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Estudo Dirigido CLÍNICA PSICANALÍTICA

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Estudo Dirigido – CLÍNICA PSICANALÍTICA
O surgimento da clínica psicanalítica. A Histeria como Paradigma
Estudos sobre a Histeria, de 1895, escritos em colaboração com Joseph Breuer. A terapia catártica foi uma descoberta de Breuer, que, cerca de dez anos antes, curara com sua ajuda uma paciente histérica e obtivera, nesse processo, uma compreensão da patogênese de seus sintomas. Graças a uma sugestão pessoal de Breuer, Freud retomou o procedimento e o pôs à prova num número maior de enfermos.
Caracterização da Clínica Freudiana
Em sua primeira fase – a da catarse de Breuer – ela consistia em focalizar diretamente o momento em que o sintoma se formava, e em esforçar-se persistentemente por reproduzir os processos mentais envolvidos nessa situação, a fim de dirigir-lhes a descarga ao longo do caminho da atividade consciente. Recordar e ab-reagir, com o auxílio, era a que, àquela época, se visava. 
A seguir, quando a hipnose foi abandonada, a tarefa transformou-se em descobrir, a partir das associações livres do paciente, o que ele deixava de recordar; 
Quando o paciente fala sobre estas coisas ‘esquecidas’, raramente deixa de acrescentar: ‘Em verdade, sempre o soube; apenas nunca pensei nisso.’ Amiúde expressa desapontamento por não lhe vierem à cabeça coisas bastantes que possa chamar de ‘esquecidas’ – em que nunca pensou desde que aconteceram;
Associação Livre
Quando anunciamos a regra fundamental da psicanálise a um paciente com uma vida cheia de acontecimentos e uma longa história de doença, e então lhe pedimos para dizer-nos o que lhe vem à mente, esperamos que ele despeje um dilúvio de informações; mas, com frequência, a primeira coisa que acontece é ele nada 
A associação livre se insere no conjunto de normas no qual podemos chamar de setting analítico, sendo ditada à Freud pela paciente Emmy Von N, em 1889. 
[...] convida-os a se deitarem de costas num sofá, comodamente, enquanto ele próprio senta-se numa cadeira por trás deles, fora de seu campo visual. Tampouco exige que fechem os olhos e evita qualquer contato, bem como qualquer outro procedimento que possa fazer lembrar a hipnose. Assim a sessão prossegue como uma conversa entre duas pessoas igualmente despertas, uma das quais é poupada de qualquer esforço muscular e de qualquer impressão sensorial passível de distraí-la e de perturbarlhe a concentração da atenção em sua própria atividade anímica.
Quando o paciente é instado a preencher essas lacunas de sua memória através de um trabalho redobrado de atenção, verifica-se que as idéias que lhe ocorrem a esse respeito são repelidas por ele com todos os recursos da crítica, até que ele sente um franco mal-estar quando a lembrança realmente se instala. (FREUD, 1904/1996, p. 238).
Da experiência, surge então o processo chamado por Freud de recalcamento, no qual as forças psíquicas que deram origem a ele estariam na resistência que se opõe à restauração das lembranças. A resistência torna-se um dos fundamentos da teoria de Freud, no qual as ideias involuntárias em relação ao material psíquico recalcado tem grande valor para a técnica terapêutica, pois o procedimento, permitindo o avanço das associações para o recalcado torna acessível à consciência o que antes era inconsciente mesmo sem a hipnose (FREUD, 1904/1996).
Atenção Flutuante:
A atenção flutuante é a contrapartida da associação livre, proposta ao paciente. Freud formula essa técnica em 1912, da seguinte maneira: “Não devemos atribuir uma importância particular a nada daquilo que escutamos, sendo conveniente que prestemos a tudo a mesma atenção flutuante”. Igualmente, determina que o inconsciente do analista se comporte, em relação ao inconsciente do paciente, “como ouvinte telefônico em relação ao microfone”.
A atenção flutuante pressupõe, portanto, de parte do praticante, a supressão momentânea de seus pré-julgamentos conscientes e de suas defesas inconscientes (Chemana, 1995).
Atenção flutuante, portanto é um Termo criado por Sigmund Freud*, em 1912, para designar a regra técnica segundo a qual o psicanalista deve escutar seu paciente sem privilegiar nenhum elemento do discurso deste e deixando que sua própria atividade inconsciente entre em ação.
A regra da Atenção Flutuante Freud postulou que o terapeuta deve propiciar uma comunicação de inconsciente para inconsciente, e que o analista pudesse “cegar-se artificialmente para poder ver melhor”. Freud argumenta que que este estado de “atenção flutuante” é útil para o surgimento na mente do analista a capacidade latente em todos de “intuição” que costuma ficar ofuscada quando a percepção do analista e feita somente pelos órgãos dos sentidos. - Regra da Neutralidade Conforme a recomendação de Freud, onde ele apresentava a famosa metáfora do espelho, em que o psicanalista deve se opaco aos seus pacientes, como um espelho, não lhe mostrar nada. O termo neutralidade deriva do *étimo latino neuter* que significa nem um, nem outro. 
O método psicanalítico
A tarefa que o método psicanalítico se empenha em resolver pode expressar-se em diferentes fórmulas, que em essência, no entanto, são equivalentes. Pode-se dizer: a tarefa do tratamento é eliminar as amnésias. Preenchidas todas as lacunas da memória, esclarecidos todos os efeitos enigmáticos da vida psíquica, tornam-se impossíveis a continuação e mesmo a reprodução da doença. Pode-se ainda conceber a condição para isso da seguinte maneira: todos os recalcamentos devem ser desfeitos; o estado psíquico passa então a ser idêntico àquele em que todas as amnésias foram preenchidas. De alcance ainda maior é outra formulação: trata-se de tornar o inconsciente acessível à consciência, o que se consegue mediante a superação das resistências
ASSOCIAÇÃO LIVRE *– Método que consiste em exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que ocorrem ao espírito, quer a partir de um elemento dado (palavra, número, imagem de um sonho, qualquer representação), quer de forma espontânea.
Recomendações aos médicos que exercem psicanálise
“Ver-se-á que a regra de prestar igual reparo a tudo constitui a contrapartida necessária da exigência feita ao paciente, de que comunique tudo o que lhe ocorre, sem crítica ou seleção. Se o médico se comportar de outro modo, estará jogando fora a maior parte da vantagem que resulta de o paciente obedecer à ‘regra fundamental da psicanálise’. A regra para o médico pode ser assim expressa: ‘Ele deve conter todas as influências conscientes da sua capacidade de prestar atenção e abandonar-se inteiramente à ‘memória inconsciente”.’ Ou, para dizê-lo puramente em termos técnicos: ‘Ele deve simplesmente escutar e não se preocupar se está se lembrando de alguma coisa.’”
Sobre a ambição terapêutica:
“Não posso aconselhar insistentemente demais os meus colegas a tomarem como modelo, durante o tratamento psicanalítico, o cirurgião, que põe de lado todos os sentimentos, até mesmo a solidariedade humana, e concentra suas forças mentais no objetivo único de realizar a operação tão competentemente quanto possível. Nas condições atuais, o sentimento mais perigoso para um psicanalista é a ambição terapêutica de alcançar, mediante este método novo e muito discutido, algo que produza efeito convincente sobre outras pessoas. Isto não apenas o colocará num estado de espírito desfavorável para o trabalho, mas torná-lo-á impotente contra certas resistências do paciente, cujo restabelecimento, como sabemos, depende primordialmente da ação recíproca de forças nele. A justificativa para exigir essa frieza emocional no analista é que ela cria condições mais vantajosas para ambas as partes: para o médico, uma proteção desejável para sua própria vida emocional, e, para o paciente, o maior auxílio que lhe podemos hoje dar. Um cirurgião dos tempos antigos tomou como divisa as palavras: ‘Je le pansai, Dieu le guérit.’ O analista deveria contentar-se com algo semelhante”.
Caracterização da Clínica Freudiana
No artigo “sobre o início do tratamento”, Freud declara que adquiriu o hábito de aceitar umpaciente provisoriamente por um período de uma ou duas semanas 
O tratamento psicanalítico é pautado por esses três passos: recordar, repetir e elaborar. Por meio deles o paciente com a ajuda do terapeuta, entra em contato com o que estava oculto em sua mente.
A dinâmica da transferência
Assim, é perfeitamente normal e inteligível que a catexia libidinal de alguém que se acha parcialmente insatisfeito, uma catexia que se acha pronta por antecipação, dirija-se também para a figura do médico. Decorre de nossa hipótese primitiva que esta catexia recorrerá a protótipos, ligar-se-á a um dos clichês estereotípicos que se acham presentes no indivíduo; ou, para colocar a situação de outra maneira, a catexia incluirá o médico numa das ‘séries’ psíquicas que o paciente já formou. Se a ‘imago paterna’, para utilizar o termo adequado introduzido por Jung (1911, 164), foi o fator decisivo no caso, o resultado concordará com as relações reais do indivíduo com seu médico. Mas a transferência não se acha presa a este protótipo específico: pode surgir também semelhante à imago materna ou à imago fraterna. As peculiaridades da transferência para o médico, graças às quais ela excede, em quantidade e natureza, tudo que se possa justificar em fundamentos sensatos ou racionais, tornam-se inteligíveis se tivermos em mente que essa transferência foi precisamente estabelecida não apenas pelas idéias antecipadas conscientes, mas também por aquelas que foram retidas ou que são inconscientes.
Como é possível que a transferência sirva tão admiravelmente de meio de resistência? Poder-se-ia pensar que a resposta possa ser fornecida sem dificuldade, pois é claro que se torna particularmente difícil de admitir qualquer impulso proscrito de desejo, se ele tem de ser revelado diante desse tipo dá origem a situações que, no mundo real, mal parecem possíveis. Mas é precisamente a isso que o paciente visa, quando faz o objeto de seus impulsos emocionais coincidir com o médico. Uma nova consideração, no entanto, mostra que essa vitória aparente não pode fornecer a solução do problema. Na verdade, uma relação de dependência afetuosa e dedicada pode, pelo contrário, ajudar uma pessoa a superar todas as dificuldades de fazer uma confissão. Em situações reais análogas, as pessoas geralmente dirão: ‘Na sua frente, não sinto vergonha: posso dizer-lhe qualquer coisa. ’ Assim, a transferência para o médico poderia, de modo igualmente simples
Percebemos afinal que não podemos compreender o emprego da transferência como resistência enquanto pensarmos simplesmente em ‘transferência’. Temos de nos resolver a distinguir uma transferência ‘positiva’ de uma ‘negativa’, a transferência de sentimentos afetuosos da dos hostis e tratar separadamente os dois tipos de transferência para o médico. A transferência positiva é ainda divisível em transferência de sentimentos amistosos ou afetuosos, que são admissíveis à consciência, e transferência de prolongamentos desses sentimentos no inconsciente. Com referência aos últimos, a análise demonstra que invariavelmente remontam a fontes eróticas. E somos assim levados à descoberta de que todas as relações emocionais de simpatia, amizade, confiança e similares, das quais podemos tirar bom proveito em nossas vidas, acham-se geneticamente vinculadas à sexualidade e se desenvolveram a partir de desejos puramente sexuais, através da suavização de seu objetivo sexual, por mais puros e não sensuais que possam parecer à nossa auto percepção consciente. Originalmente, conhecemos apenas objetos sexuais, e a psicanálise demonstra-nos que pessoas que em nossa vida real são simplesmente admiradas ou respeitadas podem ainda ser objetos sexuais para nosso inconsciente.
Transferência positiva e Transferência negativa
Ao falar da transferência, distingue a transferência positiva e a transferência negativa. Foi levado a fazer essa distinção, quando constatou que a transferência poderia se tornar a mais forte resistência oposta ao tratamento e quando se perguntou o porquê.
Essa distinção se deve segundo Freud, à necessidade de tratar diferentemente estes dois tipos de transferência.
A transferência positiva se compõe de sentimentos conscientes amigáveis e ternos, e outros, cujos prolongamentos são encontrados no inconsciente e que, constantemente, parecem ter um fundamento erótico. 
Em, A dinâmica da transferência (1912), Freud coloca que “a transferência sobre a pessoa do analista não representa o papel de uma resistência, a não ser quando se tratar de uma transferência negativa, ou então de uma transferência positiva composta de elementos eróticos recalcados”.
Por outro lado, a transferência positiva, em virtude da confiança do paciente, permite que o paciente fale mais facilmente de coisas difíceis de serem abordadas em outro contexto. Contudo, é evidente que toda transferência é constituída, simultaneamente de elementos positivos e negativos.
A interpretação
A interpretação implica uma espécie de técnica do manejo do discurso. Vejamos agora as suas implicações na esfera das transformações subjetivas. 
Neste caso a interpretação refere-se à modificação do lugar de onde emerge o sentido e acompanha-se de uma fratura da significação. Assim a interpretação deve deixar sempre um espaço para o "mal-entendido", deve conter um "semi-dizer" e não se colocar como algo completamente entendido e razoável à consciência intelectiva do analisante. Tal perda de significação se deve à incidência da interpretação sobre a causa do desejo, o que jamais pode ser completamente nomeado.
“o analista é sempre livre quanto ao momento, ao número e também à escolha de suas intervenções”.
Porém, alerta Lacan, esta liberdade encontra-se apenas no nível tático. Como essa liberdade está no nível da tática, isso implica que ela seja dominada pela política da análise, que domina tanto a estratégia quanto a tática. No texto de 1958, Lacan diferencia três níveis de ação analítica: a estratégia, a tática e a política.
A estratégia trata da planificação e do movimento de tropas visando alcançar posições e potenciais bélicos favoráveis a futuras ações táticas sobre determinados objetivos. A tática trata da disposição e manobra das forças durante o combate e na iminência deles.
No processo analítico, Lacan observa que a transferência é uma estratégia que está do lado do analisante. O analista deve saber em que lugar o analisante o coloca antes de poder operar a sua tática, que é a interpretação. O que estabelece a estratégia e a tática na análise é a política da falta-a-ser – correlata à ética do desejo. A questão política na direção do tratamento é, portanto, a que tem como base a falta no Outro, ou seja, a inclusão da castração no Outro.
Ao chamar atenção para o fato de que “interpretação incide sobre a causa do desejo”, Lacan procura alertar que a interpretação deve se ater ao objeto causa de desejo, na medida em que, certamente, a interpretação concerne ao objeto, mas não para falar dele, mas para esvaziá-lo de evidência. Lacan propõe que a interpretação não deve reassegurar as identificações, mas deve, ao contrário, fazer surgir uma questão: “o que ele quer me dizer com isso?” 
Ao longo de seu ensino, Lacan chama atenção para o fato de que não é qualquer intervenção do analista que pode ser considerada como uma interpretação. Uma intervenção só pode ser considerada como interpretação quando produz efeitos. É então só depois que se sabe se a intervenção do analista foi ou não uma interpretação.
Isto quer dizer que uma interpretação é um ato que produz como efeito um levantamento do recalque, algo do inconsciente se torna consciente. O efeito que se espera do levantamento do recalque é produzir sentidos, quando uma intervenção do analista leva o paciente a pensar algo que ele não podia pensar antes, isso foi uma interpretação. 
Lacan designa vários modos de interpretação: a pontuação, o corte, o semidizer, a alusão e o equívoco.
Pontuação: Quando, por exemplo, o analista pergunta: “Como assim?” ou exclama: “É mesmo!”, ou seja, quandoo analista intervém, a sua intervenção produz um sentido, essa intervenção pode ser considerada como uma interpretação. Mas é preciso que essa pontuação seja feita no lugar certo, não em qualquer lugar.
O Corte: O corte, outro modo de interpretação, é oposto à pontuação. Ele é o não-sentido, o non-sense. Quando o analista corta o paciente no meio da frase, ele impede a pontuação. Ele faz surgir o intervalo entre os significantes, apontando para o não-sentido e para a falta no Outro. Com isso ele, geralmente, provoca um efeito de perplexidade e desagrado.
O semidizer: é a enunciação de saber latente, presentifica o ato de enunciação, é um dizer sem dito, sem proposição. A citação consisteBem sublinhar algo que foi enunciado no discurso do analisante. Assim, faz-se surgir algo que vai além do dito.
A alusiva: A alusão é um enunciado que deixa a entender sem formular, que designa algo sem nomeá-lo. Esse modo de interpretação alude a...
A interpretação como equívoco: A interpretação como equívoco se utiliza da pluralidade dos sentidos, da polissemia, deixa a via aberta para vários sentidos. Lacan considera que a interpretação deve operar por meio do equívoco, na medida em que ele é um instrumento que não sugere, não impõe a maneira de ver do analista, deixando assim, aberta a escolha do sentido que o analisante queira lhe dar. Lacan menciona três tipos de equívoco: o da homofonia, o da gramática e o da lógica.
O equívoco por homofonia depende da ortografia da língua, o equívoco aqui é a ambiguidade homofônica. Lacan ilustrou esse modo de interpretação: deux (dois) d’eux (deles), paraître (parecer) e par être (para ser), sembler (ser semblante) e s’y embler (se emblemar). A interpretação equívoca por homofonia faz aparecer um elemento latente na cadeia intencional do sujeito e faz com que ele se dê conta que há muito mais no enunciado do que ele pode perceber. Ela faz aparecer a divisão do sujeito, ou seja, a parte não dita, não percebida.
O equívoco gramatical trata-se da intervenção interpretativa mínima: “eu não o faço dizê-lo”. Esse é um equívoco entre “você o disse” e “eu não assumo isso”.
Existiria nos modos de interpretação aqui mencionados um traço comum? Colette Soler (Ibid., p. 31) propõe que o traço comum nesses modos de interpretação é um “dizer nada”. Soler esclarece que “o silêncio do analista não designa o ato de que ele se cale, é um silêncio falante, silêncio ao nível do dizer [...] Tal silêncio obriga o analisante a desenvolver sua própria cadeia e, ao mesmo tempo, designar o horizonte do que não é dito”.
Sobre o analista:
O que faz um analista?
É valer mais quando não se é que quando se é.
1. É emprestar palavra, corpo e ser para ser feito do que se quiser.
2. É amar incondicionalmente, sem qualquer reciprocidade, na paixão da ignorância.
3. É chegar sem ser avisado, no lugar da surpresa ou da assombração.
4. É passar por esquisito, mal educado, chato, sem poder justificar.
5. É, trabalhando o bem, vir a ter horror do seu ato.
6. É poder ser paciente no lugar do Outro.
7. É não governar, nem educar.
8. É saber o que faz, quando não sabe o que diz.
9. É ter saudade sem reivindicar, quando se chega ao fim.
O futuro analista obtém uma referência para sua prática clínica e consegue estabelecer seu próprio estilo (marcado pela forma como lida com seu gozo, desejo e fantasia).
A análise permite ao analista lidar com sua castração - com uma verdade que o divide enquanto sujeito - de forma a conseguir fazer semblant de Sujeito Suposto Saber (lugar colocado muitas vezes pelo analisando) sem de fato, identificar-se com esse lugar – o que é essencial para que uma análise aconteça.
A transmissão da psicanálise só poder ser feita a partir da análise pessoal, o que evidencia seu caráter singular (um-a-um) de maneira que é em cada análise que se produz um psicanalista. Nesse contexto, faz sentido a afirmação de Lacan: “cabe a cada analista reinventar a psicanálise” (1979, 219).
Ocupar esse lugar não é sem preço. O analista está no jogo e paga com palavras; suas repostas de analista (interpretações, pontuações, enigmas e mesmo silêncios) têm consequências. Paga também com sua pessoa, pois a empresta à transferência. Por último ele paga com seu ser, anulando seu juízo mais íntimo para escutar o desejo inconsciente (LACAN, 1998, [1958]).
Para situar essa atuação analítica, Lacan destaca as noções de tática, estratégia e política. 
Roteiro de perguntas:
1. Explique os métodos psicanalíticos antes da associação livre:
2. Explique a associação livre:
3. Defina a atenção flutuante:
4. Conceitue o fenômeno da transferência:
5. Explique a transferência negativa e positiva:
6. Conceitue a interpretação;
7. Quais os tipos de interpretação? Explique-os
8. Como podemos afirmar que uma interpretação tem efeitos?
As estruturas
Pode-se fazer o diagnóstico diferencial estrutural por meio dos três modos de negação do Édipo —negação da castração do Outro — correspondentes às três estruturas clínicas.
Estrutura clínica forma de negação local de retorno fenômeno
Neurose – recalque (Verdrängung) – simbólico sintoma
Perversão – desmentido (Verleugnung) – simbólico fetiche
Psicose – foraclusão (Verwerfung) – real alucinação
Histeria
Em Estudos sobre Histeria (1905), Freud e Breuer apresentaram três pontos fundamentais da Histeria: os sintomas histéricos faziam sentido; existia um trauma que causara a doença, que tinha ligação com impulsos libidinais que haviam sido reprimidos; a lembrança desse trauma e sua catarse era o caminho para a cura.
Caso Sra. Emmy Von N. (escrito por Freud) 
_ neste caso Freud abandona a hipnose e adota o método da associação livre; a paciente era viúva de um rico industrial, tinha duas filhas e sofria de graves fobias de animais; - irritada com as perguntas de Freud, a paciente lhe pediu que não a interrogasse sem parar e que a deixasse contar o que ela tinha a dizer; _ Freud concluiu que não se tratava de uma histeria de conversão, mas de sintomas psíquicos histéricos com angústia, depressão e fobias.
Caso Miss Lucy R (escrito por Freud)
_ jovem governanta inglesa que sofria perda de odor e alucinações olfativas; _ Freud ainda tentou usar a hipnose, mas abandonou e passou a aplicar o método da associação livre; _ nesse tratamento, Freud confirmou que a lembrança de um incidente esquecido, mas fielmente conservado na memória, está na origem do efeito patogênico dos sintomas histéricos. Trata-se de um conflito psíquico, quase sempre de natureza sexual; _ Freud descobriu que sua paciente se apaixonara secretamente pelo seu patrão;
 Caso Katharina (escrito por Freud)
_ exemplo típico dos traumatismos sexuais na origem dos sintomas histéricos; _ moça de 18 anos, filha de dona da estalagem, que Freud conheceu quando estava de férias; _ sintomas de sufocação, acompanhado de visão de rosto assustador; _ o tio (pai) havia tentado seduzir a jovem.
Caso Elisabeth Von R. (escrito por Freud)
_ jovem húngara que sofria há dois anos de dores violentas nas pernas e distúrbios inexplicáveis na marcha; _ amor reprimido pelo cunhado se chocava com a consciência moral, e assim produziu-se o mecanismo da conversão.
A fobia
A neurose enquanto fobia refere-se ao sofrimento consciente com relação ao mundo externo. Um exemplo de sujeito que apresenta esta condição pode ser encontrado no estudo freudiano sobre o Pequeno Hans, onde Freud discute que a fobia apresentada por Hans com relação a cavalos representa na verdade a angústia que surge em Hans no que ele percebe a questão da falta do falo na mulher. Hans reage com a fobia a uma ameaça. Qual seria essa ameaça?
A PSICOSE:
O tema da paranoia sempre interessou Freud, tendo escrito sobre o mesmo desde 1895 (carta a Fliess) até seus últimos trabalhos (1939). No que diz respeito ao Caso Schreber suas hipóteses foram discutidas com outros importantes psiquiatras de seu círculo (Sandor Ferenczi, Karl Abraham e Carl Gustav Jung).
 
A melancolia e o luto
A depressão figura como uma das principais formasde manifestação do sofrimento psíquico presente na contemporaneidade, sendo comum a referência a este período como “era das depressões”, em comparação ao final do século XIX, que foi marcado pela histeria (Roudinesco, 1998, 2000).
Luto: O luto, de maneira geral, manifesta-se como estado de reação a perda de algo amado e não implica condição patológica desde que seja superado após certo período de tempo. Suas características assimilam-se muito as da melancolia que possui como traços marcantes desânimo profundo e penoso, cessação de interesse pelo mundo externo e inibição de toda e qualquer atividade. A característica de maior peso na diferenciação dos dois estados é presença de baixa autoestima e auto recriminação muitos comuns na Melancolia e inexistentes no luto normal.
PSICOFARMACOLOGIA E PSICANÁLISE
A Psicanálise foi fundada à partir da clínica psiquiátrica, contribuiu intensamente para sua formação e foi, de certa forma, a primeira teoria que conseguiu ordenar e explicar um vasto setor da clínica. Tornou-se, durante certo tempo e sob a denominação Psiquiatria Dinâmica, uma concepção hegemônica da clínica. Na atualidade, a eficácia dos modelos neurobiológicos e dos psicofármacos coloca em questão suas teorias e seu método terapêutico.
Os psicofármacos agem em praticamente todos os quadros psiquiátricos. Se tomarmos a classificação por finalidades terapêuticas - antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos, estabilizadores de humor e antiepilépticos - podemos agrupar grosseiramente as condições clínicas em que atuam. Assim:
*Antipsicóticos> Esquizofrenias, Distúrbios Delirantes, Episódios Psicóticos Agudos, Psicoses Orgânicas, Depressões com sintomas Psicóticos...
*Antidepressivos> depressões, ataques de pânico e transtornos de ansiedade em geral (fobias, TOC...)
*Estabilizadores de Humor> Transtornos afetivos, bi ou monopolares.
*Antiepilépticos> epilepsias, transtornos impulsivos e transtornos afetivos bi ou monopolares
Neuropsicanálise
1) História do movimento neuropsicanalise
Em defesa da neuropsicanalise, muitos psicanalistas e neurocientistas buscam o retorno ao Freud neurologista e, portanto, a sua disciplina cientifica – a Psicanálise - tem seus fundamentos/origens na neurociência. Na neurociência o cérebro é substrato orgânico dos processos mentais. É no interior do encéfalo que emerge a mente com todo seu aparato de "Qualia". Logo, o processo psíquico é, assim, paralelo ao processo fisiológico "a dependent concomitant"(apud -Monah Winograd).
Verifica-se então, que o trabalho de Freud, naquela época, não deixa de ser um tratado neurobiológico do Aparelho Psiquico * sobre o qual assenta a Psicanalise.
Sigmund Freud. Ele iniciou sua carreira como neuroanatomista e neurologista e, até o fim da vida, manteve a convicção de que os fenômenos mentais possuem um substrato biológico. "A hereditariedade na etiologia das neuroses", ele afirmava que a nossa opinião sobre o papel etiológico da hereditariedade das doenças nervosas deve decididamente basear-se num exame estatístico imparcial, e não em petições de princípio". (Freud,1896). 
"A psicanálise não tem o objetivo de desvendar os mecanismos fisiológicos do cérebro. Isso é função da neurociência. Mas os fenômenos que emergem desses processos físicos são objeto da investigação psicanalítica", diz o psicanalista brasileiro Yusaku Soussumi, da Sociedade Internacional de Neuropsicanálise.
A Função do Analista
É o analista com seu ato que dá existência ao inconsciente, promovendo a psicanálise no particular de cada caso. Autorizar o início de uma análise é um ato psicanalítico — eis a condição do inconsciente cujo estatuto não é, portanto, ôntico, mas ético, pois depende desse ato do analista. O conceito de ato analítico desvela que o dito “contrato” do início da análise exime o analista da responsabilidade de seu ato — trata-se de um contra-ato. 
“Havendo as condições do tratamento sido reguladas desta maneira, surge a questão: em que ponto e com que material deve o tratamento começar? ”. Pois são justamente as condições (Bedingungen) da análise estabelecidas por Freud que aqui enfocaremos: o tratamento de ensaio, o uso do divã, a questão do tempo e a questão do dinheiro. Trata-se de condições e não de regras ou normas impostas por Freud, pois ele estabeleceu apenas uma única regra para a psicanálise: a associação livre, que é a resposta à pergunta sobre o início do tratamento.
Eis, portanto, a única regra da psicanálise. Ela não está do lado do analista, e sim do analisante. Trata-se de uma regra correlata à própria estrutura do campo psicanalítico aberto por Freud. É a associação livre que marca o início da psicanálise e também o início de cada psicanálise — é o ponto em que a análise deve começar. Do lado do analista, afora o preceito da atenção flutuante, não há regras, mas a ética da psicanálise, regida pelo desejo do analista
Em seu texto “O início do tratamento”, Freud diz ter o hábito de praticar o que chama de tratamento de ensaio: tratamento psicanalítico de uma ou duas semanas antes do começo da análise propriamente dita. Isto serviria, segundo ele, para evitar a interrupção da análise após um certo tempo. Freud não especifica, porém, por que esse tratamento se interromperia. Temos, portanto, a indicação de que, nesse momento, a tarefa do analista é apenas a de relançar o discurso do analisante. Freud, entretanto, dirá que “há razões diagnósticas para fazer esse tratamento de ensaio”. Este é o momento em que, por princípio, a questão diagnóstica está em jogo. 
O analista está submetido a esse paradoxo, a partir do qual decidirá se irá ou não acatar aquela demanda de análise. Do ponto de vista do analista, as entrevistas preliminares podem ser divididas em dois tempos: um tempo de compreender e um momento de concluir, no qual ele toma sua decisão. É nesse momento de concluir que se coloca o ato psicanalítico, assumido pelo analista, de transformar o tratamento de ensaio em análise propriamente dita. 1o — A associação livre mantém a identificação das entrevistas preliminares com a análise (EP=A). 2o — Esse tempo de diagnóstico faz com que se distinga entrevistas preliminares da análise (EP# A). 
Podemos dividir em três as funções das entrevistas preliminares, cuja distribuição é antes lógica do que cronológica: 
1o — A função sintomal (sinto-mal). 
2o — A função diagnóstica. 
3o — A função transferencial.
1o — A função sintomal (sinto-mal): A demanda em análise não deve ser aceita em estado bruto, e sim questionada. A resposta de um analista a alguém que chega com a demanda explícita de análise não pode ser, por exemplo, a de abrir a agenda e propor um horário e um contrato. Para Lacan só há uma demanda verdadeira para se dar início a uma análise — a de se desvencilhar de um sintoma. A demanda de análise é correlata à elaboração do sintoma enquanto “sintoma analítico”. O que está em questão nessas entrevistas preliminares não é se o sujeito é analisável, se tem um eu forte ou fraco para suportar as agruras do processo analítico. A analisabilidade é função do sintoma e não do sujeito. Esse sujeito pode se apresentar ao analista para se queixar de seu sintoma e até pedir para dele se desvencilhar, mas isso não basta. É preciso que essa queixa se transforme numa demanda endereçada àquele analista e que o sintoma passe do estatuto de resposta ao estatuto de questão para o sujeito, para que este seja instigado a decifrá-lo. A constituição do sintoma analítico é correlata ao estabelecimento da transferência que faz emergir o sujeito suposto saber, pivô da transferência. Esse momento em que o sintoma é transformado em enigma é um momento de histerização, já que o sintoma representa aí a divisão do sujeito ($). Enquanto o sintoma faz parte da vida do sujeito — vida com a qual ele se acostumou antes do encontro com o analista — pode ser considerado como um signo (ou sinal): aquilo que representa alguma coisa para alguém. Quando esse sintoma é transformado em questão, ele aparece como a própria expressão da divisãodo sujeito. Com esse sintoma, o sujeito se dirige ao analista com uma pergunta — O que isto quer dizer? O que significa isso? Tal posição inclui um saber, pois supõe que o analista detém a verdade de seu sintoma, sob a forma de uma produção.
2o — A função diagnóstica: A questão do diagnóstico diferencial só se coloca em psicanálise como função da direção da análise: diagnóstico e análise (no sentido de processo analítico) se encontram numa relação lógica, chamada de implicação: D A (se D então A). O diagnóstico só tem sentido se servir de orientação para a condução da análise. Para tanto, o diagnóstico só pode ser buscado no registro simbólico, onde são articuladas as questões fundamentais do sujeito (sobre o sexo, a morte, a procriação, a paternidade) quando da travessia do complexo de Édipo. Enquanto o sintoma faz parte da vida do sujeito — vida com a qual ele se acostumou antes do encontro com o analista — pode ser considerado como um signo (ou sinal): aquilo que representa alguma coisa para alguém. Quando esse sintoma é transformado em questão, ele aparece como a própria expressão da divisão do sujeito. Com esse sintoma, o sujeito se dirige ao analista com uma pergunta — O que isto quer dizer? O que significa isso? Tal posição inclui um saber, pois supõe que o analista detém a verdade de seu sintoma, sob a forma de uma produção.
3o — A função transferencial: “No começo da psicanálise é a transferência”, nos diz Lacan, e seu pivô é o sujeito suposto saber. O surgimento do sujeito sob transferência é o que dá o sinal de entrada em análise, e esse sujeito é vinculado ao saber. É o que depreendemos na própria formulação da regra da associação livre por Frau Emmy von N., quando pede para Freud calar-se: há para ela um saber, presente em seus próprios ditos. A resolução de se buscar um analista está vinculada à hipótese de que há um saber em jogo no sintoma ou naquilo de que a pessoa quer se desvencilhar. É o que Jacques-Alain Miller chama de pré-interpretação, feita pelo sujeito de seu sintoma
O estabelecimento da transferência é necessário para que uma análise se inicie: é o que denominamos a função transferencial das entrevistas preliminares. Mas a transferência não é condicionada ou motivada pelo analista. “Ela está aí, diz Lacan na ‘Proposição’, por graça do analisante. Não temos de dar conta do que a condiciona. Aqui ela está desde o início.” A transferência não é, portanto, uma função do analista, mas do analisante. A função do analista é saber utilizá-la. 
Se o analista empresta sua pessoa para encarnar esse sujeito suposto saber, ele não deve de maneira alguma identificar-se com essa posição de saber que é um erro, uma equivocação. A posição do analista não é a de saber, nem tampouco a de compreender o paciente, pois se há algo que ele deve saber é que a comunicação é baseada no mal-entendido. Sua posição, muito mais do que a posição de saber, é uma posição de ignorância, não a simples ignorância ignara, mas a ignorância douta
“O sujeito suposto saber, fundando os fenômenos de transferência, não traz nenhuma certeza ao analisante de que o analista saiba muito — longe disso! O sujeito suposto saber é perfeitamente compatível com o fato de ser concebível pelo analisante que o saber do analista seja bem duvidoso. ” Evidentemente, no início o analista nada sabe a respeito do inconsciente do analisante. 
A retificação subjetiva
É nesse tempo preliminar à análise propriamente dita que podemos incluir um tipo de interpretação do analista designado por Lacan como retificação subjetiva. Ao criticar os autores que têm como meta da análise a relação com a realidade, ou seja, o fim da análise como adaptação à realidade, ele chama a atenção para o fato de Freud proceder com o Homem dos Ratos na ordem inversa: “Ou seja, ele começa por introduzir o paciente a um primeiro discernimento (repérage) de sua posição no real, ainda que este acarrete uma precipitação, não hesitemos em dizer, uma sistematização dos sintomas
A retificação subjetiva que Freud provoca no Homem dos Ratos, considerada por Lacan como interpretação decisiva, encontra-se na parte F, “A causa precipitadora da doença”, quando ele lhe diz que o conflito entre seu projeto de casar com uma moça pobre e o projeto familiar de casá-lo com uma moça rica, como o pai, é resolvido pela doença: “caindo doente evitava a tarefa de resolvê-lo na vida real”. Freud retifica assim a ordem das coisas modificadas pelo sujeito, cuja neurose impedia a decisão da escolha entre seu amor (liebe) pela dama e a vontade (wille) do pai, mostrando-lhe que esta foi a solução encontrada para não escolher, e portanto, não agir. 
Na retificação subjetiva há, portanto, a introdução da dimensão ética — da ética da psicanálise, que é a ética do desejo — como resposta à patologia do ato que a neurose tenta solucionar escamoteando-a. Na situação descrita por Dora, encontramos a afirmação da situação deplorável na qual está metida, a negação implícita de que tenha qualquer participação na determinação dessa desordem, ou seja, negação de sua posição subjetiva (de sujeito desejante), apresentando-a como ipso facto, e a negação da negação operada por Freud por intermédio da retificação subjetiva. Seu efeito é a emergência da participação de Dora no assédio do Sr. K. e de sua cumplicidade como propiciadora do romance do pai com a Sra. K., desvelando a estruturação de seu desejo. 
A partir dessas intervenções de Freud, podemos inferir duas vertentes da retificação subjetiva segundo o tipo clínico. Com o neurótico obsessivo, ela se situa no plano da retificação da causalidade, que se apresenta como consequência: sua impossibilidade de agir que é correlata à sua modalidade de sustentação do desejo como impossível. Com a histérica, a retificação subjetiva visa à implicação do sujeito em sua reivindicação dirigida ao Outro, fazendo-o passar da posição de vítima sacrificada à de agente da intriga da qual se queixa, e que sustenta seu desejo na insatisfação.
Nessas duas modalidades, trata-se de introduzir o sujeito em sua responsabilidade na escolha de sua neurose e em sua submissão ao desejo como desejo do Outro. A retificação subjetiva aponta que, lá onde o sujeito não pensa, ele escolhe; lá onde pensa, é determinado, introduzindo o sujeito na dimensão do Outro.
O divã ético:
O uso do divã tem, em primeiro lugar para Freud em seu texto “O início do tratamento”, uma significação histórica: é o vestígio da hipnose. Se ele insiste na posição deitada durante a análise é para que o analista fique sentado atrás do analisante de “maneira a não ser olhado”. Enuncia, então, diversas razões para conservar o divã. Primeiro por não suportar ser olhado oito horas ou mais por dia.
Não se trata, para nós, de analisar sonhos e detectar fantasias de Freud para justificar a origem da condição do divã na experiência analítica. Freud não se detém, porém, nesse motivo pessoal e explica não querer que a expressão de seu rosto possa fornecer ao analisante certas indicações suscetíveis de serem interpretadas ou de influenciarem sua fala. “Insisto, contudo, nesse procedimento, diz Freud, que tem como objetivo e como resultado impedir que a transferência se misture imperceptivelmente às associações do paciente e isolar a transferência, de tal maneira que a vemos aparecer, num dado momento, em estado de resistência.”
A principal razão do divã na análise não é, portanto, nem de ordem histórica nem pessoal: ela se deve à estrutura da transferência. Trata-se de uma tática, cujo objetivo é dissolver a pregnância do imaginário da transferência, para que o analista possa distingui-la no momento de sua pura emergência nos dizeres do analisante. O analisante, diz Freud, geralmente considera “essa posição como uma privação e se insurge contra ela, sobretudo quando a pulsão escópica desempenha um papel importante em sua neurose. [...] Um número particularmente grande de pacientes não gosta de que lhes seja pedido para deitar, enquanto o médico se senta atrás dele, fora de sua vista. Pedem que lhes sejaconcedido passar o tratamento em alguma outra posição, na maioria dos casos por estarem ansiosos por terem sido privados da visão do médico”. E acrescenta de forma veemente: “essa permissão é sempre recusada”. 
O Tempo da Análise:
Em “O Início do tratamento”, qual é a posição de Freud sobre o tempo da sessão? Ele relata que planificava as sessões, fixando seu número (seis vezes por semana, menos domingos e feriados), o horário e a duração de uma hora. Cada analisante teria, assim, uma hora diária de sessão, da qual poderia dispor como quisesse, viesse ou não à sessão.
O que é esse tempo, que não é um tempo padrão, cronometrado, mas um tempo de acordo com o inconsciente? E se o inconsciente é atemporal, como diz Freud, como regular a sessão a partir do inconsciente? Tal questão não poderá ser resolvida se não lembrarmos da primeira novidade trazida por Lacan quando iniciou seu ensino a partir do axioma: O inconsciente é estruturado como uma linguagem. Lacan assinala que o inconsciente não está dentro nem fora, mas sim na própria fala do analisante, cabendo ao analista fazer com que esse inconsciente exista. Como fazer isso?
Pontuação e retroação: A primeira proposta de Lacan é: pontuando. É por intermédio da pontuação do texto do analisante que o analista fará com que o inconsciente exista: através de uma pontuação, o discurso comum é transformado em manifestação do inconsciente. Isso entra em oposição com a técnica que visa provocar a “tomada da consciência”, seja através de interpretações do tipo: “você está se dando conta do que me diz?”.
Existem dois termos que Lacan utiliza em relação a cada momento dessa interpretação de um evento psíquico: ressubjetivação e reestruturação. O corte da sessão já é em si uma forma de interpretação, interpretação em ato, que vai decidir do sentido. “A suspensão da sessão, diz Lacan, não pode ser indiferente à trama do discurso e vem desempenhar na sessão o papel de uma escansão, que tem todo o valor de uma intervenção para precipitar momentos concludentes.” Essa escansão, no meio psicanalítico lacaniano, veio a ser sinônimo de corte, não se confundindo, no entanto, com ele. Escansão é um termo da análise poética que significa pontuar, sublinhar, ritmar, pronunciar destacando as sílabas ou os grupos de palavra.
Para o neurótico, nunca é chegada a “hora da verdade” de seu desejo: há sempre uma fuga, uma vacilação, uma escapulida, uma procrastinação. Na experiência analítica, a questão do tempo é situada pelo neurótico no registro da demanda. A interrupção da sessão é vivenciada como um não à sua demanda — que é sempre demanda de presença —, correspondendo ao tempo que lhe é negado: nunca é suficiente. A histérica procurará provocar a falta no Outro com seus atrasos e suas faltas. O obsessivo se esmerará no trabalho de analisante para melhor seguir o tempo do Outro, revoltando-se violentamente contra esse Outro desrespeitador de um tempo suposto uniforme, cujos caprichos e cuja tirania aparecem na figura do Pai gozador do mito freudiano de Totem e Tabu.
O Dinheiro: 
A libido é o que se apreende em sua “manifestação dinâmica” como Befidrigung (a satisfação) — satisfação que aparece tanto no sonho como no sintoma bem como, em seu clímax, na própria alucinação, trazendo paradoxalmente desprazer ao sujeito. A satisfação da pulsão entendida como satisfação plena, e que a extinguiria ao atingir seu objetivo, é impossível, pois o objeto que poderia satisfazê-la é perdido desde e para sempre. A pulsão só pode satisfazer-se parcialmente a nível sexual. Devido a essa impossibilidade, a pulsão encontra derivações (denominadas por Freud de vicissitudes ou destinos) ordenadas pela rede de significantes que constitui o conjunto dos representantes da representação da pulsão no inconsciente. Daí a pulsão se satisfazer, por exemplo, no sintoma, no sonho, na sublimação. 
Os significantes da pulsão são os que constituem, por exemplo, a demanda oral ao Outro (o famoso modelo do bebê pedindo peito à mãe) e a demanda anal do Outro (o não menos famoso modelo da mãe pedindo as fezes ao bebê) que são atualizadas de diversas formas na transferência durante uma análise pela demanda de amor, de interpretação e pelo dinheiro. O que é efetivamente sexual no homem é o que é marcado pela significação fálica. O falo como faltante, ou seja, a castração simbólica, dará às pulsões oral, anal, etc. sua característica sexual. Mas se o que recebe a significação fálica pode ser representado no inconsciente sob a forma de significante, há sempre um gozo em causa, que é propriamente falando a energia pulsional, sua “grandeza quantitativa” denominada por Freud de libido. 
Ora, o dinheiro na análise encontra-se exatamente nessa conjunção entre o que é da ordem do ciframento e o que é da ordem dessa energia quantificável que tem um valor inestimável para o sujeito e que Freud designou como libido. Assim, o dinheiro pode permitir amoedar esse capital do sujeito que é a libido. 
Eis o que nos diz Freud sobre essa quarta condição da análise, o dinheiro em “O início do tratamento”: “o próximo ponto a ser decidido no início do tratamento é o do dinheiro, dos honorários do médico. Um analista não discute que o dinheiro deve ser considerado, em primeira instância, como meio de autopreservação e de obtenção de poder, mas sustenta que, ao lado disto, poderosos fatores sexuais acham-se envolvidos no valor que lhe é atribuído”. Esta frase de Freud condensa todas as questões do dinheiro, podendo nos servir de guia em sua abordagem.
Freud jamais negou o registro da necessidade no homem, a ponto de falar de pulsões de autopreservação em um momento da sua obra. Porém, o imperativo da necessidade (se o homem não come, morre) passa ao registro da demanda e ao registro do desejo. Se para a necessidade, existe sempre um objeto específico (para a necessidade de respirar, o objeto específico é o oxigênio, para a sede, o líquido, etc...), no ser falante a significantização da necessidade e sua articulação com a pulsão faz do objeto específico um objeto perdido e sempre buscado pelo desejo constante e indestrutível. A entrada na cultura implica que a necessidade passe pela linguagem, arrancando o dinheiro do registro imediato da necessidade. A própria noção de dinheiro já denota a troca de objetos e bens marcados pela simbolização: o dinheiro só existe em função da linguagem. 
A necessidade faz aparecer a dimensão da falta-a-ter; a demanda e o desejo fazem aparecer outro registro da falta — a falta-a-ser. Falta-a-ser esse objeto que complementaria o Outro, falta-a-ser esse objeto que o Outro gostaria que eu fosse. O dinheiro vinculado ao desejo entra em circulação marcado pela falta. Encontramos, com efeito, o dinheiro fazendo parte da série de equivalências simbólicas depreendida por Freud dentre os objetos que caem: seio, pênis, excremento, dinheiro, criança, presente, etc., objetos marcados pela castração e, portanto, suscetíveis de entrar nessa série fálica. 
O analista vai contra a fantasia do sujeito assim como vai contra o gozo, no intuito de fazer surgir a dimensão do desejo marcado pela falta. O gesto do analista de cobrar mostra que ele não está ali de graça e que não está interessado em fazer do analisante um objeto de seu gozo, de suas pesquisas, objeto de sua experiência clínica para, por exemplo, ingressar como membro em uma sociedade psicanalítica, fazer sucesso nas jornadas clínicas etc. Esse pagar mostra que algo do desejo do analista é também amoedável pelo dinheiro e que a análise está colocada dentro de um laço social. 
As questões de dinheiro e as de sexo dividem o sujeito. As respostas às questões de dinheiro, assim como às de sexo, são sempre individuais: não há duas pessoas que tenham a mesma relação com o dinheiro. Seguindo o texto, Freud diz: “O analista, portanto, está determinado desde o princípio a não concordar com esta atitude, mas em seus negócios com os pacientes, a tratar de assuntos de dinheiro com a mesma franqueza natural com que deseja educá-los nas questões relativas à vida sexual.Demonstra-lhes que ele próprio rejeitou uma falsa vergonha sobre esses assuntos ao dizer-lhes voluntariamente o preço com que avalia seu tempo.” Contra o pudor, Freud indica rejeitar a falsa vergonha e contra a hipocrisia, demonstra franqueza. Freud não toca na questão da duplicidade por ser ela inerente ao sujeito: o quer—não quer, ligado ao desejo, e o sou rico—sou pobre, ligado ao dinheiro, estão sempre presentes. 
O neurótico ama seu sintoma como a si mesmo porque este lhe é caro — o que é constatável, na análise, em sua dificuldade em abandoná-lo —, uma vez que seu capital está investido no sintoma. Entramos aqui no segundo sentido da palavra caro: o primeiro é caro como amante (o melhor amigo) e o segundo é caro porque aí se encontra seu capital, ou seja, é aí que sua libido está investida. É o que Freud denomina de benefício primário do sintoma, e que Lacan chama de gozo do sintoma. O neurótico, com seu sintoma, obtém dois tipos de benefício (lucro) na economia libidinal. 
O benefício primário, em que o sintoma é uma satisfação libidinal substitutiva, sendo o melhor investimento do capital do sujeito. Cair doente, diz Freud, envolve uma economia de esforço psíquico.14 A doença é uma maneira de se fazer economia: é a solução mais conveniente quando há conflito mental. Ficar doente é invariavelmente a obtenção de alguma vantagem. É a fuga para a doença. O benefício secundário concerne à transformação da relação do sujeito com seu sintoma. Este é sentido inicialmente como um corpo estranho (ou hóspede indesejável, segundo outra metáfora utilizada por Freud), mas em seguida o sujeito acaba encontrando meios de tirar ainda mais vantagens dele, além da satisfação pulsional que o sintoma proporciona.
Só há uma maneira de se fazer análise: investindo tudo. Assim, nada pode ficar fora da análise. A despesa de dinheiro deve acompanhar a despesa de libido que corresponde a uma hemorragia inicial de gozo do sintoma concomitante à sua transferência para o analista. A transferência em análise, além de ser transferência de significante, como o explicita seu algoritmo formalizado por Lacan, é transferência do capital da libido.
O analista também paga, nos diz Lacan em A direção da cura e os princípios de seu poder. Ele paga nos três registros: Simbólico, Imaginário e Real. Simbólico — com palavras — a interpretação. Imaginário — com sua pessoa — prestando-se aos fenômenos decorrentes da transferência, apagando-se como eu. Real— com seu ser — em seu ato anulando-se como sujeito no faz de-conta de ser objeto a.
É a partir do simbólico, portanto, que se pode fazer o diagnóstico diferencial estrutural por meio dos três modos de negação do Édipo — negação da castração do Outro — correspondentes às três estruturas clínicas. Um tipo de negação nega o elemento, mas o conserva, manifestando-se de dois modos: no recalque (Verdrängung) do neurótico, nega conservando o elemento no inconsciente e o desmentido (Verleugnung) do perverso, o nega conservando-o no fetiche. A foraclusão (Verwerfung) do psicótico é um modo de negação que não deixa traço ou vestígio algum: ela não conserva, arrasa. Os dois modos de negação que conservam implicam a admissão do Édipo no simbólico, o que não acontece na foraclusão.
Cada modo de negação é concomitante a um tipo de retorno do que é negado. No recalque, o que é negado no simbólico retorna no próprio simbólico sob a forma de sintoma: o sintoma neurótico. No desmentido, o que é negado é concomitantemente afirmado retornando no simbólico sob a forma de fetiche do perverso. Na psicose, o que é negado no simbólico retorna no real sob a forma de automatismo mental, cuja expressão mais evidente é a alucinação. Como o retorno é no real, ou seja, fora do simbólico, emprega-se o neologismo “foraclusão” como versão do termo francês forclusion, utilizado no âmbito jurídico para se referir a um processo prescrito, ou seja, aquele de que não se pode mais falar porque legalmente não mais existe. O termo de foraclusão como forma de negação indica por si mesmo esse local de retorno, a “inclusão” fora do simbólico.
	Neurose
	Perversão
	Psicose
	Recalque (Verdrängung)
	Desmentido (Verleugnung)
	Foraclusão (Verwerfung)
	Simbólico sintoma
	Simbólico fetiche
	Real alucinação
Na neurose, o complexo de Édipo, diz-nos Freud, é vítima de um naufrágio, que equivale à amnésia histérica. O neurótico não se recorda do que aconteceu em sua infância — amnésia infantil, mas a estrutura edipiana se presentifica no sintoma. Um exemplo é a idéia obsessiva do Homem dos Ratos, formulada na frase: “se eu vejo uma mulher nua, meu pai deve morrer”. O recalque da representação do desejo da morte do pai retorna no simbólico sob a forma de sintoma: a idéia obsessiva, expressa nessa frase, denota sua estrutura edípica, ou seja, a proibição, conectada ao pai, de ver uma mulher nua. O sintoma fornece, assim, um acesso à organização simbólica que representa o sujeito. 
Na perversão, há admissão da castração no simbólico e concomitantemente uma recusa, um desmentido. Já na psicose, o significante retorna no real, apontando a relação de exterioridade do sujeito com o significante, como aparece, de uma forma geral, nos distúrbios de linguagem constatáveis por qualquer clínico que se defronte com um psicótico, sendo que seu paradigma são as vozes alucinadas. Encontram-se também: intuições delirantes, nas quais o sujeito atribui uma significação enigmática a um determinado evento sem conseguir explicitá-la; ecos de pensamento, onde o sujeito ouve seus pensamentos repetidos, podendo atribuir a alguém essa ressonância; pensamentos impostos, nos quais o sujeito não reconhece como sua a cadeia de significantes, que adquire uma “autonomia” que ele refere como obra do outro. 
Freud descreve a função do diagnóstico, no texto “O início do tratamento”, justamente a respeito da análise de psicóticos: “Sei que certos psiquiatras hesitam, menos do que eu, em fazer um diagnóstico diferencial, mas pude convencer-me de que também eles se enganam com frequência. No entanto, é preciso notar que, para o psicanalista, o erro comporta mais consequências deploráveis do que para o dito psiquiatra clínico [...]. Num caso difícil em que o analista cometeu tal erro de ordem prática, provocando muitas despesas inúteis, ele põe em descrédito seu método de tratamento [...]. Quando o paciente não é acometido de histeria ou neurose obsessiva, mas de parafrenia, o médico se encontra na impossibilidade de sustentar sua promessa de cura, e eis porque ele tem todo o interesse em evitar um erro de diagnóstico”. 
Em relação à cura, como efeito terapêutico esperado numa análise, concordamos com Lacan quando diz que um sujeito, enquanto tal, é incurável: ele não pode ser curado de seu inconsciente. Por mais análise que se faça, mesmo que se atravesse a fantasia e se chegue ao final, o inconsciente não vai deixar de se manifestar. Contudo, qual é a promessa de cura que o psicanalista não pode sustentar no caso da psicose? Só há uma resposta a essa pergunta: o analista não pode prometer inserir o psicótico na norma fálica; não pode fazê-lo “normal”, inseri-lo em la norme mâle. A norma é regida pelo Édipo e pelo complexo de castração, cujo produto é o significante fálico, primado para ambos os sexos. 
Não se pode, portanto, tornar neurótico um psicótico. Eis o que se pode deduzir da advertência freudiana, confirmada pela continuidade que Lacan deu ao seu ensino, bem como pela própria experiência analítica. Outra maneira de interpretar o texto freudiano é considerar que, para Freud, há uma contraindicação da psicanálise para psicóticos. Em Lacan, há algumas indicações que apontam no mínimo para uma prudência, embora ele deixe a cargo de cada analista a resolução de aceitar ou não o psicótico em análise. “Acontece de aceitarmos pré-psicóticos em análise, e sabemos no que isso vai dar — vai dar em psicótico. ” Pois a análise, como lugar de tomada da palavra, pode desencadear uma psicose até então não declarada.
A psicose é aquilo diante doque um analista não deve, em caso algum, recuar. “Nesses casos, podemos interpretar que, diante de uma psicose já desencadeada, não haveria por que o analista não acolher a demanda de análise desse sujeito. Lacan dá outras indicações sobre a estrutura da transferência do psicótico que mostram, no mínimo, que sua posição não é a de contraindicação. Nas entrevistas preliminares, é importante, então, no que diz respeito à direção da análise, ultrapassar o plano das estruturas clínicas (psicose, neurose, perversão) para se chegar ao plano dos tipos clínicos (histeria — obsessão), ainda que “não sem hesitação”, para que o analista possa estabelecer a estratégia da direção da análise sem a qual ela fica desgovernada. A base da estratégia do analista na direção da análise se refere à transferência, à qual o diagnóstico deve estar correlacionado. 
Dado que o analista será convocado a ocupar na transferência o lugar do Outro do sujeito a quem são dirigidas suas demandas, é importante detectar nesse trabalho prévio a modalidade da relação do sujeito com o Outro. Esse Outro do obsessivo é patente no personagem do Pai da horda primitiva do mito de Totem e Tabu, que é, como diz Lacan, um mito de obsessivo. Trata-se de um Outro detentor de gozo, que impede seu acesso ao sujeito. É um Outro a quem nada falta e que não deve, portanto, desejar — o obsessivo anula o desejo do Outro. É nesse lugar do Outro que ele se instala, marcando seu desejo pela impossibilidade. Trata-se de um Outro que comanda, legifera e o vigia constantemente. A fantasia do obsessivo traz a marca do impossível desvanecimento do sujeito para escapar do Outro.
Na tentativa de dominar o gozo do Outro para que este não emerja, o obsessivo não só anula seu desejo como tenta preencher todas as lacunas com significantes para barrar esse gozo: ele não pára de pensar, duvidar, calcular, contar. Ao situar o Outro como mestre e senhor, o obsessivo fica na posição de escravo, trabalhando e se esforçando em enganar o senhor pela demonstração das boas intenções manifestadas em seu trabalho. Encontramos na clínica do obsessivo a conjugação no Outro de dois significantes: o pai e a morte, denotando a articulação da lei com o assassinato do pai na constituição da dívida simbólica. Isto transparece nos impasses do obsessivo relativos à paternidade, ao dinheiro, ao trabalho, à justiça e à legalidade. 
Para a histérica, o Outro é o Outro do desejo, marcado pela falta e pela impotência em alcançar o gozo, tal como demonstra o pai de Dora. A histérica confere ao Outro o lugar dominante: na cena de sedução de sua fantasia, em que figura o encontro com o sexo, ela não está presente como sujeito, mas como objeto: “não fui eu, foi o Outro”. Isso aparece na clínica como uma reivindicação ao Outro, a quem, diferentemente do obsessivo, ela não deve nada: é o Outro que lhe deve. Se o obsessivo escamoteia a inconsistência do Outro supondo-lhe o gozo, para a histérica o Outro não tem o falo. Se tampouco ela o possui, deve assumir, no entanto, a função de faz-de-conta de ser o falo.
Os tipos clínicos também se situam distintamente quanto ao desejo. Este é estruturado, não como uma resposta e sim como uma questão. Inconsciente que se situa no nível de “Quem sou eu? ”. Para o obsessivo, trata-se de uma questão sobre a existência (estou vivo ou estou morto?); para a histérica, sobre o sexo (sou homem ou mulher?) Que é subsumida pela questão — tanto para o homem quanto para a mulher histérica — “o que é ser mulher? ”
PSICANÁLISE – CONCEITOS IMPORTANTES
A sexualidade para a psicanálise e conceito de pulsão
A sexualidade para Freud não se reduz à genitália e à reprodução. Trata-se, também, de uma disposição psíquica.
O corpo inteiro pode ser estimulado, enquanto zonas erógenas capazes de produzir prazer no sujeito. 
A identidade sexual não corresponde necessariamente ao sexo biológico (monismo da libido – escolha de objeto).
Propõe a existência da sexualidade infantil.
A sexualidade para a psicanálise não irá ser sustentado pelo instinto, mas por um conceito fundamental que é a Pulsão, no qual se refere a um conceito situado entre o psíquico e o somático.
Pulsão
Estamos sempre procurando um objeto que possa satisfazer a pulsão.
Então, o alvo da pulsão nunca é alcançado pela própria natureza da pulsão, e a satisfação passa a ser sempre parcial. Visto isso, o recalque, a sublimação, o sintoma, o sonho e outros destinos da pulsão provocam também satisfação. 
Frente a esta impossibilidade da pulsão, estamos sempre procurando um objeto que possa satisfazer a pulsão.
Freud afirma que uma pulsão nunca pode tornar-se objeto da consciência e que mesmo no inconsciente ela é sempre representada por uma ideia ou afeto. A pulsão não pode ser recalcada, o que é recalcado é o seu representante ideativo.
Fonte: origem interna (somática) das pulsões.
Meta: A meta das pulsões é sempre a satisfação.
Objeto: É somente através do objeto que se obtém a satisfação.
Pressão: É uma energia potencial constante (por isso nunca há satisfação total).
O objeto da pulsão é um meio para atingir o objetivo que é a satisfação. Ela pode ser uma pessoa, uma parte de uma pessoa, pode ser real ou imaginária.
A pulsão diferentemente do instinto a pulsão não tem dia nem noite, nem primavera nem outono. A pulsão nos dá uma ideia de força, a pulsão é o que nos instiga, é o que me cutuca o tempo todo, não da maneira com o instinto no qual tem picos e declínios, a pulsão é o impacto constante, é uma inquietude que o tempo todo está lá.
Freud, percebe que viver na civilização requer uma renúncia a satisfação pulsional, aos instintos agressivos, ao sentimento de culpa e as possíveis saídas para se encontrar a felicidade que nunca é total. 
Estamos sempre tentando um equilíbrio entre as forças do id e as exigências do superego.
Freud irá, primeiramente, dividir as pulsões em pulsões sexuais e as de autoconservação também denominadas pulsões do ego.
A principal distinção entre elas está em que enquanto as pulsões sexuais tendem a se satisfazer obedecendo o princípio do prazer, as pulsões do ego, seguem o principio de realidade, ou seja, que buscam a conservação e não a satisfação.
Dualismo Pulsional
Inicialmente, considerou que todas essas pulsões seriam ou de origem sexual, ou que atuariam no sentido de auto-preservação.
Posteriormente, introduziu o conceito das pulsões de morte, que atuariam no sentido contrário ao das pulsões de agregação e preservação da vida. 
Pulsão de morte
Obrigado a rever seu postulado segundo o qual o aparelho psíquico funciona através do princípio do prazer, com sua tendência a reduzir as tensões, Freud se pergunta como é possível que situações cujo teor é eminentemente desprazeroso para o sujeito possam se repetir de modo continuado. Freud detecta nesses fenômenos a vigência de um elemento novo que, contrariando o princípio do prazer, vai mais além deste. A este novo elemento, deu o nome de pulsão de morte. 
Sexualidade Infantil
Não se reduz à genitália e à reprodução. Trata-se, também, de uma disposição psíquica.
O corpo inteiro pode ser estimulado, enquanto zonas erógenas capazes de produzir prazer no sujeito. 
Propõe a existência da sexualidade infantil.
Desenvolvimento psicossexual
Fase oral (do nascimento aos dois anos): O prazer que inicialmente o bebê experimenta ao satisfazer sua necessidade de alimento através do ato de mamar transforma os lábios e a boca em zona erógenas, isto é, em uma área corporal que dá prazer. 
Fase oral-sádico: manifestação de ambivalência, no qual aparecem atitudes ao mesmo tempo ternas e agressivas. O ato da criança morder o seio da mãe ao nascer os primeiros dentes
Fase anal (dos dois aos três anos): Em decorrência da maturação permite à criança o controle de suas fezes e urinas. Encontra-se fatores determinantes do psiquismo na fase anal: a atenção e as exigências da mãe para o controle esfincteriano; a satisfação que a própria criança tem de executar esse controle; o poder de agradar e desagradar a mãe através da retençãoe da expulsão das fezes. 
Fase fálica (dos três aos sete anos): Esse período se inicia quando a criança começa a dar importância ao fato de ter um pênis ou de não tê-lo. É próprio desta fase o complexo de Édipo, e em decorrência dele, o complexo de castração e o processo de identificação. 
Fase de latência (dos sete aos doze anos): Nessa fase o que passa a predominar é o interesse da criança em conhecer tudo que a cerca. A sexualidade fica menos centrada no corpo. A criança direciona sua pulsão para o desejo de aprender. 
Fase genital (dos doze anos em diante): Com a chegada da puberdade, devido à produção hormonal, a sexualidade volta a tomar a cena, na qual a sexualidade toma um colorido adulto, permeando todo o corpo, com predominância nos órgãos genitais.
Revisando o conceito de eu em Freud
Um recém-nascido com fome não tem nenhuma condição de se satisfazer, seu desamparo permite apenas que ele grite e esperneie impotentemente. Essa ação só pode ser empreendida através do auxílio externo. No qual a mãe ou responsável fornece o alimento, e somente através desse auxílio que o bebê atinge a experiência de satisfação, que põe fim ao estímulo interno, a criança só quer o prazer, basta que ela chore e damos o que comer esse propósito da excitação agradável e evitação da dor, Freud irá chamar de Princípio de prazer.
A excitação agradável, provoca, um decréscimo da soma de estímulos presentes no mecanismo psíquico.
“A resistência do Eu consciente e pré-consciente está a serviço do princípio do prazer, pois ele quer evitar o desprazer que seria gerado pela liberação do reprimido, e nós esforçamos, apelando ao princípio da realidade, para conseguir a admissão desse prazer”. (Freud, 1920) Texto Além do princípio do prazer. 
O princípio da realidade refere-se ao princípio de regulação psíquica no qual impõe a procura de satisfação desvios, paradas, substituições e, sobretudo renuncias, ou seja, é tomar consciência sobre esperar, estou ansioso por algo e tenho que esperar. O eu é uma parte do ID que se modifica no contato com a realidade. O outro se faz presente na constituição do sujeito desde o primeiro momento, o desamparo humano anuncia a necessidade da presença do outro como elemento estruturante.
Complexo de castração
Lacan chamou essa instância de “Nome-do-Pai”. 
Trata-se de uma função simbólica, que metaforiza a mãe enquanto um ser de falta. 
O complexo de castração não se reduz a um simples momento cronológico na sexualidade infantil. Pelo contrário, a experiência inconsciente da castração é incessantemente renovada ao longo de toda a existência.
Essa falta (castração), ao ser instalada na mãe, simboliza para a criança a máxima “Somos todos faltosos”, somos todos incompletos, castrados.
Freud denominou complexo de castração a percepção da diferença sexual, desencadeando uma “angustia de castração”. Nos meninos, pelo medo de serem privados do órgão, nas meninas pela perda já efetivada. 
Complexo de édipo
1° tempo lógico: É o estadio do espelho, onde o sujeito se reconhece a partir do outro, pois a ligação primária entre mãe e bebê é uma relação de afeto muito grande (completude).
2° tempo lógico: simbolização. Ruptura da fusão da mãe e a criança, é o momento em que a criança vai lidar com a castração. A criança irá perceber que a mãe não é só dela (incidência da castração via metáfora paterna).
3° tempo lógico: É declínio do complexo de édipo, da lei e do início do deslocamento do objeto de amor.
Lacan denominou: Nome-do-Pai essa instância responsável por estabelecer um limite entre mãe-bebê, sinalizando para a criança que sua mãe (ou quem faz essa função) tem limites, que ela não pode tudo. Que a ela falta algo. Essa seria a incidência da castração no Outro. Mas, para algumas pessoas, por mais que haja esse terceiro interditor (que na maioria das vezes é um pai), sua ação não tem efeito. Não trata-se de um equívoco de ninguém que cuida da criança. 
O complexo de Édipo tanto em Freud quanto em Lacan apresenta a concepção de que a estrutura neurótica é marcada pela castração. A partir da castração e da instauração da lei no outro é que nossa vida e nosso desejo se organiza.
Para Freud, a constituição da personalidade passa pelas vicissitudes da libido (compreendida como a energia vital, sexual) pelo desenvolvimento em diversas fases, pelo modo como se estrutura o desejo inconsciente e as formas como o Eu lida com seus conflitos e frustrações.
Na psicose e na perversão a estruturação se dá de forma distinta. 
Jacques Lacan foi o psicanalista responsável por essa distinção entre neurose, psicose e perversão como três modos de construção do psiquismo (modos de subjetivação).
Neurose
“Nas neuroses traumáticas, a causa atuante da doença não é o dano físico insignificante, mas o afeto do susto – o trauma psíquico. De maneira análoga, nossas pesquisas revelaram para muitos (...) dos sintomas histéricos, causas desencadeadoras que só podem ser descritas como traumas psíquicos. Qualquer experiência que possa evocar afetos aflitivos – tais como o susto, angústia, vergonha ou dor física – pode atuar como um trauma dessa natureza; e o fato de isso acontecer de verdade depende, naturalmente, da suscetibilidade da pessoa afetada (...).”(Freud, 1987 [1893a], p. 43)
Muitas vezes os sintomas não eram originados por uma única cena traumática, mas por uma sucessão de traumas. A investigação começa pelos traumas mais aparentes até chegar aos traumas mais profundos;
Para que haja uma situação traumática, precisa haver uma pré-disposição para tal;
Há uma sexualidade infantil, uma fantasia, que vela o processo primário”as experiências primárias de satisfação”.
O recalque é o mecanismo de defesa por excelência da neurose no qual procura repelir e manter no inconsciente representações, pensamentos, imagens e recordações ligadas a uma pulsão. 
O recalque propriamente dito é um processo ativo que emana do eu. 
Sujeito dividido (Sou isto ou aquilo) 
A operação neurótica é a do recalque.
Psicose
Para Lacan, a psicose estaria localizada no segundo tempo lógico do Édipo, onde se desenrola o que ele denominou metáfora paterna. A incidência da castração (e da lei) sobre a mãe (o Outro) não tem efeito para a criança. Isso gera consequências cruciais em seu modo de fazer laço com o outro. O Outro do psicótico é alguém sem limites, sem barra. A maior expressão disso são as alucinações. 
A foraclusão do Nome-do-Pai para a psicanálise é o mecanismo que marca a psicose, pois ele marca o fracasso da metáfora paterna. Significa que para aquele sujeito, o outro é sem limites, pode tudo, inclusive acabar com sua vida a qualquer momento. É o que justifica as alucinações serem sempre acusatórias e de caráter ameaçador; e os delírios serem também sempre de caráter persecutório. 
Perversão
A perversão é uma das estruturas clínicas admitidas pelo estudo de Jacques Lacan, também localizada por ele no desenrolar do complexo de édipo. 
Tanto Freud como Lacan pontuaram um mecanismo específico da perversão frente à castração: a denegação 
Denegação como termo jurídico significa: recusa em reconhecer a exatidão de um fato alegado ou de um argumento articulado pelo adversário, num processo. 
Frente à instauração da lei, da castração no outro, o perverso a constata, mas nega o que foi constatado. É o triunfo sobre a castração. O sujeito admite a lei, apenas para transgredi-la 
A constituição e o processo de identificação do sujeito
Para se pensar na constituição do sujeito, é necessário abordar o fenômeno da identificação.
Na identificação inicial, verifica-se o desamparo inicial, onde o eu se torna objeto de investimento. 
“ A relação de uma criança com quem quer que seja responsável por seu cuidado proporcionar-lhe uma fonte infindável de excitação sexual e de satisfação de suas zonas erógenas. Isso é especialmente verdadeiro, já que a pessoa que cuida dela, que, afinal de contas, em geral, é sua mãe, olha-a com sentimentos que se originam de sua própria vida sexual: ela a acaricia, beija-a, embala-a emuito claramente a trata como um substitutivo de um objeto sexual completo”. (FREUD VII, p. 229-30)
O complexo de édipo se refere as primeiras vivências de afeto de um sujeito,a forma como fomos amados, a organização do nosso desejo, tudo isso irá ter resquícios na fase adulta. 
Nosso primeiro objeto de amor é a mãe, ou quem assume essa função da atenção primária. Com este primeiro objeto de amor é que se estabelece as bases da nossa capacidade de amor e carinho mais tarde na vida. Elas são as primeiras pessoas a refletir para nós quão dignos de amor nós somos, e o que significa amar e ser amado.
Na vida amorosa, Freud irá falar das primeiras escolhas amorosas de uma criança, entre as pessoas que se preocupam com sua alimentação, cuidados e proteção, o que irá resultar na escolha analítica (a mulher que alimenta, o homem que protege) ou a escolha narcísica, onde procura a si mesma como um objeto amoroso (o que ela própria é ou foi). 
A identidade sexual não corresponde necessariamente ao sexo biológico (monismo da libido – escolha de objeto).
Eu ideal X Ideal do eu
Eu ideal - É pela via narcísica que surge o eu ideal, que se refere aquilo que gostaríamos de ter sido, lugar de desejo dos nossos pais, das expectativas da sociedade, o que os outros esperam de nós.
Ideal do Eu - será assimilado a instancia do supereu, das identificações com os pais, com os seus substitutos e com os ideais coletivos.
Aparelho psíquico -1° tópica
Inconsciente: São lembranças, emoções e sentimentos que podem trazer grande dor, vergonha ou forte sentimento de culpa. Seu acesso é negado na mente consciente devido ao mecanismo de defesa denominado recalcamento (primeiros anos de vida). Os seus conteúdos são representantes das pulsões, são desejos da infância que conhecem uma fixação no inconsciente. 
Para Freud o inconsciente é bem mais do que um simples estado mental fora da consciência, ele é a estrutura mais importante do psiquismo. No inconsciente, não existe tempo, ele é atemporal. Os processos inconscientes não são ordenados temporalmente, não tem qualquer referência de tempo. Não existe, aqui, passado, presente e futuro.
Definição de inconsciente para Lacan: “é aquele que para além de mim governa o meu eu”. O inconsciente nos determina e comanda. “Penso onde não sou.”
Pré-consciente: Nessa instância psíquica, haveriam em estado de latência desejos que conseguiram ultrapassar a barreira da censura inconsciente, mas sofrem uma transformação pela censura. 
Consciente: Freud descobre que esta instância é pequena em relação as outras, é a vida que acessamos no cotidiano, isto é, as sensações que se inscrevem na série prazer e desprazer.
Aparelho psíquico- 2° tópica
O ID representa os processos primitivos do pensamento e constitui, segundo Freud, o reservatório das pulsões, dessa forma toda energia envolvida na atividade humana seria advinda do id.É totalmente regido pelo princípio do prazer.Não tem censura. È atemporal.
O id é responsável pelas demandas mais primitivas e perversas.
O EGO, permanece entre ambos, alternando nossas necessidades primitivas e nossas crenças éticas e morais. É a instância na que se inclui a consciência. Um eu saudável proporciona a habilidade para adaptar-se à realidade e interagir com o mundo exterior de uma maneira que seja cômoda para o id e o superego.
O SUPEREGO, a parte que reprime o id, representa os pensamentos morais e éticos internalizados. O superego é definido como herdeiro do complexo de Édipo; constitui-se por interiorização das exigências e interdições parentais. A primeira interdição é a de termos nossos pais como objeto de amor, daí, derivam todas as censuras e proibições, na medida em que entramos na cultura, vamos assimilando as outras não sem um mal-estar. Já que o ID continua buscando prazer.
Os três registros psíquicos
Tripartição estrutural real-simbólico-imaginário, estabelecida por Lacan desde a conferência pronunciada em julho de 1953 na fundação da Sociedade Francesa de Psicanálise. 
O nó barromeano implica na integração dos três eixos: simbólico, real e imaginário. Os três encontram-se agrupados de tal forma que cada um tem articulação com os demais e são interdependentes, de modo que se caracterizam pela desestruturação de dois desses eixos caso o terceiro venha a ser desfeito.
O real é da ordem do não-sentido, da falta de sentido, e se define par Lacan pelo “impossível de ser simbolizado”, e afirmará que podemos ter certeza de estarmos diante da ordem do real quando aquilo não tem sentido nenhum. O avesso do real é, portanto, o imaginário, campo do sentido, da vivencia corporal esboçada desde o advento do estádio do espelho, quando a criança vê o seu corpo refletido no espelho e o reconhece como verdadeiro a partir do assentimento do outro. O simbólico é da ordem do duplo-sentido, é a insistência da linguagem com sua massa de ambiguidade. 
Grande Outro
O Outro é tudo aquilo que fica além da fronteira de nós mesmo. Linguagem do inconsciente. É toda alteridade que fica além do eu. 
O inconsciente é o discurso do Outro” Lacan
Uma criança precisa aprender a agrupar sensações em categorias e conceitos para poder operar no mundo e faz isso à medida que adquire consciência e compreensão de uma série de significantes (sinais ou códigos), mas esses significantes só podem chegar a nós a partir do universo exterior ao eu, devem, portanto, se formar a partir da linguagem (Lacan irá chamar de discurso do Outro). 
O inconsciente é estruturado como uma linguagem. 
Significante
Ligado ao simbólico, o significante designa, para a psicanálise, o elemento que possui o significado no discurso, aquilo que tem importância significativa. 
Significante (imagem acústica da palavra) tem uma relação intrínseca com o significado (o conteúdo que, de fato, quer ser transmitido através do significante). 
Compulsão a Repetição
O sujeito repete uma experiência anterior Texto Mais além do princípio do prazer -1920.
“A repetição, no fundo, assevera Lacan, é uma re-petição, o pedido jamais atingido de que uma satisfação seja alcançada se repete indefinidamente. A repetição é o pedido de simbolização de uma situação traumática, que, quando não obtido, se renova incessantemente. ” (M.A.Coutinho Jorge). 
No ensaio “Mais além do princípio do prazer,” Freud adquire uma compreensão mais vasta dos fenômenos de repetição ao associá-los a ação da pulsão de morte.

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