressalta que alguns recursos minerais e florestais, tais como petróleo, gás natural e recursos não regenerativos semelhantes, são de difícil mensuração e ainda carecem de normatização específica. Custos Subsequentes Custos subsequentes são: Aqueles custos realizados após a aquisição do ativo imobilizado ou o seu registro. Por exemplo: gastos com manutenção. Nesse sentido, o MCASP dispõe que o custo de um item do imobilizado deve ser reconhecido como ativo sempre que, cumulativamente: a) For provável que benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços associados ao item fluirão para a entidade; b) O custo ou valor justo do item puder ser mensurado com segurança, ou seja, em base monetária confiável. Desse modo, informa o MCASP, a entidade não reconhece no valor contábil de um item do ativo imobilizado os custos da manutenção periódica do item (por exemplo: custos de mão-de-obra, produtos consumíveis). Esses custos são reconhecidos no resultado do exercício quando incorridos na forma de VPD. A entidade deve reconhecer no valor contábil de um item do ativo imobilizado o custo da reposição de parte desse item, sempre que houver uma melhoria ou adição complementar significativa no bem e se o custo puder ser mensurado com segurança. Além disso, o valor contábil das peças que são substituídas deve ser desreconhecido, ou seja, baixado do valor contábil do ativo. Assim, os gastos posteriores à aquisição ou ao registro de elemento do ativo imobilizado devem ser incorporados ao valor desse ativo quando houver possibilidade de geração de benefícios econômicos futuros ou potenciais de serviços. Nesse caso, explica o MCASP, para se realizar a depreciação do bem com o valor ajustado após a ativação dos custos com melhorias e adições complementares, a entidade poderá: a) Depreciar a parte complementar do bem ora adquirida separadamente; b) Estabelecer novo critério de depreciação do bem que recebeu a melhoria ou a adição complementar. Lembrando que qualquer outro gasto que não gere benefícios futuros deve ser reconhecido como VPD do período em que seja incorrido. Esquematicamente: Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 27 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Transferências de Ativos No caso de transferências de ativos, o valor a atribuir deve ser o valor contábil líquido constante dos registros da entidade de origem. Em caso de divergência deste critério com o fixado no instrumento de autorização da transferência, o fato deve ser evidenciado em notas explicativas. Vejamos exemplos de como seriam os lançamentos contábeis referentes à transferência de ativos: Exemplos Exemplo 1: lançamentos no ente público que transfere o ativo imobilizado. Quando o ativo imobilizado tem vida útil econômica limitada e o ente público realiza o procedimento de depreciação, apura-se o valor líquido contábil do bem, conforme o lançamento contábil: Natureza de informação: patrimonial D 1.2.3.8.X.XX.XX (-) Depreciação Acumulada D 1.2.3.9.X.XX.XX (-) Redução ao Valor Recuperável de Imobilizado C 1.2.3.1.X.XX.XX Bens Móveis Observação: Não se preocupe com essa “redução ao valor recuperável” no momento. Veremos o que vem a ser isso ainda nesta aula! Após a apuração do valor líquido contábil do bem, faz-se o lançamento de entrega do bem, conforme o lançamento contábil: Natureza de informação: patrimonial D 3.6.5.X.X.XX.XX Desincorporação de Ativos C 1.2.3.1.X.XX.XX Bens Móveis Exemplo 2: lançamentos no ente que recebeu o ativo imobilizado. Natureza de informação: patrimonial D 1.2.3.1.X.XX.XX Bens móveis (recebido) C 4.6.3.X.X.XX.XX Ganhos com Incorporação de Ativos No exemplo acima, o ente público atribuiu ao ativo o valor constante no termo de transferência do bem. Mensuração Antes de adentrar à mensuração de elementos do ativo imobilizado, o MCASP destaca que inicialmente os elementos do ativo tais como estoques, imobilizados e intangíveis devem ser mensurados inicialmente pelo seu custo ou valor justo. E, após esse reconhecimento inicial, devem ser adotados outros procedimentos, como a depreciação no caso do ativo imobilizado. Dessa forma: Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 28 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Um ativo imobilizado deve ser mensurado no reconhecimento pelo seu custo. Quando adquirido por meio de uma transação sem contraprestação, como é o caso de terrenos recebidos por um particular sem pagamento ou com pagamento simbólico, para possibilitar ao governo local, por exemplo, desenvolver estacionamentos, estradas etc., seu custo deve ser mensurado pelo seu valor justo (valor de mercado) na data da aquisição. Nesse sentido, os elementos do custo de um ativo imobilizado são: a) Seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e tributos não recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos; b) Quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e condição necessários para o mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração. São custos diretamente atribuíveis: b.1) Custos de pessoal decorrentes diretamente da construção ou aquisição de item do ativo imobilizado; b.2) Custos de preparação do local; b.3) Custos de frete e manuseio (para recebimento e instalação); b.4) Honorários profissionais. Atenção!! Todavia, o MCASP ressalta que não considera as despesas administrativas (aquelas não diretamente ligados à aquisição/produção do ativo, por exemplo a luz e água gastas na entidade) e outros gastos indiretos (como gastos com manutenção, seguros, etc) como custo de um item do ativo imobilizado. Esquematicamente: Além disso, o MCASP estabelece que o reconhecimento dos custos no valor contábil de um item do ativo imobilizado cessa quando o item está no local e nas condições operacionais pretendidas pela administração. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 29 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Dessa forma, os custos incorridos no uso ou na transferência ou reinstalação de um item não são incluídos no seu valor contábil, como, por exemplo, os custos incorridos durante o período em que o ativo ainda não está sendo utilizado ou está sendo operado a uma capacidade inferior à sua capacidade total. Mensuração Inicial do Custo O MCASP estabelece que para a mensuração inicial do custo de um item de ativo imobilizado pode haver duas alternativas: a) A do preço à vista; ou b) O valor justo na data do reconhecimento, quando um ativo é adquirido por meio de uma transação sem contraprestação. Além disso, o MCASP ressalta que se o prazo de pagamento excede os prazos normais de crédito, a diferença entre o preço equivalente à vista e o total dos pagamentos deve ser reconhecida como VPD com juros durante o período do crédito. Quando o ativo imobilizado for adquirido por meio de permuta por ativo não monetário, ou combinação de ativos monetários e não monetários, deve ser mensurado pelo valor justo a não ser que: a) A operação de permuta não tenha natureza comercial; ou b) O valor justo do ativo recebido e do ativo cedido não possam ser mensurados com segurança. Por fim, o MCASP enfatiza que, no caso de permuta, o ativo adquirido deverá ser mensurado pelo valor justo mesmo que a entidade não consiga dar baixa imediata ao ativo cedido. Se o ativo adquirido não for mensurável ao valor justo, seu custo é determinado pelo valor contábil do ativo cedido. Mensuração após o Reconhecimento Após o reconhecimento inicial do ativo imobilizado, a entidade deve mensurar esses itensescolhendo entre os seguintes modelos: a) Modelo do custo: o item do ativo é evidenciado pelo custo menos depreciação ou redução ao valor recuperável acumuladas; Obs.: os conceitos de depreciação e de redução ao valor recuperável serão vistos detalhadamente nesta aula. b) Modelo da Reavaliação: o item do ativo, cujo valor justo possa ser mensurado confiavelmente, deve ser apresentado pelo seu valor reavaliado, correspondente ao seu valor justo à data da reavaliação menos qualquer depreciação e redução ao valor recuperável acumuladas subsequentes, devendo a política adotada ser uniforme em cada classe de ativos imobilizados. Desreconhecimento do valor contábil de um item do Ativo Imobilizado Em determinadas situações, deve ser efetuado o desreconhecimento (baixa) do valor contábil de um item do ativo imobilizado. Isso pode ocorrer quando: Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 30 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública a) Por ocasião da alienação; b) Quando não há mais expectativa de benefícios econômicos futuros ou potencial e serviços com a sua utilização ou alienação. Quando isso ocorre, eventuais ganhos ou perdas decorrentes do desreconhecimento de um item do ativo imobilizado devem ser determinados pela diferença entre o valor líquido da alienação, se houver, e o valor contábil do item. Evidenciação O último tópico do ativo imobilizado versa sobre recomendações acerca da evidenciação desse tipo de ativo presentes no MCASP, as quais foram elencadas a seguir. Ressalve-se, no entanto, que a sua plena compreensão virá com alguns conceitos que estudaremos ainda nesta aula mais adiante. a) Para cada grupo de ativo imobilizado reconhecido nas demonstrações contábeis: 1) Os critérios de mensuração utilizados para determinar o valor contábil bruto; 2) Os métodos de depreciação utilizados 3) As vidas úteis ou taxas de depreciação utilizadas 4) valor contábil bruto e a depreciação acumulada (mais as perdas por redução ao valor recuperável acumuladas) no início e no final do período; e 5) A conciliação do valor contábil no início e no final do período demonstrando fatores, tais como adições, baixas, depreciações, entre outros. b) Informações acerca do método adotado para a depreciação, da estimativa de vida útil e da taxa de depreciação, sendo necessário, portanto, divulgar: 1) A depreciação, quer seja reconhecida no resultado, quer como parte do custo de outros ativos, durante o período; e 2) A depreciação acumulada no final do período. c) Informações sobre a natureza e o efeito de uma mudança de estimativa contábil que impacte o período corrente ou os seguintes, principalmente o que altere as estimativas de: 1) Valores residuais; 2) Custos estimados de desmontagem, remoção ou restauração de itens do ativo imobilizado; 3) Vidas úteis; e 4) Métodos de depreciação. d) No caso de reavaliação, é recomendada a divulgação de: 1) data efetiva da reavaliação; 2) O responsável ou os responsáveis pelo controle patrimonial da entidade, que pode ser competente para efetuar a reavaliação; 3) Os métodos e premissas significativos aplicados à estimativa do valor justo dos itens; e 4) Se o valor justo dos itens foi determinado diretamente a partir de preços observáveis em mercado ativo ou baseado em transações de mercado recentes realizadas sem favorecimento entre as partes ou se foi estimado usando outras técnicas de avaliação. e) Por fim, é recomendado divulgar as seguintes informações que podem ser relevantes para as necessidades dos usuários: Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 31 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública 1) O valor contábil do ativo imobilizado que esteja temporariamente ocioso; 2) O valor contábil bruto de qualquer ativo imobilizado totalmente depreciado que ainda esteja em operação; 3) O valor contábil de ativos imobilizados retirados de uso ativo; e 4) O valor justo do ativo imobilizado quando este for materialmente diferente do valor contábil apurado pelo modelo do custo. Pausa para respirar! Neste ponto você diria: “professor, a aula está excessivamente conceitual, além de um pouco longa! Cansei!” Calma, gafanhoto! O mais complicado ficou pra trás e, além disso, já passamos da metade! Vamos elencar o que vimos até agora: a) Conceito de ativo e recurso e condições para o reconhecimento e desreconhecimento de ativo; b) Bases de mensuração de ativos; c) Conceito e mensuração de disponibilidades, aplicações financeiras de liquidez imediata e créditos e obrigações; d) Conceito e mensuração de estoques, incluindo custo, ajuste de perdas e reconhecimento no resultado; e) Conceito e mensuração de ativos imobilizados, além de custos subsequentes, transferência de ativos, ativos imobilizados obtidos a título gratuito, etc. Agora falta apenas ver o seguinte: a) Conceito e mensuração de ativos intangíveis, além de permuta de ativos, patrimônio cultura intangível, etc; b) Depreciação, Amortização e Exaustão; c) Redução ao Valor Recuperável; d) Reavaliação. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 32 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública “Ok! Nem é tanta coisa assim!” Diria você para este otimista professor! Certo?!? Então vamos nessa que o ritmo está bom! Ativo Intangível Além do MCASP, a NBC TSP 08 disciplina a os procedimentos contábeis relativos aos ativos intangíveis. Ativo intangível É um ativo não monetário, sem substância física, identificável, controlado pela entidade e gerador de benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços. Esquematicamente: Pesquisa É a investigação original e planejada realizada com a expectativa de adquirir novo conhecimento e entendimento científico ou técnico. Profs. Indio Artiaga do Brasil e Marcel Guimarães Aula 14 33 de 144| www.concursos.com.br Contabilidade Pública Desenvolvimento É a aplicação dos resultados da pesquisa ou de outros conhecimentos em um plano ou projeto visando à produção de materiais, dispositivos, produtos, processos, sistemas ou serviços novos ou substancialmente aprimorados, antes do início da sua produção comercial ou do seu uso. Reconhecimento Segundo o MCASP, a substância física não é a característica fundamental de um ativo. Assim, os intangíveis não deixam de ser ativos simplesmente porque não possuem esta característica. O reconhecimento de um item como ativo intangível exige que a entidade demonstre que ele atenda: a) A definição de ativo intangível; e b) Os critérios de reconhecimento, ou seja, quando: b.1) For provável que os benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços esperados atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da entidade; e b.2) O custo ou valor justo do ativo possa ser mensurado com segurança. São exemplos de ativos intangíveis: patentes, licença, softwares (exceto aqueles que integram máquina ou ferramentas, sem os quais esses não funcionam), direitos autorais, etc. Conforme o MCASP, alguns ativos intangíveis podem estar contidos em elementos que possuem substância física, como no caso de software ou no de licença ou patente. Para saber se um ativo que contém elementos intangíveis e tangíveis deve ser tratado como ativo imobilizado ou como ativo intangível, a entidade avalia qual elemento é mais significativo. Por exemplo: a) software de uma máquina-ferramenta controlada por computador que não funciona sem esse software específico – sem similar no mercado – é parte integrante do referido equipamento, devendo ser tratado como ativo imobilizado. O mesmo se aplica ao sistema operacional de um computador. b) Já quando o software não é parte integrante do respectivo hardware, ele deve ser tratado como ativo intangível. O reconhecimento inicial de um ativo intangível
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