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Proc. Civil IV - caso concreto 4 com doutrina e jurisprudência

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UNESA
Data: 10/10/2018
Aluna: Michele Pimentel / Mat.: 2014.0104.3828
Professor: Eduardo
Caso Concreto – Semana 4
Juca Cipó ingressa em juízo com ação de cobrança em desfavor de Sinhozinho Malta, que, citado pelo correio, que do use inerte, vindo, em consequência, o pedido autoral a ser julgado procedente, com a condenação do réu ao pagamento de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). Iniciado por Juca Cipó o cumprimento de sentença, após a segurança do juízo, Sinhozinho Malta oferece impugnação, na qual alega a nulidade de sua citação na fase cognitiva. O juiz, então, acata a impugnação de Sinhozinho Malta. Qual seria o recurso cabível contra esta decisão judicial? 
No caso concreto em tela, Juca Cipó poderá recorrer pela via do agravo de instrumento, conforme parágrafo único do Art. 1015, §Ú do CPC, haja vista o acolhimento do vicio na citação alegada durante a fase cognitiva, este pronunciamento judicial não põe termo ao processo ou a qualquer de suas fases, tendo assim natureza de decisão interlocutória.
Assim, Alexandre Câmara em seu livro O novo Processo Civil Brasileiro, conceitua o Agravo de Instrumento:
“Agravo de instrumento é o recurso adequado para impugnar algumas decisões interlocutórias, expressamente indicadas em lei como sendo recorríveis em separado. O art. 1.015 estabelece um rol taxativo (mas não exaustivo, já que há um a cláusula de encerramento no inciso XIII que prevê a possibilidade de outras disposições legais preverem outros casos de cabimento de agravo de instrumento). Assim, só é impugnável por agravo de instrumento a decisão interlocutória que, proferida por juízo de primeira instância, venha a se enquadrar em alguma das hipóteses previstas nos incisos do art. 1.015 ou que seja declarada agravável por alguma outra disposição legal. Registre-se, porém, que a existência de um rol taxativo não implica dizer que todas as hipóteses nele previstas devam ser interpretadas de forma literal ou estrita. É perfeitamente possível realizar-se, aqui – ao menos em alguns incisos, que se valem de fórmulas redacionais mais “abertas” –, interpretação extensiva ou analógica. As decisões interlocutórias que não se enquadram no rol taxativo, porém, sendo não agraváveis, são irrecorríveis em separado, só podendo ser objeto de impugnação em apelação ou em contrarrazões de apelação. E este é um ponto que precisa ser destacado: a afirmação de que certa decisão interlocutória não é agravável não implica dizer que é ela irrecorrível. Contra as decisões interlocutórias não agraváveis será admissível a interposição de apelação (autônoma ou inserida na mesma peça que as contrarrazões). 
CAMARA. Alexandre Freitas. O novo Processo Civil Brasileiro. Editora Atlas. 2017. p. 538. 
Observa-se a Jurisprudência do TJRJ: 
0054760-64.2018.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO 
1ª Ementa
Des(a). MARCO ANTONIO IBRAHIM - Julgamento: 01/10/2018 - QUARTA CÂMARA CÍVEL
Direito Processual Civil. Agravo de Instrumento. Cabimento. Recurso voltado contra sentença. Hipótese dos autos em que a decisão recorrida não se encontra dentre aquelas interlocutórias previstas no rol exaustivo do artigo 1.015 do Código de Processo Civil e contra as quais se admite a interposição do recurso de Agravo de Instrumento. Recurso a que se nega conhecimento.
Jurisprudência segundo o STF:
	DECISÃO PETIÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO DIRETAMENTE NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ERRO GROSSEIRO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. PETIÇÃO À QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Agravo de instrumento, autuado neste Supremo Tribunal como petição, interposto por Renato Spíndola de Ataídes, em 27.8.2018, contra decisão de inadmissão de efeito suspensivo a recurso extraordinário. 2. O peticionário interpõe “o presente agravo de instrumento para reformar a decisão proferida pelo Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que inadmitiu o efeito suspensivo ao recurso extraordinário interposto” (fl. 2, doc. 1). Informa que “foi interposto recurso extraordinário com o pedido liminar de efeito suspensivo, que foi indeferido em decisão interlocutória, onde o nobre julgador negou provimento aduzindo que o recorrente não logrou comprovar o fumus boni iuris e o perículum in mora” (fl. 6, doc. 1). Este o teor dos pedidos: “Diante do exposto, requer: a) O recebimento do presente agravo de instrumento; b) A intimação do agravado para, querendo, apresentar contrarrazões, nos termos do artigo 1.019, II do Novo Código de Processo Civil – NCPC; c) O total provimento ao presente agravo, para reformar a decisão que inadmitiu o efeito suspensivo do recurso extraordinário interposto; d) A concessão in limine do efeito suspensivo ao recurso extraordinário, aplicando-se § 5º do art. 1.029, bem como o parágrafo único do art. 995, ambos do CPC, inclusive para manter suspenso o andamento do processo principal (Processo principal n.: 148641-45.2016.809.0000; Processo Cumprimento de Sentença n.: 5246571.82.2017.8.09.0051) até o julgamento final do recurso extraordinário interposto. e) Ao final, a confirmação da concessão de efeito suspensivo ao recurso extraordinário, aplicando-se § 5º do art. 1.029, bem como o parágrafo único do art. 995, ambos do CPC, inclusive para manter suspenso o andamento do processo principal (Processo principal n.: 148641-45.2016.809.0000; Processo Cumprimento de Sentença n.: 5246571.82.2017.8.09.0051) até o julgamento final do recurso extraordinário interposto” (fl. 12, doc. 1). Examinados os elementos havidos no processo, DECIDO. 3. Razão jurídica não assiste ao peticionário. 4. O agravo de instrumento passível de exame pelo Supremo Tribunal Federal é aquele previsto no art. 1.042 do Código de Processo Civil, dirigido contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário. Se não houver juízo de retratação, o tribunal de origem remeterá o agravo ao Supremo Tribunal Federal para julgamento. 5. A interposição de agravo de instrumento diretamente no Supremo Tribunal Federal caracteriza erro grosseiro, insanável pela aplicação do princípio da fungibilidade recursal. 6. No julgamento dos Embargos de Declaração no Agravo Regimental na Petição n. 5.707, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, o Plenário deste Supremo Tribunal afirmou: “EMBARGOS DECLARATÓRIOS CONVERTIDOS EM AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO CONTRA DECISÃO QUE INADMITIU RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO DIRETAMENTE NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: IMPOSSIBILIDADE. ERRO GROSSEIRO. AGRAVO INTEMPESTIVO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. I Os embargos de declaração recebidos como agravo regimental, uma vez que opostos de decisão monocrática. II A agravante manejou o agravo disposto no art. 544 do CPC, o que é inadmissível, pois contra decisão monocrática do Presidente do Supremo Tribunal Federal cabe agravo regimental, no prazo de cinco dias (art. 317, caput, do RISTF). III Inviável a conversão de agravo (art. 544, caput, do CPC), interposto contra a inadmissão de recurso extraordinário, em agravo regimental, pois a orientação jurisprudencial desta Suprema Corte é assente no sentido da impossibilidade de aplicação do princípio da fungibilidade quando a parte incorre em erro grosseiro. IV Agravo regimental ao qual se nega provimento” (DJe 16.3.2016). 7. A “mera invocação do direito de petição, por si só, não basta para assegurar, à parte interessada, o acolhimento da pretensão que deduziu” (Agravo Regimental nos Embargos de Declaração no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n. 406.432/PI, Relator o Ministro Celso de Mello, Segunda Turma, DJe 27.4.2007), devendo a autoridade competente, portanto, examinar o atendimento às exigências, aos pressupostos e aos requisitos formais fixados pela legislação. 8. Pelo exposto, nego seguimento à presente petição (al. c do inc. V do art.13 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). Publique-se. Brasília, 3 de setembro de 2018. Ministra CÁRMEN LÚCIA Presidente
(Pet 7827, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 03/09/2018, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-189 DIVULG 10/09/2018 PUBLIC 11/09/2018).
Por fim, Jurisprudência do STJ:
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. APLICAÇÃO IMEDIATA DAS NORMAS PROCESSUAIS. TEMPUS REGIT ACTUM. RECURSO CABÍVEL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO N. 1 DO STJ. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA COM FUNDAMENTO NO CPC/1973. DECISÃO SOB A ÉGIDE DO CPC/2015. AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO CONHECIDO PELA CORTE DE ORIGEM. DIREITO PROCESSUAL ADQUIRIDO. RECURSO CABÍVEL. NORMA PROCESSUAL DE REGÊNCIA. MARCO DE DEFINIÇÃO.PUBLICAÇÃO DA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. RECURSO CABÍVEL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA OU EXTENSIVA DO INCISO III DO ART. 1.015 DO CPC/2015.
1. É pacífico nesta Corte Superior o entendimento de que as normas de caráter processual têm aplicação imediata aos processos em curso, não podendo ser aplicadas retroativamente (tempus regit actum), tendo o princípio sido positivado no art. 14 do novo CPC, devendo-se respeitar, não obstante, o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
2. No que toca ao recurso cabível e à forma de sua interposição, o STJ consolidou o entendimento de que, em regra, a lei regente é aquela vigente à data da publicação da decisão impugnada, ocasião em que o sucumbente tem a ciência da exata compreensão dos fundamentos do provimento jurisdicional que pretende combater. Enunciado Administrativo n. 1 do STJ. 3. No presente caso, os recorrentes opuseram exceção de incompetência com fundamento no Código revogado, tendo o incidente sido resolvido, de forma contrária à pretensão dos autores, já sob a égide do novo Código de Processo Civil, em seguida interposto agravo de instrumento não conhecido pelo Tribunal a quo. 4. A publicação da decisão interlocutória que dirimir a exceptio será o marco de definição da norma processual de regência do recurso a ser interposto, evitando-se, assim, qualquer tipo de tumulto processual. 5. Apesar de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015, a decisão interlocutória relacionada à definição de competência continua desafiando recurso de agravo de instrumento, por uma interpretação analógica ou extensiva da norma contida no inciso III do art. 1.015 do CPC/2015, já que ambas possuem a mesma ratio -, qual seja, afastar o juízo incompetente para a causa, permitindo que o juízo natural e adequado julgue a demanda. 6. Recurso Especial provido.
(REsp 1679909/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,julgado em 14/11/2017, DJe 01/02/2018).
	Sites de pesquisas:
STJ.JUS.BR
STF.JUS.BR
TJRJ.JUS.BR

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